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PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2008

TEMA – Jesus Cristo: Verdadeiro Homem, Verdadeiro Deus

COMENTARISTA: Esequias Soares

LIÇÃO 10 – OS MILAGRES DE JESUS

Os milagres realizados por Jesus confirmaram que Ele é o Cristo do Senhor.

INTRODUÇÃO

- O ministério de Jesus Cristo foi marcado pela ocorrência de milagres, tantos que não conseguiriam ser registrados
(Jo.20:30; 21:25), numa clara demonstração de que Jesus é o Cristo do Senhor, o Deus-homem.

- A presença de milagres no ministério de Jesus confirma e autentica a Sua singularidade entre os homens, bem como a
disposição divina de manter uma estreita comunhão com o homem que Lhe for fiel.

I – O QUE É MILAGRE

Colaboração/gráfico: Enomir Santos

- “Milagre” é uma palavra de origem latina, de “miraculum”, “algo espantoso, admirável, extraordinário”. No Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa, é “ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais”. Na Bíblia On
Line da Sociedade Bíblica do Brasil, milagre é conceituado como “fato ou acontecimento fora do comum, que Deus
realiza para confirmar o Seu poder, o Seu amor e a Sua mensagem.”

OBS: É interessante a definição dada por um texto islâmico de milagre que, por sua biblicidade, aqui transcrevemos:
“Um milagre é definido como um acontecimento extraordinário que não seria possível sob condições normais e que é
realizado por Deus através dos Profetas que Ele enviou como Seus Representantes para confirmar sua veracidade.…”
(ZIAD, Mohamad. Que é um milagre? Disponível em:
http://antonioparente.weblog.com.pt/arquivo/2007/03/catequese_do_cardealpatriarca_1 Acesso em 10 jan. 2008)

- Assim, embora Deus tivesse Se utilizado de outros profetas para realizar sinais e prodígios que envolveram a
subversão das leis naturais, como a passagem do Mar Vermelho por intermédio de Moisés (Ex.14:15-26), ou a passagem
pelo rio Jordão por Elias (II Rs.2:8), ou, ainda, o flutuar do ferro de um machado por Eliseu (II Rs.6:5-7), Jesus a todos
superou, a ponto de Seus discípulos, em um destes milagres, ter exclamado: “…quem é este que até o vento e o mar lhe
obedecem?” (Mc.4:41 “in fine”). Enquanto Moisés passou o mar em seco (Ex.14:22), Jesus andou sobre as águas
(Jo.6:19); enquanto Eliseu fez com que vinte pães satisfizessem cem homens (II Rs.4:42-44), Jesus, partindo poucos
pães, por duas oportunidades, saciou a milhares de homens, fora mulheres e crianças (Mt.14:14-21, Mc. 6:34-44,
Lc.9:11-17, Jo.6:3-14; Mt.15:32-38: Mc.8:1-9).

- Vemos, pois, que Jesus demonstrou, com muito maior intensidade, a presença de Deus em Sua vida, a comprovar que
era distinto de todos os demais profetas, que Sua intimidade com Deus era bem maior, pois além de homem, era
também Deus. Tanto assim é que o fato de Jesus ter repetido muitos milagres, ao contrário dos demais profetas, é
também uma comprovação de Sua deidade, pois, como ensinam os estudiosos da Bíblia, a repetição é uma
demonstração de que se trata de uma operação divina (Sl.62:11).

- Vemos, portanto, que os milagres de Jesus mostram, pela sua intensidade e quantidade, que Deus estava presente em
Cristo de uma forma especial e distinta dos demais profetas, ou seja, que Jesus não era tão somente um profeta ungido
pelo Espírito Santo e com virtude, mas o Cristo do Senhor, o homem especialmente escolhido por Deus para fazer
conhecido Seu poder e soberania sobre a natureza.

- Mas, além dos milagres relacionados com o domínio sobre a natureza, Jesus também praticou muitos milagres de cura,
a ponto de o apóstolo Pedro ter sintetizado o ministério de Jesus como “curar todos os oprimidos do diabo”. Neste ponto,
também, vemos que Jesus Se destaca em relação a outros profetas, onde não se deu tanta ênfase com relação a cura de
enfermos. Moisés, Elias e Eliseu praticamente não registram curas nos seus ministérios. Pode-se dizer que Moisés trouxe
muito mais doenças para os egípcios do que, efetivamente, curou alguém, tendo as curas realizadas em seu ministério
muito mais relacionadas a gestos que Deus mandou que Moisés determinasse que o povo fizesse (como olhar para a
serpente para se curar das picadas das serpentes ardentes – Nm.21:9 ou o isolamento de Miriã que a curou da lepra –
Nm.12:14,15) do que propriamente por ação de Moisés. Já Elias e Eliseu chegaram a ressuscitar mortos, mas não a
curar um enfermo.

