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revista

nº10

E D I Ç Ã O E S P E C I A L
revista nº10
dezembro 2009
ONDE QUER QUE ESTEJA, ESTAMOS CONSIGO.
E D I Ç Ã O E S P E C I A L
COMUNICARE - Comunicação e imagem | Rua do Senhor, 592 - 1º Frente | 4460-417 Sra. da Hora - Portugal | T: +351 229 544 259 | F: +351 229 520 369 | E: geral@comunicare.pt
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in loco

revista bimestral nº10 - edição especial NO ‘PALCO’ DO MUNDO


http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain

Direcção Executiva O ano de 2009 está a chegar ao fim e é tempo formação tem “um compromisso para com o
Daniel Mota Gomes · João Braga Tavares
de analisar os acontecimentos mais importan- povo”. Os adeptos prometem dar apoio incon-
Direcção Editorial
Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt tes dos últimos 12 meses, tirando as devidas dicional e os Palancas Negras estão dispostos
Redacção lições e usar a experiência adquirida para conti- a lutar ao máximo e a suar a camisola para
Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.pt
Mónica Mendes - mmendes@comunicare.pt nuar a aposta no crescimento económico que, honrar as cores do seu país. Por isso, não pode
Colaborador Especial apesar das previsões menos optimistas, con- perder o nosso suplemento sobre o CAN, que
João Paulo Jardim - jpjardim@comunicare.pt
André Sibi tinuará a ser um período de desenvolvimento elaboramos especificamente para si, para que
Design Gráfico acima da média mundial. O próximo ano será fique a par de tudo o que importa saber sobre
Bruno Tavares · Patrícia Ferreira
design@comunicare.pt certamente o da solidificação e diversificação a maior competição continental.
Fotografia da economia, onde o investimento privado e
Ana Rita Rodrigues · Shutterstock · Fotolia
Serviços Administrativos e Agenda as obras públicas prometem estar novamente Para fechar o ano em beleza, convidamos um
Maria Sá - agenda@comunicare.pt na ordem do dia. Mas as boas notícias não fi- dos maiores ícones das artes nacionais para
Revisão
Marta Gomes cam por aí. Além da retrospectiva do ano tran- pintar a nossa capa, tudo para que este exem-
sacto, a Angola’in apresenta-lhe nesta edição plar seja um coleccionável inesquecível. Eleu-
Direcção de Marketing
Pedro Posser Brandão muito especial algumas das principais expec- tério Sanches aceitou o desafio e presenteia
Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369
E-mail - pbrandao@comunicare.pt tativas para o novo ano: a abertura da Bolsa os nossos leitores com um belíssimo quadro e
Publicidade
de Valores e Derivados, a elaboração da Cons- uma entrevista, que é um autêntico testemu-
Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 tituição e as eleições presidenciais vão agitar nho sobre a sua constante aprendizagem e os
E-mail - publicidade@comunicare.pt
João Tavares - jtavares@comunicare.pt a vida social, em que a participação de todos múltiplos ensinamentos que esta figura ainda
Daniel Gomes - dgomes@comunicare.pt
é crucial. tem para dar às novas gerações.
ASSINATURAS - assinaturas@comunicare.pt
Envie o seu pedido para:
Rua Rainha Ginga, Porta 7 2010 será certamente o ano de concretização Natal é sinónimo de convívio em família, re-
Mutamba - Luanda - Angola de todos os sonhos. O CAN concentra todas as cheado de belas iguarias e muitas prendas. A
Departamento Financeiro expectativas e é a prova de fogo à capacida- pensar nesta época festiva, a Angola’in prepa-
Sílvia Coelho
de de organização nacional. O evento do ano rou-lhe uma edição, repleta de sugestões para
Departamento Jurídico
Nicolau Vieira augura tornar-se um sucesso. As entidades ofertas para si e para os seus entes queridos,
Impressão estão empenhadas e a população vibra com a onde não faltam os melhores gadjets. Tudo
Multitema
Distribuição recepção dos 16 candidatos ao título. Será um acompanhado pelas receitas de Wilson Aguiar
Africana Distribuidora Expresso arranque de ano em cheio, com o país a fervi- e a nossa selecção de vinhos!
Luanda - Angola
Tiragem lhar de vida. Os olhos vão estar concentrados
10.000 exemplares em Angola, que terá, através deste torneio, a A todos desejamos um óptimo Natal,

ISSN 1647-3574 grande oportunidade para se projectar ainda um excelente 2010 e um magnífico CAN!
DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09
— mais, tanto no contexto africano, como mun-
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,
fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para
dial. A selecção nacional também tem respon-
quaisquer fins, inclusive comerciais sabilidades acrescidas. Como refere Manuel
José, em entrevista exclusiva à Angola’in, esta A Direcção
ASSINE ANGOLA´IN
Contacto Angola - assinaturas@comunicare.pt
1 ANO 17,55 EUROS (10% DESCONTO)
2 ANOS 31,20 EUROS (20% DESCONTO)

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por


empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000
(Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)
IN LOCO · ANGOLA’IN |3
18 GRANDE ENTREVISTA
É o ícone dos artistas mais completos. Eleutério Sanches é
um dos símbolos da cultura nacional. Multifacetado, tem
provas dadas na pintura, música e poesia. Enquanto pintor,
já expôs nos ‘quatro’ cantos do mundo e cede uma das suas
26 pinturas para a nossa capa. Em entrevista à Angola’in, o an-
tigo professor faz a análise do seu país e do estado das artes,
DESPORTO revelando que tem projectos na calha para o próximo ano
O país ultima os pormenores para o evento do ano.
A população está em contagem crescente e deposita 52 LUXOS
todas as expectativas no desempenho da sua selecção, O Natal está próximo e cheio de novidades. Nesta edição es-
pecial, preparamos um dossier com as últimas novidades em
que tem responsabilidades acrescidas. Manuel José,
alta tecnologia. Conheça os melhores gadjets e os produtos
em entrevista exclusiva à Angola’in, fala dos objectivos mais inovadores. Não deixe de consultar os relógios exclu-
para este Campeonato Africano das Nações e do trabalho sivos que propomos, bem como os carros mais desejados.
desenvolvido nos últimos meses com os Palancas Negras. Uma oportunidade única! Aproveite as nossas sugestões e
Conheça os estádios, as equipas e todos os pormenores comece a escolher as prendas para a família e amigos
das cerimónias oficiais. Tudo num suplemento sobre a
competição preparado a pensar em si!
74 VINHOS & COMPANHIA
Em período de festividades, a escolha da ementa e dos
vinhos é essencial para impressionar a sua família e con-
vidados. Wilson Aguiar prepara o menu para a noite de Na-
tal e de Passagem de Ano. A nossa equipa faz a selecção
dos melhores vinhos para a ocasião. São 40 opções a não
perder! Se pretende viajar, apresentamos os restaurantes
mais in do momento

10 IN FOCO 86 PERSONALIDADES
Com o final de 2009 a aproximar-se, é tempo de fazer o balanço do ano transac- É o cantor do momento. A jovem revelação termina este
to. A economia está em destaque e neste número apresentamos a antevisão mês a tournée pela Europa, onde fez a primeira parte do
dos pontos fortes para 2010: a abertura da Bolsa de Valores, as eleições presi- concerto de Eros Ramazotti. Yuri da Cunha é a esperança
denciais e as apostas na diversificação da economia, nomeadamente ao nível da música angolana. De passagem por Portugal, para actu-
do investimento privado, são as principais novidades. A fechar, fique a saber tu- ar na comemoração do 34º aniversário da Independência, o
do sobre as comemorações do 34ª aniversário da Independência (em Portugal) artista revelou-nos os seus projectos

22 FOTO REPORTAGEM 68 ESTILOS

6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
SUMÁRIO · ANGOLA’IN |7
editorial

muito mais angola!


Com o pensamento na penumbra de emoções que en- Adivinham-se meses de luta, assentes em pilares de
toam à média luz, penso num coração angolano que cidadania, maturidade, mudança e consenso, impor-
não bombeia sangue, mas sim sentimento. É tal a in- tantes para a ‘maioridade’ de um país que sabe honrar
tensidade, que a sensação que melhor define o final o seu passado e procura projectar um futuro sustentá-
de mais um ano é nada mais do que um momento de vel para as suas gerações. Importa criar espaço e um
catarse. Aquela impressão que todos nós vivemos de papel para a Assembleia Nacional, os partidos políti-
libertação de uma emoção há muito contida. A mes- cos, as universidades, a Comunicação Social e outros
mbartolo@comunicare.pt
ma que Aristóteles, filósofo grego, designa de “puri- actores que se assumam como motores de dinamiza-
ficação sentida”. ção do progresso.

Na última edição de 2009, trago à consciência o que Tudo isto passa por divulgar insistentemente a “ban-
denomino ‘estrada do sucesso’, um caminho difícil, em deira”, que serve para comunicar o sonho de um país
que se sente o sangue ‘dar a volta’ e a vida a andar que se propõe operacionalizar as suas ideias mais ar-
à solta, mas nem por isso sem rédea. 2010 será para rojadas. Avante com a empresarialização da economia
todos os angolanos o desdobrar de um mapa, a des- nacional para que esta possa definitivamente integrar
coberta de um espaço num tempo em movimento. Lá os actores da globalização e com isso trazer desenvol-
fora há lugar, à espera de todos e essa é talvez a men- vimento ao povo. Sejamos formadores de novas ati-
sagem mais importante a transmitir. tudes, numa perspectiva de oportunidade para todos,
elevando assim o nível de vida da população. Apresen-
Aprendizes fomos, construtores somos, inventores temos liderança ao Mundo na criação de um merca-
e aventureiros sempre. Sonhadores inatos, sobrevi- do alargado, uma das bases para a construção de uma
ventes natos, nem sempre conseguimos ser exactos, sustentabilidade competitiva. Desenhe-se um espaço
nem sempre conseguimos evitar maus actos. Temos nacional onde a sociedade civil comece a construir os
alianças, muitas desconfianças, mas também as nos- novos desígnios para o país, de forma a que Angola se
sas esperanças. Podem falar, mas para quem ama a torne cada vez mais uma marca de orgulho.
liberdade o importante é nunca parar. Esse é o grande
desígnio do novo ano: saber que a distância que existe Estes são sinais de respeito e reconhecimento, sede-
entre o não ser e o ser é uma questão de não ter medo ados em palavras de esperança e crença num advir
de ir longe demais. melhor. Se todos trabalharmos e juntarmos os nos-
sos esforços para a concretização destes objectivos
Os Angolanos são prestamos um contributo inestimável ao processo de
desenvolvimento económico, social, cultural e de re-
o mais valioso ‘capital’ conciliação nacional. Nesse dia, deixaremos de sofrer
de sempre em consequência das condições materiais, reafirman-
do a nossa determinação em remover todos os obstá-
Esta é talvez a primeira vez que me dirijo na primeira culos que se erguem diariamente na vida de cada um
pessoa aos leitores da revista, num assomo de sen- de nós!
timento (confesso), para por palavras próprias lhes
desejar votos sinceros de prosperidade e sucesso. Feliz 2010!

8 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
EDITORIAL · ANGOLA’IN |9
IN FOCO | manuela bártolo*

ARTIGO DE OPINIÃO O MERCADO DE CAPITAIS E A BOLSA


Ao terminarmos mais um ano, várias são as

(Ante) reflexões e pontos de vista que se entrecru-


zam nos bastidores. Por um lado, os ango-
lanos vão enaltecendo as metas alcançadas
nas mais diversas áreas, sobretudo no sector

Visão
económico. Por outro, precisam de ter cora-
gem de identificar e assumir as falhas come-
tidas para melhor direccionarem o futuro. No
que se refere à melhoria das condições so-

do Futuro
ciais básicas, foram construídos vários em-
preendimentos no domínio energético e da
construção civil, designadamente ao nível
das estradas, hospitais e mercados munici-
pais, que são de enaltecer. No entanto, um
dos grandes desafios que se impõe passa
pela melhoria do sentido de responsabilida-
de e consolidação da Comissão de Mercados
de Capitais (CMC), cuja missão é promover
um importante instrumento de desenvol-
vimento, dada a sua capacidade de acelerar
o crescimento económico. Uma das maiores
propostas deste organismo prende-se com
a criação da Bolsa de Valores e Derivados de
Angola, que vai certamente permitir a regula-
mentação, supervisão e fiscalização do mer-
cado e dos seus agentes. De acordo com as
informações tornadas públicas, a mesma já
conta com um montante de USD 7 milhões e
710 mil para a sua criação, o que justifica uma
infra-estrutura e condições de trabalho muito
sólidas em todas as suas esferas, para se evi-
tar possíveis atrasos no seu funcionamento.
Numa primeira fase, este importante instru-
mento de desenvolvimento vai contar com 27
subscritores, com destaque para a Sonangol,
Endiama, Ensa, FDES, BFA, BIC, BAI, grupo
António Mosquito, Sistec e Chicoil, cujas pre-
senças no mercado estão devidamente con-
solidadas, o que por si só se pode considerar
uma grande mais-valia. Uma vez que a bolsa
de valores vai acelerar a privatização das em-
presas angolanas, seria bom que as oportuni-
dades nesta grande praça económica fossem
iguais para todos. A bolsa deverá conhecer e
obedecer a uma legislação transparente para
permitir que todos tenham acesso aos negó-
cios que irá proporcionar, sem destinação da
cor partidária ou religiosa, evitando assim fa-
cilidades para uns e dificuldades para outros.
A coerência no seu funcionamento vai permi-
tir a valorização da economia do país ao mais
alto nível, pelo que a modernização do siste-
ma financeiro irá também transformar Ango-
la numa praça financeira forte.

10 | ANGOLA’IN · IN FOCO
A NOVA CONSTITUIÇÃO A bolsa deverá permitir que todos tenham acesso
Outro dos desafios será sem dúvida a realiza-
ção das eleições presidenciais. Dezasseis anos
aos negócios que irá proporcionar, sem destina-
depois das primeiras eleições legislativas, os ção da cor partidária ou religiosa
angolanos voltaram às urnas em 2008 para
eleger o Parlamento. Um ano depois, seria a
vez do Presidente da República. Infelizmen- vontade política, pois o crescimento depende o mercado do Roque Santeiro, igualmente no
te, não foi o que aconteceu. A realização das da atenção que se dá aos recursos humanos. Cacuaco. Em comparação com o passado, es-
eleições presidenciais no país está a depender Um desejo de mudança igualmente presente tes locais de comercialização de bens de con-
de um conjunto de factores, entre as quais a na aprovação do Plano Nacional para o novo sumo de primeira necessidade, conheceram
aprovação da Nova Constituição. A normaliza- ano. Prioridades: “promover a unidade e coe- uma melhoria significativa na higiene. Duran-
ção constitucional em curso é um passo fun- são nacional e a consolidação da democracia te muito tempo, os produtos eram expostos
damental para a consolidação da democracia e das suas instituições”. Os dados estão lan- ao ar livre, as bancadas onde se vendiam apre-
rumo ao desenvolvimento sustentável. Para çados resta cumpri-los, ou seja, garantir um sentavam condições péssimas, não existia
tal, os angolanos precisam definir o futuro ritmo elevado e sustentado do crescimento iluminação, tão pouco a água potável para o
sem depender dos interesses deste ou daque- económico, com estabilidade macroeconómi- consumo. Sabemos todos que a comercializa-
le, uma vez que se trata de um diploma legal ca, transformação e diversificação das estru- ção de produtos de consumo alimentar ao ar
que vai definir as políticas para as presentes turas económicas. Melhorar a qualidade de livre acarreta uma série de problemas à saúde
e futuras gerações. Para 2010, é intenção de vida e de desenvolvimento humano, bem co- pública das populações. Assim, a ausência de
todo o angolano que o país tenha uma situ- mo estimular o progresso do sector privado, infra-estruturas logísticas para a comerciali-
ação de constitucionalidade, completamente apoiar o empresariado nacional e reforçar a in- zação destes bens alimentares fazia com que
normalizada para garantir a realização perió- serção competitiva no contexto internacional boa parte da população tivesse os mercados
dica das eleições legislativas e presidenciais. são outras das metas que se impõem. O Plano informais como alternativa. Durante décadas,
A Nova Constituição cuja aprovação está a Nacional 2010/2011 prevê ainda a implemen- o Governo perdeu avultadas somas de dinhei-
condicionar as “eleições” deverá ser um docu- tação de uma política de desenvolvimento ru- ro devido à fuga ao fisco. Esta evasão devia-
mento aprovado por consenso da maioria. Um ral e peri-urbano, que mitigue o desiquilíbrio se à falta de uma estrutura administrativa
diploma onde cada um de nós se possa rever. na qualidade de vida entre os meios rural e ur- adequada nos mercados municipais. Com a
O crescimento económico, político e social de bano, através da promoção de um desenvol- melhoria das condições destes mercados, do-
um país depende de vários factores, entre eles vimento industrial que permita substituir as ravante vai aumentar o volume das receitas a
a constituição, que não deve ser considerado importações e reabilitar as infra-estruturas serem arrecadadas. A melhoria das condições
um triunfo de manipulação política. É desejo necessárias à reconstrução do país. Em cau- vai limitar o espaço de manobra aos infracto-
também de todos nós que o poder judicial seja sa está também a necessidade de assegurar res. O que irá permitir uma satisfação total de
completamente liberalizado para se garantir a a rápida urbanização dos musseques e a mo- todos agentes envolvidos neste processo. Por
serenidade dos tribunais, isto porque os mes- dernização das comunidades urbanas. Tudo hoje, a higiene, consumo de água potável, a
mos devem ser instituições independentes. isto faz com que importe, cada vez mais, de- melhoria das condições nas bancadas de ven-
Democracia sem liberdade é como um edifício finir uma política de proteccção social e de so- da tendem a melhorar a cada dia que passa.
sem pilares. lidariedade nacional adequada, que priorizem Para melhor respondermos às necessidades
em simultâneo o sector social, particularmen- dos munícipes da capital, dada a sua divisão
PLANO NACIONAL 2010/2011 te ao nível da educação e saúde. Neste últi- administrativa que compreende nove municí-
Falar de 2010 é também falar de desporto em mo capítulo, interessa (em particular) fazer pios, deveríamos ter no mínimo 18 supermer-
Angola. O CAN dá o pontapé de saída para uma resenha na melhoria das condições sa- cados, dito por outras palavras dois em cada
um ano que promete ser de forte desenvol- nitárias dos mercados municipais da capital. municipalidade. Estes locais de venda de pro-
vimento nesta área. No entanto, sendo este Em Luanda, foram melhoradas as condições dutos de vária ordem, gerariam um número
um evento desportivo de grande envergadu- de saneamento básico, em algumas artérias considerável de postos de trabalho, melhoria
ra, esperamos que se repensem estratégias da cidade, com destaque para estes espaços, das condições de trabalho e consumo de pro-
para o aproveitamento dos estádios de fu- nomeadamente os mercados dos congolen- dutos devidamente conservados. Uma ideia a
tebol sob pena de virem a ser subaproveita- ses no Município do Rangel, o mercado do Asa reter e a aplicar neste novo ano!
dos. Para que o desenvolvimento chegue aos Branca no Município do Cazenga, o mercado
mais recônditos cantos de Angola basta a do Kikolo no Município Cacuaco e por último * em colaboração com André Sibi

A Nova Constituição deverá ser um documento


aprovado por consenso da maioria; um diploma
onde cada um de nós se possa rever

IN FOCO · ANGOLA’IN | 11
IN FOCO | manuela bártolo

Memória colectiva
A maior parte de nós não decora datas, ape- destino, os altos dignitários angolanos em modelo a ser transmitido, de forma profunda
sar de alguns (poucos) terem todos os dias terras lusas honraram o seu passado e ce- e contínua aos jovens, para que estes possam
importantes (ou não) memorizados de uma lebraram com toda a comunidade. O evento compreender a sua história não só academi-
forma impressionante. Há, no entanto, um serviu, sobretudo, para marcar a assumpção camente, mas também entender a sua im-
momento que marca particularmente todos da dignidade e orgulho presente em todos portância e repercussão no presente e futuro
os angolanos, mais patriotas, menos patrio- que, longe da sua terra natal, se esforçam do seu país. Angola soube ser, ao longo das
tas, pouco importa. O 11 de Novembro é e será para tornar a pátria-mãe uma nação cada últimas décadas, um impulsionador das re-
sempre uma data a festejar por todos. Seja vez mais soberana. A batalha contra o colo- voluções raciais no continente africano, uma
qual for o canto do mundo, onde há um ango- nialismo português possibilitou aos políticos enorme evolução baseada num trabalho ár-
lano, há o sentimento de felicidade por essa nacionais passar a comandar os desígnios duo de gerações, que lutaram com convicção
independência conquistada. Partilham uma do país. Sacrifícios patrióticos de homens e pelo direito dos negros à igualdade e dignida-
história de dor e sofrimento, mas também de mulheres, que “devem sempre ser homena- de como seres humanos. A instauração defi-
conquistas e vitórias, de respeito pelos seus geados”, proporcionando um futuro digno às nitiva da paz possibilitou ao país destacar-se
heróis que lutaram e venceram. Faz 34 anos novas gerações, que no exterior defendem a quer em África, quer no mundo, pois tem-se
que Angola se “libertou” do jugo colonialis- oportunidade de usufruírem de um país rico revelado capaz de consolidar, cada vez mais,
ta. Não foi uma luta fácil e desencadeou ou- e abundante em recursos. A proclamação da o seu sistema democrático, espelhado na re-
tra que viu o seu fim há menos de dez anos. independência permitiu o seu reconhecimen- alização de eleições livres e pacíficas, a última
Contudo, como todos sabemos o importante to como nação, tornando-o um exemplo para das quais realizada em Setembro de 2008.
é começar-se por algum lado. A 11 de Novem- os restantes países africanos ao demonstrar Todos crêem estar no bom caminho, confian-
bro de 1975 proclamou-se a República Popu- ser possível a pacificação e a estabilidade po- tes na melhoria social e num amplo progresso
lar de Angola, hoje República de Angola, mas lítica por via do diálogo. A estratégia adopta- económico, muito, também, devido à estabi-
tudo começou com o fim da ditadura em Por- da na resolução do conflito interno é hoje um lidade política alcançada.
tugal, a 25 de Abril de 1974. Para recordar a
sua História, o Consulado Geral de Angola no
Porto (Portugal) organizou, no passado mês,
em dois espaços distintos da cidade, uma
enorme festa. Foi num clima de elevada es-
perança e sentido orgulho, que se comemo-
rou o 34º Aniversário da Independência. Em
memória de todos os guerrilheiros e cidadãos
anónimos, que lutaram pela autonomia do
país, tornando o combate pela libertação na-
cional um marco árduo e glorioso, que permi-
tiu aos angolanos passarem a decidir o seu

