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Fibonacci e as Sucessões Recorrentes

Roteiro para a aplicabilidade e consequente resolução da

Ficha de Trabalho de Investigação-Exploração na sala de aula

Grupo I - Actividades relacionadas com a interpretação matemática do real

Problema 1: O «problema dos coelhos»

a) Tendo em consideração o problema formulado, Fibonacci observou que partindo de


um casal de coelhos jovens, no fim do primeiro mês se tem um só casal, uma vez que se
trata de um casal de coelhos que ainda não estão aptos a procriarem. No final do
segundo mês ainda só teremos o mesmo casal inicial pois só a partir deste mês é que
eles iniciam o seu ciclo mensal de reprodução. Passando agora para a quantificação dos
casais de coelhos obtidos no final do terceiro mês, verifica-se que passamos a ter o
dobro do número de casais de coelhos, ou seja, dois casais (2 = 1 + 1). No mês seguinte,
o primeiro casal dá origem a um outro casal de crias, assim no final deste mês obtém-se
três casais (3 = 1 + 2). Daqui, dois casais nasceram no quinto mês, deste modo, no final
deste temos 5 casais de coelhos (5 = 3 + 2). Depois, 3 destes 5 casais reproduzem-se no
sexto mês elevando assim para 8 o número de casais de coelhos obtidos (8 = 5 + 3).
Cinco destes casais produzem 5 outros casais, os quais, juntamente com os oito casais já
existentes, perfazem 13 casais no sétimo mês (13 = 8 + 5). Daqui, 5 destes 13 casais não
se reproduzem, enquanto que os restantes oito dão à luz outras crias, contabilizando-se
no final do oitavo mês, vinte e um casais (21 = 13 + 8). Adicionando a estes os 13 casais
nascidos no nono mês, obtemos um total de 34 (34 = 21 + 13). Seguidamente,
adicionando a estes os 21 casais nascidos no décimo mês, obtemos no fim deste um total
de 55 casais de coelhos (55 = 34 + 21).

Podemos assim concluir que, ao fim de 10 meses, obtemos 55 casais de coelhos.

Os alunos poderão elaborar uma tabela como se apresenta na questão que se segue ou
mesmo construir um esquema que apresente o modo como se reproduzem os coelhos ao
longo de 10 meses e registar em cada mês o número de casais obtidos.

b) Continuando o raciocínio elaborado na questão anterior, observa-se que ao fim de 1


ano de vida o casal original, reproduzirá 233 casais de coelhos.
Os alunos poderão elaborar uma tabela, como a que a seguir se apresenta, que poderá
facilitar a obtenção dos cálculos e ao mesmo tempo ajudá-los às questões formuladas.

A reprodução dos coelhos na colónia


Fim do mês n.º Casais adultos Casais jovens Total de casais
1 1 0 1
2 1 0 1
3 1 1 2
4 1 2 3
5 2 3 5
6 3 5 8
7 5 8 13
8 8 13 21
9 13 21 34
10 21 34 55
11 34 55 89
12 55 89 144
13 89 144 233

A tabela poderá logo ser elaborada na questão anterior e depois seguindo o mesmo
raciocínio ampliada até se atingir a quantidade de casais de coelhos obtidos ao fim de 1
ano de criação.

c) Examinando os valores que estão entre parêntesis apresentados na alínea a) e se


designarmos por un, o número de casais de coelhos obtidos no final do n-ésimo mês,
vamos procurar determinar a expressão matemática associada a un: verificamos que ao
adicionarmos o primeiro valor ao segundo obtivemos o terceiro (u1 + u2 = 1 + 1 = 2 =
u3), depois adicionámos o segundo ao terceiro (u2 + u3 = 1 + 2 = 3 = u4), o terceiro ao
quarto (u3 + u4 = 2 + 3 = 5 = u5), e assim sucessivamente até chegarmos à adição do
décimo primeiro com o décimo segundo valor (u11 + u12 = 89 + 144 = 233 = u13),
obtendo assim 233 como resposta ao problema de Fibonacci, e o procedimento continua
sucessivamente seguindo a mesma linha do raciocínio.

