Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. TIRO DE PRECISÃO
Atendendo a que, para o cumprimento da sua missão, os militares da GNR podem vir a utilizar
armas de fogo, é de primordial importância ter sempre presente os elementos fundamentais em que
se divide a técnica de tiro de pistola. Só através da conjugação dos seus aspectos particulares será
possível atingir uma qualidade de desempenho que permita tirar o melhor rendimento dessa
utilização. O mesmo é dizer que só assim é possível maximizar as hipóteses de efectuar tiro de uma
forma eficiente e eficaz.
Para cumprir este objectivo, esta matéria deve ser abordada após a instrução sobre a pistola e
antes da execução de tiro em carreira de tiro (CT). Só após confirmação de uma correcta apreensão
da técnica de tiro é que se pode considerar a possibilidade de deslocamento à CT. Esta
complementaridade entre a teoria e a prática permitirá ao militar aperceber-se de todos os
pormenores relevantes que têm interferência no resultado do desempenho.
Para tal, e antes propriamente de passarmos à abordagem da técnica de tiro de pistola, convém
relembrar algumas das especificidades deste tipo de arma. Estas características servem para reforçar
algumas das considerações que mais adiante serão tecidas no âmbito da técnica de tiro com este tipo
de arma. Talvez a mais importante decorra da sua própria natureza. Na realidade, a pistola é uma
arma de defesa pessoal, utilizada apenas a curtas distâncias e onde a rapidez da acção é
preponderante, tendo como características mais salientes as seguintes:
• Curto comprimento do cano e da própria arma;
• Falta de apoio para empunhar a arma e executar o disparo.
Destas características, resultam alguns efeitos que se torna necessário identificar e compreender,
sendo de salientar os que têm a ver com:
• O curto comprimento do cano e da arma, dando origem a que, qualquer pequeno desvio,
resulte numa maior dispersão sobre o alvo. Do mesmo modo, um pequeno movimento da mão
pode comprometer a segurança dos restantes elementos na CT;
• A falta de apoio, originando uma maior fadiga no braço, o que acaba por resultar em erros
por parte do atirador, aumentando também a dispersão;
• O nervosismo - factor psicológico -, provocado pelo primeiro contacto com uma arma
muitas vezes desconhecida. O “medo” desta ou o facto de não se executar tiro regularmente,
aliados aos efeitos anteriormente vistos, poderão provocar dispersões para além do aceitável,
tanto em relação aos resultados pretendidos na instrução, como em termos de segurança. Este
será um dos pormenores a acautelar, obrigando a adoptar algumas medidas de prevenção, as
quais se podem consubstanciar num reforço especial dos aspectos com ela relacionados.
EPG/GNR Módulo IV 1
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
40º
2 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
3
Esta inclinação tem por objectivo minimizar o risco que possa ser provocado por um disparo negligente.
4
O mais indicado é que este movimento seja feito pelo polegar esquerdo, visto estar mais liberto para esta acção.
EPG/GNR Módulo IV 3
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
• Não esquecer que qualquer força que seja exercida fora da direcção do
eixo do cano poderá provocar desvios no tiro pelo que o eixo do cano
deve ser paralelo à direcção do braço estendido e a mão não deve
“quebrar pelo pulso”;
• A pistola deve ser segura apenas com a força necessária para a manter
na mão - a força necessária para cumprimentar alguém -. O excesso de
tensão leva à fadiga e a que a mão comece a tremer, aumentando os
desvios e enervando o atirador, que não consegue manter a arma fixa na
zona de pontaria;
• Um processo simples e prático de se verificar se a arma está bem
empunhada é espreitando por cima do ombro, ao longo do braço, e
verificar se está perfeitamente alinhada com esse mesmo braço ou mão.
Caso não esteja, retirar a pistola da mão e empunhá-la de novo,
repetindo-se as vezes necessárias até se obter um empunhamento
correcto.
4 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
5
O atirador deve “espreitar” sobre o ombro para verificar que braço e arma estão no mesmo enfiamento.
EPG/GNR Módulo IV 5
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
6 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
6
Não defendemos aqui a paragem total da respiração porque isso é prejudicial à necessária oxigenação celular, o que, a
não acontecer poderia trazer alguns distúrbios a nível da visão, aumentaria a sensação de cansaço e, consequentemente,
poderia até originar a antecipação do disparo. Por esta razão, digamos que a respiração deve ser minimizada, quase
como se existisse a sensação de que o ar não entra nem sai.
7
Um conceito idêntico é o de “mirada”. Entende-se por mirada a acção de fazer pontaria, ou seja, colocar o olho do
atirador, a ranhura da alça de mira, o ponto de mira e o alvo, na mesma linha. Como se verifica, mirada encerra um
conceito diferente de apontar, já que, neste último, o atirador limita-se a dirigir a arma para o alvo, sem fazer pontaria. É
o que se passa no tiro policial, como veremos, em que os olhos do atirador se focam no alvo e não no aparelho de
pontaria.
8
Como é óbvio, as variações aqui implícitas não têm a ver propriamente com as alterações sofridas pela munição e pelo
projéctil, do ponto de vista Físico-Químico, mas antes com aquelas que são transmitidas pelos erros cometidos pelo
atirador, tendo como consequência desvios angulares e paralelos, (Ver MODULO V – Técnica de Tiro de Espingarda,
pág 11) os quais fazem com que o local de impacto seja distinto do desejado.