12 | ANGOLA’IN · IN FOCO
Maria de Jesus dos Reis Ferreira, Cônsul-Geral de Angola no Porto (ao centro) com Rui Xavier, Ministro Conselheiro e restante comitiva

UM POUCO DE HISTÓRIA – PARTE I


Angola foi povoada pelos portugueses no sé-
culo XV e permaneceu como sua colónia até
à independência em 1975. O primeiro euro-
peu a alcançar o país foi o explorador por-
tuguês Diogo Cão, que desembarcou na foz
do Rio Congo, em 1483. Em 1490, os portu-
gueses enviaram uma pequena frota de na-
vios com padres e trabalhadores, bem como
ferramentas para o Rei do Congo. Em breve,
contudo, o comércio de escravos levou à de-
terioração das relações de Portugal com o Rei
Afonso e os seus sucessores, criando revol-
‘Durante anos, por causa da guerra, tas internas que conduziram ao declínio do
tivemos um outro tipo de cultura, agora Reino do Congo. Entretanto, os portugueses
é o momento de mudar para melhor’ expandiram os seus contactos para Sul ao
longo da costa, fundando Luanda, em 1576. O
Amélia Silva, presidente da OMA com o filho e alguns amigos
comércio de escravos continuou até meio do
discurso directo século XIX. Descontentes com a governação
dos os níveis. Um dos aspectos fundamentais portuguesa, os angolanos começaram a lutar
que Angola deve ter em consideração é a impe- pela independência iniciando a guerra con-
Amélia Silva riosa necessidade de uma mudança de atitude
tra Portugal, em 1961. Em Janeiro de 1975, foi
∏residente da Organização da e consciência. Durante anos, por causa da guer-
estabelecido um governo de transição, com
Mulher Angolana (OMA) no Porto ra, tivemos um outro tipo de cultura, agora é o
representantes do Movimento de Libertação
momento de mudar para melhor. Reflectir so-
“Penso que para todos os angolanos, estarmos bre as camadas mais jovens; prepará-las para de Angola (MPLA), a Frente Nacional para a
aqui hoje representados, é um enorme prazer que consigam enaltecer o nome do país e con- Libertação de Angola (FNLA), A União Na-
e uma grande honra. O nosso consulado sem- tinuar com o legado dos nossos antepassados. cional para a Independência Total de Angola
pre fez questão de manter a comunidade unida Acho que os jovens que vivem em Angola sem- (UNITA) e o governo português. No entanto,
nestas datas. Mais uma vez, é com distinção pre sentiram isso, mas os que vivem em Por- os violentos combates entre o MPLA e FNLA
que digo que tanto o consulado, como a nossa tugal penso que nem tanto. Como emigrante, em Março de 1975 tornaram patente o resul-
embaixada, nos fazem sentir nestes dias como acho muito sinceramente que, principalmente tado das várias diferenças políticas, que se es-
se estivéssemos em solo pátrio. Para mim, es- os que nasceram cá, precisam de se sentir mais tenderam através do país. Na segunda metade
te é um dos momentos mais importantes da integrados. Importa fazer um grande trabalho de 1975, o controlo de Angola estava dividido
história do meu país. Vivo em Portugal há dez no sentido de os enraizar; ensiná-los em rela-
pelos três maiores grupos nacionalistas, cada
anos, mas para mim este é um dia que me re- ção à nossa cultura, gastronomia, hino nacio-
um dos quais ajudado por potências estran-
presenta na totalidade. Sinto-o como um dia nal, etc. É necessário passar essa informação,
geiras. O MPLA , que tinha tomado o controlo
de reflexão. Já que actualmente Angola vive pelo que devemos começar a fazer isso nas
tempos de paz devemos, cada vez mais, pensar nossas próprias casas e a nível global, através da capital, era apoiado pela União Soviética e
no nosso desenvolvimento. Não adianta neste do consulado/embaixada, organizando mais Cuba, a FNLA pelo Zaire e potências ociden-
momento falarmos em guerra, é passado, im- actividades com o apoio das diferentes asso- tais (incluíndo os Estados Unidos), enquanto
porta dizer que temos de arregaçar as mangas ciações. São pontes que temos de criar, até pa- a UNITA era apoiada pelas forças sul-africa-
e levar a nossa nação ao progresso que ela me- ra ensinar a nossa língua, um dos aspectos que nas. A FNLA e a UNITA formaram uma frente
rece, tentando elevar o seu crescimento a to- considero mais importante. unida para combater o MPLA

IN FOCO · ANGOLA’IN | 13
IN FOCO

Pétio Juarez Penelas de Barros e namorada

‘Tenho um desejo:
recuperar os códigos
ético-civilizacionais
e a moral,
fundamentos da
nossa Nação’

Evy Martins, presidente da Casa de Angola na Figueira da Foz

Evy Martins identidade forte e reforçada, que nos dá san- fica. Temos de estar unidos porque é aí que re-
Presidente da Casa de Angola na gue novo e que às vezes quando estamos a ir side a nossa riqueza. Se nos unirmos de facto,
a baixo pensamos “vale a pena ir em frente”. tenho a certeza que nos tornaremos menos
Figueira da Foz
A população actual é mais jovem, habituada a dependentes de nações que pouco ou quase
fazer intercâmbios de comércio, negócios, cul- nada têm a ver connosco. Esse é o nosso te-
Este é para mim um dia de enorme alegria.
tura e ensino. Um dos maiores objectivos da souro - o factor humano -, até para que não
Enquanto presidente da Casa de Angola na
Casa Angolana na Figueira da Foz é, por isso, haja alienação cultural. Aos jovens deixo ape-
Figueira da Foz, sinto-me orgulhosa por as-
promover a lusofonia. A começar pela língua, nas uma mensagem “nunca percam a identi-
sinalar esta data junto da nossa comunidade.
algo muito forte que nos une. Somos todos dade cultural angolana”.
Procuramos através desta e de outras acções
irmãos, somos todos lusófonos e temos de
integrar, cada vez mais, os angolanos no país.
lutar por isto, pela língua-mãe que nos identi-
Razão pela qual, a associação tem vindo a ofe-
recer um conjunto alargado de serviços, como
consultas de clínica geral gratuitas ou de ad-
vocacia. Temos uma equipa multidisciplinar
em acção e recorremos também à Segurança
Social portuguesa quando temos necessidade
de auxiliar os nossos compatriotas em outras
áreas. Quero salientar que o nosso maior ob-
jectivo é divulgar a cultura angolana no seio
deste concelho. É uma cidade que adoro, onde
estão instalados alguns angolanos e que já re-
cebe algum investimento empresarial de An-
gola ao nível dos apartamentos e compra de
casas de praia. Cada vez mais, a comunidade
angolana se está a espalhar por todo Portugal.
No entanto, uma questão que me preocupa é
que, por vezes, é difícil chegar à nossa comu-
nidade, principalmente àqueles que vieram de
Angola porque resistem em aceitar a ideia de
que está tudo bem. Percebo, contudo, uma José Marcos Barrica, Embaixador de Angola em Lisboa, Portugal e Cecília Baptista, Cônsul-Geral de Angola em Lisboa

14 | ANGOLA’IN · IN FOCO
Colaboradores do Consulado de Angola no Porto

UM POUCO DE HISTÓRIA – PARTE II


Na sequência do derrube da ditadura em
Portugal (25 de Abril de 1974), abriram-se
perspectivas imediatas para a independên-
cia de Angola. O novo governo revolucio-
nário português encetou negociações com
os três principais movimentos de libertação
- MPLA, FNLA e UNITA -, para iniciar o pe-
ríodo de transição e o processo de implan-
tação de um regime democrático no país
(Acordos de Alvor, Janeiro de 1975). No dia
10 de Novembro de 1975, o Alto Comissário
e Governador-Geral de Angola, almirante Le-
onel Cardoso, em nome do Governo portu-
guês, proclamou a independência de Angola,
Miguel Simões, partner da empresa NBB (National Business Brokers)
transferindo a soberania de Portugal, não pa-
ra um determinado movimento político mas
Miguel Simões Carlos Gourgel sim para o “Povo Angolano”, de forma efecti-
Partner da empresa NBB Angolano a viver em Portugal
va a partir de 11 de Novembro de 1975. Parte
(National Business Brokers)
do discurso dizia: “E assim Portugal entrega
“Sinto um júbilo muito grande. Angola é um
país muito sofredor, fruto de uma guerra de Angola aos angolanos, depois de quase 500
“A grande mensagem que gostaria de transmi-
tir num dia como este é que todas as pesso- 40 anos, e estas comemorações fazem com anos de presença, durante os quais se foram
as percebam que Angola já tem profissionais que nunca esqueçamos o quanto nos custou cimentando amizades e caldeando culturas,
altamente qualificados e dispõe de empresá- alcançar a paz. Reavivam nas nossas men- com ingredientes que nada poderá destruir.
rios que dignificam o nome do país no exte- tes os nossos entes queridos que pereceram. Os homens desaparecem, mas a obra fica.
rior. Logo, quem pensar ir para este território Neste momento, temos progresso e ao feste- Portugal parte sem sentimentos de culpa
deve fazê-lo com um espírito de investimento jarmos não podemos esquecer esse passado e sem ter de que se envergonhar. Deixa um
e com o objectivo de se radicar lá. Quem não tão longo e duro. No entanto, chegou a vez do país que está na vanguarda dos estados afri-
pensar assim não tem interesse para Angola, futuro. 2010 será um ano de muito desenvol- canos, deixa um país de que se orgulha e de
pois haverá outros empresários de outras par- vimento. Espero, por isso, que os angolanos
que todos os angolanos podem orgulhar-se”.
te do mundo que irão fazer o mesmo. Não é o tenham uma nova corrente de pensamento e
Agostinho Neto, foi o primeiro presidente de
que o país pretende e precisa. O maior gosto possam evoluir baseados em ideais de demo-
Angola. A decisão de reconhecer como legíti-
que teria neste próximo ano, era que todos os cracia, liberdade, pão para todos e dignidade.
Tenho apenas um desejo – que muitos dos os mo o governo de Agostinho Neto foi tomada
jovens angolanos que estão a estudar um pou-
co por toda a parte do mundo voltassem para o meus “irmãos” recuperem os códigos ético- pelo então presidente Ernesto Geisel ainda a
seu país e que juntos façam mais por Angola, civilizacionais e a moral que foram perdendo 6 de Novembro, antes da data oficial de inde-
no sentido de consolidar a imagem de grande ao longo dos últimos anos”. pendência. A 11 de Novembro Agostinho Ne-
potência e obter, cada vez mais, o respeito de to proclamou em Luanda este dia histórico
toda a comunidade internacional”.
Nota: Este evento teve o patrocínio de algumas das maiores empresas portuguesas e angolanas, entre elas a Mota-Engil, FIL, Unicer, Monte Adriano, Conduril, Saftur, Soares da Costa,
Grupo Visabeira, Taminvest Angola, Mufuma e Refriango

IN FOCO · ANGOLA’IN | 15
GRANDE ENTREVISTA | patrícia alves tavares

No último mês assinalaram-se os 34


Eleutério Sanches anos de Independência. O que mudou

“nós somos em termos económicos e sociais?


Angola tem progredido em aspectos que têm
a ver com o seu desenvolvimento material.

do mundo” Tem-se preocupado com isso. Na última vez,


fui a Malange e gostei imenso. Acho que está
a andar para a frente. Luanda tem muitos pro-
blemas. É uma terra hiper-povoada. A guerra
também contribuiu para muitos contrastes do
ponto de vista urbano e isso tem de ser e já
está a ser corrigido. Muito tem que ser feito e
com muita orientação, hierarquizando as coi-
sas mais importantes. Há que tirar as pessoas
da pobreza e de aspectos que são degradan-
tes. A guerra trouxe vícios e drogas. Portanto,
há ainda muita coisa a corrigir. Está-se a fazer
por isso. Há escolas que estão a fazer traba-
lhos pedagógicos, que têm contribuído já para
um certo desenvolvimento e recuperar muita
gente desviada. A distribuição populacional de
Luanda tem que ser pensada, a ordenação do
território tem que se adaptar ao espaço exis-
tente e as pessoas só têm a ganhar com isso.
Há que fazer uma reintegração.

O próximo ano é decisivo em termos


políticos: constituição e eleições
presidenciais. Isso pode contribuir
para essa mudança positiva?
Penso que sim. Acho que Angola precisava dis-
so. Já há um clima de paz e esse aspecto pode ser
feito com mais adequação. Agora, o país tem a
capacidade de poder ser governado de uma pon-
ta à outra e naturalmente tem que se criar um
Nasceu em Luanda, mas foi aparelho político, que realmente governe, um
em Portugal que solidificou poder político com outras ambições, com mais
ambição de chegar a todos os lados. Tem que se
a sua brilhante carreira.
proteger mais, não pode desistir de insistir na-
Eleutério Sanches é o ícone
quela parte que está desviada da cidadania.
das artes angolanas. Pintor,
músico e poeta, acredita que VISÃO DA TERRA NATAL A elevada presença de investidores
a vida é uma aprendizagem Desloca-se a Angola com frequên- estrangeiros é benéfica para o país?
constante e não se incomoda cia. Como foi assistir à distância a A maior parte de Angola está abandonada,
com a definição de místico. todas as situações que se desenro- mas é preciso fazer esse trabalho de povoa-
O ‘senhor dos sete ofícios’ laram no país? mento, privilegiando os de língua portuguesa.
recebeu a Angola’in e numa O período da guerra foi por um lado desmoti- Tem todas as vantagens, não só na língua co-
conversa intimista falou vador e, por outro, terá motivado coisas, que mo na cultura e história, que são indissociá-
dos momentos que o país não são propriamente terapêuticas. A guer- veis. Para se compreender o futuro é preciso
ra é sempre má. Claro que se colhem tam- estudar o passado. Por outro lado, descentra-
atravessa, do desejo de
bém muitos ensinamentos. Neste momento, lizar Luanda só tem benefícios. Hoje, Angola
leccionar em Luanda e dos
penso que, ainda que as memórias devam ser importa muita coisa que, com o desenvolvi-
seus projectos. Nesta edição sempre guardadas e daí tirar-se muitas ila- mento local, da indústria e do empreendedo-
especial, um dos principais ções, há ainda muitas lições a tirar. Agora, o rismo como deve ser, poderia ser produzida
artistas de Angola aceitou o ambiente é muito mais propício para o país dentro do país. Se todos derem um contribu-
desafio e pintou a nossa capa. progredir em todos os aspectos, não só no la- to honesto dá para valorizar não só os verda-
A sua entrevista constitui do criativo propriamente e na aprendizagem deiramente interessados nessas empresas
um verdadeiro passar de técnica, mas também no sossego que é pre- como os angolanos. Agora vão-se fazer par-
testemunho às novas gerações ciso para criar. cerias, os dois lados só ganham com isso.

18 | ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA


É exequível combater a corrupção?
É possível e eu penso que tudo isso existe
precisamente ainda como consequência das
guerras. Elas são muito más para estas coi-
sas, tal como contribuíram para separar as
famílias, que estão desagregadas, sem estru-
tura nenhuma e sem capacidade de respon-
der às necessidades que têm. Portanto, isso
tem que ser revisto pelos serviços sociais e de
inserção, que vão ter muito que fazer.

Estão reunidas as condições para


que os jovens que estão fora do país
regressem?
Há muita gente fora, que está a estudar e
sabemos que alguns não regressam, o que
é mau, pois eram necessários. As coisas não
são fáceis. Tem havido regressos frustrados
por causa de aspectos de colocações dentro
das áreas que estudam, mas isto tem que se
fazer com tempo. Não podemos querer já tu-
do de uma vez. Considero que se está no bom
caminho e a intenção é essa. Angola tem ca-
pacidade para absorver tudo, mas isso depen-
de sempre dos vários lados, dos que estudam
e dos que colocam as pessoas nos lugares em
“O angolano geralmente tem uma tendência
que são necessários. Há-de haver certamente e uma apetência natural para as artes, seja a
muitos aspectos em que é preciso colocar as música, a pintura ou o desenho”
pessoas em situações que podem ser muito
úteis àquele país.

NOVA GERAÇÃO DE TALENTOS car recursos humanos adequados seja lá onde O ARTISTA
No caso concreto das artes, um jo- for e não deve haver preconceitos. Tem que Como descreveria o seu percurso
vem para se formar tem condições se procurar os bons onde os houver, para dar profissional?
para o fazer dentro do país? o seu contributo. Angola só ganha com isso. O meu avô dizia que eu desenhava em qual-
Tenho um amigo que começou a trabalhar em Aliás já estão a fazê-lo em muitos domínios, quer suporte, por exemplo na areia. Eu lem-
pedra e tem uma boa mão para a escultura, mais ligados às finanças e às economias, o bro-me realmente do percurso de iniciação
que é o António Magina. Esteve nas pedrei- que também não é mau. normal. Os miúdos têm uma inquietação pe-
ras do Mussulo, por iniciativa própria, a fazer lo riscar, pela linha e às vezes essas coisas
a sua pesquisa e estudos. Isso é positivo. Não É necessário mais empenho? manifestam-se muito cedo. Há crianças mui-
sei se terá formação académica, mas isso não Noto que sim, porque as artes voltam a es- to precoces e eu comecei com poucos anos
é totalmente necessário. Há grandes artistas tar numa fase de grande experimentação. O a fazer os meus riscos e rabiscos. Depois fui
que foram autodidactas e chegaram ao topo. aparecimento de materiais novos obriga a ser desenvolvendo e houve alguém no liceu Sal-
Angola precisa sempre dos seus jovens, mes- dinamizador para novas intervenções. Por- vador Correia, o meu professor de geografia,
mo dos que saem para estudar e esses preci- tanto, estamos também de novo numa fa- André Simbrone, que reconheceu o meu ta-
sam de um estímulo para poder voltar ao país, se de grande importância para esse tipo de lento. Houve várias pessoas a incentivar-me.
assim como os que lá estão. É preciso criar nú- pesquisa, que tem que ser feita. Não é fácil, Vim formar-me em Lisboa, onde estudei Be-
cleos afectivos para que possam desenvolver é preciso primeiro preparar pessoas para que las Artes e consegui, ainda antes de ser aluno,
essas diversas intervenções das artes. possam interessar-se a sério e com humilda- fazer uma exposição. Fiz um certo sucesso no
de ir aprender. Palácio Foz.
Nas novas gerações, existe talento?
Há, com certeza. Eu creio, e não é chauvinis- Existe público para a arte nacional? Em Lisboa, trabalhou durante 10
mo da minha parte, que o angolano geral- Há público, mas é preciso formar as pessoas. anos no departamento de Ergotera-
mente tem uma tendência e uma apetência Agora há uma nova ministra da educação, es- pia do hospital Júlio de Matos…
natural para as artes, seja a música, a pintura peramos que ela, que é uma pessoa sensível, Foi talvez dos sítios onde colhi mais no acto
ou o desenho. Mas claro que é preciso uma dê um impulso às artes e às coisas relativas de ensinar, se é que ensinei alguma coisa. Ali
iniciação para tudo. Há algumas coisas em às suas diversas manifestações (pintura, ce- a arte funcionava como terapia para criar os
que é necessário um impulso. É preciso ir bus- râmica, etc). ambientes propícios a que as pessoas se liber-

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 19


GRANDE ENTREVISTA

“A arte é a única
coisa que sendo
deste mundo já não
é deste mundo”

raiz e que sem querer já lá estamos. O pintor


hoje é como toda a arte. Nós somos do mun-
do e a arte é planetária em todos os aspectos,
porque há cada vez uma maior interacção. Es-
te mundo está cheio de inquietação, em que
há aberturas que são louváveis, em que as
pessoas aceitam as outras naturalmente e é
já um espírito planetário, cósmico.

