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MANAUS – AMAZONAS
2009
SERGIO COSTANTINO WACHELESKI
MANAUS – AMAZONAS
2009
Wacheleski, Sergio Costantino
W113r A Reserva Florestal Legal em área de transição Amazônia
- cerrado: o caso do município de Colinas do Tocantins – TO /
Sergio Costantino Wacheleski. - Manaus: UFAM, 2009.
94 f.; il. color.
Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade da Amazônia) –– Universidade Federal do
Amazonas, 2009.
Orientador: Prof. Dr. Henrique dos Santos Pereira
1. Legislação Ambiental 2. Reserva Florestal Legal, 3.
Gestão Florestal I. Pereira, Henrique dos Santos II.
Universidade Federal do Amazonas III. Título
CDU 349.6(811)(043.3)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha esposa Edileuza Aparecida Sousa Santos Wacheleski,
amor da minha vida, pela confiança e carinho dedicados ao longo da nossa união e pelo
irrestrito apoio ao desafio aqui concluído, aos meus queridos filhos, Yuri Santos Wacheleski e
Yann Santos Wacheleski, pela compreensão nas horas ausentes, aos meus pais Cecília
Fontanta Wacheleski e José Wacheleski (in memoriam), baluartes da minha existência e aos
Em primeiro lugar agradeço ao Mestre dos mestres, nosso criador, pela oportunidade da
À minha esposa Edileuza, que nas horas mais difíceis apoiou-me, incentivou-me, não
dedicação, que clareou-me as idéias e deu o norte para colocá-las no papel. Agradeço-lhe pela
a todos.
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a conclusão desta
Palavras chaves: Legislação Ambiental, Reserva Florestal Legal, Cerrado, Amazônia, Gestão
Florestal.
ABSTRACT
The Legal Forest Reserve is an area located within a rural property or possession, except the
areas of permanent preservation (APPs), required for the sustainable use of natural resources,
conservation and rehabilitation of ecological processes, biodiversity conservation and under
and protection of native flora and fauna, as required by Article 16 of the Forest Code. This
work focused on analysis of the occurrence of legal forest reserves in rural properties located
in an area of transition Amazon - Cerrado. The study area correspondes to the municipality of
Colinas do Tocantins - TO. The method chosen to conduct the study was a case study. The
introduction presents a conceptual approach of the Forest Reserve Legal, its historical origins,
legislative aspects and their peculiarities. The physical and environmental characteristics of
the rural area of Colinas do Tocantins - TO, municipality located in the boarder of the
Amazon Forest, comprises a total area of 844 km² and has the characteristics of the Amazon
and Cerrado biomes. Data were collected on the farms of the municipality as to the existence
or not of Legal Forest Reserve and its suitability to the natural environment of the study area
in consultation with the Department of Land Planning of INCRA - National Institute of
Colonization and Agrarian Reform, City of Colinas do Tocantins and office of Registration of
Real Estate. It also conducted a search at random, with the application of a questionnaire
containing 31 questions to twelve landowners in the municipality, being four small owners,
with areas of 50 ha, five medium owners, with areas of up to 999 ha and three large owners,
with an area above 1,000 ha. The results of the study revealed that there are 413 rural
properties in Colinas do Tocantins, where most of them in the order of 89.6%, does not
comply with the law and maintain legal reserve forest. There was a predominance of
properties sized up to 100 ha in the study area, with 194 units, four of which have endorsed
legal reserve. There is greater incidence of registered reserves in properties of 201 to 500 ha,
which make up to 39.6% of all 43 areas of legal reserve registered. The year 2000
correspondes to the highest number of registration (21), due to the severity of the measures
that came into force in previous years, but because they are registered was not registered any
legal reserve in the year 2007 until mid-2008, data collection for research. The mismatch
between the compliance to the standards that define the legal reserve and the situation found
in the municipality is not due to the ignorance of the landowners, since all the respondents
know or have heard someone talk about what is the legal reserve and about the consequences
for their noncompliance. A little over 5.7 square kilometers of forest remain in Colinas and
since there is no public area left for the maintenance of natural environments, the conservation
/ restoration of the areas of legal forest reserve and the APPs within rural properties is the
only way to keep portions of conserved / preserved natural areas, hencing the importance of
private properties as a mechanism capable of assisting in creating an ecologically balanced
environment. The recommendations proposed is to provide social actors to extend the debate
around the forest reserve law, environmental policy instrument rejected by some, considered
an obstacle to regional development, and defended by others, that is an important mechanism
to maintain the Brazilian natural environment.
LISTA DE TABELAS
sérios prejuízos ao ambiente natural brasileiro. A cada ano, perde-se percentual considerável
de sua extensão, tornando urgente a necessidade de implementação de ações que visem a sua
conservação, fator preponderante para a sadia qualidade de vida das presentes e futuras
vigor que, no entanto, não evolui na mesma velocidade que as transformações na sociedade e
fatores que somados colocam florestas e toda biodiversidade nelas existente à mercê de uma
A reserva florestal legal pode ser definida como o instituto de direito ambiental que
propriedade particular ou posse rural, só podendo ser explorado através de plano de manejo
assegurando com seus mecanismos o uso sustentável dos recursos naturais e da conservação e
ordinária brasileira, mais precisamente pela Lei nº. 4.771 de 15 de setembro 1965, cujos
artigos 16 e 44 foram modificados pela Medida Provisória nº. 2.166/67, de 28 de agosto 2001,
e são definidas de acordo com a localização da propriedade rural no País, variando de 20% a
Brasil, mais precisamente no seu artigo 5º., incisos XXII e XXIII, que garante o direito à
meio ambiente ecologicamente equilibrado como uso comum do povo e essencial a sadia
qualidade de vida.
boa parte das tensões em áreas de fronteira agrícola na Amazônia e pela polarização da
regional.
madeireiros garimpeiros, que procuram avançar suas atividades floresta adentro, buscando o
tão sonhado “progresso”, o qual na prática, muitas vezes, não passa apenas de um crescimento
exponencial e efêmero, que deixa em seu rastro miséria e destruição ambiental. De lado
ambientalistas, procuram defender o ambiente natural por meio de vários institutos, dentre os
quais destacamos o da reserva florestal legal, numa busca constante pela preservação dos
Outra complicação reside no fato de que no Brasil não existem dados precisos do
número de imóveis rurais, bem como da exata proporção dos que mantêm reserva florestal
legal. Os únicos dados disponíveis são os do cadastro de imóveis rurais do INCRA, que são
rurais existentes no Brasil, bem como de dados precisos sobre os mesmo, provoca um
Brasil e a proporção dos que mantém reserva legal florestal, bem como pela impossibilidade
técnica de proceder tal levantamento, haja vista ser um trabalho hercúleo e longevo, este
estudo focou sua área de abrangência para a um município, como unidade político-
administrativa, onde tais políticas públicas deveriam estar operando em sintonia, permitindo
um maior aprofundamento e detalhamento que essa questão evoca. Para tanto, foi eleito um
comento.
TO.
O objetivo geral do trabalho em tela foi a análise da ocorrência de reserva florestal legal
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A reserva legal é uma figura jurídica criada pelo Código Florestal. Trata-se de uma
parcela da propriedade rural onde não é permitido o corte raso. Há um bom motivo para que
Por conceito, a reserva florestal legal pode ser definida como o instituto de Direito
degradação dentro da propriedade particular ou posse rural, só podendo ser explorado através
216).
