Impresso

Especial
050201422-9/2003-DR/RJ
Sindicato Nacional
dos Aeronautas

Correios
Informativo do Sindicato Nacional dos Aeronautas
Filiado à

Ano XII - Abril/Maio 2009 - Nº 530 www.aeronautas.org.br

Reconhecimento oficial da
profissão de aeronauta
completa Jubileu de prata

Sindicato homenageia comissários e comissárias de voo, pelo dia 31 de maio.

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O processo eleitoral do Sindicato Nacional dos O SNA alerta para a segurança do aeroporto Santos
Aeronautas (SNA), suspenso judicialmente em Dumont. Apenas as questões políticas estão sendo
2007, foi retomado. A eleição terá início no dia 8 consideradas nas discussões sobre a utilização do
de junho e encerra em 17 de junho. terminal.

Página 3 Página 7
 Editorial

conquitas históricas

N
esta edição comemora-
mos datas muito signifi-
cativas para os aeronau-
tas.  No dia 5 de abril, celebramos os
25 anos da atual Regulamentação da
Profissão; que só foi   possível graças
à mobilização consciente e a união da
categoria, que participativa, fez-se ou-
vir e respeitar. Tal feito deixou para os
companheiros que viriam depois mui-
to mais que valorização profissional e
benefícios conquistados, o que ficou na
memória da aviação civil foi um legado
de lutas e comprometimento com a
profissão.  No dia 31 de maio foi a vez
de comemorarmos o Dia Internacional
do Comissário de Voo, profissão criada
há 79 anos, tornando-se  fundamental
para a aviação civil em todo o mundo.
Entretanto, é importante que a
nova geração de aeronautas tenha o
entendimento de que ainda há mui-
to por conquistar, principalmente em
tempo de crise mundial.
A crise que vem abalando diferentes
setores da economia em todo o mundo
chegou branda ao setor da aviação bra-
sileira, o que não significa dizer que não
tenha afetado nosso mercado. Basta
analisar o balanço das empresas – que
agora iniciam um processo de recupe-
ração – e o preço atual das tarifas que
desencadeou uma queda na procura de
voos domésticos de maneira geral.
A vigilância do sindicato nesse mo-
mento tem sido redobrada, pois as
empresas utilizam a crise para tentar,
de diferentes maneiras, descumprir as
normas e os critérios estabelecidos,
nas leis que regulamentam a profissão,
deixando seus aeronautas assustados e
vulneráveis. Daí a importância de uma
representação sindical ágil, que cobre,
seja por meio de acordos, seja judicial-
mente, o direito e o cumprimento des-
sas normas. Como aconteceu nesse
primeiro semestre, quando obtivemos
importantes vitórias junto as empresas
Gol/VRG, TAM e Oceanair.
Acreditamos que até mesmo
a situação dramática do fundo de
pensão Aerus, que se arrasta por
três anos, pode estar próxima da
solução definitiva, com a possibili-
dade de um acordo entre a União
e o fundo.
Se por um lado, órgãos do governo
e parlamentares buscam soluções para
os problemas da aviação civil, por outro,
o organismo criado para cuidar dos in-
teresses e da fiscalização desse setor, a
Anac, tem se valido de atitudes autoritá-
rias para impor regras que prejudicam a
todos. Decisões e mudanças vêm acon-
tecendo sem a devida discussão com as
partes interessadas e sem transparên-
cia, colocando em xeque a segurança
de aeronautas e passageiros – como no
caso da redução de um comissário no
EMB-190 e da abertura do aeroporto
Santos Dumont. Como se isso já não
fosse suficiente, a agência, em meio à
crise, liberou as tarifas internacionais e
tenta implantar, a fórceps, a política de
“céus abertos”, abrindo o mercado bra-
sileiro a empresas estrangeiras, ignoran-
do estudos e argumentos de diferentes
segmentos do setor que apontam risco
às empresas brasileiras e, consequen-
temente, o fechamento de milhares de
postos de trabalho.
Em meio à turbulência econômica
e ao descaso da Anac com o setor, o
relatório do Conac – sobre o quadro
atual e as perspectivas para a aviação
brasileira –, apresentado na reunião
regional do Comitê Internacional da
ITF, aponta o crescimento de 75% no
mercado doméstico, de 2004/2007,
com a geração de milhares de novos
postos de trabalho, mesmo após a
quebra de importantes companhias
aéreas brasileiras. No entanto, não
houve melhorias de qualidade para
o setor, principalmente para os aero-
nautas, que, ao contrário, tiveram uma
expressiva queda nos salários, nas
vantagens e na qualidade do serviço
oferecido à categoria.
Por tudo isso, é preciso que cada
aeronauta faça sua parte. Compareça
a um dos postos de votação ou vote
pelos Correios, legitimando o proces-
so eleitoral de segundo escrutínio.
Direção Sindical

