Você está na página 1de 16

1 Introdução

Toda matéria é capaz de manter-se em estado organizado, desde a menor estrutura


(organização dos átomos em uma célula) até estruturas de larga escala.

Figura 1 Figura 2 Figura 3

Fonte:
Fonte:
http://www.fiocruz.br/biossegura
http://cache05.stormap.sapo.pt/fotostor
Fonte: nca/Bis/infantil/bor_coruja.jpg
e01/fotos//05/fd/06/12695_0003t38c.jp
http://www.danafarma.com.br/imagens/girassol.gif
g

Figura 1 - Micrografia de um grão de pólen; Figura 2 – Arranjo em espiral de sementes, formada por milhões de células, no disco
de uma girassol; Figura 3 - Vista em primeiro plano de uma asa de borboleta mostrando o padrão criado por suas placas, cada
placa sendo o produto de uma única célula.

O estado de organização interna não é espontâneo nem permanente; e, por ser


instável, pode reverter muito facilmente ao estado inanimado. O que mantém as
características que diferem o vivo do não-vivo é uma entrada constante de energia,
devido a mecanismos celulares que extraem esta energia do meio e a converte em
formas de energia que podem ser utilizadas pela célula para impulsionar a constante
geração de ordem biológica.
A tendência universal de estruturas se tornarem desordenadas é expressa por uma lei
fundamental da física – a segunda lei da termodinâmica -, que diz que no universo o
grau de desordem tende somente a aumentar, ou seja, é um processo espontâneo.
No entanto, outra lei fundamental da física - a primeira lei da termodinâmica – expressa
que a energia livre (energia utilizável – relacionadas à energia e força de trabalho),
associada aos átomos e moléculas em seus movimentos e interações internas ao
sistema, tendem a tornar o sistema organizado.
Os organismos vivos necessitam dessa energia para se manterem organizados e para
realizarem os processos químicos em seu interior. Para isso, precisam de um fluxo de
energia exterior, e eles adquirem esta energia a partir de nutrientes adquiridos do
ambiente onde vivem, ou então de fótons (energia solar), ou ainda de moléculas
inorgânicas (no caso de bactérias quimiossintéticas).
Durante as reações químicas que geram ordem, parte da energia que estes organismos
vivos utilizam é convertida em calor (entropia), o que gera desordem no meio,
aumentando assim a entropia total, como diz a segunda lei da termodinâmica já citada.
Entretanto, o processo de liberação de calor dentro da célula está diretamente ligado
aos processos que geram ordem, e é isso que distingue o metabolismo da célula do
desperdício da queima de combustível pelo fogo.
Este trabalho de revisão tem por objetivo mostrar os processos pelos quais a célula
obtém esta energia tão necessária para a realização de suas reações químicas a fim de
promover a manutenção e continuidade da vida.
5
2 Resumo

