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Direito Romano - é o conjunto das instituições jurídicas de Roma e dos países regidos pelos romanos,
desde a fundação da cidade até a morte do Imperador Justiniano (754 a. C. até 565 d. C. - 13 séculos).
A tradição romanista do direito civil brasileiro remonta às Ordenações Filipinas (1603), que vigoraram até o
primeiro Código Civil (de 1º de janeiro de 1917) inspirado nos princípios romanos codificados pelos Países
modernos.
Períodos:
I - Direito quiritário (de 754 a.C. até a Lei Ebúcia de 150 a.C. que reformou o processo);
II - Direito clássico (de 150 a.C. até Diocleciano 305 d.C.). Em sentido restrito, direito clássico é o do séculos
I e II d.C., conhecido como período áureo);
III - Direito pós-clássico ou romano-helênico, ou romano-cristão (até 565 d.C.).
Divisões do Direito
I. Ius Publicum - é o que diz respeito ao Estado, tendo por objeto a organização política, a dos
cultos, e as relações internacionais. Este direito não pode ser mudado pelos particulares.
II. Ius Privatum - é o que versa sobre a utilidade e os interesses dos particulares.
a) IUS CIVILE antigo, ou direito quiritário, exclusivo dos cidadãos romanos, rigoroso, formalístico,
derivado do costume, da Lei das XII Tábuas e sua interpretação;
b) IUS GENTIUM, de que usam os romanos e todos os outros povos, baseado na razão natural (evidência dos
fatos) simples, comercial, universal;
c) IUS HONORARIUM ou pretoriano, o "que os magistrados (pretores) introduziram para auxiliar,
suprir, emendar o ius civile antigo" (Papiniano). "É a viva voz do direito civil";
d) IUS EXTRAORDINARIUM - é o direito derivado dos imperadores e seus funcionários, julgando
fora da ordem natural dos processos.
Fontes do Direito
São os meios através dos quais as regras de conduta humana se tornam jurídicas. São providas de
sanção. A fonte do direito não-escrito é o costume.
As fontes do direito escrito são:
I - A lei;
2 - O plebiscito;
3 - Os editos dos magistrados;
4 - As respostas dos jurisconsultos;
5 - Os senátus-consultos;
6 - As constituições imperiais.
A Lei
Lex Publica é o que a assembléia do povo romano manda e constitui, por proposta do magistrado e aprovação
do Senado. Em contraposição à lex rogata (proposta pelo magistrado), lex data é a baixada pelo
magistrado, por delegação do povo. A lei obriga a todo o povo (patrícios e plebeus). A lei é perfeita, quando
anula o ato contrário e pune o infrator; é menos que perfeita, quando pune sem anular; é imperfeita, quando
não anula o ato e não comina penalidades (p. ex. Lex Cincia, lei das doações). A lei é fonte de direito na
Realeza, na República e no início do Principado. No último período leges são as constituições imperiais.
O Plebiscito
É o que a plebe manda e constitui. Depois da Lei Hortênsia de 287 a. C. o plebiscito obriga, também os
patrícios, igualando-se à lei. Distingue-se da lei, porque proposto por magistrado da plebe (tribuno).
Senátus-consultos
São as deliberações tomadas pelo Colégio dos Senadores. Na Realeza e na República, dando apenas
instruções aos magistrados, constituem fonte indireta do direito. No início do império são fonte; mas
vão com o tempo tornando-se expressão da vontade do imperador que faz a proposta. A proposta
e o próprio Senátus-consulto acabam por se chamar Oratio Principis.
As Constituições Imperiais
DISTINGUEM-SE EM:
As Codificações
I - Lei das XII Tábuas, baixada em 450 a.C., promulgou o direito costumeiro
Nos setores do direito privado e público;
II - Edito (v. § 10 - Sálvio Juliano);
III - Codex Gregorianus e Codex Hermogenianus - são coleções particulares
(privadas) de Constituições imperiais, coligidas no IV século d.C.;
IV - Codex Theodosianus - coleção de Constituições imperiais ordenadas pelo imperador Teodósio, em 438
d.C. (Baixo Império);
V - Corpus Iuris Civilis - é a compilação de iura e de leges feita pelo imperador Justiniano (VI século d.C.).
DIGESTO ou PANDECTAS (Digesta ou Pandectae) - coleção dos escritos (iura) dos jurisconsultos romanos,
em 50 livros, promulgado em 533 d.C. Modo de citar: Dom, nº do livro, nº do título, nº do fragmento, nº do
parágrafo.