A ARTE A arte pode ser um veículo para


“É necessário esforço, O que significa a arte para si? esse entendimento?
sacrifício e gostar É uma definição que é quase impossível. A arte Sem dúvida. A arte é a única coisa que sendo
muito [da sua arte]. é tudo o que é vida, o que me motiva, que me deste mundo já não é deste mundo. Com isto
revela a beleza, que tem múltiplas aparências. quero dizer que eu não separo os mundos.
Se não gosta A beleza contém um mistério que é indescrití-
não vá por aí, vel, que não desmontamos. Eu penso que se a Existe alguma obra que o marcou
procure outra coisa” peça se for uma obra de arte, esta transcende particularmente?
o próprio artista. Ele não deve ter a pretensão Há muitas. O livro Universo-Transverso res-
de querer ler tudo o que faz. Às vezes até pode ponde a isso, pois é uma parte expressiva da
tassem, porque são doentes de vária ordem ser ultrapassado. Arte é a criatividade, é tudo minha obra, que está sempre ligada aos ele-
(esquizofrénicos, maníacos depressivos, atra- o que nos toca profundamente. mentos, à água, ao fogo, à terra… Estou sem-
sados mentais, etc.). E os que tive como alu- pre unido ao universo, ao cosmos. Acredito
nos eram de uma diversidade muito grande. O que faz mais o artista? A parte que todos nós temos essa ligação do espírito
Foi uma experiência muito interessante para técnica ou o talento? profundo. Essa parte para mim é importan-
mim, por ter oportunidade de poder conviver Eu penso que trabalhar é fundamental. Tra- te e eu acho que isso acontece naturalmente.
com os tais que dizem que são anormais. balhar deve ser um acto constante. E nesse Não preciso de me inspirar, eu vou buscar a
acto penso que está também implícita a con- inspiração. Nós somos capazes de a ir buscar.
Foi professor por muitos anos. templação. Eu dou muito valor a isso. Sou ca-
Nunca sentiu vontade de leccionar paz de no silêncio da meditação estar a ver Sente-se orgulhoso por ver as suas
em Luanda? uma obra durante umas horas, pegar nesse obras publicadas nos diversos
Senti e já o manifestei várias vezes. Sinto es- trabalho e virá-lo de costas para depois re- cantos do mundo?
sa vontade e falei nisso ainda no tempo do tomar noutro tempo. Nós temos uma parte Naturalmente que sim. Agora convidaram-
governador Aníbal Roça, um homem sensível, emocional, estados de alma e esse retomar me para uma exposição que querem fazer
mas não sei em que estado de desenvolvi- já não é o mesmo. Pode enriquecer aquilo que com a Unesco, na Suíça. Deve ser para o ano.
mento está esse anseio. Gostei sempre mui- antes foi iniciado. Há uma parte que de fac- Espero que se materialize.
to de dar aulas, porque se aprende bastante. to é a continuidade, que nos abre para ou-
É uma actividade que compensa. tros universos ainda que estejam no mesmo É pintor, músico e poeta. O que lhe
universo. Mas há em nós a capacidade para falta fazer?
Que conselho gostaria de dar aos penetrar em outros compartimentos desse Tanta coisa. Eu cultivo estas coisas, também
futuros artistas? mesmo universo. como terapia, no sentido de mi longo, como
Procurava dar-lhes uma visão geral dos as- se diz na terra, de remédio para a alma. Gos-
pectos que são mais desconfortáveis e incó- Vai buscar inspiração to pessoalmente da dimensão terapêutica
modos e da parte gratificante, que é boa e às suas raízes? da arte, de algo que pode ser feito para fazer
que traz depois o resultado final. Até lá é ne- Sempre. É natural, não é forçado. Sou um bem aos outros. Não sei se é possível conse-
cessário esforço, sacrifício e gostar muito. Se pintor que não tem preconceitos de motiva- guir sempre isso, nem eu tenho essa preten-
não gosta não vá por aí, procure outra coisa. ções. Gosto de qualquer tema. Claro que há os são. A verdade é que penso que o mundo
Deve-se gostar sempre, seja lá o que for. temas afectivos, a que estamos ligados pela precisa disso.

20 | ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA


GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 21
FOTO REPORTAGEM | ana rita rodrigues

De braços
abertos a 2010
A doçura de um beijo infantil será a melhor
ilustração de votos de muito amor para o novo ano.
Angola vive um notável crescimento e progresso
e o mundo está de olhos postos em nós. Cada novo
dia somos uma Angola mais bonita, mais alegre e
ambiciosa.

Neste mês de Dezembro, aproveitamos para reflectir


sobre o que deixámos para trás e renovamos
os nossos votos para o futuro. São sempre os
mesmos... amor, saúde, paz, trabalho.
Não importa o Hemisfério. Importa a condição
humana, igual em todas as partes.

Num momento em que o angolano nunca sentiu


tanto orgulho de o ser, teremos que receber este
novo ano unidos e responder a cada novo desafio
com a garra e a confiança de que somos do melhor
que há no mundo.
O milindro, a fuba, a kizomba e o CAN estao aí!

Haja força e felicidade, bem haja 2010!

texto + fotografias - Ana Rita Rodrigues

22 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM


FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN | 23
FOTO REPORTAGEM

24 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM


FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN | 25
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

CORRIDA
PARA A VITÓRIA

26 | ANGOLA’IN · DESPORTO
O país está em contagem decrescente
para o maior evento de futebol alguma
vez organizado em território nacional.
Ultimam-se os pormenores e os adep-
tos assistem com entusiasmo à prepa-
ração da equipa que vai representar as
cores da nação.

A Angola’in acompanhou os Palancas


Negras durante o seu estágio em Por-
tugal, na região do Algarve, e revela-lhe
em exclusivo todos os pormenores acer-
ca dos desafios e emoções que o grupo aceitaram o desafio e responderam às
viveu. As palavras de ordem foram con- questões da nossa publicação, revelando
centração total e empenho máximo. maturidade, vontade de vencer e desejo
de chegar mais longe.
A nossa equipa de reportagem conver-
sou com o treinador Manuel José e acom- Neste especial do CAN levamos até si
panhou a chegada do presidente da toda a informação que deve reter sobre
Federação Angolana de Futebol, Justino esta matéria. Os estádios e as infra-es-
Fernandes, que se deslocou àquele país truturas não foram esquecidos e apre-
para assistir a um dos jogos de prepara- sentamos um dossier completo sobre as
ção da equipa e para motivar a selecção. especificidades de cada recinto, bem co-
mo todos os pormenores das cerimónias
A aguardar pela chegada dos restantes oficiais, que decorrem em Luanda.
elementos da comitiva e a poucos dias
de ser conhecido o lote dos atletas parti- Tecnologia e simbioses com o passado
cipantes, o responsável pela organização cultural estão em destaque nos actos
do evento demonstrou, em declarações de abertura e encerramento do evento
à Angola’in, uma forte confiança no su- desportivo. Por outro lado, porque con-
cesso desta formação. sideramos que conhecer os adversários é
fundamental para explorar as suas fra-
Descubra neste especial, inteiramente quezas, elaboramos um ‘raio x’ das se-
dedicado ao acontecimento do ano, o lecções que, de 10 a 31 de Janeiro, vão
dia-a-dia do grupo, cuja união e coesão é disputar o título do Campeonato Africa-
evidente. Os principais rostos da equipa no das Nações de 2010.

DESPORTO · ANGOLA’IN | 27
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

Tecnologia
e Cultura
na abertura
oficial
O dia mais esperado pelos angolanos, desde que tiveram
conhecimento da sua nomeação para a organização da 27ª
edição do Campeonato Africano das Nações (CAN), está a
chegar. O arranque e encerramento do torneio estão há muito
planeados e nada foi esquecido. A segurança é uma das
principais preocupações e as medidas foram devidamente
tomadas. Está tudo preparado para o acontecimento do ano,
que irá decerto ficar na memória colectiva de Angola

Dez de Janeiro de 2010 é sinónimo de ‘olhos nia de abertura signifique a estreia de uma tição garante que está tudo preparado para se
postos’ no país, que acolhe mais uma edição competição de referência a todos os níveis. A conseguir um espectáculo de grandeza com-
da maior competição continental de futebol. abertura do Campeonato Africano das Nações parável às cerimónias de abertura e encerra-
Os pormenores estão ultimados e o arranque “Orange Angola 2010” pretende ser um suces- mento do Campeonato do Mundo de Futebol
começa dez dias antes do ponto de partida da so. Nada foi deixado ao acaso, desde a elabo- de 2006, que teve lugar na Alemanha. A orga-
cerimónia oficial, que antecede o jogo inaugu- ração do “layout” dos bilhetes e convites, ao nização garante ainda que dispõe de material
ral, onde Angola, a equipa anfitriã tem a hon- material de “merchandising”, que está dispo- tecnológico de controlo remoto e com recurso
ra de dar o pontapé de saída. Assim sendo, no nível desde Novembro. A empresa de teleco- a combustíveis não poluentes, projecção au-
primeiro dia do ano realiza-se, como é já ha- municações francesa “Orange” apadrinha o diovisual, luzes e fogo-de-artifício.
bitual, o congresso da Confederação Africana evento, sendo desde Julho o patrocinador ofi-
de Futebol (CAF), com a finalidade de fazer o cial da maior competição da CAF. Quanto à ce- ENCERRAMENTO EM GRANDE
balanço e estruturar os serviços e actividades rimónia, o lema escolhido não podia ser mais Os últimos minutos de Angola enquanto na-
da entidade, enquanto órgão reitor do despor- apropriado, tendo em conta o momento que o ção anfitriã da maior competição continental
to rei em África. Recorde-se que o país orga- país vive, em termos de desenvolvimento eco- estão a ser planeados com todo o rigor, para
niza o primeiro de dois eventos de futebol, de nómico e social. “Angola e o Futuro” é o tema que o derradeiro acto oficial dignifique o pa-
extrema importância, que decorrem no conti- da festa de abertura, que terá uma simbiose ís, o certame e os participantes, não obstante
nente em 2010. entre a cultura nacional e as novas tecnolo- o destaque para os visitantes, que se espera
gias. O projecto cultural, que terá a duração de que deixem o território nacional com saudade
45 minutos, conta com a contribuição de his- e orgulho, quanto à qualidade da recepção. A
“Angola e o Futuro” toriadores e antropólogos angolanos, de for- adaptação dos serviços tecnológicos aos as-
é o tema da festa de ma a garantir a tradução fiel da história nos pectos culturais angolanos será o mote para o
abertura, que terá três eventos. A organização do espectáculo encerramento da prova desportiva. A abertu-
está a cargo da empresa portuguesa Cunha ra e finalização do CAN estão agendados para
uma simbiose entre a Vaz e Associados. No total, os eventos (sor- o estádio de Luanda (Camama) e os jornalis-
cultura nacional e as teio, abertura e encerramento) contarão com tas ficarão albergados no Complexo Futungo
novas tecnologias 1500 figurantes, que envergarão as indumen- II. Não esquecendo o hino oficial da prova, a
tárias de estilistas nacionais. Os conteúdos Angola’in apurou que a música escolhida é da
temáticos estão a ser supervisionados pelo autoria da dupla Filipe Mukenga e Filipe Zau.
ATENÇÕES CONCENTRADAS EM ANGOLA Ministério da Cultura e pelo Comité Organiza- O tema intitula-se “Angola, País de Futuro”. A
A organização acredita que o arranque do CAN dor do Campeonato Africano das Nações em 31 de Janeiro será conhecido o nome do novo
em solo nacional é o início de uma nova era, Futebol (COCAN). A empresa responsável pe- campeão africano, que envergará o título du-
tendo por isso trabalhado para que a cerimó- los momentos mais marcantes desta compe- rante os próximos dois anos.

28 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO · ANGOLA’IN | 29
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

Palco de Luanda, Cabinda, Benguela e Lubango vão receber as 16 selecções, que


a partir de 10 de Janeiro disputam o troféu do Campeonato das Nações
Africanas. Cada cidade viu nascer um novo estádio, com as infra-es-

todos os
truturas (internas e subjacentes) necessárias para responder às exigên-
cias de atletas, dirigentes, equipas técnicas, adeptos e profissionais
da comunicação social. Orçados em 600 milhões de dólares, os novos
espaços são uma mais-valia para as entidades desportivas locais, que

sonhos poderão usufruir das novas funcionalidades, após o término da compe-


tição continental. A garantia é assegurada pelos organizadores da prova
e pelo Ministério da Juventude e dos Desportos. As quatro infra-estru-

o gigante
de luanda
É o maior de Angola e o local escolhido pa- serviços e acessibilidades. A arquitectura do à lupa...
ra a abertura do evento do ano. Com capa- espaço é funcional e teve especial cuidado pa- • 50.000 lugares no total
cidade para 50 mil espectadores, o estádio ra com as necessidades dos adeptos. Os por- • 2080 lugares VIPS
de Luanda situa-se no Bairro da Camama. O tadores de deficiência não foram esquecidos e • 400 lugares para deficientes
palco, que albergará as cerimónias oficiais possuem locais de acesso especiais. O recin- • 120 lugares no camarote presidencial
de abertura e encerramento do CAN “Oran- to, que vai acolher a série A do torneio, foi do- • 200 lugares na tribuna de imprensa
ge” Angola 2010 (10 e 31 de Janeiro), foi edi- tado de vários restaurantes, parte deles com
• 3 mil lugares de estacionamento
ficado pela empresa asiática Shanghai Urban vista para o rectângulo de jogo. O espaço al-
para viaturas ligeiras
Constrution Group Corporation. A capacidade berga ainda uma pista de atletismo com oito
• 800 lugares de estacionamento
do principal palco do CAN é de 50 mil pesso- faixas, escritórios e um camarote presidencial
as contra os 60 mil inicialmente previstos. A com 120 lugares. As condições para o trabalho para autocarros
empreitada esteve ao cargo do consórcio for- dos meios de comunicação social, nacionais e • 35 km de bancadas pré-fabricadas
mado pelas empresas Urbinvest, Arup Sport- internacionais, foram pensadas ao pormenor. • 100.000 m3 de betão utilizados
Ar, Mario Sua Kay Arquitecto, China National O estádio integra duas salas de imprensa, es- • 5 MVA é a potência energética necessária
Impor e Export Corporation (CEIEC), Cogedir, paço para conferências, dois pontos para en-
Somague, Engenharia Angola e Mota Engil. trevistas rápidas e uma zona mista. A obra curiosidades
A organização está confiante de que o es- envolveu 2.300 trabalhadores, tendo dado O Estádio dos Coqueiros foi reinaugurado
tádio de Luanda vai fomentar o desenvolvi- emprego a 1.500 angolanos e 800 chineses. em Setembro de 2005, após uma interven-
mento urbano de toda a região de Luanda e Além do estádio principal, a capital cede dois ção de fundo, que permitiu criar instala-
respeita todos os requisitos de funcionalida- dos seus antigos estádios para os jogos de
ções de excelente qualidade. Sem dúvida, o
de, segurança e modernidade, impostos pela treino das selecções apuradas. O Estádio dos
melhor equipado para receber as sessões de
FIFA. O design, daquele que é actualmente o Coqueiros, o da Cidadela e o 22 de Junho foram
treino. Do “velhinho” estádio resta apenas a
maior recinto desportivo do país, é moderno remodelados e assumem durante o período
e arrojado, contendo três anéis, elevadores da competição a função de campos de treino. estrutura arquitectónica da fachada princi-
panorâmicos, áreas VIP, camarote presiden- O primeiro tem capacidade para cerca de cinco pal. O sistema de irrigação do relvado é au-
cial e tribuna para a imprensa. O estádio es- mil espectadores, relva natural e instalações tomático e tem espaço para 12 mil adeptos.
tá inserido numa zona privilegiada, uma vez de qualidade, uma vez que foi recentemen- Possui seis portas de acesso para os adeptos,
que está situado em Viana, próximo do Cam- te restaurado. As restantes infra-estruturas duas para os jogadores e uma VIP.
pus Universitário Agostinho Neto (a 10 qui- podem receber até 9.500 pessoas e possuem
lómetros), uma área composta por diversos igualmente relva natural.

30 | ANGOLA’IN · DESPORTO
CAN SOLI
turas têm relva natural e pista de tartan. O recinto de Luanda pode albergar As quatro ci
DÁRIO
dades que v
até 50 mil espectadores e o de Benguela 35 mil, enquanto Huíla e Cabinda
dispõem de ão acolher o
um parque CAN
dispõem de uma capacidade para 20 mil pessoas cada. A sua gestão está de campismo
criado espec ,
a cargo do Ministério das Obras Públicas e a manutenção foi entregue a ificamente p
necessidades ara respond
técnicos nacionais. Para apoio ao certame, foram ainda recuperados 12 es- de procura n er às
Assim, cada este período
tádios, para a realização dos treinos das selecções participantes. A organi- província p .
com capacid ossui um es
zação procedeu igualmente a um investimento de 200 milhões de euros em
ade para aco paço,
novos hotéis e pousadas. A formação dos profissionais também não foi es- de baixa ren lher 200 cid
da, que não adãos
quecida. Em contagem decrescente para a cerimónia de abertura, as infra- financeira p possuam ca
ara pagar es p acidade
estruturas materiais e humanas serão postas à prova no início do ano. tadia num h
otel

cabinda aposta
na formação à lupa...
• 20.000 cadeiras é a capacidade total
O novo complexo desportivo não esqueceu dio do Tafe é a infra-estrutura designada pa-
do estádio
os futuros atletas nacionais e tem como ra os treinos das equipas. Os equipamentos
• 204 lugares VIP
principal particularidade o facto de possuir de apoio foram reestruturados para assegu-
• 65 lugares para deficientes
um recinto relvado adjacente, que será usa- rar as condições necessárias para as selec-
do para treinos ou jogos das escolas de for- ções. O piso relvado tem capacidade para • 100 lugares para profissionais
mação. Moderno e dotado de equipamentos cerca de cinco mil espectadores. Entretanto, da comunicação social
sofisticados, o estádio de Cabinda está in- foi igualmente construído um campo de jo- • 500 lugares de estacionamento
serido no Bairro Tchiazi. A arquitectura arro- gos no Tchi, para completar as estruturas já • 1 campo de treino anexo ao estádio
jada e a respectiva cobertura ondulada, que existentes. (para jogos das equipas das camadas
lembra as ondas do mar da província (banha- jovens)
da pelo oceano Atlântico), fazem deste es-
paço um dos mais belos do CAN 2010. Além curiosidades
desta classificação, a obra merece o aplau- A última reabilitação do Estádio do Tafe
so da população, uma vez que a estrutura
ocorreu em 2004. O CAN serviu de mote
apresenta 65 lugares de destaque para os
para a reabilitação de uma série de infra-
adeptos com deficiências. A beleza e origi-
estruturas, que já se encontravam des-
nalidade do recinto, com capacidade para 20
mil pessoas, devem-se à empresa respon- gastadas.
sável pela empreitada, a construtora China
Jiangsu International. Relativamente às es-
truturas externas de apoio, o governo local
procedeu à criação de mais uma unidade ho-
teleira e reabilitou o Hotel Congresso, com
o intuito de criar as condições necessárias
para que não haja carência de alojamentos.
Para melhorar o visual da província, bastan-
te desgastada pela passagem do tempo, os
responsáveis procederam ao arranjo dos es-
paços verdes e dedicaram especial atenção
às carências de saneamento básico. O está-

DESPORTO · ANGOLA’IN | 31
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

E…
SABIA QU
izadora do CAN optou p
or empresas
e
assistentes de recinto recebem formação
organ tádios, qu
A comissão çã o dos quatro es
a a co n st ru ticos, A cidade de Cabinda acolheu no último mês um curso de
chinesas par es co lh a recaiu nos asiá
as provas. A al formação para assistentes de recintos desportivos. Os 550
vão albergar ração ao jorn
o o p o rta- v oz, em decla sa
participantes mostraram-se empenhados na aprendizagem
pois, segund huma empre
o E co nómico, nen dos conteúdos, elaborados a pensar na capacitação dos
português D iá ri em um ano
g u ir ia faze r os estádios candidatos para a tarefa de servir e auxiliar os utilizadores
nse s estádios, a
europeia “co lvamento do dos estádios. O curso de aprendizagem foi um sucesso e
ar re
e pouco”. Qu
an to ao Support In
à em p re sa inglesa SIS - a direcção espera que após a conclusão do evento o país
ribuída ção da relva
missão foi at v el p ela implanta esteja posicionado em altos patamares da organização de
i resp o n sá
Sport, que fo dial de 2006
le m an h a, para o Mun actividades desportivas e logística envolvente. “A magnitude
da A
nos estádios

benguela,
ao nível
dos melhores à lupa...
• 35 mil lugares no total
• 308 lugares VIP
Comparado por muitos aos grandes estádios disponibilizando um total de 1.140 quartos e • 60 lugares para deficientes
da Europa, o recinto que nasceu em Benguela 1.483 camas, que até ao arranque da compe- • 154 lugares para a imprensa
para acolher o CAN tem capacidade para 35 tição deverão estar lotados. O Estádio Muni- • 1300 lugares de estacionamento
mil pessoas. A empreitada esteve ao cargo da cipal de Benguela não foi esquecido e vai ter
empresa Sinohydro Corporation. Localizado uma função importante na concretização da curiosidades
estrategicamente no bairro da Nossa Senhora competição africana ao acolher os treinos das O Estádio Municipal de Benguela, com
da Graça, o estádio de Benguela obedece rigo- respectivas selecções. Reabilitado em 2003, capacidade para quatro mil pessoas, con-
rosamente a todas as especificações da FIFA. no âmbito do projecto Goal II, desencadeado
seguiu concluir as obras de reabilitação,
O complexo, à semelhança de Cabinda, criou pela FIFA, o espaço é provavelmente o mais
pois determinadas infra-estruturas não fo-
lugares para 60 adeptos com mobilidade re- adequado, ao nível provincial, para a função
ram beneficiadas pelo projecto da FIFA. O
duzida e possui o maior parque de estaciona- de campo de treino. A relva é natural e os bal-
mento, com espaço para mais de mil viaturas. neários para as equipas e árbitros estão com Estádio do Buraco ganhou novos balneá-
A principal porta de entrada na província, Lo- nova roupagem, totalmente remodelados. rios, bancadas, acessos e procedeu-se a uma
bito, sofreu profundas obras de reabilitação A estruturação de há seis anos contemplou reinstalação da relva.
das vias rodoviárias, que duraram meses. A ainda a instalação de água e electricidade
cidade assume especial importância devido em todo o espaço. Com uma capacidade pa-
ao seu porto comercial, sendo, por isso, um ra quatro mil espectadores, foi recentemente
dos principais pontos de referência durante o adaptado, em termos de iluminação, criação
CAN. Já a capital foi alvo de uma reestrutu- de sala de imprensa e outras funcionalidades.
ração mais profunda. As estradas, passeios, O estádio do Buraco também sofreu obras de
jardins e infra-estruturas de apoio foram re- restauração, nomeadamente nos balneários,
modeladas ou construídas de raiz, facultan- acessos, bancadas, iluminação e substituição
do uma nova imagem da cidade. No entanto, da relva.
foi ao nível da hotelaria que a província mais
cresceu. Aos oito hotéis em funcionamento,
juntaram-se mais doze (alguns reabilitados),

