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Apostila de Planejamento de Lavra. UFOP
Apostila de Planejamento de Lavra. UFOP
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A indústria de mineração, como qualquer outro empreendimento capitalista, tem por objetivo
econômico básico maximizar a sua riqueza futura. Entretanto, a indústria de mineração é
caracterizada por visar o aproveitamento econômico de um bem de capital exaurível e não renovável,
o que a diferencia das demais indústrias. Assim, a maximização da riqueza futura deve se realizar em
um período definido, ou seja, durante a existência do bem mineral que lhe deu origem. Em termos
econômicos, podemos dizer, mais apropriadamente, que o objetivo da indústria de mineração é a
maximização do valor atual líquido dos benefícios monetários futuros, durante toda a vida da mina
(Costa, R. R., 1979).
Um Projeto de Mineração é o conjunto de estudos necessários à implantação de uma indústria de
mineração, como acima definida. Estes estudos abrangem especialidades da Engenharia de um
modo geral, e a condução do Projeto de Mineração ao êxito objetivado é fortemente dependente da
correção com que os referidos estudos forem realizados, dando a cada um deles a importância que o
mesmo requeira.
Exemplificando, podemos dizer que a correta seleção do equipamento de lavra - um dos estudos
que compõem um Projeto de Mineração - deve ser conduzida com toda a atenção, no caso em que
existam várias alternativas tecnicamente viáveis, procurando selecionar aquela que conduza a
resultados economicamente mais interessantes.
Entretanto, devemos ressaltar a importância fundamental de que se reveste o conhecimento
geológico da jazida, por constituir a base em que repousa todo o empreendimento mineiro.
Evidentemente, o perfeito conhecimento da jazida só se adquire quando a mesma é exaurida. Existe,
no entanto, um estágio de conhecimento mínimo da jazida - a ser atingido ainda na fase da pesquisa
- afetado de um erro suficientemente pequeno para garantir, com segurança, a implantação do
Projeto com êxito. Assim, a correta interpretação da estrutura da jazida, sua reserva, seus teores e
distribuição espacial dos mesmos, características geo-mecânicas do minério e encaixantes,
composição mineralógica, são valores básicos de um Projeto e a sua incompleta ou imprecisa
determinação podem comprometer todo o empreendimento, às vezes de forma irreversível.
É igualmente importante a fase de estudos dos processos de beneficiamento do minério a serem
feitos em amostras realmente representativas dos vários tipos de minério ocorrentes na jazida - se
houver mais de um, como é comum acontecer. Estes estudos devem conduzir à definição de um
processo de beneficiamento que permita a transformação do bem mineral - representado pela reserva
técnica e economicamente lavrável - em um produto vendável.
Reserva lavrável e processos de beneficiamento estão intimamente relacionados, de tal forma
que, o estabelecimento de um sem a devida consideração do outro pode levar a resultados
tecnicamente possíveis, mas nunca àqueles mais desejáveis, sob o ponto de vista econômico.
Em suma, podemos dizer que, para existir uma mineração é preciso, antes de tudo, que exista
uma jazida e que o seu minério possa ser recuperado, técnica e economicamente.
A necessidade da conexão entre fatores tão distintos realça a complexidade das operações
envolvidas na exploração de um bem mineral, e por conseqüência, a importância do planejamento
criterioso de tais operações. Para melhor compreendermos o que vem adiante apresentamos,
simplificadamente, alguns conceitos essenciais relacionados ao tema.
Considera-se como mina uma jazida em lavra. A lavra representa o conjunto de trabalhos que
conduzam à exploração completa, econômica, segura e ambientalmente sustentável do minério.
Minério é o agregado natural composto, normalmente, de diversos minerais que pode ser lavrado
e processado economicamente.
As jazidas minerais, alvos dos principais projetos de mineração, são geradas por processos
geológicos que refletem as transformações que aconteceram ou que vem acontecendo na crosta
terrestre, desde a era Paleozóica (Eon Pré-Cambriano) (4.5Ga), quando se solidificaram as primeiras
Stockworks: muitas vezes a jazida corresponde a uma trama de veios delgados, dobrados em
conjunto, ou interseccionando-se mutuamente. Este arranjo recebe o nome de "stockwork" e são
exemplos dessa forma de depósito as jazida de Bendigo ("saddle reefs" na Austrália) e o amianto de
Canabrava em Goiás.
Colúvios e Elúvios: são depósitos formados pela decomposição de rochas subjacentes. Como
exemplos brasileiros temos os fosfatos e bauxitas na região de Minas Gerais, o ouro laterítico no
Grupo Cuiabá-MT e certos depósitos de cassiterita como os de Potosi em Rondônia.
a) Bom trabalho de campo suportado por conhecimento científico da geologia dos depósitos
minerais;
b) Obtenção de dados de campo e exploratório representado em documentos em escala
adequada. Localização de contatos e de estruturas (dobras, falhas e fraturas, etc.). Furos
de sonda, poços, galerias devem ser cuidadosamente representados em mapas e seções;
c) A malha de sondagem deve garantir a representatividade da amostragem e os programas
devem ter suporte científico;
d) A aplicação da metodologia computacional colabora bastante, mas não garante a
fidedignidade da estimativa de reservas.
Podemos também caracterizar os depósitos conforme o seu tamanho e estrutura e para isto
podemos apresentar os seguintes grupos:
Grupo 1 - Grandes depósitos com estrutura simples, constante e distribuição uniforme do mineral
minério. São exemplos os depósitos de carvão, calcário, ferro e manganês.
Grupo 2 - Depósitos de estrutura complexa, espessura variada e distribuição não uniforme do mineral
minério. São exemplos dos depósitos de bauxita, níquel e alguns depósitos de ferro e manganês.
Grupo 3 - Depósitos de tamanho variável, estrutura complexa, espessura muito variável e distribuição
irregular. São exemplos os depósitos de bauxita, cobre, estanho e alguns elementos raros.
Grupo 4 - Depósitos de tamanho pequeno, com morfologia não definida, mineralização irregular e
descontínua, estrutura complexa. São exemplos muitos dos depósitos de ouro e elementos raros.
Modelos geológicos de depósitos minerais têm, em princípio, duas componentes; uma empírica,
baseada na observação e na experiência (morfologia, contatos, espessura, mineralogia, teores) e
outra conceitual que corresponde à interpretação dos dados no contexto da gênese do deposito.
Quanto aos dados sobre o depósito, que será classificado em termos de recursos (pois não estão em
julgamento valores relacionados à viabilidade econômica), o modelo dependerá do julgamento,
experiência e conhecimento do geólogo e/ou engenheiro de minas, que definirá o limite entre a faixa
mineralizada com sua encaixante (estéril) ou outros fatores como, por exemplo, o teor de corte. Após
a definição dos limites da região mineralizada passa-se à determinação da morfologia do depósito. Os
conceitos de recursos e reservas em mineração, têm sentido restrito.
Recursos minerais são concentrações de bens minerais disponíveis na crosta terrestre; Reservas
minerais são parte dos recursos para os quais se demonstram viabilidades técnicas e econômicas.
As informações mais importantes decorrentes da pesquisa mineral são as definições de recursos
minerais: inferido, indicado e medido (Reserva: provável e provada). Estas informações são mais
precisas quanto maior for o conhecimento geológico.
Os recursos minerais do país são formados pelas "massas" individualizadas de substâncias minerais
ou fósseis encontradas na superfície ou no interior da crosta terrestre, conforme regulamento do
código de mineração.
No Brasil adota-se segundo o Regulamento de Código de Mineração (Decreto 62.934/68) as
seguintes definições para reservas minerais:
Reserva é parte dos recursos, com especificações de teor, qualidade, espessura e profundidade para
se lavrar, podendo assumir como legalizado e preparado para produção em tempo determinado. O
termo legal não significa que todo processo legal esteja solucionado ou que todas as pendências
tenham sido completamente resolvidas. De qualquer maneira para que a reserva exista deve-se
eliminar qualquer incerteza significante concernente aos resultados que permitam a sua legalização.
Reserva Inferida: Estimativa feita com base no conhecimento dos caracteres geológicos do depósito
mineral, havendo pouco ou nenhum trabalho de pesquisa.
Para melhor explicar e elucidar estes conceitos apresentamos algumas terminologias que formam a
base do código de mineração australiano.
Recurso Mineral Inferido é parte do Recurso Mineral para qual a tonelagem, teor e conteúdo
mineral pode ser estimado com baixo nível de confiabilidade. É inferido a partir de evidência
geológica e admite-se, mas não se comprova, a continuidade geológica e ou de teor. Tem por base
exploração detalhada e fidedigna, informação de amostragem e testes, obtidas através de técnicas
apropriadas, em estações como afloramentos, trincheiras, poços, trabalhos subterrâneos e furos de
sonda. O espaçamento das estações é o próximo o bastante para confirmar a continuidade geológica
e/ou de teor.
Um Recurso Mineral Indicado é a parte do Recurso Mineral para qual a tonelagem, densidade,
forma, características físicas, teor e conteúdo mineral podem ser estimados com razoável nível de
Recursos Potenciais: São aqueles que não atendem aos critérios de classificação como
medidos, indicados ou inferidos, porém existe uma razoável probabilidade de seu aproveitamento.
Atualmente esse assunto está sendo amplamente discutido, tendo sido apresentado no II
Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto (2002) trabalhos que suscitam a revisão do Código de
Mineração Brasileiro no que se refere ao cálculo de reservas minerais.
Entende-se que a metodologia de classificação de recursos / reservas deve buscar a similaridade
com os conceitos aceitos internacionalmente e particularmente com o código Australiano a fim de
facilitar, entre outros aspectos importantes, a emissão / negociação de ações das empresas de
mineração brasileiras nas Bolsas de Valores Internacionais.
Deverá ser estabelecida através da pesquisa de mercado, quando será definida - em função de
produções e consumos verificados para o bem que se deseja produzir e projeções de produção e
consumo do mesmo bem - a quantidade que a área de influência econômica da jazida é capaz de
consumir.
A escala de produção é, ainda, função da reserva lavrável e, conseqüentemente, do método de
lavra adotado - de tal modo que resulte em uma vida para a mina compatível com o atendimento dos
objetivos econômicos, ou, em outras palavras, a mina deve ter uma vida suficientemente longa para
compensar economicamente os investimentos efetuados.
0,6
I0 P
= 0 , em que:
Ii Pi
É função direta do mercado consumidor e oscila conforme as tendências deste. É este um fator
altamente decisivo na viabilização de um empreendimento mineiro e, ao mesmo tempo, de previsão
de evolução difícil, por depender de fatores muitas vezes imprevisíveis. Ao se fazer a análise
econômica de um empreendimento mineiro, devem ser considerados vários valores para a venda do
produto, com o objetivo de se determinar o valor mínimo que conduza ao resultado econômico
desejado.
A devida consideração dos fatores listados, fazendo variar a escala de produção dentro dos limites
ditados pelo mercado e, com ela, os fatores que lhe são correlacionados, permitirá determinar a
direção na qual se deve dirigir o Projeto de Mineração de tal modo que seus objetivos sejam
atingidos.
Considerando que o bem mineral é não renovável, vemos que, se da análise do empreendimento,
como citada no item anterior, resultar uma operação que não conduza à maximização dos valores
atuais líquidos dos benefícios futuros, poderemos estar comprometendo, para sempre e
irreversivelmente, o valor da jazida para a empresa e, conseqüentemente, para o poder público.
Vemos, assim, a extrema importância da aplicação de critérios de medida de rentabilidade e de
seleção de alternativas de investimentos dos Projetos de Mineração, evidenciando a necessidade
destes se basearem, fortemente, nos princípios da Engenharia Econômica em simultaneidade com
aqueles da Engenharia Mineral (Costa, R. R., 1979).
ESTUDO CONCEITUAL
ESTUDO PRELIMINAR
ESTUDO DE VIABILIDADE
Compreende os primeiros estudos realizados sobre uma determinada ocorrência, com a finalidade
de demonstrar a viabilidade da sua lavra sob os pontos de vista técnico e econômico. Geralmente,
são estudos preliminares baseados em dados igualmente preliminares sobre o jazimento e sua área
de influência, e objetivam unicamente formar um consenso sobre a conveniência de se
desenvolverem estudos mais detalhados sobre o referido jazimento, e, assim, proceder a real
determinação de dados que normalmente são assumidos nesta fase. Têm-se, em uma primeira
aproximação, os valores do investimento necessário e o benefício que este possa gerar, embora com
um erro admissível de 40%. Um Estudo de Viabilidade pode se realizar antes mesmo de se ter uma
Pesquisa Geológica realizada, e por isso mesmo, não é conclusivo a ponto de permitir a implantação
do empreendimento.
Trata-se de uma fase que se realiza em seqüência ao Estudo de Viabilidade e, usa, em sua
elaboração, dados mais precisos sobre o jazimento, realmente determinados em campo ou
laboratório. Nesta fase, já se consegue diminuir o erro cometido no Estudo de Viabilidade para 30%.
Com base nos resultados do Ante Projeto, já é possível iniciarem-se negociações para o
Nesta fase, considerando o erro cometido em suas conclusões de cerca de 20% - já se pode
concluir pela viabilidade ou não de implantação do empreendimento. Considera-se que a jazida já é
suficientemente conhecida bem como todos os outros fatores que condicionam a sua lavra.
Pode ocorrer que o Projeto Básico ainda revele imprecisões ou carência de dados, cujas
naturezas determinam ou não a necessidade de acurá-los ou supri-los, antes de se passar ao Projeto
Detalhado, fase que vem em seqüência àquele.
Corresponde à fase final de um Projeto de Mineração e a sua precisão deve ser suficiente para
permitir a implantação do Empreendimento - esta imprecisão é da ordem de 10%.
