Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HTTP WWW - Pucrs.br Famat Augusto Calculo Avancado Q Aplictrlap
HTTP WWW - Pucrs.br Famat Augusto Calculo Avancado Q Aplictrlap
d2 y
( t ) + β y ( t ) = f (t ) ,
dy
(t) + α (1.1)
d t2 dt
ou, simplesmente,
y(0) = A (1.3)
e
y ′(0) = B , (1.4)
onde α , β , A e B são constantes reais dadas. Para resolver este problema, aplicamos a transformada
de Laplace, na variável t, nos dois lados da igualdade em (1.1), usando as propriedades da
transformada de Laplace da derivada e as condições iniciais (1.3) e (1.4). Com isto, obtemos uma
equação algébrica para a determinação de ℒ {y(t )} = Y(s) , ou seja,
sA + B + αA F(s)
Y(s) = + . (1.6)
2 2
s + αs + β s + αs + β
Então, após obtida a função Y(s), aplicamos a transformada inversa de Laplace na Eq. (1.6), resultando
a função incógnita y(t). Procedendo desta forma, obtemos:
1
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
é sA + B + αA ù é 1 ù
y(t) = ℒ −1 ê ú + ℒ −1 ê ⋅ F(s)ú , (1.7)
2 2
ëê s + αs + β ûú ëê s + αs + β ûú
onde a primeira parcela do lado direito desta equação é a transformada inversa de Laplace de uma
função racional (pode ser obtida pelos teoremas de Heaviside ou por completamento de quadrados) e a
segunda parcela é resolvida usando-se o teorema da convolução, sendo que a primeira função é a
transformada inversa de Laplace de uma função racional e a segunda é a função conhecida f(t) (para
maiores informações vide o capítulo 5 deste material). Em outras palavras, é razoavelmente simples
calcular a função y(t) em (1.7).
Observação 1: Em engenharia, uma equação diferencial linear é vista como um Sistema
Físico Linear (vide Fig. 1.1), onde f(t) é dita fonte, excitação ou entrada (input) do sistema e y(t) é dita
resposta ou saída (output) deste sistema. Este sistema físico pode ser, por exemplo, um circuito elétrico
ou um sistema mecânico do tipo massa - mola - amortecedor (exemplos destes tipos de sistema serão
vistos abaixo). Quando a EDO tem coeficientes constantes, dizemos que o sistema físico é invariante
no tempo, pois qualquer atraso na excitação resulta numa mesma resposta, apenas igualmente atrasada.
Sistema
f(t) y(t)
Linear
No exemplo em questão, como em geral, as duas parcelas do lado direito da equação (1.7) são
estudadas separadamente. A primeira parcela é denominada Resposta Transiente, pois depende apenas
das condições iniciais do sistema e tende a zero com o passar do tempo t, e a segunda parcela é dita
Resposta Permanente, pois é a resposta do sistema a fonte f(t) e permanece atuando enquanto a fonte
estiver ligada.
Observação 2: A inversão da transformada de Laplace das duas funções racionais que
aparecem na equação (1.7) pode ser feita pelo teorema de Heaviside ou por completamento de
quadrados. O método a ser adotado é escolhido pelo tipo das raízes do polinômio Q(s) = s 2 + αs + β .
Assim, se Q(s) possui duas raízes reais distintas, α1 e α 2 , usamos o teorema de Heaviside, resultando:
2
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
Por outro lado, se Q(s) possui duas raízes reais repetidas α1 , usamos o completamento de
quadrados, resultando que:
ou seja,
Por último, se Q(s) possui duas raízes complexas conjugadas, devemos usar também o
completamento de quadrados, obtendo-se que:
é ù é ù
y(t) = ℒ −1 ê
(
ê s+α A+B+α A ú
2
) ê
2 ú + ℒ −1 ê 1 ú
⋅ F(s)ú , (1.11)
êë
(
ê s+α
2
2 æ
è
)
+ çβ − α
2 öú
÷
4 ø úû
ê s+α
êë 2
2
(
æ
+ çβ − α
è
2
)
4
ö
÷
ø
ú
úû
2
onde λ2 = β − α > 0 , pois Q(s) tem raízes complexas. Então,
4
é æ Aα ö sen(λt ) ù − αt / 2 sen(λt )
y( t ) = e − αt / 2 êA cos(λt ) + ç B + ÷ +e ∗ f (t) . (1.12)
ë è 2 ø λ úû λ
Devemos observar que α > 0 é uma constante de amortecimento da solução harmônica y(t) e que λ é a
freqüência desta harmônica. Os resultados obtidos nas equações (1.8), (1.10) e (1.12) podem ser
obtidos com certa facilidade e ficam como exercício.