Há uma propriedade que, acima de tudo, faz os organismos vivos serem diferentes da
matéria inanimada: eles são capazes de criar e manter ordem em um universo que
constantemente está evoluindo para a maior desordem. Para isso, eles realizam
diversas reações químicas, onde moléculas orgânicas são “desmontadas” e
modificadas para suprirem as necessidades das células dos organismos vivos.
No entanto, para realizar estes processos químicos, ela não somente necessita de
nutrientes como também necessita de energia. Estes nutrientes e a energia de que as
células necessitam tem origem do meio dito inanimado.
Porém, estas reações que normalmente ocorrem no interior da célula geralmente
ocorreriam apenas em temperaturas muito mais elevadas do que aquela mantida dentro
de seu interior. Por isso cada uma dessas reações requer um impulso específico de
reatividade química, e isso é muito importante, pois permite que cada reação seja
controlada pela célula.
Este controle é exercido por proteínas (enzimas), cada uma das quais é capaz de
acelerar (catalisar) uma das várias reações possíveis de uma determinada molécula.
Quando uma enzima termina de catalisar uma molécula, esta molécula transformada é
catalisada novamente por outra enzima, seguindo assim uma reação em série. Este
processo de reações interligadas é o que possibilitam que a célula sobreviva, cresça e
se reproduza.
Na célula ocorre dois fluxos opostos de reações químicas: reações catabólicas
(decomposição dos nutrientes em moléculas menores e liberação de energia) e reações
anabólicas (utilizam a energia gerada pelo catabolismo para promover a síntese de
moléculas orgânicas a partir de diversas moléculas modificadas a partir das moléculas
degradadas no catabolismo). Estes dois conjuntos de reações constituem o
metabolismo.
Todos os animais sobrevivem da energia armazenada nas ligações químicas de
moléculas orgânicas sintetizadas por outros organismos vivos, e são ingeridos como
alimento.
Alguns animais obtêm este alimento ingerindo outros animais, no entanto tudo começa
pelos animais que se alimentam de plantas. Isto porque as plantas não obtêm sua
energia de outros seres vivos, mas a sintetizam a partir da luz solar, sendo assim uma
fonte de energia primária. Em conseqüência, toda energia utilizada por células animais
é indiretamente derivada do Sol.
As plantas e algumas bactérias conseguem extrair a energia dos raios solares por meio
de um processo chamado fotossíntese, e obtêm todos os demais nutrientes de que
necessita a partir da matéria inorgânica (carbono, hidrogênio, nitrogênio, etc.). A
energia obtida do Sol possibilita as ligações químicas dentro da célula, tornando assim
possível a síntese de moléculas (açúcares, aminoácidos, nucleotídeos e ácidos graxos)
que formam matéria orgânica (polissacarídeos, proteínas, ácido nucléico e ácidos
graxos).
Basicamente a fotossíntese ocorre em dois estágios. No primeiro estágio, a energia
solar é captada e armazenada temporariamente na forma de energia das ligações
químicas em pequenas moléculas especializadas (atuam como transportadora da
energia e como grupo químico reativo). No fim deste primeiro estágio, o oxigênio é
liberado devido à quebra da molécula de H2O pela luz.

6
No segundo estágio, a energia que estava armazenada nas ligações químicas das
moléculas especializadas (transportadoras de energia) é utilizada na ligação de
moléculas decompostas a partir de CO 2 e H2O, possibilitando assim a formação de
açúcares. Este processo é conhecido como fixação do carbono.
Os açúcares produzidos são utilizados como fonte de energia para realização de
ligações químicas na síntese de moléculas orgânicas que são essenciais para a vida
vegetal e dos seres que dela se alimentam.

Figura 4 – Equação representando o resultado líquido da Fotossíntese

H2O O2
CO2
ENERGIA LUMINOSA + + AÇÚCARES + + ENERGIA TÉRMICA

Os animais utilizam os açúcares consumidos a partir dos seres fotossintetizantes (ou


indiretamente) a fim de extrair energia para a realização das ligações químicas
necessárias para sua existência.
A fotossíntese e a respiração são processos complementares. Isto significa que as
trocas entre animais e plantas não são unidirecionais. Ou seja, as plantas dependem
dos animais e vice-versa. Esta dependência existe porque os animais necessitam do
O2 emitido pela fotossíntese das plantas para sobreviver, enquanto que as plantas
necessitam do CO2 emitido abundantemente pela respiração dos animais para
sobreviver, formando assim um grande ciclo.

Figura 5 – Esquema representando relação entre Fotossíntese e Respiração


Os seres fotossintetizantes utilizam energia solar para produzir açúcares e outras moléculas orgânicas, que servem de alimentos
para outros organismos (animais). Estes organismos utilizam o O2 para formar CO2 a partir da quebra dos açúcares (obtidos a
partir dos seres fotossintetizantes), resultando em energia para as células animais.

