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O nascimento de um her6oi Quem nunca quis ser herdi ou heroina, lutar contra o mal e destacar-se por feitos de coragem e ousadia? Esse desejo humano no é recente.Desde a época do bronze, hd quase 3 mil anos, na Grécia, ela ja estava presente em historias fantasiosas de destemidos heréis, como Perseu, Hércules, Aquiles, [caro e outros, para quem os limites existiam apenas para ser quebrados. O dia em que vi Pégaso nascer Meu nome é Atena. Sou a deusa da sabedoria LJ Foi por admirar a forca da juventude e a pureza de espirito que revolvi ajudar Perseu, o mais nobre de todos os jovens guerreiros da antiga Grécia. Tudo comecou inesperadamente, no meio de uma festa. Eu costumava observar Perseu do alto do Olimpo e acompanhar seu treinamento de guerreiro. Ele era jovem, veloz, esperto, mas gostava de tentar fazer coisas além de suas forcas Convidado para jantar na casa do rei, Perseu decidiu que precisava impressioné-lo. E declarou, diante de todos os convidados, que arriscaria a vida para matar Medusa, minha monstruosa inimiga, a criatura gigantesca que destrufa todos os que se atrevessem a entrar em seu esconderijo nas cavernas. Medusa era o nome de uma das trés cabecas das gorgonas que habitavam o corpo de um enorme dragio. Suas patas mor- tais eram de bronze, e as pequenas asas, de ouro. Seu olhar era tao poderoso que transformava homens em estatuas de pedra. Para vencé-la seria necessaria muita forca, agilidade e toda a protecdo do mundo. Quando me contaram que Perseu havia se oferecido para enfrentar a fera, admirei sua coragem e resolvi ajuda-lo. Assim que a luta entre ambos foi marcada, tive uma ideia: chamei a minha presenca Hermes, meu irmao, o mensageiro dos deuses, e juntos nos revelamos a Perseu. Nés lhe dissemos que preci- sévamos estar a seu lado durante a luta e que, caso desejasse a vitoria, deveria obedecer as nossas ordens. (2) eae” Primeiro the pedimos que procurasse as ninfas, as jovens magicas dos lagos ¢ rios, pois elas o amavam e fabricariam uma arma especial para ele. Perseu obedeceu, e das lindas ninfas ganhou sandalias aladas, uma sacola magica e um capacete que lhe conferiu o poder da invisibilidade Hermes, achando que Perseu necessitava de mais uma arma, ofere- ceu-lhe uma lanca, leve e cortante como a minha. Quanto a mim, resolvi acompanha-lo pessoalmente ¢ lutar a seu lado caso fosse preciso. No dia seguinte, desci até a gruta do monstro e me escondi num canto. O lugar era repugnante. A fera exalava um cheiro horrivel, o ar estava umido e pesado, por todos os lados eu via estatuas de pedras, na verdade os corpos dos guerreiros assassinados por Medusa e suas irmas A entrada de Perseu foi inesquectvel. Ele rasgou os céus como uma guia. Rapidamente aplicou um golpe certeiro no monstro e cortou uma de suas cabecas. Sangue verde espalhou-se por toda a caverna, e as duas cabecas restantes comecaram a urrar. Ainda voando, Perseu afastou-se e, em seguida, apontou sua langa contra a segunda cabeca. Ela também caiu por terra. S6 que, quando isso aconteceu, uma das patas do monstro o atingiu e Perseu perdeu o equilibrio. Seu capacete despencou no chao e ele imediatamente se tornou visivel. — Ah! Jovem atrevido! — gritou a Medusa com sua voz grossa e tenebrosa. No ar, Perseu voava em circulos, mantendo-se de costas para o monstro. Ele sabia que, caso a fitasse nos olhos, se trans- formaria numa estatua. — Agora vocé nao me escapa! Percebi que precisava entrar em cena. Lembrei-me de que tinha um escudo comigo. Gritei: — Perseu! Apanhe o escudo, proteja-se! Recuperando as forcas, Perseu agarrou meu escudo no ar. Ele havia sido forjado pelas ninfas. Sua superficie brilhava com a limpidez das aguas e refletia imagens como um espelho, Empunhando-o, Perseu desafiou a fera: — Othe para mim, criatura medonha! Quando ela percebeu o truque, era tarde demais. Perseu levantou o escudo na altura da cabeca do monstro. Assim que Medusa olhou para a pro- pria imagem refletida em sua superficie polida, sentitt 0 corpo todo enrijecer-se e transformar-se numa gigantesca estatua acinzentada. Perseu desceu ao solo e eu o amparei Ele se recostou contra a parede e, ao seu lado, presenciei uma das mais belas cenas de minha longa vida de deusa. Do sangue verde e viscoso das horriveis gérgonas saiu uma luz dourada e brilhante que aos poucos foi tomando forma. Lentamente foram surgindo os contornos de um maravilhoso cavalo alado. O magnifico animal aproximou-se de nos e abaixou a cabeca, balancando a crina ondu- lante e prateada como se nos cumprimentasse O nome Pégaso estampou-se em minha mente e eu o acariciei. Em seguida, Perseu montou no dorso do animal para que este o levasse até seu rei. Perseu prometera entregar-lhe a cabeca cortada de Medusa. E que espanto meu jovem amigo causaria ao mostrar aos gregos seu luminoso animal e seu novo escudo, com a face tenebrosa de Medusa eternamente marcada em sua superficie magica. (eos Prieto. Disnas aventura ~ Hts da milogagrego. So Paulo: Companhia dis etinbas, 1967) © SAEstuidoldo texto ® COMPREENSAO E INTERPRETAGAO. 1. A historia comeca com a narradora se apresentando. a) Quem é ela? b) Sobre quem a narradora comeca a falar? Sobre um homem ou sobre um deus? c) O lugar onde a narradora vivia era 0 Olim- po. O que esse lugar tinha de extraordina- tio? 2. Atena descreve Persew como jovem, veloz esperto, e, além disso, dotado de uma carac teristica propria dos herois. Firenze, Galera dogi Utizi a) Qual era essa caracteristica? b) Para impressionar o rei, que prova de sua coragem o jovem decide dar? 3. A deusa dispoe-se a ajudar Perseu por admiracao e por um motivo pessoal ‘Medusa (1598), de Michelangelo Caravaggio. a) O que ela admirava no jovem? b) Que motivo pessoal levou a deusa a auxiliar Perseu? 4. Medusa era uma das gorgonas. a) Quais eram as caracteristicas fisicas de Medusa? b) Alem da forca fisica, que outro poder Medusa empregava contra os homens? 5. Atena afirma que, para vencer o monstro, seria nécessaria muita forca, agilidade e toda a pro- tecao do mundo. No combate de Perseu contra Medusa, em que situacdes esses elementos aparecem? 