A área de reserva legal é a parcela da propriedade rural que deve ser conservada com
vegetação natural, sendo nela permitida apenas a exploração racional, sem destruir o conjunto
que são áreas protegidas, nos termos dos artigos 2º e 3º do Código Florestal, e situam-se ao
longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal, cuja
extensão é definida de acordo com a sua largura, bem como todas as nascentes, os lagos, as
lagoas, as encostas, os topos de morros etc., sendo cobertas ou não por vegetação nativa,
biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e da flora, bem como o de proteger o solo e assegurar
o bem estar das populações humanas. Nas áreas de preservação permanente os recursos
florestal legal decorre de normas legais que limitam o direito de propriedade. A diferença
entre elas diz respeito ao que concerne a dominialidade (MACHADO, 2007, p. 719). A
reserva florestal legal do art. 16 do Código Florestal incide somente sobre o domínio privado
ao passo que as áreas de preservação permanente incidem sobre o domínio privado e público
disciplinada pelo Código Florestal Brasileiro – Lei 4.771/65, com as modificações que lhe
2000 e, em seguida, mantido pela Medida Provisória 2.166-67. O inciso III, do § 2º da citada
Medida Provisória, define reserva legal como a “área localizada no interior de uma
NO BRASIL
A legislação florestal brasileira em vigor divide a área total de uma propriedade rural em
três parcelas: área de reserva legal, área de preservação permanente e área livre para
rurais particulares não é nova no cenário legal pátrio, já que remonta a época do Brasil
Colônia, período em que foram editadas várias Ordens Reais proibindo sesmarias em áreas
onde abundavam as madeiras apropriadas para a construção naval (DEAN, 1996, pág. 151).
ocorrida entre o fim do século XVI e meados do século XVII, quando estaleiros reais e de
iniciativa privada passaram a consumir grande quantidade de certos tipos de madeira, levando
Cartas Régias, que além de proibir sesmarias em áreas de reserva de madeira naval, passaram
a considerar de uso exclusivo da Coroa toda a madeira naval, que passou a ser denominada de
pau real ou madeira de lei (DEAN, 1996, p. 171), expressão que se popularizou na língua
propriedade. Sua intenção era a de preservar árvores propícias para construção naval,
protegendo-as da cobiça e da ambição dos habitantes, que a pretexto das suas lavouras,
assolavam e destruíam preciosas matas, “... a ferro e a fogo”. MIRANDA (2007, p. 15),
citando Paulo Ferreira de Souza, traz os seguintes fragmentos da Carta Régia de 11 de julho
de 1799:
Eu, a Rainha, faço saber aos que este Alvará virem, que tendo em consideração a
necessidade que há de se formar um regimento, que não só regule a direção do
serviço de córtes das madeiras de construcção já abertos nas Capitanias de
Pernambuco e Bahia, ou que para o futuro se houverem de abrir, de tão grande
importância aos interesses da minha Real Marinha e da mercantil; mas que também
cohiba a indiscreta e desordenada ambição dos habitantes, que a pretexto das suas
lavouras, tem assolado e destruído preciosas mattas a ferro e fogo, de tal sorte que, a
não acudir Eu com as mais enérgicas providencias, ficarão, em poucos annos,
reduzidas a inutilidade de poderem fornecer os páos de construcção, de que tanto
abundaram e já hoje ficam em distâncias consideráveis dos portos de embarque ...
TÍTULO I
DO JUIZ CONSERVADOR
Art. 1° Declarando ser de propriedade da minha Real Coroa, todas as mattas e
alvoredos á borda da costa ou rio, que desembarque immediatamente no mar ...
Art. 3° E querendo para o futuro acautelar os prejuízos que a indiscreta ambição dos
habitantes continuam a causar nas mattas, reduzindo-as á cinzas pelo ferro e fogo,
mando que sejam vedadas ao uso comum com os seus fundos todas as que
houverem madeiras de construcção ...
Art. 7° Attendendo porém a que nos fundos das referidas mattas das Alagoas, se
acham alguns ramos de Pau Brasil ainda que pela má administração do seu corte
destruídas, que poderão com tudo pelo tempo adiante restabelcerem-se, ordeno que
fiquem as sobreditas inteiramente vedadas e fechadas a todo e qualquer uso dos
particulares ...
Art. 11 Considerando por outra parte a necessidade, que os povos têm de madeiras
para edificarem casas, e engenhos e quaisquer outras obras, permitto que nas mattas
excluídas aos particulares possam desfructar os que nellas habitarem aquellas
madeiras que forem necessárias para o seu uso tão somente, não sendo das de
construcção ...
Régia, dizimou o pau-brasil e mais tarde reduziu a Mata Atlântica a menos de 15% da que
existia em 1500.
Desde o ano de 2001 desmata-se mais de 2 milhões de hectares por ano da maior floresta
palco da ação. Outrora, no Brasil Colonial, a Rainha falava da mata atlântica no litoral e zona
da mata nordestina; atualmente fala-se da floresta amazônica nos nove Estados que compõem
históricos legislativos das atuais leis que instituem reservas da biodiversidade no Brasil.
A reserva legal somente foi formalmente instituída no Brasil no ano de 1934, quando se
estabeleceram limites ao uso da terra dentro da propriedade rural. O imóvel deveria ser
dividido em duas áreas; a área livre para exploração e as áreas a serem mantidas com
20 do século passado, quando veio a lume a necessidade de proteger determinada área das
propriedades rurais particulares. Tal ideal materializou-se 14 anos depois através do Decreto
Federal nº. 23.793, que passou a ser designado de Código Florestal de 34, sendo que dentre as
inúmeras inovações que trouxe, a mais ousada se encontrava inserida no artigo 23, que criava
o limite do direito de uso da propriedade, a chamada “quarta parte” (DEAN, 1996. p. 71), ou
seja, a redação do citado artigo de Lei determinava que nenhum proprietário de terras cobertas
Esta primeira reserva legal, por assim dizer, pois no inicio não tinha essa denominação,
era na verdade uma reserva extrativista. A intenção do legislador era de manter uma reserva
de madeira para uso futuro do proprietário. Tanto que aquele Código não previa qualquer
O primeiro Código Florestal estabeleceu um limite único para as reservas legais em todo
o Brasil (mínimo de 25% da área da propriedade rural) e não definiu regras sobre o uso das
autorização, por parte da autoridade florestal, para exploração de florestas situadas próximas
O Código Florestal de 1934 permaneceu em vigor até o ano de 1965, quando foi
substituído pelo Novo Código Florestal, editado pela Lei nº. 4.771 de 15 de setembro. Neste
novo Código Florestal ainda não aparecia o termo reserva legal. O legislador colocou
região do País.
A Lei nº. 4.771/65 teve pouca efetividade. Os proprietários de imóveis, em sua maioria,
não acataram as restrições impostas pelo Novo Código Florestal. No que se refere a deixar
ciliares, que são as localizadas nas margens dos cursos de água e são hodiernamente definidas
A Lei Federal nº. 7.803, de 18 de julho de 1.989, por sua vez, alterou o art. 16 do Código
mínimo 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde não era permitido o corte raso. A
desmatamento na Amazônia Legal, o maior já ocorrido até então, o Governo Federal passou a
editar uma série de Medidas Provisórias, que ampliaram a dimensão da reserva legal nos
biodiversidade. Foi suprimido o caráter utilitarista e extrativista que a acompanhou desde sua
criação, nos idos de 1934, sendo que seus critérios encontram-se definidos no Código
Florestal, Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, mais exatamente nos artigos 16 e 44, cuja
2001 que se encontra regulamentada a matéria atinente a reserva florestal legal prevista no
percentuais:
• 80% (oitenta por cento) nas propriedades rurais situadas em área de floresta
• 35% (trinta e cinco por cento), nas propriedades rurais situadas em área de
• 20% (vinte por cento), nas propriedades rurais localizadas nas demais regiões do
País.