FOTOSSÍNTESE RESPIRAÇÃO
CO2 + H2O = O2 + AÇÚCARES AÇÚCARES + O2 = H2O + CO2

O2 CO2 CO2 O2

PLANTAS
ALGAS AÇÚCARES E A MAIORIA DOS ORGANISMOS
ALGUMAS BACTÉRIAS OUTRAS VIVOS
H2O MOLÉCULAS H2O
ORGÂNICAS

ENERGIA
LUMINOSA ENERGIA ÚTIL DE
LIGAÇÕES QUÍMICAS

7
A seguir veremos um pouco mais sobre fotossíntese e respiração celular.
3 Fotossíntese
A fotossíntese produz basicamente todas as moléculas orgânicas necessárias à vida a
partir da quebra de dióxido de carbono da atmosfera (CO 2) e da extração dos elétrons
das moléculas de água (H2O) – liberando grande quantidade de oxigênio 1 -, e
realizando a ligação destas moléculas de carbono e hidrogênio por meio da energia
obtida do Sol (a partir de uma série de reações químicas).
Os organismos capazes de realizar este processo são chamados seres
fotossintetizantes, mas também são denominados seres autótrofos (capazes de
produzir o próprio “alimento”). Neste grupo se enquadram algumas bactérias, algas e
plantas.
Nas plantas, a fotossíntese é realizada por uma organela intracelular especializada – o
cloroplasto.

3.1.1 Cloroplasto
Possui uma membrana externa altamente permeável e uma membrana interna bem
menos permeável - onde proteínas de transporte atuam -, separadas por um estreito
espaço inter-membranoso. Juntas, formam o envelope cloroplástico.
A membrana interna envolve um grande espaço chamado estroma, o qual é análogo à
matriz mitocondrial2 e contém diversas enzimas metabólicas, além de um conjunto
especial de ribossomos, RNA e DNA.

Figura 6 – Cloroplasto

Fonte: http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/celula_ficheiros/image019.jpg

Estudos indicam que os cloroplastos, bem como as mitocôndrias, se originaram a partir


de células procariontes primitivas, que se alimentavam (endofagia) de archeo-bactérias
que realizavam as mesmas funções que as mitocôndrias e cloroplastos realizam dentro
das células atuais. Com o tempo foi surgindo uma relação de endossimbiose.
As células eucarióticas nasceram como comunidades de organismos em interação, que
se uniram numa ordem específica. Os elementos procarióticos poderiam ter entrado
numa célula hospedeira, quer como alimento, quer como um parasita. Com o tempo, os

1
O oxigênio liberado pelas plantas durante o processo de fotossíntese, por sua vez, é requisito importante para outro conjunto de
reações químicas resultantes em produção de energia que estudaremos mais adiante – denominado respiração celular.
2
Análogo – Definição: Biol Que exerce a mesma função, sendo de origem e estrutura diferentes.
Matriz mitocondrial é a parte interna da mitocôndria (organela presente em células eucarióticas, responsável por obter energia a
partir de diversas reações químicas resultando em um processo chamado respiração celular).