CÓDEX (Codex)- segunda edição da coleção de Constituições imperiais (leges) ordenada por Justiniano em
12 livros, promulgado em 534 d.C. Modo de citar: nº do livro, nº do título, nº da constituição, nº do parágrafo.
NOVELAS (Novellae) - coleção das Constituições imperiais baixadas por Justiniano depois de 534 d.C.
Pessoas
“Pessoa” é o sujeito de direito. Se homem, chama-se “pessoa física”; se ente moral, “pessoa jurídica”. Em
latim, persona significa máscara de teatro; indica, também, o homem livre ou escravo, pois se prescinde de
sua capacidade.
Capacidade de gozo (ou personalidade) - é a aptidão do homem para adquirir direitos e ficar sujeito a
obrigações.
Capacidade de exercício (ou capacidade) - é a responsabilidade de exercer seus (próprios) direitos. Fica
excluída ou restrita pela idade, sexo, doenças e condenação criminal. Para a capacidade do sujeito se
exige sua liberdade (status libertatis), sua cidadania romana (status civitatis) e “a independência do
pátrio poder” (status familiae).
a) de direito privado:
I. Ius commercii ou commercium - capacidade para comprar e vender mutuamente, i. é, de realizar
transações, segundo o ius civile;
II. Ius connubii ou connubium - capacidade de se casar, segundo o direito romano;
III. Testamenti factio - capacidade de testar (ativa) ou herdar (passiva).
b) de direito público:
Status Libertatis
“Liberdade é a faculdade natural daquele a quem é dado fazer o que quiser, salvo o proibido pela força ou pelo
direito”.
“A suma divisão do direito das pessoas é esta, a saber: todos os homens ou são livres ou escravos”. (Gaio).
Por sua vez, os homens livres ou são ingênuos ou libertos.
Ingênuos - são os nascidos livres, que nunca foram escravos. Gozam de todos
os direitos.
Libertos - são os alforriados de justa escravidão (conforme o ius civile).
Libertos
Status Civitatis
.
É a condição do cidadão que goza do ius civile. A Lei Júlia de 90 a. C. estendeu a cidadania a todos os
habitantes do Lácio; a Lei Plautia Papiria de 89 a. C., a todos os aliados dos romanos.
O imperador Caracala em 212 d.C. declarou cidadãos todos os homens livres, habitantes do Império, com
exceção dos deditícios. Com Justiniano, todos os libertos são cidadãos.
No período clássico os latinos junianos podem obter a cidadania ou pela iteratio (à alforria de
direito pretoriano segue-se outra de ius civile), ou pela anniculi probatio (provando ter um filho
de um ano), ou por provado erro no casamento, ou por concessão imperial, ou de outros modos
especiais (guardas, bombeiros, padeiros etc.)
Status Familiae
É a condição do homem livre e cidadão, dentro da família. No direito romano, o pátrio poder
não cessa como hoje pela maioridade do filho, mas, dura normalmente até a morte do ascendente de sexo
masculino (pai, avô).
Sui iuris - é quem não está sob pátrio poder, manus ou mancipium. Qualquer que seja sua idade, tenha ou não
filhos, se homem, chama-se pater familias. Tem apacidade de gozo. Quem está sob tutela ou curatela, é sui
iuris.
Alieni iuris - é quem está sob pátrio poder, manus ou mancipium (filhos e descendentes não emancipados,
a mulher casada cum manu, pessoas in mancipio, escravos).
Capitis Deminutio
É a alteração da capacidade de gozo ou personalidade. É, alteração de um dos três “status”.
Máxima - quando se perde a liberdade (ver fontes da escravidão);
Média - quando se conservando a liberdade se perde a cidadania, p. ex.. condenação (interdição da
água e do fogo);
Mínima - quando se muda de estado de família (adoção, ad-rogação, casamento cum manu da
mulher, emancipação).
Os Escravos
“A escravidão é uma instituição do direito das gentes pela qual alguém está, contrariamente à natureza, sujeito
ao poder alheio”.
O escravo perante o ius civile é coisa (res); mas na realidade sendo homem, sua personalidade, por
influência da filosofia estóica e do cristianismo, foi indiretamente reconhecida. O senhor tem sobre
seu escravo o direito de vida e de morte (ius vitae et necis) e pode entregá-Ia a terceiro prejudicado
(ius noxae dandi). Na República, entretanto, o homicídio do escravo alheio é punido como o de qualquer
pessoa. No Império o senhor que castiga com demasiada crueldade seu escravo é obrigado a vendê-lo.