32 | ANGOLA’IN · DESPORTO
do evento impunha a ordem de defesa e segurança e ordem e cinco formadores leccionaram 13 unidades didácticas,
interna à sociedade civil, a responsabilidade de garantir durante 19 dias. O plano curricular dividiu-se em três
a realização de um CAN exemplar e campeão em termo cadeiras: segurança e ordem pública, segurança nos
de segurança nas suas múltiplas vertentes. Constitui estádios e teoria geral do planeamento, informações e
preocupação número um a preparação antecipada e gestão de multidões. O director destacou as vantagens do
acautelada de todos os agentes intervenientes”, apontou curso, que dotou os assistentes de recintos desportivos de
António Pedro Kandela, coordenador da subcomissão conhecimentos técnicos, assumindo-se como profissionais
provincial de segurança e protecção do COCAN. A formação eficientes, dispostos a participar activamente e com
foi dirigida pelo superintendente Sebastião Adão. Trinta maior atenção às questões de segurança dos espaços.

cristo rei
é atractivo
no lubango à lupa...
• 20.000 lugares no total
• 208 lugares VIP
Edificado num dos cenários mais belos da pro- Aeroporto da Mukanka até ao principal cam- • 60 lugares para deficientes
víncia da Huíla, o novo estádio do Lubango é po de futebol, inserido na ladeira da cordilheira • 104 lugares para os jornalistas
provavelmente o mais cobiçado, esperando-se do símbolo da província, o Cristo Rei. Esta obra • 780 lugares de estacionamento
que dentro de alguns meses seja muito pro- foi muito importante para a população daque-
curado pelas selecções mundiais, com vista à la região, que conta agora com melhores aces- curiosidades
preparação para o Mundial da África do Sul. A sos, que facilitam a deslocação dos visitantes
O histórico Estádio Nossa Senhora do Mon-
Sinohydro Corporation Limited construiu um entre os principais pontos da cidade. A referida
te tem capacidade para 10 mil espectado-
dos estádios mais pequenos deste CAN, mas estrada e o recinto estão agora ligados atra-
res e foi proposto pelo país para integrar o
igualmente o mais apelativo, em termos de vés da ponte, que foi erguida especificamente
paisagem envolvente. Situado no bairro Chio- para melhorar as acessibilidades da localida- Projecto Goal-África da FIFA. O Estádio do
co, o recinto tem uma vista de rara beleza, a de. A passagem inferior da estrutura alberga Ferrovia tem capacidade para nove mil pes-
partir do qual é possível apreciar a imagem do a linha do comboio, que diariamente interliga soas, piso em relva e sofreu uma renovação
Cristo Rei. A altitude da Huíla (1.761 metros) e a vila de Malata a outros pontos da Huíla e do geral, especialmente ao nível dos balneá-
o clima temperado, mais mediterrâneo, trans- Namibe. Ainda relativamente ao exterior, o es- rios e da Sala de Imprensa
formam esta infra-estrutura desportiva numa paço envolvente do estádio do Lubango, que
das mais apetecíveis para as equipas (espe- vai receber os jogos do grupo D, foi requalifica-
cialmente europeias) apuradas para o Cam- da, através de uma acção de arborização, cuja
peonato do Mundo, que decorrerá na vizinha mais valia reside na oxigenação do local, que
África do Sul, já no próximo Verão. Assim, a or- se encontra cerca de dois mil metros acima do fazem destes espaços as pérolas da província.
ganização do CAN está confiante de que este mar. A capital da Huíla apresenta-se na com- No âmbito do CAN, a província ganhou mais
estádio, logo após o término do torneio conti- petição com três excelentes campos de trei- dois hotéis, para fazer face à elevada procura
nental, será procurado para a preparação das no. Os estádios Nossa Senhora do Monte, do de alojamentos. O Chick-Chick (cinco andares)
selecções internacionais. Prevendo a enorme Ferrovia e do Benfica do Lubango são muito e o Hotel Lubango (com uma área de 3600 m2)
afluência de adeptos e comitivas, o troço rodo- convidativos. As recentes modernizações dos abrem portas esse mês, num período em que
viário de acesso ao estádio foi asfaltado, desde acessos, bancadas, balneários, iluminação e se verifica uma forte corrida aos locais de aco-
o entroncamento com a avenida que parte do relvados, aliados às condições meteorológicas modação.

DESPORTO · ANGOLA’IN | 33
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

Palancas Negras,

Mestres
de Cerimónia
Se o Campeonato Africano das Nações fosse disputado na categoria de apoio do público, os
Palancas Negras tinham o título garantido. A Selecção Nacional de Angola joga em casa e como
organizadora do evento tem exigências acrescidas. Os adeptos estão eufóricos e a formação
conta com a mais-valia de um ambiente conhecido e motivador. Manuel José é o mais recente
técnico e garante que a sua equipa vai demonstrar empenho e determinação, revelando estar à
altura do desafio de honrar as cores do país

RESPONSABILIDADE DE ANFITRIÃO EQUIPA RESPEITADA


Pedro Mantorras e Fabrice Akwá são os ícones O futebol nacional tem crescido e amadure-
desta selecção, que no último Mundial impres- cido ao longo dos últimos anos. Os Palancas
sionou pela força de vontade, que superou al- Negras já não são conhecidos pelo jogo irre-
guma falta de técnica. Entretanto, Akwá, o gular, tendo-se livrado da má fama após a
jogador que bateu os recordes das convocató- exibição na qualificação para a fase final do
rias e marcou mais golos ao serviço da selec- Campeonato do Mundo, na Alemanha, em
ção, abandonou os relvados. O último ano não 2006. O incrível golo de Akwá frente ao Ru-
foi fácil para esta equipa, que aposta tudo nes- anda permitiu que a equipa se apurasse, em
te CAN, que pode ser decisivo para a afirma- detrimento da Nigéria, para a maior competi-
currículo dos palancas negras
ção internacional do país, em todos os níveis. ção organizada pela FIFA. Analisando a pres-
As exibições fracas, o afastamento do Mundial • Campeonato das Nações Africanas tação da equipa em 2008, os especialistas
de África do Sul e a mudança de treinador aba- CAN 1996, 1998, 2006, 2008 acreditam que esta deu um salto qualitativo
laram inevitavelmente o esqueleto da equipa. • Qualificação Mundial (CAF) Participa- e tudo indica que o seu bom desempenho se
Porém, a entrada do técnico português Manuel ção nos apuramentos para o WC 1986, tornará uma constante. Os êxitos da selecção
José, conhecido pelos êxitos à frente do Al Ahly 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010 significam muito para a população, uma vez
e pela experiência nos campeonatos africanos, que o desempenho da formação de Manuel
• Campeonato do Mundo
trouxe um novo fôlego a este grupo, que dis- José tem mostrado ao mundo uma imagem
põe de uma enorme garra, humildade e de vá- Fase de grupos do Alemanha 2006 diferente do país. Recorde-se as afirmações
rios talentos, oriundos dos palcos nacionais e de Akwá, durante o Mundial de 2006, que rei-
internacionais. As expectativas são muito al- números terava que ficou “provado que Angola não é
tas. Afinal, a selecção de Angola, enquanto • 10 jogos para o CAN só petróleo, guerra e pobreza”. De facto, es-
equipa anfitriã, tem obrigação de impressionar • 53 jogos para a qualificação do Mundial ta imagem positiva contribuiu para a atribui-
e alcançar um lugar de destaque na 27ª edição ção da responsabilidade de organizar a maior
• 1 participação no Campeonato do Mundo
do Campeonato das Nações. O apoio do público competição africana.
é uma mais-valia. Os adeptos estão entusias- • 84 jogos amigáveis
mados e prometem ‘puxar’ pela equipa dentro • 2008 foi o ano da melhor classificação VIRAR A PÁGINA
e fora de campo. A estrutura da formação ain- no CAN (quartos-de-final) A Selecção Nacional de Angola mostrou-se
da não está definida e os jogadores tentam dar ao mundo em 2005, data em que se classifi-
o seu melhor para conseguir um lugar no onze ficha técnica cou para o Campeonato Mundial, pela primei-
inicial, honrando assim a sua nação. Contudo, ra vez na sua história. Todavia, é nos Jogos
• Primeira participação no CAN: 1996
Manuel José mantém guardado a sete chaves o da Lusofonia que os Palancas se eviden-
lote de escolhidos para enfrentar a Argélia, Ma- • Treinador: Manuel José ciam. Após uma medalha de prata em 2006,
lawi e Mali, na primeira fase da competição. Os • Preparador físico: Fidalgo Antunes a formação subiu este ano ao terceiro lugar
eleitos serão divulgados nas vésperas do tor- • Equipamento: Puma do pódio. A mudança de treinador fez cres-
neio, bem como a táctica de jogo (ver caixa). Os • Ranking FIFA: 98 cer a fasquia. O longo currículo e experiência
adeptos mais ansiosos terão ainda que esperar • Capitão: André Makanga de Manuel José são reconhecidos em todo o
algumas semanas. continente, pelo que se espera que o grupo
• Craques: Job, Manucho, Flávio

34 | ANGOLA’IN · DESPORTO
Corrida à conquista do sonho
Manuel José ainda não adiantou dados acerca de quem vai
BIC OFERECE UM MILHÃO DE DÓLARES
escolher para encabeçar a equipa, que vai disputar o CAN,
O Banco BIC lançou um desafio invulgar
que decorre de 10 a 31 de Janeiro em Angola. Os jogado-
à selecção nacional. A entidade, de capi-
res dão ao máximo nas exibições, mostrando muito empe-
tais portugueses e angolanos, oferece um
nho, dedicação e determinação em honrar a camisola e o
milhão de dólares à formação, caso esta
nome do país. Até lá, o técnico português vai analisando
conquiste o título no Campeonato das Na-
ções Africanas. Fernando Teles, presidente o potencial de cada um. A Angola’in revela-lhe alguns dos
do organismo bancário, anunciou ainda talentos que compõem este grupo de grandes valores:
que caso os Palancas Negras obtenham o
segundo lugar, o montante oferecido é de
250 mil dólares. Da mesma forma, o de-
sempenho da equipa durante o campeo-
nato será premiado. Por cada jogo ganho, o
grupo arrecada 50 mil dólares e o goleador
receberá 25 mil dólares. O objectivo desta
recompensa monetária visa incentivar os
atletas a empenhar-se ao máximo pela ca- andré makanga carlos fernandes mantorras
misola do seu país Posição: Médio Posição: Guarda-redes Posição: Avançado
Clube: Kuwait FC Clube: Rio Ave (Portugal) Clube: SL Benfica (Portugal)
Data nascimento: 14/05/1978 Data nascimento: 08/12/1979 Data nascimento: 18/03/1982
escolhido pelo técnico se apresente com Altura: 175 cm Altura: 188 cm Altura: 180 cm
mais técnica e com um futebol de qualida- Peso: 72 kg Peso: 85kg Peso: 77kg
de, assumindo-se como sérios candidatos Internacionalizações pela selecção: Internacionalizações pela selecção: Internacionalizações pela selecção:
ao título. Até ao momento, as prestações Alemanha 2006, CAN 2008, - Alemanha 2006, WC U20 2001,
da formação têm sido consideradas positi- WC2010 CAF WC2010 CAF
vas e o trabalho do técnico foi elogiado, in-
clusive pelo Presidente da República, José
Eduardo dos Santos. O dirigente máximo
da nação louvou a capacidade do treinador
luso ao conseguir implementar um siste-
ma de jogo e rigor táctico entre jogadores.
A opinião é partilhada pelos adeptos, que
enaltecem o seu rigor e visão estratégica.
Os apoiantes dos Palancas Negras, bem gilberto djalma zé kalanga
como os dirigentes desportivos e antigos Posição: Avançado Posição: Médio Posição: Médio
atletas, destacam a forma como os joga- Clube: Al-Ahly Clube: Marítimo (Portugal) Clube: Dínamo Bucareste
dores têm actuado, mostrando-se equi- Data nascimento: 21/09/1982 Data nascimento: 25/04/1987 Data nascimento: 12/10/1983
librados, com atitude e desinibidos. As Altura: 176 cm Altura: 175 cm Altura: 175 cm
exibições fazem prever uma prestação Peso: 70 kg Peso: 72kg Peso: 72kg
equilibrada durante o CAN, com um grupo Internacionalizações pela selecção: Internacionalizações pela selecção: Internacionalizações pela selecção:
a revelar bons níveis de evolução. Recen- CAN 2008, WC U20 2001, - Alemanha 2006, CAN 2008,
temente, a má exibição da equipa no pri- WC2010 CAF WC2010 CAF
meiro amigável, disputado em ‘casa’ foi
apontado como o calcanhar de Aquiles dos
Palancas. O seleccionador, que também
não se mostrou satisfeito com a presta-
ção da equipa, explicou na ocasião que o
facto de jogar em Angola pela primeira vez
influenciou negativamente os atletas, que
se deixaram dominar pela pressão. “Não
podemos ter medo de vencer uma selec- flávio manucho stélvio
ção com menos nome, nem encarar a res- Posição: Avançado Posição: Avançado Posição: Médio
ponsabilidade de jogar em casa como algo Clube: El Shabad (Arábia Saudita) Clube: Valladollid (Espanha) Clube: União de Leiria (Portugal)
mau. Jogar diante do nosso público é uma Data nascimento: 30/12/1979 Data nascimento: 07/03/1083 Data nascimento: 24/01/1989
boa responsabilidade e devemos ter força Altura: 173 cm Altura: 187 cm Altura: 189 cm
mental para aproveitar isso”, sustentou, Peso: 73 kg Peso: 83kg Peso: 84 kg
falando à imprensa no final do encontro Internacionalizações pela selecção: Internacionalizações pela selecção: Internacionalizações pela selecção:
com o Congo. Alemanha 2006, CAN2006, CAN 2008, WC2010 CAF -
CAN 2008, WC2010 CAF
DESPORTO · ANGOLA’IN | 35
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

‘Incuto nos jogadores


uma filosofia competitiva
agressiva, de pressing
constante sobre o
adversário’

Como descreve a equipa que encontrou?


Encontrei uma equipa desmoralizada, desmo-
tivada e com índices de confiança baixíssimos
porque vinha de quatro jogos em que não ti-
nha ganho nenhum, tendo inclusive sofrido
sete golos. Procurei desde logo difundir ideias
diferentes. Comecei a introduzir mudanças,
uma delas ao nível do modelo de jogo. Ango-
la jogava com a táctica de 4x3x3 e 4x4x2, na
maior parte das vezes, 4x5x1, muitas vezes,
e quis que a equipa começasse a jogar num
3x5x2 ou num 3x4x3. Passei de uma defesa
clássica de quatro homens, para uma defesa
de três, jogando com dois jogadores de mar-
cação e um livre. Depois disso, tenho vindo a
incutir nos jogadores uma filosofia competi-
tiva agressiva, de pressing constante sobre o
adversário e de circulação de bola. A base do
futebol africano e angolano é a técnica e por
isso tem-se de jogar de acordo com as carac-
terísticas dos jogadores. Dessa forma, passa-
Entrevista a Manuel José mos a jogar um futebol de pé para pé, curto,

‘Os atletas de apoio, de passe e de devolução do passe.


Jogamos em situações de dois contra um per-
manentemente, mas sempre em espaço cur-

têm de ser
to, fazendo-o sem medo e para ganhar contra
todas as equipas. Essa é a nossa filosofia e a
que vamos levar para o CAN.

gigantes’ ‘Importante é fazer sentir


que este evento é um
momento único na vida
Manuel José, seleccionador de Angola, é bem conhecido no contexto africano
devido aos sucessos alcançados como técnico do Al Ahly, equipa egípcia. dos jogadores e do país...
Em vésperas do maior evento angolano, o treinador português revela em Trabalhamos por uma
exclusivo à Angola’in tudo o que precisa saber acerca da sua selecção. matriz psicológica forte,
para que todos os atletas
percebam que têm de ser
Como surgiu o convite para treinar a selecção? há uns meses atrás estava no 26º lugar. Além gigantes’
O convite surgiu quando já tinha transmitido disso, é a selecção de um país que organiza o
ao meu clube no Egipto que não iria cumprir CAN, o que por si só é motivador, uma vez que Essas mudanças foram conseguidas?
o último ano de contrato, ou seja, a época que me abre mercado ao nível de futuras selec- Para se ter sucesso, é importante que treina-
está a decorrer 2009/2010. Queria descansar, ções, podendo desta forma ajudar a prolongar dor, equipa técnica e jogadores tenham uma
mas de repente apareceu a selecção. A princí- a minha carreira. Sem dúvida que é um acon- relação profissional e pessoal boa, assente em
pio não estava muito entusiasmado, pois ti- tecimento que cria uma grande expectativa valores de respeito e amizade. Penso que isso
nha a ideia de parar quatro ou cinco meses. em Angola. Todos querem ganhar. Ninguém foi conseguido. O grupo está formado e pron-
O que me convenceu foi o desafio de treinar acredita no Mundo e muito menos em África to para jogar. Faltava-nos ultrapassar o pro-
uma selecção que no ranking africano está que possamos vencer o desafio, por isso acei- blema da ansiedade. Essa tem sido a nossa
numa posição bastante baixa. Hoje é 20ª, mas tei e não me arrependo. maior dificuldade. Para a transpor tratamos

36 | ANGOLA’IN · DESPORTO
de ter profissionais de outras áreas, psicólogo, jogadores em clubes como a Juventus, o Real as vias de comunicação começam a oferecer
nutricionista, entre outros, que ajudassem a Madrid ou o Barcelona, o que faz deles joga- condições de deslocação por todo o país estru-
educar a mente dos jogadores. O importante dores de topo do futebol europeu e mundial. ture-se um Campeonato Nacional de Juniores,
é fazer-lhes sentir e perceber que este evento Angola é a mais modesta. A equipa da Argélia um Campeonato Nacional de Juvenis, campe-
é um momento único na vida deles e do país, é uma selecção que está em alta. Conseguiu, onatos distritais, selecções distritais, escolas
visto Angola ser a anfitriã. Esse é o peso his- ao fim de 17 anos suponho, o apuramento pa- de jogadores, centros de formação... Primeiro
tórico que irá perdurar. Uma responsabilidade ra um Campeonato do Mundo. São, por isso, têm de criar uma organização, depois mais e
de todos, que deve ser encarada com optimis- equipas sempre difíceis, muito experientes e melhores infra-estruturas porque a matéria-
mo e funcionar como um factor de supera- que jogam no erro do adversário. O importan- prima existe para ser desenvolvida. Se for fei-
ção e não de inibição. O que peço aos meus te é qualificar-nos, depois como são jogos a to já, não tenho dúvidas, que dentro de uma
jogadores é que a personalidade competiti- eliminar tudo pode acontecer. década começarão a surgir grandes jogado-
va se revele verdadeiramente. Foi sobre essa res. É um investimento a longo prazo.
matriz psicológica que trabalhamos, no sen- ‘Não tenho dúvidas que
tido de termos um perfil forte, em que todos Como caracteriza os seus jogadores?
os atletas percebam que têm de ser gigantes.
dentro de uma década irão Tenho jogadores que são humildes e boas pes-
Jogamos em casa, temos um público fantás- surgir grandes jogadores’ soas. Principalmente os que jogam no Girabo-
tico para um estádio lindo, dos melhores e la, são acima de tudo muito ingénuos. De uma
mais modernos do mundo, que comporta 50 Independentemente da classificação, organizar ingenuidade que qualquer atleta de 20 anos
mil pessoas e isso tem de ser um orgulho, um um CAN é sempre importante para um país? a jogar na Europa já não tem. Infelizmente, o
prazer e um estímulo para que os jogadores Não foram apenas os estádios modernos que nível profissional entre o ‘velho continente’ e
sintam uma vontade tremenda de superação. se construíram, mas também outras infra-es- Angola tem uma diferença muito significati-
truturas importantes para o desenvolvimento va, daí a razão desta pureza do jogador ango-
do Desporto. Os espaços devem ser rentabi- lano. Há falta de cultura táctica e os índices de
‘Com um público deste lizados a favor das novas gerações. Angola profissionalismo não são elevados. Nos que
até a mim me apetecia tem de apostar num projecto de formação e jogam fora de Angola, nota-se essa diferença
jogar. Acho que esta é uma arranjar infra-estruturas desportivas onde os porque entretanto já absorveram uma outra
jovens possam aprender. Para formar joga- cultura, com outros valores, outra intensida-
oportunidade tremenda dores, o país dispõe de um leque alargado de de de jogo e outra organização. São diferenças
para serem felizes’ escolhas, importa criar um plano. Agora que que no jogo se tornam gritantes.