Na realidade há uma superposição entre o Projeto Detalhado e a sua implantação, beneficia sobre
todos os aspectos, pois, admitindo-se a confiabilidade dos números em que o mesmo se calcou
permite-se o início da produção - e, conseqüentemente, retorno de capital - em um prazo mais curto.
Pelo exposto, nota-se que um Projeto de Mineração, na realidade, é o somatório de vários
projetos, constituindo aproximações sucessivas em busca da garantia do sucesso do
empreendimento.
É também importante notar que, embora sucessivos, os diversos tipos de projetos mencionados
não são elaborados imediatamente após o que o antecede. Pelo contrário, há sempre hiatos entre os
mesmos, correspondentes à eliminação de falhas que o antecedente evidenciou. A boa prática
mineira aconselha que assim se proceda.
Em projetos de grande porte, os estudos como referidos acima podem levar de 6 a 8 anos para a
sua execução, estando incluída neste período a implantação propriamente dita.
O custo desses estudos varia substancialmente de acordo com o porte, natureza do projeto, tipos
de estudos e pesquisas e número de alternativas a serem investigadas. Desta forma, a ordem de
grandeza em termos de estudos técnicos, excluindo itens como sondagens, testes metalúrgicos,
estudos de impacto ambiental podem ser expressos (segundo Hustrulid (1995) em termos do capital
para o investimento total:
Estudo Conceitual= 0,1 a 0,3 %
Estudo Preliminar = 0,2 a 0, 8 %
Estudo de Viabilidade = 0,5 a 15 %
Dados que necessitam precisão:
Tonelagem e qualidade: se aceita um erro de +/- 5%;
Fatos importantes a se considerar: Reserva mínima de minério deve ser suficiente para suprir os
anos de fluxo de caixa que estão projetados no relatório de viabilidade;
Definição das áreas de lavra, das utilidades e facilidades fora da área mineralizada a qual não
deverá ser invadida por nenhuma obra.
Descomissionamento
Comissionamento
Não se consegue mais
modificar os custos
DECISÃO
DE
INVESTIMENTO
Fig.1.1 – Fases de um projeto de mineração
No estudo conceitual, existe uma oportunidade relativa e limitada de influência nos custos do
projeto. À medida que as decisões corretas e/ou incorretas são tomadas, durante o planejamento, as
oportunidades de influenciar nos custos do empreendimento diminuem.
A habilidade de influenciar nos custos do projeto diminui ainda mais quando novas decisões são
tomadas durante o estágio inicial do projeto, na fase de implementação. No final desta fase não
existe, praticamente, mais oportunidades de influenciar nos custos futuros.
A chave do conceito de exploração mineral dirigida para benefícios, para os engenheiros, é
simples:
- Benefício = receita - custos
O preço do minério é comandado pelas leis de mercado da oferta e procura (demanda). Embora o
desenvolvimento de novas tecnologias possa ser, em princípio, responsabilidade da empresa
mineradora, as novas tecnologias são rapidamente difundidas e a área mais interessada em
desenvolver e pesquisar novas tecnologias, para tomar competitivo o seu minério, é a própria equipe
de engenharia, que lida com a produção. Desta forma o objetivo é buscar continuamente a redução
de custos das operações, sem nunca se esquecer que uma nova tecnologia pode transformar o que é
estéril hoje, no minério do amanhã.
O processo para o empreendimento mineiro mostrado pela figura 1.2 seguinte indica sempre uma
troca positiva no mercado, criando aumento da demanda para produtos minerais. Em resposta às
velhas e novas demandas, recursos financeiros são aportados na pesquisa mineral resultando em
descobertas de novos depósitos. Através de aumento de preço, reservas podem tomar-se atrativas,
passando a economicamente viáveis.
Na fase de planejamento todos estes estudos econômicos já deverão estar concluídos. Ao
mostrarem positivos passa-se à fase do desenvolvimento da mina para se estabelecer sua
implementação e iniciar-se a fase de produção.
Demanda por
um produto
TECNOLOGIA
$
Ocorrência de Venda de
AVANÇADA
depósito produtos
mineral
Desenvolvimento da
mina e facilidades Mina e processo
Fig. 1.2 – As fases da mineração e sua relação com o mercado consumidor e de capitais.
Um estudo detalhado dos estágios na vida de uma mina começa com pesquisa e avaliação, que
são precursoras da lavra. A lavra por sua vez inclui desenvolvimento e exploração.
O estudo de lavra de minas, leva em conta entre outros, os conhecimentos de geologia. Um
depósito mineral é uma anomalia geológica; um depósito de minério existe graças a uma série de
ocorrências na natureza. Nem toda área prospectada passa pelas demais fases da mineração. Há um
exemplo ao norte do Canadá, onde de 1000 áreas prospectadas só uma resultou em mina. Também
por isso, a atividade de mineração é de alto risco econômico, fazendo com que muitas empresas
procurem adquirir jazidas por compra ou associação com outras empresas, ao invés de realizar a
pesquisa em áreas desconhecidas (Costa, R. R., 1979).
1.3.9.1 PROSPECÇÃO
DESMATAMENTO
SISTEMA DE ACESSOS
SISTEMA DE DRENAGEM
Através dos planos de longo prazo são definidos os planos de drenagem das minas, com objetivo
de racionalizar a seqüência de lavra sem prejudicar a sua operação. Cabe ao sistema de drenagem
prover de condições favoráveis à retenção de finos dentro da mina, buscando evitar assoreamento de
barragens e possíveis transtornos à comunidade.
Na fase do planejamento e ao longo da lavra deve-se manter o controle do nível de drenagem das
bancadas para que se favoreça ao aspecto operacional e econômico, reduzindo os processos
erosivos causados pelas águas de chuva e conseqüente carreamento de finos para áreas externas à
lavra. Um sistema de canaletas deve ser utilizado para coletar as águas superficiais que
posteriormente devem ser bombeadas para fora ou reutilizadas nos processos da usina.
A LOCALIZAÇÃO DA JAZIDA
VIAS DE ACESSO
ENERGIA E ÁGUA
INFRA-ESTRUTURA
MÃO DE OBRA
ASPECTOS AMBIENTAIS
Os planos acima mencionados, evidenciando as mutações que a mina sofrerá ao longo de sua
vida, permitirão o dimensionamento dos equipamentos encarregados destas mutações e
conseqüentemente, os investimentos e custos operacionais envolvidos, conforme se verá a seguir.
Inicialmente, é necessário conhecer a jazida nos aspectos relativos à quantidade e qualidade das
reservas dos bens minerais a ela associados, o modo de determinação dessas qualidades e quantidade, e
o grau de confiabilidade dessas determinações.
Uma vez adquiridos, com confiança, estes conhecimentos, passa-se a considerações de ordem
geográfica, estudando-se a localização da jazida em relação ao mercado consumidor, procurando-se
assegurar a sua propriedade e a designação de jazida dada ao corpo mineralizado estudado e cuja
existência se comprovou.
Evidentemente, para cada tipo de jazimento existe um método de pesquisa que é o mais apropriado para
a determinação de seus volumes e características. Este método deve ser seguro, objetivo, rápido e
econômico, de modo que, a um custo mínimo se determinem, com segurança, as características
principais do jazimento.
A impropriedade do uso único de sondagens verticais em jazidas sedimentares com camadas fortemente
inclinadas é indiscutível pela grande possibilidade que apresenta de se ter um furo de sonda totalmente
contido em uma única camada, e, conseqüentemente, deixando de evidenciar variações de teores que,
certamente, serão mais sensíveis em camadas diferentes. É certo que as informações a serem
fornecidas serão úteis, mas torna-se indispensável à abertura de galerias locadas seguindo direções
perpendiculares a direção geral das camadas, como condição à determinação da variação lateral das
características do corpo mineralizado seguindo aquelas direções e que terão forte influência sobre o
método de lavra mais indicado para o referido corpo. Ainda com relação a estas galerias, é igualmente
importante, além da sua direção, o seu posicionamento relativo no corpo em pesquisa: este deve ser tal
que cubra a extensão a pesquisar, objetivando a determinação da variação das características em
estudo segundo a extensão da jazida.
Em suma, as características de uma jazida sedimentar devem ser pesquisadas segundo as três direções
consideradas e não somente em uma delas - como no caso em que se executem somente furos de
sonda. Caso tal procedimento não seja adotado poder-se-á incorrer no erro de chegar à conclusão que a
jazida é mais homogênea do que realmente o é; e ao se determinar o método de lavra e os
equipamentos equivalentes, certamente estes serão sub-dimensionados, em número, e a
heterogeneidade realmente existente não poderá ser anulada, com todos os inconvenientes de ordem
econômica que este fato acarretará.
Somente as firmas com dedicação exclusiva a pesquisa mineral - e, mesmo assim, as de médio e grande
porte - são aparelhadas com laboratórios químicos onde se processam as determinações analíticas das
amostras relativas a uma determinada pesquisa.
O mais comum é enviarem-se as amostras para análises em laboratórios comerciais, que muitas vezes,
não estão preparados fisicamente ou mesmo conscientizados da importância desta fase de uma
operação mineira. O resultado deste procedimento é o surgimento de resultados não confiáveis e cujos
reflexos podem se fazer sentir, às vezes, após o projeto implantado, em pleno regime de produção.
Os cuidados que devem ser tomados nesta fase, independem do tamanho do projeto; os erros
sistemáticos porventura cometidos em determinações químicas levam a considerações carentes de
fundamento principalmente no dimensionamento de equipamentos destinados a manusear um
determinado minério, cujo teor é, na realidade, diferente daquele erroneamente determinado.
Um profissional experimentado adota a prática de enviar uma mesma amostra para laboratórios
diferentes e de competência comprovada a fim de comparar os resultados obtidos e optar por aqueles
que apresentem resultados coerentes. Mesmo assim, a comprovação da competência dos laboratórios
selecionados é finalmente alcançada se, para uma mesma amostra, rotulada com designações
diferentes, obtiverem-se resultados iguais, de um mesmo laboratório, para a característica a ser dosada.
Estas são práticas e cuidados que devem ser tomados ainda na fase de pesquisa geológica, e a
verificação de sua ocorrência, ao se analisar um Relatório de Pesquisa, é fundamental à conclusão de
sua correta execução.
Assim como para as análises químicas, devem-se adotar procedimentos semelhantes na determinação
de outras grandezas, de modo que a totalidade de informações a serem utilizadas seja confiável.
1. Métodos Clássicos;
2. Métodos Estatísticos;
3. Métodos Geoestatísticos.
Os métodos clássicos (tradicionais ou convencionais) são usados de longa data e baseiam-se em dois
princípios (Popoff, 1966):
2. Princípio das variações graduais: que postula a variação contínua ou gradual do teor entre dois pontos
amostrais.
Estes princípios abordam o problema de uma forma simplificada podendo apresentar alguns casos
desvios importantes em relação aos dados reais. Na verdade, a natureza dos depósitos minerais apresenta
aspectos nitidamente probabilísticos, apenas levados em conta em procedimentos mais avançados. Em
que pese tal deficiência, os métodos clássicos serviram no passado e ainda tem servido no presente para
avaliar jazimentos minerais.
O princípio das iguais áreas de influência deu origem aos métodos dos polígonos (no plano), prismas
(no espaço) etc. O princípio das variações graduais deu origem a métodos como o de análise das
superfícies de tendência, ao Inverso da distância e outros.
Todos estes métodos apresentam inúmeros problemas de estimação, notadamente pela sua natureza
apriorística não satisfazer o comportamento real do jazimento mineral, o que pode produzir resultados
catastróficos. Por exemplo, o IQD apresenta uma incongruência matemática quando uma mostra coincide
com o corpo do bloco. Certamente, os depósitos minerais não seguem a lei newtoniana do inverso do
quadrado das distâncias. Estas e outras incongruências serão discutidas em classe.
Os métodos denominados estatísticos surgiram na década de 1950, simultaneamente, nos Estados
Unidos, União Soviética e África do Sul. Interpretaram a natureza aleatória das minerações à luz dos
princípios elementares de estatística convencional. Tiveram certo êxito na modelação das jazidas de ouro
do Witwatersrand na África do Sul, porém estagnaram-se e hoje estão praticamente abandonados.
Os métodos que prosperaram foram os geoestatísticos em virtude de inúmeros pontos de relevância,
entre os quais:
1. O primeiro e talvez o mais importante o de levar em conta a estruturação dos teores no depósito. Os
modelos quantitativos não são apriorísticos e ajustam-se à realidade da variação dos teores no
jazimento mineral;
2. O modelo não promove sub ou superestimação das reservas (o que pode ocorrer com os métodos
clássicos), pois seus estimadores são formulados para se evitar erros sistemáticos;
3. Toma o melhor partido das informações coletadas, pois os estimadores geralmente usados (v.g.
krigagem) avaliam o domínio proposto, com variância (erro) mínimo. Trata-se, pois de um estimador.
Inúmeras outras vantagens podem ser assinaladas como aquela da krigagem em contornar o efeito de
redundância das informações, de garantir o balanço do metal quando se unem blocos, de ser um
interpolador exato, etc.
Até a década de 70 a avaliação das reservas era feita a partir de interpretações dos furos de sonda e
estimação da geologia das áreas de influências dos mesmos.
Os modelos geológicos eram contínuos, e algumas mineradoras de cobre preconizaram a utilização de
blocos para representar sua jazida, utilizando duas cores, uma para minério e outra para estéril, como se
fossem uma camada justaposta de tijolos a representar cada nível. Ao longo da lavra, blocos lavrados eram
removidos.
Atualmente pode-se estimar uma reserva global de uma mina, como também proceder a uma estimativa
local, através da discretização em blocos. Esta fase somente terá êxito caso a pesquisa tenha sido bem
executada, aproximando ao máximo o modelo da realidade. Caso contrário resultará em prejuízo.