6. Para vencer, Perseu usa poderes sobre-humanos. a) Quais sto esses poderes? b) Como Perseu conseguiu esses poderes? c) Dos presentes que Perseu ganhou das ninfas, um nao aparece mais na narrativa. Qual é ele? De acordo com o que é possivel supor, qual seria a utilidade dele na aventura? d) Alem de entregar ao rei a cabeca de Medusa, que outra comprovacio da derrota do monstro Perseu pode apresentar aos gregos? 7. Perseu, em sua aventura, enfrenta monstros, lugares horriveis e situagdes que causam em todos repulsa e medo. No entanto, apés a derrota do inimigo, algo belo e bom se origina dele. a) Qual foi a recompensa do her6i, originada do proprio inimigo? b) O titulo do texto ja anunciava o final da narrativa. Como se deu o nascimento de Pegaso? 4 ~® A LINGUAGEM DO TEXTO 1. Compare os dois enunciados a seguir e identifique o aspecto do heroi que sobressai em cada um deles. 2. Em “Tudo comecou inesperadamente, no meio de uma festa”, a narradora emprega 0 advérbio inesperadamente, que é formado por in (nao) + esperadamente. Que sentidos tém as palavras a seguir, também iniciadas com in? a) invisibilidade b) inesquectvel 3. Releia o paragrafo iniciado por: “Quando me contaram”, observando especialmente o emprego das palavras ambos ¢ juntos. Que palavras elas substituem? 4. Releia este trecho do texto: a) Quais sao 0s adjetivos relacionados aos substantivos destacados? b) Faca uma experiencia: releia o fragmento sem os adjetivos. O texto ganha ou perde em expres- sividade? > LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO Com dois colegas, leiam o texto todo. Um de vocés deve ler a narracdo feita por Atena, outro a ameaca da Medusa, ¢ 0 outro a tinica frase de Perseu. Na parte mais longa, a que esta na voz da narradora, a entonacao deve ser apropriada a cada momento da narrativa: pausada na apresentacdo das personagens e fatos; ansiosa e exaltada no momento do combate; e mostrar encantamento na descricdo do nascimento de Pégaso. Quando a leitura estiver boa, apresentem-na a classe. 1. Quando descreve Perseu, Atena diz que ele era jovem, veloz, esperto, mas gostava de tentar fazer coisas além de suas forcas. E possivel perceber nesse comentario uma recriminagao de Atena ao comportamento do jovem de arriscar-se em situagdes de perigo, esquecendo a propria fragilidade € 0 perigo de morte. No mundo atual, os adolescentes ¢ os jovens também se expdem a situacdes de perigo? Comente com os colegas essa questao. 2. No nosso cotidiano, vivemos todos os dias a aventura do herdi. Desde que nos levantamos, enfren- tamos situagoes variadas: as vezes de alegria e muitas vezes de receio, medo, aversao, inibicao. Como vocé se sente quando, em vez de enfrentar uma dificuldade, foge da situacao? E quando vocé enfrenta a dificuldade? Vocé ja precisou lutar contra um “monstro” e depois percebeu que ele nao era tao “feio” assim? Nesse caso, qual foi sua recompensa? Conte para os colegas. Vocé ja ouviu falar de Ulisses, o herdi da obra Odisseia, de autoria de Homero? Ele € famoso or muitas das facanhas que realizou, entre elas a de resistir ao canto das sereias, 0 que conseguiu imarrando-se ao mastro do navio, e a de ter enfrentado e vencido o gigante Polifemo. Conhega esta historia de Ulisses: O gigante de um olho so Depois de varios dias de navegacao dificil, chegou Ulisses as costas de uma regio deserta, que Ihe pareceu ser uma ilha. — Ancoremos nossas naus! — disse aos companheiros. — Nessa ilha devemos encontrar alimen- to e Agua em abundancia. Led Mataram facilmente uma boa quantidade de cabras e passaram o resto do dia banqueteando- se com a came tenra desses animais e 0 delicioso vinho dos cicones. E foram dormir, certos de que nenhuma ameaca pairava no ar. lei ‘Ao desembarcar, percebeu que no cimo de uma colina coberta de loureiros abria-se uma caverna enorme, em tomo da qual pastavam mansos rebanhos de cabras e ovelhas. Escolheu doze homens entre os mais valentes e, cercando-se de cautela, ordenou aos outros que voltassem a nau e se prepa- rassem para partir a qualquer imprevisto. Na entrada da gruta, descobriram, surpresos, uma pilha de queijos de cabra [...]. Apoderaram-se de um deles e 0 comeram. E ja se dispunham a deitar a mao a outro quando sentiram o chao estreme- cer. Com os olhos a saltarem das érbitas, deram com uma figura de tamanho descomunal que avan- cava em sua direcao [...]. O gigante trazia as costas um feixe de lenha seca que daria para encher todo um celeiro. Jogando-o ao chao, produziu tamanho estrondo que os gregos, com o coracao aos pulos, precipitaram-se para dentro da cavemna como coelhos assustados. Leal O gigante separou algumas cabras e ovelhas e tocou-as para o interior da caverna, fechando em seguida a entrada com um bloco de pedra [...]. Sentou-se e ordenhou as fémeas. |...] Feito isso, acen- deu 0 fogo, e 0 claro das chamas denunciou a presenca dos gregos, que tentavam dissimular-se no fundo da gruta. — Quem sao vocés? — perguntou com voz de trovao. — Somos guerreiros do exército que, comandado pelo rei Agamenon, lutou e venceu sob as muralhas da orgulhosa Troia — explicou Ulisses, armando-se de coragem. — Em nome dos deuses piedosos e das leis da hospitalidade, rogo-Ihe que nos de abrigo esta noite! O ciclope teve um gesto de desprezo. [...] O esperto Ulisses, a quem nao escapou a manha do gigante, respondeu com falsidade: — 0 barco que possufamos foi atirado contra um rochedo por ventos traicoeiros. Somos pobres néufragos que os deuses clementes salvaram da negra morte. Sem dizer mais nada, o ciclope estendeu as ‘méos e agarrou dois marinheiros, lancando-os brutal- mente ao chao [...]. E tornando ainda mais horrendo o espetaculo, retalhou-os membro a membro e pos-se a devori-los como um leo faminto, |...) Dando-se por satisfeito, aninhou-se para dormir [..] Enquanto ouvia os atroadores roncos do mons- tro, Ulisses ia imaginando um meio de libertar-se. td Mal o dia clareou, 0 ciclope levantou-se espre- guicando, espertou o fogo e ordenhou os animais. Terminado esse trabalho, que cumpriu com admi- ravel destreza, apanhou de novo dois marinheiros e devorou-os num piscar de olhos. Em seguida, abriu a caverna e desapareceu nas colinas, tendo antes 0 cui- dado de vedar bem a entrada, tal como na véspera. ardiloso Ulisses, que em momento algum se deixou levar ao desespero, teve de stibito uma ilumi- nagio: havia na gruta um grosso tronco de oliveira Ll, Polifemo 0 havia cortado [...]