Você está na página 1de 12

Capı́tulo 6

Distribuições

Introduzem-se os conceitos de espaço de funções de teste e de distribuição ou


função generalizada. Estudam-se algumas das propriedades das distribuições
e estuda-se a distribuição delta de Dirac. Introduz-se a derivação no sentido
das distribuições e relacionam-se as distribuições com as séries de Fourier.

6.1 Funcionais lineares e distribuições


O conceito de distribuição generaliza o de função. As distribuições ou funções
generalizadas surgem no estudo de interacções fortemente localizadas. É o
caso, por exemplo, do estudo de campos eléctricos produzidos por partı́culas
pontuais carregadas.
Seja ϕ uma função com domı́nio em R (ou Rn ) e de suporte compacto,
isto é, o fecho do conjunto {x : ϕ(x) �= 0} é compacto. Suponha-se ainda
que existem todas as derivadas parciais de ϕ(x) e que são contı́nuas. Esta
classe de funções é designada por Cc∞ (R). Para abreviar a notação vamos
escrever D := Cc∞ (R). O conjunto D tem uma estrutura de espaço vectorial
e é designado por espaço de base das distribuições ou espaço das funções de
teste.
Um exemplo de uma função ϕ ∈ D é

a2

ϕ(x) = e x2 −a2 |x| ≤ a (6.1)


0 |x| > a

Na figura 6.1 estão representados os gráficos das funções de teste ϕ(x) e ϕ� (x),
para a = 1.
Uma sucessão de elementos {ϕn } ∈ D converge para ϕ ∈ D, ou seja, {ϕn }
converge em D se,

65
66 CAPÍTULO 6. DISTRIBUIÇÕES

a) Os suportes de todos os ϕn estão contidos num conjunto limitado de R.


(p)
b) As derivadas de todas as ordens de ϕn — ϕn — convergem para as
(p)
derivadas de ϕ, ϕn → ϕ(p) , quando n → ∞.

0.35
!'!x"
0.30 !!x" 0.5
0.25
0.20
0.0
0.15
0.10
"0.5
0.05
0.00
"1.0 "0.5 0.0 0.5 1.0 "1.0 "0.5 0.0 0.5 1.0
x x

Figura 6.1: Gráficos das funções de teste ϕ(x) e ϕ� (x), em que ϕ(x) é dada
por (6.1), com a = 1.

Seja D o espaço das funções de teste. Um funcional linear contı́nuo ou


distribuição é uma aplicação F : D → C que obedece a:

a) F (aϕ) = aF (ϕ), com a ∈ C, e ϕ ∈ D.

b) F (ϕ + ψ) = F (ϕ) + F (ψ) com ϕ, ψ ∈ D (linearidade).

c) F (ϕn ) → F (ϕ) sempre que {ϕn } → ϕ ∈ D (continuidade1 ).

O conjunto das distribuições sobre D designa-se por D� . Se ϕ ∈ D, então


F ∈ D� . Muitas vezes também se usam as notações, D(R), D� (R), D(Ω) e
D� (Ω), em que Ω é um conjunto aberto de R.
Vejamos um exemplo de distribuição — distribuição regular. Seja f uma
função localmente integrável e contı́nua em R, isto é, f é integrável sobre
qualquer conjunto limitado de R, f ∈ L1loc (R). O funcional linear contı́nuo
(ou distribuição) gerado por f é definido como,
� +∞
Ff (ϕ) = f (x)ϕ(x)dx (6.2)
−∞

O funcional Ff designa-se distribuição regular. A linearidade decorre da


linearidade do integral, bastando verificar a continuidade de Ff (ϕ). Suponha-
se que {ϕn } → ϕ, e que o suporte das funções ϕn está contido num conjunto
A continuidade de um função num ponto pode ainda ser definida do seguinte modo:
1

Um função f : I ⊂ R → R é contı́nua no ponto a ∈ I, se f (xn ) → f (a), sempre que


xn → a.
6.1. FUNCIONAIS LINEARES E DISTRIBUIÇÕES 67

limitado [a, b] ∈ R. Então,


� b
|Ff (ϕn ) − Ff (ϕ)| = | f (x)(ϕn (x) − ϕ(x))dx|
a
� b
≤ |f (x)|.|ϕn (x) − ϕ(x)|dx
a

Como f (x) é contı́nua em [a, b] ∈ R, existe uma constante M que majora f .