Para a avaliação da jazida em blocos utiliza-se a krigagem. Estas reservas geológicas ou "in situ" são
chamadas de inventário mineral. A reserva lavrável normalmente é um subconjunto de blocos, pois nem
todos os blocos são aproveitados industrialmente.
Para se avaliar um depósito inicia-se por conhecer e avaliar sua extensão, profundidade e a qualidade
de cada componente do mesmo. Para isto vamos supor uma malha de furos de sonda verticais
atravessando os corpos. Cada furo é amostrado em intervalos definidos para a obtenção dos teores das
diversas litologias, ao mesmo em que é utilizado para interpretação dos corpos. É possível localizar em
planta sua posição através de coordenadas e, por conseguinte definir níveis através do trecho em que o
mesmo corta o nível.
O primeiro processo que iremos mostrar para avaliação é o das figuras geométricas obtidas através das
áreas de influência. O objetivo da avaliação é definir e avaliar o depósito encontrado pela prospecção. A
O valor do minério depende da quantidade de minerais úteis contidos. O teor é a expressão desta
3
quantidade na forma de porcentagem ou de gramas por tonelada de minério, ou ainda em gramas por m
de minério. Exemplos: a) minério de ouro com 6 gramas por tonelada b) minério de ferro com 65% Fe. c)
minério de fosfato com 8% de P2O5. Para se avaliar um depósito é necessário conhecer as suas extensões
horizontais e verticais, assim como as características ou qualidade detalhada do corpo mineral. Para
fragmentos do depósito chamados amostras que analisadas fornecem a qualidade do corpo ou teor
naquele trecho em que o furo cortou o corpo. A avaliação produz o relatório de pesquisa que pode ser
analisado conforme o método que foi utilizado para interpretação dos dados, de suma importância para dar
suporte ao projeto e execução de lavra da mina. A seguir alguns exemplos dos métodos.
Nesta figura temos representado o traço de um corpo mineralizado qualquer em um nível N; aparecem,
também os furos de sonda F1, F2,..., F14, cujos teores, para o intervalo N + h são conhecidos (h é a altura
da lâmina do corpo cuja massa e teor médio se quer calcular). Isto posto, traçam-se as áreas de influência
de cada furo, determinadas pelas mediatrizes correspondentes a furos contíguos.
Assim, a área abcdefg é a área de influência do furo F7, e o seu teor é o teor determinado para o
intervalo considerado. A massa da lâmina considerada é o somatório dos prismas correspondentes a cada
área de influência, para uma altura h e uma densidade d comum e o seu teor médio se obtém ponderando
teores com respectivos prismas de influência. A cubagem de todo o corpo mineralizado é a resultante do
somatório das massas de cada lâmina e o teor médio é o resultante da ponderação do teor médio de cada
lâmina com a massa respectiva.
Evidentemente, o método acima mencionado não contorna o problema do “erro de extensão”, isto é, o
erro que se comete ao se transpor o teor verificado para um determinado intervalo de sondagem para a
totalidade do volume de influência.
F1
F4
S
2 F2
F5
F3
F6
furos 1, 2, 3,..., n. Os teores encontrados nestes furos foram t1, t2, t3,... tn, e a espessura do corpo em
cada furo foi medida dando os valores h1, h2, h3, ... hn. Cada furo tem uma distância horizontal de
influência que vai até a metade da distância ao furo vizinho. Ficam assim, definidas as correspondentes
áreas de influência S1, S2, S3,... Sn, por este método, o teor de um furo não interessa ao cálculo relativo ao
furo vizinho.
A difusão do uso de computador na mineração tem feito com que este método das figuras geométricas
esteja sendo substituído por outros mais precisos conforme veremos a seguir.
O mais comum é o denominado “método do inverso do quadrado das distâncias”. Para o seu
1 1 1 1 1
t9 2
+ t12
2
+ t13
2
+ t 11
2
+ t7
(d 9 ) (d12 ) (d13 ) (d11 ) (d 7 )2
t =
1 1 1 1 1
+ + + +
(d 9 )2 (d12 )2 (d13 )2 (d11 )2 (d 7 )2
em que tn são os teores correspondentes aos furos Fn e dn as distâncias dos furos Fn ao furo centrado no
prisma cujo teor se quer calcular. Deve-se notar que utilizamos neste cálculo apenas os furos circundantes
ao furo em foco, já que os fatores multiplicadores dos teores dos outros furos, sendo inversamente
proporcionais ao quadrado das respectivas distâncias, terão as suas influências exponencialmente
reduzidas com o aumento destas distâncias, apresentando diferenças desprezíveis no teor que se deseja
calcular.
Admitindo-se os mesmos valores que os adotados para os teores da figura correspondente ao método
das isolinhas, teremos:
1 1 1 1 1
11 × 2
+ 14 × 2
+ 16 × 2
+ 16 × 2
+ 11 ×
t=
(1) (2,3) (2) (1) (2)2
1 1 1 1 1
2
+ 2
+ 2
+ 2
+
(1) (2,3) (2) (1) (2)2
Como vemos, este resultado é diferente daquele anteriormente admitido para o prisma em questão, no
método das figuras geométricas, é de valor igual a 15.
A diferença se deve ao fato de que, neste método, as influências de furos afastados do ponto cujo teor
se quer determinar são atenuadas pelas respectivas distâncias, o que é intuitivo.
O cálculo da totalidade do corpo mineralizado se faz de modo similar àqueles dos outros métodos
considerados.
Embora este método apresente algumas vantagens em relação aos anteriores, por conduzir a erros
menores na estimação, ainda não contorna os problemas do erro de extensão e do erro de estimação que é
aquele que se comete ao estimar o teor de um determinado bloco a partir da informação levantada.
Baseia-se no traçado de curvas representativas dos lugares geométricos de valores de igual teor. Estas
curvas são obtidas, a exemplo do que se faz em Topografia, pela interpolação - e mesmo extrapolação - de
valores de teores determinados em furos contíguos.
Consideremos a mesma figura utilizada no método das figuras geométricas e vejamos como se procede
d1 t1
dn
Área de P
influência
1 1 1 d2
t1 ∗ d t2 ∗ tn ∗
1 d2 dn t2
tp = + ...
1 1 1
d1 d2 dn
2.3 A GEOESTATÍSTICA
2.3.1. OBJETIVOS
O objetivo último da “Avaliação Geoestatística com Parametrização” é o cálculo de sua reserva global -
tonelagem de minério bruto, teores e respectivas curvas de parametrização - através da metodologia
própria da Geoestatística, suportada pela respectiva teoria.
Para aplicação dessa metodologia, todos os estimadores calculados podem ser afetados de um erro e,
portanto, é possível estabelecer, para certo nível de probabilidade, os intervalos de confiança dos valores
obtidos. Geralmente, este nível de probabilidade é de 95%.
A possibilidade referida anteriormente resulta do fato de as variáveis usadas como base para cálculo
(teores, espessuras, etc.) serem consideradas como uma realização de uma função aleatória n -
dimensional dotada de certa função de autocorrelação e, portanto, às estimações feitas, é sempre possível
associar um erro quantificável que depende não só da quantidade de informação disponível, mas também,
da sua distribuição espacial (toda variável é assim dita regionalizada). A função de autocorrelação citada é
designada por variograma e ela representa o sistema de interdependência estatística entre amostras
vizinhas. O fato de considerar a distribuição espacial é que diferencia a Geoestatística da estatística
clássica onde é postulada a independência entre amostras (o que não se verifica na prática). Através da
geoestatística é possível calcular as distâncias de influência e avaliar os erros de estimação no cálculo de
uma reserva.
A primeira tarefa da Avaliação Geoestatística com Parametrização é a definição dos variogramas globais
da jazida, válidos para o campo ou campos homogêneos que se pretende cubar.
a h
1 n−h
γ (h) = ∑
2(n − h) i
(x1 − x (i + h ) )2
Fig. 2.5 – Exemplo de uma curva típica de um variograma.
Parametrização: Curvas que permitem quantificar a reserva geológica / lavrável em função do teor de
corte.
Curvas de Parametrização da Mina
4500 70
4000
60
3500
50 Metal
3000
40 Teor
2500
2000 30
1500
20
1000
10
500
0 0
0 818 2727 4148 6090 9818 9989 9992
1 N−h
2
γ(h) = ∑ [Y(x + h ) − Y(x)] , onde
N−h x =1
h = vetor de distância que liga 2 pontos quaisquer;
r
N = número total de amostras na direção de h;
r
O variograma é, pois, a média dos quadrados das diferenças entre teores distanciados de [ h ].
r
O variograma segundo uma determinada direção h mede o segundo momento das diferenças
sucessivas entre os teores das amostras e será, em geral, tanto maior quanto mais afastados no espaço
forem os valores Y(x) e Y(x + h). O andamento desta função reflete a estrutura do espaço mineralizado,
entendida como o sistema de relações entre as partes de um conjunto. Na maioria dos casos práticos, o
variograma revela um fenômeno de transição, isto é, a partir de certa distância, as amostras tornam-se
independentes e o variograma tende para um patamar.
O variograma está associado à noção de escala do fenômeno mineralizado. Assim, dada certa malha de
r
amostragem (distância entre amostras sucessivas na direção de h ), o variograma construído sobre esta
malha reflete a estrutura a essa escala e como na maioria dos fenômenos geológicos, existem diferentes
escalas superpostas, o variograma traduz normalmente um conjunto de estruturas, ditas embricadas.
A interpolação de variogramas construídos sobre 3 direções ortogonais se faz através de um modelo
matemático, dito esquema esférico, cuja expressão analítica é:
3 h h3
C − para h < a
γ(h) = 2 a 2a 3
C para h ≥ a
Além desses dois parâmetros (amplitude e patamar) os variogramas normalmente revelam a ordenada
na origem Co = efeito de pepita; este Co é o resultado de dois fatores distintos: por um lado mede o erro de
amostragem (que resulta de lim γ(h) = Co ≠ 0, pelo fato de duas amostras tomadas em pontos infinitamente
próximos não terem valores rigorosamente iguais, devido aos erros de amostragem, analíticos, etc.) e, por
outro lado, mede a influência de micro-regionalizações, isto é, de regionalizações a escala inferior a da
amostragem (no fundo, o efeito de pepita dá uma noção da “heterogeneidade” local numa dada direção).
r
Se sobrepuser a um variograma de amostras de sondagens construído na direção h , o variograma de
r
h
amostras de galerias construído na mesma direção , este variograma, cuja malha de amostragem é
menor permite evidenciar uma micro-regionalização, em relação à malha de sondagens, e ter uma melhor
noção do efeito de pepita (reduzindo, assim, o erro das estimações subseqüentes).
Em qualquer estudo prático de Geoestatística, nunca se conhece o valor pontual das variáveis
regionalizadas sobre as quais se constroem os variogramas. De fato, os métodos de amostragem utilizados
conduzem a certo valor regularizado através de certa função de ponderação (por exemplo, o valor médio do
teor num certo volume de amostra). O volume da amostra sobre o qual a variável é conhecida, chama-se
suporte da regularização e os variogramas só podem ser comparados e interpretados desde que tenham o
mesmo suporte. No caso de suportes diferentes, é necessário reconstruir, a partir dos variogramas
experimentais, o variograma pontual ou quase pontual, ou seja, aquele em que a dimensão do suporte seja
desprezível em face do bloco a estimar. Esta reconstrução pode ser feita através de uma técnica
denominada “desconvolução”, hoje em dia já padronizada em blocos e formulários diversos.
r
Como o variograma é uma função que depende do vetor h , terá configurações diferentes conforme a
direção deste vetor. O fato de as amplitudes serem diferentes significa que a jazida apresenta anisotropias
geométricas (o patamar é que se manteve igual). Existem, também, anisotropias zonais quando, além das
amplitudes, os variogramas apresentam também patamares diferentes. Através de transformações de
coordenadas, todas as anisotropias podem tornar-se isotropias e os cálculos subseqüentes são realizados
com base nas coordenadas transformadas, de modo a considerar esta característica intrínseca da jazida.
Na representação gráfica do variograma, aparecem uma reta horizontal que corresponde ao patamar C
2
+ Co (que coincide com a variância “a priori” σ ) e uma curva que corresponde ao ajuste gráfico da função
variograma que se pretende obter (com esta curva, definem-se os valores da amplitude a e do efeito de
pepita Co). A reta inclinada corresponde à tangente da curva ajustada na origem, de ordenada Co, a qual
define, no modelo esférico, em seu ponto de interseção com o patamar C + Co o valor exato de 2/3 de a.
Os valores de C, Co, a, C + Co e 2/3 a são os fundamentais para os cálculos subseqüentes na
“avaliação geoestatística com parametrização da reserva da jazida”.
Uma vez obtidos os modelos que interpretam os variogramas bem como os respectivos parâmetros,
para a variável a estimar, é necessário construir os estimadores dos valores médios da variável e calcular o
respectivo erro.
Um primeiro estimador será a simples média aritmética dos valores da variável nos pontos amostrados e
o erro deste estimador será calculado através da variância de extensão - variância do erro que se comete
estendendo este valor a toda a área mineralizada.
Na procura de um estimador cujo erro fosse mínimo, chegou-se à descoberta de uma técnica, dita de
krigagem, em que o estimador utilizado já não é a simples média aritmética dos valores das sondagens,
mas sim uma combinação linear de toda a informação existente. A grosso modo, a krigagem se refere ao
modo de ponderar as diversas amostras disponíveis, atribuindo “pesos” mais fortes a amostras mais
próximas e pesos mais brandos a amostras mais distantes, como parece óbvio, mas que, afinal apenas é
parcialmente correto, pois a krigagem arrasta consigo os fenômenos denominados “efeito de écran”,
“transferência de influência”, etc.