8
elementos originais teriam desenvolvido uma interação biológica mutuamente benéfica
que, mais tarde, se transformou em uma simbiose obrigatória.
Esta teoria é baseada em algumas evidências:
 Tanto as mitocôndrias como os cloroplastos possuem DNA bastante diferente do
que existe no núcleo celular e em quantidades semelhantes ao das bactérias;
 As mitocôndrias utilizam um código genético diferente do da célula eucariótica
hospedeira e semelhante ao das bactérias e Archaea;
 Ambas organelas se encontram rodeados por duas ou mais membranas e a mais
interna tem diferenças na composição em relação às outras membranas da
célula e semelhanças com a dos procariotas;
 Ambos se formam por fissão binária, como é comum nas bactérias; em algumas
algas, como a Euglena, os cloroplastos podem ser destruídos por certas
substâncias químicas ou por ausência prolongada de luz, sem que isso afete a
célula (que se torna heterotrófica); além disso, quando isto acontece, a célula
não tem capacidade para regenerar os seus cloroplastos;
 Muito da estrutura e bioquímica dos cloroplastos, como por exemplo, a presença
de tilacóides e tipos particulares de pigmentos, é muito semelhante aos das
cianobactérias; análises filogenéticas de bactérias, cloroplastos e genomas
eucarióticos também sugerem que os cloroplastos estão relacionados com as
cianobactérias;
 A seqüência do DNA de algumas espécies sugere que o núcleo celular contém
genes que aparentemente vieram do cloroplasto;
 Tanto as mitocôndrias como os cloroplastos possuem genomas muito pequenos,
em comparação com outros organismos, o que pode significar um aumento da
dependência destas organelas depois da simbiose se tornar obrigatória, ou
melhor, passar a ser um organismo novo;
 Vários grupos de protistas possuem cloroplastos, embora os seus portadores
serem, em geral, mais estreitamente aparentados com formas que não os
possuem, o que sugere que, se os cloroplastos tiveram origem em células
endosimbiontes, esse processo teve lugar múltiplas vezes, o que é muitas vezes
chamado “endosimbiose secundária”.

Figura 7 – Esquema ilustrando evolução de células primitivas

9
Fonte: http://www.liaaq.ufsc.br/aulas/biologia%20energetica%20celular.pdf

Diferentemente das mitocôndrias, a membrana interna do cloroplasto não realiza a


cadeia transportadora de elétrons, e sim uma terceira membrana denominada
tilacóide, que se invagina formando sáculos (pequenos sacos).
A clorofila (pigmentos especializados para a captação da luz) está contida neste
sistema de membranas, o que caracteriza a coloração verde do cloroplasto. Nos
tilacóides é onde ocorre a primeira das duas etapa de reações fotossintéticas.

3.1.1.1 Primeira etapa de reações fotossintéticas


Os tilacóides formam pilhas na forma de moedas conhecidas como grana lamelae (ou
simplesmente grana), sendo que cada pilha é denominada granum. Estas pilhas ficam
"apoiadas" nas lamelas. Todo esse conjunto de membranas encontra-se mergulhado
em um fluído gelatinoso que preenche o cloroplasto, chamado de estroma.

Figura 8 – Tilacóide

Fonte: http://professores.unisanta.br/maramagenta/Imagens/ANATOMIA/cloroplasto.jpg

10
As moléculas de clorofila encontradas nas membranas dos tilacóides reúnem-se em
grupos, formando estruturas chamadas de "complexos de antena" ou "antena", que
captam energia solar.
A energia do sol energiza um elétron da clorofila, capacitando-o a mover-se, como que
"saltando" de clorofila em clorofila, até atingir um par especial de clorofilas que se
encontra no centro de reação da antena. Ao serem excitadas, estas clorofilas especiais
liberam um de seus elétrons.

Figura 8 – Complexo de coleta da luz

Fonte: http://www.projeto-biologico.arizona.edu/biochemistry/problem_sets/photosynthesis_1/graphics/lhc.gif

Este elétron é recebido por uma das moléculas presentes na cadeia transportadora de
elétrons. Os componentes da cadeia transportadora de elétrons da fotossíntese são
proteínas integradas às membranas tilacóides do cloroplasto.

Figura 9 - Diagrama esquemático das enzimas mais importantes das membranas tilacóides, mostrando o
caminho seguido pelos elétrons e prótons durante as reações luminosas

Fonte: http://www.projeto-biologico.arizona.edu/biochemistry/problem_sets/photosynthesis_1/graphics/memb.gif

Quando a clorofila perde seu elétron ela fica muito instável. Então a molécula de água
“doa” um de seus elétrons para ela se estabilizar. Durante este processo, a molécula de
água acaba sendo quebrada, liberando assim o oxigênio e o hidrogênio.
A passagem do elétron da clorofila para a primeira molécula da cadeia transportadora
de elétrons é apenas o início de uma cascata de transferências de elétrons através da
cadeia transportadora. O NADP+ é o receptor final dos elétrons transferidos e se
converte então em NADPH.