Assim, quando n → ∞,
� b
|Ff (ϕn ) − Ff (ϕ)| ≤ M |ϕn (x) − ϕ(x)|dx → 0
a

Através de (6.2), mostrámos então que uma função localmente integrável e


contı́nua define uma distribuição. Muitas vezes, por abuso de linguagem,
confunde-se a distribuição com a função que a gera.
No entanto, existem funcionais lineares contı́nuos ou distribuições que não
podem ser postos na forma (6.2). É o caso das distribuições não regulares.
Suponha-se ϕ ∈ D e seja o funcional definido por,

F (ϕ) = ϕ(0) (6.3)

Esta relação define uma distribuição, pois,


a) F (aϕ) = aϕ(0) = a F (ϕ).

b) F (ϕ + ψ) = (ϕ + ψ)(0) = ϕ(0) + ψ(0), pois, D é um espaço vectorial.

c) Se, ϕn → ϕ em D, F (ϕn ) = ϕn (0) → ϕ(0), ou seja, F (ϕn ) → F (ϕ).


A relação (6.3) define uma distribuição não regular que se designa por
distribuição δ de Dirac.
Vejamos então como construir a distribuição definida por (6.3). De acordo
com a definição de distribuição, diz-se que uma sucessão de distribuições
{Fn (ϕ)} = {Ffn (ϕ)} converge para uma distribuição Ff (ϕ) se, para todo o
ϕ ∈ D, o integral � +∞
fn (x)ϕ(x)dx
−∞

é convergente. Note bem que, sendo o integral anterior convergente, usa-se


a notação, � +∞ � +∞
fn (x)ϕ(x)dx −→ f (x)ϕ(x)dx
−∞ −∞

mas, f (x) pode não definir uma função no sentido usual do termo.
68 CAPÍTULO 6. DISTRIBUIÇÕES

Seja então a sucessão de funções, figura 6.2,



n −nx2
fn (x) = e
π
e a sucessão de distribuições regulares,
� � +∞
n 2
Fn (ϕ) = e−nx ϕ(x)dx
π −∞

em que ϕ(x) ∈ D.
2.0

1.5 f10 !x"

1.0

0.5
f2 !x"

0.0
!2 !1 0 1 2
x

Figura 6.2: Sucessão de funções que convergem para a distribuição delta de


Dirac.

Vejamos então as propriedades da sucessão de distribuições regulares


{Fn (ϕ)}. Como,
� � +∞ � � +∞ √
n −nx2 n 1 2 √
e dx = √ e−( nx) d( nx)
π −∞ π n −∞
� +∞
1 2 1 √
= √ e−y dy = √ π=1
n −∞ π

vamos mostrar que limn→∞ |Fn (ϕ) − ϕ(0)| = 0. Ora,


�� +∞ �
� �
|Fn (ϕ) − ϕ(0)| = �� fn (x)ϕ(x)dx − ϕ(0)��
��−∞ � +∞ �
� +∞ �
= �� fn (x)ϕ(x)dx − ϕ(0)fn (x)dx��
��−∞ −∞

� +∞ �
= �� fn (x)(ϕ(x) − ϕ(0))dx��
� −∞
+∞
≤ |ϕ(x) − ϕ(0)| .|fn (x)|dx
−∞
6.1. FUNCIONAIS LINEARES E DISTRIBUIÇÕES 69

Mas como, |ϕ(x) − ϕ(0)| = φ� (ξ)|x| ≤ M |x|, pois ϕ ∈ D, tem-se que,


� +∞ � � +∞
n 2
|Fn (ϕ) − ϕ(0)| ≤ M |x|.|fn (x)|dx = 2M xe−nx dx
−∞ π 0
� �+∞
n 1 −nx2 �� M
= −2M e � =√
π 2n 0 nπ
e portanto, quando n → ∞,
M
|Fn (ϕ) − ϕ(0)| ≤ √ −→ 0 .