Falecimento
Nehilda Cristina de Oliveira Azevedo

No dia 9 de maio, a amiga e funcionária do SNA, Nehilda Cristina de
Oliveira Azevedo, a Cristina, como era conhecida por todos, embarcou na
sua última viagem.
Casada e mãe de dois filhos, Cristina foi um exemplo de mãe, de filha e de
esposa. Dedicou 16 dos seus 52 anos ao SNA – oito deles em Macaé e oito
na sede, no Rio de Janeiro. Cristina será lembrada por seu profissionalismo e
lealdade. Deixará saudades...
Companheiros do SNA

Expediente
Sede: Avenida Franklin Roosevelt, 194 – salas 802 a 805 – Castelo / CEP 20.021-120 / Rio de Janeiro – RJ – E-mail: aeronautas@aeronautas.org.br – Home page: www.
aeronautas.org.br – Fone: (21) 2532 1163 Fax: (21) 2220 6693 – Tiragem: 3,5 mil exemplares – Presidente: Graziella Baggio – Diretor Responsável: Aguinaldo
Marcolino – Conselho Editorial: Aguinaldo Marcolino, Gelson Fochesato, Graziella Baggio, Luiz Sergio de Almeida Dias e Paulo Ricardo Krepsky; – Editora: Ana Luiza
Aguiar – Reportagem: Soraya Brandão e Verônica Tozzi – Revisão: Bárbara Castro e Joíra Coelho – Projeto Gráfico: Fabrício Martins – Diagramação: Fabrício Diretor responsável:
Patrícia Cunegundes
Martins e Malu Barsanelli (61) 3349 2561

2 dia a dia
 Sindicato

Vitória dos Aeronautas

O
s aeronautas da TAM, da VRG/GOL e
da OceanAir tiveram o que comemo-
rar nos primeiros meses do ano. As
ações movidas contra essas empresas, que visavam
ao cumprimento da regulamentação profissional
em vários aspectos, tiveram pareceres favoráveis.
Nesses casos, o caminho jurídico foi a alternativa
encontrada pelo Sindicato Nacional dos Aeronau-
tas (SNA), uma vez que a categoria não tem, hoje,
o mesmo grau de mobilização que possibilitou as
conquistas do passado.
Com a TAM, foi firmado um Termo de Compro-
misso e Ajuste de Conduta (TAC), assinado no dia
19 de maio, em audiência no Ministério Público do
Trabalho (MPT) de São Paulo. Nele, a empresa assu-
me, entre outras coisas, o compromisso pelo paga-
mento da revalidação do Certificado de Capacidade
Física (CCF) a partir de 1º de janeiro de 2009, e
pelo reembolso dos valores gastos pelos aeronautas
com a revalidação feita entre 1º de janeiro de 2004
e 31 de dezembro de 2008. Estão previstas também
no termo, questões de interesse dos aeronautas,
como garantia das oito folgas mensais, de assentos e
repousos para comissários em voos internacionais,
tempo de duração do trabalho e do deslocamento
como tripulante extra e antecedência no aviso das
alterações nas escalas.
Uma das ações contra a VRG/GOL referia-se a
má utilização do “sobreaviso” – Descanso Regula-
mentar (DRG) –, causando danos físicos e finan-
ceiros aos aeronautas da empresa. A outra tratava
do custeio da revalidação do CCF e do pagamento
do tempo de deslocamento para cursos em terra e
para treinamento em simulador.
É importante que
o próprio aeronauta
fiscalize o cumprimento
das normas
Já a ação contra a OceanAir favorecia os tri-
pulantes dos voos ONE 8500 e ONE 8501, que
terão o direito de receber as diárias de alimenta-
ção, relativas à programação para a Cidade do Mé-
xico (GRU/Cidade do México/GRU). Vale lembrar
que, no ano passado, o SNA alertou a empresa, por
ofício, sobre o procedimento irregular que vinha
praticando: o pagamento das diárias em voucher
(com utilização exclusiva no hotel de pernoite),
contrariando o regulamento previsto na Conven-
ção Coletiva de Trabalho (CCT), que prevê o pa-
gamento em dinheiro.
O diretor de formação sindical do SNA, Leo-
nardo Souza, informou que uma ação maior está
tramitando na Justiça contra a Azul. Segundo ele, a
empresa está descumprindo a Regulamentação Pro-
fissional do Aeronauta, ao realizar voos com apenas
três comissários. “Essa medida causa desemprego e
põe em risco a segurança”, destaca.
Leonardo ressalta que as companhias costu-
mam dar outra interpretação a algumas cláusulas
da regulamentação e da CCT. Por isso, é impor-
tante que o próprio aeronauta fiscalize o cum-
primento das normas. “Todas as ações são fruto
de denúncias, todas com fundamentos, provas e
testemunhas”, avisa.
O diretor afirma ainda que, apesar de o sindi-
cato representar todos os aeronautas, são os só-
cios que dão peso político às ações. “Por isso, são
de extrema importância a união, a sindicalização e
a participação desses”, completa.