. Disse aos companheiros que Ihe aplainassem os nés e o ajudassem a agucar uma das pontas. [...] Como os companheiros nao atinassem com a raz4o de todo aquele tra- balho, Ulisses explicou-lIhes que pretendia enfiar a estaca pontiaguda no olho do gigante. [...] No final da tarde, o ciclope veio [...]. Tal como na véspera, ordenhou varias cabras e ovelhas e devorou mais dois homens. Sem perder tempo, Ulisses aproximou-se e mostrou-lhe um odre cheio do excelente vinho dos cicones: — Eis a bebida que tinhamos a bordo. Prove-a e vera que ndo existe outra igual. Polifemo pegou 0 odre meio desconfiado, mas acabou espremendo-o em sua horrenda goela. O vinho agradou-lhe tanto que pediu uma segunda dose. : (et Ulisses nao esperava outra coisa. Entregou-lhe logo trés odres [...]. Ja meio embriagado, per- guntou a Ulisses como se chamava [...]. — Deseja mesmo saber meu nome, ciclope? Pois Ninguém é como me chamam meus pais € companheiros — respondeu. — Agora diga-me: qual € o presente? —O presente que tenho para voct é 56 devord-lo no fim, depois dos seus companheiros — e soltou uma gargalhada sonora Mas, como se sentisse meio tonto, deitou-se de costas e nao tardou a pegar no sono. Foi o quanto bastou para que Ulisses fizesse um sinal aos companheiros, que trouxessem a estaca e jun- tos a levaram ao fogo para que a extremidade ficasse em brasa. Apontaram-na entdo corajosamente para a palpebra do cruel ciclope. (...] Despertado pela dor, Polifemo soltou um urro tao medonho que os gregos recuaram aterrorizados. Arrancando do olho a estaca suja de sangue, pOs-se a gritar por socorro, Os outros ciclopes acudiram imediatamente e, sem entrar na caverna, indagaram: — Por que todo esse alarido? Ha alguém roubando os seus rebanhos? Ou sera que o feriram? — Foi Ninguém! Ninguém me feriu! — Se ninguém o feriu, por que nao nos deixa dormir em paz? E, resmungando e praguejando, voltaram para as suas cavernas, convencidos de que Polifemo havia perdido 0 juizo. Enlouquecido pela raiva e pela dor, o monstro foi até a entrada da gruta, removeu a rocha e sentou-se, na esperanca de agarrar o primeiro que tentasse escapulir. Nao contava, porém, com a esperteza de Ulisses. Alguns dos camneiros que estavam na gruta eram muito corpulentos ¢ lanudos. Ocorreu ao heréi que, com as tiras de vime da enxerga onde dormia o ciclope, podia até-los tres a tres, de modo que o do meio levasse um homem amarrado @ espessa la do ventre. [...] Gracas a esse artificio, os gregos iludiram a inspecao do gigante [...] Quando se viu a uma distdncia segura, Ulisses soltou os amigos, que desataram a correr com quantas pernas tinham em direcdo a nau, onde ‘gigante mitolégico com um olho redondona » foram festivamente recebidos pelos companhei- ‘e dotado de forca prodigiosa. tos que ja os julgavam mortos. [...] : habitante da Tracia. . (omer, Osea, Adaptado de Roberto Lacerda ‘S80 Paulo: Scipione, 2008.) Ulisses oferece vinho ao cilope. 7 SS Responda as questdes a seguir, consultando, quando necessario, o texto “O dia em que vi Pegaso nascer”, no inicio do capitulo. ~P OMITO 1. Mitos sao historias que expressam 0 modo como determinado povo vé o mundo. Transmitidas oralmente, sao narrativas que explicam fatos e fenémenos para os quais nao ha uma explicacao logica. Cada povo e cada cultura tém seus proprios mitos e tradicdes. De que cultura faz parte o mito de Perseu e Pégaso? 2. Segundo os estudiosos, ha trés grupos de mitos: os que explicam a origem do mundo e dos deu- ses; 05 que contam historias de convivencia entre deuses, semideuses e seres humanos que tem livre transito entre 0 céu ¢ a Terra: e os que contam historias de seres humanos comuns, simples mortais. A que grupo de mitos pertence o da historia narrada no texto “O dia em que vi Pégaso nascer”? Justifique sua resposta. 3. E comum haver nos mitos seres sobrenaturais: deuses, divindades (como as seteias), monstros (com forma de bicho ou metade bicho e metade gente) e seres humanos dotados de poderes especiais. Que seres sobrenaturais sto mencionados no texto “O dia em que vi Pégaso nascer”? 4. Muitos dos mitos gregos fazem parte também da cultura de outros povos, figurando em seus contos populares, lendas, fabulas, etc. Um dos mitos gregos é 0 Minotauro, criatura com cabeca de touro e corpo de homem que se alimentava de carne humana a) Entre as lendas brasileiras, ha um ser fantastico que se assemelha, na forma, com 0 Minotauro, pois também tem corpo que é metade de homem e metade de bicho. Troque ideias com os colegas: Que ser é esse? b) Afrodite, também conhecida por Venus, nas- ceu nas ondas do mar. Nas pinturas, ela costuma ser representada como uma mulher jovem, muito bela, de cabelos longos, nua, de pé numa concha aberta sobre as aguas. Troque ideias com os colegas: Que seres fantasticos do folclore brasileiro, indigena e afticano se assemelham a deusa Afrodite useo Gel Prado/Diomeda 5. Nos mitos, € comum haver agdes heroicas de uma ou mais personagens, que podem ser semideuses ou simples mortais dotados de poderes sobrenaturais ou de excepcional forca fisica. Em “O dia em que vi Pégaso nascer”, de que tipo € 0 protagonista? Venus e Adonis, de Annibale Carac. 6. O mito nao é apenas uma historia aventuresca, mas um meio de buscar a verdade ou o signifi- cado das coisas e de transmitir um ensinamento. Por isso, com suas ligdes de sabedoria, serve de exemplo a seres humanos de diferentes épocas. Que ligéo 0 mito de Perseu transmite a humanidade? 18 7. Releia este trecho do texto “O dia em que vi Pégaso nascer”. Quando me contaram que Perseu havia se oferecido para enfrentar a fera, admirei sua coragem e resolvi ajuda-lo. Assim que a luta entre ambos foi mar- cada, tive uma ideia: chamei a minha presenca Hermes, meu irmao, o men- sageiro dos deuses, e juntos nos reve- lamos a Perseu. Nés lhe dissemos que precisavamos estar a seu lado durante a luta e que, caso desejasse a vitoria, deveria obedecer as nossas ordens. a) Em que pessoa estao os verbos e os pronomes nesse trecho? b) Em que tempo esto os verbos: no presente ou no passado? c) O narrador € personagem na historia ou apenas observador? 8. Como os contos maravilhosos, os mitos eram transmitidos oralmente. Depois, foram registrados por escrito, por poe- tas e prosadores. Observe a linguagem empregada no texto. Que tipo de varie- dade linguistica foi empregada: uma va- riedade de acordo com a norma-padrao ou uma variedade diferente da norma- padrao? 