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QUESTÕES OBJETIVAS.

DIREITO TRIBUTÁRIO
01 - O princípio da segurança jurídica, em Direito Tributário, traduz se no princípio
da não surpresa, trazendo como corolários os princípios da irretroatividade, da
anterioridade do exercício e da noventena (ou anterioridade nonagesimal). Sobre
o tema, assinale o item correto.

a) A alteração do prazo para pagamento do tributo, quando acarretar prejuízo ao


contribuinte, deve observar o princípio da anterioridade do exercício e da anterioridade
nonagesimal.

b) No caso de imposto instituído ou majorado por medida provisória, o termo inicial de


contagem da anterioridade nonagesimal é a publicação da medida, e não a sua
conversão em lei, ainda que haja modificação substancial no texto legal, conforme
entendimento do STF.

c) De acordo com o entendimento mais recente do STF, toda alteração do critério


quantitativo do consequente da regra matriz de incidência deve ser entendida
como majoração do tributo, de forma que a revogação de benefício fiscal
configura aumento indireto do tributo, estando sujeito ao princípio da
anterioridade.

d) O princípio da irretroatividade é excepcionado pelo CTN quando a lei seja


expressamente interpretativa. Nesse caso, é prescindível que a inovação legislativa
esteja de acordo com entendimento adotado pela jurisprudência.

e) A redução e o restabelecimento do ICMS-combustíveis não se submetem à


anterioridade nonagesimal, devendo, todavia, observância à anterioridade do exercício
financeiro.

COMENTÁRIOS
a) INCORRETO.
Segundo entendimento do STF, a norma que se restringe a mudar o prazo para
pagamento de tributo, não se sujeita à regra da anterioridade do exercício.
b) INCORRETO.
De fato, segundo o STF, no caso de imposto instituído ou majorado por medida
provisória, o termo inicial da contagem da anterioridade nonagesimal é a publicação da
medida. Porém, havendo mudança relevante no texto quando da conversão em lei, o
prazo deve ser contado da publicação da referida lei de conversão (RE 169.740). Dito
isto, havendo relevante alteração, deve-lhe ser garantido novo prazo de 90 dias para
que se adapte às novas condições.
c) CORRETO.
A assertiva é polêmica. A Extrai de um simulado do CPGE, e achei interessante o
conjunto de alternativas. Às vezes nos deparamos com questões mais polêmicas, e
nessa de certa forma também era possível deduzir por eliminação. A justificativa do
curso foi que o enunciado do item exigiu o entendimento mais recente do STF, blindando
a questão contra eventuais recursos por divergência jurisprudencial. Isso porque existe
precedente da 2a turma em sentido contrário.
Pretendia-se o conhecimento acerca do RE 564.225 de 2/9/2014 (informativo 757). Na
ocasião, a 1a turma do STF entendeu que o ato normativo que revoga benefício fiscal
anteriormente concedido configura aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito
ao princípio da anterioridade tributária. Segundo o Min. Marco Aurélio, o princípio da
anterioridade tem como objetivo garantir que o contribuinte não seja surpreendido com
aumentos súbitos do encargo fiscal. O prévio conhecimento da carga tributária tem
como fundamento a segurança jurídica e, como conteúdo, a garantia da certeza do
direito. Por fim, o Ministro ressaltou que “toda alteração do critério quantitativo do tributo
deve ser entendida como majoração”. Assim, tanto o aumento de alíquota, quanto a
redução de benefício, apontariam para o mesmo resultado, qual seja, o agravamentodo
encargo.
d) INCORETO.
De fato, o art. 106, I do CTN estabelece que a lei aplica-se a ato ou fato pretérito quando
seja expressamente interpretativa. Sobre o tema, alguns autores negam a existência de
leis interpretativas, alegando que ao legislativo não é dado interpretar outras leis, e que
ou a lei inova no ordenamento (e não será interpretativa), ou apenas repete o que se
afirma em lei anterior (e será inútil). Apesar disso, o STF expressamente admite a
existência de leis interpretativas; segundo ele, não traduzem usurpação das atribuições
institucionais do judiciário, vez que também se submetem ao exame e à interpretação
dos juízes e tribunais.
Cabe esclarecer que essa retroatividade será, em verdade, apenas aparente, vigente
que estava a lei interpretada. No entanto – e aqui se encontra o equívoco da assertiva
– somente subsistirá o preceito supostamente retroativo se a interpretação que lhe der
à lei anterior coincidir com a interpretação que lhe der o Judiciário. Do contrário, havendo
qualquer agravação na situação do contribuinte, a lei será considerada ofensiva ao
princípio da irretroatividade (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e
Código Tributário Nacional à luz da doutrina e da jurisprudência. 9 ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado: ESMAFE, 2007, p. 825).
e) INCORRETO.
O art. 155, §4o, IV, c da CF expressamente isenta a redução e o restabelecimento do
ICMS-combustíveis da observância da anterioridade do exercício. Com relação à
redução, não existe qualquer inovação, visto que se trata de um benefício em prol do
contribuinte. No que se refere ao restabelecimento, o dispositivo autoriza que, após a
realização de uma redução, seja possível uma majoração subsequente, sem
observância à anterioridade, desde que respeitado, como teto, o percentual anterior.