EPG/GNR Módulo IV 7
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
9
Para ver a definição de erros angulares e paralelos, consultar o n.º 5.2
8 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
A imagem das miras alinhadas, e a sua projecção na zona de pontaria, irão fazer com
que o dedo complete a pressão sobre o gatilho, produzindo-se o disparo. O atirador
acaba assim por ser surpreendido pelo próprio disparo, visto este ser controlado pelo
reflexo olho-dedo. A sua única preocupação deve centrar-se sobre aquele
alinhamento, deixando o dedo actuar, como que de uma forma inconsciente. Quando
as miras se decompõem o dedo que prime o gatilho fica como que bloqueado,
retomando o seu movimento quando as miras se voltarem a alinhar.
Podemos então considerar existir um momento estático que corresponde à
manutenção do alinhamento das miras e outro dinâmico que será a pressão efectuada
sobre o gatilho, sendo que este – único que se manifesta de forma visível – a qual
obedece às particularidades que serão referidas mais adiante.
EPG/GNR Módulo IV 9
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Imagem do Imagem do
olho direito olho esquerdo
Imagem do Imagem do
olho direito olho esquerdo
10
Se o atirador está habituado a empunhar a arma com a sua mão direita e o seu olho director for o esquerdo, não deve
mudar de mão, pois não é essa a sua posição natural. O que deve fazer é habituar-se a disparar com ambos os olhos
abertos, tendo em consideração o que aqui é referido.
10 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
1.1.3.4 Alvo
• Como já foi referido anteriormente, o atirador não deve ver o centro do
alvo nítido, pois, se isto acontecer, é sinal de que este não está a focar o
aparelho de pontaria da arma;
Bem Mal
11
Para outras informações sobre alvos, consultar o n.º 4.8 e os Anexos A e B.
EPG/GNR Módulo IV 11
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
12 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
ligeiramente o cano, a fim de observar o alvo. Tantas vezes o faz, que acaba por
antecipar o tiro uma fracção de segundo antes do projéctil abandonar a boca do cano,
só para poder ver o alvo.
Serve também para antever o resultado do disparo, permitindo-lhe fazer as
necessárias correcções tiro a tiro, sem ter de se deslocar à linha de alvos, uma vez que
desta forma o atirador é levado a reproduzir a imagem mental do alinhamento das
miras no momento do disparo.
EPG/GNR Módulo IV 13
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
2. TIRO POLICIAL
Este tipo de tiro é, sem dúvida alguma, aquele que deve ser mais treinado pelos militares da
GNR12, visto que, numa situação policial, se for necessário disparar, temos de o fazer rápida e
certeiramente, a fim de evitar que inocentes sejam feridos, ou mesmo para salvaguardar a própria
integridade física.
Esta modalidade é também muitas vezes chamada de “tiro instintivo”. Só que esta designação
não é a correcta, já que a palavra “instintivo” implica algo que nós fazemos inconscientemente,
como, por exemplo, o facto de levarmos o garfo à boca sem nos picarmos nele. Ora o tiro policial
implica a consciência do que se está a fazer, pois se, por exemplo, o Adversário (ADV), de repente,
levantar os braços em sinal de rendição, o militar da GNR não deve fazer tiro, ou deve suspendê-lo,
caso já tenha disparado. Como tal, enquanto que no chamado tiro de precisão a atenção do atirador
está exclusivamente centrada na execução técnica, no tiro policial, para além dos aspectos técnicos
que envolvem a execução do tiro, a nossa atenção tem de estar sempre direccionada para as várias
envolventes relacionadas com a situação concreta com nos estamos a deparar, de que se destaca o
acompanhamento dos movimentos e acções tomadas pelo ADV para, face ao desenrolar da situação,
podermos tomar a melhor decisão, e se for imprescindível utilizar a arma de fogo, garantirmos que o
fazemos da forma legal e adequada à situação em concreto e com o máximo de precisão e eficácia.
Existem 3 factores fundamentais no tiro policial, devendo ser treinados pela ordem que a seguir
se indica.
1.º Precisão - Numa situação policial a precisão com que o tiro é executado é fundamental e
determinante do correcto uso da arma de fogo face à legislação vigente, uma vez que os
princípios da necessidade e da proporcionalidade, são as balizas de qualquer intervenção
pela força, e uma vez que o valor da vida deve ser preservado a todo o custo. “O recurso a
arma de fogo só é permitido em caso de absoluta necessidade, como medida extrema,
quando outros meios menos perigosos se mostrem ineficazes, e desde que proporcionado às
circunstâncias. Em tal caso, o agente deve esforçar-se por reduzir ao mínimo as lesões e
danos e respeitar e preservar a vida humana.”- Artº 2º do D.L. nº 457/99 de 5 de Novembro.
