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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0035.10.000401-5/002 Númeração 0004015-


Relator: Des.(a) Barros Levenhagen
Relator do Acordão: Des.(a) Barros Levenhagen
Data do Julgamento: 17/10/2013
Data da Publicação: 23/10/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO - ADMINISTRATIVO - EXONERAÇÃO


DE SERVIDOR A PEDIDO - RETRATAÇÃO ANTERIOR À PUBLICAÇÃO
DO ATO - REINTEGRAÇÃO AO CARGO - DIREITO ASSEGURADO -
CONFIRMAÇÃO DA SENTENÇA.

- O servidor público demissionário tem direito à reintegração ao cargo em


caso de retratação do pedido de exoneração, desde que anterior à
publicação do respectivo ato administrativo.

- Sentença confirmada no reexame necessário.

REEXAME NECESSÁRIO-CV Nº 1.0035.10.000401-5/002 - COMARCA DE


ARAGUARI - REMETENTE: JD 3 V CV COMARCA ARAGUARI -
AUTOR(ES)(A)S: VINICIUS DE MORAIS - RÉ(U)(S): ESTADO DE MINAS
GERAIS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
à unanimidade, em REEXAME NECESSÁRIO, CONFIRMAR A SENTENÇA.

DES. BARROS LEVENHAGEN

RELATOR.

DES. BARROS LEVENHAGEN (RELATOR)

VOTO

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Trata-se de REEXAME NECESSÁRIO da sentença proferida pelo


MM. Juiz de Direito Márcio José Tricote às fl. 88/100, que, nos autos da
AÇÃO ORDINÁRIA proposta por VINÍCIUS DE MORAIS contra o ESTADO
DE MINAS GERAIS, julgou parcialmente procedente o pedido inicial para
condenar o requerido a reintegrar o autor no cargo efetivo de auxiliar de
educação, anteriormente lotado no Conservatório Estadual de Música de
Araguari, bem como para declarar lícito o pedido de desistência do processo
de exoneração em trâmite e condenar o réu ao pagamento dos vencimentos
e demais vantagens ao autor, a serem computados a partir da reintegração a
cargo, que deverá ocorrer no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contados
da intimação da decisão, sob pena de multa diária.

O referido julgado condenou, ainda, o Estado ao pagamento de


honorários advocatícios, fixados em R$ 1.100,00 (um mil e cem reais).

Os autos subriam à Corte por força do duplo grau obrigatório.

É o relatório.

Conheço do recurso voluntário, presentes os pressupostos de


admissibilidade.

Versa a lide sobre o alegado do direito do autor a ser reintegrado a


seu cargo, em razão da retratação do pedido de exoneração.

Compulsando os autos, verifica-se que o autor tomou posse e


entrou em exercício na data de 12/12/1994, no cargo de Auxiliar de
Educação, em virtude de aprovação em concurso público. Em 18/10/2004,
requereu sua exoneração para firmar contrato temporário com o Estado de
Minas Gerais, através da Secretaria de Defesa Social, lotado no Presídio de
Araguari, ao argumento de que perceberia vencimentos maiores. Todavia,
em 01/10/2009, dito

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contrato foi rescindido. Ocorre que, em 19/11/2009, quando ainda não havia
sequer sido apreciado seu pedido de exoneração, optou por retratar-se da
exoneração a pedido. Registre-se que somente em 26/03/2010 foi publicada
a exoneração do servidor, quatro meses, portanto, após a retratação.

Cumpre apreciar, inicialmente, a ocorrência da prescrição da


pretensão do servidor à reintegração.

Como é cediço, aplica-se, 'in casu', a prescrição quinquenal prevista


no art. 1º, do Decreto nº 20.910/32, 'in verbis':

"Art. 1º. As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem
assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, estadual ou
municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados
da data do ato ou fato do qual se originarem."

Assim, o prazo prescricional da pretensão de declaração da


legalidade de seu pedido de retratação somente teria início em 19/11/2009,
quando o formulou. Como a presente ação foi ajuizada em 12/01/2010 (fl.
02v), a pretensão não foi alcançada pela prescrição.

Meritoriamente, havendo retratação do pedido de exoneração,


antes da apreciação do expediente administrativo, surge o dever do Estado
de Minas Gerais de reintegrar o servidor, haja vista que o ato não se
aperfeiçoou.

Conforme oportunamente anotado na bem lançada sentença (fl.


96), o Superior Tribunal de Justiça, julgando caso idêntico (AgRg no Resp nº
245.516/MG) assentou que "regida a Administração pelo princípio da
publicidade de seus atos, estes somente têm eficácia depois de verificada
aquela ocorrência, razão pela qual, retratando-se o servidor, antes de vir a
lume o ato de vacância (posse em outro cargo), sua situação funcional deve
retornar ao 'statu quo ante', vale dizer, subsiste a ocupação do cargo
primitivo."

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Em outras palavras, o ato de retratação invalida a declaração de


vontade anterior de demissão do serviço público. Some-se que a inércia da
Administração Pública em apreciar os pedidos, seja de exoneração, seja de
retratação, não ensejou a vacância do cargo, de molde a permitir o retorno
de seu antigo titular.

Com relação aos honorários advocatícios, consoante norma inserta


no art. 20, § 4º, do CPC, "Nas causas de pequeno valor, nas de valor
inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a
Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão
fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das
alíneas, "a", "b" e "c" do parágrafo anterior."

Neste particular, a avaliação subjetiva feita pelo Magistrado "a quo",


levou em consideração as peculiaridades do caso concreto, pois remunera
de forma justa e proporcional o labor do ilustre causídico que patrocinou a
causa do autor

Com estas considerações, NO REEXAME NECESSÁRIO,


CONFIRMO A D. SENTENÇA MONOCRÁTICA.

Custas, "ex lege".

DES. VERSIANI PENNA (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DESA. ÁUREA BRASIL - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NO REEXAME NECESSÁRIO, CONFIRMARAM A


SENTENÇA"

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