Em certos casos verifica-se o chamado “efeito de écran”, que é uma propriedade de grande interesse
prático; com esta denominação quer se significar que só as amostras situadas no interior ou nas
proximidades do volume que se pretende krigar é que estão associadas a ponderadores diferentes de zero,
sendo o peso das restantes, mais afastadas, praticamente nulo; mas, se o variograma mostrar efeito de
pepita significativo, os ponderadores terão um peso diferente de zero.
Este fenômeno está intimamente relacionado com outro, denominado “transferência de influência” e que
significa que a coleta de uma nova amostra associada a um ponderador não nulo, pode ocasionar a brusca
queda do ponderador da antiga amostra, assumindo assim, a nova amostra um ponderador bastante
elevado.
O principal interesse da krigagem resulta da sua própria definição: minimiza-se o erro de estimação
tirando o melhor partido da totalidade da informação existente. Mas, além desse aspecto, outra vantagem
desta técnica é eliminar os erros sistemáticos que se cometem avaliando o teor médio de um bloco apenas
pela informação existente no seu interior, o que leva a uma constante superestimação dos blocos ricos e a
uma sub-estimação dos blocos pobres. De fato, quando se utiliza toda a informação disponível em toda a
jazida na estimação de um bloco (ponderada, evidentemente, através da estrutura subjacente revelada pelo
variograma), eliminam-se os erros sistemáticos referidos anteriormente.
A krigagem pode ser formulada simplesmente do seguinte modo:
- sejam xi os teores tomados nos pontos i do espaço (todos os testemunhos de uma sondagem, por
exemplo);
- seja V o bloco a estimar, de teor verdadeiro Z desconhecido; e
- um estimador de Z será Z* = Σiλixi, onde λi são os ponderadores a determinar; esta determinação
será tal que se verifiquem as seguintes condições:
1 - Condição de universalidade:
→ implica em Σλi = 1
2 - Condição de otimalidade:
2
→ σ (Z* - Z) mínima
Fisicamente, a condição de universalidade é uma condição de não enviesamento, pois ela implica que a
esperança matemática do estimador é igual à esperança matemática do que se pretende estimar.
Fisicamente, a condição de otimalidade dá significado prático ao estimador de krigagem, porque, para
que qualquer estimador tenha significado, deve existir sempre a possibilidade de calcular a sua variância de
estimação; um estimador é dito ótimo quando é mínima a sua variância de estimação.
2
Para minimizar σ (Z* - Z), sob o constrangimento de universalidade, introduz-se o coeficiente µ de
2
Lagrange e deriva-se Q = σ (Z* - Z) = Zµ (Σi λi - 1) em ordem a λi. Tem-se, assim, um sistema de n+1
equações a n+1 incógnitas (os λi e o parâmetro de Lagrange) que conduz à solução do problema. Este é o
2
chamado Sistema de Matheron, cuja resolução é facilitada pelo fato da variância de krigagem σ (Z* - Z)
poder exprimir-se apenas em função das covariâncias que se calculam a partir do variograma e, portanto, a
krigagem depende só da configuração geométrica das amostras e dos valores a, C e Co do variograma.
Demonstra-se que o sistema de Matheron é regular, isto é, conduz a uma solução única.
Com todas estas condições (não enviesamento, linear e ótimo) o estimador de krigagem é chamado
estimador BLUE (best linear unbiased estimator), provando-se, matematicamente, a impossibilidade de
existência futura de um melhor estimador. Mas, a krigagem é exata, além de ser BLUE; diz-se que um
interpolador é exato quando assume para os pontos experimentais os valores reais (corretos) dos mesmos,
em vez de fornecer números próximos.
A reserva lavrável de uma dada jazida é dependente dos teores dos blocos que a constituem. Esta
dependência é designada por parametrização e é sempre válida dentro de um quadro tecnológico (que
define a unidade explorável ou bloco de lavra) e econômico (que fornece elementos para a otimização do
teor de corte).
A parametrização, em sentido geral, de uma jazida é uma extensão prática da “Geoestatística Mineira”
que usa ferramentas matemáticas próprias destinadas a otimizar o aproveitamento da jazida que se está a
parametrizar. Esse aproveitamento ótimo não se refere apenas à definição da unidade de lavra e à
determinação do teor de corte, pois atinge também a “caracterização ótima” da jazida (através do estudo da
“curva característica ótima” da jazida), a escolha e afinação do(s) método(s) de beneficiamento do(s)
minério(s) da jazida, a identificação dos parâmetros influentes na lavra e no beneficiamento (que depois
terão que ser “estacionarizados”) e outros, embora muitos destes aspectos sejam mais próprios de um
detalhamento de um projeto do que de um projeto em fase de estudo básico.
Uma vez definido, com a aproximação necessária, o quadro tecnológico e econômico válido para a
parametrização que se pretende efetuar, o planejamento subseqüente tem de ser feito com base em
valores estimados. É evidente o impacto do método de cálculo de reservas na construção das curvas
tonelagens x teores de corte e/ou médios e na determinação da cava final a executar, com base em certa
“função beneficio”, sujeita a diversos constrangimentos (taludes, seqüência de exploração, necessidade de
blendagem, etc.). Uma grande vantagem adicional da consideração da função benefício numa
parametrização prende-se à maior facilidade de se “estacionarizar” o teor de concentrado e sua
recuperação em peso, do que se estacionarizar o teor do minério bruto, visto que as variâncias daqueles
são menores que a deste; isto significa que as regras de mistura são mais simples no primeiro caso do que
no segundo. Em resumo, este fato é mais uma evidência mostrando que o planejamento da lavra de uma
jazida deve tomar em conta os resultados obtidos no beneficiamento do respectivo minério.
A sensibilidade do planejamento mineiro posterior ao erro cometido na estimação das reservas foi
analisada nos últimos tempos por diferentes métodos e concluiu-se que a krigagem é a prática que conduz
aos riscos mínimos (para todas as outras condições mantidas constantes). Assim, é por krigagem que se
tem de estimar os teores dos blocos (ou outros parâmetros) a usar na parametrização, que fornecerá os
elementos que permitem a caracterização da reserva mineral sobre as diversas óticas, considerando toda a
informação que se pode extrair dos dados usados.
A análise cuidadosa do Relatório de Pesquisa Geológica que supõe a verificação da correção dos
procedimentos relacionados anteriormente, objetiva a formação de um conhecimento seguro sobre a
reserva mineral, indiscutivelmente a base em que se apoiará todo o empreendimento.
Os trabalhos de Pesquisa Geológica efetuados para uma na jazida, para a qual será elaborado um
Projeto Básico de Lavra, com base nas informações ali contidas e em outras geradas na Pesquisa
Tecnológica e outras ao longo dos estudos diversos é composto dos seguintes itens:
Como se vê, são premissas simplificadas dos reais eventos das operações mineiras, assim
estabelecidas de modo a se poder construir um modelo matemático que as utilize como bases.
T
5) Vida da mina: n= , em que
t
T = reserva lavrável
Assim, o fluxo de caixa se reduz a um investimento inicial A na data zero e uma série uniforme de n
saldos anuais S.
O valor atual V do fluxo de caixa pode ser calculado para certa taxa de juros r escolhida pelo investidor:
6) V = Vs - A, em que:
Vs = valor atual bruto das receitas a uma taxa de juros r e para n anos de vida da mina; Vs se exprime
pela seguinte fórmula:
7) V =S
(1 + r )n − 1
s
r (1 + r )n
Substituindo em 6, os valores de Vs, S, n e A anteriormente encontrados, virá:
8) V = (p − c )t
(1 + r )T/t − 1 − at
T/t
r (1 + r )
A figura 2.9 seguinte é a representação gráfica das curvas representativas das funções que
caracterizam o modelo matemático, evidenciando o ponto t* ao qual corresponde o máximo valor atual.
Fig. 2.9 – Curvas representativas das funções que caracterizam o Modelo Matemático Estático de Massé - Fonte :
COSTA, R. R. (1979)
2.8.1. OBJETO
A Pesquisa Tecnológica tem como objeto a determinação de parâmetros de natureza diversa daqueles
determinados durante a Pesquisa Geológica e que são essenciais para a formulação de um Projeto de
Mineração. Assim, a Pesquisa Tecnológica é conduzida com o objetivo de se determinarem os tipos de
minério e estéril, definir o processo de concentração com base na tipologia estabelecida, verificar os
parâmetros geotécnicos determinados por ocasião da Pesquisa Geológica e determinar outros que não o
foram.
A Pesquisa Tecnológica visa, em última análise, enquadrar a realidade geológica dentro do conceito
tecnológico, fornecendo elementos indispensáveis de decisão sobre o empreendimento, o que não seria
possível somente com a Pesquisa Geológica (Costa, R. R., 1979). .
Define-se por campo de atuação da Pesquisa Tecnológica o espaço físico onde se processa a mesma,
ou seja, a jazida em estudo.
Este campo deve ser suficientemente amplo para garantir a representatividade dos resultados gerados
sem, no entanto, pecar por exagero em comprometimento da minimização do custo da sua execução. Para
ser suficientemente ampla, a pesquisa deve abranger toda a jazida, em uma densidade determinada pelos
estudos geoestatísticos, se os mesmos tiverem sido efetuados.
O sistema de amostragem mais indicado para o atendimento simultâneo das exigências de
representatividade e totalidade é constituído por abertura de galerias, convenientemente espaçadas e
posicionadas. Para fixação de idéias, suponhamos que se procedeu a Avaliação Geoestatística da reserva
de uma jazida hipotética denominada Monte Raso, e que as galerias nela abertas o foram com base nos
resultados daquela Avaliação.
No que diz respeito ao requisito da amostragem se processar em todo o campo da jazida, verifica-se
que o mesmo foi atingido, pois as galerias abertas se encontram dispostas ao longo de todo o eixo da
jazida, desde a seção 01 até a seção 12 e relativamente eqüidistantes. Quanto a distância entre galerias
contíguas, medida segundo aquele eixo, não deve exceder a amplitude determinada segundo aquela
direção. Ora, o estudo variográfico efetuado revelou o valor de 526 metros para a referida amplitude. Assim,
as galerias foram abertas, sempre que as condições topográficas permitiram, eqüidistantes de 500 metros,
garantindo, assim, a sua representatividade nesta direção.
Ainda com o objetivo de atender ao requisito de representatividade, as galerias foram abertas tendo os
seus eixos perpendiculares à direção geral das camadas, ou seja, perpendiculares ao eixo da jazida. A
2.8.3. TIPOLOGIA
O objetivo da tipologia é verificar a existência de tipos diferentes de minério na jazida, classificar estes
tipos, medir a sua participação no corpo mineralizado, obter a sua distribuição espacial dentro do mesmo
corpo e obter as respostas dos tipos determinados ao processo de beneficiamento adotado. Tipos de
minério e processo de beneficiamento devem se ajustar de tal forma a permitir o máximo aproveitamento
racional da reserva.
A determinação da tipologia do minério de fosfato da jazida de Monte Raso, considerada em este
exemplo, tomou como base os teores de P2O5, CaO e Al2O3 + Fe2O3 determinados em 480 amostras de
material extraído das 6 galerias referidas no item anterior.
O método adotado para o estudo tipológico em questão foi o denominado Análise Grupal (Cluster
Analysis), cuja base teórica será discutida adiante.
Em linhas gerais, a técnica da Análise Grupal presta-se a formação de grupos homogêneos de minério,
com fulcro na composição química (e/ou mineralógica, etc.) das diversas amostras disponíveis.
A escolha das variáveis sobre as quais se apoiará a Análise Grupal é de fundamental importância, pois
devem permitir, como foi dito, a formação de grupos homogêneos. Por outro lado, os grupos homogêneos
assim definidos, devem, de alguma maneira, retratar diferenças em comportamento tecnológico, diferenças
genéticas, etc.
Como o principal objetivo do estudo foi o de composição de amostras para ensaios contínuos de
beneficiamento, optou-se por variáveis que permitissem a obtenção de grupos homogêneos,
reconhecidamente característicos de possíveis comportamentos diferentes nos processos de concentração
a testar. Dentre os grupos formados, escolheram-se aqueles com as características requeridas. Assim, as
variáveis escolhidas foram os teores de P2O5, CaO e Al2O3 + Fe2O3, sobre cujos valores, após a aplicação
da Análise Grupal, permitiram a obtenção de 3 tipos fundamentais de minério, constituídos principalmente
pela ardósia intemperizada superior, média e inferior; a crosta wavellítica, a ardósia negra e o horizonte
ardosiano manganesífero, embora constituam grupos distintos, não foram classificados como minério. A
teoria sobre a qual se assenta a Análise Grupal é, a seguir, explicada (Costa, R. R., 1979).
Ao se estabelecer uma tipologia, quando existe apenas uma variável caracterizante, o agrupamento
torna-se fácil. Entretanto, quando as amostras ou elementos disponíveis à formação de grupos são
caracterizadas por muitas variáveis, a formação dos mesmos só é possível se contarmos com um método
adequado. Este método deve ter um critério objetivo e único na comparação das amostras, permitindo uma
análise objetiva dos grupos formados. Alem disto, o tempo necessário à execução do serviço deve ser
curto, viabilizando o estudo dentro do cronograma do Projeto.
A Análise Grupal, como método que atende a estes pré-requisitos, foi inicialmente desenvolvida para a
Psicologia e então aplicada a Taxonomia e Paleontologia como um método de se classificar ou agrupar os
membros de uma mesma espécie contidos em uma coleção inicial de membros de espécies diferentes,
considerando-se as peculiaridades características de cada elemento.