À sucessão 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, ... foi dada o nome de Sucessão
de Fibonacci, pois trata-se da sucessão de números associada à resposta do problema
formulado por Fibonacci. Trata-se pois de uma sucessão de recorrência de ordem dois
(porque parte de dois termos iniciais: u1 e u2), cuja equação de recorrência é dada por
, com u1 =1 e u2 = 1. Outra apresentação que lhe podemos dar, é

escrever o termo geral da sucessão sob a forma , em que os dois primeiros


termos são u1 = 1 e u2 = 1. Ao conjunto dos valores que esta sucessão toma dá-se o
nome de números de Fibonacci, em honra do autor deste problema.
A sucessão de Fibonacci trata-se pois de um caso particular de uma sucessão definida
por recorrência, isto é, onde cada termo, a partir de uma certa ordem, é obtido como
uma combinação linear de termos precedentes, neste caso dos dois anteriores.

d) u1 = 1, u2 = 1, u3 = 2, u4 = 3, u5 = 5, u6 = 8, u7 = 13, u8 = 21, u9 = 34, u10 = 55,


u11 = 89, u12 = 144, u13 = 233, u14 = 377, u15 = 610.

e) A sucessão é monótona crescente, em sentido lato: .

f) O limite é dado por .

Assim, de acordo com as condicionantes apontadas por Fibonacci no seu problema,


teríamos infinitos casais de coelhos. Na realidade é sabido que tal é impossível, devido
ao facto de sabermos que a sobrevivência de uma dada espécie dependerá das fontes de
alimento existentes, as quais precisam existir em quantidade suficiente. Por outro lado,
uma dada espécie é um elo da cadeia alimentar, em que uma outra espécie ou espécies -
predadores - dependem dela.

Com o que foi dito, significa que na realidade haverá pois um número máximo de
coelhos o qual não poderá ser ultrapassado, pois caso contrário porá em risco a
existência da própria espécie, se não houver predadores. Se houver predadores no
habitat dos coelhos, serão eles que poderão controlar o índice de crescimento dos
coelhos. Também as doenças quando surguem, desde que não afecte toda a população,
podem também funcionar como agente controlador da taxa de reprodução da espécie.

g) Tendo em consideração o limite obtido na questão anterior, os alunos afirmarão com


toda a certeza que un é um infinitamente grande positivo, pois un tende para infinito
quando n tende para infinito.

Problema 2: O deslocamento de uma abelha na colmeia Tendo em consideração as


premissas do problema, podemos constatar que o número de caminhos possíveis que a
abelha pode tomar para se deslocar da célula 0 é apenas 1 (-> 0). Em relação à célula 1,
os caminhos possíveis são 2 e são os seguintes: (-> 0 -> 1) e (-> 1). Para a célula 2
seriam (-> 0 -> 2), (-> 0 -> 1 -> 2) e (-> 1 -> 2), os 3 caminhos possíveis. Se pensarmos
no deslocamento para a célula 3 teríamos 5 caminhos possíveis: (-> 0 -> 1 -> 2 -> 3), (-
> 0 -> 1 -> 3), (-> 0 -> 2 -> 3), (-> 1 -> 2 -> 3) e (-> 1 -> 3). E assim sucessivamente...

O que daqui se depreende é que o número de caminhos possíveis para cada célula
numericamente adjacente é um consecutivo número de Fibonacci. Se denominarmos por
o número de caminhos possíveis para a n-ésima célula, observamos que c0 = 1, c1 =
2, c2 = 3 = 1 + 2, c3 = 5 = 2 + 3, c4 = 8 = 3 + 5, c5 = 13 = 5 + 8, c6 = 21 = 8 + 13, ...
Deste modo podemos dizer que , com c0 = 1 e c1 = 1, é a
expressão matemática que nos possibilita obter o número de caminhos possíveis que a
abelha pode tomar para se deslocar para uma dada célula do favo de mel.