O escravo não tem direito de família e sua relação conjugal se chama contubernium. Entretanto,
aplicam-se-Ihe os impedimentos matrimoniais dos homens livres.
O escravo não tem propriedade e tudo o que adquire é de seu senhor. Entretanto, o senhor
costuma deixar-lhe um pecúlio com o qual o escravo chega até a resgatar-se.O escravo contrata só em
vantagem de seu senhor. Mas se este lhe tiver dado um pecúlio, responde para com os credores
dentro de seu montante. A obrigação do escravo para com o senhor ou o terceiro é uma obrigação natural.
O escravo juridicamente não pode prejudicar seu senhor. Desde que pratica um dano a um terceiro, o senhor
atual pode isentar-se de pagar a indenização, entregando à vítima o escravo (ius noxae dandi).
Pecúlio
É uma pequena quantia de dinheiro que o pater familias dá em administração e gozo ao filius
familias e ao escravo.
Pecúlio castrense - dinheiro que o filho adquiriu quando militar.
Peculio quase-castrense - quantia que o filho ganhou no serviço público.
*Ações de pecúlio ou actiones adiecticiae qualitatis (porque se chama a juízo o pater familias, juntamente com
o filho ou o escravo):
Alforria (manumissio)
É o ato juridico pelo qual o senhor liberta seu escravo. Pode ser:
a) de ius civile:
I – Manumissio vindicta - impõe-se uma varinha sobre o escravo e o pretor o declara livre;
II – Manumissio censu - inscreve-se o escravo nas listas do recenseamento dos cidadãos;
III – Manumissio testamento - a alforria se concede diretamente por disposição testamentária. É
implícita se o escravo se nomeia herdeiro.
b) de direito pretoriano:
I – Manumissio inter amicos - concede-se a liberdade por uma declaração feita perante os amigos;
II – Manumissio per mensam - idem, no banquete;
III – Manumissio per epistolam - idem, por carta.
* A condição dos alforriados por direito pretoriano foi regulada pela lei Júnia
(latinos junianos).
Na época cristã se conhece a manumissio in sacrosanctis ecclesiis, alforria
feita na igreja, em presença dos fiéis.
As três leis foram abolidas por Justiniano, que apenas conservou a norma da Lei Élia Sência que proíbe
alforriar em fraude dos credores.
Pessoas quase-escravas
a) pessoas in mancipio - são os filhos vendidos (mancipados) pelo pater familias, em Roma, ou
entregues a outrem para indenização dos prejuízos sofridos (noxa). São livres em condição de escravos.
Ficticiamente e num só momento se encontram nesta condição os filhos ao serem emancipados ou
adotados e a mulher ao mudar de tutor (mancipatio ou coemptio fiduciaria).
b) statuliber - é o escravo alforriado sob condição suspensiva;
c) colonos - são, no Baixo-império, os homens livres que trabalham em um
latifúndio, os quais não se podem afastar da terra.
Pessoas Juridicas
Família - (proprio iure) - é o organismo social econômico sob o poder de um pater familias vivo. Familia iure
communi é o organismo que estaria sujeito ao mesmo pater familias se este não tivesse falecido. (GENS é o
conjunto das pessoas que descendem de um chefe originário antiqüíssimo. Seus componentes se chamam
GENTILES).
HÁ EXCEÇÕES:
I. pecúlio castrense;
II. pecúlio quase-castrense;
III. bona adventicia (herança da mãe).
Adoptio
É o ato jurídico pelo qual um sujeito sui iuris ou um sujeito alieni iuris vai fazer parte de outra família
(capitis deminutio minima).
Casamento
“A conjunção do homem e da mulher, o consórcio de toda a vida, a comunhão do direito divino e humano”
(Modestino).
“As núpcias ou o matrimônio são a união do homem e da mulher, que implica uma comunhão indivisível de
vida”. (Justiniano).
EXIGEM-SE:
I - O consentimento das partes e, eventualmente, dos respectivos patres familias;
II - A puberdade (12 anos para as mulheres, 14 anos para os homens) ;
III - Connubium;
IV - Ausência de parentesco (direto até o infinito; e colateral até o 3.° grau).
I - Affectio maritalis;
II - Honor matrimonii.
Faltando um dos dois, o casamento se dissolve.
O casamento acaba:
I - Pela morte de um dos cônjuges;
II - Pela capitis deminutio máxima e média;
III - Pelo divórcio.
Divórcio - se o casamento era pela confarreatio, precisava a difarreatio; se
pela coemptio ou uso, o marido podia repudiar a mulher emancipando-a da manus.