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agosto 2004 :: ano1 :: nº8 :: www.arteccom.com.

br/webdesign by
agosto 2004 :: ano1 :: n 8 :: www.arteccom.com.br/webdesign

e d i t o r a

arteccom

R$ 6,90

aprenda a
RETORNO
planejar lucro para obter
Webdesign

portfólio e-mais dose imperdível:


Rage dupla! o passo-a-passo
confira o trabalho tudo sobre Blogs do briefing e
desta agência e ainda medindo o
gaúcha como abrir uma retorno de um site
agência web

Abra a Kbça! Estudo de caso Kuat Confira o que os brasileiros conquistaram em Cannes
direitos autorais
3
Equipe

Editorial
quem somos

Cinco anos de Arteccom! Direção Geral


Adriana Melo
adriana@arteccom.com.br
“Hoje, quando repousar a cabeça no travesseiro, esqueça a distân-
Direção de Redação
cia que ainda tem a percorrer. Veja, ao contrário, quão longe já chegou”
Bete Veiga
(Bob Mowad). bete@arteccom.com.br

Dia 15 de Agosto, a Arteccom comemora cinco anos de uma trajetó- Direção de Arte
ria bem sucedida: primeiro ano: trabalhava como freelancer e funcioná- Patrícia Maia
patricia@arteccom.com.br
ria de uma empresa, quando surgiu a oportunidade de sub-locar um espa-
Ilustração
ço em uma firma no centro do Rio, que já tinha infra-estrutura física e
Beto Vieira

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
burocrática. Levamos nossos computadores, contratamos dois estagiários beto@arteccom.com.br

e nos transferimos. Felizmente, a experiência deu certo! Segundo ano: Diagramação


juntamos algumas economias e alugamos nossa própria agência. Contra- Bruna Werneck
bruna@arteccom.com.br
tamos pessoal, registramos empresa e funcionários. Enfim, além dos im-
Publicidade
postos, conquistamos também nosso espaço! Terceiro ano: com um bom
Daniele Moura
portfólio e um evento idealizado por nós – o “Encontro de Web Design” – daniele@arteccom.com.br

consolidamos nossa marca no mercado. Quarto ano: finalmente, tínha- Webdeveloping


mos uma equipe talentosa e completa: design, tecnologia, comunicação e Fabio Pinheiro
fabio@arteccom.com.br
marketing. Quinto ano: lançamos mais um grande desafio, que está,
agora, em suas mãos – a revista “Webdesign”.
Se nessa trajetória enfrentamos várias dificuldades, elas nos capa- Criação e edição
www.arteccom.com.br
citaram para hoje, unidos, solucionarmos problemas mais complexos.
Patrocínio
Nossa retribuição pelo carinho e compreensão está na página 45: www.locaweb.com.br

uma matéria super útil sobre como abrir uma agência web. E, que daqui a
Produção gráfica
cinco anos, vocês também tenham suas respectivas histórias de sucesso www.ediouro.com.br/grafica

para contar! ;-) Distribuição


www.chinaglia.com.br
Em nome da equipe Arteccom, um grande beijo e obrigada pela com-
panhia!

Adriana Melo.

4
menu
apresentação matéria de capa

pág. 4 quem somos pág. 19 entrevista: Fernando Tassinari

pág. 5 menu pág. 26 planejar é preciso


pág. 31 debate: planejamento é garantia
de sucesso?
contato
pág. 6 emails e-mais
pág. 6 fale conosco pág. 37 estudo de caso: Kuat
pág. 42 meu querido blog...
pág. 45 como abrir uma agência web
fique por dentro pág. 51 tutorial: montando uma edição em
pág. 9 adote esta página corte seco
pág. 10 clipping pág. 54 tutorial: acelere seu desenvolvimento
nova seção! pág. 12 direito na web usando templates

portfólio com a palavra


pág. 13 veterano: Rage pág. 56 webexperiences: Clovis La Pastina
pág. 18 calouro: João Carlos Ferraz pág. 58 webwriting: Marcela Catunda
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 user experience: Claudio Toyama
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5
emails

Assunto: NY-Rio Assunto: Programação e


envolvem a questão. Dessa forma, a cara do leitor, capaz de corresponder
oportunidades
Adorei a reportagem sobre esperamos facilitar ainda mais o às suas expectativas. Que você e os
direitos autorais (ed. 01/ bom exercício da profissão de demais sempre mantenham contato
Olá, ‘Webdesign’ & Cia.!
Jan), pois, ao me esclarecer, webdesigner. Espero que gostem! conosco para que possamos melhorar
Gostaria de dizer que a
evitou que, por falta de cada vez mais a qualidade da nossa
revista está demais! Já
conhecimento, cometesse um publicação. Um abraço!
estava na hora de lançarem
deslize. Aqui, nos EUA, a Assunto: Olha você aqui de
novo!!! no mercado editorial uma
legislação para informática
revista específica de
é levada muito a sério. Uma
Muito obrigado, equipe da webdesign. Compro a
publicação de tanta
‘Webdesign’, por divulgar meu revista desde o seu
qualidade como a
email. Custei a crer que era o lançamento e defendo a
‘Webdesign’ não pode
meu nome. É gratificante se tese de que com ‘crítica
ignorar o tema, já que, às
destacar dentre tantos se cresce’, então, sugiro
vezes, temos de pagar uma
emails, e isto demonstra matérias sobre programação
grande quantia a um
também a boa relação da web. Embora já existam
advogado para
revista com os leitores. inúmeras revistas
esclarecermos dúvidas do
Na edição 04, cinco abordando esse tema, o
gênero. Sugiro que na seção Assunto: Chega de briga!!!
renomados webdesigners do design e a programação na
‘Com a palavra’, dêem a
Brasil entrevistaram seis dos Como designer, toda vez que web são praticamente um
palavra a um advogado
melhores do mundo, tenho de fazer um layout é par perfeito, um não vive
especializado para ele nos
portanto, sugiro que vocês aquela briga para adaptar sem o outro.
ajudar a não infringir as leis
permitam que estudantes da 800x600, 1024x768, etc.. Outra coisa: por que não
com nossas criações bem
área entrevistem, dialoguem Sugiro que divulguem uma colocar na revista uma parte
como a proteger nossas
e debatam com profissionais pesquisa que mostre a de ‘Oportunidades’? Acredito
criações e direitos.
do Brasil (assunto não iria porcentagem de pessoas que que haja inúmeros
Fernanda Oliveira
nanditaolive@hotmail.com faltar!). O título poderia ser ainda usam 800x600 ou webdesigners sem uma
Olá, Fernanda! “Você pergunta e os melhores outras configurações. oportunidade, que acabam
Ficamos lisonjeados e gratos ao webdesigners do Brasil Pesquisei na internet e não escondendo seu trabalho ou
mesmo tempo. Sua sugestão já faz respondem”. encontrei nada. A Locaweb mudando de área por pensar
parte desta edição! Verifique, na Sei que o Encontro de Web lançou uma enquete sobre o ‘Vai ser muito difícil’. Talvez,
seção ‘Fique por dentro’, a coluna Design atende à sugestão assunto, mas o resultado não até as empresas buscariam
da Dra. Marianna Furtado. A partir referida, porém como há foi divulgado até agora. talentos na revista,
de dúvidas dos leitores, a advogada estados em que o evento Renato F. Nascimento anunciando oportunidades
ainda não chegou, seria uma renatonascimento@dgabc.com.br
abordará os aspectos jurídicos que etc..
boa idéia para preencher Solicitamos essa informação ao
Beijos e abraços!
essa lacuna. Espero que Cristian, gerente de marketing da Danilo Nunez
Locaweb, e conseguimos o que você danilonunez@terra.com.br
tenha acrescentado à revista
queria. Segue resultado da enquete Obrigada pelas idéias, Danilo.
e à equipe que acrescentam
realizada no site da Locaweb: Você pode encontrar informação
aos webdesigners de todo o
Qual a resolução de seu Monitor? sobre oportunidades nos sites
Brasil.
800 x 600 pixels - 909 votos - 21% apinfo.com, timaster.com.br e
Um forte abraço,
Cristiano Conte 1024 x 768 pixels - 2741 votos - 62% clickjobs.com.br. Quanto à sua
cristiano.conte@ibest.com.br sugestão sobre programação,
Outros - 745 votos - 17%
Oi, Cristiano levaremos para nossas próximas
Total de votos: 4.395
Assim você vai virar ‘figurinha reuniões de pauta. Continue
Um grande abraço,
fácil’ nesta seção. Sinal de que colaborando com a Webdesign!
Adriana
suas sugestões ajudam a fazer
da ‘Webdesign’ uma revista com

fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign


:: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

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8
adote esta página
adotou esta página

“Que cada indivíduo procure auxiliar os interesses alheios


e não somente os seus próprios interesses” Filipenses

Adotando esta página, a Locaweb contribuiu com R$600,00 para a manutenção do projeto Mage-Malien
– Crianças que Brilham, beneficiando integralmente crianças e jovens de comunidades menos favorecidas.
O projeto possibilita o acesso de crianças ao universo da educação, da arte e da cultura através de cursos
e oficinas ministrados gratuitamente pela equipe Beriba-Rei Capoeira. Ocupando de maneira sadia suas
horas de lazer, os jovens aprendem o exercício pleno da cidadania.
A Arteccom acredita na construção de um futuro melhor e agradece este gesto de solidariedade!

Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças: ligue para (21) 2253-0596 ou
envie um email para arteccom@arteccom.com.br e adote esta página!
Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien.

9
clipping

Design na Brasa
O terceiro encontro do evento acontecerá no dia 19 de setembro, no Sesi da Internet
Vila Leopoldina, em São Paulo. O evento funciona como uma grande equipe em é bom lugar
que todos contribuem com o necessário e ajudam no possível, gerando
para procurar
parcerias, apoios e patrocínios, dentre eles, Comunidadeweb, Imasters,
Freecode, 10minutos , designGráfico , DSJtraining, Atípico, Redpixel, namorado
Tipocracia, Bacalhau Riberalves, Churrascaria Poncho Verde e Europa Filmes. De acordo com uma representativa
Durante o evento, haverá vários sorteios – quadros pintados na hora pelo enquete do instituto de pesquisa Emnid,
artista plástico e tatuador Marcelo Coelho; cursos de c# pela DjsTraining, os sites de namoro na internet estão em
Tableless pela Atípico, 3ds Max completo em cd pela Red Pixel; sem contar as conjuntura.
camisetas do Imasters; filmes em dvd e muito mais. Quase 9 milhões de alemães procuram
O objetivo do encontro é, entre uma brincadeira e outra, informar e dar dicas parceiros através dos serviços online de
sobre design, criar oficinas, trocar experiências, fazer networking e, claro, contato. Aproximadamente um em cada
saborear um churrasquinho. dois entrevistados acha que a internet é
Para mais informações, acesse www.designnabrasa.com.br. a mídia ideal para isso.
(1)

Lightwave 3D tem revenda exclusiva Museu vai vender downloads


no Brasil de fotos de arte
Os profissionais de design já podem enriquecer seus currículos O Museu Hermitage, de São Petersburgo (Rússia), vai oferecer
contando com o apoio de uma empresa totalmente especializada downloads de fotos de arte para celulares, disse o diretor da
num dos mais premiados softwares 3D do mercado. A R3F Digital instituição. “Graças a esse projeto, as pessoas terão outra
Design, revenda autorizada Newtek, é a primeira empresa oportunidade de conhecer as obras do Hermitage”, disse. “Será uma
brasileira dedicada exclusivamente ao Lightwave 3D, oferecendo oportunidade simples e moderna, que, ao mesmo tempo, não vai
além da importação, total suporte e treinamento no produto. diminuir a importância do Hermitage. Será uma nova oportunidade
O Lightwave 3D é o mais completo e flexível software capaz de de trazer a beleza para nossa vida”.
abranger  todos os tipos de projetos. Considerado um dos Piotrovsky disse que reproduções de cerca de cem obras de arte
melhores renders realísticos do mercado, o software é utilizado estarão disponíveis para download, de pinturas de Rembrandt até
para modelagem, animação e efeitos especiais. Além de ser o imagens de esculturas de ouro. Cada foto será vendida por US$ 1,
único multiplataforma (mac/pc) num só produto, tem a melhor enquanto imagens com descrições serão vendidas por US$ 2,50. Ele
curva de aprendizagem se comparado aos seus concorrentes. não soube dizer quando o serviço começará a ser oferecido aos donos
Conheça mais sobre o Lightwave 3D, acessando o site da R3F de celulares russos.
www.r3f.com . (2)

Cemitérios poderão ter vídeo gravado pelos mortos


Um inventor nos Estados Unidos criou uma forma moderna para permitir que os mortos se
comuniquem com seus entes queridos: instalando telas de vídeo em seus túmulos. Robert
Barrows explicou que as pessoas poderiam deixar mensagens gravadas em vídeo antes de
morrer, e estas seriam mostradas aos amigos, familiares ou até mesmo curiosos.
Barrows disse que essas mensagens poderiam incluir histórias que se passaram com a
pessoa ou a sua opinião final sobre um desentendimento com alguém. A iniciativa
também poderia se transformar em fonte de recursos para os cemitérios. “Você pode
caminhar de túmulo em túmulo e clicar para ver o que aquela pessoa queria dizer
antes de morrer”, disse ele à BBC.
Outra opção seria conectar o equipamento ligado ao túmulo à internet, possibilitando
aos futuros mortos que programem a exibição de mensagens para bem depois de sua
morte. O equipamento no túmulo poderia ainda ter formas de cobrar ao usuário com
moedas ou com cartão de crédito.
(3)

10
clipping
iTunes Europa vende 100 milhões de músicas
Uma versão de Somersault, do duo britânico Zero 7, foi a milionésima música vendida pela iTunes Europa. O americano Kevin Britten, de
Hays, no Kansas, que pagou US$ 1,86 dólar pela canção, foi premiado com um computador, um player iPod e um voucher que lhe dá
direito a 10 mil downloads. Segundo a Apple, a iTunes, que estreou na Alemanha, França e Reino Unido em junho último, é agora a maior
loja virtual do mundo de download legal de músicas.
Com o fim do Kazaa, rede de troca de arquivos online, anunciado para breve,
a iTunes deve reinar absoluta por muitos anos no cenário da internet. (4) 25% dos internautas já
baixaram filmes; pirataria
Escola ensina a combater hackers deve crescer
Um em cada
Seiscentos alunos de uma escola pública de Cingapura estão invadindo seus
quatro
próprios computadores em rede como parte de um curso que ensina como evitar
internautas já
a ação dos hackers mal-intencionados. “Para pegar um ladrão, você tem de
baixou filmes
saber como ele age”, diz Steven Chew, professor de computação e tecnologia de
ilegalmente e
rede da Politécnica de Cingapura.Chew acredita que seus alunos poderão
o problema
quebrar a segurança do Centro de Operações da escola, que é em parte
deve piorar,
sustentado pela IBM e Cisco Systems, em apenas uma hora. Mas ele não quer
disse a
que nenhum de seus discípulos seja um criminoso cibernético.“Nós também
MPAA,
alertamos nossos alunos sobre a ética e a lei que regem o ato de hackear em
entidade que
Cingapura. Aqui, os infratores podem pegar três anos de prisão e pagar multa de
representa os
5.800 dólares americanos”, esclarece Steven Chew.
(5) estúdios
cinematográficos
dos Estados Unidos e patrocinou um estudo
Espinafre pode converter luz em energia para laptops sobre a pirataria.
Para a pesquisa, a MPAA entrevistou 3.600
A força do espinafre não serve apenas para a personagem dos desenhos animados
internautas de todo o mundo, que regularmente
Popeye. Em um futuro breve, o vegetal também poderá gerar energia para fazer os
vão ao cinema. Vinte e cinco por cento desses
computadores funcionarem.
usuários admitiram ter baixado um filme pirata
Em artigo publicado na revista “Nano Letters”, pesquisadores norte-americanos
da rede mundial de computadores.
relataram ter conseguido criar células solares eficientes e mais baratas utilizando o
O que mais preocupa os estúdios de Hollywood,
espinafre. Estas células poderiam cobrir laptops e fornecer
porém, é que a maioria das pessoas que
energia renovável aos aparelhos. A equipe de Marc
baixaram filmes disse que reduziram as idas ao
Baldo, do MIT (Instituto de Tecnologia de
cinema e estão comprando menos DVDs, disse o
Massachusetts), isolou uma variedade de
site da “BBC” (news.bbc.co.uk).
proteínas fotossintéticas e as colocou entre
O estudo diz ainda, que a pirataria de filmes pela
duas camadas de finas películas condutoras
internet deve aumentar à medida que mais
—neste caso, ouro.
pessoas passarem a usar conexões de banda larga.
Os pesquisadores, agora, estão tentando
Um quinto dos entrevistados disse que não se
repetir o sucesso do experimento com
sente culpado em obter cópias de filmes antes
proteínas extraídas da ervilha.
(6) mesmo de eles estrearem nos cinemas. (7)

(01) http://www1.folha.uol.com.br/folha/dw/ult1908u874.shtml
(02) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u16413.shtml
(03) http://informatica.terra.com.br/interna/0,,OI339889-EI553,00.html
(04) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u16427.shtml
(05) http://www.estadao.com.br/tecnologia/informatica/2004/jul/07/38.htm
(06) http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12109.shtml
(07) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u16421.shtml

11
direito na web

nova seção! nova seção! nova seção! nova seção! nova seção! nova seção!