02 - O imposto sobre propriedade de veículos automotores e o imposto sobre


transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens e direitos são tributos de
competências dos Estados e do Distrito Federal. Sobre tais impostos, analise as
seguintes alternativas.
I. A fixação da base de cálculo do IPVA não se submete ao princípio constitucional da
noventena.
II. Cabe ao Senado Federal fixar a alíquota máxima do ITCMD e a alíquota mínima do
IPVA
III. O IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e da utilização do
veículo. Da mesma forma, é possível a diferenciação de alíquotas entre veículos
importados e veículos de procedência nacional.
IV. O Imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos
compete ao Estado da situação do bem, ou ao distrito federal, relativamente a bens
móveis, títulos e créditos.
V. Uma vez aberta a sucessão provisória, é desde já devido o ITCMD pela alíquota
vigente ao tempo da sucessão, entretanto, se ficar comprovado a data da morte, será
devida a alíquota diante da legislação vigente neste momento, em razão do princípio da
saisine. Neste caso, o contribuinte poderá pleitear a restituição do indébito, caso tenha
pago o tributo considerando uma alíquota superior ao vigente no momento da morte.

Estão corretas apenas:


a) I e II
b) I e III
c) II e V
d) III e IV
e) IV e V

COMENTÁRIOS
I. CORRETO.
Trata-se de disposição contida no art. 150, §1o da CF/88.
II. CORRETO.
Assertiva correta. Cabe ao Senado Federal fixar a alíquota máxima do ITCMD (155,
§1o, IV da CF/88) e a alíquota mínima do IPVA (art. 155, §6o, I da CF/88).
III. INCORRETO.
Embora o art. 155, §6o, II da CF autorize expressamente que o IPVA possua alíquotas
diferenciadas em função do tipo de utilização do veículo, segundo o STF, é vedada a
diferenciação de alíquotas entre veículos importados e veículos de procedência
nacional, pois o tratamento desigual significaria uma nova tributação pelo fato gerador
da importação. Além disso, referido tratamento desigual importaria em violação ao
princípio da isonomia e ao art. 152 da CF/88, que dispõe: “é vedado aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços,
de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”.
IV. INCORRETO.
Assertiva em descompasso com o art. 155, §1o da CF/88.

CIVIL
03 - Quanto ao regime da Pessoa Jurídica, marque a alternativa
correta.
a) O Código Civil de 2002 adotou a teoria da ficção para explicar a natureza da pessoa
jurídica. Para essa corrente, a pessoa jurídica possui uma existência meramente ideal
ou abstrata, sendo uma criação da técnica do direito.
b) A existência legal da pessoa jurídica de direito privado se dá apenas com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, antes do que ela não existe
formalmente.
c) De acordo com o Código Civil, o encerramento irregular de determinada sociedade
empresária é, por si só, causa suficiente para a desconsideração da personalidade
jurídica.
d) As pessoas jurídicas possuem autonomia patrimonial, mas essa autonomia é
relativizada no caso de abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade,
ou pela confusão patrimonial, permitindo o Código Civil que a desconsideração seja
decretada de ofício pelo magistrado.
e) As pessoas jurídicas, conforme estabelece o Código Civil, são detentoras de direitos
de personalidade, merecendo ampla proteção nesse cenário.