9. Retina-se com seus colegas de grupo e juntos, concluam: Quais so as caracte- risticas do mito? Yes! Nés também temos mitos! A cultura brasileira formou-se a partir da aproximacao e do cruzamento de varias culturas, cada uma com seus proprios mitos. Assim, aos mitos dos indios, que so os genuinamente brasileiros, foram se somando os mitos dos portugueses, dos africanos e, pos- teriormente, dos imigrantes europeus e japoneses, dando origem a uma rica e diversificada mitologia Os mitos brasileiros vem sendo recolhidos por muitos pesqui- sadores, entre os quais se destaca Camara Cascudo. O mundo de Zeus De acordo com a mitologia grega, os deuses governavam 0 universo de sua morada construida no Olimpo, onde Zeus, o deus dos deuses, era o soberano. Zeus, armado com seus raios, comandava 0 mundo € os homens e era respeitado por todos. Dois deuses importantes eram os seus irmaos: Poseidon, o deus do mar, que carregava seu tridente para bater nas aguas, convulsionando as ondas, ¢ Hades, senhor da morte, que reinava num mundo subterraneo, (Wwene Machado Literatura e redacao. ‘to Paulo: Spine, 1994. . 154) Outros deuses da mitologia grega sto: Afrodite ~ deusa do amor e da beleza Apolo ~ deus da luz e das obras de arte Ares — deus da guerra, Artemis — deusa da caca. Atena - deusa da sabedoria e da serenidade; protetora da cidade de Atenas. Hefestos - deus do fogo e do trabalho. Mary Evers cures LiearyDomedia Hera — deusa dos casamentos e da maternidade. Hermes ~ deus do comércio e das comunicagoes, Hades, 0 senhor do mundo subterréneo. Ha, a seguir, duas propostas para a producao de textos sobre mitos. Com a orientacao do pro- fessor, desenvolva pelo menos uma delas. 1. Voce ja ouviu falar de Orfeu? Na mitologia grega, Orfeu era um poeta que encantava a todos com a musica que extraia da lira, um instrumento de cordas muito usado na Antiguidade. Conhega, por meio do resumo que segue, uma parte da tragica historia de Orfeu. O mito de Orfeu Orfeu nasceu nas vizinhancas do Olimpo, frequentado pelas musas. Ele era excelente poeta, cantor e miisico, sendo considerado o inventor da citara. Passava o dia cantando ao som de sua lira, a qual aumentou de sete para nove cordas. Seu canto era tdo melodioso que, ao ouvielo, os homens mais brutais ficavam sensibilizados, as feras mais ferozes vinham repousar a seus pés mansamente, os passaros pousavam nas arvores, os Tios suspendiam seu curso e as Arvores formavam coros de danca. Devido a sua fraqueza fisica, Orfeu participou da expedicdo dos Argonautas apenas marcando a cadéncia para os remadores. Durante as tormentas ele abrandava as vagas e tranquilizava a tripulacdo com seu canto. E, quando as sereias comecavam a cantar, Orfeu entoava cantos mais agradaveis que 0 delas, livrando os remadores do fascinio. Orfeu era apaixonado por Euridice, filha de Apolo. No dia de seu casamento, Euridice, sua noiva, caminhava pelas margens do rio, quando apareceu Aristeu, que tentou violenté-la, No desespero de se livrar do atacante, ela pisou numa serpente escondida na vegetacio e morreu depois de ser picada. Orfeu julgou que devia procuré-la mesmo entre os mortos. Tomou sua lira e desceu ao inferno. (ene Machado. Literatura e edo;do. Sao Paulo: Scipione, 1994, . 1423. Resumo da autora a atic do Dicondrio de mitolgia gregoe romana, de Maro da Gama Kury.) Prepare-se para dar continuidade ao mito de Orfeu. Para isso, considere estes fatos: * No inferno, Orfeu encanta com sua musica todos os seres sombrios e monstruosos que 14 habitam. * © herdi sensibiliza também os reis do inferno, 0 deus Hades e sua esposa Perséfone, e consegue permissdo para levar Euridice de volta ao mundo da luz * Umacondicdo é estabelecida por Hades e Perséfone: Orfeu s6 poderia olhar para sua amada depois de terem saido do inferno. * O casal dirige-se a0 mundo dos vivos, sendo Orfeu seguido a certa distancia por Euridice. Contudo, no momento em que ja est4o completando o per- curso, Orfeu, para certificar-se de que a amada estava por perto, olha para tras e vé Euridice perder-se para sempre nos abismos do inferno (Orfeu e Euridce (1862), de Edward John Poynter. Retina esses fatos, organize-os de modo coerente ¢ redija o final do mito de Orfeu. Para enrique- cer a narracio, descreva o inferno e as personagens que habitam esse mundo. Inclua didlogos para tornar 0 texto mais dinamico. Para ligar os fatos, empregue elementos de coesio como em seguida, por isso, entao, mas, entretanto e outros que forem necessirios. 20 ‘Ao concluir texto, avalie-o de acordo com as orientagdes do boxe Avalie seu mito ¢ altere 0 que for necessério. Depois, leia seu texto para a classe e ouca o de seus colegas. 2. Leia agora este resumo do mito de Narciso: O mito de Narciso Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liriope. Por ocasiao de seu nascimento, seus pais consultaram 0 ora- culo Tirésias para saber qual seria o destino do menino. A resposta foi que ele teria uma longa vida, se nunca visse a propria face. Muitas mocas e ninfas apaixonaram-se por Narciso, quando ele chegou a idade adul- ta. Porém, o belo jovem nao se interessava por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das mais apaixonadas, nao se conformou com a indiferenca de Narciso e afastou-se amargu- rada para um lugar deserto, onde definhou até que somente restaram dela os gemidos. As mocas desprezadas pediram aos deuses para vingé-las. Nemesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma cacada num dia muito quente, a debrucar-se numa fonte para beber agua. Descuidando-se de tudo 0 mais, ele permaneceu imovel na contempla- cio ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No proprio Hades ele tentava ver nas Aguas do Estige as feicdes pelas quais se apaixonara. (Idem. 143) | t Com base nesse resume, reconte o mito de Narciso. Se possivel, pesquise mais sobre esse mito em livros de mitologia e na Intemet e inclua na historia outros elementos e detalhes que julgar convenientes. Alem disso, nao se prenda a linguagem do texto lido. Utilize suas proprias palavras ao criar seu texto, Tenha em mente, desde 0 inicio, o objetivo desse trabalho e o perfil de seu leitor. Seu texto fara parte de um livro da classe que reunira historias sobre hercis de todos os tempos. Sera lido por colegas da classe e de outras, por professores e funcionérios da escola, por parentes e amigos de voces. Para dar suspense e