Direitos do webdesigner: quando o


cliente vai além do contrato
Sou webdesigner e, no fim do ano passado, um cliente me contratou para criar um
website. Agora, fiquei sabendo que ele quer utilizar o layout do site para estampar
camisas e vender. Não gostaria que isso acontecesse. É possível que, na condição
de criador do site, eu possa evitar essa utilização de alguma forma?
Gustavo Paranhos, gugaparanhos@yahoo.com.br

Sua dúvida refere-se a contratos envol- suspender qualquer forma de utilização já

Marianna Furtado é vendo direitos autorais dos webdesigners autorizada.


advogada com pós-graduação (autores do projeto gráfico de um site), mais Direito Patrimonial – meio pelo qual o
em Direito da Propriedade
especificamente sobre os limites de utilização criador realiza a fruição econômica da obra,
Intelectual pela PUC-Rio.
Atualmente, pertence à da obra contratada (no caso, o próprio proje- ou seja, o autor, ao negociar a utilização de
equipe do escritório to gráfico). sua obra por terceiros, está negociando
Montaury Pimenta, Machado
Antes de tudo, é importante esclarecer apenas os seus Direitos Patrimoniais. Os
& Lioce Advogados.
que Direito Autoral, em razão da existência Direitos Morais, como dito anteriormente,
Envie sua dúvida para:
de vínculos pessoais e patrimoniais entre o permanecem com o autor, fazendo com que
marianna@montaury.com.br
autor e a obra, é subdividido em duas espéci- o contratante dos serviços de webdesigner
es de direitos: os Direitos Morais e os Direitos esteja obrigado a sempre utilizá-los nos
Patrimoniais. moldes expressamente autorizados pelo
Direitos Morais – irrenunciáveis e autor no contrato.
inalienáveis, ou seja, nem mesmo o próprio Se o projeto gráfico foi desenvolvido
autor pode dar, vender, alugar, emprestar ou pelo webdesigner e contratado apenas para
‘abrir mão’ desses direitos relativos à sua ser utilizado no ‘site’, isto é, caso no contrato
obra. Possibilitam que o autor reivindique, a não esteja expressamente autorizado a utili-
qualquer tempo, a autoria da obra; tenha o zação do projeto gráfico criado pelo leitor
seu nome, pseudônimo ou sinal convencional para estampar camisetas, ele poderá, sim,
indicado ou anunciado na obra como sendo o impedir esse uso nas camisetas que seu clien-
autor, na sua utilização; conserve a obra te deseja comercializar.
inédita; assegure a integridade da obra, Conclusão: qualquer utilização distinta
opondo-se a quaisquer modificações, ou à da expressamente autorizada em contrato
prática de atos que, de qualquer forma, pos- pelo autor consiste em ato ilícito por caracte-
sam prejudicá-la, ou atingi-lo, como autor, rizar violação de direitos autorais, mesmo
em sua reputação e honra; modifique a obra, quando, originariamente, vinculados por con-
antes ou depois de sua circulação, ou de lhe trato o autor e o usuário da obra.

12
portfólio :: veterano
Rage:
talento
que vem
das ruas
por André Philippe

Com apenas 21 anos e já diretor de criação da agência

Rage, Gustavo Rodrigues revela que foi a partir de uma


relação de amor e ódio que nasceu o seu primeiro contato

com o design. Fruto da filosofia de trabalho de sua


agência, que é o foco no resultado, o designer dá a

receita do sucesso de seus projetos.

www.rage.com.br

13
portfólio :: veterano

Não é de hoje que a aversão a com-


putadores tornou-se um grande empeci-
lho à “inclusão digital” dos que não con-
seguiram acompanhar os avanços
tecnológicos do final do século XX. Mui-
tos destes ainda persistem no pensa-
mento de que os jovens antenados
com a informática não tiveram infância ou,
talvez, não saibam mais o significado da ex-
pressão “brincar na rua”. Entretanto, no caso
de Gustavo Rodrigues, foi justamente de um
esporte praticado fora de casa que ele se de transfor-
Ramalho :
José Antonio Ramalho é o autor
envolveu no mundo dos pixels e megabytes. mar o seu fanzine de
brasileiro de livros de informática E, por incrível que pareça, partiu de uma ár- skate numa publicação online.
com mais de 50 títulos publicados
dua luta travada com o bom e velho PC a sua “Aprendi alguns softwares, li alguns li-
em português. Especialista em
linguagens de programação, teve
relação com o design. vros do Ramalho e comecei com a internet
oito de suas obras traduzidas Gustavo aproximou das artes gráficas numa época em que tudo era muito tosco,
para o espanhol e duas para o
devido a um fanzine de skate que fazia aos 14 cheio de ‘bevels’, sombras e alguns ‘lens-
inglês. Um de seus livros mais
conhecidos é o “Iniciando em
anos de idade. Naquela época, viu-se força- flares’ perdidos. Desviei-me disso e comecei a
HTML”. do a encarar o mundo dos teclados e mouses criar de uma forma mais consciente”, afirma
www.ramalho.com.br
para aprimorar o layout de seu informativo: Gustavo.
“Apesar de, no início, eu ter problemas com Simplicidade que dá resultados
computador por odiá-los, precisei aprender Com sede em Porto Alegre, a Rage surgiu
na época o temível Aldus PageMaker. A partir em 2002 e já possui uma conta invejável.
daí, fui me interessando por design”. Com trabalhos realizados para o grupo
Com formação técnica em design gráfico Iguatemi e lojas Renner, foi premiada por
pelo Centro Federal de Educação Tecnológica duas vezes como Agência Web do Ano, con-
do Rio grande do Sul (CEFET-RS), seu primei- cedidos pelo Salão Gráfico e pelo 1º Prêmio
ro envolvimento com a internet surgiu da idéia ARP de Mídia Interativa. Para Gustavo, o di-
ferencial da agência é o trabalho com foco no
resultado, indo além da presença da marca
na web: “Encontramos a solução que enten-
demos ser a melhor para o cliente no momen-
to, criando uma linha gráfica adequada e sis-
temas para suprir suas necessidades”.
Gustavo procura inspiração no seu dia-
a-dia e nas pequenas coisas que, talvez,
www.colombo.com.br www.inclusaototal.rs.gov.br passem despercebidas aos olhos dos mais dis-

14
portfólio :: veterano
“Somos contratados como especialistas e temos
que agir como tais, sugerindo ações, entendendo os problemas
e oferecendo soluções que vão gerar resultados para o cliente”
traídos. “Gosto de juntar experiências do cotidiano no meu online, toda parte de arquitetura da informação e
trabalho. Os meios urbanos me inspiram muito, então, às ve- navegabilidade foi tratada com cuidado pela equipe da Rage.
zes, saio com uma câmera digital para registrar coisas da rua “Nossa missão era, além de criar uma linha gráfica atraente,
e isso me ajuda muito na hora de criar. Gosto também de ver cuidar da navegabilidade do site, tudo dentro de limites rígidos
revistas de comportamento e moda, onde as tendências de de peso em kb. O que conseguimos foi um design interessante
design estão sempre evidenciadas”, conclui o designer.  e intuitivo, que agregou agilidade para o usuário fechar sua
Nos trabalhos da Rage é possível perceber o compra. Porém, o e-commerce muda constantemente e temos
detalhamento e a simplicidade que Gustavo demonstra ao que acompanhar o mercado, por isso, esse não é o primeiro
desenvolver um projeto. No hotsite feito para a campanha de layout desenvolvido para a loja e nem será o último. É uma cor-
outono-inverno das Lojas Paquetá, a interação entre o cursor rida contínua para atender cada vez melhor o cliente”, explica.
do mouse e o meio é destacada por movimentos suaves que a Cliente amigo
setinha faz em relação às “instabilidades climáticas” do No que diz respeito ao relacionamento do cliente com a
layout. Gustavo utiliza em sua criação elementos inusitados agência, Gustavo enfatiza que ouvir o outro lado é sempre
para cativar o usuário: “O público das Lojas Paquetá é exi- muito importante, pois ninguém mais do que o dono conhece a
gente, elegante e ágil. Para comunicar cada campanha, pre- própria empresa. Entretanto, ele alerta que, às vezes, questi-
cisamos desenvolver hotsites que realmente impressionem, onar algumas coisas antes de começar a produzir é importante.
explorando a arte de forma original e interativa”. “Somos contratados como especialistas e temos que agir como
Pesquisar para vender tais, sugerindo ações, entendendo os problemas e oferecendo
Em outro trabalho feito pela Rage, o designer enfatiza a soluções que vão gerar resultados para o cliente”, afirma.
pesquisa como fator determinante para definir um modelo ide- Mas, nem tudo são flores na hora de criar soluções que
Link:
al de interação com o usuário. No site da Colombo, rede de va- agradem não só aos usuários, mas, principalmente, a quem
Ramalho
rejo de eletroeletrônicos e móveis, um estudo de caso em e- está contratando os serviços na web. Algumas limitações téc-
José Antonio Ramalho é
commerce foi essencial para o seu sucesso de vendas. “Como nicas podem determinar os rumos de um projeto na internet.
o autor brasileiro de livros de
se tratava de comércio eletrônico, toda uma pesquisa foi Para Gustavo, o obstáculo que impede a livre criação é o tama-
informática com mais de 50 tí-
necessária. Navegamos nos maiores sites de e-commerce do nho em kbytes que uma peça pode atingir: “Muitas vezes, dei-
tulos publicados em portugu-
mundo atrás das me- lhores soluções para a Colombo, que já xamos de fazer algo muito legal para que todos possam ver da
ês. Especialista em lingua-
vê seu site como uma lucrativa loja, mesma forma. Outras vezes, optamos por perder alguns usu-
gens de programação, teve
pretendendo ampliar suas vendas em ários para oferecer uma solução mais interessante”. Uma bar-
oito de suas obras traduzidas
2004”, destaca Gustavo. reira também apontada pelo designer são os diferentes ambi-
para o espanhol e duas para o
Além da customização dos entes que cada usuário utiliza em relação à resolução de
inglês. Um de seus livros mais
procedimentos de compras vídeo, navegador e sistema operacional.
conhecidos é o “Iniciando em
HTML”.

as fotos nas polaroids foram tiradas por Gustavo Rodrigues, diretor de criação da Rage

15
portfólio :: veterano

“O crescimento não deve somente se limitar ao ambiente em que você está

inserido. Aprenda a aprender sozinho, pois o que forem ensinar para você, com

certeza, já estará ultrapassado”

Estudar nunca é demais


Outra dica importante é sobre como se
sobressair no mercado de trabalho. Segundo
Gustavo, a capacitação técnica do profissio-
nal é cada vez mais um fator determinante
para o seu sucesso: “Não adianta saber, tem
que ser o melhor no que faz. O mercado é
Ao lado, dois hotsites para as lojas focado, mas tente, além de conhecer a sua
Renner: o de cima foi para o mês das
crianças, e o de baixo, da campanha função, estudar e entender o processo num
“Tempo de Mulher”, que promoveu
todo, isso vai ajudar se algum dia você preci-
palestras e workshops sobre e para
mulheres. sar passar uma tarefa para alguém. Compa-
re seu trabalho, não só com o do colega ao
lado, mas também com os feitos para gran-
des marcas”.
E para os micreiros de plantão, que não
saem da frente do computador e desprezam
a expressão “brincar na rua”, fica aqui o
exemplo de Gustavo: nela se aprende muito
sobre a vida e, principalmente, como
retratá-la em suas diversas vertentes. Seja
no relacionamento com o colega de trabalho,
seja na sua visão de mundo, seja em apren-
der errando ou, simplesmente, na hora de
criar um site, vivenciar determinadas
emoções é essencial na hora de
transpô-las em sua arte. “O cresci-
mento não deve somente se limitar
ao ambiente em que você está in-
serido. Aprenda a aprender sozi-
nho, pois o que forem ensinar
para você, com certeza, já
estará ultrapassado”, finali-
za o ex-skatista.

16
Na coluna ao lado, de cima para baixo:
páginada loja de calçados Paquetá
<www.paquetá.com.br>,
teaser Paquetá na página em
construção e hotsite
<www.paquetá.com.br/
outonoinverno>

Abaixo: cartões da coleção Summer Hits

“Compare seu trabalho não só com o do colega ao lado,

mas também com os feitos para grandes marcas”

17
portfólio :: calouro

Ele é ‘safo’!
Paulista de Carapicuíba, João Carlos Botelho Ferraz tem 31 anos e
desde a infância mostrava uma vocação precoce para artes
gráficas que, com o passar do tempo e a evolução da tecnologia,
transformou-se em vocação para arte digital. auto-caricatura

Ainda no colégio, João Ferraz cursou segundo grau técni- empresarial, a mesma segmentação de funções que agiliza a
co de desenho publicitário, que foi complementado com o cur- produção pode acabar filtrando o processo criativo, anulando
so de ilustração publicitária na Escola Panamericana de Arte. a identidade do trabalho num fenômeno que apelidei de ‘telefo-
Apesar de não ter cursado faculdade, vem conseguindo se ne-sem-fio’”.
manter no mercado há dez anos. Entretanto, embora valorize Quanto ao mercado de design, analisa: “O mercado está
mais a vocação do que a formação acadêmica superior, reco- sucateado, não existe uma tabela de preços definida, aliás, nin-
nhece a importância do terceiro grau: “É muito vantajoso ter guém pratica a tabela da ADG porque é muito elevada. Estas va-
um embasamento cultural e técnico, mas se não puder cursar riações geram uma confusão que se reflete até em grandes edito-
uma faculdade, sente na frente do computador e fuce, fuce, ras e agências, afinal, ‘o sobrinho faz!’. Fora isso, a exigência de
fuce... estude o máximo possível na web”. nota fiscal devido à prática da terceirização obriga à abertura de
Dividindo-se entre trabalhos freela e fixos, João ficou uma microempresa, coisa que não é tão simples assim”.
conhecido principalmente na área editorial, onde, segundo Precavido como todo bom taurino, afirma convicto: “Gos-
ele, há uns oito anos atrás era muito raro encontrar ilustrado- to muito de ser freelancer, porém sempre tenho o meu fixo!”.
res 2D e 3D. “Essa foi uma grande vantagem, que me abriu Mas também tem ideais: “Sonho em fazer outras modalidades
portas para trabalhos fixos”. Dentre seus clientes estão edito- de animação e design 3D – curtas, filmes pequenos (nada mui-
ras Abril e Escala e jornal Valor Econômico. to pretensioso). Adoro fazer ilustrações lúdicas e desenhos em
“Lidar diretamente com o cliente é o ponto positivo de ser 3D bem-humorados. Sucesso e dinheiro são conseqüências de
freela, enquanto o negativo é a instabilidade. Já no ambiente um trabalho bem feito”, conclui.

“Há uns anos era


raro encontrar
ilustradores 2D e
3D. Essa foi uma
grande vantagem,
que me abriu portas”

Interfaces de dvds projetados por João Carlos

O site do João Ferraz é <www.lightshock.hpg.ig.com.br> e o email para contato, ferraz02@terra.com.br.


18 Para participar da seção portfólio, cadastre-se no site www.arteccom.com.br/webdesign.
entrevista
PLANEJAMENTO
uma via de mão-dupla
Por André Philippe

Em entrevista à Webdesign, Fernando Tassinari, diretor de planejamen-


to da Euro RSGC 4D (filial brasileira da Euro RSGC Worldwide, agência de
marketing digital que presta consultoria para empresas como Intel, Nokia,
Tim e StarOne), nos revela preciosas di-
cas sobre planejamento estratégico
na rede. Numa conversa produtiva,
ele aborda aspectos importantes da
web, como usabilidade e arquitetura
da informação, e fala sobre como al-
cançar bons resultados. Prestem
atenção às suas palavras, pois
poderão ser muito úteis na
hora de planejar seu pró-
ximo produto para a
internet.