Basicamente, a metodologia da Análise Grupal consta de: dados N elementos, caracterizados cada um
por M variáveis, comparam-se inicialmente todos os elementos dois a dois.
Esta comparação é feita através do operador:
M (x i, j − x i,k )2 , onde:
D j,k = ∑
i =1 M
Sendo M o número de parâmetros que caracterizam cada elemento, N o número total de elementos a
serem agrupados e x m,n os valores estes parâmetros, com n variando de 1 a N e m de 1 a M, a
normalização do parâmetro de ordem Mo se faz comparando os valores x M , n , com n variando de 1 a N.
o
Aos máximos e mínimos x M , n encontrados atribuímos os valores 1 e 0 respectivamente, sendo que os
o
demais x M , n compreendidos entre o máximo e mínimo, tem suas grandezas calculadas por interpolação
o
linear.
Uma vez feito isto para todos os M parâmetros, teremos então todas as variáveis normalizadas,
tornando-os possíveis de comparação entre si, durante o cálculo das dissimilaridades.
A dissimilaridade entre os componentes j e k, ou D j,k , representa a “distância” entre j e k em um
hiperespaço multidimensional com M dimensões (M = número de variáveis). Sendo esta distância dividida
por M, na realidade o operador é uma diferença média quadrática, cujo significado físico é análogo ao do
desvio padrão das diferenças entre os valores dos parâmetros das duas amostras j e k.
Desta forma, portanto, quanto menor o valor de D, tanto maior deve ser a semelhança entre os
elementos considerados. D igual a zero significa semelhança total, ou seja, as amostras são
completamente iguais.
A medida que D aumenta, esta semelhança vai diminuindo, ou seja, os elementos vão se distanciando
no hiperespaço com M dimensões. Os valores de D podem variar entre 0 (zero) e 1 (um), respectivamente
mínima e máxima dissimilaridade.
O algoritmo elaborado consta de:
Estes dois elementos passarão a formar um conjunto, que no algoritmo passa a ser considerado um
novo elemento jo, cujos parâmetros terão por medida a média ponderada dos valores correspondentes nos
elementos combinados.
Na ponderação entre os valores dos parâmetros jo e ko para a determinação do novo jo, utilizamos como
peso para jo e ko o número de elementos que tenham sido incorporados respectivamente a cada um nos
passos anteriores. Esta ponderação é realizada, a fim de que o novo elemento jo a ser formado sofra maior
ou menor influência de jo ou ko, conforme o número de elementos que cada um contenha.
Considerando agora o novo componente jo e desprezando ko, todos os elementos são novamente
comparados entre si, recalculando-se suas dissimilaridades D j,k . O procedimento segue idêntico ao
descrito anteriormente até que todos os elementos tenham sido agrupados.
O dendograma da Fig 2.10 é a exposição gráfica desses resultados. Consiste num diagrama em que
nas ordenadas são colocados os diversos elementos e em abscissas são colocados os valores de D. Os
diversos elementos são agrupados por barras verticais e o mesmo é feito para os vários grupos formados,
como mostra a figura a seguir:
A medida que se desenvolve o algoritmo, os agrupamentos iniciais vão sendo agrupados entre si e vão
se juntando a eles elementos isolados. Ao final, todos os vários agrupamentos tendem a se agrupar em um
único grupo de dissimilaridade máxima. Cabe-nos, então, escolher, de modo criterioso, os diversos níveis
de dissimilaridade em que diferentes grupos tenham que ser considerados.
É prática usual subdividir o dendograma segundo as dissimilaridades de cada agrupamento, fornecendo,
para cada variável, as médias e os desvios padrões dos componentes do grupo em questão. De qualquer
forma, esta etapa de escolha dos grupos é muito delicada, exigindo bastante critério pessoal, em função do
objetivo do trabalho.
Sendo possível a localização espacial dos grupos, pode-se visualizar em um espaço tridimensional o
posicionamento relativo dos mesmos dentro do depósito mineral.
Esta possibilidade é de extrema importância no planejamento da lavra, se este tiver que se basear no
desmonte seletivo de tipos diferentes ou segundo uma blendagem específica de vários tipos.
Uma vez estabelecida uma tipologia para o minério e definidas as posições relativas dos tipos dentro do
depósito mineral, é possível a retirada de amostras representativas de cada tipo de minério e submetê-las a
um processo básico de beneficiamento.
Durante os testes com os vários tipos de minério, examinam-se os ajustes que devem ser efetuados nos
parâmetros do processo de modo que tipos diferentes de minério gerem produtos iguais. Evidentemente, a
cada mudança nos referidos parâmetros, corresponderá uma mudança no custo final de beneficiamento.
Dentre as várias alternativas estudadas deve-se escolher aquela que procure compatibilizar o mínimo custo
de beneficiamento com o máximo aproveitamento da reserva. O processo de beneficiamento deve ser
bastante flexível de modo que permita a lavra de vários tipos similares de minério, se esta for a condição
para propiciar o máximo aproveitamento da reserva.
Estes testes são geralmente realizados em laboratórios e seguem, para cada tipo de minério, a
metodologia a seguir descrita, específica para o caso do fosfato da jazida de Monte Raso.
As amostras são submetidas à moagem em circuito contínuo para maior confiança na representatividade
do produto de moagem. Esta moagem foi feita em moinho de bolas de l' x 2' operando em circuito fechado
com um classificador espiral de 6”. O produto de moagem serviu para os ensaios de beneficiamento e
foram caracterizadas as amostras tiradas por incrementos periódicos, durante todo o decorrer dos ensaios”.
2.8.4.3. CONCLUSÕES
Fig.3.2: Esboço de uma mina a céu aberto em uma camada plana com uma superfície horizontal.
Fig.3.3: Esboço de uma mina a céu aberto em uma camada plana com superfície inclinada.
Para extrair o minério por um método a céu aberto é necessário primeiramente remover certa
quantidade de rochas estéreis. Esta operação é chamada de decapeamento e o solo removido
capeamento ou estéril. A importância nesta conexão não é somente a quantidade absoluta de solo
submetido à remoção, mas seu volume relativo por unidade de minério extraído. Isto pode, por
exemplo, tornar inviável a extração de uma camada de carvão que possui 1 metro de espessura se a
rocha que a cobre possui 15 metros de espessura. Mas pode se tornar economicamente viável, se a
espessura de carvão é cerca de 5 metros.
A razão entre o volume de capeamento com a quantidade de reservas de minérios já retirada ou
a ser retirada, expressa em unidade volumétrica (ou de peso), é chamada de relação estéril-minério.
Quando a superfície do terreno e a ocorrência mineral são planas ou quase horizontais, a relação
estéril minério é praticamente uniforme (ver Fig. 3.2). Quando a superfície do terreno se inclina a
relação estéril minério se altera, levando a um aumento no tamanho da abertura, mesmo quando o
depósito for horizontal e possuir uma espessura uniforme (Fig.3.3). Em trabalhos com camada
inclinada ou íngreme, de espessura praticamente uniforme, a quantidade de decapeamento a ser
retirada aumenta com a profundidade (Fig. 3.4). Portanto, para escavar o volume c’cbb’ do minério é
necessário extrair o volume aa’b’b da parede durante o processo de extração. No aprofundamento
numa mina a céu aberto, para extrair um volume similar do minério bcc”b”, um grande volume de
estéril aa”b”b precisa ser removido.
a+bx. (1)
Para se determinar se é viável a lavra a céu aberto ao invés da lavra subterrânea pode ser utilizar
a fórmula
a+bx<c (2)
3
Onde c é o preço da extração de 1m de minério pelo método subterrâneo.
A razão máxima de decapeamento pode ser obtida a partir de uma equação que compare e
relacione os custos de lavra pelos métodos a céu aberto e subterrâneo
Considerando a+bx = c
então
x = c-a . (3)
b
Antes de iniciarmos o projeto de uma lavra a céu aberto será necessário definirmos os termos
relacionados a seguir que são essenciais para a compreensão dos assuntos relacionados à lavra de
minas a céu aberto:
Bermas: Praças horizontais formadas entre os taludes com objetivo de promover as operações de
lavra.
Ângulo de Face dos Taludes: E a inclinação apresentada individualmente por uma bancada, formada
pela interseção entre o plano da berma e o alinhamento entre o pé e a crista.
Ângulo Geral dos Taludes: É o ângulo formado pelo alinhamento que passa pelo pé do conjunto de
bancos e plano horizontal do fundo da cava ou pilha de estéril.
Ângulo Médio Aparente: É o ângulo formado pelo alinhamento não perpendicular de um conjunto de
bancos e o plano horizontal do fundo da cava.
Estéril Temporário: Estrutura formada pelo lançamento do estéril ou minério marginal, destinada
aproveitamento futuro.
Berma final ou de segurança: Praça mínima deixada após a lavra ou disposição de estéril.
Os principais métodos de lavra a céu aberto podem ser classificados como: - Lavra por bancadas
(open pit mining), lavra em tiras (open cast mining) e Lavra de pedreiras. Em qualquer desses
métodos a lavra e as solicitações ambientais podem ser realizadas contemporaneamente ou
intercaladas.
Método propício à produção em grande escala, proporcionando baixo custo operacional e alta
produtividade. Adequado a jazimentos de alguns minérios específicos tais como carvão, fosfato e
xisto betuminoso.
Neste método o estéril é removido através de grandes equipamentos tais como shovels e
draglines ou mineradores contínuos. A operação pode ser complementada com o uso de explosivos.
Termo empregado no Brasil para explorações onde a produção é realizada através da produção
de blocos ou quando há uma padronização de tamanhos decorrente do desmonte. Tal produção é
também denominada produção de granulados. Este método é aplicado, por exemplo, nas
explorações de calcários, granitos, gnaisses e mármores.
6. Relação estéril/minério;
Os ângulos das bancadas são mantidos, geralmente, com a maior inclinação possível. Os limites
aqui são relacionados, basicamente, as condições de estabilidade. Em rochas competentes valores
entre 55° e 80° são tipicamente encontrados. É importante ressaltar que os ângulos das bancadas e a
largura das bermas têm influência decisiva sobre o ângulo geral dos taludes da cava final.
Além das bancadas ou bermas de segurança é comum, nas operações de lavra de grande porte, a
utilização de leiras de proteção nestas bancadas. Estas leiras são formadas por pilhas de material
fragmentado e depositado junto às cristas destas bermas.
Tabela 3.1- Geometria proposta para as bermas de segurança em uma mina a céu aberto
GEOMETRIA DE BERMAS DE SEGURANÇA (metros)
Largura das Largura mínima
Altura da Bancada Área de Impacto Altura das Leras
Leras das Bancada
15 3,5 1,5 4 7,5
30 4,5 2 5,5 10
45 5 3 8 13
Outra consideração de segurança a ser feita com relação à altura das leiras é que ela deverá ser pelo
menos igual ao raio dos pneus dos equipamentos que trafegam nestas bancadas.
Em locais de tráfego duplo, nas vias de acesso por exemplo, é comum observar-se a presença de leiras
na parte central das pistas. Neste caso, a largura do acesso deve ser dimensionada em função do
equipamento de maior largura que trafegue no local. Observando-se a recomendação da AASHO
(Organização Internacional de Segurança no Trabalho), que aconselha largura adicional de segurança igual
à metade da largura do equipamento, tanto a direita quanto a esquerda da pista; e se adicionado, ainda, a
largura da lera de proteção na crista da bancada e uma determinada distância para a vala de drenagem,
uma primeira estimativa, da largura total de uma estrada de mina, pode ser obtida através da seguinte
formulação expedita:
Uma comparação entre diferentes bancadas mostra que a utilização de larguras maiores acarretaria,
como aspectos negativos:
Menor seletividade;
Menor diluição;
Menor flexibilidade;
Diversos ângulos de taludes podem ser observados em uma operação de lavra a céu aberto, como, por
exemplo, o próprio ângulo da face das bancadas. Portanto, é importante que se determine a direção e o
plano dos diversos talude de maneira inequívoca. Define-se aqui como a direção do talude uma linha que
liga o pé e crista das bancadas de referência, e sua inclinação como o menor ângulo entre esta direção e
um plano horizontal.
Durante o processo de lavra, rampas de acesso e bancadas em lavra (praças) poderão estar presentes,
como na situação mostrada anteriormente. A introdução desta modificação na condição acima traz algumas
alterações no valor do ângulo do talude geral ( Vide Fig 3.5 a seguir). De maneira geral a formulação para
determinar o ângulo geral da cava (α
α)poderia ser então descrita da seguinte forma:
Altura total α
Projeção horizontal
Fig.3.5- Ângulo geral de talude para uma mina dividida em blocos
(FONTE – CRAWFORD & DAVEY, 1979)
A simples abertura de um corte com poucos metros de altura para a construção de uma estrada
cria condições de instabilidade na massa rochosa remanescente, pela retirada do material do corte e
pela exposição da face do corte à ação das intempéries. Este corte, no entanto, se adequadamente
projetado, manter-se-á em equilíbrio, permitindo a continuidade do uso da estrada.
Em uma mineração de grande porte, estes cortes podem atingir a centenas de metros,
multiplicando os problemas de estabilidade envolvidos e obrigando a multiplicação dos cuidados na
abordagem destes problemas de modo a conduzir a soluções que efetivamente os equacionem e os
resolvam.
A correta definição do ângulo geral do talude deste corte aparece como o primeiro desafio a ser
enfrentado. E esta definição é tanto mais complexa quanto mais heterogêneo for o material atingido
por este corte, podendo existir, em uma mesma mina, vários ângulos de talude. É ainda comum
existirem, para um mesmo material, vários ângulos de talude, cujas grandezas são funções das
profundidades em que os mesmos são considerados. Por princípio, um ângulo de talude deve ser tal
que permita a continuidade das operações que se realizam em seu nível ou em níveis inferiores; em
outras palavras, um talude deve permanecer estável enquanto perdurarem as operações de lavra, ou
seja, a sua vida deve ser igual à vida da mina.