conferir maior dinamis- mo historia, caracterize bem as persona- gens principais e crie didlogos entre elas. Quando concluir seu texto, avalie-o de acor- do com as orientacées do boxe Avalie seu mito. Modifique 0 que for necessério, até que 0 texto fique adequado ao genero. Avalie seu mito Observe se o texto transmite um ensinamento, uma ligdo de sabedoria sobre a beleza ou sobre o amor; se as goes do hersi se destacam e se os fatos narrados acon- teceram no passado; se o narrador é observador e se a linguagem esté de acordo com a variedade padrao e com 0 perfil dos leitores, 2 “Para escrevercom técnica @ O NARRADOR Leia os dois textos a seguir. TEXTO | Meu nome é Maria Emilia. Tenho quinze anos. Que barra, hein? Naturalmente eu gosto de um menino que ndo gosta de mim, toda vez que eu tenho uma festa me nasce uma espinha no nariz e no colégio eu vou mal em matematica. Minha mae me acha malcriada, meu pai me acha genio. Eu odeio verduras em geral e espinafte em particular Se gosto de alguma coisa? Claro! Eu gosto do Titas, da Marisa Monte e do Tom Cruise Sou louca por bombom de cereja, filme de terror e revista de fofoca. Televisdio? Mais ou menos... Quer dizer, eu adoro, mas as vezes me enche um pouco. que eu gosto mesmo, que nunca me cansa, € ler. Jali todos, quer dizer, quase todos os livros da Agatha Christie, adorei Alice ¢ Ulisses, Porcos com asas e Crondpios ¢ famas. E, outros livros, também, que eu bem que gosto de best-sellers (Put Rocha. © mitri do adeno pet. 9. ed So Paulo: ic, 198.p.9) TEXTO 2 Alice estava comecando a se aborrecer de ficar sentada ao lado de sua irma numa elevacao do jardim, sem nada para fazer. Dava uma ou outra olhadela no livro que sua irma lia, mas implicava: — De que serve um livro sem figuras nem dialogos? Cheia de preguica, por causa do calor do dia, ela se perguntava se o prazer de fazer uma coroa de margaridas valeria 0 esforco de levantar-se e colher as flores, quando de repente um coelho branco de olhos cor-de-rosa passou correndo junto dela Nada havia de muito estranho naquilo. Nem Alice achou assim tao esquisito quando ouviu o Coelho dizer para si mesmo: — Oh meu Deus! Eu vou chegar muito atrasado! Mas, quando ele tirou um relogio do bolso do colete, olhou-o ¢ se apressou, Alice se levantou, dan- do-se conta que nunca antes havia visto um coelho nem com colete e nem com um relégio no bolso. Ardendo de curiosidade, seguiu-o correndo, a tempo de vé-lo penetrar numa larga toca sob a cerca. E lase foi Alice, descendo atras do Coelho, sem jamais considerar como faria depois para sair dali. Wak Disney Pleturee/Diomedia (Cenis Carol. Ace no pas das maravihes. Testo em Portugués de Nicolau Sevcenko, S80 Paulo: Scpione, 1986p. 9) Cena de Ace no pos das maravlhas, de Tim Burton 22 Os textos que voce acabou de ler s4o 0 inicio de historias muito interessantes, Aquele que conta a historia é chamado de narrador 1. Observe os verbos e os pronomes destacados empregados pelo narrador nestes trechos do texto 1: “Tenho quinze anos.” “Naturalmente eu gosto de um menino que nao gosta de mim” “Minha mae me acha malcriada, meu pai me acha genio.” a) Em que pessoa esto as formas verbais e os pronomes destacados? b) O narrador participa dos fatos? Ou seja, ele também é personagem da historia? 2. Agora observe os verbos e os pronomes destacados empregados pelo narrador nestes trechos do texto 2: “Alice estava comecando a se aborrecer de ficar sentada” “ela se perguntava se o prazer de fazer uma coroa de margaridas valeria 0 esforco” “Mas, quando ele tirou um relogio do bolso do colete, olhou-o e se apressou” a) Em que pessoa estado as formas verbais e os pronomes destacados? b) O narrador participa da historia como personagem? No texto 1, quem conta a historia é um narrador-personagem, isto é, um narrador que também € uma das personagens, enquanto no texto 2 quem conta a historia € um narrador-observador. O narrador-personagem se situa nos acontecimentos da historia, fala de si, empregando verbos e pronomes na 1? pessoa. Ja o narrador-observador nao participa da historia; conta os fatos sem fazer nenhuma referencia a si mesmo, empregando verbos e pronomes na 3? pessoa. { EXERCICIOS ) 1. Dos textos a seguir, indique aquele que apresenta narrador-observador. a) Passei a semana comprando livros novos, cadernos e matérias, falando de nossas férias no mar, na montanha, no campo, no exterior. Todas nés fomos a algum lugar e temos coisas para contar umas para as outras. (ata Filipovic O cri de Zlota. Szo Paulo: Companhia das Letas, 1994 . 19.) b) O sorriso nunca iluminava a fisionomia severa do Sr. Utterson, 0 advogado. Frio e contido, ele era um homem de poucas palavras e de sentimentos reprimidos. Magro, alto, desalinhado e triste, no entanto, de alguma maneira ele conseguia ser uma pessoa amavel. (ober Lous Stevenson. médlco o mansvo. Tadao de Liga Cademator. Sto Paulo: FID, 1995p. 6) 2. Reescreva 0 texto a seguir, transformando o narrador-personagem em narrador-observador. ‘As minhas impresses da viagem, depois da partida de Bistritz, foram bem estranhas e variadas Quando cheguei junto a diligencia, para tomé-la, o cocheiro estava conversando com a dona do hotel, sem duvida a meu respeito, pois me olharam de soslaio. Consegui ouvir, durante sua conversa, diversas palavras 23 muitas vezes repetidas, palavras esquisitas, pois falavam varias linguas. Assim, tirei da valise meu dicionario poliglota, e olhei o significado dessas palavras. A constatagao nao foi muito alvissareira para mim, pois as palavras eram: “Ordog” — satanas; “pokol” — inferno; “stregoica” — feiticeiro; e “vrolok” e “vikoslak”, ambas com a mesma significacao, pois uma é eslovaca e outra sérvia: uma espécie de lobisomem ou vampiro. (Gram Stocker, Drdela. Traducto de David Jardim iio. Rio de lane: Ediouro, sd. p. 9) Cena de Ordcula de Bram Stocker, de Francs Coppola, fime baseado 1a obra de Bram Stocker. 3. Situando-se na posicao de narrador-personagem, conte um fato divertido que tenha acontecido com voce, recentemente ou no passado. 