19
entrevista

Wd :: Existe uma diferença real em pla- Tassinari :: Existem diversas formas,


nejar estrategicamente para web ou há mas sempre dependentes dos objetivos
apenas uma adaptação das técnicas já do cliente. É preciso definir o que será
utilizadas em outros meios? mensurado e que métricas de mercado se-
Tassinari :: Há diferenças em planejar rão usadas como base. Se o projeto for de
para a internet, embora não se possa dizer comércio eletrônico, por exemplo, calcula-
que são radicais. Levamos em conta as mos o retorno por leads de vendas, que é
mesmas técnicas, porém com formas de o número (gerado por page views) de
execução muito diferentes. Na internet, pessoas interessadas em uma compra. Os
por exemplo, precisamos entender como o softwares utilizados podem ser vários já
usuário se relaciona com a marca, pois o difundidos no mercado, desde o
meio permite isso. Em outras mídias, os webtrends, um dos programas mais co-
consumidores são impactados pelas men- nhecidos para mensuração de acesso, até
sagens, mas dificilmente interagem com ferramentas personalizadas, desenvolvidas
elas. No caso da web, eles ‘usam’ o meio especificamente com esse objetivo. 
para se relacionarem ou se manifestarem Wd :: É feita alguma comparação entre
com uma determinada empresa, o que faz o retorno de um site e as outras ações
com que tenhamos a necessidade de en- de marketing da empresa e como estes
tender os diferentes cenários para tal resultados influenciam nos investimen-
interação. A possibilidade de análises e tos futuros de uma organização?
mensuração de resultados também implica Tassinari :: Os dados são apresentados
em modificações durante o planejamento, em conjunto, porém não necessariamente
pois com a internet conseguimos, na mai- devem ser comparados, já que apresentam
oria dos casos, ter efetivamente a compro- diferentes métricas. Mesmo assim, muitas
vação do retorno. empresas já estão fazendo essas compara-
Wd :: Como é medido este retorno e quais ções. Ainda não sei se os resultados po-
ferramentas são utilizadas para isto? dem ser considerados favoráveis ou desfa-

“Na internet, precisamos entender como o usuário se relaciona com a marca, pois
o meio permite isso. Em outras mídias, os consumidores são impactados pelas
mensagens, mas dificilmente interagem com elas”

20
entrevista
voráveis porque ainda há pouco histórico,
por incrível que pareça.
Wd :: Nas grandes produtoras existe o
diretor de planejamento, designado es-
pecificamente para a estratégia de um
produto online. Resumidamente, quais
“O profissional de
são suas atribuições?
planejamento
Tassinari :: Basicamente, é quem entende
direciona e define
a demanda de marketing do cliente e define
os passos do
internamente quais as estratégias a seguir
projeto, seja ele
para tentar atingir os objetivos desejados.
de comunicação,
Ele pode, por exemplo, propor o uso de
marketing ou
mensagens para reforçar o ‘branding’ de
relacionamento, e
determinado produto e estimular o processo
o que será
de compra. Isso faz com que o arquiteto da
mensurado após
informação e os profissionais de criação pen-
sua realização”
sem em conjunto. O profissional de planeja-
mento define também os passos do projeto,
seja ele de comunicação, marketing ou rela-
cionamento, e o que será mensurado após
sua realização.
Wd :: Com relação ao cronograma de pro-
dução de um site, qual é o motivo mais
freqüente para o seu atraso?
Tassinari :: Falhas ou atrasos na valida-
ção dos milestones, que são pontos de ve-
rificação de cronograma e entrega das eta-
pas de desenvolvimento de um projeto.
Tanto a empresa que solicita o projeto como
a que está desenvolvendo têm responsabili-
dades no cumprimento do cronograma. Por
isso, empresas com um processo de traba-
lho eficiente levam vantagem em relação a
outras, que, normalmente, ‘vendem’ a um
custo menor. 
Wd :: Pela sua experiência, em mui-
tos casos o briefing entregue pelo
cliente já contempla o escopo de um

21
entrevista

projeto ou isto é definido em conjunto com o profissional de planejamento? 


Tassinari :: Não há regras, há briefings com e sem escopo definido. Depende muito do
momento e da empresa. Para projetos demandados pelo departamento de tecnologia da
informação das grandes empresas, normalmente, o escopo vem detalhado, definindo em
profundidade as funcionalidades e telas a serem desenvolvidas, sem impactar no plane-
jamento e na arquitetura da informação. Por outro lado, há casos de projetos demandados
por outros departamentos, como o de marketing ou comunicação, por exemplo, que ape-
nas apresentam seus objetivos e esperam que a agência defina o escopo como parte da
primeira fase do projeto. Mas para toda regra há exceção.
Wd :: Um bom planejamento estratégico custa caro?   
Tassinari :: Não, mas claro que depende muito do tamanho do projeto e dos seus obje-
tivos. Todo produto online demanda um planejamento, mas, para os grandes trabalhos,
esse planejamento tem que ser bem detalhado e envolve diferentes profissionais, tanto
de atendimento como de criação, arquitetura de informação e de tecnologia. Neste caso,
é necessário um investimento mais alto.
Wd :: Quando um cliente deseja divulgar seu negócio ou produto na rede, existe
algum tipo de consultoria para analisar se o seu empreendimento proporcionará
o retorno esperado na web?

Conte-nos,
Indecisão por parte
em até 8 linhas, as do cliente quanto ao projeto
principais causas de traçado, o que causa mudança repentina
de linha de projeto no seu meio ou, até
atraso no cronograma.
mesmo, alteração total em relação
Acesse www.arteccom.com.br/webdesign
ao projeto inicial.
para participar das enquetes!
Rodrigo Leandro Matos
<rodrigo@kriativus.com>

Prometer ao cliente
uma coisa que não sabe. Você Normalmente, o cliente não
perde tempo aprendendo (quando é disponibiliza o conteúdo completo
fácil, tudo bem, mas minha empresa já me para o desenvolvimento do site, mesmo
colocou em cada uma...). Isso faz com que leve quando informamos a necessidade do
tempo para finalizar. Djavan Carvalho planejamento. Andrea Soares
<djavancarvalho@uol.com.br> <asoares@ipqtecnologia.com.br>

22
entrevista
Tassinari :: Claro, existem consultorias que têm o papel de ajudar as empresas a melhor
se posicionarem no ambiente online, inclusive, buscando parceiros de investimento. A
Euro é uma empresa que até dá essa consultoria, mas somente para grandes clientes,
como Intel, Nokia, Tim e StarOne. Em casos menores, há consultores independentes, pro-
fissionais que trabalharam na área como autônomos.
Wd :: Que prejuízos podem ser gerados pela falta de planejamento estratégico?
Tassinari :: Se for um projeto crítico, vários como uma má definição sobre o valor do inves-
timento e um desperdício de verba como um todo. Projetos que estão alinhados com lança-
mentos de produtos, por exemplo, muitas vezes têm que entrar simultaneamente em várias
mídias e também na internet. Esses trabalhos envolvem prazos que não podem ser alterados
e têm objetivos de vendas já determinados. Imagine o lançamento de um novo modelo de
uma montadora de carros, que tem que acontecer simultaneamente com a campanha feita
nas concessionárias, com as ações de marketing realizadas diretamente com os usuários de
cartões de crédito, com a propaganda em TV e revistas e com a venda online. Todas as ações
desenvolvidas pelas diferentes agências têm que ficar sob uma coordenação única de
marketing do cliente. No caso da internet, a ação acaba envolvendo também detalhes de
tecnologia, usabilidade e arquitetura da informação, que podem fazer um projeto atrasar,
impactando diretamente nas vendas online. Todos os esforços de marketing acabariam em um
site que ainda não está vendendo. Dá para imaginar os prejuízos?

O cliente não envia o


material, aí vc tenta fazer algo
pra ir adiantando, pra não apurar seu
trabalho depois, mas, quando ele te entrega o
material, não tem nada a ver com a proposta.
Aí, vc tem q refazer. E realmente perder
tempo e trabalho... Andréia
<dreyia@hotmail.com>

Nossa empresa tem fechado


muitos negócios (sites) e isso trouxe um
acúmulo de serviço. Somos pequenos e
precisamos de capital, por isso, estamos
trabalhando em três turnos.
Andre Bianchi
<andre@centropaulista.com.br>

23
entrevista

A Webdesign também conseguiu com João Binda, supervisor de


mídia internet, e Ana Maria Machado, coordenadora de projetos,

ambos da AlmapBBDO, algumas dicas sobre:

Estratégias
A estratégia é sempre a mesma, atingir o objetivo do cliente.
Dependendo do caso, o planejamento é único para todos os meios. Isso varia de
acordo com cada ação a ser planejada.
Retorno
O retorno obtido com o site pode ser medido de diversas maneiras: audiência, núme-
ro de cadastros etc.. E as ferramentas utilizadas são os softwares de análise de na-
vegação e audiência que existem no mercado, como o Predicta Atmosphere, da
Predicta. 
Cliente
Avaliamos o conjunto total das ações: site, planejamento, ações de mídia. E
como  esses resultados são sempre positivos, procuramos mostrar ao cliente
o efetivo potencial da web para ações de comunicação/relacionamento, a fim de que
este meio esteja presente de forma consistente no planejamento e investimentos
futuros da empresa.
Cronograma 
Discutimos muito com o cliente antes de começar a produção de seu site, procurando
entender claramente seus objetivos para não termos problemas com o prazo estipu-
lado. 
Briefing
Acontece das duas maneiras, e nós, da ALMAP, se recebemos o escopo de um projeto
de internet, temos a total liberdade de expressarmos nossa opinião a respeito do
mesmo. A relação entre cliente e agência tem que ser a mais transparente possível.  
Consultoria
Na verdade, há nossa experiência, feeling, conhecimento da rede e cases
anteriores com dados estatísticos, que nos dão subsídios para direcionar as futuras
ações. 
Prejuízos 
O maior prejuízo por não se fazer um bom planejamento é o fato de o retorno da
campanha acabar por não atingir os objetivos traçados; isto pode prejudicar a ima-
gem da internet perante o cliente, fazendo com que este não mais acredite no meio
para fazer parte dos seus planos de comunicação.

24
25
planejar é preciso

Planejar é preciso
Por André Philippe Foi-se o tempo em que ter um site na bém, e principalmente, na preocupação
internet já significava estar à frente dos com o retorno institucional e financeiro
concorrentes. Com a evolução da web, al- que esta mídia pode oferecer a uma orga-
guns pensamentos também mudaram e, nização.
hoje, a idéia de possuir uma marca na rede Para obtê-los, um bom planejamento
não reside somente no fato de estar estratégico é importante. E quando se fala
antenado com o mundo digital, mas tam- nisso, é bom ter em mente que, além do do-
mínio de algumas técnicas, é fundamental
possuir um requisito básico: o olhar crítico.
Na web, ter a visão voltada para o futuro é
sinônimo de imaginar possíveis cenários e
antecipar tendências. As empresas que se
aventuram na rede não podem deixar de
prever que a realidade amanhã poderá ser
mais estranha e menos previsível que qual-
quer cenário de ficção científica. Sendo as-
sim, o planejamento, baseado em um pensa-
mento estratégico que não seja linear e limi-
tado, tem que entrar em ação.
Considerado o alicerce de todo pro-
jeto, seja de uma empresa ou de uma
idéia, planejar estrategicamente significa

26
planejar é preciso
pensar nas ações necessárias ao cumpri- ções, além de não combinar em a estraté-
mento de um objetivo específico. É esta- gia para web com o planejamento integral
belecer metas e prazos, e realizar o da empresa, deixam de visualizar o inegá-
monitoramento e a avaliação de tudo o vel potencial desta mídia.
que foi idealizado. Pode parecer simples, Fabiano explica que quando a Aldeia
mas o planejamento feito para internet inicia um novo trabalho com um cliente, a
requer tempo e paciência, pois talvez agência define a “estratégia de relaciona-
“Nem sempre é
seja a etapa mais importante de todo o mento digital corporativo”. Este conceito
possível brifar com o
processo de elaboração de um produto determina como será desenvolvida a co-
online. É nela que se decide o sucesso ou o municação online com cada público - con- cliente, mas o

fracasso de um trabalho na web. sumidores finais, funcionários, distribuido- mercado está se


Mantenha os faróis ligados res, acionistas etc.. “Inicialmente é feita a
tornando mais
O termo estratégia vem do grego análise dos modelos de negócios da em-
maduro e eles já estão
strategos e significa “arte do general”. Isso presa, dos perfis do público-alvo, dos con-
se deve ao fato de que antigamente, para correntes locais e globais, das tendências exigindo e esperando

melhor planejar suas táticas de guerra, os do mercado, dos referenciais e do legado isso das empresas”
militares do alto escalão se mantinham nos tecnológico. Como resultado, são definidos
Daniel Gunji
locais de maior altitude do campo de bata- os conceitos que nortearão os quatro as-
lha, conseguindo uma visão melhor de pectos essenciais de um projeto web:
suas ações. Em relação à internet, a falta marketing, conteúdo, design e tecnologia,
de um olhar sobre o todo pode comprome- bem como a distribuição dos recursos e os
ter seriamente como uma empresa vai se indicadores que serão analisados a partir ATENÇÃO!
posicionar, se comunicar e se relacionar da implantação do projeto”, conclui.
Em linhas gerais, o
com seus públicos. Pode ainda, colocar em Respeite a sinalização briefing feito com o
cliente deverá conter:
risco os recursos investidos em um proje- Um bom plano de ações começa no
:: Informações institucionais
to, que deixam de ser utilizados de forma briefing. Para isso, são necessárias algu-
da empresa
racional e otimizada para serem desperdi- mas referências do projeto e do cliente. :: Informações sobre os
produtos e serviços
çados em fórmulas mal adaptadas a cada Para Daniel Gunji, Diretor de Planeja-
:: Mercado do cliente
iniciativa. mento da Tange Comunicação Digital, o
:: Target
Para Fabiano Finger, diretor de negó- profissional de planejamento deve bus- :: Concorrência
:: Recursos disponíveis para
cios da produtora web Aldeia, certas em- car as informações referentes ao produ-
o projeto
presas poderiam ter sua presença na rede to web e elaborar, junto com as equipes
:: Objetivo do cliente
de forma mais intensa, oferecendo novos de criação e tecnologia, o design, a ar- :: Ações, promoções e
materiais publicitários
serviços e formas de transação mais ágeis, quitetura da informação, a usabilidade e
:: Referências
captando e fidelizando clientes com maior a acessibilidade. Lembrando que é ne-
:: Prazos
facilidade e enxugando processos adminis- cessário realizar, nesta fase, uma avalia- :: Objetivos do projeto
:: Tecnologia
trativos. Ele afirma que essas organiza- ção de riscos do projeto.
:: Descrição do projeto

27
planejar é preciso

Recebido o feedback do cliente com esperando isso das empresas. Com isso,
sua aprovação, inicia-se a fase de novo reco- podemos adequar melhor a maneira e o
lhimento de briefing de criação e tecnologia momento de investir os recursos”, explica.
para validar o que foi proposto anteriormen- No caso de um projeto de estratégia de
te e corrigir eventuais deficiências. Finaliza- presença, Fabiano diz que as perguntas do
da esta etapa, o desenvolvedor começa a revi- briefing devem abordar tópicos como os va-
são e os testes do produto. Posteriormente, lores que inspiram e norteiam a companhia,
“É aconselhável
esta fase é juntamente com o cliente. Com quais os objetivos estratégicos a curto e lon-
procurar agências
tudo acertado, implementa-se o projeto. go prazo e os pontos fortes e fracos da em-
interativas ou Daniel afirma que é mais produtivo presa, dos produtos e de seus concorrentes.

desenvolvedores que criar o briefing com o cliente, pois as infor- Velocidade controlada
mações são recolhidas com maior foco e Segundo Daniel, no mercado web
detenham experiência
detalhamento. “Nem sempre é possível existem poucas empresas que podem, ou
em recolher as
brifar com o cliente, mas o mercado está conseguem, se comprometer com resulta-
informações se tornando mais maduro e eles já se dos na internet, seja pela falta de recursos

pertinentes à posicionam de forma diferente, exigindo e ou, até mesmo, pela falta de conheci-
mento. Para ele, é obrigação das produ-
elaboração de um bom
toras propor isso aos clientes. “É aconse-
plano de
Controle de painéis :
lhável procurar agências interativas ou
Sistema de medição semelhante ao
monitoramento de desenvolvedores que detenham experi-
que o IBOPE faz. É uma espécie de

resultados” pesquisa por amostragem. É ência em recolher as informações perti-


instalado um software, com a devida
nentes à elaboração de um bom plano de
permissão, nas máquinas que os
Daniel Gunji
usuários utilizam. Através desse
monitoramento de resultados”, diz.
sistema são contabilizados os sites Daniel explica que, atualmente, o mer-
ou as páginas acessadas, tempo de
cado possui três formas de medir os núme-
uso, pageviews etc..
Tags : ros de um projeto web: controle de painéis,
Metodologia que implica na inclusão medição por log-files, medição por tags.
de um comando html dentro do A escolha do método a utilizar dependerá
próprio código da página. Ao
única e exclusivamente da necessidade e da
requisitar um página na internet, a
tag é o último item a ser carregado, cultura de cada cliente. Para ele, o retorno
Target :
portanto, a página só será de investimento na internet não está ligado
contabilizada quando essa tag for É o objetivo ou público-alvo de um
somente aos números ou estatísticas pro-
visualizada. projeto, ação ou campanha.