- Esta circunstância mostra que a Jesus estava reservada unicamente a tarefa de trazer a cura aos enfermos. As
enfermidades são uma demonstração eloqüente da vulnerabilidade do ser humano em função do pecado e, por isso, ao
Messias, que tirara o pecado do mundo, estava reservada a missão de demonstrar o poder de Deus sobre as doenças.
Os Evangelhos ressaltam esta prioridade que Jesus dava à cura de enfermidades e parte substancial dos milagres
descritos nas Escrituras são curas de enfermidade (dos 36 milagres descritos, nada mais do que 20 envolvem curas de
enfermidades, ou seja, 55,5%, sendo que, em 16 delas há tão somente curas e, em 4, curas acompanhadas de expulsão
de demônios).

- Tem-se, pois, uma eloqüente demonstração, através dos milagres de Jesus, de Sua peculiar relação com o Pai, já que
uma das bênçãos prometidas a Israel se fosse obediente ao Senhor era a saúde, até porque um dos nomes de Deus era
Javé-Rafá, ou seja, o Senhor que sara (Ex.15:26). Assim, ao ser o profeta que especialmente Deus havia dado ao povo
para restabelecer a saúde, Jesus mostrava que era o veículo pelo qual o povo desobediente alcançaria o perdão dos seus
pecados e restabeleceria a comunhão com o Senhor.

- Jesus, porém, também demonstrou Sua especificidade em relação aos demais profetas ao ser, também, o único que
expulsava demônios. Nenhum outro profeta havia mostrado este sinal antes, ou seja, o poder sobre o maligno. Os
milagres relacionados com o exorcismo (ou seja, a expulsão de demônios), era um importante sinal, uma demonstração
de que Jesus trazia a vitória sobre o mal e sobre o pecado. A Bíblia registra 8 relatos de expulsão de demônios por
Jesus, sendo que, em 4 delas, houve tanto expulsão de demônios como cura de enfermidades.

- O fato de Jesus expulsar demônios causou tanta espécie no meio do povo que os fariseus chegaram a atribuir este
poder de Jesus ao próprio Belzebu, o príncipe dos demônios, o que foi alvo de grave censura por parte do Senhor Jesus,
que considerou o episódio uma verdadeira blasfêmia contra o Espírito Santo (Mt.12:24-32; Lc.11:14-20).

- Mas há, ainda, um outro grupo de milagres, a saber, as ressurreições de mortos. Jesus não foi o primeiro profeta a
ressuscitar mortos, pois Elias já havia realizado uma ressurreição (o filho da viúva de Zarefate – I Rs.17:19-22) e Eliseu,
duas (o filho da sunamita – II Rs.4:32-37 e o soldado morto jogado no túmulo do profeta – II Rs.13:20,21). Entretanto,
ao contemplarmos as páginas dos Evangelhos, vemos que Jesus efetuou três ressurreições (o filho da viúva de Naim, a
filha de Jairo e Lázaro), ou seja, o mesmo tanto de ressurreições ocorridas antes de Seu ministério, sendo que a última
ressurreição, qual seja, a de Lázaro, depois de quatro dias da morte, quando o organismo estava em plena
decomposição, o que jamais ocorrera antes. Nas ressurreições, também, Jesus mostrou a Sua superioridade e distinção
aos outros profetas e demonstrou que só Ele é a ressurreição e a vida (Jo.11:25).

- Em quinto lugar, os milagres de Jesus servem como alegoria, figura ou símbolo da obra redentora da salvação. É
preciso que tomemos cuidado ao vermos mais este significado dos milagres de Jesus porque, infelizmente, muitos
teólogos, ao longo dos séculos, notadamente os defensores do chamado “liberalismo teológico”, acabaram por dizer que
as narrativas dos milagres de Jesus são apenas “símbolos”, “mitos” que encerram lições morais e éticas, mas que não
correspondem a fatos verdadeiros, como se a Bíblia Sagrada, que é a verdade (Jo.17:17), fosse local para registro de
“contos de fadas” ou “fábulas fantasiosas”.