ì y′′( t ) + y( t ) = t
ï
Exemplo 1: Resolva o seguinte problema diferencial: í y(0) = 1 .
ï y′(0) = −2
î
s−2 1 s−2 æ 1 1 ö 1 s 3
Y(s) =
s2 +1
+
(
s2 s2 + 1 ) =
2
+ çç −
s +1 è s 2 2
÷÷ =
s +1ø s 2
+
2
−
2
s +1 s +1
, (1.13)
sendo que na equação acima foi aplicada a decomposição em frações parciais. Assim:
é1 s 3 ù
y(t) = ℒ −1 ê + − ú = t + cos( t ) − 3 sen( t ) . (1.14)
ë s 2 s 2 + 1 s 2 + 1û
3
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
Para mais exemplos resolvidos, vide Theory and Problems of Laplace Transforms, Schaum's
Outlines, Murray R. Spiegel, pag. 82.
Da mesma forma, a transformada de Laplace pode ser utilizada na resolução de problemas de
contorno. Por exemplo, seja a equação diferencial linear
y(0) = 1 (1.16)
e
yπ ( 2 ) = −1 . (1.17)
s + y ′(0) s
Y(s) =
2
s +9
+
(s 2
)(
+ 4 s2 + 9 ), (1.18)
pois y'(0) não é conhecido. Aplicando a decomposição em frações parciais na segunda parcela do lado
direito da Eq. (1.18), ou seja, fazendo
s As + B Cs + D
(s 2 + 4)(s 2 + 9) =
s2 + 4
+
s2 + 9
(1.19)
4 y ′(0) 1
y( t ) = cos(3t ) + sen(3t ) + cos(2 t ) . (1.20)
5 3 5
A incógnita y'(0) na Eq. (1.20) é obtida calculando-se esta equação em t = π/2 e usando-se a
condição de contorno (1.17), a qual ainda não tinha sido usada no processo de resolução. Assim,
4 4 1
y( t ) = cos(3t ) + sen(3t ) + cos(2 t ) . (1.21)
5 5 5
Finalizando, a transformada de Laplace também pode ser utilizada na resolução de sistemas
de equações diferenciais, a qual consiste na mais poderosa aplicação desta ferramenta. Para tanto,
vejamos o seguinte exemplo.
4
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
ì x ′( t ) = 2x ( t ) − 3y( t )
Exemplo 2: Resolva o sistema de equações diferenciais lineares í ,
î y′( t ) = y( t ) − 2x ( t )
sujeito as condições iniciais x(0) = 8 e y(0) = 3.
Aplicando a transformada de Laplace na variável t do sistema de EDO acima, considerando
que ℒ {x (t )} = X(s) e ℒ {y(t )} = Y(s) , resulta que:
8 3
3 s −1 8s − 17 8s − 17 5 3
X(s) = = = = + (1.23)
s−2 3 s 2 − 3s − 4 (s + 1)(s − 4) s + 1 s − 4
2 s −1
s−2 8
2 3 3s − 22 3s − 22 5 2
Y(s) = = = = − , (1.24)
s−2 3 s 2 − 3s − 4 (s + 1)(s − 4) s + 1 s − 4
2 s −1
onde foi utilizado o teorema de Heaviside. Assim, aplicando a transformada inversa de Laplace,
obtemos que x ( t ) = 5e − t + 3e 4 t e y( t ) = 5e − t − 2e 4 t .