Tal necessidade de executar o tiro com o máximo de precisão, exige que a técnica de tiro
seja exaustivamente treinada, tendo sempre presentes os princípios atrás enunciados;
2.º Potência - Este é o único factor que o militar não pode praticar, visto que diz mais respeito
ao material que é utilizado, nomeadamente às armas e seus calibres. Neste aspecto é de
salientar que o calibre ideal para as forças policiais continua a ser o 9 mm Parabellum13;
3.º Rapidez - Como este tipo de tiro tem duas fases, pode-se então afirmar que:
• Na 1ª Fase, torna-se necessário “conhecer a arma” (para poder explorar correctamente as
suas potencialidades), pois o atirador tem de se habituar à própria posição, à mirada
rápida e à execução do disparo (o que é treinado ao nível do tiro de precisão);
• A 2ª Fase já envolve um treino mais apurado, pois, para além dos conhecimentos
adquiridos na fase anterior, acrescenta-se o “saque” da arma do coldre. Por isso, torna-se
necessário saber o que fazer com a arma após o saque, conhecer as características do
próprio coldre para se conseguir um saque rápido, e até mesmo o local onde exista um
segundo carregador para evitar a “procura do carregador”, o que provoca sempre o desvio
dos nossos olhos em relação ao alvo. Só depois de consolidada a 1ª fase é que se pode dar
início a esta fase.
12
Apesar de todas as condições adversas que possam surgir, este tipo de tiro deve ser efectuado, no mínimo, uma vez
por ano. Numa situação considerada ideal, a periodicidade seria de três em três meses.
13
Pela sua potência e efeitos produzidos serem mais consentâneos com o que se pretende em termos de cumprimento da
missão. As suas características, em termos balísticos, tornam-no mais eficaz em caso de recurso a arma de fogo.
14 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Silhueta Silhueta
fixa móvel
EPG/GNR Módulo IV 15
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
14
Se o atirador for esquerdo, pratica-se o inverso daquilo que irá ser definido. Relativamente ao que aqui irá ser
enunciado, admitem-se igualmente algumas variações, desde que sejam observados e respeitados os princípios
subjacentes a cada um dos itens a serem abordados para o “tomar da posição” e para os outros elementos em que se
divide a técnica de tiro policial.
16 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 17
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
2.2.1.2.1 Enquadramento com o alvo, posição dos pés, das pernas e tronco
O atirador coloca-se exactamente em frente ao alvo e toma a posição de
atirador deitado, afastando naturalmente as pernas e flectindo uma delas
(consoante apoie ou não o cotovelo no solo) para permitir a estabilidade e
apoio do tronco no solo.
15
Esta posição deve ser treinada com e sem apoio do braço que empunha a arma a fim de que o atirador defina a
posição que lhe for mais confortável.
18 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
2.2.2 Sacar
Relativamente ao tiro de precisão, passa agora a existir um elemento novo; o coldre.
Aumenta assim o grau de dificuldade, já que o atirador passa a ter que “sacar a arma”
mantendo a precisão e rapidez anteriormente adquiridas. Por esta razão, não se deve
passar à modalidade de tiro policial enquanto não tiverem sido apreendidos os
procedimentos relacionados com a técnica de tiro.
Esta modalidade tem por objectivo primordial o de fazer a aproximação da instrução
de tiro à realidade da GNR, visto que no serviço diário os militares, se tiverem de
disparar, não terão a arma na mão, mas sim no coldre. A partir daqui têm de
desencadear todo um conjunto de procedimentos, para os quais devem ser
devidamente treinados, a fim de minimizar o risco de acidentes e aumentar a rapidez
de reacção, mantendo a necessária precisão do tiro.
O saque constitui um procedimento preliminar que conduz à execução do tiro. A
importância de efectuar um bom saque está directamente relacionada com o coldre
que temos16, para o que este deve possuir as seguintes características:
• Deve ser seguro e permitir ao atirador correr e subir um qualquer obstáculo sem o
risco de perder a arma;
• Apesar de seguro, deve permitir fácil acesso à arma;
• Deve permitir ao atirador um bom empunhamento ainda antes de sacar a arma.
Mudar ou reajustar o empunhamento a meio curso é não só perigoso como o gesto
se torna mais lento;
• Deve proteger a arma e cobrir o gatilho;
• Deve estar seguro no cinto para não se mover;
• O atirador deve ser capaz de recolocar a arma no coldre sem ter que deixar de
olhar para o suspeito, bem como para o ambiente envolvente.
Uma análise cuidada dos procedimentos que devem ser executados para efectuar o
saque permite realçar um conjunto de aspectos que devem ser observados. Eles
materializam aquilo que se pode considerar como sendo a sequência ideal para
efectuar este movimento. Para tal atentemos nos seguintes aspectos:
• Manter os dois olhos abertos sobre o alvo17;
• Empunhar a arma correctamente, mantendo o pulso direito e colocando o cotovelo
ligeiramente para fora;
• A mão que não empunha a arma aproxima-se por baixo e pelo lado
(acompanhando a outra até à linha de vista);
• Tomar a linha mais curta (recta) do coldre para o alvo, levando a arma em
direcção ao alvo logo que sai do coldre;
• Ter a preocupação de não colocar a arma no coldre com a patilha de segurança em
fogo e o cão armado.
16
É necessário que os atiradores esquerdos usem os coldres a eles destinados.
17
Não esquecer que estamos na modalidade de tiro policial, pelo que a atenção se deve centrar no alvo e não na arma.
Cabe ao militar desenvolver e treinar toda esta sequência por forma a que execute cada um dos seus passos sem ter a
preocupação de verificar onde está a arma e de a preparar para fogo, desviando o seu olhar do alvo.