4. Agora na posigdo de nartador-observador, conte um fato ocorrido em sua cidade ou em seu pais no qual uuma pessoa se destacou e, desde entdo, tornou-se um heréi para voce. Ou conte um fato livremente. @ O VERBO (I) Leia esta tira, do desenhista argentino Nik: ‘Ai, Gaturro... Todos 08 dias me pergunta a mesma coisa... Eu no te amel, no te amo @ rho te amare Agathita. Bem... pelo menos é Voc# me ama? uma relagdo cuperestvel. cause, te uence anni (Wik. Te aro cada da mds. Buenos hires: Sudamericana, 2004) 24 1. Nas tiras de Nik, Gaturro é uma personagem que vive tentando conquistar 0 coracdo de sua amada. Para responder a pergunta de Gaturro, Agatha utiliza trés formas verbais: “nao te amei, no te amo e nao te amarei” a) Em que tempo estao essas formas verbais? b) A que verbo todas elas pertencem? 2. Na tira foi empregado também o verbo perguntar. a) Como ficaria a frase de Agatha, caso ela empregasse esse verbo no lugar de amei, amo e ama- rei? b) O que todas as formas verbais de amar tém em comum? E as formas verbais de perguntar? 3. A graca do cartum esta no comentario de Gaturro, no ultimo quadrinho. Explique por qué. A estrutura do verbo Leia e compare estas formas verbais: Os verbos, como quaisquer outras palavras da lingua, apresentam em sua estrutura pequenas unidades ou partes. Veja, por exemplo, como se forma a palavra perguntarei: As partes dos verbos sao radical, vogal tematica e desinéncias. Cada uma delas informa alguma coisa E a parte que contém a significacdo basica da palavra. Normalmente ele se repete em todos os modos e tempos, sem sofrer modificagdes. No verbo perguntar, o radical é pergunt-. Veja: “ei! = yl se a Vogal tematica E a parte constituida pela vogal que aparece depois do radical e indica a conjugacao a que os verbos pertencem: 1 i i © A parte formada pela soma do radical e da vogal tematica ¢ chamada de tema. Sao as partes que indicam a pessoa do discurso (18, 2# ou 34), o nimero (singular ou plural), 0 tempo e o modo do verbo: pergunta + re + mos desinéncia desinéncia de modo ¢ de mimero e pessoa tempo (2% p. do plural) (futuro do indicativo) { EXERCICIOS } Leia este poema: ‘Naquele bairro afastado Depois ‘onde em crianca vivias, tu partiste, = a remoer melodias Ficou triste de uma ternura sem par. arua deserta passava todas as tardes Na tarde um realejo tristonho, frie calma ppassava como num sonho ‘ougo ainda o realejo a tocar. uum realejo a tocar (Velho real", de Custidio Mesquitae Sady Cabral. © 1940 by aos Vite S.A Indstia e Comercio. Todas 0s dros reservados para todos os pases) 1. A respeito da forma verbal partiste: a) Qual € 0 radical? b) O que a desinencia -ste informa? 2. As formas verbais vivias e passava esto no mesmo tempo verbal. Porém, como pertencem a conjugagoes diferentes, apresentam desinéncias modo-temporais diferentes. a) A que conjugacao pertence o verbo viver? E 0 verbo passar? b) A que tempo e modo pertencem as formas verbais vivias e passava? ©) Qual é a particula, em cada uma das formas verbais, que indica esse tempo e esse modo? 3. No tiltimo verso, foi empregada a forma verbal ouco a) A que verbo pertence essa forma verbal? b) Qual € 0 radical desse verbo? ¢) O que ocorre com o radical desse verbo na 1* pessoa do presente do indicativo? Verbos regulares e irregulares No 6° ano, ao aprender a conjugar nos tempos do modo indicativo, como modelos, os verbos amar (1* conjugacao), beber (2# conjugacdo) e partir (3? conjugacao), vocé deve ter observado que eles nao apresentam alteracdes no radical. Todos os verbos cujo radical naéo muda e que conservam as mesmas desinéncias do modelo de conjugacao so chamados de regulares. Compare, por exemplo, os verbos beber e entender, da 2! conjugacao: eu beb o eu beb ia eu bebi euentendo euentendia _ eu entendi Concluindo: Verbos regulares sio aqueles que seguem um modelo de conjugacio, nio apresentando alteragdes nem no radical nem nas desinéncias. _ Consideremos agora o verbo querer, que também pertence a 2# conjugacdo. A forma verbal quis, verbo querer, sofre modificacao no radical e nao conserva a desinéncia observada no modelo. Veja: Portanto, o verbo querer, assim como muitos outros, como dar, ver, dizer, afastam-se do mode- de conjugacao. Por essa raz40, sao chamados de irregulares | Verbos irregulares so aqueles que se afastam do modelo de conjugaco, apresentando alterages no radical ou nas desinéncias. Para saber se um verbo € regular ou irregular, basta conjugé-lo no presente ou no pretérito per- feito do indicativo. Se nesses dois tempos ele seguir o modelo dos verbos regulares, nos outros tempos também seguira. Nesse caso, 0 verbo é regular. Caso contrario, é irregular. Principais verbos irregulares Apresentamos a seguir os principais verbos irregulares, conjugados em alguns tempos do modo indicativo. * presente: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem * pretérito perfeito: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam ‘* futuro do presente: caberei, caberds, caberd, caberemos, cabereis, caberdo * presente: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem * pretérito perfeito: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram. * futuro do presente: trarei, trards, trard, traremos, trareis, trarao * presente: vejo, vés, vé, vemos, vedes, veem * pretérito perfeito: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram * futuro do presente: verei, verds, vera, veremos, vereis, verao © presente: venho, vens, vem, vimos, vindes, vem * pretérito perfeito: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram * futuro do presente: virei, virds, vir, viremos, vireis, virao "© presente: vou, vais, vai, vamos, ides, vao * pretérito perfeito: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram 3 '* futuro do presente: irei, irds, ird, iremos, ireis, irao Cee ae : EXERCICIOS j Leia 0 poema que segue, de Ulisses Tavares, e responda as questoes de 1 a 3. Sem saida E agora, o que fago? Fujo, tremo, desmaio? Encaro 0 meu amor, Ponto final, reticéncias ou trago, Fico ou saio? (Uisses Tavares. Ditrio de uma patdo. Sto Paulo: Graco tori, 2008), . No poema foram empregados sete verbos, dos quais apenas dois sao irregulares. Quais sto esses verbos? N . O poeta estabelece uma relacao entre as formas verbais fujo, tremo e desmaio e trés sinais de pontuaca ponto, reticéncias e trago. Explique a relacdo entre esses elementos. 3. Justifique o titulo do poema. 