eleições

Aeronautas voltam às urnas

O
processo eleitoral do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Confira os locais e horários de votação
suspenso judicialmente em 2007, foi retomado no dia 8 de maio de
2009. A eleição de segundo escrutínio terá início no dia 8 de junho,
Rio de Janeiro
às 7 horas (Santos Dumont e Macaé) e será finalizada no dia 17 de junho, às 22
•  Sede do SNA – das 9h às 18 horas.
horas (em Guarulhos).
•  Aeroporto Santos Dumont – das 7h às 20
A apuração ocorrerá no dia 18 de junho, com posse imediata dos eleitos,
horas.
como previsto no edital publicado no último dia 15 de maio, e que poderá ser
•  Representação do SNA em Macaé/
lido na íntegra na página do SNA (www.aeronautas.org.br).
Aeroporto – das 7h às 18 horas.
Os eleitores poderão também votar por correspondência e os  votos en-
viados pelo correio serão recebidos por uma Mesa Coletora instalada na sede
São Paulo
do SNA a partir do dia 03 de junho.
•  Aeroporto de congonhas – das 6h às 21
O aeronauta poderá votar na chapa integrada, em candidaturas individuais e para o conselho fiscal. De
horas.
acordo com o estabelecido no artigo 114 do estatuto do SNA, o segundo escrutínio será considerado válido
•  Aeroporto de Guarulhos / Terminal 1 – das
se alcançado o quórum igual a 10% (dez por cento) dos eleitores. O estatuto pode ser acessado no endereço
6h às 12 horas e das 18h às 22 horas.
http://www.aeronautas.org.br/conheca/estatuto2001.html)
•  Aeroporto de Guarulhos / Terminal 2 – das
6h às 12 horas e das 18h às 22 horas.