Log-Files :

Aplicativo que mensura, por meio da


digitação da URL no navegador, o
número de visitas em um site.

28
planejar é preciso
porcionadas por essas ferramentas, mas sim
no que fazer com eles. “São necessárias a
análise e a interpretação das métricas para
saber como utilizar e converter esses núme-
ros e estatísticas em ações e decisões que
propiciem redução de custos, lucratividade e
justificação de recursos investidos”, conclui. Interpretação das métricas :
Além das metodologias já citadas,
É o resultado final que deve ser realizado após
existem outras formas de aferição do re- a contabilidade dos números e estatísticas

torno em um projeto online. Fabiano cita gerados pelas ferramentas de medição. Saber
somente as visitas e pageviews não agrega
como parâmetros o seu número de pedi-
nenhum valor às possibilidades fornecidas por
dos (caso seja um e-commerce), os conta- essas metodologias. Transformar os números

tos feitos com a equipe de vendas, a am- em ações e decisões é a grande chave para
poder justificar os recursos investidos,
pliação do mailing e das consultas sobre
construir novos projetos e identificar quais são
seus produtos. Ele explica que essas infor- os pontos fortes e fracos dos projetos web.

mações são obtidas por meio de ferramen-


tas incorporadas aos projetos e de pesqui- usuário comum, também é importante
sas junto aos clientes. para o profissional de planejamento prever
Verifique os freios qual é o perfil da equipe que vai utilizar
Planejar é também evitar problemas este gerenciador.
no futuro. Cada projeto requer um plane- Um site jornalístico, por exemplo, que
jamento específico, e saber lidar com cada geralmente é atualizado por uma equipe
diferença é essencial. No caso de um site especializada, tem que ter a sua rotina de
que necessite de uma ferramenta de trabalho adaptada às necessidades desse
gerenciamento de conteúdo, com sua base grupo específico. Desse modo, na hora de
de dados alimentada dinamicamente pelo elaborar um projeto online, é importante
cliente, isso requer uma atenção redobra- se colocar no lugar, não só do usuário fi-
da. Fora o estudo de sua interface com o nal, mas também do cliente, prevendo

29
como ele utilizará o site e quais tipos de problemas podem acontecer.
Como em tudo na vida, planejar é saber lidar com todas as variáveis no
cumprimento de um objetivo. Quando se trata de um website, as horas de
transpiração, organizando o conteúdo, arquitetando as informações e esta-
belecendo as metodologias e prazos, podem trazer ótimos resultados. Entre-
tanto, algumas empresas ainda não se deram conta disso e desprezam esses
aspectos, colocando em risco todo o recurso investido e a sua própria ima-
gem. No famoso livro “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, general chinês que
viveu no século IV a.C., ele afirma: “Aquele que não faz planos ou estra-
tégicas, e menospreza o inimigo,  seguramente será capturado pelo opo-
nente”. Adaptado aos dias de hoje, pode-se dizer que o inimigo é o pró-
prio mercado, e ser “capturado” pelo concorrente não será nada bom para
o faturamento de uma empresa.

Planejamento:
você cumpre esta etapa?
60% Sim
34% Às vezes
6% Não

www.arteccom.com.br/webdesign
Acesse e participe!

Com que freqüência


você acompanha as estatísticas
de acesso do seu site?
24% Diariamente
28% Semanalmente
16% Mensalmente
14% Raramente
9% Nunca
9% Não sei como fazê-lo
(Total de votos: 257)
www.arteccom.com.br/webdesign
Acesse e participe!

30
31
debate

A combinação de qualidade, preço e prazo é o que todo


mundo procura (clientes e designers). O ideal seria ter-
mos sempre tempo de analisarmos, cuidadosamente,
cada proposta, público-alvo etc.. Mas todos sabemos que
a realidade nas agências é bem diferente... Muitos pro-
jetos têm que ser desenvolvidos, executados e publica-
dos para ontem. Nesses casos, a etapa de planejamen-
to pode acabar sendo reduzida, ou até suprimida. Por
outro lado, o desafio do curto tempo disponível pode
servir de estímulo para a produção. Na sua opinião...

32
debate
“Como diz o velho ditado: ‘É de pequeno que se torce o
pepino’. Um projeto começa pela fase do planejamento, fase
esta onde estudos sobre o target, metodologia e proposta do
“ PLANEJAMENTO NÃO É
site são concebidos e o alicerce do projeto é fomentado. GARANTIA DE SUCESSO, MAS
É verdade que várias vezes não temos tempo hábil para
a fase de planeajmento, porém, muito mais tempo é desper-
PLANEJAR É OBRIGATÓRIO”
:: Michel Lent Schwartzman, Sócio-
diçado na fase de produção, uma vez que várias refações
Diretor de Criação da 10’Minutos.
existirão e, por fim, ainda existe o risco da não aprovação por www.10minutos.com.br

parte do cliente. Não podemos dizer que o planejamento é a


garantia de sucesso, mas também não podemos afirmar que
“Planejamento não é garantia de sucesso, mas
se ele não existir o projeto será um fracasso.
planejar é OBRIGATÓRIO. Para ser mais radical, di-
Nunca podemos esquecer que um projeto tem várias
ria que não existe trabalho sem planejamento. O
etapas, todas com sua importância, e vários times envolvi-
planejamento pode durar três semanas e resultar em
dos. O design, a programação, a tecnologia, a coordena-
‘powerpoints’, pranchas de arquitetura e especificação
ção, o atendimento, todos formam o conjunto de um pro-
funcional, ou ser feito em 15 minutos, à mão, numa
jeto de sucesso.
folha de papel. Mas ele PRECISA existir.
Acredito que a fase de planejamento e arquitetura de
Planejar é determinar público-alvo, objetivos do
informação é vital a um projeto, pois o início será baseado em
projeto, mas é, acima de tudo, racionalizar tempo
um documento, e o cliente terá uma visão concreta do mes-
disponível x quantidade de trabalho. E nesse ponto,
mo. Partir direto para a produção pode ser um erro grave e,
mais do que nunca, ou desenhamos um ‘mapa’ do
muitas vezes, no meio do desenvolvimento, uma parada será
que teremos que fazer e em quanto tempo, ou não
necessária para alinhamento das expectativas e resultado ob-
chegaremos a lugar nenhum.
tido. A falta de tempo tem que ser encarada como desafio e,
Se planejamos temos garantia de sucesso? Não.
para tal, uma estratégia se faz necessária, sendo o planeja-
Mas ajudamos a garantir que o trabalho ficará pronto
mento o documento que irá nortear todo o processo.”
no prazo. E prazo é meio caminho andado para o su-
:: Rodrigo Chibly de Robert
Gerente de Tecnologia cesso. O resto do caminho? Isso depende de você”.
J W Thompson - JWT

“A FALTA DE TEMPO TEM QUE SER ENCARADA COMO DESAFIO E, PARA TAL,
UMA ESTRATÉGIA SE FAZ NECESSÁRIA, SENDO O PLANEJAMENTO O
DOCUMENTO QUE IRÁ NORTEAR TODO O PROCESSO”

33
33
debate

“COMO REVERTER UM CLIENTE QUE COSTUMA TER

PRAZOS CURTOS PARA PROJETOS RENTÁVEIS?

A ALTERNATIVA QUE VEJO É A PRÓ-ATIVIDADE DA AGÊNCIA”


É muito complicado afirmar que a garantia de suces- internet cresceram 46% no primeiro trimestre de 2004. O
so é simplesmente um trabalho bem planejado. Planeja- varejo cresceu apenas 7,5%, e isto faz com que as empre-
mento é a base de um projeto. Tem a mesma importância sas olhem com outros olhos como planejar suas ações na
da etapa criativa, de produção, e não pode ser uma etapa internet.
simplesmente esquecida. Um trabalho sem uma base pla- Como reverter um cliente que costuma ter prazos cur-
nejada não tem um resultado a longo prazo e complica a tos para projetos rentáveis? Acho que essa é a pergunta
vida de todos os envolvidos no processo: do cliente, da que passa na cabeça de todos os profissionais do mercado,
agência, dos criativos e dos consumidores finais, que aca- hoje em dia. A única alternativa que eu vejo é a pró-ativi-
bam não encontrando maneiras de se identificar com o dade da sua agência. Você terá que conseguir de alguma
produto da marca. forma, uma brecha no seu dia-a-dia para construir um pla-
Contudo, vejo, hoje em dia, um amadurecimento da nejamento para posicionar a marca do cliente. Segundo
etepa do planejamento, principalmente na cabeça dos cri- passo é apresentar isso e mostrar a importância de se
ativos. E, aos poucos, os clientes vão assimilando a impor- posicionar a marca como ela deve ser posicionada. Agora,
tância de se investir mais verba e tempo para os projetos. se isso não der certo e o cliente descordar, pelo menos,
Cliente que realmente quer ver a sua marca você tentou fazer da melhor forma, e já tem um bom ma-
posicionada, busca um planejamento e um trabalho a lon- terial para conseguir a conta da concorrência”.
go prazo. Coisa que era difícil de se achar, mas acredito
:: Sérgio Mugnaini
que as coisas estão mudando um pouco: pesquisas mos- Diretor de Arte da DM9DDB

tram que o e-commerce cresceu muito mais do que o pró- www.mug9.com

prio comércio varejista. As vendas de produtos pela

34
debate
“QUANTO MAIS TEMPO BEM APROVEITADO,
BEM PLANEJADO, MELHOR SE ADEQUARÁ O PRODUTO AOS

DESEJOS DO CLIENTE”

“Quando o cliente, uma vez já estipulado um tas para a presença de um diálogo aberto, pois quando ele
cronograma, resolve antecipar as datas críticas de um pro- não acontece, é sinal de que algo está errado.
jeto, sejam elas de criação, produção, revisão ou publica- Lembrando a ótima palestra de Gabriel Borges, no 9º
ção, é hora de apertarmos, imediatamente, o ´freio de Encontro de Web Design, em Belo Horizonte, alerto que o
emergência’ – isto é, precisamos deixar óbvio para o clien- desafio de um prazo menor, a oportunidade de surpreender
te que, com menos tempo disponível, sua expectativa tam- o cliente – forças que podem se transformar em motiva-
bém deve, proporcionalmente, ser reduzida. Sim, é fato: ção, estímulo (até como fenômeno natural de auto-defesa)
quanto mais tempo bem aproveitado, bem planejado, me- – são verdadeiras bombas-relógio. Isso, porque quando se
lhor se adequará o produto aos desejos do cliente; com supera a expectativa do cliente, ele transformará essa ex-
menos tempo, e a mesma expectativa, as chances de frus- periência num referencial, e o que era o seu ‘normal’ já não
tração, tanto dele quanto da agência, são enormes. Não é será o suficiente. Se você quiser surpreender (e isso é fun-
agradável nutrir expectativas, pensar em idéias interessan- damental), ou tem alguma ‘carta na manga’ que possa pro-
tes, para depois vê-las descartadas. Readequação deve ser mover a marca do cliente de maneira a surpreendê-lo,
a palavra de ordem nesses casos, e isso implica em uma faça-o, mas mostre a ele, de maneira clara, o quanto mais
rápida re-avaliação de todas as entidades envolvidas no de tempo e investimento serão necessários para tal. É uma
projeto, do início ao fim. atitude estrategicamente defensiva e, ao mesmo tempo,
Sou um ‘coração-mole’: quando comecei minha carrei- demonstra um planejamento mínimo de recursos, o que
ra, como freelancer, eu me comovia facilmente com os ape- revela o grau de percepção da empresa para com seus fun-
los chorosos de meus clientes, aceitando prazos, muitas cionários (colaboradores) e suas ferramentas (talentos). E,
vezes, inconcebíveis para produzir o mesmíssimo produto. de quebra, aproveita para reafirmar sua postura profissio-
Resultado: o cliente acabava por transformar aquilo que nal firme e transparente.
seria uma exceção, em regra; e eu, tendo que aumentar a Se você fosse o cliente, e uma agência cobrasse o mes-
carga diária de serviço a níveis sobre-humanos, numa ati- mo preço pelo mesmo serviço, feito em tempo inferior ao pro-
tude auto-destrutiva. Por isso mesmo, temos de estar aler- posto inicialmente, o que você pensaria dessa agência?”.

:: Ronaldo Gazel
Diretor de Arte da Bhtec
www.bhtec.com.br

35 35
36
”

estudo de caso :: kuat


ÇAS
KB
“ PENSA NTES Po r An dr é Ph
ili pp e

Em entrevista à Webdesign, Roger Rocha,


diretor de criação da agência Tribo Interactive, revela como foi

o processo de elaboração do hotsite da promoção “Abra a Kbça” do Guaraná Kuat. Inserida


numa estratégia de marketing abrangente, na qual a internet é peça fundamental, fica claro o

grande retorno e o alcance que o meio online já proporciona a esse tipo de iniciativa.
Preferências à parte, e independentemente do guaraná que você beba, conheça um pouco mais

sobre a mecânica que existe por trás de uma campanha feita na web, que teve como principal
foco uma veiculação massiva na TV.

37
estudo de caso :: kuat

Wd :: Como é feito o planejamento de produto com um apelo estético mais for-


um site que faz parte de uma campa- te. Quais foram os elementos do briefing
nha publicitária televisiva? O cliente, no que vocês mais focaram na produção
caso, a Coca-Cola, estipulou alguma arte desta peça e por que?
pré-definida, ou foi dada total liberda- Roger :: Havia dois pontos fundamentais
de para criar? que deveriam ser explorados: o conceito
Roger :: No caso de Kuat, havia um fato ante- “Abra a Kbça”, que reflete o posicionamento
rior à própria campanha: a ação promocional. do produto, e o fato de o prêmio ser, em par-
Tudo girou em torno de sua mecânica. Nossa te, ter a foto impressa em milhares de emba-
maior preocupação foi realizar um trabalho lagens de Kuat distribuídas por todo o país.
absolutamente integrado com as demais equi- “Abra a Kbça” sugere revisão de valores, am-
pes, do cliente e da DPZ Rio, que se encarre- pliar os horizontes, fazer diferente. Procura-
planejamento : garam dos diferentes aspectos do projeto. mos lançar mão dos recursos do meio para
analisar (possibilidades) Na fase de planejamento, várias sugestões e proporcionar uma experiência mais rica nesse
priorizar (funções)
possibilidades foram listadas. Mas temíamos sentido, mais próxima do vídeo do que de cer-
escolher (foco)
criar muitos fatos em torno da promoção tos padrões comuns na
quando a principal função do site seria dar internet. No mais,
na r
r c i o
po
suporte à participação das pessoas. Nessa pro-
hora, optou-se pela objetividade. Do
a pro
o par
mei
ponto de vista criativo, a li-
do
berdade foi li-
r sos
recu e sentido,

experiência
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ão
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ram es com
“Pr
ocu c e r t o s padrõ c u r a mo s
de
a d o v ídeo do que
utilizar todos os elementos que com-

mais próxim mitada apenas põem o universo do produto e que formaram


pelo bom senso (como convém). O site foi o contexto da campanha. Até o ator do co-
uma das peças de uma ação bem maior, com mercial foi utilizado no site.
veiculação massiva na TV, ações focadas de Wd :: Quais foram os fatores limitantes
mídia online, outdoors e materiais de ponto- para a elaboração deste hotsite?
de-venda. Assim, tivemos acesso aos Roger :: Não creio que houve fator
layouts e ao roteiro bem antes dos materiais limitante. Os limites foram impostos pelo bom
estarem finalizados. Procuramos explorar o senso. Estávamos empenhados em evitar que
que o meio digital oferece de melhor, mas o material ficasse excessivamente pesado –
sempre alinhados com as demais iniciativas. considerando todas as animações, transi-
Wd :: Um hotsite de uma campanha pu- ções, trilha etc. – mas sem abrir mão da expe-
blicitária tem a característica de ser um riência do usuário. Também ficamos de olho na

38
estudo de caso :: kuat
s
ra o
a pa
iv a ”: dic b ç a ”
criat bra a
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“tem refo n a lat ão
ntes ola r moç
ic ip a ir e c a pro
part im prim c e ito d
r a co n
lo pa rça o
Rótu refo

facilidade de uso do sistema para envio de cupações: segurança e facilidade de uso. Foi
fotos, uma vez que o site canalizou a grande desenvolvido um sistema de upload de fotos
maioria das participações que podiam ser fei- que gravava as participações diretamente
tas via correio também. nos servidores da Coca-Cola. E todo o acesso
Wd :: Quantas pessoas formaram a equi- ao sistema era feito em ambiente com certifi-
pe responsável pela criação deste proje- cado de segurança. Para enviar uma foto,
to? Quanto tempo levou para produzi-lo? bastava seguir os passos indicados em cada
Roger :: O processo todo, se contarmos o interface. Como havia algumas restrições de
período do recebimento do briefing à apre- peso e formato, caso a pessoa tentasse subir
sentação das primeiras linhas criativas, foi uma foto fora das especificações, o sistema
mais longo. Mas para produzir e lançar creio indicava exatamente qual era o problema
que tivemos dez dias, contando com o para que a correção fosse feita e o processo
envolvimento de oito pessoas entre criati- seguisse sem maiores complicações.
vos e técnicos. Wd :: Pelo fato de o guaraná Kuat ter um
Wd :: Devido ao grande número de acesso produto similar no mercado, foi levado
que uma promoção desse nível gera e pelo em consideração o site do concorrente,
fato de o site ser peça fundamental para o no caso, o Guaraná Antárctica?
sucesso da campanha, pois os usuários Roger :: Ficamos de olho em tudo o que esta-
enviavam suas fotos através dele, quais va rolando de melhor para um público de per-
foram as medidas adotadas para evitar fil similar, no Brasil e lá fora. Especialmente,
eventuais problemas técnicos? nos projetos da Vodafone e da Volvo, que in-
Roger :: No nível técnico, havia duas preo- tegravam vídeo e Flash.