COMENTÁRIOS
a) INCORRETO.
Em verdade, o Código Civil, de acordo com a doutrina, adotou a teoria da realidade
técnica para explicar a pessoa jurídica.
b) CORRETO. Art. 45 do CC/02 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
c) INCORRETO.
Segundo decidiu o STJ, nas relações regidas pelo CC/2002, o encerramento das
atividades ou a dissolução, ainda que irregulares da sociedade não é causa, por si só,
para a desconsideração da personalidade jurídica (EREsp 1306553/SC).
d) INCORRETO.
Dispõe o art. 50 do CC/02: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
e) INCORRETO.
O fundamento dos direitos da personalidade é a sua cláusula geral, qual seja, a
dignidade da pessoa humana. Partindo-se dessa premissa, pode-se dizer que pessoa
jurídica não possui direitos da personalidade, pois ela não tem dignidade humana.
Nesse sentido, o Enunciado no. 286 da JDC: “Os direitos da personalidade são direitos
inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as
pessoas jurídicas titulares de tais direitos. – embora não sejam titulares de direitos da
personalidade, as pessoas jurídicas também merecem proteção”.
Nessa linha, prevê o art. 52 do CC/02: “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber,
a proteção dos direitos da personalidade”.
Conclui-se, destarte, que as pessoas jurídicas não possuem direitos da personalidade,
mas merecem a mesma proteção. O fundamento é o atributo de elasticidade dos direitos
da personalidade.
A proteção da pessoa jurídica, no que se refere aos direitos da personalidade, encontra-
se limitada por lei. Deve-se entender “no que couber” como “naquilo que a falta de
estrutura biopsicológica permite exercer”; ex.: direito à imagem, ao nome etc. (STJ -
REsp 433.954/MG - proteção da pessoa jurídica por protesto indevido de duplicata).
Por esta razão, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, porém tão somente no que se
refere à sua honra objetiva.
04 - Sobre o bem de família legal, de acordo com o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta.
a) É impenhorável o bem de família indireto, entendido como o único imóvel residencial
do devedor que esteja locado a terceiros, independentemente da destinação da renda
obtida com a locação.
b) Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a impenhorabilidade do bem de
família adquirido com o produto do crime, salvo no caso em que a punibilidade do
acusado tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a
suspensão condicional do processo.
c) A impenhorabilidade do bem de família, por se referir ao instituto do patrimônio
mínimo é irrenunciável por parte do seu beneficiário, não podendo ser afastada, em
hipótese alguma, pelo magistrado, ainda que verificada situação de má-fé.
d) A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade implica o afastamento da
impenhorabilidade dos bens dos sócios, uma vez que o objetivo é buscar o
adimplemento das obrigações.
e) A penhora sobre imóvel de empresa pode ser afastada em favor do sócio que
nele resida quando envolva empresas com conotação familiar em que o local de
funcionamento confunde-se com a própria moradia da família.

COMENTÁRIOS
a) INCORRETO. Súmula 486 do STJ: É impenhorável o bem de família indireto,
entendido como o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,
desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia
da sua família.
b) INCORRETO. Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a
impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime (art. 3o, VI da
lei 8.009), ainda que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em razão do
cumprimento das condições estipuladas para a suspensão condicional do processo,
pois essa exceção não consta na lei (REsp 1.091.236/RJ).
c) INCORRETO. Embora a regra seja a interpretação restritiva das exceções à
impenhorabilidade do bem de família, o STJ reconheceu a possibilidade de afastar a
proteção legal ao bem de família no caso de flagrante má-fé do beneficiário ( Informativo
558)
d) INCORRETO. A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade não
implica, por si só, o afastamento da impenhorabilidade dos bens de família dos sócios,
salvo se os atos que ensejaram a desconsideração também se ajustarem às exceções
legais previstas no art. 3o da Lei n.q 8.009/90. STJ.(Info 549)
e) CORRETO. Para o STJ, a penhora sobre imóvel de empresa pode ser afastada em
favor do sócio que nele resida (vide, p.ex., REsp n° 470.893/RS e 621.399/RS).

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