4. Em seu caderno, complete as frases a seguir, empregando no presente do indicativo o verbo entre parénteses, a) Fique tranquilo, pois eu 0) muito bem neste lugar. (caber) b) Eu nunca C1] bem o que me diz. Pode falar mais alto? (ouvir) ) Ela sempre se CI com escova. O cabelo fica melhor. (pentear) d) Cuidado, senao eu ainda me DO com essa caneta. (ferir) e) Eu nunca C1 refrigerantes; eles me fazem mal. (ingerir) £) Esses sintomas nunca D) sozinhos. Espere, que C] uma gripe por af. (vir) g) Vocés Co que nao querem porque ficam onde nao devem. (ver) 5. Faca de acordo com o exemplo: ‘Agatha € namorada de Gaturro. Agatha foi namorada de Gaturro, Agatha ser namorada de Gaturro. a) Eu trago seu pulover na mala ) Ela vai a feira todos os sibados. b) Eles fazem tudo pelos amigos. e) Voces sempre dizem a verdade? ©) Nés podemos ajuda-los. (Aub Acesse o infografico Verbos: iregulares com 0 objetivo cde ampliar seu conhecimen- to sobre o assunto a partir de exercicios diversos. Leia a tira a seguir, de Lucas Lima, e responda as questoes de 6 a 8. NICOLAU «110s ima DGS MREL TA NE AUTORIDADE/ (Wicolau~ Primero hstris. Noraquar: unqueire& Marin, 2007p. 18) 28 6. De acordo com o contexto, quais sdo as formas verbais do verbo obedecer e do verbo ter, respectivamen- te, que completam de modo adequado a frase do primeiro balao da tira? 7. No ultimo quadrinho, a mae do menino emprega a forma verbal ta. a) Na norma-padrao escrita, qual é a forma equivalente a ta? b) O emprego de ta € aceitavel no contexto? Por que? 8. Na sua opiniao, expor a vida pessoal na Internet pode ser prejudicial as pessoas? Por qué? Formas nominais do verbo As personagens da tira de Lucas Lima empregam, entre outras, as formas verbais tirando e empanturrar. Essas formas verbais esto em duas das formas nominais dos verbos, isto é, no gertin- dio e no infinitivo, respectivamente. Além dessas, existe também o participio. O gentindio, o infinitivo e 0 participio sao chamados de formas nominais porque podem desempenhar fung6es que sao proprias dos nomes. Veja: Viver € 0 mais importante Era um homem muito vivido. (= vida, substantivo) (= experiente, adjetivo) Ha um jacaré vivendo no lago. ( vivente, adjtivo) Formas nominais dos verbos sio aquelas que podem desempenhar também a funcio \_ de um nome. As formas nominais de um verbo derivam do tema (radical + vogal tematica) acrescido das seguintes desinéncias: + -r para o infinitivo: lavar, implicar, viver, sair + -ndo para o gentindio: lavando, implicando, vivendo, saindo + -do para o participio: lavado, implicado, vivido, saido [ exercicios } O gerundismo Esse € 0 nome que se dé 1. Leia 0 boxe ao lado e identifique na tira abaixo, de Laerte, uma q um fenomeno: relativamen- situacdo de gerundismo. Proponha outra forma de constructo do | te recente em nossa lingua: 0 enunciado, de modo que esse problema seja evitado. 1180 emigerado € inadequado do geriindio. As vezes, telefonamos para um determinado lugar e a pessoa que nos atende diz: “Um. momento, que eu jd vou estar transferindo a ligacao”. ‘Nao ha, nesse caso, neces- sidade alguma de empregar 0 gertindio. Poderiamos dizer sim- plesmente: “Um momento, que ‘you transferir (ou transferirei) (oho des Paulo, 29772008) a Higa? 29 2. Leia este texto, de Ricardo Freire: Para vocé estar passando adiante Este artigo foi feito especialmente para que vocé possa estar recortando e possa estar deixando discre- tamente sobre a mesa de alguém que nao consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrivel da comunicagdo moderna, o gerundismo. Vocé pode também estar pasando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet. O importante € estar garantindo que a pessoa em questdo va estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisar estar escutando. i Sinta-se livre para estar fazendo tantas copias quantas voce va estar achando necessérias, de modo a estar atingindo o maior ntimero de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissao oral. : | Mais do que estar repreendendo ou estar cagoando, o objetivo deste movimento € estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo. ; Ld ‘Yorn do Tard, 16/2/2001.) © autor do texto brinca com o fendmeno do gerundismo na lingua a) Releia 0 texto em voz alta, eliminando os gertindios desnecessérios, Faca outras construgdes, se preciso. b) O gerundismo ¢ o emprego desnecessitrio e excessivo do gertindio, Nesse texto, entretanto, o gerun- dismo cumpriu um papel. Qual € esse papel? Locugées verbais Na tira que vocé leu na pagina 28, a mae diz “ta me tirando a autoridade”. A expressdo (es)ta tirando é formada por dois verbos, estar e tirar, mas equivale a um Unico verbo. Compare A Internet esta tirando minha autoridade. A Internet tira minha autoridade. Na expresso esta tirando, estar é o verbo auxiliar e tirar é o verbo principal. A expressao, chamamos locucao verbal A expresso que apresenta dois ou mais verbos com valor de um é chamada de locusZo verbal, sendo sempre formada de verbo auxiliar + forma nominal. Nas locugdes verbais, apenas o verbo auxiliar é flexionado (em tempo, modo e pessoa); 0 verbo principal fica sempre em uma das formas nominais. Os verbos auxiliares de uso mais frequente sao: ser, estar, ir, ter e haver. f EXERCICIOS | Leia o texto a seguir e responda as questdes de 1 a 4 Vocé esta falando grego? E bem provavel que os brasileiros tenham herdado essa expressao dos ingleses. Afinal, o grego nao ¢ to distinto do portugues (Jé que influenciou muito o latim em sua formacao). Vale citar que, entre os gregos, quando alguma coisa ¢ incompreensivel, eles dizem que a pessoa esta “falando chines”. 30 Veja como outros povos dizem quando nao enten- dem alguma coisa: Lgl Reo © espanhol: Voc® esti falando chines alemao: Voce esta falando espanhol. o-russo: Vocé esta falando chines. 0 italiano: Voce esta falando turco. © frances: Voce esta falando hebraico. (Marcelo Duarte. 