Então, a distribuição limite de Ffn (ϕ) obedece a F (ϕ) = ϕ(0). Como,

fn (x) → 0 se x �= 0
fn (0) → ∞
define-se a função generalizada ou distribuição,

0 se x �= 0
δ(x) :=
+∞ se x = 0.
A distribuição assim construı́da é o funcional linear,
� +∞ � +∞
Fδ (ϕ) = lim fn (x)ϕ(x)dx = δ(x)ϕ(x)dx = ϕ(0) .
n→+∞ −∞ −∞

A distribuição Fδ (ϕ) designa-se por distribuição delta de Dirac. Como


é uso corrente, confunde-se a distribuição Fδ (ϕ) com a função generalizada
δ(x) e, por abuso de linguagem, diz-se que δ(x) é a distribuição delta de
Dirac. � 2
Por exemplo, com fn (x) = πn e−nx , vem que,
 
� x � x  0 (x < 0) 
lim fn (x)dx = δ(y)dy = 1/2 (x = 0) = H(x)
n→∞ −∞ −∞  
1 (x > 0)
e faz sentido escrever simbolicamente, δ(x) = H � (x). Por outro lado, fazendo
x → ∞ no integral anterior, obtem-se,
� ∞
δ(y)dy = 1
−∞

e a distribuição δ(x) tem o significado de uma densidade de medida con-


centrada num ponto. Daı́ o nome de distribuição, distribuição de cargas ou
distribuição de massas.
70 CAPÍTULO 6. DISTRIBUIÇÕES

A abordagem da teoria das distribuições que estamos a apresentar sim-


plifica-se bastante pelo facto das funções de teste serem consideradas como
funções de suporte limitado. De facto, todos os resultados apresentados são
válidos quando as funções de teste decrescem muito rapidamente para zero
quando x → ±∞. Nestas condições, as distribuições construı́das designam-se
por distribuições temperadas.

6.2 Derivadas de distribuições


Vamos agora definir a distribuição derivada de uma distribuição Ff (ϕ) como,
� +∞
d
Ff (ϕ) : = f � (x)ϕ(x)dx (6.4)
dx −∞

em que ϕ ∈ D e f � (x) tem apenas um caracter simbólico. Se Ff (ϕ) é uma


distribuição regular e a função f é diferenciável, então a definição anterior faz
sentido. No entanto, se f (x) não é uma função, por exemplo, f (x) = δ(x),
ou se em geral f ∈ L1loc (R), pode-se olhar para a definição anterior como,
� +∞ � +∞

f (x)ϕ(x)dx = lim fn� (x)ϕ(x)dx
−∞ n→∞ −∞

em que a sucessão {fn� (x)} está bem definida. Desta maneira, podemos es-
crever simbolicamente,
� +∞ � +∞
d �
Ff (ϕ) = +∞
f (x)ϕ(x)dx = f (x)ϕ(x)|−∞ − f (x)ϕ� (x)dx
dx � +∞
−∞ −∞

= − f (x)ϕ (x)dx
−∞
(6.5)
pois, como ϕ ∈ D, ϕ(±∞) = 0. Vamos então partir de (6.5) para definir a
derivada de uma distribuição.
A derivada da distribuição Ff (ϕ) é o funcional linear contı́nuo definido
por,
d
Ff (ϕ) := −Ff (ϕ� ) (6.6)
dx
e a derivada da função que gera a distribuição não intervém na definição.
Isto elimina os problemas que se encontram quando se deriva uma função
generalizada ou uma função com discontinuidades e localmente integrável.
Para que a derivação no sentido das distribuições faça sentido com a nossa
intuição de derivada, temos de verificar que, para distribuições regulares, a
6.2. DERIVADAS DE DISTRIBUIÇÕES 71

definição (6.4) é consistente com a definição (6.6). Então, se f (x) é uma


função contı́nua e diferenciável,
� +∞
d
Ff (ϕ) := − f (x)ϕ� (x)dx
dx −∞ � +∞
= −f (x)ϕ(x)|−∞ + +∞
f � (x)ϕ(x)dx
� +∞ −∞

= f (x)ϕ(x)dx = Ff � (x)
−∞

isto é, a derivada da distribuição regular gerada por f é igual à distribuição


gerada por f � .
Lema 6.1. a) Uma distribuição tem derivadas de todas as ordens,
dn
Ff (ϕ) = (−1)n Ff (ϕ(n) )
dxn
em que ϕ ∈ D.
b) Se uma sucessão de distribuições {Ffn } converge para a distribuição {Ff },
então, {Ffn� } converge para a distribuição Ff � .
Vejamos um exemplo. Seja a função de Heaviside,