A reserva florestal legal não só é protegida pela Lei ordinária, mas merecedora de
territorialmente protegido, na acepção do art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal do Brasil,
in verbis:
Todo esse arcabouço legal que visa à conservação ambiental via implementação da
reserva florestal legal nas propriedades rurais particulares do País têm sido alvo de críticas,
elogios e discussões acirradas, sem haver consenso entre as diversas partes interessadas no
assunto.
reserva legal terem sido reeditadas 67 vezes, de julho de 1996 a agosto de 2001 (OLIVEIRA e
BACHA, 2003, p. 189), e sua ultima edição (2001), aguarda, ainda nos dias atuais, sua
• Inalterabilidade de destinação;
• Restrições legais de exploração;
• Delimitação da reserva; e,
• Isenção tributária.
Florestal e significa que após constituída a reserva florestal legal não mais será possível sua
Há também restrições no que concerne a exploração da área afetada. Passa a ser vedado
A reserva florestal legal é uma obrigação legal e não acarreta qualquer ônus ao Poder
A área da reserva florestal legal deve ser medida, demarcada e delimitada pelo
proprietário, que se não o fizer poderá ser obrigado a fazê-lo via ação civil pública. Nas
pequenas propriedades e posses familiares A regularização da reserva legal deve ser gratuita
Após ter sua localização aprovada pelo órgão ambiental estadual e ser demarcada na
imóvel. Todo proprietário rural tem de averbar a reserva legal florestal no Cartório de
• Ação civil pública proposta pelo Ministério Público para obrigar o proprietário a
• Perda da isenção no ITR (Imposto Territorial Rural) da área considerada, mas não
averbada;
florestal incluem autuação, com aplicação de multas pelo órgão estadual de meio ambiente.
O proprietário rural que conservar áreas além do limite mínimo exigido pelo artigo 16
do Código Florestal poderá valer-se do sistema de venda de quotas para reserva florestal legal
coletiva, mediante a opção de servidão florestal, após ser devidamente averbada, conforme
autoriza o artigo 44-B do citado diploma legal. Essa área sob servidão florestal, pode ser
negociada sob a forma de cota de reserva florestal (CRF), criando-se um mercado para
reserva florestal legal em propriedades rurais pequenas ou posse familiar via o plantio de
A recomposição deverá ocorrer sempre que a propriedade possuir área florestal inferior
aos limites para a reserva legal, que se encontram definidos no artigo 16 do Código Florestal,
caso em que o proprietário deve “recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o
plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 (um décimo) da área total necessária à sua
complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão
facultando ao produtor rural que não dispõe de área preservada em sua propriedade a
desde que localizada na mesma microbacia hidrográfica (§ 4º., do art. 44 do Código Florestal,
A reserva florestal legal também pode ser implementada em regime de condomínio entre
mais de uma propriedade, mas sempre respeitando o percentual exigido em relação a cada
imóvel. Como todo e qualquer ato que se refira a reserva legal, sua aprovação depende da
análise pelo órgão ambiental estadual competente e, posteriormente, das devidas averbações
Destarte, percebe-se que a implementação da reserva legal florestal pode ser realizada
por diversas maneiras, objetivando, sempre, a condução da propriedade rural para a sua
Provisória nº. 2166/67, de 28 de junho de 2001, é aquela explorada mediante trabalho pessoal
do proprietário ou posseiro e de sua família, com ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta
seja, no mínimo, em oitenta por cento, de atividade agroflorestal ou de extrativismo, cuja área
não supere:
A legislação que define regras para a reserva florestal legal não diferencia as
Contudo, o § 3º. do citado artigo 16, faculta ao pequeno proprietário ou possuidor rural a
nativas ou exóticas com valor comercial para manter ou compensar a área de reserva legal em
sua propriedade ou posse familiar. A utilização dessas áreas poderá ser feito em forma de
Manual de Crédito Rural e Resolução CMN nº. 3545/08, mediante declaração individual
Etimologicamente a palavra propriedade vem do latim, sendo que para alguns decorre
de proprius, designando que pertence a uma pessoa. Para outros a sua origem está em
domare, cujo significado é o de sujeitar ou dominar alguma coisa (DINIZ, 2002, p. 105).
É a lei que o homem conhece pela luz natural de sua razão, enquanto implícita na
natureza das coisas. Considera-se a lei natural como uma exigência da natureza intelectual do
imediatas, o homem tem condições de conjecturar sobre o seu futuro. Assim, para subsistir
hoje e no tempo futuro, precisa apropriar-se de bens naturais (LIMA, 2006, p. 2).
resultante do direito natural e deve ser visto em três planos distintos, na seguinte ordem de
valores: a própria racionalidade humana lhe confere direito ao apossamento dos bens naturais;
como ser racional, o homem deve ser previdente, garantindo-se para os dias vindouros, o que
somente é possível com o apossamento de bens, pois só assim poderá ser verdadeiramente
livre; por último, o direito à propriedade deve estar condicionado ao momento histórico de
cada povo, desde que sua doutrina não chegue ao extremo de negá-lo (BORGES, 1996, p. 5)
Em qualquer que seja a cultura, em todos os tempos, a propriedade marcou presença em
vida social. Nas palavras de MARTINS (1991, p. 1), constitui "o mais internacional e o
advertia : "Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem
o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que
Mas foi entre os romanos antigos que se desenvolveu o direito à propriedade como o
temos nos dias atuais. Para eles, tratava-se de um direito absoluto, não apenas por ser
oponível erga omnes, em contraposição a direito relativo, que é direito oponível a uma ou
algumas pessoas, mas absoluto pela plenitude com que o seu titular dele podia dispor
Apesar dos romanos não terem legado nenhum conceito de propriedade, é deles que se
originou o mais próximo do que se tem hoje. Pode-se definir analiticamente a propriedade
como sendo o direito que uma pessoa física ou jurídica tem, dentro de certos limites
no seu ordenamento jurídico. Sua gênese remonta à Constituição Imperial de 1824, onde era
exigir o seu exercício com observação dos requisitos inerentes à função social (BRASIL,
No Brasil, a função social da propriedade rural foi inicialmente prevista pelo Estatuto da
Terra (Lei 4.504/64) e mais tarde, como já dito, consagrada pela Constituição Federal de
1988, que em seu art. 5º., inciso XXIII e art. 186, determina os seguintes critérios e graus de
exigência que devem ser simultaneamente atendidos pelo proprietário do imóvel rural para
ambiente;
A atual Carta Magna condena a concepção absoluta e egoística da propriedade, mas não
nega o direito exclusivo do dono sobre a coisa, exigindo-lhe apenas que exerça o uso, o gozo
exercido à luz da função social que lhe é inerente. Não que essa idéia seja nova, pois remonta
aos ensinamentos de São Tomás de Aquino, formadores da doutrina social da Igreja Católica,
individualismo, coibindo o uso abusivo da propriedade, que deve ser útil ao bem comum
sua função social, implica em verdadeira propriedade vinculada (FONTES, 2000, p. 443), de
conteúdo voltado para a dignidade humana e para a igualdade com terceiros não proprietários.