Problema 3: As funções trigonométricas nas plantas de Fibonacci


a) Os alunos ao analisarem o número de folhas que compõem o período de cada uma
das plantas, observam o seguinte:

 O salgueiro tem um período composto de 5 folhas, isto é, trata-se do número de


folhas que temos desde que começamos a contá-las a partir da folha L1,
inclusive, até à L6, exclusive. O período completa-se somente na L6 porque esta
é a primeira folha que na contagem a partir de L1 se apresenta paralelamente a
esta e que dá o inicio a um novo período;

 No choupo a disposição das folhas em torno do caule da planta, possui um


período de 1 volta completa, composto por 2 folhas;

 Na amendoeira a disposição das suas folhas em torno do caule tem um período


de 3 voltas completas, este composto por 8 folhas da planta.

Com as observações acima expostas, os alunos podem então contactar que 3, 5 e 8 são
pois os 4º, 5º e 6º termos da sucessão de Fibonacci, respectivamente. Podemos deste
modo dizer que o número de folhas existentes no período destas três plantas são um
exemplo de um modelo natural dos primeiros termos da sucessão de Fibonacci.

De um modo geral, a Botânica é uma das ciências naturais em que os números de


Fibonacci revelam fortemente a sua presença. Muitos modelos desta sucessão provêm
do Mundo Natural, em especial do Mundo das Plantas.

É sabido que cada espécie de planta tem o seu próprio modelo de desenvolvimento, não
obstante estar sujeita a uma variedade ocasional dentro da espécie. Os números de
Fibonacci são encontrados quando procedemos a um estudo do arranjo das folhas - a
que se dá o nome de phyllotaxis - de algumas plantas. Existem também excepções, mas
os números de Fibonacci ocorrem com tanta frequência que eles não podem ser
explicados ao acaso. É necessário fazer um estudo que neste caso permite a intervenção
da Botânica e da Matemática, esta última que procura interpretar, com base nas suas
teorias, as particularidades ou fenómenos que se deparam no estudo do Mundo Vegetal
que a primeira procura desvendar com base nas suas técnicas e ajuda de outras ciências.

Em relação ao que os alunos descobriram com este problema, os biologistas tentaram


encontrar uma explicação do porquê da prevalência dos números de Fibonacci na
phillotaxis. Eles falam sobre a simetria que talvez possa desempenhar um papel
principal neste processo, porque a simetria mantém o equilíbrio mecânico de um caule,
propicia às folhas a melhor exposição à luz, e suporta um regular fluxo de nutrientes.
Contudo, a Ciência encontra-se ainda muito distante de uma explicação satisfatória para
tal fenómeno.

b) Para a resolução desta questão é primordial uma observação cuidada e atenta da


figura existente na ficha de trabalho, bem como uma boa compreensão do enunciado do
problema, visto que este tema não ser familiar aos alunos. Esta observação permitirá aos
alunos constatarem que o período da disposição das folhas em torno do caule do
salgueiro é 2 = = 720 e é constituído por 5 folhas, o que significa que o

ângulo compreendido entre cada par de folhas consecutivas é 144 = . Temos pois
5 ângulos de 144 desde a folha L1 até à L6, o que perfaz os 720 que é o valor do
período.

c) No que respeita à resolução desta questão, considero que um bom processo de


resolução seria tomar em atenção que a função a determinar é uma função periódica, e
as que satisfazem tal condição são as denominadas funções trigonométricas.

Recorrendo aos conhecimentos adquiridos nas questões anteriores e presentes no


enunciado do problema, e sabendo que a função seno tem período 2 , torna-se
necessário "adaptá-la" de modo a obter uma função que satisfaça a nossa premissa. Para
esse efeito, os alunos poderiam construir duas tabelas de duas entradas, sendo a primeira
referente à função seno e a segunda correspondente a alguns valores ( ) da
função que pretendemos descobrir.

x y = sen(x)
0 0
/2 1
0
3 /2 -1
2 0
Tabela 1: Valores da função y = sen (x)
x y = f(x)
0 0
/2 0 < y1< 1
1
3 /2 0 < y2 < 1
2 0
Tabela 2: Valores da função a descobrir y = f(x)

Posteriormente, passa-se à comparação das duas tabelas, onde através de uma

observação cuidada desses valores, obtemos a função desejada: .

