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GESPÚBLICA –

Programa Nacional de Gestão


Pública e Desburocratização

Gustavo Justino de Oliveira* *


Pós-Doutor em Direi-
to Administrativo pela
Universidade de Coim-
bra (Portugal). Professor
Doutor de Direito Admi-
nistrativo na Faculdade de

Decreto 5.378/2005
Direito da USP (Largo São
Francisco), onde leciona
na graduação e na pós-
-graduação. Foi Procura-
dor do Estado do Paraná
Publicado no Diário Oficial da União no dia 24 de fevereiro de 2005, o por 15 anos e hoje é Con-
sultor em Direito Adminis-
Decreto 5.378 instituiu o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburo- trativo, Constitucional e
do Terceiro Setor, em São
cratização – GESPÚBLICA e o Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão Paulo. Autor dos livros
Contrato de Gestão (Ed.
Pública e Desburocratização. RT), Consórcios Públicos
(Ed. RT), Direito Admi-
nistrativo Democrático
(Ed. Fórum), Parcerias na
Saúde (Ed. Fórum), Direi-

GESPÚBLICA to do Terceiro Setor (Ed.


Fórum) e Terceiro Setor,
Empresas e Estado (Ed.
Fórum). Autor de diversos
artigos científicos e Dire-
tor da Revista de Direito
Finalidade do Terceiro Setor – RDTS
(Ed. Fórum).

O GESPÚBLICA foi instituído com a finalidade de contribuir para a melho-


ria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o au-
mento da competitividade do país.

Para tanto, deverá contemplar a formulação e implementação de medi-


das que objetivem, de acordo com o Decreto 5.378:
Art. 2.º [...]

I - eliminar o deficit institucional, visando ao integral atendimento das competências


constitucionais do Poder Executivo Federal;

II - promover a governança, aumentando a capacidade de formulação, implementação e


avaliação das políticas públicas;

III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos recursos, relativamente
aos resultados da ação pública;

IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental, promovendo a adequação


entre meios, ações, impactos e resultados; e

V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e ética.

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Formas de participação
A participação dos órgãos e entidades da administração pública no GESPÚ-
BLICA poderá ocorrer de duas formas, por adesão, considerada pelo Decreto
como o engajamento voluntário do órgão ou entidade da administração pú-
blica no alcance da finalidade do programa, que, por meio da autoavaliação
contínua, obtenha avaliação dos resultados da sua gestão, ou, por convoca-
ção, considerada como a assinatura por órgão ou entidade da administra-
ção pública direta, autárquica ou fundacional, em decorrência da legislação
aplicável, de contrato de gestão ou desempenho, ou no engajamento no
GESPÚBLICA, por solicitação do Ministro de Estado do Planejamento, Orça-
mento e Gestão, em decorrência do exercício de competências vinculadas a
programas prioritários, definidos pelo Presidente da República.

Pessoa e organizações, públicas ou privadas, também poderão participar,


voluntariamente, das ações do GESPÚBLICA, sendo que a atuação voluntária
das pessoas é considerada serviço público relevante, não remunerado.

O símbolo
O símbolo do Programa é re-

Divulgação Secretária de Estado e


Planejamento de Finanças.
presentado pela letra Q fazendo
alusão à sua essência, qual seja,
qualidade da gestão pública e
dos serviços prestados ao cida-
dão; a cor dourada está relaciona-
da à ideia da busca do valor e do
mérito, reforçando os objetivos do
Programa; o formato de louro da
letra, aliados aos sulcos presen-
tes nos lados direito e esquerdo
da parte superior da letra lembra
que o sucesso institucional se alcança gradativamente, pelo esforço contínuo
e coletivo em direção à gestão de excelência; as cores amarela, azul e verde
foram retirados da Bandeira Nacional com o objetivo de lembrar que o pro-
grama é um instrumento nacional de cidadania, visando gerar benefícios
concretos para o país; a inscrição GESPÚBLICA, por não estar acompanhada
de qualquer referência de poder ou esfera de governo, identifica a abrangên-
cia nacional do programa.

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Caracterísiticas
As principais características da política do GESPÚBLICA são:

 Ser essencialmente pública – formulada a partir da premissa de que


a gestão dos órgãos e entidades públicos pode e deve ser excelente e
ser comparada com padrões internacionais de qualidade em gestão,
mas não pode nem deve deixar de ser pública.
 Estar focada em resultados para os cidadãos – a Gestão Pública
deve estar focada ao atendimento total ou parcial das demandas da
sociedade.
 Ser federativa – a base conceitual e os instrumentos do programa se
aplicam a toda Administração Pública em todos os poderes e esferas
de governo.