1 se x>0
Heav (x) =
0 se x≤0

Então, a distribuição regular associada é,


� +∞ � +∞
FHeav (ϕ) = Heav (x)ϕ(x)dx = ϕ(x)dx
−∞ 0

e, � +∞
d
FHeav (ϕ) = − ϕ� (x)dx = −ϕ(x)|+∞
0 = ϕ(0)
dx 0
d
Donde se conclui que, F
dx Heav
(ϕ)é a distribuição δ de Dirac. Então, a
derivada da distribuição gerada pela função de Heaviside é a distribuição
delta de Dirac, ou seja,
� +∞
d
FHeav (ϕ) = δ(x)ϕ(x)dx (6.7)
dx −∞

d
A expressão (6.7) escreve-se simbolicamente na forma dx Heav(x) = δ(x).
Vejamos o que se passa para funções com uma infinidade numerável de
discontinuidades.
72 CAPÍTULO 6. DISTRIBUIÇÕES

1.2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
xi!1 xi xi"1 xi"2
!0.2
0 1 2 3 4 5
x

Figura 6.3: Gráfico de uma função com uma infinidade numerável de discon-
tinuidades isoladas.

Suponha-se que f (x) tem uma infinidade numerável de discontinuidades


isoladas, figura 6.3. Isto é, nos pontos xi , f (xi +) �= f (xi −). Vamos então
calcular a derivada de f (x) no sentido das distribuições.
� +∞ +∞ �
� xi
d �
Ff (ϕ) = − f (x)ϕ (x)dx = − f (x)ϕ� (x)dx
dx −∞
� � � xi xi−1
i=−∞
� −
= − f (x)ϕ(x) �xxii−1 + +

f (x)ϕ(x)dx
i i xi−1
+∞
� � +∞
= − (f (xi −)ϕ(xi ) − f (xi−1 +)ϕ(xi−1 )) + f � (x)ϕ(x)dx
i=−∞ −∞
+∞
� � +∞
= ϕ(xi ) (f (xi +) − f (xi −)) + f � (x)ϕ(x)dx
i=−∞ −∞
� � +∞
= Ff � (ϕ) + (f (xi +) − f (xi −)) δ(x − xi )ϕ(x)dx
i −∞

ou seja, no sentido das distribuições,


+∞

d �
f (x) = f (x) + hi δ(x − xi )
dx i=−∞

em que hi = (f (xi +) − f (xi −)) são constantes.


Vejamos um exemplo. Seja a função,
� π−x
2
0≤x≤π
f (x) = π+x (6.8)
− 2 −π ≤x<0

Como f (x) é uma função ı́mpar, figura 6.4, os únicos coeficientes de Fourier
6.2. DERIVADAS DE DISTRIBUIÇÕES 73

não nulos são os coeficientes bn = 1/n, com n ≥ 1, e,


+∞
� sin nx
f (x) = (6.9)
n=1
n

A série (6.9) é convergente, em todo o eixo real, para uma função periódica de
perı́odo 2π, com uma infinidade numerável de discontinuidades em x = 2πn,
com n ∈ Z.

!1

!2
!3 !2 !1 0 1 2 3
x

Figura 6.4: Gráfico da função (6.8).

A derivada de f (x), no sentido das distribuições, é,


+∞
� +∞

d 1
f (x) = − + πδ(x − 2πk) = cos nx
dx 2 k=−∞ n=1

donde resulta que,


∞ +∞
1 1� �
+ cos nx = δ(x − 2πk) (6.10)
2π π n=1 k=−∞

A relação (6.10) define a série de Fourier da distribuição δ de Dirac.