É preciso salientar que a função que os alunos poderão chegar não é de modo algum
única, sendo possível determinar outras tais como:

 ;

 ;

 .
Os alunos com o recurso à calculadora gráfica, poderão obter a representação gráfica da

função descoberta. Como exemplo, deixa-se aqui exposto o gráfico da função


definida em [0, [ com valores em [-1, 1]:

Problema 4: As reflexões de raios luminosos e os números de Fibonacci

a) De acordo com o enunciado temos em causa o estudo físico da reflexão de um raio


luminoso através de 2 lâminas de vidro dispostas paralelamente uma à outra. Os alunos
têm já por base que existe 1 único caminho para termos uma só reflexão do raio
luminoso, 2 para 1 reflexão, 3 se ele for reflectido 2 vezes e 5 quando o número de
reflexões passar para 3. Seguindo este raciocínio e tendo em consideração as figuras
expostas os alunos poderão concluir que para o caso de se ter 4 reflexões, o número de
caminhos possíveis para o raio luminoso se deslocar é de 8.

b) Os alunos puderam constatar na alínea anterior que o número de caminhos possíveis


que o raio pode percorrer através das duas lâminas de vidro consoante o número de
reflexões é uma vez mais, em cada caso, um termo da sucessão de Fibonacci. Desta
forma não será difícil generalizar o raciocínio a um número natural n de reflexões.
Considerando cn o número de caminhos que o raio luminoso pode percorrer quando é
reflectido n vezes, observamos que c0 = 1, c1 = 2, c2 = 3 = 1 + 2, c3 = 5 = 2 + 3, c4 = 8
= 3 + 5, ... . Então teremos como sendo a expressão matemática que
permite calcular o número de caminhos possíveis que o raio pode-se deslocar para um
número n 3 natural arbitrário de reflexões através das duas lâminas de vidro.

Grupo II - Actividades de natureza matemática

Exercício: A propriedade enunciada é .

Este exercício é apenas uma simples aplicação de uma das propriedades que podem ser
descobertas entre os números de Fibonacci. Os alunos apenas terão que observar como
podemos usufruir desta propriedade para casos particulares, bem como o seu
significado.

Para n = 3, eles podem chegar ao resultado u2 + u4 + u6 = u7 - 1 = 13 - 1 = 12, o que


significa que a soma dos três primeiros termos pares da sucessão de Fibonacci é igual a
12. Por exemplo, no caso dos coelhos, significa que temos 12 casais de coelhos como
somatório dos casais obtidos nos três primeiros meses pares.

Se os alunos particularizarem a equação para n = 4, chegam à conclusão que u2 + u4 +


u6 + u8 = u9 - 1 = 34 - 1 = 33, que significa que a soma dos quatro primeiros termos
pares da sucessão de Fibonacci é igual a 33. Este valor para o caso dos coelhos diz-nos
que teremos 33 casais de coelhos como somatório dos casais obtidos nos quatro
primeiros meses pares.

Com isto, a propriedade permite-nos calcular a soma de um número n natural arbitrário


de termos pares da sucessão de Fibonacci.

Problema 5: A sucessão dos quocientes entre números consecutivos de Fibonacci

Até aqui os alunos já conhecem que 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, ... são os termos da
denominada sucessão de Fibonacci. Neste problema é pedido que descubram uma outra
sucessão que envolve igualmente estes termos: a sucessão dos quocientes entre números
consecutivos de Fibonacci.

a) Os alunos poderão identificar esta nova sucessão como bn = un+1/un, onde un e un+1
dois termos consecutivos da sucessão de Fibonacci. Desta forma, os alunos chegarão
aos seguintes resultados:

b1 = 1/1 = 1

b2 = 2/1 = 2

b3 = 3/2 = 1,5
b4 = 5/3 = 1,66...

b5 = 8/5 = 1,60

b6 = 13/8 = 1,625

b7 = 21/13 = 1,615...

b8 = 34/21 = 1,619...

...