É uma equipa de constelações


ou a estrela é o grupo?
A estrela é a equipa até porque Angola não
tem estrelas. Temos jogadores médios em
equipas pequenas e outros atletas a jogar
em equipas grandes, mas com um futebol
não tão profissional, como é o caso dos pa-
íses árabes. Estão em equipas de topo, mas
que praticam um futebol sem a dimensão da
Europa. Por esse motivo, o mais importante
é o conjunto. Os jogadores têm de jogar para
a equipa, com uma humildade grande e uma
intensidade alta em cada jogo. Acima de tudo,
temos de estar muito concentrados e ser uma
selecção compacta e organizada. Queremos
jogar sempre para ganhar. Não temos as es-
trelas que outras selecções têm e que podem
decidir o jogo de um momento para o outro
palmarés invejável
e por isso temos de nos valer acima de tudo
A primeira experiência de Manuel José no continente africano foi na época de
do colectivo. Não há outra decisão a tomar,
2001/2002. Depois de ter conseguido a melhor classificação de sempre para o União
temos de nos superar recorrendo a um espí-
rito guerreiro, com uma entrega total ao jogo. de Leiria, clube do campeonato português, aventurou-se em África, onde treinou,
Com um público deste até a mim me apetecia durante os últimos seis anos, o Al-Ahly, do Egipto. O que o motivou a aceitar o
jogar. Acho que esta é uma oportunidade tre- desafio foi o facto deste ter sido considerado o clube do século XX em África, assim
menda para serem felizes. como o Real Madrid o tinha sido na Europa. Manuel José fez 20 finais, tendo ganho
18. Ajudou ainda o clube a conquistar 19 títulos, oito deles continentais, quatro
Como classifica o grupo da primeira fase? Ligas dos Campeões e quatro Supertaças Africanas. Vitórias que levaram ao delírio
Difícil, mas equilibrado. A Argélia é o 4º quali- os cerca de 40 milhões de adeptos do Al-Ahly
ficado no ranking africano, o Mali é o 7º e tem

DESPORTO · ANGOLA’IN | 37
38 | ANGOLA’IN ·
· ANGOLA’IN | 39
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

‘União
das nações’
LUÍS JOÃO, CONHECIDO POR LAMÁ,
CONFIDENCIA QUE A ESCOLHA DO NOME É
UM TRIBUTO AO SEU ÍDOLO, O LENDÁRIO
GUARDA-REDES FRANCÊS BERNARD
LAMA. O GUARDIÃO DA BALIZA NACIONAL
É JOGADOR DOS CAMPEÕES DO PETRO
DE LUANDA. AOS 28 ANOS, O ATLETA mas com o melhor treinador, equipa técnica, ‘A formação é muito
REVELA-NOS O SEU SONHO: FORMAR OS nutricionista, entre outros componentes. É o
MAIS NOVOS. que está a acontecer.
importante, não
só a física, mas
Estão em contagem decrescente para o Qual é o seu sonho e o da equipa para este também a mental e
CAN. Como decorrem os trabalhos de pre- africano?
paração? No meu caso, como sou guarda-redes, primei-
a académica’
Corre tudo bem. Saímos do nosso país para ro falo pela equipa e só depois abordo os as-
Portugal, que tem sido a nossa sede. Estamos suntos pessoais. Neste momento, devemos saber aquilo que estamos a fazer para desem-
bem em termos de trabalho, de alimentação pensar só no grupo, na união e na coesão. No penhar a nossa tarefa com maior maturidade.
e de hospitalidade. Em relação ao novo trei- CAN passado ultrapassamos a primeira fase Posso estar apto fisicamente, mas se não es-
nador, tentamos acatar todas as orientações, e, se fora do país fomos até aos quartos-de- tiver bem psicologicamente não tenho o ren-
pois é para o bem não só da selecção, mas do final, estando na nossa casa queremos ir mais dimento ideal. Temos que saber controlar as
nosso país. longe. Esse é o nosso grande objectivo. emoções.

Sente uma crescente adaptação ao novo es- Para si será uma oportunidade para se cata- Aconselha os jovens em início de carreira a
tilo de jogo? pultar internacionalmente? não desistir dos estudos?
Tecnicamente estamos a evoluir e a tendên- A minha meta é conseguir através desta mon- A escola é muito importante, porque é o ensi-
cia é essa. Todos os dias melhoramos. O nosso tra uma equipa de renome, com novos desa- no que nos orienta, nos ajuda a saber decidir e
trabalho e os nossos índices vão progredindo fios, nova mentalidade, outros ambientes e a ter massa crítica. Muitos jovens querem ser
a cada dia que passa. tipos de trabalho. Sinto falta de sair do país. Jo- como o Mantorras ou até como eu e acredito
go na equipa de Angola desde que comecei, ou que eles ouvem aquilo que dizemos.
Que qualidades destaca na equipa e que são seja, o destino é sempre o mesmo. Todos so-
determinantes para sobressair perante os nhamos experimentar o campeonato europeu, Esse factor é muito importante. Os atletas de
adversários? é outra experiência profissional, em que cresce- alta competição funcionam como exemplos?
Hoje em dia não há resultados nem equipas mos não só como atletas, mas como homens. Exactamente, não só como jogadores, mas co-
fáceis. O futebol está a evoluir e a ser estu- Comparo a mentalidade dos meus colegas que mo Homens. Se um jovem vê que falamos de
dado. Na minha opinião, o que faz com que a estão fora e dos que jogam no campeonato na- ensino, ele vai concentrar-se igualmente nes-
equipa saia vencedora é a atitude, a inteligên- cional e é muito diferente. se aspecto e certamente considerar que se nós
cia, a disposição e a motivação. Por outro lado, no futuro, gostava de criar uma chegamos aqui é porque também estudamos.
escola de formação, sem me associar a equipas
Abordou a conjugação da inteligência e da técnicas, apenas para ensinar e transmitir a mi- Que mensagem gostaria de deixar aos
paixão pelo futebol. É esse o equilíbrio que nha experiência. Isso é o que eu mais quero. apoiantes da selecção?
o grupo procura? Desejo que todo o povo esteja connosco desde
Sim, por isso a FAF contratou um psicólogo. A formação é cada vez mais urgente? o princípio até ao fim, tendo em consideração
A emoção e o futebol estão relacionados. Não A formação é muito importante, não só a fí- que não há matéria fácil. A selecção promete
podemos ter picos de emoção, que levam mui- sica, mas também a mental e a académica. trabalhar para corresponder às expectativas
tos jogadores a falhar nos momentos decisi- Quando nos referimos ao ensino escolar fala- de todos, pelo que vamos procurar estar pre-
vos. Como estamos a organizar pela primeira mos de inteligência, algo exigido pelo futebol sentes em mais fases finais de torneios afri-
vez um evento deste género, temos que es- actual. Muitos treinadores focam este aspec- canos e mundiais, porque o futebol é a união
tar bem preparados, não só psicologicamente, to, porque temos que estar concentrados e das nações.

40 | ANGOLA’IN · DESPORTO
‘Geração
do sucesso’
CARLOS MANUEL GONÇALVES ALONSO, DE SEU NOME, KALI, DE
APELIDO, É O ROSTO DA MOTIVAÇÃO ANGOLANA. FERVEROSO ADEPTO
DO SEU PAÍS, REVELA O INSTINTO DIGNO DE QUEM QUER IR MAIS
ALÉM. NUM DISCURSO EMOCIONADO, FALA DE ASPIRAÇÕES E DE UMA
OPORTUNIDADE ÚNICA COM TRANSMISSÃO DIRECTA PARA O MUNDO.

Como encara a participação num CAN orga- to bons jogadores. Fize-


nizado pelo seu próprio país? ram uma boa qualificação
Com grande expectativa porque todos sabe- e por isso merecem estar
mos que o país investiu muito para realizar nos 16 melhores de Áfri-
esta prova em casa, o que faz aumentar as ca. Resta salientar, que
nossas responsabilidades. O mais importan- estamos em casa e essa
te é representar condignamente Angola e dar vai ser uma força muito
uma alegria a todas as pessoas que acreditam grande, pois acredito que
em nós. Temos sorte, pois o nosso povo ama o público vá ajudar mui-
e vive o futebol, são adeptos exigentes, que to. Este vai ser de facto
gostam de bons espectáculos. Isso cria uma o nosso 12º jogador e te-
ansiedade. Valemo-nos para combatê-la da mos de mostrar logo à
nossa união e amizade, factores que têm per- entrada que vamos fazer
mitido à selecção alcançar algum sucesso, fru- coisas bonitas para nós e
to sempre da vontade de vencer. para eles.

Quais as vossas principais mais-valias?


A equipa já mostra uma boa solidez defensiva, ‘Somos a geração da guerra, mas
trabalhamos muito o meio campo, só ficam a conseguimos alcançar mais do que se
faltar os golos. Temos vindo a afinar o ataque,
por intermédio de jogadores com qualidade calhar muitas pessoas acreditavam’
suficiente para olear uma máquina vencedora.
Em África é muito complicado dizer quais são O CAN vai funcionar como uma montra? a geração da guerra, mas já conseguimos al-
as selecções melhores ou os grupos mais for- Acho que se Angola depois do CAN conseguir cançar coisas que se calhar muitas pessoas
tes porque hoje em dia no mundo do futebol já exportar mais jogadores vai ser muito bom não acreditavam como uma ida ao mundial,
não há equipas fáceis. Actualmente, não exis- para o país. Depois do mundial e do europeu, como estes CAN’s consecutivos num país que
tem equipas pequenas porque mesmo essas esta é a competição mais vista do mundo. se está a organizar. Tenho a certeza que den-
se agigantam, trabalham da melhor maneira e No CAN vão estar dos melhores jogadores tro em breve iremos ter muitos mais valo-
têm profissionais em bons campeonatos. africanos a jogar na Europa. Grandes clubes res fora de Angola porque é uma geração da
europeus vão perder dois ou três jogadores e paz, com acesso a mais e melhores condições
O grupo de Angola é um dos mais difíceis? isso é simbólico, fazendo com que as pesso- desportivas. Já estive em vários CAN’s e pen-
É equilibrado. A Argélia, é uma equipa super as estejam de olho neles e nesta competição. so que este vai ser exemplar nesse aspecto.
motivada. Esperemos que estejam com a ca- No entanto, é importante salientar que ainda Damo-nos ao luxo de ter um hotel para ca-
beça no mundial e não no CAN, pois vai ser conseguimos ter muitos jogadores na selec- da selecção, em cada província um campo de
melhor para nós (risos). O Mali tem jogadores ção que jogam no nosso campeonato e isso treino para cada equipa com boas condições,
que jogam nas melhores equipas do mundo, é bom, pois vemos selecções africanas que dados que vêm mostrar o grande investi-
logo com muita experiência e qualidade. Do têm 20 jogadores fora. O Girabola é cada vez mento que o nosso Governo fez. Um esfor-
Malawi, todas as pessoas dizem que é “o pa- mais exigente, pelo que também se começa ço que só terá sucesso se a selecção também
rente mais pobre” do grupo porque tem pou- a investir bastante. Esse investimento é im- tiver porque somos o ponto fulcral de tudo.
ca expressão, mas nós, que já jogamos contra portante para o desenvolvimento das cama- Estamos a falar de um retorno inquantificá-
equipas deste país, sabemos que têm mui- das mais jovens ao nível da formação. Somos vel a vários níveis.

DESPORTO · ANGOLA’IN | 41
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

‘De Lobito
para
o Mundo’
DEDÉ, UMA DAS GRANDES REVELAÇÕES ANGOLANAS,
CONSERVA AINDA O NOME QUE CONQUISTOU A JOGAR
FUTEBOL NO LOBITO, A SUA CIDADE-NATAL. COM TA-
LENTO MAIS DO QUE SUFICIENTE PARA PARTIR RUMO
A OUTROS CAMPEONATOS, TEM-SE DESTACADO NO
ESTRANGEIRO POR SER UM JOGADOR BASTANTE FOR-
TE, TANTO A NÍVEL FÍSICO, COMO DE TÉCNICA DE JOGO.
CONCENTRADO, TEM A CONVICÇÃO QUE PODE CONTRI-
BUIR PARA AJUDAR A ELEVAR BEM ALTO O NOME DA
SELECÇÃO ANGOLANA. PEDE QUE ACREDITEM NELE E
QUE AS OPORTUNIDADES SURJAM.

‘Durante a guerra não recebem mais formação e deixam de ter tanta


havia condições para vontade de ir para o exterior. Começam a sen-
tir mais orgulho e mais vontade de aprender
jogar e muitos jovens no próprio pais. Nós, os mais velhos, estamos
emigravam. Agora esse a abrir caminho para que os mais jovens pos-
cenário pode mudar e sam ter um futuro brilhante, dando-lhes as
oportunidades que não tivemos. No fundo, é
a vontade de ir para o bom para Angola e para o próprio campeonato
exterior diminuir’ angolano, que sobressai mais e ganha ainda
mais nome.
Os novos estádios contribuem para elevar a
vontade de ganhar?
Que análise faz à selecção? As infra-estruturas são importantes porque ‘Nós, os mais velhos,
A equipa está em boas condições para atingir dão mais motivação aos jogadores, mas tam- estamos a abrir caminho
os seus objectivos, sendo que o mais impor- bém são cruciais para o desenvolvimento des- para que os mais jovens
tante é formar um colectivo coeso e compacto. portivo do país, sobretudo das camadas mais
Para realizar bons jogos no CAN, todo o joga- jovens. Como se sabe Angola viveu muitos possam ter um futuro
dor tem de se sentir mentalmente tranquilo, anos de guerra e não tinha as condições ne- brilhante, dando-lhes as
sem pensar na pressão que irá ter no torneio cessárias para os jogadores trabalharem no oportunidades que não
porque esta existe em todo lado e em todos próprio país e por isso muitos deles emigra-
os jogos. Temos acima de tudo de pensar em vam, quando o sonho era jogar no estrangeiro, tivemos’
nós, naquilo porque temos vindo a trabalhar principalmente na Europa. Actualmente com
diariamente, para que o resto saia com natu- a realização do CAN e com as infra-estruturas Que mensagem quer deixar aos adeptos?
ralidade. Todas as selecções têm a sua quali- que estão a ser criadas para as futuras gera- Acreditem mais na selecção e na nossa capa-
dade e todos os grupos estão representados ções esse cenário pode mudar. Acredito que é cidade, pois só em grupo podemos conseguir
por boas equipas. Nós, queremos ganhar jogo possível entrar numa nova era do futebol an- alcançar os nossos objectivos. Não só a selec-
a jogo para passar à próxima fase. Essa é a fi- golano, com novos estádios e novos centros de ção ou os jogadores, mas o povo tem de estar
losofia que defendemos. estágio. Tudo isto é bom para os jovens, pois unido para alcançar a meta, ou seja, a vitória.

42 | ANGOLA’IN · DESPORTO
‘Selecção
é do povo’
MANOEL RUI MARQUES, JOGADOR DO LEE-
DS UNITED, CLUBE INGLÊS, PROMETE DAR O
SEU MELHOR PELA SELECÇÃO. EM ‘DEFESA’
DAS CORES DA BANDEIRA, FALA DA IMPOR-
TÂNCIA DO APOIO DO PÚBLICO E DESABAFA
SOBRE O CONFLITO DE INTERESSES EXIS-
TENTE, POR VEZES, ENTRE AS SELECÇÕES
E OS CLUBES, QUE ACABA POR PREJUDICAR
AS ESTRELAS DO JOGO – OS ATLETAS.

O que é para si mais importante na véspera


de um jogo?
Realizar um trabalho que honre o povo ango-
lano é o nosso principal objectivo. Para isso
estamos unidos e temos vindo a dar passos
positivos. Garantimos uma entrega e concen-
tração redobrada, de forma a termos um bom
desempenho. Noto que existe uma grande
preocupação ao nível da federação, dos polí-
ticos e de todo o povo angolano para que isso
aconteça e penso que o CAN não é só impor-
tante a nível desportivo, mas também a ní-
vel económico, pois vai ajudar Angola a tirar
benefício das coisas boas que está a organi-
zar. Penso que o CAN poderá ser um empur-
rão muito grande para o desenvolvimento do factor positivo jogar em Angola, com o incen- mim, espero estar e representar condignamen-
país. Tem-se vindo a construir muitas infra- tivo do nosso público. Pode ser o empurrão que te a nossa camisola. Neste momento, estou a
estruturas, algumas delas em tempo recor- precisamos para conquistar mais vitórias. Te- jogar em Inglaterra, mas tenciono experimen-
de, que irão ficar para o futuro e isso é sem mos uma meta - como o último CAN nos cor- tar outros países. É, contudo, um pouco com-
dúvida o mais importante. As condições que reu bem -, queremos que este corra melhor e plicado porque estar no CAN não é fácil para
os jovens irão ter serão óptimas e qualquer para isso temos de tentar ultrapassar o que já nós, principalmente para os jogadores africa-
angolano se irá sentir orgulhoso por saber conseguimos. Essa é a nossa obrigação, uma nos que têm de abandonar o seu clube durante
que tem bons estádios. O povo angolano es- vez que jogamos perante o nosso povo. Nes- um mês e por vezes é difícil regressar porque
tá contente por todo este esforço que tem se sentido, quero deixar uma mensagem para as condições tornam-se mais difíceis. Senti no
sido feito e tornará este CAN um dos melho- todos os angolanos - que eles acreditem e nos meu caso que o treinador já sabia que a par-
res de sempre. apoiem como têm feito até aqui, pois vamos tir do mês de Dezembro não poderia contar
precisar dessa força. Esperamos acima de tu- comigo e começou a procurar soluções antes.
Qual é o seu prognóstico para este torneio? do contribuir com o nosso desempenho para Isso acaba por ser difícil porque quando aca-
Creio que é difícil adiantar. Um dos favoritos é a a mesma felicidade que será a nossa se tiver- bar o CAN, se a nossa equipa estiver bem, tal-
Costa do Marfim porque tem jogadores muito mos sucesso no torneio. vez não tenhamos a oportunidade de voltar a
fortes, mas há outros favoritos. Normalmente jogar. Esse é um dos factores negativos, que
qualquer jogador gosta de jogar em casa pe- Como encara pessoalmente este campeonato? não acontecem só comigo, penso que também
rante os seus adeptos, mas é uma responsabi- É uma competição que é acompanhada pelo suceda com os meus colegas, pois há sempre
lidade grande. Não sei como alguns dos meus mundo inteiro e por isso uma oportunidade um conflito entre o clube e a selecção, que às
colegas irão reagir, no entanto penso que é um que qualquer jogador gosta de ter. Quanto a vezes acaba por nos prejudicar a nós.

DESPORTO · ANGOLA’IN | 43
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

‘Mais
Angola’
PARA LOVE ESTE PODERÁ SER O ÚLTIMO CAN. AOS 30 ANOS, O AVANÇADO DOS PALANCAS As novas infra-estruturas contribuem para a
NEGRAS CONTOU À ANGOLA’IN OS MOMENTOS QUE VIVEU AO SERVIÇO DA SELECÇÃO, melhoria dessa formação?
NOMEADAMENTE A PARTICIPAÇÃO NO MUNDIAL DA ALEMANHA. O ATLETA É DOS MAIS Com esses equipamentos, o nosso futebol só
EXPERIENTES DO GRUPO E MOSTRA QUE AINDA TEM MUITO PARA DAR. tem a ganhar e é mais uma oportunidade para
os escalões inferiores poderem evoluir e fazer
Novo treinador, novas tácticas e nova equipa O factor casa tem sido inibidor. Como estão jogos em campos relvados.
técnica. Como é que a selecção está a reagir? a superar a situação?
A adaptação tem corrido com toda a normali- Temos o exemplo do CAN anterior, que decorreu Em termos pessoais, o CAN pode ser uma
dade. Somos profissionais de futebol e esta- no Gana. Nessa altura, conseguimos alcançar ajuda para a projecção da sua carreira?
mos habituados a situações do género. Nos os quartos-de-final, apesar de jogarmos sem o O CAN é uma grande montra. Todos os joga-
nossos clubes temos vivido episódios seme- nosso público. Tivemos alguns apoiantes, mas dores estão a trabalhar no sentido de poder
lhantes. Os atletas têm feito tudo de forma não em tão grande número como se espera em ajudar o colectivo. Tenho os meus sonhos, que
a assimilar os ensinamentos da nova equipa
técnica. Estamos a trabalhar juntos há seis/
sete meses e felizmente temos interiorizado
‘Os dirigentes estão mais atentos
muito daquilo que o treinador tem exigido. às equipas seniores, uma vez que
estas geram rendimentos financeiros’
Como se encontra o espírito da equipa?
É muitíssimo bom, uma vez que o CAN vai re-
alizar-se em Angola. Temos algumas obriga- Luanda. Em Janeiro, jogamos em casa e, por is- prefiro não exteriorizar agora. Neste momen-
ções, porque a nação está atenta à prestação so, temos obrigação de fazer melhor. to, quero apenas dar o meu melhor.
que a equipa poderá desempenhar durante o
africano. Fizeram-se muitos investimentos, São essas as vossas aspirações? Que mensagem gostaria de deixar aos adeptos?
criaram-se novas infra-estruturas para o nos- Exactamente. Queremos atingir os mesmos Primeiro devo dizer que em momento algum
so futebol e acho que devemos retribuir todo níveis e até ir à final, se for possível. devem sentir-se mal com a selecção. No fute-
este carinho, esforço e atenção que o Governo bol, todos vão com o propósito de conquistar
e a população têm feito em prol do Campeona- Falou há pouco na equipa técnica, que trouxe os três pontos e Angola não é excepção. Vamos
to Africano das Nações. maior diversidade. Considera importante, en- passar períodos em que as equipas adversárias
quanto atleta de alta competição, que se apos- poderão estar em vantagem numérica, pelo que
Sente que o grupo tem evoluído ao longo dos te na formação mais especializada dos jovens? é preciso paciência. Peço que apoiem todos os
últimos meses? Os escalões de formações em Angola sofrem instantes do jogo. Os atletas em campo vão fa-
Acredito que sim. Temos conseguido bons re- de algumas debilidades de atenção. Os senio- zer tudo para dignificar a organização do CAN, a
sultados. Tivemos recentemente uma derrota, res são alvo de maiores cuidados e, por vezes, nação e o povo. É preciso o estímulo de todos.
o que é normal, pois estamos na fase de pre- essa juventude passa por alguns sacrifícios, Temos a responsabilidade de elevar o nome de
paração. O treinador é rigoroso, algo necessá- já que habitualmente têm falta de apoios. Os Angola ao nível do futebol africano, porque no
rio dado o nível de competição e das exigências dirigentes estão mais atentos às equipas se- ranking da CAF não estamos bem posicionados
que a selecção acarreta consigo. Temos esse niores, uma vez que estas geram rendimen- e uma boa prestação permitirá que a classifica-
privilégio e vamos aproveitar ao máximo, pois tos financeiros. No caso das camadas jovens, ção melhore. Há vários ganhos, a organização
com esta equipa técnica vamos adquirindo no- os jogadores, os treinadores e os massagistas deu emprego a muitos, dinamizou o turismo e a
vas experiências, o que tem sido muito bom. devem ter uma mentalidade forte. É preciso nossa cultura vai ser redescoberta.
muita força de vontade e muita humildade.