39
39
estudo de caso :: kuat

“há um claro reconhecimento do valor e da


um d ia ”

i t a l ia-
em a -
dig do
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ura r t e
ult pa
ac
e m
d á faz Wd :: Fale um pouco
i a j
nc log
s
a ngê o sobre a escolha da tipografia e
abr ot
ls ef da palheta cromática deste projeto.
e
pix
e ga Que outros elementos foram utilizados
em
qu no site para a caracterização do produto
em
n do Guaraná Kuat?
mu Roger :: Os tipos escolhidos estavam muito
em linha com os materiais impressos. O mais
complicado era a adaptação das curvas que
haviam sido utilizadas para compor os títulos
do material POP e que eram pouco
aproveitáveis para o design das interfaces.
Então, nos concentramos em uma certa
‘desconstrução’ das frases que deram ritmo e
tornaram as telas mais dinâmicas. A palheta
de cores, com tons de verde e vermelho, foi
totalmente baseada no universo do produto.
Wd :: O menu de navegação possui uma
tela de
erro n
o envio
estética diferenciada,
da foto
com uma variação de
movimento interessan-
te. De onde partiu seu
conceito?
Roger :: Queríamos que
a atenção se concentras-
se na lata e no prêmio:
ter as fotos vencedoras
impressas nas embala-
gens. Kuat precisava
estar diretamente rela-
cionado à interação
ado
menu anim
com o usuário. Então,
nada melhor do que

40
40
compor o menu utilizando a lata como elemento animado. E a
própria composição do menu era decorrência de uma rápida
narrativa que resumia a idéia por trás da ação promocional.
Tudo integrado, tudo feito em função de um objetivo maior.
Wd :: Dado o sucesso da campanha, qual aspecto consi-
dera mais interessante neste hotsite e por que?
Roger :: Primeiro, há o aspecto da logística. Conseguiu-se re-
alizar a ação com investimentos modestos se comparados à
maneira de fazer concursos e promoções em voga até pouco
tempo atrás: ‘mande uma carta’, ‘envie 3 embalagens’, ‘recor-
te o código de barras’... Aquelas montanhas de cartas jogadas
para o ar ficaram para trás. Depois, há um claro reconheci-
mento do valor e da abrangência da “cultura digital” em um
mundo em que megapixels e fotologs já fazem parte do dia-a-
dia. Só uma marca antenada com o seu público poderia ter uma
iniciativa como essa.

A promoção foi válida até dia 31 de maio de 2004.


Atualmente, se encontra no site a lista com os nomes
dos 20 vencedores e suas respectivas fotos.

41
blogs

Meu querido Blog...

Ele chegou com ar de modismo, mas, aos poucos, deixou de ser um mero hobby infanto-
juvenil e se tornou uma ferramenta de comunicação prática e, muitas vezes, viável. De diário

virtual à canal de comunicação de corporações e classes profissionais, o blog proliferou em


alcance e aplicações. Desde o seu surgimento na internet, ele vem sendo adaptado para

servir às mais diversas funções e assume novas facetas. E para falar sobre o assunto, a
Webdesign convidou o colunista Luli Radfahrer.

Blog deriva de “web log”. Considerado


por alguns como uma evolução da homepage,
é um registro na web de informações que vão
de experiências pessoais (seja no âmbito
emocional ou profissional) à apresentação de
produtos. A popularização cada vez maior da
internet, que já faz parte do dia-a-dia de
uma significativa parcela da sociedade con-
temporânea, socializou o blog, que seguiu, na
contra-mão do caráter individualista das rela-
www.mufumo.com/pensamento
ções pós-modernas, em busca do coletivo.
Compartilhar é a palavra de ordem e parece
ser isso que motiva os blogueiros. Paradoxal-
mente, um reforço do individualismo pode es-
tar implícito no mundo dos blogs, conforme
analisa Luli Radfahrer: “Acredito que os blogs
sejam o fruto de uma nova forma de comuni-
cação – eles são uma forma de expressão,
de manifestação de identidade. Na verdade,
são formas de se individualizar frente a uma
massificação opressiva. Como elementos da
http://blogdeusabilidade.blogspot.com

42
blogs
época que representam, são verdadeiros para não ser ‘mais um’ na sociedade? Como Vantagens da utilização

pastiches e colagens de vários materiais. O criar uma diferenciação? Para o Blog o desa- de blogs em sites:

que importa não é a originalidade do conteú- fio é o mesmo. Não existem respostas, ou • popularidade crescente;
• extrema facilidade de
do, mas de suas combinações. Mais ou menos existem tantas respostas que para cada caso
utilização;
como cozinhar ou compor música, compõem- a solução é diferente”. A seguir, alguns tipos • dinamismo/rapidez na
se mídias interativas”. de blogs: informação;
• atualizações/alterações
A falta de sigilo e a participação do sexo Blog pessoal – traz informações de
instantâneas;
masculino estão entre as peculiaridades des- caráter pessoal, experiências de vida, fatos • feedback mais veloz;
tes “diários virtuais”. Diferentemente dos marcantes... É mais acessível aos internautas • maior controle de
informações em comparação
tradicionais diários de papel, associados ao em geral não só pela variedade de ferramen-
aos fóruns (evita-se a
universo feminino e à confidencialidade, os tas disponíveis mas também pelo baixo custo. inclusão/confusão de temas
blogs são superexpostos e também são fei- Blog de opinião – contém pontos de vis- parecidos).

tos por homens. Já em relação às ta, coincidentes ou não, sobre questões e


homepages, eles mostram mais dinamismo e assuntos diversos. A troca de informações
facilidade de atualização. Para Luli, os blogs passa a ser o meio para ampliar e enriquecer “O blog é uma
não são mera releitura do velho diário que conhecimentos.
manifestação
atravessou séculos: “Isso vale para muitas Blog profissional – expõem relatos sub-
ferramentas da web, mas não para o blog. jetivos sobre o desempenho de certas ati- de identidade.
Ele começou assim, mas sua capacidade de vidades profissionais, onde sensações e Não existem
colagem, a participação do público e a ligação emoções prevalecem ao invés de procedi- r espostas, ou
com vários outros endereços fazem com que mentos e técnicas. Ex.: Blogs de jornalis-
existem tantas
ele seja uma ferramenta de comunidades tas. Alguns enxergam neste tipo de blog a
única, só disponível via internet”, explica. possibilidade de um jornalismo alternativo r espostas que
Com a febre dos blogs, logo surgiram os de baixo custo, sem compromissos com as para cada caso
bloggers - sites especializados em apresentá- instituições do sistema. a solução é
los, que dividem organizadamente os blogs Blog corporativo – direcionados a con-
d i f e r e n t e”
segundo seus temas. Tais sites contam com sumidores e usuários, abordam lançamentos,
um grande público e, credibilidade à parte, atualizações dos produtos e dicas de utiliza- Luli Radfahrer

acabaram se tornando um celeiro de informa- ção dos mesmos.


ções. As publicações variam bastante em Os blogs têm se mostrado tão versáteis
tema e qualidade. Textos, artigos, crônicas, que chegaram aos ambientes de trabalho,
poesias, biografias psicológicas; comentários onde podem ser usados para estreitar rela-
sobre arte, eventos, notícias, cinema, tea- ções entre os públicos interno (departamen-
tro; teorias e estudos filosóficos e científicos tos, setores, seções) e externo (filiais, con-
são alguns exemplos. São tantos que desper- sumidores). Em 2002, a Macromedia pôs no ar
tar a atenção tornou-se um desafio. Sob a quatro blogs de produtos. Para os defenso-
óptica de nosso entrevistado, “o blog é uma res desta modalidade de blog, o incentivo ao
manifestação de identidade. Como fazer trabalho em equipe é um dos proveitos dessa

43
blogs

http://www4.mtv.com.br/blogosfera/?b=blog_do_bonfa www.markme.com/mesh/archives/cat_weblogs.cfm

inovação. Luli é um deles, pois afirma que cortes) permite que se exteriorize e compar-
“Com um blog obtém-se maior agilidade a um menor custo: tilhe pensamentos sem censura, num estilo

corporativo, “É rápido, simples, barato, interativo, dinâmi- próprio. Dentro desse contexto, o blog até
co e extremamente prático. O público fica parece ganhar ares de revolucionário dentro
a empr esa
sabendo o que acontece na hora e vice-versa daquela que revolucionou a comunicação
pode saber a – a empresa pode saber a repercussão de pós-moderna – a web.
r epercussão suas ações em tempo real e com investimento E quanto ao futuro, o que se pode espe-

de suas quase zero”. rar dos blogs, eles ainda têm o que evoluir?
Em contrapartida, há quem ache que a Para Luli Radfahrer, sim: “Fotologs (Flogs),
ações em
informalidade e a subjetividade característi- Videologs (Vlogs), Mobilelogs (Mlogs) etc.. O
tempo r eal e cas dos blogs destoam da postura exigida no céu é o limite”, finaliza.
com meio profissional. Divergências à parte, ao

investimento que tudo indica, o papel dessa ferramenta na BLOG PESSOAL


www.mufumo.com/pensamento
estratégia empresarial ainda está em fase
quase zero “ experimental.
www.nonlinear.art.br
www.anteface.com/respiradoido
Luli Radfahrer Mas por que os blogs exercem um fascí- www.cora.blogspot.com
www.elismonteiro.blogspot.com
nio tão grande sobre seus adeptos? Haveria
BLOG DE OPINIÃO
poesia, romantismo, sensibilidade em muitos www4.mtv.com.br/blogosfera/?b=blog_do_bonfa
de seus conteúdos? Seria pela sua versatili- BLOG PROFISSIONAL
www.blogsdireito.blogger.com.br
dade? Ou pelo resgate de valores esqueci-
http://blogdeusabilidade.blogspot.com/
dos? (Sim, existem blogs familiares). É possí- www.usabilidade.com/
vel que a resposta para essa questão esteja http://vignamaru.com.br/
www.webpagesthatsuck.com/dailysucker/
na simplicidade, acessibilidade, espontanei-
BLOG CORPORATIVO
dade e liberdade de expressão peculiares ao http://radio.weblogs.com/0106797/
formato blogueiro, além da forte interação http://radio.weblogs.com/0106884/
http://vvmx.blogspot.com/
proporcionada. A ausência de edição (leia-se

44
como abrir uma agência web
O pontapé inicial:
como abrir uma agência web
por André Philippe Se você trabalha com o meio online, considera-se um empreendedor e
não se contenta em viver sem desafios, está lendo a matéria certa. Para o
Do sonho à realidade, trabalhar profissional de internet, abrir uma agência web tornou-se uma forma possível
por conta própria é hoje uma de sobreviver numa época em que o emprego formal é algo cada vez mais raro

alternativa viável de ganhos na no mundo atual. Uma tendência que talvez reflita um cenário de incertezas,
pode ser para alguns a chance de novas oportunidades, em que a criatividade
rede, porém é preciso saber
pessoal, o conhecimento específico, a autonomia e a liberdade são atributos
driblar algumas armadilhas na presentes no perfil desse novo trabalhador.
hora de montar o seu negócio. E no caso da web não é diferente. Começar um negócio online pode dei-
xar qualquer candidato a freelancer empolgado, pois não ter um patrão regu-
lando e ter um aumento na renda é animador. Mas, atenção, pois alguns pro-
blemas costumam aparecer e acabam por desestimular alguns “web empresá-
rios” de primeira viagem.

45
como abrir uma agência web

Exemplos como o da agência Wcenter, atual Tribo 12, que boas empresas. “Qualquer um que desenha bem se denomi-
mantém sua sustentação de oito anos na internet por meio da na designer e cobra um pequeno preço para desenvolver um
qualidade de seus serviços e pela divulgação boca a boca, trabalho que, muitas vezes, pode arruinar toda uma marca.
mostra que é possível viver de web. Para Eduardo Vieira, sócio Isso gera dificuldades para os escritórios que possuem bons
e diretor de criação da produtora, o mercado está cada vez profissionais se manterem ativos”, explica.
mais exigente e muitas empresas que tiveram investimento pe- Compartilhando da mesma visão, Vicente Cerqueira, pro-
sado no passado não obtiveram necessariamente sucesso. fessor de design da Escola Superior de Desenho Industrial da
“Aquele boom de empresas de tecnologia da informação com Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Esdi/Uerj), cita que
muito dinheiro acabou e ninguém pensa mais na internet como a postura e o amadorismo de muitos profissionais criam uma
um meio de fazer fortuna em pouco tempo. O resultado disso é desvalorização cruel no mercado. “Se abrirmos o Caderno de
que agências vitaminadas, com muito capital e grande investi- Informática do jornal O Globo, poderemos ver pessoas ofere-
mento em propaganda, mas sem qualidade de trabalho, não cendo logotipos por R$200,00, sites por R$500,00 e catálogos
conseguiram se manter”, afirma. eletrônicos por R$400,00. Infelizmente, o profissional que
Outra boa iniciativa na área é a dos jovens da Forpix, cobra valores assim não sabe que está depreciando o mercado
produtora web fundada em janeiro deste ano e que, com apoio de trabalho em que ele mesmo está inserido. Isso dá margem
de parceiros importantes como o Serviço Nacional de Aprendi- para quem não é designer trabalhar com esse tipo de coisa”,
zagem Comercial (Senac), já possui um número considerável de afirma o professor.
clientes. Segundo seus donos, Wagner Viana, de 24 anos, e É importante também destacar que o mercado está ab-
Marcelo Casimiro, de 31, a criação desta agência é mais do que sorvendo um novo tipo de agência. Além da alta qualidade
uma oportunidade de trabalho, é a realização profissional que técnica, as produtoras de internet estão agregando em seus
eles tanto buscam para as suas carreiras. “Aqui, na Forpix, serviços todo um planejamento em comunicação. Não so-
estamos realizando um sonho. Trabalhamos com sentimento e mente como uma executora técnica de sites, as empresas de
damos de tudo, pois esse negócio é a nossa realização”, afirma web estão investindo em profissionais especializados em
Wagner. gestão do conhecimento. Etapas como a arquitetura da in-
O domínio do campo formação, aplicação dos conceitos de usabilidade e os cui-
Para se lançar em um empreendimento é preciso saber, dados com a redação em um site já são quesitos tão impor-
antes de mais nada, onde se está pisando. Segundo Caroli- tantes quanto a sua tecnologia e o seu design. Isso já reve-
na França, sócia e diretora da Cadois Comunicação Visual, a la uma certa maturidade na demanda por produtos, não só
banalização do modo de produção na internet e a falta de bons tecnicamente, mas com conteúdos bem planejados e
uma reserva de mercado geram uma disputa injusta para as que tragam resultados.