dia a dia 3
 aviação civil
Acima do bem e do mal
Anac aprova, arbitrariamente, políticas equivocadas para o setor da aviação civil brasileira
N
o dia 22 de abril, a Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) decidiu, arbi-
trariamente, pela liberação do preço
das tarifas para voos de longo curso – basicamente
Europa e Estados Unidos, a exemplo do que já havia
sido feito ano passado para voos na América Lati-
na. A determinação põe, de maneira gradual, fim ao
piso para passagens aéreas internacionais, em vigor
desde 1993, o que, na avaliação do órgão regulador,
acarretava efeitos negativos ao consumidor.
O piso tarifário de cada rota será reduzido em
20% e a partir de 23 de julho, a redução será de
50%. Em outubro, o corte chegará a 80% e gradati-
vamente será extinta, em 13 de abril de 2010. A de-
cisão, controversa e unilateral, trouxe preocupação
para o setor.
Desde janeiro deste ano que a agência tenta em-
placar, a fórceps, a política de “céus abertos”. Sob a
justificativa de “querer o melhor para os passageiros”,
4 dia a dia
a Anac – desconsiderando a crise mundial, a alta do
combustível aeronáutico, a equidade entre as empresas, no futuro da aviação no Brasil. “Em minha opinião,
a diferença tributária entre países e até o Congresso
Nacional – põe em risco a empregabilidade e a estabili-
dade das companhias nacionais.
A decisão pela liberação tarifária foi tomada na
calada da noite, sem a participação daqueles que, efe-
tivamente, fazem a aviação brasileira, numa demons-
tração clara de desrespeito ao setor. De caso pen-
sado, a agência anunciou a nova política à imprensa, pondo em risco centenas de empregos. “Hoje, só
antes mesmo de a reunião de diretoria ocorrer e da
decisão ser votada.
O impacto no setor – Em recente entrevis-
ta ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da TAM
(companhia mais afetada pela nova política), David
Barioni, afirma que a medida trará consequências
para as empresas brasileiras, pois a concorrência em
condições desfavoráveis perante as aéreas estran-
geiras causará impacto em milhares de empregos e
como presidente da TAM e cidadão, essa decisão
poderia ter sido tomada no Congresso, depois de
amplo debate e a partir de um consenso, e não pela
agência, unilateralmente”, disse Barioni.
Para o assessor econômico do Sindicato Nacio-
nal dos Aeronautas (SNA), Cláudio Toledo, a libera-
ção tarifária impedirá a expansão brasileira do setor,
temos a TAM voando Europa e Estados Unidos. Da
maneira como vem sendo construída essa política,
corremos o risco de brevemente assistir a apenas
empresas estrangeiras operando”, argumenta.
O turismo interno também poderá ser afetado
pela liberação tarifária, avalia Cláudio Magnavita,
presidente da Associação Brasileira de Jornalistas
de Turismo (Abrajet) e integrante do Conselho
Nacional de Turismo (CNT). "A liberação tarifária
em um momento de crise econômica como o atual
representa andar na contramão em relação ao que
todos os outros países estão fazendo. A Anac age
como uma agência internacional e não defende os
interesses nacionais", completa.
A visão de Marcelo Guaranys, diretor da Anac, vai
na contramão. Para ele, “os descontos vão permitir
que as empresas aéreas brasileiras vendam mais pas-
sagens, mantendo os empregos e as mesmas rotas".
A serviço de quem? – Desde que assumiu a
presidência da Anac, em setembro de 2007, Solange
Vieira tem protagonizado uma série de fatos “de-
sagradáveis” que envolvem a aviação civil brasileira.
Sempre em nome de “maiores benefícios aos passa-
geiros”, a agência vem, por meio de atitudes auto-
ritárias, artifícios e clientelismo, impondo mudanças
sem que haja discussões prévias entre os diferentes
segmentos do setor, colocando em xeque a segu-
rança e os postos de trabalho.
Fugindo sempre do debate público, as consul-
tas e audiências não têm a divulgação necessária,
 aviação civil

prevista por lei, impedindo a ampla discussão e a

participação dos diferentes segmentos do setor na
elaboração das políticas. Quando, por força legal,
tais procedimentos são amplamente divulgados, não
é permitida a contestação.
O SNA tem questionado a administração arbi-
trária da Anac. Segundo a presidente do sindicato,
Graziella Baggio, “não é possível promover mudan-
ças na aviação civil brasileira sem que elas tenham
sido amplamente discutidas. Sobretudo mudanças
que comprometem a segurança de voo e a vida de
centenas de pessoas, como no caso da redução no
número de comissários nas tripulações das aerona-
ves EMB-170 e EMB-190/195”, afirma.