EPG/GNR Módulo IV 19
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
20 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
180º 140º
2.2.4.2 Alvo
• Neste tipo de tiro, o atirador já deve ver o centro do alvo (ou a zona de
pontaria) nítido, pois os olhos têm de observar o ADV;
• Para alvo, mantém-se a Silhueta Policial II (SPII).
EPG/GNR Módulo IV 21
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
18
Para iniciar os atiradores a efectuar pontaria com os dois olhos abertos, apesar do correcto ser focar o ponto de mira,
diz a experiência que tal é difícil, pelo que é preferível, de início, ensinar a fixar a vista na alça (pois é mais ampla) e
uma vez assim e com o cano da arma inclinado para baixo, ir levantando esta até que vejamos o ponto de mira e
posteriormente o alvo.
Se apesar disto o atirador tiver dificuldades, o instrutor pôr-se-á diante do atirador para fechar-lhe a profundidade do
campo de visão tentando que desta forma o consiga. Se necessário colocar os dedos indicadores ao lado da alça para
aumentar o lugar onde concentrar a vista. Uma vez conseguido isto, tirar os dedos, retirando-se o instrutor.
22 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
encurta a distância -. O tiro consistente é bastante mais importante do que um tiro bom e os
outros maus.
Após ter apreendido aqueles requisitos, deve-se passar à fase seguinte, a qual consiste na
prática das modalidades de tiro policial mais adequadas às situações com que o militar se
poderá eventualmente confrontar.
Conforme se verá para cada uma delas, a utilização apropriada das miras, de acordo com os
requisitos da situação em concreto, acaba por ser o resultado de um método reactivo –
conciliando rapidez de reacção e precisão -, o qual deve ser devidamente treinado e
automatizado.
Algumas técnicas modernas de tiro de pistola estão orientadas para um tipo de defesa
considerada standard face a um ataque, sendo esta, o disparo rápido de 2 tiros dirigidos ao
peito do agressor. A razão de ser destes dois tiros tem a ver com a necessidade de assegurar
que o adversário fica efectivamente imobilizado. Tal é conseguido não só à custa do
armamento, do poder que nos confere a arma, como também do impacto que isso tem sobre
o sistema nervoso do ADV. Para além disto aumentam também as probabilidades de
efectuar um tiro certeiro, visto haver sempre a possibilidade de falhar o primeiro tiro.
O método utilizado para efectuar estes dois tiros depende da situação concreta, e sempre da
habilidade e destreza do utilizador. A cadência, por sua vez, depende da proximidade do
alvo. Geralmente, quanto mais perto estiver o ADV, maior deverá ser a cadência (menor o
tempo entre dois disparos). Quanto mais longe estiver, menor será a cadência (maior o
tempo entre os dois disparos). Isto tem todo o sentido quando nos apercebemos que um alvo
mais próximo é um alvo mais fácil e representa uma maior ameaça que um alvo distante. O
tempo para reagir aumenta com a distância. Desta forma um alvo a 5 mts. deve ser
imobilizado mais depressa que um alvo a 50 mts.
Apesar da técnica acima mencionada, actualmente, a filosofia sobre o emprego das armas de
fogo por Forças de Segurança, é virada para a preocupação crescente da preservação da vida
humana e causar os menores danos físicos possíveis. Desta forma, o atirador deverá, em
primeiro lugar analisar a situação concreta em que envolve a utilização da arma de fogo e ao
ter de efectuar tiro, efectuar um disparo de cada vez, respeitando sempre os princípios da
necessidade, da proporcionalidade e da preservação do valor da vida.
EPG/GNR Módulo IV 23
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
24 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Numa situação real, os alvos são difíceis de atingir pois movem-se, não são os alvos de
papel que se encontram estáticos numa CT, contra os quais estamos habituados a disparar,
pelo que podem ser precisos vários tiros para abater um alvo. Por essa razão devemos
controlar o número de tiros efectuados, para saber as munições que ainda restam no
carregador.
É importante que nos apercebamos da sensação do disparo, em especial da última munição.
O recuo pode ser sentido como dois movimentos separados; o movimento recuante da
extracção/ejecção e o movimento para a frente da introdução da munição na câmara. Quando
o último tiro é disparado apenas se sente o movimento para a retaguarda visto que o
carregador vazio irá activar o detentor da corrediça e impedir o movimento para a frente.
Esta sensação diferente deve ser memorizada com o treino, servindo para despoletar a
resposta condicionada para um carregamento de emergência.
Existem basicamente dois tipos de carregamento que é preciso aprender e praticar. O
primeiro é o carregamento táctico, utilizado quando o atirador se apercebe que deve estar
prestes a ficar sem munições. Para tal convém escolher um local seguro e fazer a troca por
outro carregador, colocando o usado num local de fácil acesso, pois pode ser necessário
reutilizá-lo. O segundo tipo é o do carregamento rápido, utilizado quando o carregador que
a arma tem fica vazio. A troca de carregador deve ser feita o mais rápido possível. Um bom
atirador não necessita de olhar para a sua arma para a recarregar. Mesmo durante a noite e
sob stress o atirador deve estar apto a trabalhar pelo tacto.