Assim, a propriedade rural passou a ser considerada essencialmente um bem produtivo, não
podendo mais ser tratada como mercadoria sujeita à especulação, tendo que cumprir então a
sua função social. O não cumprimento de tal função torna a propriedade suscetível à
desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, excetuando-se os casos de
Como a reserva florestal legal incide sobre a propriedade, temos que a sua observância a
ambiente, que é a flora (SIRVINSKAS, 2005, p. 217). Na área afetada, o seu proprietário não
pode exercer todos os direitos inerentes à propriedade, não podendo alterar sua destinação e
explorá-la mediante corte raso, que é a supressão total da vegetação (autor citado, 219).
cuida do direito à vida – não apenas à sobrevivência, mas à vida com qualidade. É direito de
segunda geração, pois não se pode pensar na promoção de valores sociais, como o direito à
propriedade, e dentre ela a que se destina a reserva florestal legal, estará afrontando a função
DESCUMPRIMENTO.
Florestal e da MP 2166/67.
deles que mantêm reserva legal. Segundo BACHA (2003, p 117), os únicos dados
proprietários rurais, que ao alimentarem o sistema deixam de informar todos os dados de sua
legislação, que tem gerado fortes tensões em áreas de fronteira agrícola na Amazônia. A
sociedade brasileira tem-se polarização frente ao dilema que engloba a preservação ambiental
madeireiros garimpeiros, que procuram avançar suas atividades floresta adentro, buscando o
tão sonhado “progresso”, o qual na prática, muitas vezes, não passa apenas de um crescimento
exponencial e efêmero, que deixa em seu rastro miséria e destruição ambiental (MIRANDA,
2007, p. 7).
institutos, dentre os quais destacamos o da Reserva Florestal Legal, numa busca constante
pela preservação dos biomas brasileiros e de sua fantástica biodiversidade (MIRANDA, 2007,
p. 7).
Como não há dados precisos sobre os imóveis rurais existentes no Brasil e nem os que
estatais têm inovado ao lançarem mão de vários mecanismos que demonstram a intenção do
Brasil de fazer cumprir sua legislação ambiental. Considerada por muitos como a mais
repreensiva. As duas últimas modalidades possuem atividade menos valiosa que a primeira,
porquanto cuidam do dano já causado, diferentemente da ação inibitória buscada pela
prevenção, que se assenta como objetivo fundamental do direito ambiental (MILARÉ, 2001,
p. 419)
repreensivas.
Administrativamente, o assunto era tratado unicamente pelo Decreto Federal nº. 3.179,
de 21 de setembro de 1999, que em seu artigo 39 descrevia a infração de desmatar a corte raso
área de reserva legal, estipulando multa pecuniária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por
hectare ou fração, sendo que incorria nas mesmas penas quem desmatasse vegetação nativa
em percentual superior ao permitido pela Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, ainda que
não tivesse sido realizada a averbação da área de reserva legal obrigatória exigida na citada
Lei.
Em 23 de julho de 2008, a matéria passou a ser disciplinada pelo Decreto Federal nº.
providências, cuja redação foi alterada em 10 de dezembro de 2008 pelo Decreto Federal nº.
6.686.
O Decreto Federal nº. 6.514/2008, com a alteração do Decreto Federal nº. 6.868
manteve a reprimenda para quem desmatar, destruir, danificar ou explorar a área da Reserva
Legal.
Decreto Federal nº.6.514, de 23 de julho de 2008
Art. 51. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de
vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de reserva legal ou
servidão florestal, de domínio público ou privado, sem autorização prévia do órgão
ambiental competente ou em desacordo com a concedida:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.
citado Decreto, que estipula multa diária para a não averbação da reserva legal.
§ 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e vinte dias, apresente
termo de compromisso de averbação e preservação da reserva legal firmado junto
ao órgão ambiental competente, definindo a averbação da reserva legal e, nos casos
em que não houver vegetação nativa suficiente, a recomposição, regeneração ou
compensação da área devida consoante arts. 16 e 44 da Lei no 4.771, de 15 de
setembro de 1965.
§ 4o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas quando o prazo previsto
não for cumprido por culpa imputável exclusivamente ao órgão ambiental.
(BRASIL, Presidência da República, 2008)
importante mecanismo para a proteção do ambiente natural, pois a falta de sanção para a não-
Alguns Estados da Federação optaram por tentar vincular a averbação da reserva florestal a
Federal (art. 5º, inciso XXII), o Código Florestal e a própria lei 6.015/73 (Lei de Registros
diploma que pode ser considerado repressivo aos descumpridores do artigo 16 do Código
Florestal.
dia 29 de fevereiro de 2008, que tornou obrigatória, a partir de 1º. de julho de 2008, a
implantado o projeto a ser financiado, expedido pelo órgão estadual responsável, cuja
obtenção somente pode ser feita mediante a implementação e averbação da reserva florestal
Meio Ambiente a Portaria 96, de 27 de março de 2008, que considera como integrantes do
Bioma Amazônico todos os municípios dos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia e Roraima, bem como os municípios vários municípios dos Estados do Maranhão,
Ambiente possuem características de área de transição, com parte de seu território coberto
pelo Bioma Amazônico e parte pelo Bioma do Cerrado. Essa situação acarretaria prejuízo aos
proprietários de áreas localizadas em domínio do Cerrado, que por serem considerados como
do Bioma Amazônico, lhes seria exigido a implementação de Reserva Florestal Legal de 80%.
Ministério do Meio Ambiente. Esta norma faculta aos proprietários de imóveis localizados
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Para esses casos, declara-se que o
imóvel rural não se encontra localizado no Bioma Amazônia e que a reserva florestal legal
MMA.
artigo 16 do Código Florestal, que em seu § 1o estabelece que o percentual de reserva legal na
previsão na Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes
dificultar sua regeneração de um modo geral e com mais razão devem sê-lo em relação a
reserva florestal legal, cuja essência é a preservação de parte do ambiente natural em função
especialmente protegido, inclusive pela tutela penal, de toda e qualquer degradação humana.
A interpretação dos artigos da Lei dos Crimes Ambientais deve ser conduzida em prol
da sociedade em geral e não do infrator isoladamente, pois a garantia da qualidade de vida das
MILARÉ (2001, p. 425) argumenta que a Lei 6.938/81, ao dispor sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, impõe ao poluidor e ao predador a obrigação de recuperar ou indenizar os
danos causados, o que pode ser alcançado via o ajuizamento de ação civil pública por
De fato, a via própria para vindicar a reparação pelo dano ambiental causado pelo
poluidor é a ação civil pública, cuja legitimidade para promovê-la pertence ao Ministério
Público, à Defensoria Pública, à União, aos Estados e o Distrito Federal, aos municípios, às
associação que, concomitantemente, estejam constituídas há pelo menos 1 (um) ano nos
termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a de proteção ao meio
predatórias ao seu vasto patrimônio natural. A legislação brasileira permite punir o infrator de
Ao lado dos mecanismos legais inibidores, reparatórios e repressivos, deve haver ações
lugar.