11
Durante a transferência de elétrons ocorre um acúmulo de prótons (íons H+) no espaço
interior do tilacóide. Este acúmulo é usado para gerar uma “força motriz” de prótons
através da membrana do tilacóide.
Os prótons não são capazes de atravessar diretamente a camada de lipídios da
membrana do tilacóide, mas passam através de uma molécula presente na membrana
denominada ATP-sintase. Esta molécula é responsável pela formação de ATP a partir
de ADP (adenosina difosfato) + Pi (fósforo inorgânico).

3.1.1.2 Segunda etapa das reações fotossintéticas


Também conhecida como ciclo de Calvin (ou rota C3 de fixação do carbono, uma vez
que o produto formado é um composto de 3 carbonos - ácido fosfoglicérico), se refere
ao processo de fixação do carbono. Ela pode ser dividida em quatro fases distintas:
fase de carboxilação, fase de redução, fase de regeneração e fase de síntese dos
produtos.
A fase de carboxilação consiste na reação de CO 2 com a ribulose bisfosfato, catalisada
pela ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase (RuBisCO), seguida por uma clivagem
molecular, formando o ácido fosfoglicérico.
A fase de redução consiste na redução do ácido glicérico, formado na etapa anterior,
em triose fosfato.
A fase de regeneração consiste na regeneração da ribulose bisfosfato através de
reações de interconversão de açúcares.
A fase de síntese de produtos consiste na produção de outros compostos, tais como,
polissacarídeos, aminoácidos e ácidos graxos. A síntese desses compostos é
influenciada pelas condições fisiológicas.

Figura 10 – Ciclo de Fixação do Carbono

12
Fonte: http://curlygirl.naturlink.pt/calvin.jpg

Figura 11 – Fotossíntese

Fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/fotossintese/imagens/fotossintese43.jpg

Entretanto, esta não é a única rota de fixação do CO 2. Na maioria das plantas e


gramíneas tropicais, tais como, a cana-de-açúcar e a cevada, a fixação do CO 2 resulta
em compostos de 4 carbonos como o oxaloacetato, o malato e o aspartato. A fixação
ocorre pela carboxilação do fosfoenolpiruvato a oxaloacetato catalisada pela
fosfoenolpiruvato carboxilase. Por essa razão, essa rota é chamada de C4.
Existe ainda o metabolismo ácido das crassuláceas (CAM), cujo nome se deve ao fato
de ser primeiro encontrado nas Crassulaceae. Esta rota de fixação do CO2 é muito
comum nas famílias das angiospermas: Agavaceae, Bromeliaceae, Cactaceae,
Euphorbiaceae, Liliaceae, Orchidaceae, etc.
Como nas plantas de metabolismo C4, o primeiro metabólito a ser sintetizado pela
fixação do CO2 é o oxaloacetato. Este CO2 é posteriormente liberado pela
descarboxilação do malato e refixado no ciclo de Calvin pela RuBisCO. Entretanto os
metabolismos CAM e C4 diferem entre si pelo local e tempo de ocorrência. Nos
vegetais que apresentam metabolismo C4, a fixação do CO 2 ocorre nas células
fotossintéticas presentes no mesófilo da folha. O carbono fixado na forma de malato
migra para as células envolventes da bainha onde ocorre então a liberação e refixação
do CO2 através do ciclo de Calvin. Nas plantas do metabolismo CAM o período de
fixação via fosfoenolpiruvato carboxilase e RuBisCO estão separados pelo tempo.
Nessas plantas, a fixação ocorre durante a noite quando os estômatos estão abertos
via carboxilação do fosfoenolpiruvato e acúmulo do malato, assim formado, nos
vacúolos. Durante o dia, os estômatos se fecham para minimizar a perda de água, e o
malato é transportado para o citossol onde é descarboxilado e o CO 2 é refixado pela
RuBisCO.