Geralmente, quando a cava de mineração atinge grandes profundidades, o talude é bermado, isto
é, a sua continuidade é quebrada pela existência de bermas, com dimensões, e em níveis
adequados, posicionadas ao longo do talude. Nas figuras abaixo são representados um corte
esquemático e uma perspectiva de um talude com bermas.
Fig.3.6 – Principais elementos geométricos de uma lavra de mina a céu aberto por bancadas.
Fonte : COSTA, R. R. (1979)
Fig.3.7 - Corte transversal de um jazida qualquer, para a qual se projetou a lavra total da massa mineralizada
M, contida em uma massa estéril E. ABCD representa o limite final da cava, definido pelos ângulos α e α 1 ,
calculados de modo a prover a estabilidade dos taludes gerais AB e CD. Fonte : COSTA, R. R. (1979)
Se for possível, as faces das bermas devem ser protegidas contra a ação das intempéries,
cobrindo-as com vegetação, de preferência da mesma espécie que ocorre na região; deste modo, a
velocidade das águas pluviais é diminuída, e, conseqüentemente, diminui o seu poder erosivo.
Quanto aos pisos das bermas, se for necessário, os mesmos devem ser revestidos com um
material impermeabilizante, evitando, assim, a infiltração das águas naquelas superfícies, evitando a
sua saturação e, conseqüentemente, aumentando a sua estabilidade.
Em vista do exposto, vemos que a adoção de bermas em talude cumpre a dupla finalidade de
drenagem e proteção dos níveis inferiores, propiciando, assim, condições de operações seguras,
saudáveis e contínuas.
Além do atendimento dos requisitos de segurança, o projeto de um talude deve obedecer,
simultaneamente a critérios de ordem econômica, ou seja, para uma determinada reserva a ser
A relação não tem unidade e é mais comumente calculada como a relação ton./ton. e em alguns
3
casos com m /ton., caso a remoção de estéril seja para terceiros. Em certos tipos de minério, ou pela
3
forma de contratação, essa relação pode ser expressa em m /ton.
Esse é um método simples de análise para obter os limites da cava ótima utilizando o relação E/M
Primeiramente o ângulo da cava é determinado geotecnicamente, de forma real ou aparente, tendo-
se consideração a relação E/M. Essa relação determina o rendimento dos blocos de lavra, podendo
estar combinados ou não, estéril e minério. Os fatores para a determinação dos custos, podem incluir
custos como profundidade da cava e variações das operações de decapeamento do estéril.
Em uma análise mais complexa todo o corpo mineral é lavrado com a avaliação desta relação, em
função do tempo. Para produção de cada período são determinados os custos, rendimentos e o fluxo
de caixa gerado. Os retornos para cada ano são descontados para refletir um período do valor do
dinheiro em um tempo determinado, dependendo das diretrizes da empresa. O resultado é
considerado como o valor da mina ou da produção. O processo de lavrar continuamente até um
período em que não aumente esse valor, e desta forma a geometria da cava ótima final é
determinada. Com a flutuação dos preços de vendas, aumento do custo de lavra, e a introdução de
técnicas de mina mais sofisticadas, o planejamento geral da mina e a relação total E/M poderá mudar
assim como a vida útil da mina. Por essa razão é necessário uma reavaliação periódica do projeto de
longo prazo em intervalos regulares.
Tendo sido determinado a cava final ótima e a relação E/M total, o planejamento de mina pode ser
Esse método requer que cada banco de minério seja minerado em seqüência e que todo o estéril
em particular desse banco seja removido até os limites da cava ótima. As vantagens desse método
são: criar espaço suficiente para os trabalhos, o acesso ao minério é feito pelo banco subseqüente,
todo o equipamento esta no mesmo nível. É bastante utilizado na lavra com auxilio de correias em
bancadas.
Desta forma reduz-se diluição do minério nos bancos permitindo uma lavra mais seletiva. O
posicionamento dos equipamentos é mais estável.
A desvantagem primária desse método é que os custos são antecipados nos anos iniciais,
praticando-se alta relação E/M, quando benefícios são necessários para o pagamento do
investimento ou retomo de capital.
Esse método tenta remover o estéril a uma razão aproximada da relação global E/M. Os trabalhos
de remoção de estéril se aprofundam com a evolução da lavra ate que a mesma atinja a configuração
de cava final. Esse método tem vantagens e desvantagens concomitantes, pois se convive com o
compromisso de remover o estéril sem folgas, mantendo-se a média controlável, possibilitando o
dimensionamento sem surpresas. Alguma vezes neste método pode-se conviver com a dificuldade de
se liberar o minério com a qualidade ideal. Os equipamentos são de mesmo porte e os trabalhos
necessários até o final da vida da mina são relativamente constantes.
Na pratica atual o melhor método aplicado a um grande corpo de minério é aquele que consegue
uma relação E/M baixa inicial e na direção da exaustão da cava.
Vantagens sumarizadas:
Bom retorno e lucro no início do projeto;
Os trabalhos e equipamentos dimensionados podem ser aumentados para o máximo da
capacidade de trabalho em um período aberto de tempo (sem restrições);
Os trabalhos dos equipamentos são solicitados com um decrescimento gradual de serviços na
direção do final de projeto;
Áreas distintas para lavrar e decapear podem ser operadas simultaneamente, permitindo
flexibilidade de planejamento.
Conforme referido no item anterior, o Plano de Exaustão procura evidenciar a configuração mais
provável da mina ao fim de sua vida, quando estiver exaurida a sua reserva lavrável (Fig.3.8 ). Pelas
curvas de parametrização referentes à pesquisa Geológica é possível atingir-se tal intuito. A questão
se resume, pois, em se determinarem os limites físicos dessa reserva lavrável e apresentá-los de tal
modo que permitam, por meio da visualização da forma que a mina irá adquirir, proceder aos cálculos
dos meios para que esta forma efetivamente ocorra.
A técnica mais usada no passado consistia em se determinarem os limites de lavra em cada nível
de operação e, através do superposicionamento adequado destes níveis, estabelecer a configuração
procurada, onde aparecem também as estradas principais de acesso, a praça do britador primário, as
Fig. 3.8 – Vista geral da cava final de uma mina a céu aberto
Fonte: Mina de ouro de Igarapé Bahia – (Pa) – Cortesia CVRD
Em toda mineração a retirada de minério exige a retirada de certa quantidade de estéril; esta
quantidade de estéril é variável e minas de um mesmo tipo de minério comportam remoções de
quantidades diferentes de estéril. Há, no entanto, certo limite para cada caso particular, condicionado
por critérios de ordem econômica, ou seja, o custo de retirada deste estéril deve ser no máximo igual
ao benefício gerado pelo minério que esta retirada libera. Assim, quanto mais rico o minério, maior
será a quantidade de estéril que poderá ser liberada, ou seja, maior poderá ser a relação estéril
minério, geralmente expressa por massa de estéril correspondente à unidade de massa de minério.
De qualquer modo, existe uma massa de estéril que deve ser retirada, transportada e estocada.
Dessas operações, a estocagem merece cuidados especiais, principalmente se envolve quantidades
apreciáveis; este cuidado se justifica se considerarmos que a pilha de estéril, assim como o talude da
cava, deve ser estável, mas de modo permanente e não apenas durante a vida da mina. Esta
imposição de ser a pilha permanentemente estável é particularmente válida se existirem habitações
ou cursos d’água a jusante do local de deposição do estéril, e que poderiam ser destruídas ou
poluídos caso a estabilidade pretendida não fosse alcançada.
Vê-se, assim, que a deposição de estéril impõe a aplicação de técnicas especiais também
compreendidas no Campo da Geotecnia. Esta deposição geralmente se faz sob a forma de pilhas
“construídas” em vales próximos à área da cava; as regras da construção da pilha são ditadas pela
Geotecnia, para isto considerando a natureza do material a ser depositado, a forma do vale de
deposição, suas condições de drenagem, os índices pluviométricos locais, o ângulo de repouso do
material e todos os outros parâmetros que permitam projetar uma pilha de estéril permanentemente
estável.
As letras têm significados semelhantes àqueles definidos no item “Ângulo de talude da cava”, e a
configuração final da pilha deve satisfazer aos requisitos de segurança e economicidade.
Quanto à segurança, que se traduz pela estabilidade da pilha, é alcançada através de uma
construção adequada, pela deposição de camadas sucessivas de estéril, de baixo para cima,
convenientemente compactadas, e com a intercalação de bermas ao longo do talude, em níveis
predeterminados, providos de canaletas destinadas a desviar as águas de chuva da face da pilha. Se
não existissem bermas, a velocidade das referidas águas seriam muito grandes - por não
encontrarem os obstáculos, representados pelas bermas - aumentando o seu poder erosivo e,
conseqüentemente, ameaçando a estabilidade da pilha. Ainda para o atendimento da segurança é
construído o leito drenante D, com o uso de matacões, de modo que as águas existentes no fundo do
vale onde se constrói a pilha, tenham fluxo livre através daquele, evitando, assim, o solapamento da
pilha. Também aqui, a exemplo do que foi dito para o ângulo de talude da cava, se necessário, os
pisos das bermas devem ser impermeabilizados - para evitar a infiltração - e as faces cobertas com
vegetação local - para diminuir a velocidade das águas.
No que diz respeito a economicidade, a figura seguinte ilustra um fato que infalivelmente ocorre
em minas onde a deposição de estéril é efetuada sem um controle adequado.
Admitamos que se tenha projetado a deposição de estéril segundo uma pilha de talude contínuo,
formada a partir do basculamento de caminhões no ponto A e que a sua configuração final seja ABC,
sendo α o ângulo de repouso do material depositado.
À medida que a pilha progride - o ponto inicial de basculamento A caminhando em direção a B, até
uma posição A' - há uma tendência de acomodação do material depositado, criando o degrau D,
resultante da não compactação do material e da segregação natural dos blocos maiores contidos no
estéril e que tendem a se depositar na saia da pilha. Este deslocamento da camada mais externa da
pilha em construção ocasiona o aparecimento de fissuras F, longitudinais à crista e que constituem
superfícies preferenciais de escoamento de águas de chuva. Além disso, a não existência do leito
drenante, como referido na figura anterior, impede que as águas do fundo do vale fluam livremente
sob a base da pilha, criando uma superfície que age como um lubrificante, favorecendo o
deslizamento da pilha.
Todos estes fatores, agindo em conjunto, impedem que o ponto B final de basculamento seja
alcançado, pela insegurança que criam para as operações previstas executar no topo da pilha.
Assim, o volume V que se projetou depositar em um vale localizado a uma distância d da mina,
com o uso de n caminhões e a um custo unitário c, nunca será atingido e ter-se-á, como única opção,
a escolha de um vale mais afastado, o que acarretará um acréscimo no custo unitário de deposição,
por envolver maior distância de transporte e o uso de mais unidades transportadoras.
Isto posto, pode-se concluir que a formação controlada de uma pilha pode se tornar uma
imposição de ordem legal e econômica; neste caso, os custos adicionais de compactação, sistema de
drenagem e maiores distâncias iniciais são justificadas pelo respeito à manutenção das condições
ambientais e pela condução a custos finais mais compensadores.
As operações básicas de uma mineração são constituídas por um desmonte, carga, transporte e
descarga de materiais úteis e estéreis, executados por equipamentos adequados, cuja especificação
e dimensionamento levam em consideração determinadas características físicas dos materiais
manuseados; deste modo, é necessário o conhecimento destas características para o atendimento da
compatibilização requerida entre equipamento e material. Este conhecimento é, ainda, objeto dos
estudos geotécnicos e é obtido através de testes específicos de cada característica que se deseja
determinar. As principais características a serem usadas no dimensionamento dos equipamentos são,
a seguir, listadas.
Fig.3.11 – Relação entre o teor e o custo de lavra para uma exploração a céu aberto.
Fonte : COSTA, R. R. (1979)
Com relação ao custo de beneficiamento, este decresce com o aumento do teor de alimentação,
pois para a produção de uma mesma quantidade de concentrado, há a necessidade de processar
uma quantidade menor de minério, por ser mais rico, e, conseqüentemente, exige menor consumo de
reagentes, menores equipamentos, menor quantidade de insumos, enfim, um menor investimento
inicial e custo operacional. Também aqui é válido o dito anteriormente sobre a consideração da
incidência do custo sobre o minério bruto e não sobre o metal contido. A figura 3.12 a seguir ilustra a
variação do custo de beneficiamento com o teor de alimentação.
Conforme foi dito, o custo de mineração é a soma dos custos referidos; compondo as duas figuras
representativas das variações destes custos e traçando a curva representativa do somatório dos
mesmos, teremos a figura 3.13 a seguir:
Fig.3.12 – Relação entre o teor e o custo de beneficiamento para uma exploração a céu aberto. Fonte : COSTA,
R. R. (1979)
Fig.3.13 - A observação das curvas do custo de mineração nos permite identificar o ponto P ao qual
corresponde o teor ótimo To, para o qual o custo de mineração é mínimo.
Fonte : COSTA, R. R. (1979)
A observação da curva do custo de mineração nos permite identificar o ponto P em que este custo
é mínimo; a este ponto P, corresponde o teor ótimo To, para o qual o custo de mineração é mínimo.
Existem modelos matemáticos que permitem a dedução do teor ótimo de alimentação; a aplicação
destes modelos é extremamente útil e válida como uma primeira aproximação do problema, pois
permite quantificar uma ordem de grandeza do teor procurado. A partir deste valor inicial, devem se
proceder a testes de concentração - mesmo em escala de bancada - e determinarem-se pontos
suficientes que permitam o traçado da curva de variação correspondente.
