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CLONAGEM HUMANA
ENFOQUE JURÍDICO

Romanos 4.15; 2.14; 13.1-7

Objetivo do estudo:
Mostrar a falta de legislação específica sobre este assunto; a possibilidade de analogia
com legislações similares, e buscar uma aplicação bíblica.

INTRODUÇÃO
Os textos da Epístola aos Romanos acima mencionados lançam bastante luz sobre
um enfoque jurídico e legal do assunto "clonagem". No capítulo 13, o apóstolo Paulo
fala da necessidade do cristão estar sujeito às autoridades constituídas.

Naturalmente, elas controlam e regulamentam a sociedade, a despeito de alguns


abusos que às vezes ocorrem por se desprezarem certos princípios morais. Mas Paulo
mostra que elas são constituídas por Deus, ou, no mínimo, são permitidas por Deus.

No capítulo 4, temos a máxima que Paulo esboça de que "onde não há lei, não há
transgressão" (4.15), e isto faz parte de um brocardo jurídico que diz: "se não há lei,
não há crime". O capítulo 2 procura argumentar que, mesmo não tendo leis formais,
como os judeus, alguns gentios seguiam leis naturais e procuravam fazer o que era
correto.

Todos estes princípios bíblicos nos ajudarão no enfoque jurídico que vamos fazer
sobre a clonagem humana, assunto novo, e outros assuntos da bioética, que ainda
não estão regulamentados por leis específicas, mas que reclamam uma
regulamentação urgente.

1 - ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
Quando nossa atual Constituição foi elaborada e aprovada, o primeiro ser humano
gerado em proveta (in vitro), uma menina, estava com cerca de 10 anos. Hoje está
com 23 anos e tem vida normal.

Apesar disso, a nossa Carta Magna não entrou em detalhes sobre assuntos genéticos,
mesmo sendo este um passo decisivo para a clonagem. No entanto, deixou um inciso
no art. 225 sobre genética que dá condições para qualquer regulamentação.

Trata-se do inciso II, do parágrafo 1°., do art. 225, que diz: "Para assegurar a
efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: Inciso II: Preservar a diversidade
e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
pesquisa e manipulação de material genético".

1.1. Regulamentação da Lei Constitucional


Só em 1995, esta lei Constitucional foi regulamentada pela Lei no. 8.974, de 5 de
Janeiro que, dentre outras coisas, autorizou o Poder Executivo a criar, no âmbito da
Presidência da República, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

Logo depois, o Decreto no. 1.752, de 20 de dezembro de 1995, regulamentou esta lei
e criou a Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio), que ficou subordinada ao
Ministério da Ciência e Tecnologia.

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Pelo seu art. 8°., inciso II, entende-se que esta lei não permite o uso de "células
germinais humanas", processo que foi usado, por exemplo, na clonagem da ovelha
Dolly. E nada mais específico sobre clonagem surgiu.

1.2. Sansões penais


A referida lei 8.974 prevê pena de detenção de três meses a um ano, para o caso de
manipulação genética de células germinais humanas.

No caso de produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos


destinados a servirem como material biológico disponível, prevê pena de reclusão, de
seis a vinte anos (Art. 13, incs. I e III).

1.3. Resolução do Conselho Federal de Medicina.


A Resolução CFM no. 1.358/92, que trata de Normas Éticas para Utilização das
Técnicas de Reprodução Assistida, no seu art. 5°., diz: "é proibida a fecundação de
oócitos humanos (óvulo antes da formação do glóbulo polar), com qualquer outra
finalidade que não seja a procriação humana".

A legislação não é específica sobre clonagem, mas esta parte, com certeza, pode ser
aplicada a ela.

1.4. Leis e analogia


As leis sobre Reprodução Assistida, como é o caso da fertilização in vitro (proveta),
trazem várias regulamentações da área, e algumas podem ser usadas
analogicamente, em determinadas fases da clonagem, como é o caso do uso do útero
de uma mulher para a gestação.

Vai surgir também o problema de embriões que deverão ser rejeitados por questões
de seleções genéticas, e que vão ocasionar aborto, mesmo ainda em laboratório, e
outros problemas análogos.

Mesmo assim, se a clonagem humana tornar-se um ato rotineiro, o que parece que vai
acontecer, leis específicas terão que surgir, quer proibindo, quer regulamentando para
limitar e controlar.

1.5. Outras implicações legais que poderão surgir.


No processo científico da clonagem, pronta a fecundação, o embrião terá que ser
implantado no útero de uma mulher para gestação. Só aqui já podemos prever vários
problemas que poderão eclodir:

• Cobrança de aluguel do útero - é legal ou não? Haverá cobrança ou será


voluntário o trabalho?

• Contrato de gestação, para evitar faturas manobras da mãe que desenvolverá


a gestação. Na hipótese de fertilização in vitro, tem havido vários casos em que
as "mães" questionam o direito da sua maternidade, depois que a criança
nasce.

• E se a mulher tiver problemas incontornáveis com a gravidez, poderá haver


um aborto para salvar a vida da mãe?

• E o clone? Se der certo, será a cópia da outra pessoa. Terá ele direitos
hereditários? Será herdeiro de bens do irmão-cópia?

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• E o registro civil do novo ser? Será filho de quem? Quem será o pai e quem
será a mãe?

• Suponhamos que o doador, que quis obter uma cópia de si mesmo, morra
durante o processo de desenvolvimento da clonagem. Ou, o que é pior, que os
cientistas e o laboratório desapareçam ou seja levado à falência, no período da
gestação. Quem será o responsável pelo novo ser?

CONCLUSÃO
Estes são alguns poucos questionamentos que podemos agrupar no momento. Assim,
desde a decisão legal de permitir ou não permitir a clonagem humana, até às
regulamentações de todo o procedimento e de todas as suas consequências, haverá
ainda muita discussão.

Legislações específicas deverão surgir. Mas antes, é preciso que haja uma ampla
discussão do assunto, principalmente no campo ético, pois a lei não pode atentar
contra os princípios éticos.

PONTOS PARA DISCUTIR


1. Que tem a ver uma legislação reguladora com os planos de Deus sobre este
assunto?
2. De acordo com o princípio esboçado por Paulo de que "onde não há lei também não
há transgressão" (Rm 4.15), não havendo lei para regulamentar a clonagem, poderá
ela ser praticada sem maiores problemas?
3. Mesmo que surja uma lei autorizando a clonagem, seria ela também permitida por
Deus?

AUTOR: DAMY FERREIRA

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