- Quando dizemos que os milagres também servem como figuras, símbolos e alegorias da obra redentora da salvação,
estamos a dizer que, além de serem fatos verdadeiros, acontecimentos reais, os milagres também servem para nos
mostrar o sentido da missão de Jesus. Com efeito, como afirma o teólogo católico romano espanhol Juan Chapa Prado
(1956 - ), os milagres “…são sinais de outras realidades espirituais: as curas do corpo - a libertação da escravidão da
enfermidade - significam a cura da alma da escravidão do pecado; o poder de expulsar o demônio indica a vitória de
Cristo sobre o mal…” (PRADO, Juan Chapa. Como explicar os milagres de Jesus? (02 abr. 2006). Disponível em:
http://www.opusdei.org.br/art.php?p=16344 Acesso em 09 jan. 2007). E poderíamos acrescentar que os milagres
sobre a natureza e as ressurreições de mortos a própria transitoriedade deste mundo e da própria morte física e a
esperança de sua redenção e substituição por novos céus e nova terra onde habitem a justiça (II Pe.3:13), onde
viveremos para sempre com o Senhor (I Ts.4:13-18).

- Em sexto lugar, vemos que os milagres de Jesus, embora sejam demonstração de Sua qualidade de profeta, também
servem para mostrar aos homens que Jesus era sacerdote. No que foi, sem dúvida, o Seu maior milagre, a ressurreição
de Lázaro, Jesus deixou claro que a realização de sinais e maravilhas era uma prova de que Ele sempre era ouvido pelo
Pai (Lc.11:41,42), ou seja, de que Ele tem poder de intercessão dos homens junto a Deus, de que Ele é o único
mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5). Evidencia-se, pois, através dos milagres, o ministério sacerdotal de Jesus.

OBS: Este papel do milagre é tão grande que, ainda que equivocadamente e sem qualquer respaldo bíblico, tem sido
utilizada pela Igreja Romana para justificar a beatificação e canonização de pessoas, pois se exige a comprovação de
milagres supostamente feitos pela intercessão destes mortos para dizer que estão desfrutando das beatitudes eternas.

- Por fim, os milagres de Jesus eram uma prova viva de que Deus é amor e que não tem prazer no sofrimento do
homem. Todos os milagres tinham como móvel a compaixão divina, o profundo desprazer de Deus em ver o homem
sofrendo no pecado e na desobediência. Através dos milagres, o Senhor atestava todo o Seu propósito abençoador e Seu
interesse em resgatar e livrar o homem perdido. Todos saíam da presença de Jesus bem melhores do que quando a Ele
chegavam, levando consigo os benefícios proporcionados pelos milagres, como a saúde, a libertação da opressão
demoníaca, o retorno à vida e a modificação das condições naturais que os ameaçavam.

III – O SIGNIFICADO DOS MILAGRES DE JESUS PARA A IGREJA

- Tendo visto o significado dos milagres de Jesus em Seu ministério terreno, resta-nos discutir qual o significado que os
milagres do Senhor tem para a Igreja, até porque não são poucos os chamados “cessacionistas”, ou seja, os que
defendem que os milagres narrados nas Escrituras eram única e exclusivamente para os dias do ministério terreno de
Jesus e para os tempos apostólicos, não mais havendo lugar para eles na Igreja, ou seja, o tempo dos milagres
“cessou”, encerrou-se com a morte de João, o último dos apóstolos, por volta do ano 100.

- Segundo estes “cessacionistas”, o fato de, após os tempos apostólicos, não haver mais registro de milagres na história
da Igreja seria a prova de que os mesmos somente tiveram vigência nos dias de Jesus e dos apóstolos, como, dizem
eles, ocorreu na própria história de Israel, em que os sinais e maravilhas se concentraram em períodos certos, como o
ministério de Moisés e os ministérios de Elias e de Eliseu. Assim, quando muito, só aguardam uma grande manifestação
de milagres por ocasião do estabelecimento do Reino por Jesus Cristo, quando ocorrerá o cumprimento pleno da profecia
de Joel.

- No entanto, apesar do brilho intelectual destes “cessacionistas”, vemos que não é, em absoluto, o que as Escrituras
nos mostram no tocante ao papel que devem representar os milagres na Igreja, que é, nunca é demasiado dizer, o corpo
de Cristo (I Co.12:27; Ef.4:12), a agência do reino de Deus na Terra.