“Aquele boom de empresas de tecnologia da informação com muito dinheiro acabou


e ninguém pensa mais na internet como um meio de fazer fortuna em pouco tempo”
Eduardo Vieira, sócio-diretor da Tribo 12

46
como abrir uma agência web
“Se a sua agência não tiver muita relevância para a sua vida, vai ser difícil ter
energia para enfrentar os problemas”
Lucimar Dantas, da COPPE/UFRJ

Receita da vitória Um dos ingredientes na receita de Eduar-


Depois de estudar e de conhecer bem o do, da Tribo 12, é a motivação, pertinente
Oito mandamentos de um
mercado em que pretende atuar, prestar àqueles que sonham e não têm medo de assu- empreendedor
atenção a certas dicas pode contribuir para a mir certos riscos. “Não há nada mais motivante
Iniciativa
longa vida de sua agência. No caso da Forpix, do que lutar por algo que realmente é seu,
Capacidade de agir diante dos
Wagner diz que foi imprescindível ter um pla- onde você põe seu sangue e suor a cada dia. problemas. Pensa rápido e

no de negócios consistente, como também Tenho alguns colegas que sentem uma falta de parte para a solução.
Aceitação do risco
possuir total domínio sobre os produtos e ser- perspectiva de emprego no mercado e estão
Mesmo precavido, aceita
viços que a produtora presta. “Somos asses- optando pelo setor público, ou mudando sua desafios.

sorados por uma incubadora de empresas, área de atuação e até fazendo outra faculda- Auto-confiança
Acredita em si mesmo. Arrisca
com infra-estrutura, treinamentos e suporte de”, explica.
e ousa.
gerencial, o que nos tornou ainda mais madu- Responsável pelo Programa de Design Decisão

ros para oferecermos soluções inovadoras, da incubadora de empresas da Coordena- Toma decisões e se
responsabiliza por novas
sólidas e confiáveis”. ção dos Programas de Pós-graduação de
tarefas.
Para Carolina, da Cadois, a vivência Engenharia da Universidade Federal do Rio Motivação

profissional é determinante para o sucesso de Janeiro (COPPE/UFRJ), Lucimar Dantas Não necessita de retorno
financeiro imediato, pois é
na internet, pois explica que antes de abrir diz que a receita do sucesso reside na visão
capaz de se entusiasmar
uma agência web, é interessante que o pro- empresarial. Ela aconselha que o empreen- somente com suas idéias e

fissional tenha adquirido experiência em dedor pense muito no mercado, quem é o projetos.
Espírito de equipe
atender e captar clientes como freelancer. seu cliente, qual a sua necessidade, na
Acredita nela e obtém
Ela enfatiza, ainda, que trabalhar em um es- concorrência e nas tendências para o futu- resultados por meio da sua

critório de design também é válido, porque ro. Ela alerta sobre a questão de se levar motivação.
Otimismo
além do aprendizado do dia-a-dia e do em conta se o negócio tem grande significa-
Acredita nas possibilidades que
portifólio, pode-se conseguir projetar o nome do pessoal para o empreendedor, já que a são oferecidas e na solução dos

no mercado. Carolina atenta para a necessi- única certeza é que ele terá muito trabalho problemas.
Persistência
dade de se montar uma boa equipe de traba- pela frente. “Se a sua agência não tiver
Insiste até que as coisas
lho para que todas as etapas do processo de muita relevância para a sua vida, vai ser di- funcionem como quer.

atendimento, criação e produção tenham alta fícil ter energia para enfrentar os proble-
qualidade e supram as expectativas. mas”, lembra.

47
como abrir uma agência web

Pequeno guia passo-a-passo Tabelinha de sucesso oportunidade de sucesso reside na chance de


para formalizar a sua Para que uma empresa possa se desen- envolver outras pessoas no negócio, e aqui
agência web*:
volver, é necessário, acima de qualquer coi- entra a idéia de se ter visões compartilha-

1_ Consulta Prévia para fins de sa, que as partes envolvidas se conheçam das”, afirma Sandra.
Alvará de Funcionamento bem. O otimismo inicial de uma sociedade fei- O Perfil de quem é craque
2_ Registro da empresa no
ta por amigos, por exemplo, pode ser muito Sozinho ou acompanhado, quem quer
cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas benéfica quando se trata de começar algo abrir um negócio, seja online ou não, tem
3_ Cadastro Nacional de Pessoa novo. Os laços de amizade ajudam a criar o que, no mínimo, ter uma certa intimidade com
Jurídica (CNPJ) na Secretaria da
alicerce necessário para continuar prosse- um termo que se faz muito presente entre os
Receita Federal
4_ Alvará de Licença/Corpo de guindo nos momentos das vacas magras, empresários de sucesso: empreendedorismo.
Bombeiros contudo, não são sinônimos de sucesso em Diferente do que muitos pensam, empreen-
5_ Alvará de Licença e
um empreendimento. dedores não são apenas pessoas que resol-
Funcionamento
6_ Inscrição no cadastro Segundo Eduardo, além dos conheci- vem abrir um negócio, mas também quem
Mobiliário de Contribuintes na mentos sobre gerenciamento, os parceiros “foge do lugar comum” e prova que tudo é
Secretaria Municipal de Fazenda
devem se complementar por suas qualidades possível, desde as simples coisas até a cons-
7_ Inscrição na Previdência
Social/ Instituto Nacional de técnicas e não somente pela afinidade pesso- trução de novas metodologias.
Seguridade Social (INSS) al. “No caso da Tribo12, um vem da área de Segundo Sandra Korman, é importante
8_ Autorização para impressão
tecnologia da informação e o outro é levar em consideração algumas questões
de Documentos Fiscais na
Secretaria Municipal de Fazenda designer. Procuramos semear esse espírito como a descoberta da causa pessoal, o en-
9_ Inscrição no sindicato patronal de amizade, confiança e sinceridade entre tendimento do contexto sócio-político-econô-
10_ Inspeções, Registros,
nós, a equipe e nossos clientes. Além disso, mico em que o empreendedor se encontra, o
Licenças junto a outros órgãos
públicos descobrimos na prática como é importante in- seu auto-conhecimento e o conhecimento da
vestir no conhecimento sobre administração cadeia produtiva do setor em que pretende
Caso tenha alguma dificuldade
e organização interna para conseguir lidar atuar. Deve também saber de onde parte,
ou falta de tempo em adquirir os
documentos acima, existem com dinheiro e equipe”, explica. aonde pretende chegar e qual o objetivo real
empresas especializadas que O bom entendimento e a transparência do seu negócio.
fazem este trabalho. O valor
entre os sócios podem definir quais rumos Para Vicente Cerqueira, da Esdi, o su-
aproximado de todos os itens
citados é de R$ 600,00. uma empresa deve seguir. Isto se resume em cesso de um empreendedor reside na sua
Terceirizando os serviços, seu discutir e colocar na mesa os objetivos co- vontade e no seu objetivo de realizar algo.
custo será em torno de R$
muns de cada um. Para a professora Sandra “Eu tive bons alunos que não conseguiram se
1.200,00. Para quem ainda tiver
dúvidas nessa etapa, o Korman, coordenadora de ensino de colocar no mercado de trabalho e já tive alu-
advogado Dr. Luiz Antonio empreendedorismo da Pontifícia Universidade nos que não eram tão bons assim, mas que
poderá dar uma ajuda no e-mail
Católica do Rio de janeiro (PUC-RJ), os por causa do espírito empreendedor, obtive-
trat@trat.com.br.
anseios das partes envolvidas têm que andar ram sucesso com suas empresas e estão há
* Fonte: Sebrae
lado a lado para que um empreendimento ga- mais de 15 anos atuando profissionalmente”,
nhe força. “Uma característica essencial para destaca o professor.
que uma iniciativa se configure como uma

48
como abrir uma agência web
“Uma característica essencial para que uma iniciativa se configure como uma
oportunidade de sucesso reside na chance de envolver outras pessoas no negócio,
e aqui entra a idéia de se ter visões compartilhadas”
Sandra Korman, da PUC-Rio

Em busca do primeiro gol Design, no Rio de Janeiro, e já obtivemos uma


Uma das dificuldades encontradas no iní- menção entre os primeiros colocados no con-
cio de uma agência web é o momento de conse- curso de sites promovido naquela ocasião, o
guir os primeiros trabalhos. No caso da Tribo que já trouxe alguma projeção”, diz Carolina.
12, como a produtora já existia com o nome de Nem tudo são glórias
Wcenter, os donos tiveram que adotar estraté- Numa empresa, nem todos os momentos
gias diferentes para atrair novos projetos e são um mar de rosas e nem sempre a sua boa
manter os antigos. “Por incrível que possa pa- intenção se transforma em resultados concre-
recer, abordar novos clientes foi mais fácil, pois tos. Apesar de a internet ser uma mídia nova, a
a gente já tinha um portfólio consistente para experiência conta muito na hora de saber lidar
apresentar. Já com os clientes antigos, precisa- com os problemas. Segundo Eduardo, o apren-
mos mostrar que as mudanças, especialmente dizado adquirido pela Tribo 12 nesses oito anos
na imagem da empresa, que ficou mais jovem e é refletido nos caminhos que a empresa deve
bem-humorada, eram para melhor. O resultado seguir. “A vivência acumulada nos permite to-
foi excelente. Em alguns casos, conseguimos mar certas decisões, e até negar alguns tipos
até ampliar alguns contratos de serviço”, expli- de projetos, justamente por já ter aquele
ca Eduardo. feelling sobre os riscos a serem assumidos”,
Ele afirma também, que a Tribo 12 teve explica o designer.
grande parte de sua divulgação feita espon-
taneamente pelos trabalhos desenvolvidos.
“Até agora, nossa principal forma de dissemi-
nar o nome da empresa foi a qualidade do
nosso portfólio. Cientes disto, apostamos
muito no nosso site, pois é o nosso melhor
cartão de visitas”, conclui Eduardo.
No caso da Cadois, a conquista dos pri-
meiros clientes veio por meio das assinaturas
nos trabalhos da empresa e na sua presença
em eventos especializados da área. “Nós
nunca anunciamos em mídia paga. No início,
participamos do sétimo Encontro de Web

49
como abrir uma agência web

Para Ana Paula Wernek, gestora do Programa de Incuba- dora de empresas que algumas instituições possuem, oferecendo
doras de Empresas e Parques Tecnológicos do Serviço Brasilei- orientação, treinamento e o ambiente necessário para o cresci-
ro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), detalhes mento de novos empreendimentos. Geralmente, a infra-estrutu-
essenciais como o aspecto financeiro, o de negociação, a sele- ra fornecida compreende salas de reuniões, auditórios, sistemas
ção dos colaboradores, a análise de mercado e a busca de re- de telefonia, acesso à internet, suporte em informática, recepci-
cursos financeiros precisam ser bem administrados pelas em- onista e office-boy. São prestadas assessorias gerenciais em
presas. Ela cita ainda que a preocupação com o modo de distri- marketing e finanças, apoio jurídico e contábil, assessoria de im-
buição e com a qualidade do produto é vital para o bom anda- prensa e a assistência permanente no dia-a-dia da empresa.
mento de um empreendimento, assim como um plano de negó- Para se candidatar a uma incubadora, além da análise do
cios que seja efetivamente cumprido e atualizado. projeto, são avaliados o perfil do empreendedor e a habilidade
Não se pode esquecer também das questões burocráti- técnica referente ao seu negócio. Aos interessados, aqui fica a
cas que envolvem uma empresa. Tão importante quanto a sugestão: procurem saber se na sua cidade existem entidades
competência em realizar bons trabalhos, é saber administrar que têm programas de incubadoras de empresas. É muito comum
bem a sua agência. Na Forpix, seus sócios dividem suas fun- que elas funcionem junto a universidades ou centros de pesqui-
ções entre os projetos e o gerenciamento da produtora. “Te- sas, pois estas instituições são de geração de conhecimento,
mos o desafio de exercer várias atividades como a de finan- fundamental para o gerenciamento dos novos produtos e servi-
ças, marketing, comercial e administração que não estão dire- ços das empresas incubadas.
tamente ligadas à área de tecnologia e design. Além disso, a Independente do caminho que escolha para iniciar o seu
burocracia e os custos para abertura de empresa aqui no Brasil projeto, as dificuldades que poderão surgir na sua agência,
são, de fato, uma dificuldade”, lastima Wagner. como também os dias gloriosos em que você poderá fechar
Do treino aos gramados aquele contrato tão almejado, vão fazer parte do seu dia-a-
Após tudo planejado, chegou a hora de transformar sua dia. É importante que fique claro na cabeça do empreendedor
produtora em realidade, ou seja, formalizá-la. É importante que abrir uma produtora de internet requer uma rotina diária
saber que todos os estados dispõem de órgãos e entidades que inclui a busca constante por novos clientes, atualização no
de auxilio à microempresa e à empresa de pequeno porte. mercado e o cuidado permanente pelos projetos desenvolvi-
Essa ajuda vem por meio de treinamento, consultoria na im- dos. Saber inovar, sair do lugar comum e possuir um bom rela-
plantação, acesso ao crédito, obtenção de tecnologia e de- cionamento com seus clientes e, principalmente, com a sua
senvolvimento gerencial do empresário. Uma boa dica é equipe de trabalho serão de vital importância para prosperar
procurar o Sebrae, ou então, acessar o site no endereço no meio online. Tenha em mente que nada cairá do céu e que o
www.sebrae.com.br. Lá se encontram as informações neces- domínio do conhecimento técnico, refletido na qualidade de
sárias sobre como legalizar sua empresa, além de dicas impor- seus produtos, aliado à persistência em sempre dar o melhor
tantes referentes a questões tributárias. de si, trará, conseqüentemente, para junto de sua empresa
Uma outra alternativa é participar de programas de incuba- bons clientes. Então, mãos à obra!

50
tutorial 1
Montando uma edição em

O que é corte seco ?


corte seco por Alex Falcão

Corte seco é quando editamos um de- Na janela Monitor temos duas opções:
terminado filme sem algum tipo de transição Janela Source – é onde você vê o mate-
(efeitos). Exemplo: Quando uma novela vai rial bruto e onde vamos inserir os cortes
de uma cena para outra, você percebe que (edição).
não há efeito algum; o mesmo acontece em Janela Program – depois de editado o
um filme. filme da janela Source, você arrasta para a
Geralmente, numa edição mais profissi- janela Program. Na janela Program, você
onal usa-se muito pouco transição em visualiza como está ficando a edição final e a
vídeos. Quem costuma usar muito efeitos de duração total do filme já com a edição. Se
transição são os profissionais que gravam você precisa editar um filme de 20 segundos é
festinhas de casamento, 15 anos etc.. exatamente nesta janela que você vai poder
Para montarmos uma edição em corte controlar a duração.
seco utilizaremos as janelas de projeto,
timeline e monitor.

Timeline

Na janela timeline, conforme você vai


editando e arrastando para a janela Program,
perceberá que os vídeos vão sendo inseridos
ao mesmo tempo na Timeline.
Agora, colocaremos em prática:
Vamos importar nossos vídeos. Acione o
Menu File / Import / File.
Selecione todos os arquivos e clique em
Abrir.
Janela Project
Obs.: Baixe os arquivos no site da Revista
Webdesign para você praticar.

Repare como a janela Project carrega


todos os vídeos na imagem a seguir:

Janela Monitor

51
tutorial 1

teclas seta para direita e seta para a esquer-


da para avançar ou retroceder quadro a
quadro. Assim, você tem um melhor controle
de onde você quer editar o filme.
Exemplo: Através da seta para esquer-
da e direita eu consigo definir exatamente
que meu corte comece aos 6 segundos do fil-
me e que termine aos 12 segundos.
Então, para entendermos corretamen-
te, vamos fazer na prática. É importante que
Na janela Project, clique no Video 1.avi sigam como eu mencionar:
e arraste para a direita, na janela Source. Corte seco pelo teclado
Dica: Nesta janela é importe que você 1º - Pressione a barra de espaço para
assista ao vídeo todo, primeiramente. Assista iniciar o filme e fique de olho no tempo até
quantas vezes forem necessárias, pois so- chegar de 4 a 5 segundos. Quando chegar
mente assim você verá qual parte realmente em 4 ou 5 segundos pressione a Barra de Es-
quer editar. Para você assistir ou parar o filme paço novamente para parar o filme.
(Play ou Stop), você pode usar a Barra de Es- 2º - Agora que o filme está parado, pres-
paço do seu teclado. sione a seta para direita em seu teclado vári-
Conforme você assiste ao vídeo, na ja- as vezes até chegar em 6 segundos.
nela Source, repare que é mostrado o tempo Para você editar a partir dos 6 segun-
do filme. dos, existe uma tecla de atalho. ( i ). Quando
você pressiona a tecla ( i ), a sua janela
Source fica com uma tarja verde em Set
Location.

Ao lado esquerdo, a duração do filme


todo, ao lado direito, o quanto a cena já foi
rodada.
Dica: Ao pressionar a Barra de Espaço Repare na imagem acima, que estou
para iniciar o filme, eu logo em seguida uso as editando exatamente nos 6 segundos.