É preciso notar que tendo em consideração o «problema dos coelhos», esta nova
sucessão dá-nos a taxa de crescimento dos coelhos por mês.

b) Os alunos, de acordo com os valores que foram obtendo em a), poderão constatar
facilmente que esta nova sucessão não é nem monótona crescente nem decrescente, logo
não é monótona. No entanto poderão afirmar que a subsucessão dos termos pares ( ) é
estritamente decrescente, enquanto que a subsucessão dos termos ímpares ( )é
estritamente crescente.

c) Primeiro que tudo convém salientar que a resposta que os alunos deverão dar a esta
questão será apenas de natureza intuitiva a partir das observações aos cálculos
efectuados.

De acordo com o comportamento das duas subsucessões (a dos termos pares e a dos
termos ímpares), os alunos poderão observar que ambas parecem convergir para um
dado limite e que esse limite será idêntico para ambas. No cálculo dos diferentes
quocientes, pode-se verificar que os valores a partir do 7º termo começam a estabilizar-
se em torno de um valor compreendido entre 1,60 e 1,62. Tendo ainda em consideração
tais cálculos, os alunos poderão afirmar que a sucessão bn é limitada: .

d) Afirmar que o quociente entre dois números de Fibonacci consecutivos é


aproximadamente 1,62 é dizer por outras palavras que na situação do «problema dos
coelhos» que a taxa de crescimento da colónia dos coelhos de um mês para o outro
tende para um valor próximo dos 62%. Trata-se pois de um crescimento tipo
exponencial.

Problema 6: Decágonos regulares e secção áurea

O primeiro passo que os alunos deverão dar é determinar qual o valor de uma aresta a
do decágono e daqui dar mais uns passos no sentido de estabelecer a conexão com os
números de Fibonacci.

Os alunos poderão observar que a é a base de um triângulo isósceles de lado igual a R.


Chamemos ao ângulo ao centro da circunferência que é o ângulo do vértice superior
do triângulo.
Tracemos então a mediatriz do segmento a que bissecta o ângulo . Obtemos assim um
novo triângulo (rectângulo) que é metade do primeiro com um ângulo de medida igual a
/2, cateto oposto a este igual a a/2 e hipotenusa igual a R; a altura é idêntica ao do
primeiro triângulo.

Eles sabem que o seno de um ângulo num triângulo rectângulo é igual ao quociente
entre o cateto oposto e a hipotenusa, logo daqui vem que

Por outro lado , logo temos que a = 2Rsen(18 ).

A próxima etapa consiste em determinar o valor do sen(18 ):

Mas sen(18 ) = 0,3090169944. Desta forma obtém-se a = 2R 0,3009169944 ou seja, a

= 0,6180339888R. Ora o número áureo é igual a e

Com estes valores podemos finalmente concluir que: .

Desta forma, os alunos podem afirmar que a medida de um lado de um decágono


regular inscrito numa circunferência de raio R é igual ao quociente entre o raio R e o
número d’ouro, também já conhecido dos alunos como sendo o limite da sucessão dos
quocientes entre números consecutivos de Fibonacci.

É de notar que os alunos podem calcular um valor aproximado para a medida de a,


bastando para isso exprimir o número d’ouro como a razão entre dois números de

Fibonacci consecutivos e aproximar a ,por exemplo, como ou mesmo .

Problema 7: Pentágonos regulares e o número d’ouro

Os alunos verão neste problema uma vez mais a relação entre a geometria e a sucessão
dos números de Fibonacci, mais propriamente o número d’ouro.

O primeiro quociente a determinar é . Segundo a lei dos senos temos que

, ou seja, é igual ao número d’ouro, que


vamos aqui denominá-lo por .
Tratando-se de um pentágono regular não é difícil os alunos constatarem que AF = AC,

logo daqui concluem que , podendo assim afirmar que o ponto C divide o
segmento AD de acordo com a secção áurea (visto na curiosidade histórica). Mas
também pela definição de secção áurea, os alunos poderão chegar à conclusão de que

Não é difícil verificar que AB = CD, logo tem-se que .

Assim, cada um dos segmentos, BC, AB, AC, AD é vezes mais largo que o segmento
precedente nesta sucessão.