Ao mesmo tempo, elaboram-se, ao nível de anteprojeto, os planos de lavra correspondentes aos
vários teores considerados - que devem variar em um intervalo correspondente à porção mais baixa
da curva do custo de mineração determinada pelo modelo matemático. São também aqui gerados,
pontos suficientes que nos permitam o traçado da curva correspondente à variação do custo da lavra
com o teor de alimentação.
A curva resultante do somatório das curvas supra referidas nos permitirá a obtenção do teor ótimo
procurado.
Enfatizamos a importância da determinação desta grandeza como única medida para evitarmos
uma lavra predatória ou uma lavra indiscriminada, ambas com resultados econômicos não
otimizados.
TEOR DE CORTE
A pesquisa geológica sistemática de uma reserva mineral executada através dos métodos
clássicos estudados, conduzirá à divisão desta reserva em blocos individualizados e definidos ou
identificados quanto às suas principais características como:
i. teores da substância útil contida;
ii. espessura da camada mineralizada;
iii. volume e tonelagem de minério que se obterá com a lavra de cada bloco;
iv. espessura, volume e tonelagem de material estéril sobrejacente a cada bloco e que deverá ser
manuseado para a extração do mesmo.
É raro o caso de uma jazida perfeitamente homogênea. Assim dentro da reserva delimitada
serão identificados blocos considerados medianos e blocos considerados pobres.
A classificação dos diversos blocos segundo os teores se fará em função do teor de corte,
que pode ser conceituado como o teor mínimo exigido na alimentação da instalação do
beneficiamento, a fim de se obter , em condições técnicas e econômicas um concentrado final dentro
das características exigidas pelo mercado consumidor.
Duas alternativas extremas se colocam para o aproveitamento de uma jazida. Ambas são
tecnicamente possíveis, mas não conduzem à maximização dos resultados em termos econômicos.
A primeira corresponde à lavra da totalidade do depósito mineral, com aproveitamento de
toda substância útil contida, sem atentar para o aspecto econômico.
Esta alternativa atenderia à maximização de aproveitamento das reservas, mas não atenderia
à minimização dos custos e beneficiamento (custo de produção)
A Segunda alternativa refere-se à lavra apenas dos blocos mais ricos, caracterizando uma
lavra ambiciosa.
Tal procedimento conduziria a um custo operacional baixo, mas não maximizaria o
aproveitamento da reserva total, já que a lavra do minério remanescente poderá ficar comprometida
pela destruição das características médias do jazimento, pela remoção isolada de sua porção mais
rica. Assim, à lavra do remanescente certamente não poderá se realizar com resultados econômicos
satisfatórios.
BLENDAGEM
Fig. 4.1 - Modelo de blocos tridimensionais em que pode ser dividida a mina para facilitar o processo
de planejamento computadorizado de lavra. (FONTE – CRAWFORD & DAVEY, 1979)
13) Projeto de cavas - Através deste módulo é possível o traçado de acessos na mina, altura de bancos e
bermas, seções geológicas e de produção, cálculo de volume de estéril, otimização, etc.
14) Projeto de explorações subterrâneas - Possibilita o projeto de poços, rampas, sistema de ventilação,
análise geotécnica, análise econômica, etc.
15) Controle de teores - módulo que permite desenvolver a seletividade dos blocos a serem trabalhados.
Inclui controle de plano de fogo, design de desmonte, modelo de blocos, seleção de áreas a serem
detonadas, posições espaciais e superficiais dos furos a serem detonados, simulação de resultados,
análise de explosivos utilizados, etc.
16) Modelagem da água subterrânea - possibilita o carregamento e tratamentos de dados hidrogeológicos,
modelagem geológica do depósito de fluidos, cálculo de reservas de fluidos e etc.
17) Todos esses programas fornecem poderosas ferramentas econômicas. Além disso, essa descrição
acima se refere a uma análise do presente, a qual, com certeza, sofrerão alterações sistematicamente,
tendo em vista que esses ‘’softwares’’ recebem, pelo menos, uma atualização anual através dos
denominados processos de “upgrades”.
A instalação e operacionalização dos ‘’softwares’’, cursos e serviços técnicos, que queremos
implementar, visam assim atender as necessidades de pesquisa de nossa instituição e das principais
empresas do setor mineral, incluindo desde pesquisa e exploração mineral, até planejamento e
produção.
Atualmente, estão sendo lançados no mercado modernos sistemas para otimização e
seqüenciamento automático das lavras de minas. Esses programas são um produto da linha de
soluções específicas para a mineração, e estão disponíveis para Windows NT e Windows.
Por exemplo, têm-se sistemas amplos de ferramentas para planejamento de longo prazo, desde a
otimização de mina até a geração de avanços e seqüenciamento automatizado. Os programas
completos possuem funções para importar e exportar modelos de blocos, curvas de nível, relatório e
gráficos.
Os programas são adequados para a avaliação de novos projetos, bem como para a análise de
expansões e operações em andamento. Tais programas podem gerar rapidamente diferentes
cenários de desenvolvimento da operação, fornecendo estimativas de lucro realísticas.
As novas versões desses programas que estão sendo lançadas no mercado têm várias novidades.
Uma das principais é a utilização do mesmos desde a plataforma PC, utilizando gráficos para
visualização tridimensional. Além disso, esses programas possuem um “menu” de controle acionado
a partir da janela do mesmo. Através deste ‘’menu’’, pode-se acessar várias funções novas como o
‘’Background’’ da tela, Zoom, rotação automática da figura e funções que tornam visíveis,
transparentes ou invisíveis sondagens, ‘’wireframes’’, ‘’strings’’ e modelos de blocos, além de outras
Define-se a reserva geológica e o modelo geológico da mina como sendo o modelo que contem
todas as informações inerentes aos diversos tipos de minério e estéril, como teores de todas as
variáveis, litologia, etc. Esta base de dados inicialmente se apresenta em forma de seções horizontais
e verticais, na maioria das vezes coincidente com a altura das bancadas, onde aparecem as
informações a partir da interpretação dos furos, trincheiras, poços, galerias, etc.
Após esta compilação inicial, estes dados são re-arranjados em um modelo de blocos, que se
descreve como um paralelepípedo que envolve toda área de interesse. Não somente é representado
o minério de interesse como também, todo estéril que compõe a encaixante do minério.
Em princípio apesar de estar mensurada, a reserva geológica seria aquela que poderia ser
removida em sua totalidade sem considerar os aspectos econômicos.
Por outro lado, sabemos que, considerado o aspecto econômico de um empreendimento mineiro,
a lavra da totalidade da reserva geológica deverá conduzir a resultados não maximizados.
Exemplificando, no caso de uma mineração a céu aberto, um determinado bloco pode ser anti-
econômico pelo custo de remoção do estéril sobrejacente, conforme viremos adiante.
Na prática, a lavra de minas consiste em aproveitar os blocos de minério acima do teor
economicamente aproveitável, sendo que este limite pode ser definido no modelo geológico, ou no
momento da otimização da cava, e descartar os inferiores a este. O teor que separa o minério mais
rico do mais pobre é chamado de teor de corte. Ao se iniciar o planejamento da lavra propriamente
dito, há que se fazer um levantamento de dados cuidadoso para se reunir a maior quantidade de
informações. Dados estes que podem ser difíceis de serem obtidos, ou não muito confiáveis, o que
poderá gerar uma dose de risco no empreendimento.
RELATÓRIO
*Nome do furo
*coordenadas da boca do furo: X,Y,Z.
*Comprimento dos testemunhos, inclinação
do segmento, azimute
*Análises químicas (Fe, Au ,Cu, Ag) Código.
Arquivos Arquivo
Furos de seções Arquivo Arquivo
com X,Y e
Seleci- Vario- com áreas
histograma
onados gramas volume
Relatório
Ploter Desenho
Relatório Relatório
* Nome do
furo
*Coordenadas
da boca
*Comparação
dos
testemunhos
*Ponderação
das análises e
códigos Arquivos
geológicos
Mapa Relatórios
Programa
Mapas /
desenhos
Relatório
Fig.4.2 – Passos para a criação do banco de dados necessário para o planejamento de lavra
Pessoal (P)
Resultados
desejados
Lucro
"Beneficio livre de despesas que se obtém na exploração de uma atividade econômica”.
Globalização da Economia
Vários recursos minerais quando comercializados visando a exportação encontram margens de
lucro maiores quando comparados ao mercado interno. O mercado exige maior qualidade e preços
menores. Produtividade, qualidade total; eficiência; eficácia.
O Papel da Informática
- Na organização dos dados;
- Na agilidade de acesso aos dados;
- Para minimizar a propagação de erros;
Vocabulário da Informática
- Pedante:
- Anglicismo: cria barreiras;
Software
"Conjunto de programas I métodos I procedimentos I regras e documentação relacionados com
funcionamento e manejo de um sistema de dados".
"Conjunto de programas feitos para realizar uma tarefa específica".
Estabelecimento de Metas:
- Objetivos a longo, médio e curto prazo;
- Análise / Quantificação dos benefícios e custos associados;
- O Software tem que se adaptar à jazida;
- Preparação do banco de dados próprio: Para testes futuros;
Levantamento de Informações
- Catálogos;
- Revistas;
- Publicações / Seminários / Congressos;
- Usuários;
Treinamento
- Conhecer o software;
- Dominar o software
Suporte
Envolvimento do CPD
3- Módulo Estatístico
- Distribuição normal / lognormal;
- Regressão / correlação;
4- Módulo Geoestatístico
- Variografia (linear, 2D, 3D);
- Modelos variográficos (esférico / logarítmico);
- Krigagem (quais os tipos);
5- Construção do modelo 3D
5.2- Interpolação
a) Área de influência
b) Krigagem
c) QD
d) Outros
7- Cálculo de Reservas
a) Por tipo de rocha
b) Por teor de corte
c) Por polígonos
d) Por horizontes
Z X
Toda otimização de uma cava pretende maximizar o valor total da cava pelo maior período
possível, sendo este o maior desafio do planejamento: Encontrar uma coleção de blocos que
forneçam o valor máximo possível, observando-se as restrições impostas pelo projeto. Desta maneira
o valor econômico de cada bloco é de fundamental importância no planejamento de lavra. Cada bloco
dentro do domínio pode ser caracterizado por:
Considerando-se estes parâmetros de custo, o valor econômico do bloco (VEB) pode ser definido
como:
VEB = R -CD
Na formula acima é possível notar que o lucro e o prejuízo não é contemplado no valor econômico do
bloco. Para determinar o lucro ou prejuízo é necessário considerar também os custos indiretos. (CI).
Blocos de estéril de uma mina sempre representam VEB negativo, pois o resultado do bloco não
apresenta nenhuma receita. Blocos de minério e blocos contendo minério e estéril podem apresentar
VEB menor, igual ou maior do que zero, dependendo da quantidade, qualidade do material neles
contido. Assim qualquer critério que se escolha para a otimização de cavas deve sempre considerar:
Máximo Z = ∑ (VEB)j
Para se alcançar este máximo há que se considerar as restrições existente pela análise de
estabilidade dos taludes através da geotecnia, o método de lavra indicado, restrições físicas através
de áreas de preservação permanente, ações de recuperação ambiental e interesse da comunidade.
Até a década de 60, as cavas a céu aberto eram traçadas de forma puramente manual. O método
manual para obtenção da cava final é o mais tradicional. Esta prática está baseada em tentativa e
erros e possui como referência o limite definido para relação E/M. Seu bom resultado depende da
habilidade e bom senso de quem executa o planejamento.
Vários métodos podem ser utilizados para a obtenção da cava final, optando-se sempre por
aquele que represente maior rapidez e segurança na disponibilização das informações.
A partir de 1964 diversos métodos de obtenção da cava foram aparecendo e, gradativamente,
sendo aperfeiçoados, em função, principalmente, da evolução na informática e na geomatemática.
Possibilitou-se, assim, o desenvolvimento de novos algoritmos e das técnicas de programação
dinâmica.
Até a década de 60, as cavas a céu aberto eram traçadas de forma puramente manual. O método
manual para obtenção da cava final é o tradicional para a área de planejamento. Esta prática está
baseada em tentativa e erros e possui como referência o limite definido para relação E/M. Seu bom
resultado depende da habilidade e bom senso de quem executa o planejamento.
Para o desenvolvimento deste processo é necessário que se tenha levantamento da base de
dados que dê suporte ao trabalho. Abaixo os relacionamos:
Radial
Seção
Limite de cava
Longitudinal
Fig.4.5 – Método das seções para a obtenção da cava por métodos manuais
Cada seção deverá estar representando a superfície topográfica, a geologia, controle estrutural e
a indicação dos níveis. A relação estéril minério é usada para traçar os limites da cava em cada
seção. Os limites são definidos em função da relação e dos ângulos geotécnicos.
Após isto é avaliado se a quantidade do bem mineral apresenta uma receita positiva, de modo que
cubra as despesas com a remoção do estéril. Após isto se verifica se a relação E/M está compatível
com a relação econômica. Caso se apresente menor é possível expandir a cava ou o contrário, deve
ser fechada. Este processo é contínuo até que se atinja o limite final onde a relação econômica seja
obtida.
A partir desse ponto busca-se o lucro máximo, que não necessariamente é aquele que maximiza a
quantidade de minério ou o lucro percentual, mas sim aquele que maximiza o valor presente do fluxo
de caixa do projeto.
Algoritmos para determinação do limite da cava final podem ser colocados em dois grupos: -
aqueles que geram o limite de cava econômico ótimo e aqueles que não. Os verdadeiros limites de
cava são aqueles que maximizam o valor líquido presente da cava sob condições econômicas
específicas.