44 | ANGOLA’IN · DESPORTO
Foi um ano de mudanças. Sente que tem que dar o
Que alterações considera exemplo enquanto jogador
mais positivas? e pessoa?
Sem dúvida o rigor táctico, a Sou o ídolo dos jovens e te-
marcação e a pressão sobre nho feito muita publicidade
quem tem a bola. Em Ango- sobre delinquência juvenil.
la, não estamos habituados a O que o nosso país tem que
esse estilo de jogo e isso exi- fazer é apostar nos campos
ge a transformação que está de futebol e nas infra-estru-
a acontecer na selecção na- turas. Os jovens agora têm
cional. imensas condições e podem
seguir esta carreira ou outras
Como está a decorrer a pre- modalidades. Quem sabe se
paração? não aparecem mais craques
Inicialmente foi complicado, como eu, apesar de ainda não
porque estávamos familiari- me definir dessa forma…
zados com o sistema do an-
tigo treinador. Mas agora já O que é que lhe falta?
nos habituamos e os traba- Não me acho um craque por-
lhos no Algarve têm corrido que ainda tenho alguns de-

‘Superação
bem. No dia-a-dia estamos feitos. Às vezes tenho pouca
a conseguir aprender os en- responsabilidade no campo,
sinamentos do professor Ma- talvez porque subi ao escalão

pessoal’
nuel José. Este é o técnico de de sénior muito cedo, com
que a nossa selecção estava apenas 16 anos. Entrei no
a precisar. O campeonato na- futebol aos 12 anos. Foi di-
cional parou há algum tempo fícil conciliar o desporto com
e os primeiros dias de estágio a escola, mas prometi aos
foram um bocado difíceis. Ac- NATURAL DO MOXICO, A JOVEM REVELAÇÃO DO FUTEBOL NACIONAL meus pais que quando atin-
tualmente sinto que há uma PREPARA-SE PARA A ESTREIA NO CAN. JOB, MELHOR MARCADOR DO gisse a minha meta, que era
evolução crescente, estamos GIRABOLA, É O ÍDOLO DOS MAIS NOVOS, EMBORA AINDA NÃO SE CONSIDERE chegar aos seniores, ia voltar
a ganhar mais ritmo competi- UM CRAQUE. O AVANÇADO PROMETE EMPENHAR-SE AO MÁXIMO NUM a estudar e é o que estou a
tivo e temos conseguido acer- CAMPEONATO QUE LHE PODE ABRIR AS PORTAS PARA A EUROPA. fazer neste momento.
tar algumas coisas.
Considera importante conci-
É a primeira vez que participa liar o futebol e a escola?
no CAN. Quais são as aspirações para o torneio? Desde pequeno que sonho jogar futebol e a O professor diz-nos constantemente que a
Este ano vamos organizar o campeonato na minha meta principal sempre foi alcançar a nossa carreira é muito curta, por isso temos
nossa casa, o nosso povo está orgulhoso e acho selecção. Todos os atletas sonham partici- que pensar no futuro. O conselho que dou é
que é uma grande responsabilidade que temos. par no CAN. Actualmente sou considerado que se quiserem jogar futebol devem abraçar
O professor tem conversado connosco e o im- o melhor jogador do campeonato do Girabo- a escola, pois é importante e no nosso campe-
portante é passar a primeira fase. Depois, com la de 2009. Acho que isso me faz ter maior onato há poucos atletas com estudos. É preci-
a ajuda de Deus e a dedicação que o grupo tem, responsabilidade e jogar mais. De momento so ter muita força de vontade.
o objectivo será ganhar a competição.
‘Há uma evolução crescente,
Como aguarda a sua estreia no CAN?
Sou o jogador mais novo da selecção e nor- estamos a ganhar mais ritmo competitivo’
malmente quando estamos a jogar com atle-
tas mais experientes as responsabilidades
também são mais acrescidas. O professor sou um jogador livre, pois já não tenho con-
ainda não escolheu o grupo que vai participar trato com o Petro. Se tiver a oportunidade Que mensagem gostaria de deixar aos ango-
no campeonato africano. Se for seleccionado, de jogar fora não vou esquecer as minhas lanos?
prometo fazer o que sei melhor, que é jogar origens. Já tenho muitos convites para vir A selecção é do povo e deixo o apelo para que
futebol e dar alegrias a este povo angolano para a Europa. apareçam, encham o estádio e nos apoiem. A
que tanto merece. única oferta que podemos dar depois de 30
Pode adiantar quais são essas propostas? anos de guerra é esta competição. Vamos fa-
É o melhor marcador do Girabola. O desem- Em Portugal tenho equipas interessadas, mas zer tudo para conseguir passar a primeira fase,
penho na competição pode ser uma mais-va- isso está no segredo dos deuses. Agora quero que é o objectivo principal e voltar a dar ale-
lia para a sua carreira? concentrar-me na selecção nacional. grias a este povo que está agora a renascer.

DESPORTO · ANGOLA’IN | 45
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

can 2010

Fogueira das
Vaidades

A história do CAN começa em 1957. O Sudão foi o país que teve a honra de dar o pontapé ini-
cial à maior manifestação futebolística do continente berço. Na prova que não contou com
eliminatórias de acesso, apenas três selecções estiveram presentes. O Sudão, na condição
de anfitrião, o Egipto e a Etiópia. A África do Sul era a quarta, mas foi excluída devido ao
apartheid. Nos anos seguintes, o CAN não teve uma definição quanto à sua periodicidade.
Só em 1968, na 6ª edição, ocorrida na Etiópia, é que o torneio passou a realizar-se a cada
dois anos. Ao nível dos títulos, o Egipto tem a hegemonia, com seis campeonatos vencidos,
seguindo-se o Gana, com quatro taças, os Camarões, com três, e a Nigéria, com dois.
Dezasseis países à procura

ARGÉLIA MALAWI MALI


do título continental

As Raposas do Deserto competiram nos O percurso do Malawi não tem sido fácil. É o desejado regresso da selecção do
palcos mundiais pela primeira vez em Após as tentativas frustradas de apu- Mali às competições africanas. No úl-
1982. Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi ramento para os Mundiais da FIFA, as timo CAN, a equipa não foi apurada. O
destacaram o “talento” de uma forma- Chamas procuram melhorar o seu de- treinador foi substituído pelo reputado
ção, que na época brilhava nos palcos con- sempenho no CAN. Este é o regresso há nigeriano Stephen Keshi. A formação
RADAR

tinentais. No entanto, após a vitória do muito aguardado, após uma única par- conta agora com as potencialidades de
torneio africano em 1990, esta selecção, ticipação no torneio continental. Con- jogadores como Frederic Kanoute, consi-
que formava um dos melhores grupos, fiantes em alcançar um bom resultado, derado o atleta africano do ano
acabou afastada das lides mundiais. A os adeptos depositam as esperanças no
constante mudança de treinador (34 téc- seu goleador Chiukepo Msowoya ficha técnica
nicos, desde 1962) levou a equipa a falhar 1ª participação no CAN: 1972
a qualificação para as duas últimas edi- ficha técnica Títulos continentais: 0
ções do CAN 1ª participação no CAN: 1984 Ranking da FIFA: 51º lugar
Títulos continentais: 0
ficha técnica Ranking da FIFA: 90º lugar
1ª participação no CAN: 1968
Títulos continentais: CAN 1990
Ranking da FIFA: 29º lugar

46 | ANGOLA’IN · DESPORTO
BURKINA CÔTE GANA TOGO
FASO
Os Garanhões apostam tudo nesta com-
D’IVOIRE
Considerado o gigante do futebol africa-
As Estrelas Negras têm por hábito ser
os protagonistas das competições afri-
O país é jovem, mas a sua selecção in-
gressou há muito nas competições con-
canas. Venceram 4 vezes o CAN e foram tinentais e inter-continentais. No CAN,
petição, que conta com muitas caras no, a formação da Costa do Marfim con- organizadores do evento em 2008. Actu- estreou-se em 1972 e dois anos depois
novas. A formação está confiante no re- ta com a participação da nova geração de almente, estão também apurados para o participou pela primeira vez nas elimi-
gresso às vitórias, procurando alcançar atletas, que jogam nas principais ligas Mundial. No de 2006, chegaram pela pri- natórias de um Mundial. Os Gaviões con-
um resultado melhor que a quarta posi- mundiais. Drogba, Kalou e Eboue são meira vez à final de um campeonato do tam cinco apuramentos para a fase final.
ção, conquistada na edição de 1998, por alguns dos seus craques. Foram vice- mundo e já estiveram em 16 fases finais As esperanças surgem renovadas graças
eles organizada campeões no CAN 2006 e chegaram às do CAN ao novo ícone nacional Emmanuel Ade-
semi-finais de 2008 no Gana. Em 2006, bayor, um dos melhores marcadores da
ficha técnica participaram pela primeira vez no Mun- ficha técnica liga inglesa
1ª participação no CAN: 1978 dial FIFA
1ª participação no CAN: 1963
Títulos continentais: 0 ficha técnica
Títulos continentais: CAN
Ranking da FIFA: 55º lugar ficha técnica
1963, 1965, 1978 e 1982 1ª participação no CAN: 1972
1ª participação no CAN: 1965 Ranking da FIFA: 38º lugar Títulos continentais: 0
Títulos continentais: CAN 1992 Ranking da FIFA: 80º lugar
Ranking da FIFA: 19º lugar

BENIN
A equipa é jovem, mas considerada
EGIPTO
São os reis dos campeonatos africanos.
MOÇAMBIQUE NIGÉRIA
A selecção foi considerada em 2007 co- As Super Águias da Nigéria preparam-se
competitiva e perigosa. Os Esquilos es- Os atletas egípcios são bi-campeões do mo a que mais progrediu nos rankings para entrar com o pé direito no CAN. Com
trearam-se no CAN de 2004, contando CAN e procuram nesta edição o hepta. da classificação mundial FIFA/ Coca- o apuramento para o Mundial garantido,
apenas com duas participações. O curto Os Faraós são uma das maiores forma- Cola. O percurso não tem sido fácil e a a equipa está motivada e promete man-
palmarés inclui uma subida histórica do ções africanas, cujo talento e reconheci- equipa continua a batalhar para levar ter as habituais boas prestações no dérbi
ranking mundial (do 99ª para 67ª desde o do palmarés fazem desta selecção uma uma taça para o seu país. A primeira africano. A última vez que o país levou o
início de 2009) e da Confederação Africa- das mais temidas pelos adversários vitória dos Mambas nesta competição troféu do CAN foi há 14 anos (1994)
na de Futebol (de 28ª para 12ª) ocorreu apenas em 2002
ficha técnica ficha técnica
ficha técnica 1ª participação no CAN: 1957 ficha técnica 1ª participação no CAN: 1963
1ª participação no CAN: 2004 Títulos continentais: CAN 1957, 1ª participação no CAN: 1986 Títulos continentais:
Títulos continentais: 0 1959, 1986, 1998, 2006, 2008 Títulos continentais: 0 CAN 1980 e 1994
Ranking da FIFA: 67º lugar Ranking da FIFA: 28º lugar Ranking da FIFA: 84º lugar Ranking da FIFA: 32º lugar

CAMARÕES
São dos principais candidatos ao títu-
GABÃO
O Gabão aposta tudo nesta edição. O
TUNÍSIA
Este país tem-se consolidado como uma
ZÂMBIA
A sua reputação é sólida e é das selec-
lo. Após um excelente desempenho no percurso dos Panteras Negras tem-se das equipas mais fortes do continente. ções mais respeitadas. O êxito é uma
apuramento para a competição, os Leões pautado pela discrição e por muitas di- No contexto africano, a formação é pre- constante para a equipa, que parece ter
Indomáveis contam com as estrelas Sa- ficuldades em alcançar o estrelato conti- sença assídua. Após duas derrotas em a sorte contra si. Os sul-africanos foram
muel Eto’o (tricampeão Futebolista Afri- nental e intercontinental finais do CAN (1965 e 1996), os atletas duas vezes vice-campeões nas finais do
cano do Ano) e o veterano Rigobert Song conseguiram quebrar a maldição e em CAN. Porém, nunca conseguiram alcan-
para a vitória final ficha técnica 2004 conquistaram o tão desejado títu- çar o lugar mais alto do pódio
1ª participação no CAN: 1994 lo. As Águias do Cartago contam com o
ficha técnica Títulos continentais: 0 novo técnico para consolidar o grupo ficha técnica
1ª participação no CAN: 1970 Ranking da FIFA: 45º lugar 1ª participação no CAN: 1974
Títulos continentais: CAN ficha técnica Títulos continentais: 0
1984, 1988, 2000 e 2002 1ª participação no CAN: 1962 Ranking da FIFA: 96º lugar
Ranking da FIFA: 14º lugar Títulos continentais: CAN 2004
Ranking da FIFA: 54º lugar

DESPORTO · ANGOLA’IN | 47
DESPORTO ESPECIAL CAN 2010 | patrícia alves tavares

go que conseguimos através de contactos di-


rectos com o senhor presidente Issa Hayatou.
Entretanto, fui chamado para a comissão or-
ganizadora dos CANs e adquiri uma certa ex-
periência. Depois do Coreia / Japão, em 2003,
fui convidado para ser membro da comissão de
auditoria interna da FIFA, cargo que ocupo até
hoje. Nessa altura pensamos em organizar o
CAN, mas chegamos à conclusão de que ainda
não estávamos suficientemente maduros. Re-
centemente apresentamos a candidatura e de
entre oito países fomos escolhidos.

Sempre manteve a esperança de conseguir


trazer este evento para o país?
Se não tivesse esperança, nem sequer teria
concorrido. O caderno de encargos da CAF não
exige que se tenha as condições. Daí o cep-
ticismo de muitos em relação à sua concre-
tização. Estávamos a quatro anos do CAN e
conseguimos mostrar que tínhamos os pres-
supostos todos. E era isso que a CAF queria.

‘Competir
Saímos da guerra há seis anos e somos das
economias que mais crescem no mundo. O pa-
ís tem um desenvolvimento económico muito

para ganhar’ grande. Em dois anos, construímos quatro es-


tádios novos, recuperamos 13 recintos e cria-
mos os equipamentos necessários. Segundo
os especialistas, o estádio 11 de Novembro de
Luanda é o mais bonito de África, algo de que
Antigo atleta e defensor incansável do Desporto, Justino Fernandes nos orgulhamos. Para materializar o projecto,
tem uma longa experiência. Durante um treino matinal da selecção, foi necessário o apoio do Governo e do senhor
presidente José Eduardo dos Santos, que foi
o presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF) descreveu à fundamental em todo o processo.
Angola’in como está a ser vivida a aventura do CAN. O responsável
pelo Comité Organizador da prova está confiante nos bons resultados ‘Em dois anos
construímos quatro
o homem estádios novos,
O desporto sofreu uma evolução, mas nunca Foi o desistir de um sonho? recuperamos 13
tanto foi feito como agora. Como tem vivido Não, porque queria fazer uma formação supe-
a fase de preparação do CAN? rior, situação que acabou por acontecer. Aos 26
recintos e criamos
Neste momento, sinto um certo orgulho em anos resolvi dedicar-me totalmente à minha os equipamentos
ser presidente da FAF. Fui desportista durante formação. Depois da Independência fui direc- necessários’
muitos anos na selecção de Luanda e de An- tor da Cuca, ministro da Indústria, da Juventu-
gola e enquanto atleta fui capitão das duas de e dos Desportos e assim fui evoluindo. Só ‘frutos’ gerados pelo can
equipas. Isso deu-me uma certa experiência. mais tarde surgiu o convite para a Federação, A nível de desporto, quais os benefícios des-
Porém, infelizmente, tive de deixar o fute- quando me pediram para agarrar o nosso fute- te evento?
bol, que na altura era amador. Joguei no ASA bol, que é um factor de unidade nacional. Sem infra-estruturas desportivas não há de-
e estive a um passo do Sport Lisboa e Ben- senvolvimento. O futebol ganhou quatro es-
fica. Porém, a minha mãe (a minha família é Como analisa o trabalho que tem sido de- tádios novos em quatro províncias. Temos
matriarcal) não encarou muito bem a minha senvolvido pela entidade? infra-estruturas nas 18 localidades, contudo
partida. Éramos uma família bastante unida e A princípio, tivemos algumas dificuldades, nas que vão albergar o CAN demos um salto
decidi não ir. porque a nossa associação não era muito bem qualitativo. Criamos as condições para dar iní-
vista ao nível da Confederação Africana de Fu- cio ao desenvolvimento, existindo igualmente
‘O futebol é um factor tebol (CAF). Tivemos alguns dissabores com os a possibilidade de acolher outros eventos no
meus antecessores. O nosso primeiro trabalho nosso país, como é o caso da taça das confe-
de unidade nacional’ foi repor a imagem positiva junto da CAF, al- derações.

48 | ANGOLA’IN · DESPORTO
O torneio potenciou o desenvolvimento de o ano de áfrica no dia 26, vão ficar muito mais desinibidos. Te-
uma série de áreas, ao nível da hotelaria, da Como está a motivação da população? mos uma equipa técnica boa.
construção civil, até na criação de emprego. O apoio do povo angolano é total. Só se fala
O progresso atrai mais investimentos? do CAN, é o centro das conversas de todos. O Apesar não participarem no Mundial de
Ora nem mais. Os ganhos serão a todos os ní- Governo também tem dado um apoio incon- 2010, acredita que o evento pode ser im-
veis. Vamos mostrar que Angola não é só um dicional, especialmente nos investimentos, portante para o país, inclusive no aproveita-
país de guerra. É um acto de coragem porque mostrando-se interessado, pois sabe que o mento dos estádios?
vamos abrir as portas ao mundo, após seis campeonato é uma mais-valia para desenvol- Podemos acolher qualquer selecção no nosso
anos de conflito e as pessoas não irão apenas ver o nosso país, principalmente no aspecto de país, principalmente aquelas que vão jogar em
ver o futebol. Vão tentar julgar-nos, avaliar dignidade nacional. Joanesburgo. Temos condições excelentes na
a nossa hospitalidade, o nosso carácter e de província da Huíla que, à semelhança de Joa-
que forma estamos a progredir. O CAN permi- Quais são as suas expectativas quanto à nesburgo, se encontra a cerca de dois mil me-
tiu a criação de infra-estruturas envolventes, prestação da selecção? tros de altitude. Temos um clima fantástico,
que provavelmente seriam produzidas daqui Este grupo está a trabalhar muito bem. Quan- hotéis excelentes e as equipas estão a procu-
a uns dez anos. O evento já está a ser um ca- do os que jogam fora se juntarem a esta rar esse estádio.
talisador do progresso. Por exemplo, inicia- equipa vamos fazer um bom ‘team’. Não pre-
mos um pólo de desenvolvimento em torno tendemos participar, queremos competir para É um ano importante para vocês?
do estádio de Luanda, onde começam a sur- ganhar o CAN. Esse é o espírito incutido nos Considero o ano do futebol em África. Em Janeiro
gir projectos imobiliários, fruto das condições atletas. As conversas que têm com o professor será em Angola e em Julho na África do Sul. Es-
criadas na região. Manuel José têm sido muito úteis. Agora, os tamos muito unidos e os sul-africanos pedem-
nossos jogadores estão a acabar com a inibi- me para fazer um CAN exemplar, pois será o
A nível de recursos humanos acredita que ção. Está a ser feito um trabalho nesse âmbito prelúdio do que vai acontecer na África do Sul.
agora é o começar de uma nova era? e estão a ser acompanhados por pessoas es-
É muito bom em termos de formação. E pa- pecializadas para vencer esses receios. Que apelo gostaria de fazer à nação?
ra tal temos que ter formadores. A nossa Deixo um pedido à população para que confie
principal preocupação será em obter técni- A equipa tem evoluído tecnicamente? em nós. Estamos a trabalhar para dignificar o
cos angolanos capacitados, que realmente Há já algum tempo, essa evolução tem sido nosso futebol e dar uma alegria a este povo
possam formar os nossos jovens. Pensa- bastante visível. É evidente que estamos a fa- sofredor. O nosso obrigado por todo o apoio e
se que um bom jogador de futebol será um zer jogos de treino e é um trabalho feito a lon- prometemos fazer tudo para corresponder às
bom treinador e não é bem assim. São raros go prazo. Com a integração dos que chegam expectativas.
os casos de sucesso. Estes jovens [selecção
nacional] aprenderam nos seus bairros, com
bolas de trapos. Não tinham os fundamen-
tos técnicos, que foram assimilados aqui, na ‘Queremos ser
idade adulta. Temos esse projecto, que que-
cada vez mais
remos colocar em prática depois do CAN. Ao
nível das infra-estruturas está aceitável. A fortes e para
vertente de criação de escolas é algo que te- isso temos
mos que pensar. Temos ainda que questio-
que apostar
nar outro aspecto. Sou presidente da FAF
em ‘part-time’. Tenho outras responsabili- na formação’
dades no país. Poderia fazer muito mais se
estivesse apenas dedicado à federação, pe-
lo que no fim deste mandato, daqui a dois
anos, terei que ser substituído por um pro-
fissional a tempo inteiro.