- Durante o Seu ministério terreno, Jesus quis, através de milagres, autenticar a Sua qualidade de Cristo do Senhor.
Conforme vimos supra, os milagres serviram para mostrar que Jesus era o Messias, Aquele que tinha vindo para
restabelecer a comunhão entre Deus e o homem.

- Os milagres estavam, pois, diretamente ligados com a obra salvífica de Cristo, tinham a função de confirmar a palavra
que era pregada pelo Senhor, eram a prova de que o reino de Deus havia chegado ao povo de Israel.
- Tendo cumprido a Sua missão e subido aos céus, Jesus edificou a Igreja para a continuidade de Seu ministério,
determinando que os discípulos prosseguissem pregando o Evangelho, fazendo-o a toda a criatura por todo o mundo
(Mc.16:15). Para tanto, mandou que os discípulos, que haviam aprendido diretamente com Ele, ficassem em Jerusalém
até que do alto fossem revestidos de poder (Lc.24:49).

- Após terem sido revestidos de poder, os discípulos passaram não só a pregar o Evangelho, mas, também, a fazer sinais
e maravilhas por onde passavam (At.2:43; 4:30; 5:12; 8:6; I Co.2:4). O próprio Jesus disse que Seus discípulos fariam
obras maiores que as que Ele havia feito durante Seu ministério terreno (Jo.14:12).

- Percebemos, portanto, que a tarefa evangelizadora da Igreja abrange não só a pregação do Evangelho, mas também a
realização de sinais e maravilhas, cujo papel é confirmar a palavra que é pregada, sendo, como nos mostra Mc.16:20,
uma cooperação do Senhor no trabalho de Seus discípulos.

- Ora, a tarefa da evangelização, como sabemos, somente findará no dia do arrebatamento da Igreja e, até lá, temos de
pregar o Evangelho e a palavra pregada tem de ser confirmada por sinais. Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente
(Hb.13:8) e prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20), tendo, como uma de Suas
missões, a de cooperar com o trabalho evangelizador da Igreja (Mc.16:20). Como se dá esta cooperação? Através da
realização de sinais e maravilhas que confirme a palavra que é pregada.

- Mas a palavra não deveria ser confirmada somente até a conclusão do Novo Testamento, quando, então, bastariam as
Escrituras para que alguém cresse em Deus, já que, como ensina, por exemplo, Lewis Sparry Chafer, “…os não-
regenerados não são chamados para crer em algumas obras divinas, mas são convocados para crer na Palavra Divina…
(Teologia sistemática. Trad. de Heber Carlos de Campos, t.III, p.164)?

- A resposta é negativa. Jesus é o mesmo e, portanto, Sua promessa de estar conosco não se limitou até a conclusão
das Escrituras, nem tampouco a Sua cooperação. Os apóstolos pregaram com base no Antigo Testamento e este já era
suficiente para que as pessoas cressem em Jesus, tanto que muitos creram desde o Pentecostes até a conclusão do
evangelho segundo João. Milagres nunca tiveram o propósito de fazer alguém crer em Deus, mas, sim, de confirmar que
a palavra pregada corresponde à verdade.

- As Escrituras são suficientes para que alguém creia e tenha a vida eterna, mas o próprio João, ao escrever o último
livro da Bíblia, o Evangelho segundo João, fez questão de anotar apenas sete sinais feitos por Jesus, dizendo isto ser
suficiente para que alguém viesse a crer em Jesus (Jo.20:30,31), mostrando, pois, que milagres e Bíblia não se
substituem em questão de salvação. Não é esta, pois, a questão.

- A verdadeira questão é que a missão de Jesus envolvia a realização de milagres para que não somente as pessoas
cressem nEle como o Messias, mas percebessem a presença atuante e participativa de Deus em o nosso dia-a-dia, a Sua
companhia para conosco, a presença do Espírito Santo no meio do Seu povo. Os milagres não estão relacionados
somente com a fé, fé esta que vem pelo ouvir pela Palavra de Deus, mas com a glória do nome de Jesus, com o
sentimento de Sua presença dando-nos vitória a cada instante contra o mal, o pecado e as suas deletérias
conseqüências, fazendo com que se tenha ousadia e eficácia na obra de Deus, fazendo com que todos percebam e
sintam a realidade presente do reino de Deus.