É preciso evitar deixar cair carregadores no chão desnecessariamente durante o treino pois
podem-se danificar os lábios e causar avarias. É também preciso limpar a sujidade que tenha
ficado no carregador, por isso, em caso de treino, deve ser colocado no chão uma manta ou
qualquer objecto que impeça o carregador de entrar em contacto com o solo, o que também
previne a introdução de elementos estranhos na arma.
EPG/GNR Módulo IV 25
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Este tipo de armas, derivado ao seu tamanho compacto, à maior capacidade de transporte de
munições, maior poder de fogo e aos acessórios disponíveis, contribuíram significativamente para o
equipamento de unidades especiais, favorecendo e contribuindo para o seu emprego táctico de uma
forma mais eficiente e eficaz.
As duas maiores vantagens de uma pistola metralhadora, para além do tamanho, são; a confiança
que o atirador retira pelo facto de a possuir e o facto de a ela poderem ser acoplados vários
equipamentos, tais como, por exemplo, um foco luminoso e um laser.
Ao seleccionar-se uma pistola metralhadora, é preciso ter em consideração não só a capacidade
de fogo a curtas distâncias mas também a capacidade de executar um tiro extremamente selectivo e
preciso. Para além disso, estas armas exercem um forte efeito psicológico nos adversários.
Muitos dos princípios da técnica de tiro de pistola aplicam-se ao tiro com pistola metralhadora,
tais como: uma forte empunhadura, o alinhamento das miras e o controlo do gatilho. Ressalva-se
aqui, apenas, a particularidade do aparelho de pontaria de algumas delas, como a HK MP5 A4, o
qual dispõe de uma alça de tambor e de um anel protector do ponto de mira, pelo que a pontaria é
feita de uma forma diferente daquela que vimos para as pistolas19.
No tiro semi-automático, o atirador pode-se colocar de forma natural, com o pé do lado fraco
ligeiramente avançado, encostar e pressionar firmemente a arma contra o ombro, apontar e disparar.
No tiro automático é necessário flectir ligeiramente os joelhos, inclinar o tronco um pouco para a
frente e segurar com mais força, para controlar o movimento da arma. A melhor forma para o
atirador se aperceber disto é tomar a sua posição e fazer séries curtas de 3/4/5 tiro, ajustando a
mesma à medida que vai fazendo as várias séries.
19
Para mais informações sobre esta arma, consultar o Módulo III-V e o Módulo V, referente à Técnica de Tiro de
Espingarda.
26 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 27
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
3. TREINO DE TIRO
Grande parte do trabalho policial desenvolve-se de uma forma monótona e rotineira, o que tem
como consequência um apreciável sentido de complacência e de aborrecimento, em certas ocasiões.
Isto contribui para que essa “distracção” acabe por levar a que o militar esteja deficientemente
preparado para enfrentar as emergências que se lhe deparam. Como é evidente, este nem sempre
pode ter uma segunda oportunidade para superar uma falha ocorrida na sua atitude ou
comportamento. É preciso ter a consciência de que, por vezes, pode ser necessário uma actuação de
emergência para a qual o conhecimento da arma e a perícia do seu emprego, podem influir de forma
decisiva na sobrevivência, lesão ou morte do militar ou de um camarada.
No momento em que a arma tiver de ser usada no cumprimento do dever, as fracções de segundo
e a precisão são de importância vital. A arma deverá ser utilizada imediatamente, sem perda de
tempo, devendo o primeiro disparo ser certeiro. O saque rápido, um bom empunhamento e um fogo
certeiro são factores que devem dar-se quase em simultâneo.
É óbvio que todo o militar, por utilizar arma de fogo no desenvolvimento da sua missão, deve
pôr o máximo interesse e empenho no seu conhecimento e manejo adequado, porque muito
provavelmente terá que dela fazer uso no momento menos esperado.
Este pretendido domínio da arma de fogo deve adquirir-se através de uma árdua e minuciosa
prática, a qual, uma vez obtida, deve manter-se com o exercício constante. Ninguém melhor que o
próprio militar pode saber qual a periodicidade com que deve exercitar. Em caso de dúvidas o seu
superior hierárquico deve estar à altura de prestar os necessários esclarecimentos.
Através da criação e treino de situações fictícias conseguir-se-ão um conjunto de respostas
controladas e automatizadas, e não de improvisação, o que pode ser um importante auxiliar quando
o militar tiver de enfrentar uma situação que poderá envolver o recurso a arma de fogo.
Assim, é fundamental ter uma formação adequada, perder medos e ter confiança na arma que
transportamos. Evita-se situações do género “não consegui proteger o meu camarada porque não fui
suficientemente rápido e destro”.
28 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
pior, o militar deve treinar de acordo com isso, esperando sempre sair da situação da melhor
forma.
