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Aprendendo com Martin Lloyd-Jones

Carmelo Peixoto

"A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria
humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1 Coríntios 2:4-5).

Movido pelo anseio de ver em mim e na igreja em geral uma mudança significativa em direção a maior
comunhão e poder, em direção a um despertamento espiritual, selecionei alguns trechos dos escritos de
Martin Lloyd-Jones, considerado por muitos o maior expositor bíblico do século XX. A lucidez desse
homem, sua compreensão do problema e desafio da igreja é um legado de extraordinária riqueza para todos
os pastores e líderes que não se conformam com a situação da igreja como um todo e com seu próprio
ministério. Aí vão os trechos selecionados.

“Acima de tudo o mais, veríamos que o primeiro passo não é rebaixar, mas sim, elevar o padrão requerido
dos membros da Igreja. Devemos recapturar a idéia de que ser membro da Igreja é ser membro do corpo de
Cristo, e de que esta é a maior honra que pode vir ao encontro do homem neste mundo. Por meio da
disciplina, devemos aclamar a relação de membro da comunidade e devemos tornar a ressaltar a verdade de
que Deus dá o Espírito Santo somente "àqueles que lhe obedecem" (Atos 5:32).

“o avivamento não vem como resultado de o homem render-se ao que já tem; é o Espírito Santo sendo
derramado sobre ele, descendo sobre ele, como aconteceu no dia de Pentecoste." (D.M.Lloyd-Jones, Os
Puritanos - Suas Origens e Sucessores, p. 296.)”

Depoimento de Howell Harris avivalista do século XVIII, n país de Gales, testemunha sua experiência:

"De repente senti derreter-se dentro de mim o coração, como cera junto ao fogo, senti amor a Deus, meu
Salvador. Senti também, não somente amor e paz, e sim um desejo de morrer e estar com Cristo. Depois
brotou no fundo de minha alma um clamor que antes não conhecera jamais —Aba, Pai! Nada pude fazer,
senão chamar a Deus, meu pai. Fiquei sabendo que eu era seu filho, e que ele me amava e me ouvia. Minha
mente ficou satisfeita, e eu bradei: agora estou satisfeito! Dá-me forças, e te seguirei através das águas e do
fogo" (D.M.Lloyd-Jones, Os Puritanos — Suas Origens e Sucessores, p. 297).

“Este é o chamamento dirigido aos religiosos hoje: devemos tomar consciência da nossa indignidade perante
Deus, da distância que nos separa dos santos das eras passadas, da nossa terrível dessemelhança dos cristãos
do Novo Testamento; depois devemos arrepender-nos e reconsagrar-nos a Deus em Cristo, e devemos
assegurar-nos de que a religião regule as nossas vidas. Mais do que qualquer coisa, porém, devemos
aperceber-nos de que o estado do mundo é tal, que nada, senão o poder do Espírito Santo pode curá-lo, e a
tal ponto devemos sentir isso, que sejamos levados a dobrar os joelhos em oração a Deus, rogando-Lhe que,
em Sua misericór¬dia, Ele olhe para nós com piedade e, por Seu grande nome, envie um poderoso
avivamento entre nós. Esse é o único meio, essa é a única esperança, porque aos homens é impossível, mas
não a Deus, pois "a Deus tudo é possível" (Mateus 19:26).

“A necessidade não é de aumentar a atração, mas proclamar que "estreita é a porta, e apertado o caminho
que leva à vida" (Mateus 7:14). Possivelmente, isto significa que muitos recuarão das igrejas e as
abandonarão; e do ponto de vista da estatística, dos relatórios e das coletas, tudo parece sem esperança, e os
que procuram manter vivas as igrejas temem. Contudo, igualmente certo, a Palavra do Senhor se cumprirá:
"qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a
salvará" (Lucas 9:24).

Causas da Decadência daPregação

“Depois veio a terrível invenção do rádio e da televisão - eles têm sido uma grande maldição. E têm sido
uma maldição por muitas e muitas razões. Uma delas, naturalmente, é que em geral você tem o tempo
limitado por essas coisas, e isso é sempre destrutivo para a verdadeira pregação, como lhes mostrarei mais
adiante. Em acréscimo a isso, há o elemento impessoal. Muito freqüentemente o pregador fica sozinho numa
sala, o que é péssimo: não tem contato com os seus ouvintes. E há várias técnicas a respeito das quais eles
têm muito que dizer; tem havido vários cursos sobre "técnicas de televisão" aos quais não faltam
freqüentadores. Não posso imaginar algo tão patético como pregadores se deixarem instruir por esses
pequenos peritos em televisão sobre como se conduzirem, até quanto àquele sorriso ridículo, e tudo mais.
Tais cursos destroem todo o conceito e idéia da pregação”.

“Outro fator que tem feito grande dano a toda a questão da pregação em nosso país, e creio que também no
de vocês, tem sido um mal e falso tipo de pregação popular. Tivemos um excesso disso, especialmente em
Gales, minha terra natal. Houve homens que transformaram a pregação em diversão, homens que estavam
mais interessados na maneira como diziam as coisas do que nas coisas que diziam, e homens que eram
peritos naquilo que, em minha bem ponderada opinião, é uma abominação, a saber, o uso exagerado de
ilustrações e histórias”.

Sobre a pessoa de Deus

. . .precisamos dar-nos conta de que estamos na presença de Deus. Que significa isso? Significa a
percepção de algo de quem Deus é e do que Ele é. Antes de começar a proferir palavras, devemos sempre •
proceder assim. Devemos dizer-nos a nós mesmos: «Estou entrando agora na sala de audiências daquele
Deus, o Todo-poderoso, o absoluto, o eterno e grande Deus, com todo o Seu poder, força e majestade,
aquele Deus que é fogo consumidor, aquele Deus que é luz, e não há nele treva nenhuma, aquele perfeito,
absoluto e Santo Deus. É isso que estou fazendo» . . . Mas, acima de tudo, nosso Senhor insiste em que
devemos aperceber-nos de que, além de tudo aquilo, Ele é nosso Pai. . .

Oração

Ele cuida de nós. Ele já contou os cabelos de nossa cabeça. Ele disse que nada nos pode suceder fora dEle.
Depois, é preciso que lembremos o que Paulo declara tão gloriosamente em Efésios 3. Ele é «poderoso para
fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos,, ou pensamos». Esse é o verdadeiro conceito da
oração, diz Cristo. Não se trata de ir fazer girar a roda de orações. Não basta contar as contas. Não diga:
«Devo passar horas em oração; decidi-me a fazê-lo e tenho que fazê-lo» . . . Temos que despojar-nos dessa
noção matemática da oração. O que devemos fazer, antes de tudo, é dar-nos conta de quem é Deus, do que
Ele é, e de nossa relação com Ele.
Há uma necessidade de esta geração estudar a Bíblia, mas também conhecer os escritos de homens que
gastaram horas durante anos debruçados sobre a Palavra de Deus e sobre a História da Igreja Cristã. Eles
tinham um nível de conhecimento elevado sobre Teologia e História. Isso lhes permitia perceber os
problemas e os desafios da igreja. Precisamos aprender com eles. Eles foram exemplos de administração do
tempo, de persistência, de diligência, de estudo e de fidelidade a Deus.

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