Está nos desafios da federação formar equi-


pas capazes de competir com os ‘grandes’
do mundo?
É para aí que devemos caminhar. Queremos
ser cada vez mais fortes e há que apostar
na formação. Porém, há sempre uma utopia
nisso tudo. Por cada jogador congolês que
desperta na Europa, fica uma série deles des-
perdiçados. Esses aspectos têm que ser bem
ponderados e conjugados com a educação es-
colar da criança.

DESPORTO · ANGOLA’IN | 49
LUXOS | patrícia alves tavares

LE X U S L FA as. Este coupé de


l na s linha s fluida s e curvas esculpid
-se na Fórmula 1 e
é visíve e para desenvolver
O seu estilo inspira e ele vada pe rfo rm ance, com capacidad
xo
nta um visual de lu a na ordem dos 32
0 km/h.
dois lugares aprese ve loc id ad e m áx im
, produzindo uma
mais de 500 cavalos

52 | ANGOLA’IN · LUXOS
O primeiro super ca
rro dinamarquês de
agressiva juntam-s marca-se dos rest
e os seus 1.104 cava antes pelo seu desig
los. O interior luxuoso n. À aparência
com o conforto, em combina o seu estil
que os bancos e vo o desportivo
lante podem ser re
ligar o iPod, o MP3 gulados e o sistem
ou simplesmente a de so m permite
ouvir rádio e os seus
CDs preferidos.

LUXOS · ANGOLA’IN | 53
LUXOS

E C a y e n n e G T S
PO R S C H ortivo da Porsch e inspira-se na linha
S e sofreu um aum
ye
en
nn
to
e
de
e é
po
o

pr
nc
im
ia em relação aos modelo
eiro dos utilitários
s anterio-
a receber o siste-
sp versão turbo do Ca
O novo utilitário de
ui o body kit , habitualmente usado na t), possuindo seis veloc
idades.
res. A viatura po ss n M an agem en
he Active Suspensio
activa PASM (Porsc
ma de suspensão

54 | ANGOLA’IN
OL · LUXOS
LUXOS

de som da melhor
perfu rado s e equipamento
Pedais de alu m ín io são os principais
nt rará no m er cado (1.100 watts)
qualidade que en co a capota
elo , qu e at inge os 313 Km/h com
atractivos deste m
od ha, foi
en te re ve stido a couro de primeira lin
talm quatro ocupantes.
aberta. O interior, to ssidades dos seus
ar na s ne ce
desenhado a pens de mais de
co nfor tá ve l e lu xuoso, este Bentley
Exageradamente os.
apenas 4,5 segund
tone ladas va i do s 0 a 100 km/h em
duas

56 | ANGOLA’IN · LUXOS
A sua capota é tota
lmente aerodinâm
do Solstice pouco ica e é a principal no
mudou. O desenho vidade deste modelo
m an tém-se e apenas a , cujo tradicional es
sofreram uns reto carroçaria e as com tilo
ques, revelando um po nentes das lantern
toque de elegância. as
potentes, tendo co Todas as versões de
mo opção a caixa de ste modelo são ba
stante
cinco velocidades au
tomática ou manua
l.

LUXOS · ANGOLA’IN | 57
LUXOS

YAMAHA
MT-01
a MT-01 possui um
Única e inovadora,
e coloca todo o seu
massivo motor qu
uma aceleração
potencial através de
sportivo de grande
única, um quadro de
escape único, que
rigidez e sistema de
rante.
emite um som vib

ALPINESTARS
Casaco MotoGP
JEREZ te feito em couro
lmen
Este modelo, tota – 1.4 mm,
m um a espessura de 1.2
perfurado co velos
nos ombros e coto
possui protecções . As m angas são
cados pela CE
removíveis, certifi orto na
dar-lhe maior conf
pré-curvadas para
em.
posição de pilotag

Botas 4SmistM X-4 as de uma IXON


A nova S-MX
ura as característic
bota de alta perform
ance com tecnologia
s que
Luvaso R S KINluvGa, disHpoP
nível
e conf orto confortável, esta
r funcionalidade Flexível e muit
conferem uma maio bra protege i concebida para fa
cilitar os
trução em microfi em várias cores, fo
máximo. A sua cons te a condução da su
a moto,
o pé de impactos. movimentos, duran mão.
tima aderência da
permitindo uma óp

58 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS · ANGOLA’IN | 59
LUXOS | patrícia alves tavares

Sony Ericsson Aino


Equipe o seu telemóvel Aino com as suas músicas, filmes e podcasts favoritos.
Depois pode transferi-los para o PC e vice-versa, através de WiFi. O ecrã táctil de 3
polegadas é a novidade do modelo, que surge com um carregador com suporte de
secretária e a possibilidade de aceder à sua PlayStation3.
Station3.

Blackberry
y
Storm
É o primeiro Smartphone com ecrã táctil
clicável. O modelo combina a solução wireless
dos dispositivos BlackBerry para email,
messaging, telefone, agenda, Web, multimédia
e acesso a aplicações, contando com a
experiência de uma utilização fácil e intuitiva.

Sony Ericsson
MH907
Descubra o áudio de alta qualidade com
o Controlo SensMe. Estes auscultadores
permitem ouvir música ou atender uma
chamada, assim que são colocados no ouvido.

Apple Magicmouse
É o primeiro mouse Multi-Touch do mundo, disponível na compra do novo Imac de

Pacemaker
Pacemak
ker 21,5” e 27”. Também pode adquirir este rato sem fios separadamente.

Para quem deseja tornar-se


se num autêntico DJ
DJ,
este Pacemaker faz toda a diferença, pois pode
ser usado como mixer. Este aparelho permite
misturar músicas (dois canais independentes)
e guardar tudo no HD de 120 GB.

60 | ANGOLA’IN · LUXOS
Sony Rolly
O novo leitor permite-lhe viver uma surpreendente
experiência de música. O aparelho funde som e movimento
consoante o ritmo e luzes multicolor, que piscam ao mesmo
tempo. Pode ainda personalizar os seus movimentos e vê-lo
dançar ao ritmo da sua música.

Livio
NPR Radio
Com este rádio pode ouvir centenas de estações
NPR de todo o mundo, a partir de qualquer sítio,
longe do seu PC. Em minutos o aparelho localiza
e conecta-o a mais de 16.000 emissoras.

Apple
Imac
O novo IMAC
apresenta-se com um
ecrã panorâmico 16:9
com retroiluminação
LED de 21,5 ou 27
polegadas. Ideal para
vídeo HD.

Apple
Wireless Keyboard
O teclado sem fios permite-lhe dispor de mais espaço na sua
secretária e transportá-lo facilmente para qualquer lado.

LUXOS · ANGOLA’IN | 61
LUXOS

TREKSTOR
i.Beat
organix
Gold
O leitor de mp3 mais caro do mundo
é banhado a ouro de 18 quilates
e está revestido com 63 diamantes.
Este objecto raro foi trabalhado à mão
por um joalheiro suíço.

ZUNE HD
Suporta vídeos em alta definição até 1280x720 pixels de resolução.
Esta é a mais-valia de um aparelho composto por um ecrã de 3,3
polegadas, 16:9 de proporção com 480x272 pixels de resolução e
conectividade wireless.

LACIE
LaCinema
Este novo aparelho dá a possibilidade de reproduzir filmes,
música e fotografias em qualquer televisor, possuindo
capacidade para armazenar ficheiros até 500 GB.

62 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS

Leatherman
Freestyle CX
Esta ferramenta baseia-se no famoso
Skeletool, herdando o seu estilo, mas
numa versão mais leve. Resistente a
arranhões e à corrosão, está equipado
com uma faca de 154 cm. É perfeito
para incluir nos utensílios a levar nas
suas aventuras.
Brunopasso
espresso machine
Design moderno e disponíveis em várias cores (para
combinar com os electrodomésticos), as máquinas de café
Brunopasso permitem desfrutar do café com muito estilo.

LEICA
M8 WHITE
EDITION
É a nova versão da famosa rangefinder Leica M8,
que surge agora com qualidade renovada. Sinónimo
de luxúria, foram fabricadas poucas unidades desta
máquina digital. É sem dúvida um produto único e com
certificado de autenticidade.

NOOK
eBOOK
O Ebook Reader mais avançado do mundo lê os formatos PDF e ePub,
suportando igualmente ficheiros MP3 e vários formatos de imagem.
Dispõe de 2GB de memória interna e um ecrã de 3.5 polegadas a cores
e sensível ao toque. Tem ainda conectividade 3G e ligação wireless.

64 | ANGOLA’IN · LUXOS
MERCEDES-BENZ
FOLDING BIKE
Esta bike da Mercedes é bastante inovadora, pois é totalmente desdobrável, ideal para o uso urbano.
Quando dobrada, ocupa pouco espaço (mede apenas 80X80X35cm), pelo que, além de prática, pode ser
facilmente arrumada em casa e transportada no carro. Leve e compacta, necessita apenas de alguns
segundos para ser montada. Disponível em branco e prateado.

VholdR
ContourHD
A pensar no Youtube, a empresa vholdR criou uma câmara de
capacete que captura vídeos em HD, desenvolvendo um software
próprio para o upload directo, para que os seus utilizadores possam
poupar tempo. A empresa criou ainda um canal no referido site para
poder partilhar os seus vídeos. Além de captar áudio, cria o efeito
Point of View nas fotografias e tem 2 GB de memória interna.

REGEN
RENU
O Renu é um painel solar compatível com o
SoundStation. O dock para iPod/ iPhone oferece
8 a 9 horas de reprodução (com a bateria
completa, que leva 8 horas a carregar).

LUXOS · ANGOLA’IN | 65
LUXOS | patrícia alves tavares

LOUIS
VUITTON
TA
AMB
BOURR
MYST
TER
RIE
EUS
SE
Esta peça única, que brinca com as leis da
física, é sinónimo de exclusividade. O valor
deste objecto de luxo equivale ao preço de
um carro desportivo ou de uma confortável
casa. Produzido em aço e ouro, as 115 peças
foram montadas manualmente. Pode
ainda optar por personalizá-lo, usando por
exemplo pedras preciosas.

Victorinox
Sw
wisss Arrmy
y
Fundo transparente, bracelete de pele e visor em safira
são algumas das particularidades deste relógio, que é
à prova de água e possui índices luminosos. A sua linha
clássica atrai homens inteligentes e de personalidade
forte, que apreciam uma peça que perdure no tempo.

TISSOT
Coutu
urier Auto
omaticc
A Tissot distingue-se por combinar nas suas peças
modernidade e tecnologia inovadora. É o caso deste
exemplar, que se destaca pela elegância, ideal para
quem gosta de estar ‘chic’ todos os dias. O bracelete é
em pele genuína e o relógio é à prova de água até 100m.

66 | ANGOLA’IN · LUXOS
SOXUL
Fato cinza escuro D&G
ESTILOS | lisete pote com gravata da mesma marca em seda,
camisa em cambraia branca
e sapatos pretos

ERMENEGILDO ZEGNA

Mais uma marca trazida pela loja Markas. Des-


ta vez os tecidos de alta qualidade vêm com a
assinatura de Ermenegildo Zegna.

Lisete Pote - lpote@comunicare.pt


Modelo - Rui Cunha

Sapatos Azuis escuros

68 | ANGOLA’IN · ESTILOS
Fato bege com riscas pretas
e gravata da mesma marca e tom,
camisa preta e sapatos pretos

O mesmo fato,
mas com a variante de usar uns mocassins,
num estilo mais informal sem gravata

As várias propostas em termos de gravatas


da marca Zegna
ESTILOS

As várias propostas em termos de gravatas


da marca Zegna

Casaco em linho azul escuro,


com camisa, jeans e mocassins

70 | ANGOLA’IN · ESTILOS
A versão anterior é refrescada
com um pólo de riscas e ténis.

Ténis brancos e castanhos

Sapatos de relaxe bege

ESTILOS · ANGOLA’IN | 71
ESTILOS | patrícia alves tavares

gucci
Gucci by Gucci
a fragrância da gucci destaca-se pelo seu aroma amadeirado.
elegante e sensual, o perfume resulta da combinação
marcante dos elementos da natureza, tornando-o único e
inconfundível.

givenchy
Play
a novidade da givenchy oferece-lhe uma fragrância fresca,
detentora de notas de laranja amarga, uva, pimenta e patchouli.
tudo com o selo da conhecida marca de perfumes, que já habituou
os seus clientes à qualidade única dos seus produtos.

porshe
The Essence dav
david beckham
d
é o primeiro perfume da Si
S
Signature for Him
porsche, que reflecte assu
assume-se como a assinatura
ura de beckham,
a paixão, perfeição, tr
ra
transportando odos
consigo todos
refinamento e prazer. os e
elementos que o identifificam:
assume-se como um novo glam fisticação.
glamour, luxo, estilo e sofi
conceito de luxo, criado a pensar
pe no actual homem m
exclusivamente para gue
guerreiro, a fragrância
homens espontâneos e orie esca
oriental amadeirada é fresca
rigorosos. e se tas
sedutora, graças às notas
de m
melão, mandarina, âmbarar
bra ras.
branco, musgo, entre outras.

burberry
The Beat for Men
o novo perfume da burberry é
uma projecção única do universo
masculino, criando um estilo
próprio, detentor da elegância
da cultura pós-moderna.
amadeirada refrescante, a
acqua di parma fragrância detém notas de
Magnólia Nobile cedro, madeira de couro, pimenta
magnólia nobile é o nome da nova fragrância da reputada negra e folhas de violeta, uma
marca de colónias italiana. explorando o fantástico combinação perfeita para o jovem
aroma desta flor, o perfume conjuga ainda notas de contemporâneo, urbano e dinâmico.
bergamota, limão, cedro, magnólia, rosa, jasmin, madeira
de sândalo, patchouli, vetiver e baunilha.

72 | ANGOLA’IN · ESTILOS
LUXOS · ANGOLA’IN | 73
VINHOS & CA. | patrícia alves tavares

ESP
ESPORÃO
Reserva (Branco)
Rese
Este néc
néctar intenso é o ideal para acompanhar
VINHA DA DEFESA
pratos d
de bacalhau frito até carnes brancas
grelhada
grelhadas, passando pela elegância do pato com
(Branco)
De aspecto límpido e cristalino, é
laranja. Deve consumir-se entre os 10 e 12ºC.
bom para acompanhar desde saladas
compostas até peixes grelhados
e sopas de peixe mediterrânicas,
passando pelas pastas e raclettes.

PR
PRIVATE
Selection (Branco)
Se
É um vinho complexo e encorpado, cheio,
crem
cremoso, com bom equilíbrio e persistência
na boca.
b Deve servir-se a 10 ou 12ºC.

LICOROSO
É uma óptima sugestão para usar
como aperitivo ou vinho de sobremesa.
Límpido e com uma tonalidade ruby,
deve servir-se a 16 ou 18ºC.

ESPUMANTE
ESPORÃO
Aroma fino, mineral e complexo
com notas de bolacha e avelãs, este
espumante é ideal para refeições tipo
fois-gras e peixe fumado, bem como
para acompanhar frutos secos. Deve
servir-se entre os 7 e 10ºC. ADEGA VELHA
Aguardente
De cor âmbar e aspecto límpido, esta Adega Velha apresenta um
bouquet complexo e harmonioso, lembrando o aroma de bagas e
flores silvestres, envolvido por uma sensação delicada de aroma.

74 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.


EVEL QUINTA DE CIDRÔ
Grande Escolha Reserva Chardonnay
(Tinto) Apesar da complexidade, este produto

Este vinho apresenta uma cor rubi possui um aroma exuberante a baunilha,

intensa. Ideal para carnes e queijos madeira amanteigada e frutos crus.

fortes, este néctar é servido à Quando provado destacam-se os sabores

temperatura de cave. a pêssego, alperce, madeira torrada e


especiarias.

QUINTA DE CIDRÔ
ROYAL OPORTO
Reserva Cabernet
10 Anos
Sauvignon / Este produto apresenta aromas e sabores
Touriga Nacional primários, típicos dos vinhos jovens, pelo
É um vinho muito profundo, vinoso, que desenvolve um vasto leque de subtis
cheio de aromas e sabores a fruto preto, nuances torrados e complexados. Deve
baunilha e chocolate. É perfeito para ser consumido a 16ºC.
pratos de carne, pastas e queijos fortes.

MEANDRO
Este vinho oferece
um muito bom
compromisso de
equilíbrio na boca. Tem
notas de fruto maduro
com leve baunilha, tudo
certo e arrumado com
carácter duriense.
PORCA DE MURÇA
Reserva (Tinto)
Aroma complexo que integra
harmoniosamente a baunilha da madeira
e frutos vermelhos da uva. Vinho de cor
ruby, límpido e brilhante.

QUINTA DO PORTAL
Grande Reserva
Possui um perfil aromático muito complexo, onde se apercebem os frutos
maduros, impressões doces e um elegante tostado. É complexo na boca.

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 75


VINHOS & CA.

M
MARQUÊS
D
DE MARIALVA
A
Aguardente C
CASA DOS
V
Vínica Velha ZAGALOS
Z
Esta aguardente de cor âmbar
Es Rico e equilibrado, este
Ri
cristalina, é muito complexa,
cr vinho alentejano possui
vin
onde se destacam as notas de
on uma óptima acidez, com
um
frutos secos, como avelã, noz
fr aromas complexos de
ar
e figo. Deve servir-se como frutos vermelhos, integrado
fru
digestivo e em balão aquecido.
di com notas de tostados e
co
especiarias.
es

QUINTA DO
PORTAL
Auru
Ideal para ser desfrutado numa
Idea QUINTA DO MOURO
O
altu
altura especial, é considerado a De cor granada intensa, este vinho inicia-se no
segunda melhor versão deste de
paladar com uma maciesa e untuosidade, onde
ex-líbris. Pode ser incluído na se distingue uma riqueza de fruta madura, que é
dieta vegetariana e servir-se o.
conjugada com um equilíbrio perfeito.
entre 16 e 17ºC.

QUINTA DO MONTE
D’OIRO
De um rubi/ negro profundo, este vinho
apresenta um majestático bouquet, de
onde sobressaem notas de ameixas pretas
e especiarias exóticas.

QUINTA DE PANCAS
Reserva Touriga Nacional
De cor vermelho cereja e granada opaco, este vinho
apresenta um aroma complexo e profundo com
notas de ameixa, figo e especiarias.
DONA MARIA
Reserva
Este vinho de cor rubi retinta e aroma limpo, rico em
frutos silvestres, deve abrir-se de preferência duas
horas antes do consumo, servindo-se entre 18 e 19ºC.

76 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.


PRIMAVERA
BAIRRADA
É a escolha certa para
acompanhar carnes
vermelhas grelhadas
ou com molhos e refeições
de caça e queijos fortes.
Possui um sabor frutado,
TAPADA DE robusto e persistência.
COELHEIROS
Garrafeira
Cheio, boa estrutura, taninos
vigorosos, com um final muito
persistente. É um vinho de cor rubi
intenso. Uma boa sugestão!

CONVENTUAL
É uma boa escolha para pratos de caça e queijos de ovelha.
Equilibrado e aveludado, tem notas de frutos maduros.

CEM AMIGOS
Este néctar destaca-se pelo seu equilíbrio e estrutura suave. É a
escolha ideal para acompanhar refeições de carne branca, pastas
e queijos suaves. Serve-se entre os 16 e 18ºC.

VIP
IP
Elegante e de acidez equilibrada, este néctar apresenta
enta
se os
um aroma rico em frutos vermelhos, destacando-se
8ºC.
sabores da ameixa e framboesa. Serve-se entre 16 e 18ºC.

CEM AMIGOS
Reserva
É perfeito para acompanhar pratos elaborados de cozinha
mediterrânica, pastas e queijos. Deve servir-se entre os 16 e 18ºC.

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 77


VINHOS & CA.

MORGADO DE
FLAMINGO STA. CATHERINA
Verde Branco Vinho branco, de tom amarelo citrino,
Jovem e fresco, este vinho, de destaca-se pela frescura, mineralidade
cor citrina, destaca-se pela e persistência aromática. Recomendado
elegância, leveza e equilíbrio de para pratos
prato de marisco, carnes brancas e
aro
aromas penetrantes. queijos de pasta mole.