Seja um simples circuito RCL, como no desenho abaixo (figura 2.1), onde vemos uma
resistência R (em ohms), uma indutância L (em henrys), uma capacitância C (em farads) e um gerador
ou bateria, fornecendo uma força eletromotriz E(t). Quando a chave K é fechada, ou seja, o circuito é
fechado, uma carga q(t) (em coulombs) fluirá nas placas do capacitor, gerado uma corrente
dq
I( t ) = ( t ) (em amperes). O tempo t é medido em segundos. Devemos lembrar que podemos definir
dt
a diferença de potencial no resistor, indutor, capacitor e gerador, respectivamente, por:
5
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
dq dI d 2q 1
VR = RI( t ) = R ( t ) , VL ( t ) = L ( t ) = L ( t ) , VC ( t ) = q ( t ) e VG ( t ) = − E( t ) .
dt dt 2 C
dt
Assim, pela lei de Kirchoff, temos que:
d 2q dq 1
L (t) + R ( t ) + q (t ) = E( t ) , (2.1)
dt 2 dt C
ou
d 2I dI 1 dE
L (t ) + R ( t ) + I( t ) = (t) . (2.2)
2 dt C dt
dt
Através do uso da transformada de Laplace, podemos resolver as equações diferenciais acima,
sujeitas a condições iniciais do tipo carga e corrente conhecidas em t = 0.
dI 1
2 ( t ) + 16 I( t ) + q(t ) = E(t ) , (2.3)
dt 0,02
q(0) = 0 (2.4)
e
6
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
Usando a transformada de Laplace, onde Q(s) = ℒ{q(t)} e F(s) = ℒ{E(t)}, temos que:
Usando as condições iniciais (2.4) e (2.5), isolando Q(s) e aplicando a transformada inversa
de Laplace, obtemos que:
1 -1 ì F(s) ü
q(t ) = ℒ í ý. (2.7)
2
2 î s + 8s + 25 þ
Vamos, então, calcular q(t) e I(t) em cada uma das alternativas para E(t):
a) Para E(t) = 300V, resolveremos a Eq. (2.7) usando a decomposição em frações parciais e o
completamento de quadrados, ou seja,
ìï 1 üï ì
-1 ï A B(s + 4) + C ï
ü ì
-1 ï1 (s + 4) + 4 üï
q(t) = 150 ℒ -1 í ý = 150 ℒ í + ý = 6 ℒ í − ý=
ïî s(s 2 + 8s + 25) ïþ ïî s (s + 4) 2 + 9 ïþ ïî s (s + 4) 2 + 9 ïþ
E,
I (t ) =
dq
( t ) = 50 e − 4 t sen(3t ) . (2.9)
dt
b) Agora, se E( t ) = 100 sen(3t ) V, também resolveremos a Eq. (2.7) usando a decomposição em
frações parciais e o completamento de quadrados, ou seja,
ìï 1 üï ìï As + B C(s + 4) + D üï
q(t) = 150 ℒ -1 í ý = 150 ℒ -1 í + ý
ïî (s 2 + 9)(s 2 + 8s + 25) ïþ ïî s 2 + 9 (s + 4) 2 + 9 ïþ
=
75 -1 ìï - s + 2 (s + 4) + 2 üï 25
52
ℒ í + ý=
ïî s + 9 (s + 4) + 9 ïþ 52
2 2
{ [ ] [ ]}
2 sen(3t ) e − 4 t + 1 + 3 cos(3t ) e − 4 t − 1 . (2.10)
I (t ) =
75
[2 cos(3t ) + 3 sen(3t )] − 25 e − 4t [17 sen(3t ) + 6 cos(3t )] . (2.11)
52 52
Para mais exemplos e exercícios, vide Theory and Problems of Laplace Transforms, Schaum's
Outlines, Murray R. Spiegel, pags. 92 e 106.
7
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
APLICAÇÃO À MECÂNICA:
2) Força da mola: É a força exercida pela mola quando deformada. Esta força é proporcional a
deformação (quando mais rígida a mola, maior a constante de proporcionalidade k). Quando o corpo
está em repouso (posição de equilíbrio), esta mola tem uma alongamento s 0 devido a força da
gravidade que atua sobre o corpo. Esta força age no sentido para cima, contrário à F1 e é igual em
módulo à ks 0 = m.g .