De entre as reacções físicas que podemos referir, a maior parte das quais se produzem como
resultado de um conjunto de reacções químicas, destacam-se; a diminuição das habilidades
motoras, a confusão, o encurtamento da focalização visual e auditiva, a aceleração do
batimento cardíaco e um estado de excitação generalizado. De acordo com este estado, o
militar pode experimentar uma distorção do tempo e do espaço em virtude da sua mente
estar a operar a uma velocidade muito superior ao normal, o que faz com que, para alguns,
exista a sensação de que o tempo se move em câmara lenta, ou mesmo que as distâncias
parecem mais curtas. Nem todas as pessoas experimentam estes efeitos, os quais parecem
estar ligados ao factor surpresa. Aqueles que estão completamente desprevenidos muito
provavelmente, experimentá-los-ão todos. Por outro lado aquele que sabe que irá estar
envolvido numa situação conflituosa não os sentirá de maneira tão intensa. Apesar de tentar
constantemente manter a mente em alerta, não se pode predizer o nível de prontidão e a
expectativa. É preciso manter estas coisas em mente quando treinamos. É preciso procurar
minimizar a sua vulnerabilidade a estes efeitos de alarme fazendo tudo para manter as coisas
simples, manter uniformidade no empunhamento e estabelecer um conjunto de respostas
condicionadas às quais possa recorrer com garantias de sucesso. Treine como tenciona
empenhar-se. Para tal é importante ter em conta a sua condição física, quanto melhor ela for
menor será a possibilidade de ser vítima destes efeitos, pois desta forma resistirá melhor ao
súbito aumento da adrenalina e aos efeitos precoces de fadiga que pode provocar.
Estas reacções que sentimos são a prova que estamos assustados, mas não com medo, pois
esta palavra requer uma análise mental da situação, o que leva algum tempo a fazer,
enquanto que em situações conflituosas, se o militar tiver de usar a arma, geralmente não se
poderá dar ao luxo de parar para pensar.
É exactamente sobre estas condições que acabam, em maior ou menor grau, por nos limitar o
desempenho, que temos de criar a habituação necessária para fazer tiro.
É preciso ainda chamar a atenção que o militar deve treinar gestos simples e sincronizados,
pois, no essencial, é disso que se trata o tiro. Tudo o que seja complexificar aquilo que
(aparentemente) é simples só acaba por causar uma maior dificuldade em lidar com a
situação, pois acabamos por nos desviar das coisas que são essenciais, passando a preocupar-
nos com pequenos detalhes ou pormenores que são irrelevantes para o caso. O militar, no
treino, tem de se preocupar, fundamentalmente, em, no mais curto espaço de tempo possível,
ter a sua arma pronta a disparar (se for o caso) e com as miras no alvo que pretende atingir.
O militar pode sentir alguma dificuldade na tomada de decisões críticas e na falta de
habilidade em manter os pensamentos focalizados na tarefa que está a desenvolver. Quando
tal acontece numa situação real não há lugar para discussões mentais, o procedimento deve
estar automatizado e a concentração completamente dirigida para a actuação e para o que se
está a passar à volta, minorando assim os riscos. Isto liberta a mente para a análise da
situação e para a decisão de quando se deve e para onde disparar, ao invés de pensar no que
fazer para que a arma dispare ou mesmo saber quantas munições sobram depois dos tiros já
efectuados. A atenção inicial deverá ser sempre dirigida para a fonte de perigo, excluindo
tudo aquilo que não seja fundamental, desenvolvendo para tal uma imagem ou uma visão
dirigida, uma visão de túnel. Mentalmente, o militar pode dispensar aquilo que considera
informação não essencial, e pode até nem se recordar de alguns pormenores, contudo, uma
vez neutralizada a ameaça é importante que ele procure outros alvos hipotéticos, a fim de
não ser surpreendido por algum pormenor que tenha escapado à sua observação. Isto pode
ser facilmente treinável, se, por exemplo, após ter cumprido o objectivo de treino, e antes de
voltar a colocar a arma no coldre, continuar-se a apontar a mesma para vários sítios,
EPG/GNR Módulo IV 29
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
30 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 31
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
32 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
• Para corrigir a elevação, será necessário ajustar a arma na mão, de modo a que
esta fique apontada ao centro do alvo sem qualquer esforço;
NOTA: Neste exercício não se deve disparar.
EPG/GNR Módulo IV 33
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
34 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 35
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Utilizar uma composição de figuras geométricas coloridas, criando diferentes zonas de pontaria
36 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 37
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
38 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
NOTA: O atirador, à ordem, (na Carreira de tiro esta não lhe deve ser dada, visto que
a troca se faz quando a corrediça fica retida à retaguarda) simula o retirar do
1º carregador e faz a introdução do 2º, aguardando ordem para reiniciar o
tiro.
20
Ver o exemplo dado para o treino da modalidade de tiro de precisão e ver também os exemplos de circuitos práticos
no Anexo C.
EPG/GNR Módulo IV 39
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
21
Após esta operação, o carregador substituído deve ser colocado no mesmo sítio de onde se tirou o outro.
40 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 41
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
• Efectuar tiro.
4.7 Treino de resolução de avarias
Sem qualquer dúvida, um dos atributos mais desejados da pistola é a fiabilidade. Contudo,
não existe nenhuma que seja 100% fiável. Tudo aquilo que o homem faz é sujeito a falhas,
muitas das vezes nos momentos mais inoportunos. Sabendo isto é importante aprender e
compreender os procedimentos imediatos que se seguem a quaisquer avarias que surjam com
a pistola, tentando minimizar não só os riscos de virem a surgir, como também procurando
resolvê-los no mais curto espaço de tempo.