Mirando tal ordem de idéias, o presente trabalho teve por objeto central perquirir se a
território colinense e quais as razões para o seu (des)cumprimento. Para tanto, buscou-se
2008).
Figura 1. Localização município de Colinas do Tocantins.
FONTE: Zaeto, 2008.
Florestal Legal nas propriedades rurais, possui uma área territorial de 844 Km², representando
A sede do município ocupa uma área de 10,7 km², correspondente a 1,3% da área total
com o de Palmeirante.
29.298 habitantes (IBGE, 2007), sendo 95,3% de população urbana e 4,7% população rural.
A densidade demográfica da área a ser estudada é de 34,69 habitantes por Km². A figura 2
5%
População urbana
A região do norte do Estado de Goiás, atual Estado do Tocantins, teve seu processo de
colonização ligado à mineração de ouro ocorrida nos idos do início do século XVIII, e após o
como base de sua sobrevivência, utilizando os rios Araguaia e, especialmente, o Tocantins como
povoado que deu origem ao atual município de Colinas do Tocantins foi fundado em 21 de abril
Brasília, que provocou grande impacto por onde passou, dando início a muitas cidades, dentre as
O estado das florestas do município decorre de sua colonização, ocorrida nas décadas de
1960 e 1970, ocasião que houve desconhecimento ou mesmo desprezo do proprietário rural
vista a ausência de conscientização e fiscalização dos órgãos ambientais, que naquela época
4.5 O CLIMA
os paralelos 7º e 9º Sul, possuindo clima úmido com moderada deficiência hídrica no inverno
do hemisfério sul, evapotranspiração potencial apresentando uma variação média anual entre
1.400 e 1.700 mm, distribuindo-se no verão entre 390 e 480 mm, ao longo dos três meses
4.6 O SOLO
horizonte diagnóstico superficial. Quando ricos em óxidos de ferro, formam alguns tipos de
2004).
Solos litólicos ou neossolos líticos são solos com horizonte A ou O hístico com menos
material, com 90% (por volume) ou mais de sua massa constituída por fragmentos de rocha, e
A-C, sem contato lítico dentro de 50cm de profundidade, apresentando textura areia ou areia
franca nos horizontes até, no mínimo, a profundidade de 150cm a partir da superfície do solo,
4.7 A VEGETAÇÃO
floresta, o que corresponde a 78,7% do território e a 188 km² de áreas de não floresta,
PRODESDIGITAL, 2008).
primordial para definir quais são as regra de preservação ambiental aplicáveis no âmbito do
vida real, onde é possível se fazer observações diretas e entrevistas sistemáticas (YIN, 2005
p.32).
quadro geral sobre a reserva florestal legal no município, no ano de 2008/2009. O estudo foi
realizado mediante a coleta de dados, via estudo da legislação sobre a Reserva Florestal
rurais do município, sendo quatro pequenos proprietários, com áreas de até 50ha, cinco
médios proprietários, com áreas de até 999ha e três grandes proprietários, com área acima de
ambiental dos proprietários, com as questões 1 a 9; Reserva Florestal Legal nas propriedades,
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
rurais sob diferentes tipos de situação jurídica. O número de imóveis de Colinas do Tocantins
foi obtido junto ao INCRA, que organiza e mantém um cadastro nacional de imóveis rurais,
cujos dados são alimentado pelos próprios proprietários de imóveis rurais cadastrados no
SNCR (Sistema Nacional de Cadastro Rural). A cada três anos, o proprietário rural emite
Cadastro de Imóvel Rural. A Tabela 1 registra o tamanho e a forma de domínio dos imóveis
Predomina com 380 imóveis, 92% do total, a propriedade com título definitivo
registrado junto ao Cartório de Registro de Imóveis. Existem 28 imóveis, 6,8% do total, sem
regularização de sua área junto ao órgão fundiário competente, mantidas a título precário de
posse. Há ainda cinco imóveis, 1,2% do total, com parte da área sob título definitivo
registrado junto ao Cartório de Registro de Imóveis e parte mantida título precário de posse. O
Quanto ao tamanho das propriedades existentes na área de estudo, pode-se afirmar que
há um predomínio do imóvel de até 100ha, com 194 áreas, o que corresponde a 46% do total.
Em relação à área ocupada, predominam os imóveis de 500 a até 1000ha, com 26.769,3ha,
Contudo, tais números não podem ser considerados como diagnóstico exato da situação
por imóveis rurais no território de Colinas é de 85.280ha. A área territorial oficial, segundo o
Logo, a soma das áreas das propriedades rurais de Colinas não poderia ser superior a
Incra comprova a afirmação de BACHA (2003, 117), para quem os dados dos cadastros do
INCRA não retratam a realidade fundiária no Brasil, pois são fornecidos diretamente pelos
proprietários rurais, que ao alimentarem o sistema com suas informações deixam de declarar
Para dirimir o conflito entre os dados sobre a área ocupada e a do território de Colinas,
município, constatando-se, porém que nos arquivos municipais não há dados precisos sobre a
quantidade de imóveis rurais na área do município. Foi ainda realizado visita ao Cartório de
Registro de Imóveis local para obtenção de tais dados, porém os mesmos não se encontram
imóveis rurais do município, a situação jurídica dos domínios, as suas características físicas e
cadastro geral de imóveis rurais e um cadastro de imóveis rurais com Reserva Florestal Legal
País. Após o esgotamento dos recursos florestais da Mata Atlântica, a Amazônia passou a ser
alvo de constates ataques de grupos organizados da sociedade nacional, que desde meados do
Informações recentes apontam que desde o ano de 2001 desmata-se mais de 2 milhões
de hectares por ano na maior floresta tropical do planeta Terra (INPE, 2005).
anos de 2000 a 2006, obtidos junto ao PRODES em agosto de 2008, revelam uma elevação da
Uma de não floresta, que possui 180,8 km², e outra de área desmatada e de floresta, com 667
km². Nesta última houve um desflorestamento de 5,7 km² no município de Colinas. Logo, a
outrora de 667 km² e hoje é de apenas 4,8 km², equivalente a 0,7% de sua extensão original, o
localizado na posição 8º12’45”S 48º61’83”W, com a extensão de 0.20 km²., que equivale a
entre os anos de 2000 a 2008, registrados pelo sistema DETER, na ordem de 0,2 km², aos do
sistema PRODES, de 5,7 km², resultam em um desmatamento total de 5,9 km², equivalente a
floresta.
aconteceu nos anos anteriores a 2000 e provavelmente em razão de sua colonização ocorrida
nas décadas de 1960 e 1970. Ocasião que houve desconhecimento ou mesmo desprezo do
ambiental, haja vista a ausência de conscientização e fiscalização dos órgãos ambientais, que
Nos últimos anos, a degradação dos ambientes naturais do município vem acontecendo
de modo menos intenso que o apresentado por ocasião de sua abertura inicial.
Tal desflorestamento, no entanto, pode ser considerado pequeno, mas equivale a 56,2%
da floresta remanescente do município no ano de 2000, o que permite concluir-se, desde já,
que a pressão sobre os recursos florestais não cessou e que, a continuar tal evolução, em
menos de 7 anos fará esgotar por completo as áreas de floresta natural do município de
Colinas do Tocantins.