0 guia dos curiosos ‘to Paulo: Panda Book, 2008.48) Ingua portuguesa. No texto, um mesmo verbo aparece empregado varias v Quanto a locucao verbal tenham herdado: a) Qual é 0 verbo auxiliar e qual o principal? b) Que forma verbal simples (com um tnico verbo) poderia substituir toda aaaaaa o MiSsrancH a locucao, sem provocar prejuizo para o sentido do texto? Emciegoide partial pios regulares ‘- Identifique 0 tinico verbo que esta no infinitivo e reconheca os elementos reguleres, a fim de que 0 compéem: radical, vogal tematica e desinéncia do infinitivo | ampliar seu conheci- | mento sobre o em prego de um e de ou- O texto comenta 0 modo como diferentes povos se expressam quando nao , como ciisremes Dc Ga q tro tipo de participio. | entendem o que é dito. E vocé? Em situagdes desse tipo, usa a expressio “Voce \ esti falando grego” ou outra expresso? Conte para os colegas Semantica yee discurso dela 5. Leia os antincios a seguir e responda as questées eRe A i Ss ‘AmnapeEDOrGreenpeace (__) ar earona para cotegas de trabaino ) Sa 31 Estamos construindo um banco ainda melhor para vocé. (Banco Santander, por mala deta postal 16/3/2010) 1. O primeiro antincio assemelha-se a um teste de miultipla escolha. Entre as quatro alternativagl apresentadas, trés s4o constitufdas por enunciados verbais e uma por uma imagem. a) Observe a imagem do anincio e levante hipdteses: Que tipo de lugar esse? b) Por que o barco esta encalhado? 2. As quatro alternativas fazem referéncia a tipos de transporte usados pela populacao. Explique: a) O que ha em comum entre as trés primeiras alternativas? b) Que relacao ha entre as trés primeiras alternativas e a quarta alternativa? ©) Que relacdo ha entre as quatro alternativas e o enunciado “Mudaneas climaticas. Aproveite que vocé ainda tem escolha”? 3. O Greenpeace € uma organizacao nao governamental (ONG) que, em todo o mundo, luta pela preservacao do meio ambiente a) Levante hipéteses: Qual é 0 ptiblico que o antincio pretende atingir? b) O que o Greenpeace deseja estimular nos leitores? 4. Nas trés primeiras alternativas, os enunciados se iniciam com verbos. a) Em que forma nominal eles estdo? b) Essa forma nominal, no contexto, tem o sentido de acao continua ou de agdo momentanea? c) Se vocé substituisse a imagem da quarta alternativa por um enunciado verbal, qual seria ele? 5. Observe agora 0 segundo antincio e compare as duas frases abaixo, observando a mudanca de sentido provocada pela mudanca da locucao verbal. + “Estamos construindo um banco ainda melhor para voce.” * Temos construido um banco ainda melhor para voce. Em qual delas a locugao expressa um fato: a) durativo, que esta acontecendo gradativamente, no presente? b) acabado ou repetido? fx ‘ Leia este poema, de Ulisses Tavares, e responda as questdes de 6 a8 Biografia Quando sozinho, sofro, Tocando, tremo. Com gente, finjo. Vencedor, desinteresso. Se amado, fujo Vencido, odeio. Amante, disfarco. Quase morto, Permanecendo, inquieto. Vivo assustado. Calado, penso, Quase vivo, Pensando, calo. Morro de medo. Tocado, recuo. (ito de uma pando, ct) 6. Ha, no poema, particfpios com funcao de adjetivo. a) Identifique dois casos em que isso ocorre. b) Qual € 0 papel desses participios em relacao ao eu lirico do poema? 7. No poema, 0 eu lirico fala de si mesmo, Para dar ideia de como € seu mundo interior e sua relaco com o mundo, trabalha com oposicao de ideias. Observe, por exemplo, estes versos: Tocado, recuo. Tocando, tremo. a) A que formas nominais do verbo correspondem tocado e tocando? b) Qual dessas formas sugere que o eu lirico pratica a acao de tocar? E qual sugere que 0 eu lirico recebe a acdo? c) Identifique no poema outros exemplos desse tipo de oposicao. 8. O titulo do poema € “Biografia’. O que a oposicao de ideias sugere quanto ao modo como 0 eu lirico tem vivido a propria vida? tO i NA ESCRITA Leia esta tira, de Jean Galvao ‘Jean Gabo 33 1. Observe a grafia destas palavras da tira: sargento e sarjeta. As letras g e j apresentam 0 mesmo som em ambas as palavras? Qual é ele? 2. Leia em voz alta as duas sequencias de palavras seguintes, observando 0 som das letras g e j: a) Qual € o som da letra g nas palavras acima? b) Eo dalletraj? 3. O que podemos concluir a partir das respostas as questdes acima? Indique as afirmativas corretas. a) As letras ge j tem o mesmo som antes de a, e, i, 0 ¢ u. b) As letras j e g tem o mesmo som antes de € e i. c) Antes de a, 0 € u, a letra g tem o som “gué” ea letra j tem 0 som “ge”. d)Na grafia de algumas palavras da lingua portuguesa, nem sempre um som (fonema) corres- ponde a uma tnica letra. e) Na grafia das palavras da lingua portuguesa, cada som é representado por uma tnica letra. Ao responder as questdes acima, vocé observou que, na lingua portuguesa, nem sempre um fo- nema corresponde a uma tinica letra e que, no caso das letras g e j, elas podem ter o mesmo som antes de determinadas vogais e sons diferentes antes de outras. E por isso que comumente temos ditvidas quanto a grafia de palavras que apresentam os sons “ge” e “gue” Quando queremos ou precisamos produzir textos de acordo com as normas da lingua escrita e temos duivida em relagao a grafia das palavras, podemos recorrer ao dicionario. Algumas orientacoes ortograficas, porém, podem nos ajudar a empregar adequadamente essas letras Emprega-se a letra j * nas palavras de origem arabe, indigena e africana: nos verbos terminados em -jar, e em toda sua conjugacao nas palavras derivadas de outras que ja posstem ji ee | f EXERCICIOS } 1. Observe este grupo de palavras: Essas palavras sto da mesma familia, pois apresentam em comum o radical list. Forme uma familia de palavras a partir de: a) jeito b) nojo @E 2 Observe a grafia das palavras: algema contagio ultraje digestto_despejar _—projetar _lisonja__gorja Com base no quadro acima, descubra a grafia correta das palavras abaixo e escreva-as em seu caderno, © completando-as com j ou g. indiDestao ultralado —despeClado —_proCecao alDlemado contaCliante lisonCleado —_gorLleta oMiRTASE Boca a boca Vocé ja brincou de telefone sem fio? Para quem nao sabe, essa brincadeira consiste no seguinte: faz-se uma roda de pessoas e uma delas diz baixinho uma frase qualquer no ouvido da pessoa que esta a seu lado. Essa pessoa transmite o que ouviu para a pessoa ao seu lado e, assim por diante, até a tiltima pessoa da roda, que deve repetir, em voz alta, o que ouviu. Quase sempre, a frase obtida no final ¢ muito diferente da frase inicial. O que acontece nessa brincadeira ocorre também no uso cotidiano da lingua. Veja o que dizemos e o que deveria ser dito * Cor de burro quando foge. > Corro de burro quando foge! * Cuspido e escarrado (quando se ¢ muito parecido com outta pessoa). ~ Esculpido em Carrara (tipo de marmore). © Quem no tem cao, caca com gato. > Quem nao tem cao, caca como gato (ou seja, sozinho). + Batatinha quando nasce, esparrama pelo chao, —> Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chao. + Ter bicho carpinteiro. > Ter bicho pelo corpo inteiro 35

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