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Ideia de Deus

Gonalves Dias
voz de Jeov infindos mundos
Se formaram do nada;
Rasgou-se o horror das trevas, fez-se o dia,
E a noite foi criada,

Luziu no espao a lua!


Sobre a terra
Rouqueja o mar raivoso,
E as esferas nos cus ergueram hinos

Ao Deus prodigioso.
Hino de amar a criao, que soa Eternal, incessante,
Da noite no remanso, no rudo
Do dia cintilante!

A morte, as aflies, o espao, o tempo,


O que para o Senhor?
Eterno, imenso, que lhimporta a sanha
Do tempo roedor?

Como um raio de luz, percorre o espao,


E tudo nota e v
O argueiro, os mundos, o universo, o justo;
E o homem que no cr.

E Ele que pode aniquilar os mundos,


To forte como Ele ,
E v e passa, e no castiga o crime,
Nem o mpio sem f!

Porm quando corrupto um povo inteiro


O Nome seu maldiz,
Quando s vive de vingana e roubos,
Julgando-se feliz;

Quando o mpio comanda, quando o justo


Sofre as penas do mal,
E as virgens sem pudor, e as mes sem honra.
E a justia venal;

Ai da perversa, da nao maldita,


Cheia de ingratido,
Que h de ela mesma sujeitar seu colo
A justa punio.

Ou j terrvel peste expande as asas,


Bem lenta a esvoaar;
Vai de uns a outros, dos festins conviva,
Hspede em todo o lar!

Ou j torvo rugir da guerra acesa


Espalha a confuso;
E a esposa, e a filha, de tenor opresso,
No sente o corao.

E o pai, e o esposo, no morrer cruento,


Vomita o fel raivoso;
Milhes de insetos vis que um p gigante
Enterra em cho lodoso.

E do povo corrupto um povo nasce


Esperanoso e crente.
Como do podre e carunchoso tronco
Hstea forte e virente.

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