A conservação e ou regeneração das áreas de preservação permanente e de reserva legal
nas propriedades rurais de colinas é o único meio de manter florestas no município, já que em
DO TOCANTINS
levantamento das propriedades rurais do município que tinham a reserva florestal legal
averbada em suas matrículas imobiliárias. A busca foi feita manualmente, com a análise dos
no ano de 1991, após a edição da Lei 7.803/89, que inovou ao determinar a obrigação do
Observou-se que a reserva legal dos imóveis com averbação obedeceu à legislação em
vigor no momento de sua implantação. As averbações ocorridas entre os anos de 1991 a 1994,
no total de 10, respeitaram o percentual de 50% da área do imóvel. Nesta ocasião, o artigo 44
do Código Florestal (Lei 4771/91), determinava que os imóveis cobertos por florestas
localizados na parte Norte da região Centro-Oeste e na região Norte do País deveriam ter
explicitamente, de que os imóveis compostos por vegetação de Cerrado devessem ter reserva
legal, o que somente mudou com a edição da Lei 7.803/89, que passou a exigir reserva legal
Por tal fato, subentende-se que todos os imóveis que tiveram suas reservas legais
averbadas até o ano de 1994 eram cobertos por vegetação de floresta e lhes foi exigido a
encontrar-se-iam eles com área de reserva legal inferior ao limite mínimo hoje exigido,
Do ano de 1995 até 1999, não há registro de averbações de reserva legal no município de
Colinas. No ano de 2000, sob a pressão da edição de várias Medidas Provisórias, houve a
1998. Do mesmo modo, embora tenham sido respeitados os limites mínimos previstos para a
reserva legal na ocasião, estão elas em desarmonia com a legislação hoje em vigor, que prevê
o limite mínimo de 35% para a reserva legal em áreas de cerrado na Amazônia Legal.
imóveis houve a averbação de reserva legal de 20% em 06 e 12 de junho, pelo fato de que a
em vigor.
Constatou-se, na grande maioria das averbações, a separação da reserva legal das APPs -
áreas de preservação permanente. O cálculo da área destinada a reserva legal foi feito após o
desconto das APPs do total do imóvel. Apenas em um imóvel as APPs integraram a somatória
A maior incidência de averbações ocorreu o ano de 2000, após a edição das Medidas
Provisórias que culminaram na atual MP 2166/67/01. Após o ano de 2000, houve significativa
redução de averbações, resultante do caráter provisório da atual legislação, o que tem levado
os proprietários a aguardarem a definição da lei sobre reserva legal para providenciarem sua
regularização.
Observou-se que nos anos de 1995 a 1999 e 2005 não houve nenhuma averbação de
reserva legal no município de Colinas. A evolução das averbações de reserva florestal legal
21
20
15
10 5
3 4 4
5 1 1 1 1
0 0 0
91
92
93
94
00
02
03
04
05
06
9
/9
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
95
19
10,4% dos 413 imóveis existentes no município de Colinas, o que, prima face, já demonstra a
situação da reserva florestal legal no município quanto aos imóveis com e sem averbação.
10%
O mesmo acontece em relação à área ocupada pelos imóveis que possuem reserva legal
percentual que se aproxima do total de imóveis sem averbação da reserva legal, confirmando
o descompasso entre a situação fática dos imóveis rurais de colinas e a exigência contida no
município de Colinas do Tocantins no ano de 2008, em relação à área ocupada por imóveis
19%
81%
Área ocupada por imóveis com
reserva legal averbada
Figura 8. Área ocupada por imóvel rural com reserva legal averbada no município
de Colinas.
39,6%. Há menor ocorrência de averbações nas propriedades acima de 1000 ha, com 2
registros (4,6) e nas pequenas propriedades de até 100 ha, com 4 registros (9,3).
Os dados obtidos podem ser valorados ainda em relação ao total de averbações pela
averbações em relação aos imóveis de até 100 ha, que contam com 194 unidades, das quais
apenas 4 possuem reserva legal averbada. A maior incidência ocorreu nos imóveis acima de
dificuldades para estabelecer a reserva legal em suas propriedades ou posses rurais, já que
apenas 2% dos imóveis desta categoria possuem a reserva legal averbada na matrícula
A ocorrência de averbação por categoria de imóvel e pelo total de registros pode ser
conferida na tabela 5.
100 ha (2% do total de imóveis da categoria ou 9,3% do total de imóveis com averbação)
radicado na região amazônica, para quem a exploração econômica de cada parcela do imóvel
No entanto, quando a pequena parcela rural for localizada em assentamento rural, pode
haver menor dificuldade em implantar a reserva legal. Neste caso, é possível equacionar o
problema no seu nascedouro, instituindo a reserva legal dos lotes ainda na fase de implantação
do projeto, o que pode ser feito de duas maneiras. De forma individual em cada lote, com a
Contudo, para que o uso da terra seja feito sem o comprometimento ou o esgotamento
reserva legal dentro do projeto. SILVA e MARTINS (2007, p. 3127), comungando de tal
entendimento constaram que a reserva legal localizada em local próximo da área de produção
agropecuária em assentamento rural fica susceptível à exploração indevida, o que
com a criação de gado bovino em regime de cria e de aluguel de pasto, e em menor escala a
mediante condomínio, mas a área escolhida ainda não foi averbada na matrícula imobiliária
dos imóveis, pelo fato de que se encontram, ainda, em fase de regularização fundiária.
Destarte, a reserva legal não vem cumprindo sua função social nas áreas de
assentamento rural, pois a área reservada para tal, seja na forma isolada na propriedade rural
ou assentado rural, sem que haja a utilização indevida da reserva legal pela agricultura ou
pecuária.
5.4 ANÁLISE DA RESERVA LEGAL NA PROPRIEDADE RURAL DO MUNICÍPIO
DE COLINAS DO TOCANTINS
Reserva Florestal Legal, foi eleito o método de pesquisa por amostragem, com a aplicação de
Colinas, sendo quatro pequenos proprietários, com áreas de até 50ha, cinco médios
proprietários, com áreas de até 999ha e três grandes proprietários, com área acima de
1.000ha.
rural, com as questões 1 a 9; reserva florestal legal na propriedade rural, com as perguntas 10
Colinas do Tocantins, sendo que a maioria dos entrevistados (cinco) respondeu que é boa,
quatro que é ótima e 3 que é regular. A figura 9 demonstra a qualidade do meio ambiente no
25% Otim a
42% Boa
33%
Regular
grande maioria (onze) afirmou que tem percebido modificações no meio ambiente de sua
região, com a diminuição da quantidade de água nos rios e córregos, cuja causa, segundo a
afirmou que o clima e o volume de água das chuvas permanecem iguais. A percepção dos
entrevistados sobre mudanças no meio ambiente da região pode ser observada na figura 10:
8%
Houve m udança
existentes em seus imóveis, a maioria dos entrevistados (cinco) respondeu que é ótima. A
25% Ótima
42% Boa
Regular
33%
que é ótimo ter arvores em sua propriedade e que mantém a vegetação nativa ao longo dos
cursos d’água.
A presença de matas e cerrados nos imóveis quando foram adquiridos pelos atuais
Sim
25%
Não
42%
Em parte
33%
Observe-se que apesar da maioria dos entrevistados terem adquiridos seus imóveis já
mantendo inclusive a vegetação da mata ciliar, o que demonstra uma percepção protecionista
Perguntados sobre quais são as espécies de árvore mais comuns na região, a totalidade
dos entrevistados afirmou que são o Ipê Roxo e o Ipê Amarelo, muito embora não sejam
abundantes, podendo ser ainda hoje encontradas nas diversas regiões do município. O Pau
Brasil e a Aroeira foram citados como espécies raras, ou mesmo ausentes na maioria das
posses rurais.