3.1.1.2.1 Metabolismo C4
As vantagens dos metabolismos CAM e C4 sobre o C3 são: alta taxa fotossintética
(dificilmente atinge-se a saturação da fotossíntese), ausência de fotorrespiração, alta
eficiência na utilização da água, alta tolerância salina e baixo ponto de compensação
para o CO2. A desvantagem é o alto custo energético e o conseqüente menor
13
rendimento quântico de fixação de CO 2. Além disso, com exceção do abacaxi, as
plantas de metabolismo CAM, ao contrário das de metabolismo C3, não são muito
produtivas em termos de biomassa. Os vegetais de metabolismo C4 são altamente
produtivos.
As macroalgas além de possuírem o metabolismo C3, cujo produto principal nas
Phaeophyta é o manitol, são capazes de fixar CO 2 ou HCO3- independente de luz, pela
carboxilação do fosfoenolpiruvato a malato. Entretanto, ao contrário das plantas de
metabolismos C4 e CAM, onde o CO2 fixado é posteriormente liberado para o ciclo de
Calvin, o oxaloacetato formado pela fixação do CO 2, via fosfoenolpiruvato, é utilizado
para as reações de biossíntese ou como intermediário do ciclo do ácido tricarboxílico,
havendo portanto, fixação líquida de CO2. Esta capacidade de fixar CO2 independente
de luz é ecologicamente significante, pois permite o crescimento das macroalgas (em
particular a Phaeophyta, onde este tipo de fixação é expressiva) em ambientes de
irradiação limitada. As outras rotas metabólitas acopladas com a fase clara da
fotossíntese são: a fixação do N 2, a biossíntese de ácidos graxos, a reação de Mehler e
a fotorrespiração.
A fotorrespiração é uma ineficiência do ciclo de fixação de CO 2. A Enzima RuBisCO não
é específica para o CO 2, ela também aceita como substrato o O 2, de sorte que, ao invés
de ser produzido 2 moléculas de ácido glicérico após a clivagem molecular, produz-se
uma molécula de ácido glicérico e uma molécula de ácido glicólico, que na célula está
na forma aniônica glicolato. O glicolato é exportado aos peroxomas onde é oxidado à
glioxalato e então aminado para formar o aminoácido glicina (Gli). A glicina por sua vez,
é exportada para a mitocôndria onde 2 moléculas de glicina são utilizadas para gerar
uma molécula de serina (Ser) e uma molécula de CO 2. Daí o nome fotorrespiração, pois
há a participação da luz (foto), o consumo de O 2 e a liberação de CO2 (respiração). A
fotorrespiração é favorecida em ambientes de alta concentração de O 2 e baixa de CO2
(condição atmosférica) e em altas temperaturas (Climas tropicais e equatoriais).

Pode-se então sumarizar a fotorrespiração na seguinte equação:

(2Ribulose-1,6-bisfosfato2-) + 2O2 2(2-fosfoglicerato) + 2HPO32- +


+3H2O + 3NAD+ +NH3 3NADH + 3H+ +Ser + CO2

A reação de Mehler consiste na transferência de elétrons no final da cadeia de


transporte de elétrons fotossintético da NADP-Ferredoxina redutase para o O 2. Essa
reação produz uma espécie de radical livre altamente reativa, o superóxido (O 2-.).
Através das enzimas ascorbato superóxido dismutase e catalase, o O 2-. é transformado
em O2 e H2O. Essa reação tem uma importância fundamental nos processos
fotoinibitórios. 