De facto, a função generalizada ou distribuição δ(x), restringida ao inter-
valo [−π, π], pode ser escrita na forma de uma série de Fourier, no sentido
das distribuições. Assim, com,
� π
1
bn = δ(x) sin xn dx = 0
π −π
� π
1 1 1
an = δ(x) cos nx dx = cos 0 =
π −π π π
74 CAPÍTULO 6. DISTRIBUIÇÕES

a série de Fourier da função δ(x) é,



1 1�
δ(x) = + cos kx|[−π,π] .
2π π k=1

Como a função cos(kx) está definida para todo o eixo real, tem-se então que,
+∞
� ∞
1 1�
δ(x − 2πk) = + cos kx . (6.11)
k=−∞
2π π k=1

Mostra-se assim que os desenvolvimentos de Fourier podem ainda ser usados


no sentido das distribuições. Devido à forma do desenvolvimento de Fourier
de δ(x), então a distribuição delta de Dirac é uma função generalizada par.
A relação anterior mostra ainda que faz sentido definir distribuições pe-
riódicas. O funcional linear contı́nuo Ff (ϕ) é uma distribuição periódica se,
Ff (ϕ(x + T )) = Ff (ϕ(x))
É fácil verificar que (6.11) define uma distribuição periódica com perı́odo 2π.
Suponha-se que f (x) é uma função de um espaço de Hilbert H e que {φn }
é uma base ortonormada de H. Como se viu no capı́tulo 3, pelo teorema de
Riesz-Fischer 3.4,
� �
f (x) = cn φn (x) = < φn , f > φn (x)
n n � �
� �� � � �
= φ∗n (y)f (y)dy φn (x) = f (y)dy φ∗n (y)φn (x)
n n
(6.12)
Comparando (6.12) com a definição de distribuição delta de Dirac, decorre
que, �
φ∗n (y)φn (x) = δ(x − y) = δ(y − x) (6.13)
n
Mostrámos assim que se {φn } é uma base completa do espaço de Hilbert H,
tem que se ter necessariamente (6.13). Por exemplo,
√ no espaço de Hilbert
L2 ([−π, π]) com a base ortonormada {φn = einx / 2π}n∈Z , obtem-se,

1 1�
δ(x − y) = δ(y − x) = + cos k(x − y)
2π π k=1

No espaço de Hilbert L2 ([−1, 1]), com a base dos polinómios de Legendre,


tem-se que,

� 2n + 1
δ(x − y) = δ(y − x) = Pn (y)Pn (x)
n=0
2
6.2. DERIVADAS DE DISTRIBUIÇÕES 75

Todas as propriedades que demonstrámos sobre teoria das distribuições


são válidas quando o espaço das funções de teste é formado for funções de
suporte limitado. No entanto, todos estes resultados podem ser generali-
zados quando o espaço das funções de teste é constituı́do por funções com
decrescimento rápido quando x → ∞, como é o caso das funções gaussianas.
Neste último caso, diz-se que se está no contexto das distribuições tempera-
das. Na maioria das aplicações, usam-se distribuições temperadas. Como do
ponto de vista técnico não existem ganhos significativos com o formalismo
das distribuições temperadas, optou-se por esta abordagem mais simples.

Exercı́cios

6.1) Mostre que a distribuição limite de


� +∞
1 n
Ffn (φ) = φ(x)dx
π −∞ 1 + n2 x2

com φ no espaço das funções de suporte limitado, é a distribuição delta de


Dirac.
6.2) Usando os resultados do Exercı́cio 5.6, conclua que,

1 sin((N + 1/2)x)
lim = δ(x)
N →∞ 2π sin(x/2)

em que δ(x) é a distribuição de Dirac.


6.3) Mostre as seguintes propriedades da função δ de Dirac:

a) δ(x) = δ(−x).
1
b) δ(ax) = |a|
δ(x), com a �= 0.

c) xδ(x) = 0.

d) f (x)δ(x − a) = f (a)δ(x − a).



e) δ(x − y)δ(y − z)dy = δ(x − z).
� 1
f ) Se g(xn ) = 0 e g � (xn ) �= 0 então, δ(g(x)) = n |g � (xn )| δ(x − xn ).

6.4) Seja a função f (x) = sinal(x). Encontre a sua derivada no sentido das
distribuições.
76 CAPÍTULO 6. DISTRIBUIÇÕES

6.5) Calcule a segunda derivada no sentido das distribuições de uma função


com uma infinidade numerável de descontinuidades.
6.6) Uma partı́cula de massa m desloca-se
�+∞ em linha recta e está sujeita a
uma força periódica impulsiva: F = k=−∞ αk δ(t − kT ). Se no instante
t = 0 a partı́cula tem velocidade v0 , determine a sua velocidade ao fim do
tempo nT .

Você também pode gostar