Céus abertos para eles – O mais recente

exemplo do despreparo da atual diretoria da Anac
foi evidenciado no dia 30 de abril deste ano, quando
Solange Vieira tentou convencer deputados federais
e representantes sindicais ligados ao setor de que
“abrir os céus brasileiros” às empresas americanas
e europeias é benéfico para a aviação brasileira. Tal
afirmação contraria a avaliação dos sindicatos (pa-
tronal e de trabalhadores) e da Federação Nacional
dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac), que en-
tendem a política de “céus abertos” como um pro-
blema para as empresas domésticas, principalmente
em tempos de crise mundial.

representatividade

SNA ocupa cargo na

nova diretoria da CNTT/CUT

O
s mais de 150 representantes das 80
entidades sindicais e federações do
setor de transportes – ferroviário,
metroviário, portuário, marítimo, fluvial, aéreo e
viário – elegeram, dia 19 de abril, para o triênio
2009/2011, a nova diretoria da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Transportes da
CUT (CNTT/CUT). A Confederação terá como
presidente o rodoviário de Sorocaba, Paulo João
Estausia. Dentre os 41 membros que compõe a
nova diretoria, está a dirigente do Sindicato Na-
cional dos Aeronautas (SNA) e vice-presidente
regional do Comitê de Mulheres da ITF, Marlene
Terezinha Ruza (ISA), que assumiu, já no dia 20, a
Secretaria de Mulheres da CNTT.
Para Ruza, esse é mais um espaço no setor
de transportes que se abre a discussões que
envolvem questões como equidade salarial, res-
peito de direitos e valorização da mulher, entre
outras, que necessitam de enfrentamento en-
gajado e comprometido. “A mulher em cargo
de gestão pode facilitar todo o processo, pro-
movendo discussões e ações afirmativas capa-
zes de minimizar essas disparidades, principal-
mente no setor da aviação, em que a força de
trabalho feminina é predominante”, afirmou a
nova secretária.
dia a dia 5
 Capa
Jubileu de Prata
Regulamentação Profissional do Aeronauta completa 25 anos

A
Regulamentação da Profissão do Aero-
nauta completou 25 anos no dia 5 de
abril. Ao relembrar essa conquista im-
portante de toda a categoria, destacamos a mobi-
lização intensa da diretoria do Sindicato Nacional
dos Aeronautas (SNA), das associações, dos co-
missários e dos pilotos, que não mediram esforços,
empenho e, até mesmo, renúncia da vida pessoal na
tarefa de elaboração do projeto que foi transforma-
do em lei. Afinal, todos tinham a certeza de que era
preciso mudar.
Na época, a conjuntura político-sindical era de
transformação, de mudança de postura nas lutas. O
movimento sindical passou a ter uma visão de ci-
dadania. Também foi nesse período que as centrais
sindicais foram criadas e que se intensificou a Cam-
panha pelas Diretas Já. Nesse processo de redemo-
cratização do País, os aeronautas estavam engajados
nas lutas gerais e específicas da categoria.
Segundo o comandante José Caetano Lavora-
to Alves, presidente do SNA no período de 1980
a 1992, a entidade aproveitou o momento para
preparar e apresentar, de forma democrática e au-
tônoma, uma proposta ao governo que atendia às
necessidades da categoria, com itens fundamentais
que tratavam da segurança, da higiene e da produti-
vidade no trabalho.
Na ocasião, a profissão de aeronauta havia sido
instituída há mais de 20 anos e os passageiros eram
submetidos à condução de suas vidas por profis-
sionais que poderiam estar com estresse, fadiga e
sono. “Por esse e por outros motivos, era impres-
cindível uma nova regulamentação da atividade, para
que, como qualquer outro trabalhador, tivessem
respeitados os critérios e as normas de trabalho,
além de desmilitarizar essas relações. Apesar disso,
houve mudança no ambiente tecnológico no setor
nos últimos anos, sem alteração na carga horária.
Consequentemente, além de lutar por melhores
condições de trabalho, o sindicato reivindicava uma
regulamentação de acordo com a realidade
nacional e mundial”, explica o comandante
Lavorato.
Antes da aprovação, a entidade partici-
pou ainda de reuniões, assembleias, seminá-
rios e diversas atividades com o propósito
de coletar sugestões de emenda que foram
encaminhadas para a Comissão Mista, res-
ponsável por esse Projeto de Lei.
Depois de publicada a regulamentação, o
cumprimento e a fiscalização talvez tenham
sido os maiores desafios. Mas foram os pri-
meiros passos para tornar saudáveis tanto a
concorrência entre as empresas, que buscam
o lucro, quanto entre os trabalhadores, que
buscam o emprego.
Dentro da conjuntura política do País na
época, o comandante Lavorato ressalta que
a categoria avançou muito na conquista de
melhores condições de trabalho, mas o re-
sultado poderia ter sido ainda melhor.
O SNA continua na busca de mais avanços,
de uma regulamentação ideal à atividade do aero-
nauta. Para isso, a mobilização tem de continuar
com igual disposição.
O comandante Lavorato destaca ainda a impor-
tância da sindicalização. Segundo ele, foi fundamen-
tal para a luta e para a conquista da nova regula-
mentação profissional. “Com o número maior de
sócios, o sindicato tornou-se mais forte e fez toda
a diferença no poder de mobilização”, afirma.