Modelo de excelência em Gestão Pública


Prevê o Decreto 5.378/2005 que os critérios de avaliação de gestão dos
quais trata serão estabelecidos em consonância com o modelo de excelência
em gestão pública (art. 4.º).
O referido modelo auxilia as organizações públicas que estão em busca
de transformação gerencial rumo à excelência da gestão, visando aumentar
a eficiência, a eficácia, a efetividade e a relevância nas ações executadas pelo
sistema de gestão.
Tem como base os princípios constitucionais da Administração Pública,
previstos no artigo 37 da Constituição da Reública, e como pilares os funda-
mentos da excelência gerencial contemporânea.
De maneira sintética, são fundamentos da excelência gerencial contem-
porânea:

 Pensamento sistêmico – consiste no entendimento das relações de


interdependência entre os diversos componentes de uma organiza-
ção, bem como entre a organização e o ambiente externo, com foco
na sociedade.

 Aprendizado organizacional – representado pela busca contínua e


alcance de novos patamares de conhecimento, individuais e coletivos,
por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de in-
formações e experiências.

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 Cultura da inovação – o modelo deve buscar a promoção de um am-


biente favorável à criatividade, à experimentação e à implementação
de novas ideias que possam gerar um diferencial para a atuação da
organização.

 Liderança e constância de propósitos – imprescindível, pois a alta


administração deve atuar como mentora, precisa ter visão sistêmica e
abrangente, ultrapassando as fronteiras da organização e as restrições
de curto prazo, mantendo comportamento ético e habilidade de nego-
ciação, liderando pelo exemplo. A ação de liderança deve conduzir ao
cumprimento da missão e alcance da visão de futuro da organização.

 Orientação por processos e informações – a tomada de decisões e


a execução de ações devem ter como base medição e análise do de-
sempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis.
Os fatos e dados gerados em cada um desses processos, bem como
os obtidos externamente à organização, transformam- se em informa-
ções que subsidiam a tomada de decisão e alimentam a produção de
conhecimentos. Esses conhecimentos dão à organização pública alta
capacidade para agir e poder para inovar.

 Visão de futuro – está diretamente relacionada à capacidade de es-


tabelecer um estado futuro, desejado que dê coerência ao processo
decisório e que permita à organização antecipar-se às necessidades e
expectativas dos cidadãos e da sociedade. Inclui, também, a compre-
ensão dos fatores externos que afetam a organização com o objetivo
de gerenciar seu impacto na sociedade.

 Geração de valor – gerar valor para todas as partes interessadas sig-


nifica aprimorar relações de qualidade e assegurar o desenvolvimento
da organização.

 Comprometimento com as pessoas – compreende a melhoria da


qualidade nas relações de trabalho, para que as pessoas se realizem
tanto profissionalmente quanto na vida pessoal, maximizando seu
desempenho por meio de oportunidades para o desenvolvimento de
suas competências e a prática do incentivo ao reconhecimento.

 Foco no cidadão e na sociedade – a gestão deve direcionar suas


ações públicas para atender, de forma regular e contínua, as necessi-
dades dos cidadãos e da sociedade, na condição de sujeitos de direi-
tos e como beneficiários dos serviços públicos e destinatários da ação

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decorrente do poder de Estado exercido pelas organizações públicas;


tem que alinhar suas ações e resultados às necessidades e expectati-
vas dos cidadãos e da sociedade e antecipar suas necessidades futu-
ras, o que implica estabelecer um compromisso com a sociedade no
sentido de fazer o melhor no cumprimento da sua missão institucional
considerando o interesse público.

 Desenvolvimento de parcerias – o modelo de gestão deve desenvol-


ver atividades junto a outras organizações com objetivos específicos
comuns, buscando o pleno uso das suas competências complemen-
tares para o desenvolvimento de sinergias, expressas em trabalhos de
cooperação e coesão; tais parcerias podem ser com clientes, fornece-
dores, organizações de cunho social, ou mesmo com competidores e
são baseadas em benefícios mútuos claramente identificados.

 Responsabilidade social – a organização deve ter sua atuação volta-


da para assegurar às pessoas a condição de cidadania com garantia de
acesso aos bens e serviços essenciais e, ao mesmo tempo, tendo como
princípios gerenciais a preservação da biodiversidade e dos ecossis-
temas naturais potencializando a capacidade das gerações futuras,
atender suas próprias necessidades; trata-se do exercício constante da
consciência moral e cívica da organização, advinda da ampla compre-
ensão de seu papel no desenvolvimento da sociedade.