F = F1 + F2 = mg − ks 0 − kx (t ) = mg − mg − kx (t ) = − kx (t ) . (2.12)
Logo, se o amortecimento do sistema é tão pequeno que pode ser desprezado, segue que
− kx ( t ) é a resultante de todas as forças que agem sobre o corpo. Assim, de acordo com a lei de
Newton: "Força é igual a massa vezes a aceleração", temos que:
d2x
m (t ) = −k x (t ) ou m x ′′( t ) + k x ( t ) = 0 . (2.13)
2
dt
8
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
d2x dx
m ( t ) = − kx ( t ) − β (t) ou m x ′′( t ) + β x ′( t ) + k x ( t ) = 0 , (2.14)
2 dt
dt
Podemos, ainda, ter uma força externa dependente de t, denotada aqui por f(t), atuando sobre
o sistema. Neste caso, temos que
d2x dx
m ( t ) = −kx ( t ) − β (t ) + f (t ) ou m x ′′( t ) + β x ′( t ) + k x ( t ) = f ( t ) . (2.15)
2 dt
dt
P 0.613125kg 1 kg.s 2
m= = = (2.16)
g 9.81m / s 2 16 m
P 5 kg kg
k= = = 60 (2.17)
s0 1
12 m m
9
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
1
x ′′( t ) + 0.12 x ′( t ) + 60 x ( t ) = 0 , (2.19)
16
1 2
16
[ ]
s X(s) − s x (0) − x ′(0) + 0.12[sX (s) − x (0)] + 60X(s) = 0 (2.20)
é 2 sù é 1ù 1 s + 1.92
êës X(s) − 6 úû + 1.92 êësX (s) − 6 úû + 960X(s) = 0 Þ X(s) = 6 2 . (2.21)
s + 1.92s + 960
Finalmente, x(t) é reconstruído utilizando-se a transformada inversa de Laplace e a técnica do
completamento de quadrados, ou seja,
O mesmo raciocínio é aplicado à molas com deslocamento horizontal. Para exemplos desta
situação, vide Theory and Problems of Laplace Transforms, Schaum's Outlines, Murray R. Spiegel,
pag. 88. A transformada de Laplace também pode ser aplicada a problemas de vibrações (osciladores
harmônicos), de vigas (problemas de contorno), de difusão (equações diferenciais parciais) e
problemas de transporte (equações integro-diferenciais), entre outros. Para exemplos destes problemas,
vide Theory and Problems of Laplace Transforms, Schaum's Outlines, Murray R. Spiegel, capítulos 3 e
8, Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno, William E. Boyce e
Richard C. Diprima, seções 3.7 - 3.8 e capítulo 10, ou ainda a tese de doutorado de Augusto V.
Cardona, pelo PROMEC - UFRGS, intitulada "Método Genérico de Solução Analítica para
Aproximações da Equação Linear de Transporte", Porto Alegre (1996).
A Transformada de Laplace também pode ser usada para resolver algumas EDOs com
coeficientes variáveis. Num caso particular, o método se mostra bastante útil quando os termos da
10
Cálculo Avançado A - Equações Diferenciais
EDO tem o formato t m y (n ) (t ) , com m e n naturais, cuja transformada de Laplace é dada por
(− 1)m dm
ds m
[s Y(s) − s
n n −1
]
y(0) − K − sy ( n − 2) (0) − y ( n −1) (0) . Vejamos um exemplo:
−
ds
[
d 2
]
s Y(s) − sy(0) − y′(0) + 2[sY (s) − y(0)] − Y(s) = 0 ,
d
ds
(3.1)
1
− s 2 Y′(s) − 2sY(s) + 1 + 2sY (s) − 2 − Y′(s) = 0 Þ − (s 2 + 1)Y′(s) − 1 = 0 Þ Y′(s) = − . (3.2)
s2 +1
Integrando a última igualdade da Eq. (3.2) em relação à variável s, obtemos que:
π æ1ö
Y(s) = A − arctg(s) = − arctg(s) = arctgç ÷ , (3.3)
2 èsø
π
pois, pela propriedade 11, seção 4, da transformada de Laplace, lim Y(s) = 0 e, então, A = .
s → +∞ 2
Assim, aplicando a transformada inversa de Laplace e usando o exemplo 18, seção 4 do capítulo V,
reconstruímos a solução y(t), dada por:
sen( t )
y( t ) = . (3.4)
t
Devemos observar que esta solução satisfaz a condição de contorno y(π) = 0 , ainda não usada.
Para mais exemplos, vide Theory and Problems of Laplace Transforms, Schaum's Outlines,
Murray R. Spiegel, capítulo 3.
11