OBS: Por sua pertinência, ainda esta vez transcrevemos texto islâmico sobre os milagres: “…Portanto, pode-se dizer que
o objetivo principal dos milagres é proporcionar uma prova tangível na hora de convidar as pessoas a acreditarem,
apresentando algo aceitável e deixar a seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar e seguir na sua incredulidade.…” (ZIAD,
Mohamad. op. cit.).

- Se é verdade que o registro das Escrituras nos permitem conhecer quem é Deus e nEle crer, não é menos verdadeiro
que a realização no presente de sinais e maravilhas estimulam, incentivam e edificam a nossa vida espiritual, impedindo-
nos de desanimar, um dos grandes riscos e perigos da jornada rumo ao céu. Não nos esqueçamos do clamor de Gideão
que, apesar de ser um varão valoroso, fez questão de ressaltar que a glória representada pelos sinais e maravilhas dos
dias de Moisés pouco significavam diante das mazelas presentes da opressão dos midianitas (Jz.6:12,13). Gideão não
era descrente, nem um covarde, mas a falta de sinais efetivos e presentes o impediam de pôr a sua coragem em ação,
levando-o, quando muito, a malhar o trigo em um lagar.

- Na luta diária contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12), contra as portas do inferno (Mt.16:18), a Igreja não
pode apenas viver dos registros constantes das Escrituras, mas tem de sentir a glorificação presente e atual de Jesus
através da operação de poder pelo Espírito Santo, que foi derramado sobre a Igreja, entre outras coisas, precisamente
para glorificar o nome de Jesus (Jo.16:14). Uma das formas de glorificação é a realização de sinais e maravilhas, quando
o Pai é glorificado no Filho (Jo.14:13,14).

- Jesus não limitou esta situação apenas aos apóstolos, como defendem os “cessacionistas”, mas “a todos quantos Deus
nosso Senhor chamar”. Não houve, em absoluto, cessação dos milagres ao longo da história da Igreja, mas uma
diminuição que, ao contrário do que afirmam os “cessacionistas”, está, sim, relacionada à falta de fé ou, quando muito, à
falta de insistência por parte dos cristãos, pois os milagres precisam ser buscados, procurados por parte daqueles que
deles necessitam (Sl.105:4; Mt.7:7; Lc.11:9; Cl.3:1).

- A história da Igreja está repleta de exemplos de que, quando os crentes passaram a buscar a Deus de forma mais
decidida, orando, jejuando e se santificando, Deus promoveu grandes avivamentos, sempre acompanhados de sinais e
maravilhas, de que é prova, aliás, o avivamento pentecostal, que já tem mais de 100 anos de existência, embora,
tenhamos de admitir, em muitos lugares, pela falta de persistência, não mais vemos tanto sinais e maravilhas como no
passado. De qualquer maneira, esta é a maior demonstração de que é propósito do Senhor fazer com que os milagres
que ocorreram em Seu ministério terreno continuem a acontecer durante a dispensação da graça, que só terminará com
o arrebatamento da Igreja.

- O próprio Novo Testamento é prova do que estamos a dizer. Nele está registrado que Jesus disse que os Seus
discípulos fariam obras maiores do que Ele havia feito (Jo.14:12). Ora, nas páginas do Novo Testamento, estão
registrados apenas 20 milagres dos apóstolos, enquanto que os Evangelhos registram 36 milagres de Jesus. Como,
então, admitir que, com a conclusão do Novo Testamento, os milagres cessaram? Para que a Palavra de Deus se
cumpra, tem-se como necessário que os milagres prosseguissem depois dos dias apostólicos, portanto.

- Não resta dúvida de que sinais e prodígios, por si só, são um perigo, como defendem os “cessacionistas”. Mas daí a
dizer que todo prodígio e sinal que se apresente como sendo de Deus tenha origem em Satanás, como afirmam ou
insinuam alguns “cessacionistas” é tão perigoso quanto, visto que foi assim que reagiram os fariseus quando viram Jesus
expulsando demônios, num gesto que o Senhor considerou como sendo blasfêmia contra o Espírito Santo. No lago de
fogo e enxofre, estarão tanto os que creram em sinais e prodígios de mentira, quanto os que atribuíram ao demônio
obras genuínas do Espírito Santo. Tomemos cuidado, tudo examinemos e não sejamos nem ingênuos, nem incrédulos.