14
4 Respiração Celular
É um fenômeno que consiste basicamente no processo de extração de energia química
acumulada nas moléculas de substâncias orgânicas diversas, tais como carboidratos e
lipídios. Nesse processo, verifica-se a oxidação ou "queima" de compostos orgânicos
de alto teor energético, como gás carbônico e água, além da liberação de energia, que
é utilizada para que possam ocorrer as diversas formas de trabalho celular.  
A respiração é um fenômeno de fundamental importância para o trabalho celular e,
portanto, para manutenção de vida num organismo. A fotossíntese depende da
presença de luz solar para que possa ocorrer. Já a respiração celular, inclusive nas
plantas, é processada tanto no claro como no escuro, ocorre em todos os momentos da
vida de organismo e é realizada por todas as células vivas que o constituem. Se o
mecanismo respiratório for paralisado num indivíduo, suas células deixam de dispor de
energia necessária para o desempenho de suas funções vitais; inicia-se, então, um
processo de desorganização da matéria viva, o que acarreta a morte do indivíduo.
Na respiração, grande parte da energia química liberada durante oxidação do material
orgânico se transforma em calor. Essa produção de calor contribui para a manutenção
de uma temperatura corpórea em níveis compatíveis com a vida, compensando o calor
que normalmente um organismo cede para o ambiente, sobretudo nos dias de frio. Isso
se verifica principalmente em aves e mamíferos; em outros grupos, como os anfíbios e
os repteis, o organismo é aquecido basicamente através de fontes externas de calor,
quando, por exemplo, o animal se põe ao sol. 
Já vimos que nos seres vivos a energia química dos alimentos pode ou não ser extraída
com a utilização do gás oxigênio. No primeiro caso, a respiração é chamada aeróbica.
No segundo, anaeróbica. 

4.1 Respiração Aeróbica


A respiração aeróbica se desenvolve, sobretudo, nas mitocôndrias, organelas
citoplasmáticas que atuam como verdadeiras "usinas" de energia.  

Figura 12 - Mitocôndria

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c9/Diagram_of_a_human_mitochondrion_pt.svg/562px-Diagram_of_a_human_mitochondrion_pt.svg.png

15
No processo verifica-se que a molécula de glicose (C 6H12O6) é quebrada de maneira a
originar substâncias relativamente mais simples (CO 2 e H2O). A quebra da glicose,
entretanto, não pode ser efetuada de forma repentina, uma vez que a energia liberada
seria muito intensa e comprometeria a vida da célula. É preciso, portanto, que a glicose
seja quebrada gradativamente. Assim, a respiração aeróbica compreende,
basicamente, três fases: glicólise, ciclo de Krebs e cadeia transportadora de
elétrons. 

4.1.1 Glicólise
Glicólise significa “quebra da glicose”. Ocorre no citoplasma da célula. Nesse processo,
a glicose converte-se em duas moléculas de um ácido orgânico dotado de 3 carbonos,
denominado ácido pirúvico (C3H4O3). Para ser ativada e tornar-se reativa a célula
consome 2 ATP (armazena energia química extraída dos alimentos distribuindo de
acordo com a necessidade da célula). No entanto, a energia química liberada no
rompimento das ligações químicas da glicose permite a síntese de 4 ATP. Portanto, a
glicólise apresenta um saldo energético positivo de 2 ATP.
Na conversão da glicose em ácido pivúrico, verifica-se a ação de enzimas denominadas
desidrogenases, responsáveis, como o próprio nome diz, pela retirada de hidrogênios.
Nesse processo, os hidrogênios são retirados da glicose e transferidos a dois
receptores denominados NAD (nicotinamida adenina dinucleotídio). Cada NAD captura
2 hidrogênios. Logo, formam-se 2 NADH2.

