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Paixões

(Diva do Inferno)
Naquela noite, a luz do luar, tudo parecia perfeito para meu namorado. Mas não para
mim.

Percebi que já não correspondia ao amor que ele me dedicava e que aquela noites
românticas, antes tão agradáveis apenas por sua presença, já não me importavam
mais.

Eu queria algo novo, sem tanto mel e com muito mais prazer. Eu queria aventura e
não segurança.

Foi aí que decidi terminar tudo. Para ele foi difícil aceitar que eu não sou uma
mulher feita de amores, e sim de paixões, dessas quentes que faz o corpo ferver só
de lembrar; foi difícil ele entender que o que passamos foi bom, mas já não me fazia
feliz. Terminar com ele foi a libertação de algo que me sufocava profundamente.

Depois de tudo acabado resolvi procurar Maykon, um ex-namorado no qual, após


uma briga, me arrependi muito de ter terminado o relacionamento.

Fui a casa dele, conversamos bastante e voltamos a namorar. Mas ao contrário do


meu ex-namorado que gostava de namorar a luz do luar, eu e Maykon não
namorávamos; devorávamos.

Passávamos dias e noites incríveis, até que resolvemos nos casar.

No começo do casamento era tudo maravilhoso. Anos mais tarde fiquei grávida. A
gravidez, apesar de indesejada por ambos, acabou sendo muito tranqüila.

Tivemos duas filhas gêmeas, Ane e Lisa, e vivíamos muito bem, até que Maykon
passou a beber excessivamente.

No inicio nem liguei, afinal sempre bebíamos, mas Maykon se tornou uma pessoa
violenta, que batia em mim e em nossas filhas.

Um dia, ao voltar do trabalho, encontrei Lisa estendida no chão do quarto, morta.


Ane, desesperada, me contou que Maykon chegara em casa bêbado e espancou Lisa
até a morte, e que só não a matou também, porque havia se escondido em baixo da
cama.

Chamei a polícia, que não resolveu o caso. De medo que Maycon voltasse para
matar Ane, saí do emprego, e a partir daí passamos a viver com a ajuda de amigos.
Uma tarde eu e Ane saímos para passear e, ao voltarmos, encontramos a casa
revirada. Maykon estava lá.

Tempos depois, cansada das agressões e das humilhações que ele me fazia passar,
cometi uma loucura. Um crime necessário.

A noite, quando Maykon já dormia, levantei, fui até a cozinha, e quando afiava uma
faca ele se levantou.

Discutimos muito. Ele me agrediu novamente e deixou alguns hematomas em meu


corpo. Mas aquela seria a última vez.

Peguei a faca e, em um momento de distração, cravei-a em seu peito várias vezes


para ter certeza que o mataria.

E aquela mulher, de paixões inesquecíveis e de poucos sentimentos, sentiu-se


desamparada, e com saudades de quem um dia amou-a a luz do luar.

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