OBS: Reproduzimos, a respeito, texto do cardeal patriarca católico romano de Lisboa, pertinente e com respaldo bíblico:
“…Esta pedagogia dos “sinais”, manifestação da acção de Deus, que ajudam a acreditar, continua na Igreja. Deus
continua a agir na Igreja e em cada crente, através do Espírito Santo que foi derramado nos nossos corações. A fé é,
também, atenção a essa acção de Deus, em nós e nos outros, que nos leva a reconhecer, em cada momento e em cada
tempo, as “mirabilia Dei”. O discernimento desses “sinais” é importante para fortalecer a nossa fé. No tempo da Igreja
também há “milagres”, quase sempre pontos de partida para grandes conversões e encontro com Cristo Vivo. Mas é,
sobretudo, o que o Espírito realiza no coração dos cristãos, em ordem à fidelidade e à santidade: conversões
inesperadas, a fidelidade até ao martírio, a ousadia missionária, o dom da contemplação e da união mística com Deus, o
dom radical ao serviço dos irmãos.…” (POLICARPO, D. José. op.cit.)

IV – RELAÇÃO DOS MILAGRES DE JESUS REGISTRADOS NAS ESCRITURAS

Milagres de cura e de expulsão de demônios

Milagres Mateus Marcos Lucas João


Um leproso 8:2-4 1:40-42 5:12-13
O servo de um centurião romano 8:5-13 7:1-10
A sogra de Pedro 8:14-15 1:30-31 4:38-39
Dois gadarenos (gerasenos) 8:28-34 5:1-15 8:27-35
Um paralítico 9:2-7 2:3-12 5:18-25
Uma mulher com hemorragia 9:20-22 5:25-29 8:43-48
Dois cegos 9:27-31
Um endemoninhado que não podia falar 9:32-33
Um homem com a mão atrofiada 12:10-13 3:1-5 6:6-10
Um endemoninhado cego e mudo 12:22 11:14
A filha de uma cananéia 15:21-28 7:24-30
Um menino endemoninhado 17:14-18 9:17-29 9:38-43
Dois cegos (um dos quais Bartimeu) 20:29-34 10:46-52 18:35-43
Um surdo e gago 7:31-37
Um possesso na sinagoga 1:23-26 4:33-35
Um cego de Betsaida 8:22-26
Uma mulher encurvada 13:11-13
Um homem com hidropisia 14:1-4
Dez leprosos 17:11-19
O servo do sumo sacerdote 22:50-51
O filho de um oficial em Cafarnaum 4:46-54
Um inválido à beira do tanque de Betesda 5:1-9
um cego de nascença 9:1-7
Maria Madalena e outras mulheres santas 16:9 8:2

Milagres que demonstram o poder sobre a natureza

Milagre Mateus Marcos Lucas João


Jesus acalma a tempestade 8:23-27 4:37-41 8:22-25
Jesus anda sobre as águas 14:25 6:48-51 6:19-21
Jesus alimenta 5000 homens 14:15-21 6:35-44 9:12-17 6:6-13
Jesus alimenta 4000 homens 15:32-38 8:1-9
A moeda na boca do peixe 17:24-27
A figueira seca 21:18-22 11:12-14,20-25
A grande pesca 5:1-11
Jesus transforma água em vinho 2:1-11
Outra grande pesca 21:21-11

Milagres de ressurreição

Milagre Mateus Marcos Lucas João


A filha de Jairo 9:18-19,23-25 5:22-24,38-42 8:41-42,49-56
O filho de uma viúva de Naim 7:11-15
Lázaro 11:1-44

Fonte: Bíblia de Estudo NVI (com alteração)

Fonte: http://www.portaldabiblia.com/?do=mdj Acesso em 08 jan. 2008

OBS: Incluímos na relação da Bíblia de Estudo NVI, o milagre da expulsão de demônios de Maria Madalena que, embora
não descrita, é mencionada em Mc.16:9. Como a menção dá o nome da beneficiária e o que se fez, entendemos seja um
registro de milagre, motivo por que entendemos haver 36(trinta e seis) milagres registrados de Jesus e não 35(trinta e
cinco), como consta da relação original, que é acolhida pelo ilustre comentarista. Entretanto, não computamos, como faz
um texto católico romano (MUNDO Católico. Relação dos milagres de Jesus. Disponível em:

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