52
tutorial 1
Mas o que significa eu pressionar ( i )
Obs.: Não é necessário que você comece a
Input em 6 segundos ? editar a partir de 6 segundos, mas tente
deixar a edição final em 6 segundos. Você
Significa que de 6 segundos para a es-
pode editar do instante 10 a 16 segundos ou
querda, não vou querer em meu vídeo.
18 a 24. Não importa a ordem, o que importa
3º - Pressione a Barra de Espaço nova- é você deixar como o padrão do primeiro.
Quero deixar bem claro que isso não é uma
mente para continuar o filme e quando chegar
regra. Se você quiser que o primeiro vídeo
no tempo 10 segundos, pressione a tecla
tenha 6 segundos, o segundo tenha 15 e o
seta para a direita. terceiro tenha 9, isso não importa.

4º - Pressione a seta para direita até 8º - Após ter feito o mesmo processo para
chegar ao tempo 12 segundos. Depois, pres- o vídeo 2, arraste-o para a janela Program.
sione a tecla ( o ) Output. E veja como fica em Repare que o mesmo insere novamente o vídeo
Set location após pressionar a tecla ( o ). na timeline, na frente do vídeo 1.
Mas o que significa eu pressionar a tecla 9º - Caso queira visualizar o andamento
( o ) output em 12 segundos ? de sua edição, clique na janela Program e
Significa que de 12 segundos para fren- pressione a Barra de Espaço.
te, não interessa para edição, ou seja, o que Edite os 3 vídeos que você baixou do
nós vamos aproveitar mesmo do vídeo é do site da Revista Webdesign.
instante 6 a 12 segundos. Após terminar toda a edição, repare que
5º - Feito isso, clique em cima do vídeo na timeline fica uma barra vermelha. Isso
na janela Source e arraste para a direita na significa que todo esse filme precisa ser
janela Program. Você terá apenas a parte renderizado.
editada do filme, ou seja, apenas os 6 segun- Para renderizarmos, selecione o menu
dos que você editou. Timeline / Render Work Area.
6º - Repare que ao arrastar para a jane-
Obs.: Este processo, dependendo de sua
la Program o mesmo aparece na timeline.
máquina e do tamanho da edição final do
vídeo, pode demorar muito.

Tem como eu inverter a posição do


vídeos ?
Sim! Na timeline, basta arrastar o vídeo
7º - Agora, arraste o próximo vídeo para
que você quer para a frente do outro. Após
a janela Source e repita o mesmo processo a
este processo, será necessário renderizar
partir do passo: CORTE SECO PELO TECLA-
novamente.
DO. Procure manter o padrão de corte para o
segundo vídeo de 6 segundos.

Alex é instrutor da Data Byte de Sto Amaro e administrador do portal ComunidadeWeb. É formado em
processamento de dados e TI pela Faculdade Radial.

53
tutorial 2

Acelere seu desenvolvimento


usando templates por Fernando Guerra

A idéia dos templates não é recente, nem sua Em uma aplicação criada sobre templates, todos os docu-
implementação, única, mas apenas recentemente surgiram mentos estão vinculados a um modelo de layout único. Com
ferramentas e padrões de desenvolvimento que tornam esta isso, ao alterar o template, todos os documentos criados sobre
interessante forma de desenvolver páginas web mais útil. este modelo são atualizados automaticamente.
Para começarmos a falar em templates, é preciso que Os templates funcionam da seguinte forma:
se saiba o que são. Podemos definir que templates são do- O designer pode perceber facilmente quais são as divi-
cumentos que podem ser usados como um modelo para ou- sões comuns que todas as páginas têm, como área de conteú-
tras páginas com o mesmo layout, uma espécie de gabarito do, menus, cabeçalhos etc.. Estas são as áreas que têm um
que serve como base de layout para todas as páginas que html comum, que não teria de estar presente em todas as pági-
os utilizam. nas do site se fosse possível simplesmente ‘inserir’ o html de
Ao longo de um projeto de desenvolvimento web, uma uma página já pronta naquele local. É exatamente aí que en-
das maiores dificuldades é ter que fazer pequenas mudanças tram os templates. Eles são páginas ‘limpas’, apenas com as
no projeto ou na aplicação, depois de tudo pronto. Imagine definições dos locais onde as coisas devem ser colocadas.
que um projeto tenha ao todo 250 páginas e que em todas Utilizando componentes especializados para templates,
elas apareça um telefone de contato no final da página. Se como o ASPTemplate ou o Smarty (esse último para PHP), o pro-
este telefone mudar, imagine que entre abrir o arquivo, locali- gramador apenas especifica nas suas páginas o que deve ser
zar o telefone e alterá-lo, um designer demora em torno de 5 encaixado em cada lugar e o componente monta a página final.
minutos por página. Quanto tempo demoraria para atualizar os Ao se criar esse molde, é fundamental que se defina quais
250 arquivos? Neste ritmo, 1250 minutos ou, aproximadamen- regiões podem ser alteradas e quais regiões serão comuns
te, 200 horas, ou 5 semanas de trabalho! entre as páginas.
Um outro exemplo de manutenção trabalhosa na apre- Exemplo:
sentação: imagine que você tem Projeto Web em mais de uma
língua. Você teria que montar páginas duplicadas com línguas
diferentes com o mesmo layout. Caso se torne necessário adi-
cionar mais um idioma, esse trabalho terá de ser repetido, com
todo o esforço, custos e riscos que traz uma alteração genera-
lizada das páginas de uma aplicação.
Nos dois exemplos acima, o uso de templates pode reduzir
o tempo necessário para este tipo de alteração para poucos
minutos ou poucos dias, e com riscos de se ‘quebrar’ a aplica-
ção a quase zero.

54
Conforme a imagem acima, um template pode ter suas regiões definidas
da seguinte forma:
Região Editável {{conteudo}} : É a área de conteúdo (pode ser alterada).
Regiões de Repetição {{topo}}, {{menu}} e {{rodape}} : São as áreas 7PDÐOÍPQSFDJTBQBHBS
bloqueadas contra alterações que serão repetidas em todos os documentos
derivados do template.
NBJTDBSPQBSBGB[FS
USFJOBNFOUPTPmDJBJT
"EPCFF.BDSPNFEJB
/ÍPQFSDBUFNQP
7FOIBQBSBRVFN
NBJTDPOIFDF
%SFBNXFBWFS
$PME'VTJPO
Nessa figura, já temos o layout de um site de exemplo totalmente pronto. A li-
'JSFXPSLT
nha pontilhada vermelha mostra claramente onde foi definida cada região do molde 'MBTI
/ template. Todas as regiões precisam ser definidas de antemão no template, inclu-
sive, eventuais regiões opcionais, onde pode ou não haver conteúdo.
Usando este template, portanto, é possível criar centenas de páginas onde
apenas a área do conteúdo muda, por exemplo. As demais áreas são preenchi-
das utilizando páginas estáticas, que podem ser alteradas individualmente. As-
sim, se for necessário alterar um telefone de contato que conste no rodapé de
todo o site, esta alteração só terá que ser feita em uma única página que con-
1SFNJFSF
tém todo o html do rodapé e, automaticamente, todas as páginas que utilizam o
template passarão a mostrar este novo rodapé alterado.
*O%FTJHO
Aqui vão algumas dicas para quando for criar seus templates:
*MMVTUSBUPS
- Inicialmente, crie uma única página que contenha todos os elementos que 1IPUPTIPQ
você quer incluir no template; FNVJUPNBJT
- utilize tags para substituir todos os blocos de elementos comuns que você
perceber em sua página. Por exemplo, se em todas sua páginas existir um cabeça-
lho ou um rodapé, substitua-os por tags, como no exemplo acima. Eles definirão os
locais onde o conteúdo e os elementos comuns serão substituídos.
Agora, com seu template definido, utilize-o ao máximo em seu site. Você
perceberá rapidamente o quanto isto acelera o desenvolvimento e aumenta seu
controle sobre o conteúdo de seu projeto web.

55
webexperiences

Clovis La Pastina
Durante a sua carreira offline, Clovis foi redator da Better e da McCann por mais de 12
anos. Trabalhou na Thunder House/Zentropy desde 1999 até o início deste ano, chegando
a atuar como Gerente Geral. Atualmente, é redator da Euro RSCG 4D. Ganhador de dois
Leões de Cannes (Ouro e Prata), um Grand Prix do NY Fests, The One Show, Art Director’s,
Clio Awards e CCSP, também é jurado dos principais festivais internacionais.
clovislapastina@hotmail.com

Cannes: todo ano é tudo sempre igual?


Mais um Festival de Cannes acabou e o saldo final é um tema ‘prato cheio’ para esta coluna
que fala de experiências na internet. Aliás, falar de Cannes é sempre mexer no vespeiro. É
como futebol ou religião, não há consenso de jeito nenhum, mas, vamos lá.
Ano passado foram nove Leões para o Brasil. Este ano foram 23, sendo cinco de ouro, oito
de prata e dez de bronze. Tivemos onze agências diferentes premiadas. Segundo o Presidente
do Júri de Cyber, Robert Greenberg, está sobrando competência por aqui, certo? Bem… na mi-
nha modesta opinião, o nível técnico das peças brasileiras não estava assim tão bom (lá vem
pedrada!). Mas é verdade, eu fiquei decepcionado com o que vi este ano.
Realmente, ainda engatinhamos em websites. Somos melhores em comunicação. Fazer o
que? Talvez seja uma questão cultural, ou uma síndrome qualquer, típica dos habitantes do
hemisfério sul. Não estou menosprezando o Brasil, não. Pela primeira vez ultrapassamos os
EUA na premiação, o que não é pouca coisa.
Mas é fato que estamos um pouco longe do nível técnico dos gringos. Já que é para anali-
sar performance, o que merece ser discutido é: será que os trabalhos agraciados com o GP e
os Leões fizeram realmente justiça ao prêmio?
Lá esteve o que de melhor aconteceu na internet da safra 2003/2004, certo? Não há dú-
vida de que havia muita coisa boa, com uma produção invejável. Mas Cannes sempre foi consi-
derado um festival que privilegia, antes de mais nada, a idéia criativa com um apelo universal.
Ou seja, aquela idéia que qualquer ser humano, em qualquer parte do planeta, de qualquer
cultura, olhe, entenda e ache a idéia brilhante.
www.nec.co.jp/eco/en/
ecotonoha/index.html Partindo deste princípio, vamos analisar o GP, o trabalho japonês da NEC. É, sem dúvida,
um belo case de marketing viral com uma produção de cair o queixo. Mas, será que ele merecia
ser GP? A sua idéia foi a mais original de todo o festival, ou havia algum trabalho tão bom quan-
www.vodafone.com/flash/
futures/index.jsp to, ou superior? É uma questão subjetiva, porém, válida. O site da Vodafone, por exemplo,
não seria melhor? Ou mais adequado?

www.doubleyou.com/festivals/
E o que podemos dizer do Leão de Ouro do site San Silvestre Vallecana da Nike? Ele é bonito,
nikesansilvestre/web1/index.html sem dúvida, mas é um site que tem um apelo bem regional, o que põe por terra aquela premissa da
idéia criativa com apelo universal. Muita gente que viu a peça, não a entendeu. Isso vale ouro?
Não seria este site da Nike, lindíssimo, na visão apurada dos designers, por utilizar uma
nova estética visual, apenas isso e nada mais do que isso? Ou será que a simples presença do nome
Nike já credencia o trabalho da agência a ir direto para o topo, sem escalas? Estaria a Nike acima do
bem e do mal por tudo o que já fez (e faz) na sua comunicação? Se a Nike fizer um arroz com feijão

56
webexperiences
“Realmente, ainda engatinhamos em websites.
Somos melhores em comunicação”

básico, isso já lhe garante o direito de ganhar um prêmio desta


envergadura? Produção por produção, os sites da Volvo, ou do http://demo.fb.se/e/v50/site/index.html
Seinfield, que ganhou prata, não seriam melhores? www.jerry.digisle.tv/room.html
Ou o pior: estaria o Festival de Cannes viciado, estigma-
tizado, previsível? Ou será que eu estou errado? Veja as pe-
ças, tire a sua conclusão e, caso seja possível, escreva
aqui para mim com a sua opinião. Assim, eu vou poder
saber se sou eu que estou ficando viciado e previsí-
vel… ;- ).
Afinal, o legal de Cannes é isso.
 É impossível discutir o Festival sem
esbarrar em paixões. Sem melindrar al-
guém e sem ser contestado. Bem… antes
assim.

BRASILEIROS PREMIADOS EM CANNES (2004)

Leões de Ouro www.bluepuff.com/english/25/


:: “Dog” e “Bird”, da Ogilvy para CNA English School :: “Grip”, da Tequila\BR para Adidas
www.ourwork.com.br/subtitles/banner_dog.html www.tbwa.com.br/2004/awards/grip.html
www.ourwork.com.br/subtitles/banner_bird.html Leões de Bronze
:: “Tattoo”, da AgênciaClick para INDT :: “On Demand Simulator”, da Ogilvy para IBM
www.virtualsofa.net/tattoo/ www.ourwork.com.br/simulator/
::“Flor Summer 03”, da F/Nazca S&S para B4-Flor :: “Karate”, “Basque Pelota”, e “Rocket”, da DM9DDB para o Speedy, da Telefonica
www.fnazca.com.br/festival/06/ www.dm9ddb.com.br/awards/cannes/stepbystep_01.html
:: “Kiss”, da Publicis Salles Norton para Kiss FM www.dm9ddb.com.br/awards/cannes/stepbystep_02.html
www.publicissallesnorton.com.br/cannes2004/kissfm.html www.dm9ddb.com.br/awards/cannes/pocketbooks_01.html
Leões de Prata :: “Plug” e “Lost”, da DM9DDB para Itaú
:: “Morph”, da Ogilvy para Graacc (OgilvyOne) www.dm9ddb.com.br/awards/cannes/plug.html
www.ogilvy.com.br/ourwork2004/morph/ www.dm9ddb.com.br/awards/cannes/lost.html
:: “Identidade O Filme”, da VirtualNet para a Columbia Pictures :: “Africa”, da AgênciaClick para a agencia Africa
www.identidadeofilme.com.br/cannes/ www.virtualsofa.net/AFRICA/flash.htm
:: “Disguise”, para a propria AgenciaClick :: “Silent Movie”, da Loducca para 2001 Videolocadora
www.agenciaclick.com.br/english/ www.loducca.com.br/cannes/silent
:: “Off Road”, da AlmapBBDO para Audi :: “Tony Hawk”, da Euro RSCG 4D para Nokia
www.almapbbdo.com.br/awards/2004/audi/road/ www.bluepuff.com/english/14/
:: “Deers” e “”Elephants”, da F1rst/Loo para o Zoológico de São Paulo :: “So Big”, da Rapp Digital para Citroën
www.loo.com.br/zoo/zoo1.htm http://www.rappdigital.com.br/cannes2004/C8sobig
www.loo.com.br/zoo/zoo2.htm :: “Multi-câmera”, da Rapp Digital para Sky
:: “Testimonial”, da DM9DDB para TAM Express www.rappdigital.com.br/cannes2004/multicamera
www.dm9ddb.com.br/awards/cannes/testimonial.html :: “A New Solution”, da Tequila\BR para TBWA
:: “Trick”, da Loducca para 2001 Videolocadora www.tbwa.com.br/2004/awards/solution.html
www.loducca.com.br/cannes/trick/ :: “Homeless”, da Publicis Salles Norton para Abrigo Bezerra de Menezes
:: “Drag”, da Euro RSCG 4D para Intel www.publicissallesnorton.com.br/cannes2004/bezerra.html

57
webwriting

Marcela Catunda
Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e Globo.
Foi redatora da DM9DDB e supervisora de criação de mídia interativa
da Publicis Salles Norton. Atualmente é autônoma.
marcelacatunda@terra.com.br

E agora, Margarida?
O que eu vou ser quando crescer?
Nunca me perguntei isso. Só fui crescendo. Acho que foi por ter encontrado o grande
amor da minha vida tão cedo: a TV. Eu não sabia muito bem o que queria dela. Mas uma certeza
eu tinha, a de que viver sem ela seria impossível (momento novela mexicana).
E AGORA, MARGARIDA, qual a programação?
Não me programei pra ser nada. Não pensava em ser uma produtora de pauta, editora de
imagens, ou uma diretora de externas, ou uma diretora de programa, ou uma redatora de
Internet, ou uma roteirista, ou uma autora de livros... Mas isso tudo acabou acontecendo.
E AGORA, MARGARIDA, que papo é esse?
O papo é o seguinte: tenho recebido muitos emails (e agradeço a todos), muitos deles me
perguntando como fazer para trabalhar na agência, A, B ou C. Alguns são verdadeiros desaba-
fos, outros têm um ‘Q’ de preocupação tipo: ‘será que consigo entrar em tal lugar’, ‘meu sonho
é trabalhar na YZWXFGT’, ‘como eu faço pra encontrar o meu lugar ao sol nas grandes agências?’
e por aí vai e vão.
São tantos que resolvi abordar o tema na coluna de hoje.
Estou longe de ser uma consultora de rh, ou qualquer coisa que o valha, mas como vocês
estão perguntando, vou tentar (humildemente) responder, ou não vou responder nada... sei
lá, nem comecei a escrever ainda.
E AGORA, MARGARIDA? Qual é o caminho? Que caminho é esse?
Exemplo: eu fui parar na internet porque o corajoso Michel Lent achou que eu tinha algum
talento. Mal sabe ele que eu passei os primeiros vinte minutos da nossa entrevista pensando
que eu estava me candidatando à vaga de produtora de internet, e não à vaga de redatora.
Levei o maior susto quando ele pediu minha pasta. Mas que pasta? A de dentes? Ah, uma pasta
de trabalhos? Ah! E eu lá tinha isso?
E então, em um dia nove, às nove e nove da manhã, eu comecei meu primeiro dia na DM9,
e aprendi a trabalhar com a internet e o talento que o Michel acreditou que eu tinha.
E daí, MARGARIDA?
E daí que as coisas acontecem. O universo realmente conspira, coisas boas realmente
surgem, pessoas realmente geniais aparecem para nos ajudar e tudo se torna magicamente real
no mundo virtual (Ai! Forcei na filosofada). Mas é verdade. Nesse trem da internet, uma coisa
eu aprendi: é muito fácil descobrir se você leva ou não jeito pra coisa. Eu, por exemplo, desco-
bri que não levava (gargalhadas).

