O documento descreve a rotina típica de um escritor, caracterizada por horários flexíveis, momentos de lazer entre períodos de trabalho focado e a habilidade de transformar aparente preguiça em produtividade ao escrever durante a noite.
O documento descreve a rotina típica de um escritor, caracterizada por horários flexíveis, momentos de lazer entre períodos de trabalho focado e a habilidade de transformar aparente preguiça em produtividade ao escrever durante a noite.
O documento descreve a rotina típica de um escritor, caracterizada por horários flexíveis, momentos de lazer entre períodos de trabalho focado e a habilidade de transformar aparente preguiça em produtividade ao escrever durante a noite.
Ah!, e se eu fosse um escritor?. A Reflexo vem acompanhada do suspiro
sonhador tpico dessas perguntas, um suspiro semelhante, para sermos mais popular, ao clebre: ah!, e se eu fosse um jogador de futebol?. preciso, contudo, para apalpar a materialidade do sonho, ou seja, o que h de possvel nele, descer das nuvens e encarar as evidncias. O Brasil um pas onde h poucas editoras, poucas livrarias, poucas bibliotecas e, acima de tudo, poucos leitores, em suma: um pas de muitos poucos. Por outro lado, temos cinco Copas do Mundo e, apesar dos 7x1, somos terrveis amantes dessa famigerada praga que nos legou Macunama: o futebol! Diante das incontestveis evidncias, pondo na balana os dois suspiros, fcil perceber o quo mais leve o primeiro do que o segundo e em se tratando de sonhos, quanto mais leve, mais impraticvel. De qualquer forma, tal ndice de impraticabilidade no arrefece (essa palavra at parece coisa de escritor...) a sonhabilidade do sonho, pelo contrrio, quanto maior a distncia para com o real, maior a sonhosidade do sonho. Sendo assim, como todos j sabem sem a necessidade de grandes matemticas: o sonho inversamente proporcional a sua praticabilidade. Portanto, continuemos a sonhar! Mas o que h de bom em ser um escritor? Pergunta-se, com razo, o leitor menos afeito aos detalhes da profisso. Ora, meu caro, o escritor aquele que, semivagabundamente, acorda-se depois dos outros. Da cama, apenas semi-acordado, v a mulher ir para o trabalho e os filhos para a escola, e s depois de um legtimo tempo preguioso embrulhado nos lenis, se levanta. A manh do escritor deve ser algo encantatoriamente matutina: lenta, fria, silenciosa e solitria. Aps todos sarem de casa, e ele ter desfrutado o primeiro benefcio da profisso, o j citado sono alm da vulgar hora de bater o ponto, ele arrasta-se at a pia do banheiro, onde escovar os dentes com a paz dos que no se apressam (e nesse momento j comeou a trabalhar). Em seguida, ainda em roupas de sono, agarra-se a uma grande xcara de caf preto (alguns valem-se ainda do antigo direito de fumar e folhear o jornal) e perambulando pela casa vazia, exceto, talvez, por alguma presena felina, com um ar casmurro, ensimesmado... trabalha! Pode ser que resmungue algo para si, em lngua de escritor, no mais, perambula entre a sala, a cozinha e o escritrio, ou seja, aquele local, que pode ser mesmo o quarto, no qual o computador fica ligado com uma pgina em branco aberta. Continua o trabalho. Pela parte da tarde, aqueles que desejarem, tm o direito de tirar um cochilo, visto que a manh foi muito produtiva. Aps isso, nada de moleza!, hora de abrir um bom livro (trabalhar) e pr-se a ler aproveitando o
segundo turno da casa vazia. Ao fim da tarde, para respirar um pouco,
possvel dar um passeio na praa, falar sobre futebol com um ou outro velhinho que l se encontre e, ao voltar, passar na padaria e comprar o po para o caf da tarde. Ou seja, passa a tarde trabalhando. No comeo da noite, o escritor, depois desse exaustivo dia de trabalho, passa um tempo com a esposa e os filhos, se os tiver, caso no os tenha, no h descanso, ler mais um pouco ou assistir um filme. Aps isso, quando as luzes dos prdios comearem a se apagar, quando os que acordaro para bater o ponto das 7h forosamente comearem a dormir, eis que o escritor faz sua hora-extra, que, ao contrrio dos outros, fixa, e pela madrugada adentro rascunha palavras naquela pgina branca do computador. Ento, caro leitor, agora que conheces a rotina do escritor, entendes o glamour da profisso? No! No ser um vadio profissional, nem um preguioso crnico, como os pobres de esprito possam estar pensando, possuir a rara habilidade de converter vadiagem e preguia em trabalho! trabalhar sempre, at quando no se trabalha. T. M. B, 02/2015