Dia internacional do comissário de voo

“Anjos de uniforme”

D
esde a hora em que um passageiro entra no avião até o momento do seu desembarque, uma equipe de “anjos de uniforme”
o protege. São os comissários e as comissárias de voo, cuja função vai muito além de receber bem os passageiros e de lhes
servir lanches e refeições. São eles os responsáveis pelo cumprimento das normas e dos procedimentos de segurança a bordo,
ou seja, por salvar vidas.
No ar, sua missão se desdobra.Viram enfermeiros, amigos, babás, psicólogos etc. Em terra, têm suas vidas guiadas por escalas, sobre-
avisos e pernoites.Vidas sem rotina, mas também sem parada. Carreiras construídas com abnegação, perdas, amor e profissionalismo.
Sorridentes e educados, esses “anjos de uniforme” recebem, atendem, protegem e se despedem dos passageiros como bons anfitriões,
sem cobrar ou receber nada a mais por isso. Parabéns,“anjos de uniforme” – comissários e comissárias de voo –, pelo seu dia!

6 dia a dia

A polêmica abertura
do Aeroporto
Santos Dumont
O risco aumenta exponencialmente quando uma pista pequena passa a receber
aeronaves de grande porte
O
Sindicato Nacional dos Aeronautas
(SNA) alerta que questões relaciona-
das à segurança no Aeroporto Santos
Dumont estão sendo deixadas de lado, enquanto
apenas o lado político da utilização do terminal, lo-
calizado no centro do Rio de Janeiro, é discutido. Se
em pouco tempo já existem problemas na infraes-
trutura do aeroporto, será que a atitude autoritária
da Agência Nacional de Aviação (Anac) em revogar
a portaria que limitava o uso do Santos Dumont a
voos ponte-aérea Rio-SP e à aviação regional não irá
comprometer a fiscalização da segurança aérea?
É fato que, todos os dias, saem notícias nos jornais
de atrasos no Santos Dumont, falta de informação, fila
nos raios-x, troca de voos e, pior, muitos embarques
são feitos de ônibus e não pelos fingers.A revista Isto
É divulgou que, de janeiro a março, aconteceram 35
acidentes aéreos no Brasil, com 34 mortos. Nesse
ritmo, 2009 arrisca totalizar números piores que os
do ano passado (153 acidentes, com 59 mortos).
Para o diretor de Segurança do Sindicato Nacio-
nal dos Aeronautas (SNA), Carlos Camacho, o fator
risco está presente no Santos Dumont em função do
comprimento das pistas: a principal tem 1.323 metros
e a auxiliar, 1.240 metros. “O risco aumenta exponen-
cialmente quando uma pista pequena passa a receber
aeronaves de grande porte (Airbus ou 737) – com
frequência maior e quando não tem área de escape
no final da pista”, afirma Camacho. “Sem esse espaço,
Aviação Civil
Tormento mais
as operações ficam comprometidas e perde-se a con-
trolabilidade. Qualquer projeção errada da aeronave
poderá ocasionar perda de vidas humanas”, completa.
O diretor enfatiza ainda que o ideal seria que o
aeroporto trabalhasse com aviões pequenos, estilo
Embraer 145, e que diminuísse o peso do pouso e
da decolagem, por meio da quantidade de combus-
tível e passageiros. Outra preocupação de Camacho