Questionados se sabem o que é a reserva florestal legal, a maioria dos entrevistados (8)
respondeu que já ouviu falar, e 4 responderam que sabem o que é, o que demonstra, no
33%
demarcar e averbar a reserva florestal legal, a maioria dos entrevistados (nove) afirmou já ter
propriedades rurais de Colinas prejudica sua implantação, o que poderia ser modificado
importância da reserva legal para a sua propriedade e para a comunidade em que vive, as
Figura 14. Conhecimento dos proprietários rurais sobre a lei da reserva legal.
da lei que determina a demarcação e a averbação da reserva florestal legal nas propriedades
rurais, ou seja, a MP. 2166/67 e o Código Florestal por ela alterado, a unanimidade dos
entrevistados afirmou que acha a idéia da Lei boa, pois como já dito alhures, serve para
Quanto à existência ou não de reserva florestal legal no seu imóvel, a maioria dos
entrevistados (nove) respondeu que ainda não providenciaram sua demarcação, embora três
afirmem que possuem em suas propriedades áreas com vegetação nativa destinada a esse fim.
A totalidade dos entrevistados que não possuem reserva florestal legal afirmaram que pretende
25%
propriedades, a unanimidade dos entrevistados acha certo tê-la, pois serve para preservar o
Questionados sobre qual tamanho ideal da reserva florestal legal, a maioria dos
entrevistados (cinco) afirmaram ser de 20% do imóvel. O mesmo número (cinco) respondeu
que a parcela ideal é a de 35%. Apesar de contar na questão o percentual de 80%, não houve
17% 20%
35%
41%
50%
42%
Figura 16. Tamanho ideal da reserva legal segundo o proprietário rural de Colinas.
Todos os proprietários que não tinham a reserva legal averbada em sua propriedade
afirmaram que ainda não tinha tentado fazê-lo, e que não tinham tido até então nenhum
mesma. Os que ainda não a possuíam, afirmaram não terem tido iniciativa de regularizar suas
propriedades, a maioria dos entrevistados (seis) respondeu que preferiria fazê-lo com a
foram fiscalizados por qualquer tipo de instituição. Dos entrevistados, apenas dois, ambos do
Terra da Igreja Católica e, dentre outras questões, lhes foi perguntado sobre a presença ou não
justiça o fato de a maioria dos entrevistados não a terem implementado e não terem tido
crédito agropecuário aos proprietários rurais que não portarem certidão de regularidade
ambiental ainda não tiveram efeito junto à classe rural. Por certo, pelo fato de os proprietários
entrevistados ainda não terem necessitado de obtenção de crédito. Certamente com o passar do
entrevistados.
A maioria dos entrevistados (nove) afirmou que são casados, tem filhos (doze) e
ou de pecuarista (cinco), sendo que a maioria (sete) respondeu que possuem empregados. A
maioria dos entrevistados (dez) tem entre 51 e 60 anos de idade e possuem nível de educação
fundamental (dez), sendo que somente dois deles tem curso superior.
tamanho da mesma. Entre os pequenos proprietários a renda anual oscila entre R$ 5.000,00 à
R$ 20.000,00 anuais. Entre os médios proprietários, a renda anual vai até R$ 50.000,00 e entre
Florestal Brasileiro não é respeitada pela maioria dos proprietários de imóveis rurais do
Cartório de Registro de Imóveis, não existem dados sobre a quantidade e a situação jurídica
imóveis rurais, sendo que a maior parte deles (92%) possui título definitivo de propriedade.
rurais com reserva florestal legal averbada nas respectivas matrículas imobiliárias, o que
Em nenhum dos imóveis que possuem reserva legal averbada junto ao Cartório de
Registro de Imóveis foi obedecido o percentual de 80%, previsto para áreas de floresta na
Amazônia Legal, embora existam no território de Colinas do Tocantins 667 mil hectares com
potencial de floresta.
A análise dos dados demonstrou que, apesar da maioria dos proprietários terem cursado
de fiscalização. Tal situação deve mudar com a vigência da legislação em vigor a partir de
período 2000/2008 pode ser considerado pequeno, mas equivale a 56,19% da área de floresta
remanescente do município no ano de 2000, que era de 10,5 km². Se houver a continuidade
por volta do ano de 2015, estarão esgotadas, por completo, as áreas de floresta natural do
A solução para evitar tal catástrofe, seria a implantação da Reserva Florestal Legal nas
de acordo com o que estabelece o caput e o § 1º. do artigo 16 do Código Florestal, e que tem
sido exigido pela Resolução 3545/08 do Conselho Monetário Nacional em conjunto com as
Assim, as áreas onde houver a presença do Bioma Amazônia devem ter a Reserva
Florestal Legal de 80% e nas em que o Bioma encontrado for do tipo Cerrado, a exigência
deve cair para 35%, ficando ao encargo dos institutos ambientais a tarefa de averiguar a
certificar qual o tipo de vegetação existente no local onde será implantada a reserva legal.
adequando.
7. RECOMENDAÇÕES
rurais do município;
Altera os arts. 1o, 4o, 14, 16 e 44, e acresce dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de
1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de 19 de
dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, e
dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62, e tendo
em vista o disposto no art. 225, § 4o, da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória,
com força de lei:
Art. 1o Os arts. 1o, 4o, 14, 16 e 44, da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a
vigorar com as seguintes redações:
"Art. 1o ..........................................................
I - pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho
pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiro e
cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em oitenta por cento, de atividade agroflorestal
ou do extrativismo, cuja área não supere:
a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima,
Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos
Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão ou
no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-grossense;
II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a
de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação
e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e
proteção de fauna e flora nativas;
IV - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
V - interesse social:
b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas
de extinção, bem como as espécies necessárias à subsistência das populações extrativistas,
delimitando as áreas compreendidas no ato, fazendo depender de licença prévia, nessas áreas,
o corte de outras espécies;
.........................................................." (NR)
"Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de
preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou
objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a
título de reserva legal, no mínimo:
I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia
Legal;
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na
Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na
forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e
seja averbada nos termos do § 7o deste artigo;
III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de
vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e
IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer
região do País.
§ 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob
regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e
científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste
artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas.
I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta
por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente,
os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva
biodiversidade e os corredores ecológicos; e
II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste
Código, em todo o território nacional.
§ 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à
vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de
reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do
solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal
exceder a:
II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e
III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso
I do § 2o do art. 1o.
§ 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado
pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título
executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características
ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no que couber,
as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural.
§ 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma
propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do
órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis
envolvidos." (NR)
"Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural,
primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao
estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5o e 6o,
deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:
I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no
mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo
com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente;
III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e
extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia,
conforme critérios estabelecidos em regulamento.
§ 2o A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário
de espécies exóticas como pioneiras, visando a restauração do ecossistema original, de acordo
com critérios técnicos gerais estabelecidos pelo CONAMA.
§ 3o A regeneração de que trata o inciso II será autorizada, pelo órgão ambiental estadual
competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o
isolamento da área.