Problema 8: Os rectângulos áureos

a) De acordo com as figuras apresentadas na ficha de trabalho, os alunos observam que


partindo do rectângulo áureo [ABCD] é possível inscrever nele um quadrado de lado
igual a 34 cm. O rectângulo restante é um rectângulo áureo de 21 x 34 cm2.

Seguidamente, os alunos poderão inscrever neste último, um quadrado de lado igual a


21 cm, restando da área do rectângulo, um outro que também é áureo de 13 x 21 cm2.
Em relação a este último rectângulo, os alunos puderam-lhe inscrever um quadrado de
lado igual a 13 cm, restando um rectângulo áureo de 5 x 8 cm2. E assim
sucessivamente...

Com isto os alunos podem então constatar que é possível inscrever sucessivamente
quadrados num rectângulo de ouro inicial, que a figura restante é sempre um rectângulo
d’ouro, pois basta verificar que a razão entre as medidas dos lados é verificada.

b) Ao fazerem o quociente entre os lados de cada rectângulo áureo consecutivamente


construído, os alunos encontram os seguinte resultados: 1/1 = 1; 2/1 = 2; 3/2 = 1,5; 5/3
= 1,66; 8/5 = 1,6; 13/8 = 1,625; 21/13 = 1,6153...; 34/21 = 1,6190...; 55/34 = 1,6176...;
etc.

Ora, os alunos já conhecem estes resultados do estudo da sucessão dos quocientes entre
números consecutivos de Fibonacci, logo poderão inferir que a razão dos lados de
rectângulos áureos aproximam-se cada vez mais da razão áurea que é igual ao número
d’ouro.

Grupo III - Actividade lúdica

O Jogo Fibonacci Nim


O objectivo da proposta de trabalho é procurar que os alunos descubram estratégias que
permitam ao primeiro ou segundo jogador vencer a partida tendo em consideração se se
parte de uma pilha composta por um número de Fibonacci de fichas ou não. Com esta
actividade conseguimos envolver os alunos numa actividade de natureza lúdica onde
uma vez mais são estudados os números de Fibonacci, agora com uma situação bastante
interessante e motivadora quanto o jogo Fibonacci Nim, inventado por Robert E.
Gaskell.

a) Se o número inicial de fichas é um número de Fibonacci, digamos 144, o segundo


jogador pode sempre ganhar. É verdade que o primeiro jogador pode retirar 55 fichas,
deixando 89, que é o próximo maior número de Fibonacci logo abaixo dos 144, mas
então o segundo jogador pode imediatamente ganhar ao levar todas as 89 fichas, porque
89 é menor do que o dobro de 55. O primeiro jogador é assim forçado, a deixar um
número de fichas que não corresponde a nenhum número de Fibonacci e o segundo
jogador ganha pela estratégia que se apresenta na questão b).

b)Visto que 20 não é um número de Fibonacci, o primeiro jogador poderá ter a certeza
de poder vencer o jogo. Para determinar o seu primeiro movimento, ele exprime 20
como o somatório de números de Fibonacci, partindo do maior termo possível, que é
precisamente o 13, adicionando-lhe o próximo termo maior possível, 5, e depois o
próximo será o 2. Assim 20 = 13 + 5 + 2.

Todo o inteiro positivo pode ser expresso como um somatório único deste modo. Um
número de Fibonacci é expresso por um único número: ele próprio.

O último número, 2, é o número de fichas que o primeiro jogador deve retirar da pilha
para ganhar o jogo. O segundo jogador é, segundo as regras do jogo, impedido de tirar
mais do que o dobro de dois, e portanto não pode reduzir a pilha (que possui agora 18
fichas) ao número de Fibonacci, 13. Assumimos que o segundo jogador retira quatro
fichas. A pilha contém actualmente 14 fichas. Tal valor é igual à soma dos números de
Fibonacci 13 e 1, isto é, 14 = 13 + 1, e assim o primeiro jogador retirará uma ficha. Por
continuação desta estratégia ele terá a certeza que tomará no fim a última ficha,
ganhando assim a partida.
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prático presente neste tema e sua aplicação no contexto escolar

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