58
webwriting
“ Se eu estava fazendo o que eu gostava,
isso já era bom demais pra mim”

Cuide do ordinário, que do extraordinário quem cuida é Deus


Nunca tracei minha carreira pensando nesse ou naquele
lugar. Se eu estava fazendo o que eu gostava, isso já era bom
demais pra mim.
Claro que eu sonhava. Sonhava em ser rica, famosa, lin-
da, poderosa... Mas isso tudo eu resolvi jogando ‘The Sims’,
ainda mais, agora, com o pacote de expansão ‘Superstar’.
O bom de ir fazendo aniversário todos os anos é que
a gente aprende que tem coisas que não têm a me-
nor importância.
Por isso, não se preocupe em
como entrar lá, aqui, ou com fazer parte
da panelinha de tal lugar. O que eu sem-
pre digo é que o caminho que a gente
tem que seguir a gente sabe encontrar,
e sempre encontra.
Eu acredito que a gente pode tudo.
Claro que tem dia que eu não acredito nem em
Papai Noel, mas isso faz parte.
Resumindo e embrulhando
Não adianta ficar pensando no que vai dar errado
se você não está dando o primeiro passo certo: acredi-
tar em você.
Se alguém não quiser o seu roteiro, pense:
‘Spielberg o adoraria’.
O melhor de tudo nessa vida é poder rir da gente
mesmo. Não perca essa oportunidade.
E não desanime. Todos nós temos uma estrela, uns
nascem pra lustrar, outros pra brilhar... (brincadeira).
Sempre dá pra brilhar um pouquinho.
Como diria um ex-amigo meu: ‘Força na peruca, que
no final, dá tudo certo’.

59
marketing

René de Paula Jr.


Especialista em e-business, profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores
agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO.
É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha”
(www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.
rene@usina.com

Ó abre-alas!
Álbum de família sempre tem uma foto amareladíssima, surrada, em que o vovô ou a vovó
aparecem de marinheirinhos, baianas, ainda crianças, todos felizes e arrumadinhos. Isso em
outros carnavais, claro (e literalmente). Quanto aos nossos netos, tomara que nunca encon-
trem nenhum flagra nosso em bailes momescos. Pelo sim, pelo não, veja lá o que você acaba
publicando no seu fotolog, senão vai ter netinho no futuro precisando de terapia.
Dizem que carnaval era coisa de rua. Alguma coisa aconteceu, ruim decerto, para que vi-
rasse coisa de salão, com banda e bar, e outras coisas devem ter acontecido para criarem um
autorama de desfiles, com cronômetro e disputas por centésimos de ponto. O que era espontâ-
neo, dionisíaco, virou um misto de parada militar, olimpíada e concurso de miss. Vai entender.
Felizmente, nem toda história é assim, uma queda inesperada do paraíso ingênuo rumo ao
inferno planificado. Se olharmos pra internet, o movimento é inverso: da paranóia militar, pas-
sando pelo olimpo acadêmico, desembocando numa festa popular digna de Olinda.
Todo mundo tem blog. Todo mundo está no Orkut. Todo mundo cria comunidades como se
fizesse trenzinho no baile. Todos trocam mensagens instantâneas como se fosse confete ou
serpentina. A vida é uma alegria só, um baile do havaí self-service. Já estou começando a me
sentir levemente inútil, uma relíquia anacrônica, uma calçadeira de sapatos no mundo dos tênis
e havaianas.
Vou lhe confidenciar uma coisa. Coisa ao pé do ouvido mesmo, para não parecermos estra-
ga-prazeres nessa zorra toda. É impressão minha ou o baile está esfriando? É impressão minha
ou tem menos emails chegando? É só comigo ou as pessoas estão demorando mais para respon-
der mensagens?
Outro dia, vi um outdoor de uma marca X de tênis. O slogan era: ‘Desconecte-se’. Será que
o povo está com ressaca digital?
Eu tenho uma teoria aqui comigo: assim como os bailes de rua da vovó começaram um dia
a ficar barra-pesada, o digimundo também está deixando de ser limpinho. Um PC típico (o da
sua sogra, por exemplo) é a casa da sogra: vírus toda semana, bandos de spywares pra todo
lado, disco lotado, desktop caótico, windows sem update...
Toda vez que me deparo com PCs sujinhos, minha primeira vontade é deixá-los de molho em
cândida. Ao usuário leigo, pobre alma, o que resta é frustração, impotência e, por fim, desinteresse.
Um PC típico é uma folia breve que vira quarta-feira, quinta, sexta-feira de cinzas para
sempre.

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marketing
“Será que o povo está com ressaca digital?”

A festa ficou boa de novo quando apareceram os ‘salões


A lição é simples: pessoas são pessoas em qualquer lu-
de baile’ do digimundo: Orkut, Yahoogrupos, Linkedin e tantos
gar, digital ou não. Pessoas precisam se sentir seguras, pes-
outros. Agora, sim, estamos de novo entre gente ‘de bem’;
soas gostam de respeito, pessoas prezam conforto, dignida-
agora, sim, podemos nos despir de novo sem o susto de uma
de, privacidade.
mão-boba.
Pessoas são maravilhosas quando o ambiente favorece,
Preste atenção: uma das grandes graças desses espaços
e viram porcos-espinhos se pisarem no calo. Pessoas só dan-
digitais é justamente serem seletos, limpos, seguros. Os
çam conforme a música se não houver outra opção; se come-
spams, os vírus, os malfeitores ficam todos de fora,
çar um baile melhor ali do lado você vai ficar tocando bumbo
sacaneando nossos inbox cada vez mais terra-de-ninguém.
sozinho.
Tem alguma lição aí para nós, profissionais do digimundo?
Quem não gosta de gente, bom webdesigner não é. É
Eu acredito que sim. Isso não está em nenhum manual de
ruim de internet ou profeta sem fé.
Dreamweaver nem de Photoshop. Isso não está em nenhuma
bíblia de PHP. Engenheiros e arquitetos desenham e constro-
em, mas quem faz quarteirões serem um bom bairro?

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user esperience

Claudio Toyama
Sócio-fundador da Brand Experience|Studio – consultoria em experiência do cliente e
marcas, em Londres. Mestre em interatividade e multimídia (London Institute), formou-
se em Administração pela FGV, fez pós-graduações em Marketing (CEAG) e Comunicação
e Artes (Mackenzie), e especializou-se em Design Gráfico (Instituto Europeo di Design –
Comunicazione em Milão, Itália).
webdesign@claudiotoyama.com

Mas o que vem a ser Experience Design???


Walt Disney World, Universal Studios, Busch Gardens. Quem nunca ouviu falar das expe-
riências inesquecíveis dos visitantes a esses parques temáticos? O conceito no qual se baseiam
– a experiência – já era aplicado pelos profissionais das artes cênicas e da narrativa há séculos
e, nos últimos anos, tem se estruturado e possibilitado a construção de um diferencial, assumin-
do posição central no mundo dos negócios e do design.
Mas o que vem a ser Experience Design (ED)? É uma nova comunidade de profissões, con-
cebida por Terry Swack e Clement Mok, nos EUA, em 1998, apoiados pelo então chefe do
American Institute for Graphic Arts (AIGA), Richard Grefe. A denominação – Experience Design
– ocorreu com o advento das novas mídias e do mundo digital, que provocou a ausência de um
objeto tangível a ser projetado, diferentemente do que aconteceu antes em toda a história do
design, com designers de produto, gráficos, de moda, etc.. O ED desvincula-se, então, do ob-
jeto em si e associa-se à experiência que o usuário terá com o meio interativo, pois esta expe-
riência passa a ser o produto final, tendo a importantíssima função de fazer com que um cliente
vivencie a marca/produto/serviço em sua totalidade.
Inicialmente, ED concentrou-se nas experiências digitais, mas logo se chegou à conclusão
de que estas somente poderiam ser entendidas quando colocadas no contexto completo das
vivências diárias das pessoas.
Experience Design foi concebido na mesma época em que Pine II e Gilmore apontaram
para uma nova mentalidade econômica em seu livro ‘The Experience Economy’ (traduzido na
versão brasileira por ‘O Espetáculo dos Negócios’ – Ed. Campus, 1999), no qual deixam claro
que produtos e serviços podem ser copiados no momento em que são lançados
(commodities) e a qualidade da experiência que o consumidor terá com determinada marca
e/ou empresa passa a ser o fator diferenciador, tendo que se conectar com o lado emocional
dos consumidores por meio de experiências memoráveis.
ED, pode ser definido então, como a entrega, através do design, da promessa feita pelo
branding em todos os pontos de contato com a marca, de uma experiência diferenciada e que
supere as expectativas dos clientes.
Entretanto, ED não ficou centrado somente no designer, mas englobou profissionais de
áreas tão díspares e complementares como estratégia de marcas e de negócios, branding,
pesquisa de mercado, usabilidade, arquitetura da informação, design da interação, entre ou-
tros. Alguém que, por exemplo, escolher a denominação experience designer para seu cartão
de visita, estará dizendo que possui experiência em mais de uma dessas áreas.

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user esperience
“produtos e serviços podem ser copiados
e a qualidade da experiência que o consumidor
terá com determinada marca e/ou empresa
passa a ser o fator diferenciador”

Nos artigos anteriores, abordamos o conceito de Flow e ra começa aqui’ (http://www.therainforestcafe.co.uk/ – con-
fizemos uma pequena introdução às areas de Usabilidade e vém notar que o website não condiz com a experiência propor-
Acessibilidade. Todos, de forma geral, fazem parte do leque de cionada pelo espaço físico do restaurante), ou o Nike Town,
conhecimentos de um Experience Designer. em Londres e Nova Iorque (http://niketown.nike.com – veja
Além de referenciar diferentes modalidades do design também o website da empresa que trabalhou com a parte de
(gráfico, de produto, moda), ED também faz alusão às artes entretenimento, iluminação e mídia da NikeTown em Nova
cênicas (teatro, narrativa), bem como à arquitetura, no in- Iorque http://www.illuminatingconcepts.com/120802/
tuito de apresentar conceitos e métodos que servirão como retail_exp/nike.html).
base para a criação de experiências realmente interativas e Numa época na qual o que irá diferenciar uma empresa da
interessantes, como afirma Nathan Shedroff, em seu livro outra será a qualidade das experiências vividas pelos consumi-
‘Eperience Design 1’ (New Riders). dores, o design toma a dianteira na forma do Experience
Além dos exemplos notórios citados no começo deste ar- Design.
tigo, podemos citar outros mais ‘normais’, como é o caso da ca-
deia de lanchonetes Pret-a-Manger que, segun-
do o jornal Times de Londres, ‘revolucionou o
conceito de preparação e consumo de sanduíches’
(http://www.pret.co.uk); o restaurante
temático Rainforest Café, que nos aco-
lhe com uma placa dizendo ‘a sua aventu-

O grupo AIGA Experience Design


<http://experiencedesign.aiga.org>, coordenado no Brasil
conjuntamente por Roberto de Oliveira e Claudio Toyama,
tem por objetivo estabelecer uma nova comunidade de
profissionais cujo desafio é projetar (design) para um
mundo cada vez mais exigente.
Para maiores informações sobre a atuação do AIGA no Brasil,
entrar em contato direto com o Claudio
<webdesign@claudiotoyama.com>.

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webdesign

Luli Radfahrer
PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das
maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é
Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea
e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/design:2’, administra uma
comunidade de difusão do conhecimento digital pelo país.
webdesign@luli.com.br

Porque odiamos slideware


Qualquer pessoa de bom senso odeia uma reunião. Pior ainda se essa reunião se der em
uma sala fechada, escura, em que um sujeito de terno faz um ditado besta enquanto avança
telas intermináveis cheias de textos enormes que piscam, cantam e voam. Componentes es-
senciais da chatice corporativa, as apresentações gerenciais em que se usam programas de
slideware para projetar conceitos em um telão são para muitos o equivalente do inferno com
ar-condicionado. Neles, o visual é um must: a escolha dos formatos, cores, fundos de tela e
imagens é, em muitos casos, mais importante que o conteúdo a ser apresentado.
Qualquer estagiário de arte sabe que escolher padrões de fundo de difícil leitura, abusar
de contrastes agressivos (como azul-amarelo), degradês, efeitos especiais ou gráficos
tridimensionais são práticas comuns para desrespeitar seu público. Isso, sem contar o odioso
hábito de se transferir um texto inteiro para a apresentação e ler o conteúdo tela a tela, cha-
mando a platéia de analfabeta. Por que será que é tão difícil para os clientes entenderem isso?
Provavelmente, porque eles não fazem a menor idéia do que realmente signifique design.
Por mais chic que seja o termo, repetido em todos os lugares, são poucos aqueles que realmen-
te se preocupam em usar os elementos visuais para transmitir uma mensagem. A maioria não
sabe e nem quer saber. Mas, mesmo inconscientemente, o usa.
Apresentações à base de slideware costumam obrigar a platéia a observar, em silêncio, o
discurso do apresentador. Ao elevar a forma sobre o conteúdo, esse tipo onipresente de reu-
nião transforma tudo em discurso de vendedor. E, como todo vendedor, acha que é o maior do
mundo e que tem uma capacidade ilimitada de fazer amigos e influenciar pessoas. Sua conveni-
ência sacrifica o conteúdo e a audiência.
O slide médio tem, em geral, pouquíssima informação e pode ser lido pela audiência em
segundos (por falta de coisa melhor, ela costuma fazê-lo). Por isso, são necessários muitos de-
les para se passar qualquer conteúdo que preste. A constante repetição torna o discurso mo-
nótono, anestesia a platéia em uma chatice hipnótica e mina qualquer resistência.
Em termos de design, esses programas são um atentado: as cores não fazem sentido nem
para um daltônico, as cliparts são infantis de se dar medo e, acima de tudo, a forma não reflete
o conteúdo, o que torna a apresentação gráfica muitas vezes estéril e inútil.
Ao quebrar, monopolizar e banalizar o conteúdo, esse formato de apresentação acaba
funcionando como um frevo de trio elétrico ou enredo de escola de samba: incoerente, baru-
lhento, longo, simples, descartável, pitoresco, patético.
O slideware corre o risco sério de se tornar o substituto da apresentação que deveria com-
plementar. Por ser popular, pragmático e de aplicação simples, ele já se espalha além dos domí-

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webdesign
“se seu discurso é entediante,
pode ser por uma falha de conteúdo
ou contexto, não de decoração”

nios das empresas. Muitos professores disponibilizam suas


aulas nesse formato, e não são poucos os sistemas de apren-
dizado à distância que fazem o mesmo, correndo o risco de for-
mar uma geração incapaz de escrever um texto corrido, já que
se comunicará por tópicos.
Enfim, o slideware nos ajuda a esquecer as máximas de
uma boa exposição: se seus números são chatos, você tem
os números errados; se seu discurso é entediante, pode ser
por uma falha de conteúdo ou contexto, não de decoração
(portanto, colorí-lo, ilustrá-lo ou animá-lo não o tornará mais
relevante).
E, acima de tudo: respeite a inteligência da platéia.

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