As avarias têm origem nas armas, munições defeituosas, atirador ou ainda em carregadores
defeituosos. Para prevenir o seu surgimento é preciso assegurar que a arma se encontra
sempre devidamente limpa e lubrificada - nas peças devidas - e assegurar que os
carregadores e as munições sejam de qualidade.
Cada avaria que se verifique há-de ter a sua causa, contudo, no meio da refega não existe
lugar para fazer um diagnóstico da mesma. Os seguintes exercícios que se podem fazer para
treinar a resolução de avarias permitir-lhe-ão reconhecer as características da cada uma e
tomar os procedimentos mais correctos, a fim de as resolver no mais curto espaço de tempo
possível. É importante que em todas estas fases a arma seja mantida em linha de vista para
não só poupar tempo como também procurar manter uma visão periférica adequada ao
controlo da situação.
Posição 1 de avaria – Esta avaria resulta de uma falha de disparo. Ao invés de ouvir “pum”
ouve-se “click”. Tal pode ser causado por uma munição defeituosa, um percutor partido ou
uma falha na introdução de munição na câmara. O procedimento a ter é dar uma pancada
seca no carregador com a mão fraca para que o mesmo possa ser devidamente introduzido,
depois rodar a arma lateralmente para a direita, puxar a corrediça à retaguarda, a fim de sair
a munição defeituosa, e deixá-la ir novamente à frente (introduzindo nova munição). Se
mesmo assim se mantiver a falha de disparo, voltar a repetir o mesmo processo. Se após este
procedimento ainda persistir o mesmo problema então a deficiência pode ser originada pelo
percutor partido ou qualquer outra avaria mecânica, ou simplesmente pelo facto de o
carregador se encontrar sem munições.
Posição 2 de avaria – Esta avaria resulta de uma falha de ejecção, podendo ser causada por
um carregador defeituoso, que interfere com a ejecção do invólucro, ou por um ejector (ou
extractor) defeituoso. Tal pode ser visualmente detectado pela presença do invólucro que
não permite à culatra recuar (o que não permite armar novamente a arma, pelo que o gatilho
fica imobilizado). O procedimento a tomar é semelhante ao anterior, procurando tirar o
invólucro com a mão fraca e deixar ir novamente a corrediça à frente. Esta identidade de
procedimentos entre as duas situações ajuda a resolver os problemas surgidos e a manter as
coisas simples, fáceis de aprender e mecanizar.
Posição 3 de avaria – Esta avaria resulta de uma falha de alimentação, em resultado do
carregador não ter mais munições. Tal pode ser facilmente detectado porque a corrediça fica
à retaguarda não existindo nenhuma munição na câmara e estando o carregador vazio. O
procedimento a adoptar será substituí-lo por outro com munições.
Posição 4 de avaria – Esta avaria verifica-se quando a corrediça, após ter vindo à retaguarda,
não vai à frente, o que se pode dever ao defeito dos lábios do carregador. Apesar de, neste
caso, o carregador ter de ser reparado, pode-se tentar resolver esta situação, descendo um
pouco o carregador até que a corrediça vá à frente. Deve-se, seguidamente, adoptar o
procedimento referido para as posições anteriores, fazendo mais duas ou três tentativas para
que a corrediça vá à frente.
42 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Qualquer um destes exercícios pode ser aperfeiçoado com munições inertes durante a prática
de tiro em seco. A melhor forma de prevenir estas avarias é efectuar uma manutenção
regular às armas e transportar consigo carregadores e munições em bom estado.
No caso específico dos carregadores devem ser observados periodicamente, em especial, o
estado da mola elevadora, do elevador, dos lábios e se o corpo não se encontra amolgado.
Aqueles que não se apresentem nas melhores condições devem ser utilizados para os treinos
e nunca no serviço operacional propriamente dito.
22
Ver Anexo A.
EPG/GNR Módulo IV 43
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
Tão importante quanto reconhecer os erros cometidos em CT é saber como corrigi-los. Isso
implica alguma perseverança e poder analítico por parte do atirador. Mas não basta ter alguma
noção teórica sobre o motivo, ou motivos, que pode(m) estar na sua origem. Por vezes é preciso
adoptar o procedimento da tentativa erro e ir experimentando até se ter algum sucesso. Só através
desta insistência é que será possível chegar a alguma conclusão concreta e definida.
Não obstante, existem algumas regularidades na ocorrência dos erros mais comuns. Para a sua
correcção, torna-se necessário ter em consideração um conjunto de aspectos que podem exercer
influências distintas no resultado do desempenho. A consciência da sua existência e forma de os
controlar será um importante auxiliar para o atirador.
Sol
5.1.4 Do atirador
É aqui que reside a principal causa de “desvio dos projécteis”, visto que o atirador
pode não ter adquirido completamente a parte técnica do tiro. Assim, ainda é possível
na CT, fazer algumas correcções quando os atiradores estiverem a obter resultados
fracos (logo após a sessão de ensaio). Estas devem ser feitas de forma a que o
atirador se aperceba dos erros cometidos. Não basta dizer-lhe, é preciso que ele
próprio os reconheça, sem a interferência de ninguém.
