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Prosa de
Sábado Foucault desloca a reflexão macro sobre as tual reassume sua função de maneira demo- Aatualização doconceito aparece nosexem-
PODER DE instituições do Estado e da Sociedade para
focá-la na análise dos micropoderes, que
crática. Como no vôlei, trabalha-se por ro-
dízio. O filósofo recebe e levanta a bola
plosondeodispositivoatua:acaneta,aescri-
tura, a literatura, a filosofia, a agricultura, o
E
mbora discutível, não é desastro- trumentaliza a indagação sobre o modo editoras e universidades. bíguos, somos seres viventes larvares. Na
so o processo de distanciamento como as expectativas emancipatórias do Num segundo momento, o processo de atualidade da economia globalizada, o ci-
da noção de ideologia que, a partir indivíduo se dobram ao coercitivo e puniti- distanciamentoseabreparaacolhero filóso- dadão, nascido no embate contra os
de maio de 1968, passa a dominar o vo “governo dos homens”. fo italiano Giorgio Agamben, que atualiza a micropoderes, corresponde, em
pensamento crítico francês. O canto do cis- Veja-se o modo como, em dada socieda- noção de dispositivo foucaultiano. A leitura Agamben, à impossibilidade de re-
ne da ideologia acontece em 1970. Louis Al- de, certos indivíduos são silenciados. Ao fa- da coletânea O Que É o Contemporâneo e Ou- composição da cidadania por novas
thusser, filósofo marxista, retrabalha a no- lar em lugar da fêmea, o macho a silencia. O trosEnsaios(Argos,2009),deAgamben,ser- subjetividades. Impasse. Tornamo-
ção clássica de aparelho do Estado (gover- branco silencia o negro e o índio, o advoga- ve de roteiro para o caminho traçado, em- nos sujeitos espectrais. Agamben
no, administração, exército, tribunais), pa- do, o acusado, e o sindicato, o operário. Em bora a reflexão do italiano escamoteie a exemplifica. Quem se deixa capturar
ra somar a ela os chamados Aparelhos Ideo- relação aos homossexuais, o exército ameri- bête noire de Foucault, ou seja, o in- pelo dispositivo telefone celular é “somen-
lógicos do Estado (família, escola, mídia, cano adotou a política do “don’t ask, don’t fluente ensaio de Louis Althusser. te um número pelo qual pode ser eventual-
sindicato e sistema político nacional). Um tell” (não pergunte, não diga). A coerção ao A conclusão a que chega Agamben mente controlado”.
e o outro, repressores e formadores, assegu- silêncio aviva o sentido de inadequação, ou evidencia a dívida para com Fou- Seráque,nahistóriado planeta,osindíge-
ravam a passagem da servidão voluntária a culpa, no indivíduo e no grupo social em cault:“Chamareiliteralmentededis- nas brasileiros formariam o único grupo a
do indivíduo à ideologia vigente. Mantida a que ele é enquadrado. positivo qualquer coisa que tenha de instituir a vida social sem o recurso ao po-
ordem social, perpetuavam-se as relações O intelectual perdia o direito à palavra algum modo a capacidade de captu- der coercitivo? Esta é a audaciosa tese sobre
de produção capitalista. autoritária, que exprimia o imperativo do rar, orientar, determinar, intercep- a organização das comunidades da Amazô-
O primeiro passo no processo de distan- pensamento dialético, e reconhecia o limi- tar, modelar, controlar e assegurar nia, defendida pelo antropólogo Pierre Clas-
ciamento da noção de ideologia é dado por te da própria fala. Ao abrir espaço na socie- os gestos, as condutas, as opiniões tresemA Sociedade Contrao Estado(Co-
Michel Foucault, discípulo de Althusser. dade para a fala dos silenciados, o intelec- e os discursos dos seres viventes.” sac Naify, 2007). A conferir.
EXPEDIENTE
EDITORA EXECUTIVA:
LAURA GREENHALGH
“O poeta não pode remediar mal algum, só é ouvido quando elogia EDITOR: RINALDO GAMA
EDITOR ASSISTENTE:
o mundo, não, porém, quando o apresenta como ele é na realidade. JOÃO LUIZ SAMPAIO
REPÓRTERES ESPECIAIS:
ANTONIO GONÇALVES FILHO
Apenas a mentira produz a glória, a percepção não o consegue!” LUIZ ZANIN ORICCHIO
UBIRATAN BRASIL
REPÓRTER: RAQUEL COZER
REDATORAS: MARIA DA GLÓRIA
HERMANN BROCH, ESCRITOR AUSTRÍACO (1886-1951), LOPES, REGINA CAVALCANTI.
EM A MORTE DE VIRGÍLIO, ROMANCE PUBLICADO DIRETOR DE ARTE: FÁBIO SALES.
EDIÇÃO DE ARTE: ANDREAPAHIM
ORIGINALMENTE NOS ESTADOS UNIDOS EM 1945 EDITOR ASSISTENTE DE ARTE:
JAIRO RODRIGUES