 Controle social – deve atuar de maneira a permitir e estimular a par-


ticipação das partes interessadas no planejamento, acompanhamento
e avaliação das atividades da Administração Pública e na execução das
políticas e programas públicos. A transparência e a participação social
são os requisitos fundamentais para a efetivação do controle social.
Propiciar transparência significa democratizar o acesso às informações
sobre o funcionamento da organização, o que implica: a) disponibilizar
informações sobre as ações públicas em condições de serem entendi-
das, interpretadas e que possibilitem efetivamente o controle social; b)
tornar acessíveis aos cidadãos as informações sobre o funcionamento
da Administração Pública.
Participação social é ação democrática dos cidadãos nas decisões e
ações que definem os destinos da sociedade.

 Gestão participativa – estilo de gestão que determina uma atitude


gerencial da alta administração que busque o máximo de cooperação
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das pessoas, reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado


de cada um e harmonizando os interesses individuais e coletivos a fim
de conseguir a sinergia das equipes de trabalho.

Abaixo figura colhida no documento de referência para o GESPÚBLICA


criado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que ilustra a
missão do Programa em resultados:

IESDE Brasil S.A.


Missão
Por que existimos
Promover a excelência em Gestão Pública, visando contribuir para a melhoria
da qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão e para o aumento
da competitividade do país.

Visão
O que queremos ser
Até 2015, a excelência em Gestão Pública deverá ser um valor preservado
pelas instituições públicas e requerido pelo cidadão.

Estratégia
Nosso plano de jogo
Mobilizar pessoas e organizações voluntárias para atuarem como agentes
transformadores da Gestão Pública brasileira.

Implementação e foco
Pessoas e
Ganho social Usuários Processos Sustentabilidade
aprendizado

Iniciativas estratégicas
O que precisamos fazer

Criar valor Garantir a fidelidade Construir organizações Ter pessoas motivadas Garantir a
público para e conquistar novos de alto desempenho. e comprometidas com expansão do
o cidadão. usuários. o GESPÚBLICA. GESPÚBLICA.

Objetivos pessoais
O que eu posso fazer

Resultados estratégicos

Valor público Órgãos e entidades Processos Força de trabalho Sustentabilidade


gerado para a públicas participantes produtivos e eficaz, motivada e do GESPÚBLICA
sociedade. do GESPÚBLICA. de qualidade. tecnologicamente garantida.
preparada.

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Comitê Gestor do Programa Nacional


de Gestão Pública e Desburocratização
Instituído também pelo Decreto 5.378/2005, o Comitê tem o objetivo de
formular o planejamento das ações do GESPÚBLICA, bem como coordenar a
execução dessas ações.

Composto por um representante do Ministério do Planejamento, Orça-


mento e Gestão, por um representante da Casa Civil da Presidência da Re-
pública e por representantes de 15 órgãos ou entidades da Administração
Pública, com notório engajamento em ações ligadas à qualidade de gestão,
as quais serão indicadas pelo representante do Ministério do Planejamento
que também coordenará o Comitê.

O mandato dos seus membros será de dois anos, permitida a


recondução.

O Decreto 5.378 assinala em seu artigo 9.º as competências do Comitê


Gestor, quais sejam:
Art. 9.º [...]

I - propor ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão o planejamento


estratégico do GESPÚBLICA;

II - articular-se para a identificação de mecanismos que possibilitem a obtenção de


recursos e demais meios para a execução das ações do GESPÚBLICA;

III - constituir comissões setoriais e regionais, com a finalidade de descentralizar a gestão


do GESPÚBLICA;

IV - monitorar, avaliar e divulgar os resultados do GESPÚBLICA;

V - certificar a validação dos resultados da autoavaliação dos órgãos e entidades


participantes do GESPÚBLICA; e

VI - reconhecer e premiar os órgãos e entidades da Administração Pública, participantes


do GESPÚBLICA, que demonstrem qualidade em gestão, medida pelos resultados
institucionais obtidos.

Dicas de estudo
 Carta de Brasília sobre Gestão Pública; Carta conjunta do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e do Conselho Nacional de Secre-

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tários Estaduais de Administração – Consad por ocasião do Congresso


do Consad;

 Resolução 1 – Comitê Gestor, de 28 de fevereiro de 2007 – Código de


Ética do GESPÚBLICA.

 Acessar o site do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocra-


tização: <www.gespublica.gov.br>.

Referências
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão.
Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA; Prêmio
Nacional da Gestão Pública – PQGF; Documento de Referência; Fórum Nacional
2008/2009 – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Subsecretaria de
Planejamento, Orçamento e Gestão. Brasília: MP, Seges, 2009.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. GESPÚBLICA. Disponí-


vel em: <www.gespublica.gov.br/>. Acesso em: 24 maio 2010.

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