44 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
65% 12%
COMETIDAS AO PRESSIONAR DEVIDO AO SISTEMA NERVOSO
O GATILHO OU FALTA DE CONCENTRAÇÃO
Como se pode verificar, o atirador é o responsável pela ocorrência da maior parte dos erros
cometidos. Regra geral, estes podem-se classificar em erros angulares e erros paralelos. Os
erros angulares têm origem quando o atirador desalinha as miras, concentrando-se em focar
apenas o ponto de mira, ou a alça e o alvo. Sucede, então, que o atirador pode estar alinhado
com o alvo mas tem um dos elementos do aparelho de pontaria desalinhado. O resultado
deste desalinhamento causa um desvio no ponto de impacto no alvo que é tanto maior
quanto maior for a distância. Por esta razão, este tipo de erro é considerado o mais
prejudicial para o atirador, e o mais difícil de contrariar, sendo também o que ocorre com
mais frequência.
Os erros paralelos resultam do desalinhamento do aparelho de pontaria com o alvo. Quer isto
dizer que o atirador tem as miras alinhadas entre si, mas desalinhadas em relação ao alvo.
Este tipo de erro é menos prejudicial para o atirador e menos difícil de contrariar, sendo
também o que ocorre com menos frequência.
EPG/GNR Módulo IV 45
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
No entanto, outros erros poderão ser cometido pelo atirador. Vejamos, então, quais poderão
ser as causas de alguns dos erros mais frequentes.
46 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
referida, também pode ser responsável por este erro. Colocada da forma descrita, o
seu vector de força não se efectuará no sentido pretendido, mas para o lado direito.
Este tipo de concentração poderá advir ainda do facto de colocar qualquer porção da
falange ou falanginha do dedo indicador sobre o gatilho, envolvendo-o totalmente.
Estará assim a exercer dois tipos de pressão sobre o gatilho. Um provocado pela
flexão do dedo, e para a esquerda. O outro, pelo envolvimento do gatilho, e para a
direita. Como este último é o dominante, a arma irá deslocar-se no seu sentido.
O atirador deve ter a noção de que:
• O dedo polegar deve acompanhar a arma sem exercer qualquer pressão. Só a sua
base é que actua e apenas para efectivar a empunhadura;
• Deve concentrar a atenção na posição da mão esquerda. Não esquecer que é a
zona de flexão da palma, junto à implantação dos dedos, que se sobrepõe aos
dedos da mão direita. A pressão é efectuada, da frente para trás, sobre a face
anterior do punho. Deste modo, a força (de aperto) exercida pela palma e pelos
dedos desta mão, necessária para segurar a arma, ficará equilibrada, não
provocando desvios;
• Só a falangeta do dedo indicador, pela sua porção média, é que pode accionar o
gatilho. Como já referido, deve encontrar uma situação de compromisso entre a
forma anatómica da sua mão e a arma que utiliza.
EPG/GNR Módulo IV 47
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
• Numa empunhadura correcta, a arma é segura apenas pelas bases dos dedos
polegar e indicador, e apoiada pela zona de implantação dos dedos da mão. Os
dedos médio, anelar e mínimo limitam-se a acompanhar a parte anterior do
punho, sem exercerem pressão excessiva. No momento do disparo, estes dedos
devem permanecer estáticos. Só o dedo indicador é que irá exercer pressão sobre
o gatilho, com o cuidado de não tocar em mais nenhuma parte da arma.
Outra das causas pode estar relacionada com a “gatilhada”, isto é, quando as miras
estão alinhadas, instintivamente o atirador pensa em disparar e então o dedo efectua
um movimento brusco e forte sobre o gatilho. Também ocorre quando começamos a
apertar pouco a pouco o gatilho e, ao não sair o disparo parece que nos cansamos,
razão pela qual exercemos maior força no gatilho produzindo-se dessa forma a
“gatilhada”. O dedo não deve perder nunca o contacto com o gatilho pois se não
existir esse contacto aumenta a possibilidades de dar “gatilhadas”.
Igualmente se produz porque o ruído da detonação incomoda, tendo assim os
mecanismos de defesa preparados. Provocamos então o disparo para aliviar a tensão
que produz o estar pendente do disparo do camarada que está ao lado.
48 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 49
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
pontaria apenas por ele. Como a alça baixou mas está desfocada, o atirador não toma
consciência do erro, pois vê o ponto de mira no centro do alvo.
O atirador deve ter a noção de que:
• Ao fazer a pontaria, deve manter sempre focados com nitidez quer a alça quer o
ponto de mira, principalmente no lapso de tempo que antecede o disparo. Só
assim se conseguirá aperceber das alterações da mirada que possam advir, e
corrigi-las atempadamente;
• Deve empunhar a arma convenientemente, o que lhe proporcionará o seu correcto
controlo. No caso vertente, e para que os músculos da palma da mão não
interfiram com a estabilidade da arma, não se pode esquecer que, a empunhadura
deve ser conseguida através de uma pressão limitada da mão direita, devidamente
acompanhada da mão esquerda.
• Na pistola, por exemplo, a perspectiva que o atirador deve ter da mirada aos 10,
15 e 20 mts. É, sensivelmente, a seguinte:
Como, à medida que a distância aumenta se torna mais difícil enquadrar o ponto
de mira na zona de pontaria, o resultado traduz-se numa maior dispersão.
50 Módulo IV EPG/GNR
Manual Técnico de Armamento e Tiro Técnica de Tiro de Pistola
EPG/GNR Módulo IV 51