está na provável subutilização do Galeão e de o pas-
sageiro não poder mais escolher o aeroporto, prin-
cipalmente em virtude de acordos políticos.
Briga política – A Agência Nacional de Avia-
ção Civil (Anac) revogou, em março, a Portaria nº
187, de 8 de março de 2005, que limitava o uso do
Santos Dumont a voos da ponte aérea Rio-São Pau-
lo e à aviação regional. A decisão foi tomada depois
da polêmica gerada em torno da autorização da
Anac para que a Azul começasse a comercializar e a
operar a rota Campinas-Rio de Janeiro, com preços
promocionais, via Santos Dumont. A partir daí, as
empresas OceanAir, Tam, Gol, Webjet e Trip entra-
ram com pedidos de slots para o terminal.
A possibilidade de abertura do Santos Dumont
virou motivo de discórdia jurídica entre o gover-
nador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que é con-
trário à decisão, e a Anac. A abertura foi autorizada
pela presidente da Agência, Solange Vieira, e defendi-
da pelo proprietário da Azul, David Neeleman.
Aerus
perto do fim
E
stá previsto para os próximos meses
o fim dos trabalhos do grupo inter-
ministerial criado pelo ministro An-
tonio Toffoli, responsável pela construção de
uma proposta que, se aprovada, dará fim ao
tormento dos aposentados, aeronautas que
estavam na ativa e pensionistas do Aerus.
De acordo com o presidente do Conselho
Deliberativo da Associação dos Participantes
e Beneficiários do Aerus (Aprus), Zoroastro
Ferreira Lima, os aposentados, em sua maio-
ria, receberam com muita satisfação a pro-
posta da Advocacia-Geral da União (AGU) e
aguardam, esperançosos, o fim dos trabalhos.
“Eles entenderam que, diferentemente do
que tínhamos antes, há nestse momento um
interesse real da União na negociação de um
acordo que traga solução ao caso do Aerus.
Apesar da ansiedade natural que toma conta
de todos nós, o momento pede união, caute-
la, equilíbrio e paciência”, salienta.
Relembre o caso – A Varig ingressou-
entrou, no dia 24 de março, no Supremo Tri-
bunal Federal (STF), com pedido de suspen-
são do andamento do processo da ação de
defasagem tarifária por 60 dias, incluindo o
julgamento que aconteceria no dia seguinte,
25 de março. A petição foi assinada pela Varig,
pelo Instituto Aerus e pela Advocacia -Geral
da União e deferida pela ministra Carmen
Lúcia, relatora do processo.
Na noite de 24 de março, o ministro
Toffoli – durante audiência solicitada pelo
Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA)
– expressou formalmente o interesse da
União em chegar a um acordo sobre o tema
e firmou, em conjunto com a Varig e Aerus, a
petição solicitando a suspensão do proces-
so. Na ocasião, Antonio Toffoli afirmou que
acreditava na possibilidade de concretização
de um acordo no prazo de 60 dias, e que iria
iniciar logo o contato com os demais órgãos
da União para estruturar a forma como essa
negociação deveria ocorrer.
dia a dia 7
 saúde
Surto de gripe põe mundo em alerta
Aeronautas têm orientação específica para atuação em voos nacionais e internacionais