Figura 13 – Glicólise

Fonte: ttp://www.biocristalografia.df.ibilce.unesp.br/valmir/bioquimica/cadeia_transp_e/bioq_fig1.jpg

16
4.1.2 Ciclo de Krebs
O ácido pivúrico, formado no citoplasma durante a glicose, penetra na mitocôndria,
onde perde CO2, através da ação de enzimas denominadas descarboxilases. O ácido
pivúrico então converte-se em aldeído acético.
O aldeído acético, pouco reativo, combina-se com uma substância chamada coenzima
A (COA), originando a acetil-coenzima A (acetil-COA), que é reativa. Esta, por sua vez
combina com um composto. Nesse momento inicia-se o ciclo de Krebs, fenômeno
biológico ocorrido na matriz mitocondrial.
Da reação da acetil-CoA, ocorrem séries de desidrogênações e descarboxilações até
originar uma nova molécula de ácido oxalacético, definido um ciclo de reações, que
constitui o ciclo de Krebs. 

Figura 14 – Ciclo de Krebs

Fonte: http://curlygirl.naturlink.pt/energia.htm

17
4.1.3 Cadeia Transportadora de Elétrons 
Essa fase ocorre nas cristas mitocondriais. Os hidrogênios retirados da glicose e
presentes nas moléculas de FADH2 e NADH2 são transportados até o oxigênio,
formando água. Dessa maneira, na cadeia respiratória o NAD e o FAD funcionam como
transportadores de hidrogênios.

Figura 15 - Cadeia Transportadora de Elétrons 1

Fonte: http://www.ufpe.br/projeto_biologico/biochemistry/problem_sets/metabolism/graphics/electron_T2.gif

Na cadeia respiratória, verifica-se também a participação de citocromos, que tem papel


de transportar elétrons dos hidrogênios. À medida que os elétrons passam pela cadeia
de citocromos, liberam energia gradativamente. Essa energia é empregada na síntese
de ATP.

Figura 16 – Cadeia Transportadora de Elétrons 2

Fonte: http://curlygirl.naturlink.pt/energia.htm

18
5 Conclusões

É por meio da fotossíntese e respiração celular que as células obtêm energia para
realizar suas atividades e garantir a manutenção da vida, bem como sua organização e
este trabalho apresentou um estudo detalhado sobre estes dois processos de produção
dentro da célula.

19
Bibliografia

JUNQUEIRA, L.C.U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 6ª ed. Rio de Janeiro:


Ed. Guanabara, 2000.

ALBERTS, Bruce; BRAY, Denis; JOHNSON, Alexander; LEWIS, Julian; RAFF, Martin;
ROBERTS, Keith; WALTER, Peter. Fundamentos da biologia celular: uma introdução à
biologia molecular da célula. 2ª Ed. São Paulo: Ed ARTMED AS, 1998.

UNIVERSIDADE SÃO PAULO USP


ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ – ESALQ. Disponível
em: <http://www.ciagri.usp.br/~luagallo/>. Acesso em: 01 maio 2008.

UFRJ. Disponível em: <http://server2.iq.ufrj.br/~almenara/fotossintese.htm>. Acesso


em: 02 maio 2008

PROJETO BIOLÓGICO. Disponível em:


<http://www.ufpe.br/projeto_biologico/biochemistry/problem_sets/metabolism/metabolis
m.html>. Acesso em: 01 maio 2008.

HERBÁRIO. Disponível em: <http://www.herbario.com.br/>. Acesso em: 18 maio 2008.

BIOQUÍMICA. Disponível em:


<http://www.biocristalografia.df.ibilce.unesp.br/valmir/bioquimica/cadeia_transp_e/index.
html>. Acesso em: 18 maio 2008.

METABOLISMO ENERGÉTICO. Disponível em:


<http://curlygirl.naturlink.pt/energia.htm>. Acesso em: 01 maio 2008.

COLA DA WEB. Disponível em:


<http://www.coladaweb.com/biologia/respiracaocelular.htm>. Acesso em: 01 maio 2008.

COLÉGIO SÃO FRANCISCO. Disponível em:


<http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/fotossintese/imagens/fotossintese32.jpg>.
Acesso em: 02 maio 2008.

20

Você também pode gostar