FL
FLAMINGO D
DÃO MEIA ENCOSTA
Verde Rosé
Ve Tinto
T
O vin
vinho produzido por esta casta Este néctar de cor rubi, destaca-se pelo
E

apre
apresenta-se num rosé límpido, frutado e aaspecto límpido e acompanha na perfeição

de sabor
sa persistente. Possui notas doces p
pratos de caça, assados e queijos curados.

e é detentor
d de agradável qualidade.

MARQUÊS
DE MARIALVA
Reserva
Este espumante branco destaca-se pela
frescura e mineralidade, sendo uma boa
escolha para aperitivo ou para frutas e
LELLO saladas. Deve ser servido entre os 6 e 8ºC.
Tinto
Óptima combinação com
pratos de carne, caça, enchidos
e queijos, o Lello deve estar a
uma temperatura entre os 16 PORTO
e 18ºC. É um vinho com aroma SOALHEIRA
intenso a frutos vermelhos.
10 Anos
Macio, com frutos
secos e um final doce
e persistente. Oferece
um aroma com um
envelhecimento
prolongado em madeira e
ligeiramente frutado.

78 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.


GATO NEGRO O
Cabernet Sauvignon
on
Este vinho, de cor rubi escura,
ura,
apresenta-se cheio de aromas de frutos
tos
vermelhos, tais como aromas, cassis
ssis
ção
e cerejas, que se fundem na perfeição
oco.
com notas de baunilha e coco.

TAPADA DE
COELHEIROS
É uma boa opção para
mariscos e peixes
De sabor amanteigado e
complexo, tem boa acidez e GATO NEGRO
frescura. Sauvignon Blanc
Néctar de cor ligeira verde-amarelado, bastante
refrescante, com aroma a ervas e frutos, como
folhagem de tomate, uva, ananás e manga.

VINA MAIPO
Reserva Cabernet LEOPARD’S LEAP
Sauvignon Cabernet Sauvignon
De cor vermelho cereja e granada Para apreciadores de frutos silvestres, o
opaco, este vinho apresenta um aroma Leonard’s Leap possui aromas ricos de
complexo e profundo com notas de ameixa e amora, com um toque suave de
ameixa, figo e especiarias. café e caramelo.

VINA MAIPO
Cabernet Sauvignon/
Merlot VINANTIA
Possui um aroma a frutos cristalizados e
ameixas vermelhas, com notas de chocolate.
Collection
É um vinho profundo e de cor rubi
Na boca revela toda a sua essência, revelando
escura. Apresenta um potencial de
bom corpo e taninos harmoniosos.
envelhecimento de uma década.

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 79


VINHOS & CA. GOURMET | patrícia alves tavares

boeucc,

O histórico restaurante de Milão é muito fá- rantes do mundo. L’Antico Ristorante Boeucc informações úteis
cil de descobrir e encanta quem o visita, que é o mais antigo de Milão e originalmente era Morada: Piazza Belgioioso,
acaba invariavelmente por lá voltar. Situado uma bodega. Actualmente, foi transforma-
2, 20121 Milão.
no majestoso palácio Belgioioso, o Boeucc do num espaço moderno e atraente, com a
apresenta-se como um local elegante e dig- particularidade de oferecer autêntica comida Site: www.boeucc.it.
no dos clientes mais exigentes, pois neste milanesa, pelo que não deve perder as espe- Contactos: 02 76 02 02 24 |
restaurante é possível degustar uma cozinha cialidades italianas, como a salada de toma- 02 76 02 28 80.
lombarda e clássica, com uma enorme varie- tes, a mozarela de Búfala e azeite de oliva e o
Parque: possui parque
dade de carnes e peixes. A lista de vinhos vai presunto de Parma com melão.
de encontro à qualidade das elaboradas refei- de estacionamento privado.
ções. Tudo pelo preço mínimo de 62 USD por No Verão, desfrute a sua refeição na espla- Preço médio: 62 USD.
pessoa. nada da varanda. No exterior aproveite a lo- Encerra: aos Sábados
calização deste espaço fantástico e visite os
e Domingos ao almoço
Com mais de 300 anos de vida, o Boeucc en- principais espaços artísticos de Milão, que cir-
contra-se no ‘top ten’ dos melhores restau- cundam o Boeucc.

80 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.


alain ducasse,
informações úteis
Morada: 25 avenue de
Montaigne, 75 008 Paris
Contactos: +33 (0) 1 53 67 65 00
Site: www.alain-ducasse.com
Cinquenta lugares e 55 funcionários com- restaurante mais caro do mundo, que inclusi- Horários: Segunda a sexta-feira
põem o melhor restaurante da cidade luz, Pa- ve recebeu três estrelas no famoso guia Mi- para jantar das 19.45h às 22.15h
ris (França). Inaugurado em Agosto de 1996, o chelin. As refeições mais acessíveis rondam Quinta e sexta-feira para
espaço tem o nome do seu proprietário, Alain os 231 USD por pessoa. A localização na ave-
almoço, das 12.45h às 14.15h
Ducasse, um reputado chef francês e situa-se nida Champs-Élysées e a vista para a Torre
no luxuoso hotel Plaza Athénée. Os visitan- Eiffel dão o toque final a um espaço onde se Encerra: Sábado e Domingo e
tes usufruem da tradicional cozinha france- reúnem no mesmo universo a arte, o teatro, feriados franceses oficiais
sa, cujo menu é alterado conforme a estação o glamour e a gastronomia. O restaurante e Período de férias: 15 de
do ano. Esta sinfonia parisiense, repleta de respectivo hotel são símbolos de luxo, mo-
Julho a 15 de Agosto |
sabores modernos e autênticos, é produto da e arte, ponto de passagem para indivídu-
do experiente chef Christophe Moret. Porém, os de classe e com muito poder de compra. 15 de Dezembro a 31 de
se preferir, pode criar a sua própria refeição, Elegante e clássica, a equipa comandada pe- Dezembro (reabre na noite
através da escolha de uma enorme variedade lo maître Denis Courtiade usa uniformes de- de Passagem de Ano)
de pratos de diferentes regiões e culturas. senhados por Georges Feghaly, pelo que é
Dress code: Blazer/ smoking é
O luxo e os requintados jantares no Alain Du- conveniente vestir roupas formais. O blazer/
casse au Plaza Athénée não são para todas smoking é obrigatório e a gravata altamente obrigatório e a gravata recomendada
as bolsas. Não se esqueça que é o segundo recomendada. Outros: Proibido fumar

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 81


VINHOS & CA. GOURMET

d.o.m. informações úteis


Morada: R. Barão de Capanema,
549 Jardins – São Paulo - Brasil
Site: www.domrestaurante.com.br
Contactos: 55 (11) 3088-
0761 ou 55 (11) 3891-1311
Reservas: Sim, até às 21 horas
(confirmadas via email ou telefone)
Para grupos superiores a 12
O sugestivo nome deste restaurante brasi- novas possibilidades gastronómicas, a partir pessoas contacte: (11) 3088-
leiro provém do latim Deo Optimo Maximo, das bases dos ingredientes brasileiros. De- 0761 ou (11) 3891-1311
que significa “Deus é óptimo e máximo: óp- fensor acérrimo do que é nacional, neste res-
Reservas online: eventos@
timo na sabedoria e máximo na bondade”. taurante terá certamente a oportunidade de
Neste caso, a palavra “Deo” foi substituída ficar perito em culinária brasileira, conhecen- domrestaurante.com.br (de
por “DOM”, que quer dizer “casa”. E é neste do o que de melhor se confecciona no país. O seg. a sexta das 9h às 17h)
“lar” que encontra uma gastronomia máxima D.O.M. cativa os seus visitantes pelo design, Horários: Almoço: 2ª a 6ª
em sabores, cores, texturas e aromas. Funda- que relembra o modernismo clássico, onde se
das 12h às 15 horas
do em 1999, o local já arrecadou os principais fundem linhos, pratas, madeira de lei e cris-
prémios respeitantes à cozinha contempo- tais. O requinte deve-se ao arquitecto Ruy Jantar: 2ª a 5ª das 12h às 24h
rânea brasileira. À criatividade das refeições Ohtake e ao trabalho do paisagista Gilberto 6ª e sábado das 19h à 1h
junte as surpresas do bar e encontrará todos Elkis. O artista plástico Ricky Castro encarre- Tome nota: Encerra aos domingos
os ingredientes para um jantar inesquecível. gou-se de dar cor às paredes. O espaço tem a
Dicas: Experimente a enorme
O chef Alex Atala, responsável pelo espaço, particularidade de ser simultaneamente am-
é muito conhecido no Brasil, nomeadamente plo e intimista. Sem dúvida, local obrigatório variedade de chás e cafés, que o
pelo seu talento particular para experimentar de passagem para quem visita o Brasil. D.O.M. tem para lhe oferecer

82 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.


VINHOS & CA. | luís duarte

A SABER...
profissional
Luís Duarte começou a sua actividade
ugal ) em 1987 com o
na Herdade do Esporão (Port
tend o sido enól ogo e director
arranque do projecto,
dura nte 18 anos . Estev e ligad o à cria-
de produção
de vinh os do
ção e lançamento de grandes marcas
Herd ade do Espo rão,
Alentejo, como por exemplo
a da Defe sa, no proje cto Her-
Monte Velho e Vinh
ém funções
dade do Esporão. Desempenhou tamb
s projectos
como consultor de enologia em outro
Herd ade Gran de, a Her-
como a Quinta do Mouro, a
a Herd ade São Migu el, a Her-
dade da Malhadinha,
as e a Dona Mari a. Estev e aind a ligado
dade das Serv
ão do proje cto
como consultor de enologia à criaç
o merc ado exter no e
“Enoforum”, desenhado para
de seis adeg as coop erati vas
que reúne a associação
produção na
do Alentejo, que controlam 70 % da
ou a gestão e
região. Mais recentemente personaliz
s, um dos projectos
enologia da Herdade dos Grou
do Alen tejo, com um soma-
de maior referência
aláve l de vinh os prem iados num curto
tório inigu
a um novo
prazo de tempo. A partir de 2007, inici
Alex andr e Relva s e Fili-
projecto em parceria com
te na cons truçã o de uma adeg a
pe de Botton, assen
art” com capa cidad e para vinifi car 2.5
“state of the
ado vinhos
milhões de garrafas e lança para o merc

desmistificar com as marcas Cem Amigos


tram a ser comercia
ogo
lizad
portu
os no
guês
e VIP
merc
a
que

ter
ado

sido
se encon-
ango lano.
distingui-

o vinho Foi o únic o enól


do duas vezes (a última das quais em
“Enólogo do Ano” pela Revis
cação especializada de refer
ta
ência
de
em
Vinh
2007) como
os, a publi-
Portu gal

artigo de opinião Deste modo, espero ajudar alguns iniciados sa sensaçãoã de


d boca
b seca ou como aquela l que
enófilos num mundo no qual a linguagem téc- é causada por frutas ainda verdes;
Convidaram-me para escrever uma coluna so- nica se tornou cada vez mais complexa e inibi- Aroma – odor libertado pelo vinho;
bre vinho. Desafio que aceitei com todo o en- dora e que despoleta receios no momento de Bouquet – aromas terciários do vinho que re-
tusiasmo, mais pelo facto de ter experiência na provar e comentar um vinho. Comecemos por flectem sensações olfactivas que o mesmo de-
prova de vinhos, do que na redacção da mes- traduzir o significado de alguns termos que, senvolve depois de engarrafado e envelhecido;
ma, o que também me deixou algo nervoso e para muitos naturalmente serão familiares, Curto – Vinho que não tem um sabor prolon-
sem a certeza dos assuntos que deveria abor- mas que para outros são algo estranhos. gado e termina rapidamente;
dar. Nesta minha vida de enólogo, que leva 22 Boca cheia – vinho com uma grande textura
anos, várias vezes, amigos e conhecidos desa- Antes de iniciar, questiono – será que sem a e com sabores que enchem a boca;
bafaram comigo a medo, por gostarem muito utilização destes termos não se deve provar ou Decantação – passagem lenta de um vinho
de vinho, mas não se sentirem suficientemen- avançar para um comentário sobre um deter- da garrafa para um recipiente de vidro – decan-
te à vontade com o vocabulário utilizado por minado vinho? Claro que não! A prova de um ter. Serve para separar sedimentos do vinho ou
especialistas. Por regra digo, numa perspecti- vinho é sempre um acto pessoal e subjectivo. para arejamento do mesmo;
va pragmática, que a linguagem não é o mais Com a aprendizagem do vocabulário utilizado Encorpado – vinho com um sabor rico, re-
importante, mas sim a percepção que têm do para descrever um vinho é possível encontrar dondo e sem arestas;
vinho e se efectivamente gostam dele ou não. uma linguagem comum, de forma a que todos Enófilo – pessoa que aprecia e estuda os vinhos;
Claro que me apercebo que não acreditam de se entendam. No entanto, de modo algum o Enólogo – especialista da ciência do vinho e
facto nas minhas palavras e por vezes ques- desconhecimento deste vocabulário poderá do processo de vinificação;
tionam porque lhes estarei a fazer uma reco- impedir que se prove, se comente e se partilhe Gosto de rolha – transmitido por um com-
mendação de tal ordem. Pois foi exactamente as sensações de prova de um vinho. posto denominado TCA (tricloroanisol), que dá
a pensar nestas questões que resolvi escrever ao vinho uma aroma de mofo;
sobre a desmistificação do vinho. Passo então à “tradução” de alguns Monocasta/Vinho Varietal – Vinho feito
termos vínicos, utilizados repetida- a partir de uma só casta, de um só tipo de uva;
mente por enólogos e especialistas Tanino – substância natural encontrada no
‘A prova de um vinho
do vinho em situação de prova: vinho, transmitida pelas grainhas, películas
é sempre um acto e engaços que transmite uma sensação ads-
pessoal e subjectivo’ Adstringente – vinho com tanino, que cau- tringente.

84 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.


VINHOS & CA. | wilson aguiar

Festas
com sabores
tradicionais
Wilson
Aguiar :
sugere

Olá meus amigos!


A época das festas de final de ano está a
ÇÃO
chegar e as ocasiões convidam a que to-
ENTES MODO DE PREPARA
da a família se junte para celebrar o Na- INGREDIE hau desfiado com
Co me ce por refogar o bacal
tal e a Passagem de Ano. As refeições Bacalhau-1,5kg tra-virgem. Acrescen
te
são mais elaboradas e preparam-se as fri ta- 50 0g s a cebola e o azeite ex go
Batata-p ré o bacalhau. Lo
melhores iguarias para presentear os o alh o e deixe refogar bem
Gambas-1,5gs tata
ado, acrescente a ba
convidados. te que esteja tudo refog lho
Natas-1p aco to prepara o mo
já fri ta e conserve enquan
Leite- 1 pacote que
ao preparado, rectifi
A receita que vos sugiro para este perí- bec ha mel. Junte o molho
odo tão especial tem no bacalhau o seu Farinha trigo q.b no, num tabuleiro
ral ad o q.b os temperos e leve ao for
Queijo parmesã o o. Use
principal elemento. Aliás, na maioria das serve para decoraçã
ap ropriado. O marisco e
culturas, este é o alimento mais simbó- Ovos - 4 uns ra decorar este prato
lico desta época. Assim preparei para a as ga mbas e a lagosta pa
1 frasco de Mosta rd tudo com queijo
vocês uma refeição única que recorre lev e tam bém ao forno, após cobrir
q.b
Azeite extra-virgem r.
ao peixe para criar um ambiente de re-
s ralado para gratina
quinte e unir a família e amigos através Azeitonas preta
de um prato saboroso e elaborado co- 1 Lagosta O MOLHO O BECHAMEL
ada COMO PREPARAR
mo manda a tradição. Para acompanhar 2 grandes cebola pic e a água da cozedur
a do
Se possível reserv
escolha um bom vinho. E, claro que não Pimenta moída fresca o estiver muito salga
do,
pode faltar a sobremesa, composta pela bacalhau. Se este nã . Noutro
Alho picado q.b água para este molho
doçaria típica da sua região. poderá aproveitar a
200grs Manteiga iga e deixe alourar.
Em
tacho coloque a mante go
onar a farinha de tri
A finalizar, desejo-vos um Bom Natal e seguida, deverá adici este
óptimos cozinhados! 0grs) e deixe pu xa r
(aproximadamente 20
ua do
Espero-vos no próximo ano, prometen- uco, acrescente a ág
refogado. Pouco a po brando.
do apresentar os múltiplos sabores afri- e
er devagar e em lum
canos, com novas receitas. bacalhau e deixe coz escente
e de se aumentar, acr
Se houver necessidad
ficar espesso.
VOTOS DE UM EXCELENTE 2010! leite e deixe o molho

Bom apetite! VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 85


PERSONALIDADES | manuela bártolo

pre. Não me insiro no mundo como um cantor


da juventude, mas sim do tempo que aí vem.

‘Defendo que temos de


fazer música global.
É importante que
tenhamos em atenção
a nossa própria
identidade’
A produção artística e cultural em
Angola tem crescido. Tem sentido
que há cada vez mais apoios?
Tem crescido muito. Falta ainda bastante para
atingirmos os grandes palcos. Carecem infra-
estruturas, salas para espectáculos, material
Yuri da Cunha profissional sofisticado e moderno para os
shows e principalmente os recursos huma-

“embaixador” nos qualificados que vão operar esse material.


Ainda nos falta isso. Mas passo a mensagem

da música aos meus compatriotas: estamos num mo-


mento de aprendizagem, vamos ser humildes
e aceitar que ainda não sabemos e vamos dei-

nacional xar que os outros nos venham ensinar.

Acredita que as novas gerações


vão respeitar a raiz cultural ou a
Filho do célebre guitarrista “Riquito”, Yuri da grande e ainda estou a digerir esse encontro tendência é para globalizar?
Cunha revelou o talento para a música ainda com o público dele. Defendo que temos de fazer música global.
na infância. Com três discos editados, o artista Mas é importante que tenhamos em atenção
angolano mostrou na Europa a qualidade dos Como tem sido essa junção cultural a nossa própria identidade. Devemos explorar
sons nacionais, que atraem fãs de todas as de sonoridades tão distintas? o que é nosso e mostrar ao mundo aquilo que
idades. O cantor, natural do Kwanza Sul, con- Eu faço a abertura do show. Ainda não come- realmente somos. Defendo o poder da lusofo-
seguiu com 28 anos fazer a abertura do concer- çamos a fazer os duetos. Temos que ensaiar nia. Acho que os angolanos têm uma afinida-
to de Eros Ramazzotti, estando para breve um bem. Ele tem uma equipa muito profissional. de com os portugueses.
dueto. De passagem por Portugal para apadri- Em breve vamos começar. Mas a minha vinda
nhar as comemorações da Independência de a Portugal faz-me sentir mais feliz, pois ana- Quais os seus projectos para 2010?
Angola, o músico confidenciou à Angola’in as lisando o povo para quem eu tenho cantado Temos a continuação da tournée com o Eros
alegrias desta nova fase da sua carreira. ultimamente vejo que eles vibram, dançam, Ramazzotti. Estou a fazer um projecto de res-
mas não conhecem as músicas. Encontrar- gates culturais da música angolana. De se-
Qual o significado de estar em me com as pessoas que cantam e conhecem guida vamos fazer espectáculos e lançar uma
Portugal a celebrar o aniversário a minha música foi muito bom para sentir escola com o apoio de vários patrocinadores.
da Independência de Angola? esse calor, como se vivesse em Angola. Vou simplesmente arranjar o valor. Com o no-
Gostaria de fazer isso em todos os países on- me e a imagem que tenho cabe-me encontrar
de existe a comunidade angolana porque para Onde vai buscar a inspiração? as condições para construir essa escola social,
mim tem um significado muito grande: é o en- No angolano, no dia-a-dia do Mwangolé, que que visa ajudar as crianças.
contro entre os angolanos que se separaram da é de onde venho. Por exemplo, digo que sou
terra por dificuldades. Muitos estão aqui por- fã número zero do Bonga. Sou angolano e Qual a mensagem que gostaria de
que houve necessidade de emigrar. Hoje, mui- vou à busca de inspiração nele e no dia-a-dia deixar para o próximo ano?
tos regressam. Eu venho ter com os que não de cada cidadão. Procuro trazer isso para o Espero que os angolanos acreditem em An-
conseguem voltar. Significa a aproximação, o palco para depois poder mostrar ao mundo. gola. As coisas não acontecem de repente.
amor e o reencontro entre os angolanos. Vamos ter calma. Em vez de apontar os de-
Considera-se um cantor da nova feitos dos outros, vamos tentar arranjar solu-
A sua carreira está a catapultar. geração ou intemporal? ções para juntos erguer o país. No CAN vamos
Actuou com Eros Ramazzotti... Quero fazer uma carreira muito longa, cheia apoiar a nossa selecção, mas antes de tudo
Como tem lidado com este êxito? de saúde e para isso é preciso que eu faça apoiar todas as equipas, recebendo-as bem,
É tudo novo para mim. É um outro mundo. músicas para todas as idades e para todos os tratando bem os outros cidadãos, mostrando
O Eros Ramazzotti tem uma dimensão muito tempos, que permaneçam para todo o sem- que temos uma educação.

86 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES
LUXOS · ANGOLA’IN | 59
REVISTA Nº10 · DEZEMBRO 2009 · EDIÇÃO ESPECIAL

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