O
surgimento de uma nova gripe, a influen-
za A ou gripe suína, como é comumente
conhecida, alarmou o mundo no final de
abril. Causada por um subtipo do vírus H1N1, a gri-
pe rompeu as fronteiras do México, chegando a 40
países em menos de um mês, o que levou a Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS) a declarar estado
de emergência na saúde pública internacional, pois
eram consideráveis as chances de uma pandemia.
Com o mundo em alerta, pois a transmis-
são ocorre como em qualquer tipo de gripe, as
fronteiras portos e aeroportos, no mundo todo,
redobraram a vigilância sanitária, criando verda-
deiras “estratégias de guerra” para prevenir um
mal maior. De acordo com a OMS, o número
de casos da doença confirmados em laboratório
chega a mais de 9 mil, distribuídos em 40 países.
Medidas preventivas – Tão logo perce-
beu a gravidade da situação, o governo brasileiro
criou o Gabinete Permanente de Emergência, que
determinou medidas de caráter preventivo. Algu-
mas delas foram direcionadas às empresas aéreas e
às tripulações, são elas: a obrigatoriedade da veicu-
lação de informe sonoro (speech) sobre a doença
em todos os voos (nacionais e internacionais) de
companhias brasileiras; o uso da máscara –   pela
tripulação e passageiros –   e uso de luvas pelos
comissários durante o serviço de bordo, somente
quando houver na aeronave um caso suspeito.Além
do aviso imediato às autoridades de terra, torre de
controle etc., a fim de   permitir uma preparação
adequada e o acompanhamento da Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (Anvisa) aos voos proce-
dentes das cidades onde há casos de contaminação
ou  quando houver caso suspeito.
A Anvisa também orienta as empresas para que
seja reforçada a limpeza de aviões e sobre a im-
portância da utilização de equipamentos de pro-
teção individual para os funcionários que fazem
esse serviço. Folhetos educativos sobre a doença
também veem sendo distribuídos nos aeroportos
internacionais.
Conheça os Sintomas
De acordo com o Ministério da Saúde, os
critérios da Organização Mundial da Saúde
(OMS) que definem “caso suspeito” são:
febre repentina e continuada acima de 38ºC
graus, acompanhada de um ou mais sintomas
como: tosse; dificuldade respiratória; dor de
cabeça; dores musculares e nas articulações;
e ter como procedência as áreas afetadas, nos
últimos 10 dias.
Para mais informações acesse os sites:
www.anvisa.gov.br
http://portal.saude.gov.br/saude/

sindicalismo

SNA representa a categoria na

reunião do Comitê Internacional da ITF

C
erca de 30 representantes cano e de diretora do Comitê Executi-

Foto: Soraya Brandão

de entidades sindicais ligadas
aos trabalhadores em trans-
porte da América Latina, Caribe e Es-
tados Unidos participaram da reunião
regional do Comitê Internacional, da
Federação Internacional dos Trabalha-
dores do Transporte (ITF), entre 2 e 3
de abril, no Rio de Janeiro. No encon-
tro, foram apresentadas as atividades
desenvolvidas pela ITF América nos
últimos três anos e a preparação para
o 42º Congresso Mundial da instituição,
na Cidade do México, em 2010.
A federação e os sindicatos de tra-
balhadores da aviação civil brasileira
foram representados pela diretora da
Secretaria Extraordinária de Mulheres
do Sindicato Nacional dos Aeronautas
(SNA), Marlene Terezinha Ruza (ISA),
que na ITF América ocupa os cargos de
vice-presidente do Comitê Interameri-
vo de Mulheres.
Marlene apresentou aos participan-
tes um relatório sobre o quadro atual
da aviação brasileira e também as pers-
pectivas para o setor. O documento,
entre outras coisas, apontava o cresci-
mento do mercado doméstico, o qual,
mesmo após quebra da Transbrasil, da
Vasp e da Varig etc., gerou milhares de
novos postos de trabalho, atingindo
números recordes de crescimento: de gestão, execução e articulação das A ITF – A ITF é uma federação sindical
75% no período de 2004/2007. O que, políticas no setor de transporte aéreo, internacional, com 109 anos de existên-
segundo o autor do relatório, o econo- bem como as perspectivas recentes de cia. Sediada em Londres, possui mais de
mista Cláudio Toledo, não significa di- melhoria no setor. Finalizando com a 5 milhões de associados de diferentes
zer melhorias e qualidade para o setor, constatação de que o fortalecimento setores do transporte, distribuídos em
principalmente para os aeronautas, que, do setor depende, essencialmente, do 176 países, nos cinco continentes.
ao contrário, tiveram expressiva queda posicionamento da Anac em relação A ITF América é sediada no Rio de
nos salários, nas vantagens e na quali- ao respeito dos acordos bilaterais, às Janeiro e representa mais de 100 sindi-
dade do serviço oferecido pelas em- concessões e às revisões de critérios catos na América Latina e Caribe. Mais
presas à categoria. O documento apre- que venham, futuramente, prejudicar o informações sobre a instituição no site:
sentado analisava também problemas mercado. http://www.itfglobal.org/itf-americas.

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