§ 5o A compensação de que trata o inciso III deste artigo, deverá ser submetida à aprovação
pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento
de área sob regime de servidão florestal ou reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o
art. 44-B.
§ 6o O proprietário rural poderá ser desonerado, pelo período de trinta anos, das obrigações
previstas neste artigo, mediante a doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada
no interior de Parque Nacional ou Estadual, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva
Biológica ou Estação Ecológica pendente de regularização fundiária, respeitados os critérios
previstos no inciso III deste artigo." (NR)
"Art. 3o-A. A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser
realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para
atender a sua subsistência, respeitados os arts. 2o e 3o deste Código." (NR)
"Art. 37-A. Não é permitida a conversão de florestas ou outra forma de vegetação nativa para
uso alternativo do solo na propriedade rural que possui área desmatada, quando for verificado
que a referida área encontra-se abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada,
segundo a vocação e capacidade de suporte do solo.
§ 4o Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão da vegetação que abrigue
espécie ameaçada de extinção, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras
que assegurem a conservação da espécie.
§ 1o A limitação ao uso da vegetação da área sob regime de servidão florestal deve ser, no
mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.
"Art. 44-B. Fica instituída a Cota de Reserva Florestal - CRF, título representativo de
vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de Reserva Particular do Patrimônio
Natural ou reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os
percentuais estabelecidos no art. 16 deste Código.
Art. 3o O art. 10 da Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte
redação:
§ 1o ..........................................................
I - ..........................................................
II - ..........................................................
a) ..........................................................
b) ..........................................................
c) ..........................................................
..........................................................
§ 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e
"d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do
declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com
juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é
verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." (NR)
Art. 4o Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória no 2.080-64,
de 13 de junho de 2001.
RESOLVEU:
Art. 1º O MCR 2-1 passa a vigorar com as seguintes alterações e novos dispositivos:
Art. 2º O MCR 2-2-11 passa a vigorar com a seguinte adequação de redação em sua
alínea "c":
Art. 1o Considerar todos os municípios dos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia e Roraima, bem como os municípios dos Estados do Maranhão, Mato Grosso e
Tocantins, listados na forma do Anexo a esta Portaria, como municípios abrangidos pelo Bioma
Amazônia.
ANEXO
“Art. 1º ...................................................................................
..................................................................................................
Parágrafo único. Para os imóveis situados nos municípios listados no anexo desta Portaria o
órgão ambiental estadual ou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA poderão emitir declaração que imóvel rural não se encontra localizado
no Bioma Amazônia, para fins do disposto no item 17 do manual de Crédito Rural MCR 2-1,
com redação dada pela Resolução 3.583, de 30 de junho de 2008, do Conselho Monetário
Nacional.” (NR)
CARLOS MINC
Art. 1o O art. 22 da Lei .4.947, de 6 de abril de 1966, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
....................................................
§ 5o Nos casos de usucapião, o juiz intimará o INCRA do teor da sentença, para fins de
cadastramento do imóvel rural.
§ 6o Além dos requisitos previstos no art. 134 do Código Civil e na Lei 7.433, de 18 de
dezembro de 1985, os serviços notariais são obrigados a mencionar nas escrituras os seguintes
dados do CCIR:
I – código do imóvel;
II – nome do detentor;
IV – denominação do imóvel;
V – localização do imóvel.
"Art. 1o ................................................
§ 2o Fica criado o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR, que terá base comum de
informações, gerenciada conjuntamente pelo INCRA e pela Secretaria da Receita Federal,
produzida e compartilhada pelas diversas instituições públicas federais e estaduais produtoras
e usuárias de informações sobre o meio rural brasileiro.
§ 3o A base comum do CNIR adotará código único, a ser estabelecido em ato conjunto do
INCRA e da Secretaria da Receita Federal, para os imóveis rurais cadastrados de forma a
permitir sua identificação e o compartilhamento das informações entre as instituições
participantes.
"Art. 2o ..............................................
.........................................................
"Art. 8o .............................................
........................................................
§ 3o São considerados nulos e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto neste
artigo não podendo os serviços notariais lavrar escrituras dessas áreas, nem ser tais atos
registrados nos Registros de Imóveis, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e
criminal de seus titulares ou prepostos.
.................................................."(NR)
Art. 3o Os arts. 169, 176, 225 e 246 da Lei .6.015, de 31 de dezembro de 1973, passam a
vigorar com as seguintes alterações:
.......................................................
II – os registros relativos a imóveis situados em comarcas ou circunscrições limítrofes, que
serão feitos em todas elas, devendo os Registros de Imóveis fazer constar dos registros tal
ocorrência.
...................................................."(NR)
§ 1o ....................................................
..........................................................
II - .....................................................
.......................................................
......................................................
.........................................................
§ 3o Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os limites e as
confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por profissional
habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as
coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao
Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a
isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não
exceda a quatro módulos fiscais."(NR)
"Art. 246. ................................................
Art. 4o A Lei 6.739, de 5 de dezembro de 1979, passa a vigorar acrescida dos seguintes
arts. 8oA, 8oB e 8oC:
"Art. 8oB Verificado que terras públicas foram objeto de apropriação indevida por quaisquer
meios, inclusive decisões judiciais, a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município
prejudicado, bem como seus respectivos órgãos ou entidades competentes, poderão, à vista de
prova da nulidade identificada, requerer o cancelamento da matrícula e do registro na forma
prevista nesta Lei, caso não aplicável o procedimento estabelecido no art. 8oA.
§ 1o Nos casos de interesse da União e de suas autarquias e fundações, o requerimento será
dirigido ao Juiz Federal da Seção Judiciária competente, ao qual incumbirão os atos e
procedimentos cometidos ao Corregedor Geral de Justiça.
§ 4o Não se aplica o disposto no art. 254 da Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, a títulos
que tiverem matrícula ou registro cancelados na forma deste artigo."
"Art. 8oC É de oito anos, contados do trânsito em julgado da decisão, o prazo para
ajuizamento de ação rescisória relativa a processos que digam respeito a transferência de
terras públicas rurais."
Art. 5o O art. 16 da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
...........................................................
DENOMINAÇÃO:_______________________________________________________
PROPRIETÁRIO:________________________________________________________
ÁREA:_________________________________________________________________
LOCALIZAÇÃO:________________________________________________________
ATIVIDADE:___________________________________________________________
QUESTIONÁRIO
7 - Nas margens dos cursos de água existentes na sua propriedade existe vegetação
nativa?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
13 - Em sua opinião a Reserva Florestal Legal serve para preservar o meio ambiente?
( ) SIM ( ) NÃO
Por quê? _______________________________________________________________
14 – O Senhor conhece a Lei que obriga o proprietário a ter Reserva Florestal Legal?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) JÁ OUVIU COMENTÁRIOS
17 - O Senhor sabe como fazer para ter uma Reserva Florestal Legal?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) JÁ OUVIU ALGUEM COMENTAR
24 – Residência principal:
( ) NA PROPRIEDADE ( ) NA CIDADE ( ) EM AMBAS
25 – Estado civil:
( ) SOLTEIRO ( ) DIVORCIADO ( ) CASADO ( ) UNIÃO ESTÁVEL
26 - Tem filhos?
( ) SIM = QUANTOS _____ ( ) NÃO
28 – Possui empregados?
( ) SIM = QUANTOS ______ ( ) NÃO
MESTRADO PROFISSIONAL/UFAM/CASA/FECOLINAS