Todas as informações necessárias e condicionantes necessários ao desenvolvimento da cava
devem ser adicionadas ao modelo de blocos, tais como:
a) Distribuição de teores por variáveis para todo o depósito através de avaliações e krigagem;
b) Função Benefício contemplando todos os custos inerentes a cada bloco;
c) Características das rochas obtidas na avaliação geotécnica;
d) Recuperação metalúrgica;
e) Preço de Venda.
Com a utilização do computador é possível examinar várias opções e escolher entre os melhores
resultados.
O projeto de cavas finais de explorações mineiras por métodos automatizados surgiu em meados
da década de sessenta a partir de um trabalho publicado por LERCHS, H. & GROSSMANN, L. F.
A Tabela 4.1 lista alguns métodos clássicos para a obtenção da cava final e o período em que
foram desenvolvidos:
O limite geométrico da cava é definido pela superfície topográfica e a inclinação geral da cava
“Pit Slope”. Esse limite representa a maior cava que é fisicamente possível, considerando um dado
modelo de blocos mas ainda sem incluir os aspectos econômicos.
A inclinação da cava pode ser definida em termos de números máximos de blocos (n) que
podem ser lavrados na direção descendente depois de remover um bloco na horizontal.
A inclinação pode ser determinada pela razão 1: n . Note que o ângulo de inclinação da cava
(em graus) será determinado pela dimensão do bloco, desde que, a razão considerada 1:n somente
A técnica dos cones de vértices positivos é executada por programas (algoritmos) que
projetam a cava de uma mina a céu aberto considerando os valores econômicos atribuídos aos
blocos. Essa cava é definida pela união de todos os cones com o vértice em blocos cujos valores
econômicos sejam positivos. Estes cones são projetados de tal forma que, eles sejam compatíveis
com o ângulo geral da cava. Além disso, o cone de vértice positivo não pode estender-se para além
do limite geométrico admissível para a cava considerada.
A cava definida por esta técnica pode ser entendida como uma fronteira, um limite, para uma
cava econômica ótima. Os blocos que se situarem fora desse limite não serão considerados em
qualquer análise posterior de limite econômico de cava.
Algoritmos para determinação do limite do cava final podem ser colocados em dois grupos: -
aqueles que geram o limite de cava econômico ótimo e aqueles que não. Os verdadeiros limites de
cava são aqueles que maximizam o valor líquido presente da cava sob condições econômicas
específicas.
Um método alternativo para geração do limite final de cava econômica é conhecido como
método do cone flutuante. Os algoritmos do método dos cones flutuantes geralmente requerem
menos memória, se programado corretamente, sendo executado muito rapidamente. Tal algoritmo
pode levar somente poucos segundos para encontrar o limite da cava econômica. O problema com o
algoritmo do cone flutuante é que ele pode não encontrar a cava de valor ótimo. Isto resulta do fato
que os limites de cava são determinado pela união de todos os cones positivos na cava. O modelo de
blocos não é considerado em sua totalidade.
Para contornar-se esse problema têm sido tomados cuidados para minimizar o erro de
cálculo no contorno da cava final pela implementação do cone flutuante como é apresentado a seguir:
Para cada banco faz;
Para cada bloco no corrente banco faz;
Calcular o valor do cone sobre o bloco;
Se positivo, então lavre e retorne a partida (banco 1).
A figura Fig.4.6 mostra um exemplo de um limite de cava final gerado pelo cone minerador. A
cava gerada por esse método fica dentro (no interior) daquela determinada pelo limite do cone de
vértice positivo.
O exemplo a seguir foi originalmente apresentado por Barnes, 1982. A Fig.4.6 (abaixo)
mostra uma seção com os valores econômicos líquidos dos blocos. Os blocos são equidimensionais e
0
o ângulo de inclinação de 45 graus.
Para exemplificar, essas regras foram aplicadas a seções mostradas na figura 4.6 (a). Há 4
blocos positivos no modelo e portanto há 4 cones correspondentes que devem ser avaliados .
Usando a regra top-down, o bloco da linha 1 coluna 6 iniciará a procura. Assim como não há nenhum
blocos sobrejacentes. O valor do cone é o valor do bloco (1,6). O valor é positivo, então o bloco é
lavrado Fig.4.6 (b).
O próximo cone incremental é aquele definido pelo bloco da linha 2, coluna 4. O valor deste
cone é -1 -1 -1 +4 = +1.
Assim este valor é positivo, o cone é removido (lavrado) Fig.4.6 (c). Para o cone definido pelo
bloco de linha 6 coluna 3, seu valor é -1-1-2-2+7 = +1.
Novamente o valor é positivo, este cone é removido (lavrado) Fig.4.6 (d).
Finalmente o valor do bloco do cone incremental definido pelo bloco da linha 3 coluna 4 é -
2+1 = -1
O valor deste cone é negativo então o cone não é removido Fig.4.6 (e).
O valor total da cava é -1-1-1-1-1+1-2-2+4+7 = +3. A Fig.4.6 (f) demonstra a cava final.
A relação Estéril (E) / Minério (M) (Geral) para a seção será: E / M = 7/3.
-1 -1 -1 -1 -1 +1 -1
-2 -2 +4 -2 -2
+7 +1 -3
valor
do
bloco
-1 -1 -1 -1 -1 +1 -1
-2 -2 +4 -2 -2
+7 +1 -3
valor
do
bloco
-1 -1 -1 -1 -1 -1
-2 -2 +4 -2 -2
+7 +1 -3
-1 -1 -1
-2 -2 -2 -2
+7 +1 -3
valor
do
bloco
-1
-2 -2
+1 -3
valor
do
bloco
-1 -1 -1 -1 -1 +1 -1
-2 -2 +4 -2 -2
+7 +1 -3
Valor
do
bloco
C
CAAP
PÍÍTTU
ULLO
O V
V -- S
SEEQ
QUUE
ENNC
CIIA
AMME
ENNTTO
ODDE
E LLA
AVVR
RAA
5.1 SEQUENCIAMENTO DE LAVRA
Uma Geometria e Lavra de Longo Prazo (GLLP), a ser atingida por uma mina a céu
aberto, também denominada limite final de cava, cava ótima ou configuração final de lavra, tem
como principal objetivo maximizar uma função de beneficio adotada como critério de avaliação
econômica.
Essa geometria fica definida através de lavra de proporções selecionadas da jazida,
estabelecendo-se portanto limites à escavação.
A aplicação correta das técnicas aqui discutidas exige quantidade e qualidade
adequadas de informações, que devido à importância que representam para o
empreendimento poderiam denominar-se Fatores Críticos de Sucesso (FCS).
Essas informações somente estão disponíveis após o conhecimento dos
condicionantes econômicos e mercadológicos, do detalhamento do modelo geológico-
tecnológico da mineralização e do modelo geotécnico , neste último tanto da porção
mineralizada do maciço rochoso, quanto daquela não mineralizada.
A título de ilustração do problema em questão a figura 5.1 mostra, de forma
esquemática, seção transversal simplificada de um corpo mineralizado suposto homogêneo,
com atitude sub-vertical encaixado em rocha estéril. Nessa mesma figura 5.1 também estão
apresentadas diversas geometrias de escavação exeqüíveis, do ponto de vista operacional, e
estáveis do ponto de vista geotécnico.
Como se observa na figura 5.1, ‘a medida que se passa doa opção 1 para as cavas
mais profundas, ocorre um incremento ∆m às reservas de minério lavráveis e, portanto, da vida
do empreendimento, supondo-se uma determinada capacidade de produção. Este fato
favorece a escolha de GLLP mais profundas, que implicam em maior volume vendável
incrementando, portanto, a receita global ao longo da vida útil.
Por outro lado, a escolha de cavas mais profundas também implica em elevação do
custo, devido ao aumento da distância de transporte e ao incremento ∆e no volume de estéril a
ser removido, para liberar as reservas de minério e garantir a estabilidade da escavação,
contrapondo-se,assim, ao benefício do aumento das reservas de minério lavráveis.
1 2 3 4 5
∆e
estéril ∆m estéril
minério
A figura 5.2 ilustra outra situação mais genérica, onde o corpo mineralizado não
homogêneo, apresentado variabilidade na concentração e recuperação dos minerais de
interesse econômico.
Nesse caso da figura 5.2, mais complexo, a seleção da GLLP será afetada não apenas
pelo aumento de custos decorrentes do aprofundamento da cava, como no caso da figura 5.1
mas, também, pelo balanço entre o incremento de receitas promovido pela quantidade
adicional de metal recuperável ∆q, e o incremento dos volumes de reservas com teores não
econômicos, que devem ser removidas para possibilitar o acesso físico às porções com teores
econômicos.
Dessa forma podem ocorrer parcelas do corpo mineralizado com teores tais, que as
receitas geradas, pela venda do produto final obtido, sejam insuficientes para pagar os custos
de extração e beneficiamento, ou pelo menos arcar com os custos das etapas posteriores à
lavra, não justificando economicamente sua extração como minério.
Existem casos onde o valor econômico não está necessariamente relacionado com a
concentração de determinado mineral, mas sim com o atendimento ou não a determinadas
especificações, exigidas pelos processos aos quais se destinam, como é o caso da maioria dos
minerais não metálicos, (granito, gnaisse, calcário, magnesita).
Também neste caso a definição da GLLP será afetada não apenas pelo aumento de
custos pelo aprofundamento da cava e pelo incremento ∆e de estéril, mas também pelo
balanço entre o incremento de reservas dentro das especificações desejadas e o incremento
de reservas fora das especificações, que deverão ser extraídas de forma a possibilitar o acesso
físico, liberação, das reservas dentro das especificações.
Dessa forma, tanto no caso ilustrado pela figura 5.1, quanto o da figura 5.2, existe uma
GLLP, dentre aquelas exeqüíveis tecnicamente, que maximiza o valor da função beneficio
econômico do negócio, para determinadas condições de contorno adotadas.
A utilização na prática dos conceitos e critérios referentes à definição de uma GLLP,
apresenta benefícios que não se limitam maximização da função benefício econômico, fornece
também subsídios que norteiam o planejamento de curto e médios prazos, responsáveis pela
garantia da liberação de reservas de minério em quantidades operacionais, e agindo como
elemento facilitador do planejamento financeiro do negócio.
Q
K
5
3
4
1
2
Por outro lado, o valor de K conforme expresso em (3) tem todas as características de
uma função benefício pois é inegável que é crescente com Q e é decrescente com V e T.
Coleou (1989), chega a fazer analogia entre a expressão k e a função benefício clássica,
expressão (1) apresentada na introdução:
B = aQ – bV – cT
onde a é o preço unitário do metal, b custo unitário de extração, c o custo unitário de
beneficiamento. Assim o parâmetro λ corresponderia aos possíveis valores a serem assumidos
por b/a e θ corresponderia a c/a.
Seja qual for a interpretação dada aos parâmetros λ e θ, para cada par deles se
estabelece uma cava otimizada, que é obtida pela aplicação do algoritmo de Bongarçon. Em
qualquer dos casos obtêm-se como resultado final um conjunto de cavas otimizadas
subseqüentes também denominados “nested pits”, como aquelas mostradas na figura 5.4.
Esta etapa tem como objetivo validar os modelos geológicos, geotécnicos, tecnológicos
e econômicos / mercadológicos. Normalmente realizada em conjunto com especialistas /
consultores de experiência comprovada em casos anteriores, não tem caráter de auditoria, mas
, sim de certificação e aprimoramento.
Pela natureza do problema é normal que existam diferenças entre os modelos e a
realidade, porém, para passar-se às etapas seguintes de quantificação se faz necessário
minimizar a chance de ocorrerem desvios importantes, que conduziriam a resultados falsos e
decisões equivocadas.
Nos casos em que persistirem dúvidas sobres determinados parâmetros deve-se
lançar mão de análises de sensibilidade probabilística a fim de avaliar a dimensão de seus
efeitos, podendo em alguns casos, justificar investimentos para a minimização das incertezas.
Os artigos de Nagle (1988) e Zhang et alli (1992) descrevem com detalhe este tipo de análise
com enfoque de probabilidade de sucesso ou de fracasso de um empreendimento mineiro.
Dentre os inúmeros aspectos que devem ser avaliados alguns merecem destaque e
são relacionados a seguir:
- método utilizado para estimação dos teores e demais características da
mineralização, densidade e qualidade dos dados, distribuição dos erros de estimação,
dimensões dos blocos estimados, recuperação dos testemunhos de sondagem, critérios de
amostragem;
- relação entre recuperação do(s) processo(s) de beneficiamento e teor(es) tipologias
de minério(s), analogia com casos semelhantes, implicações sobre o método de lavra,
representatividade das amostras utilizadas para ensaios de processo, qualidade do(s)
produto(s) obtido(s), presença de contaminantes, características dos rejeitos tanto do ponto de
vista de disposição final, quanto para a respectiva utilização futura, diluição esperada;
- coerência entre o modelo geomecânico, caracterização do maciço, modelo estrutural
e os tipos de fenômenos de ruptura considerados, números de ensaios realizados em cada tipo
de maciço e respectiva dispersão dos resultados, setorização dos diferentes maciços
presentes, consideração quanto ao comportamento da água e sua influência, plano de
monitoramento, fatores de segurança adotados, sensibilidade da relação estéril / minério em
relação ao ângulo de talude;
- compatibilidade entre premissas assumidas quanto ao trinômio escala -investimento –
custos, com cuidados especiais com as escalas não convencionais que podem levar a uma
deseconomia de escala, em função de equipamentos fora de série e maiores prazos de
implementação;
- considerações sobre a localização, infra-estrutura, investimentos X nível de
detalhamento de projeto, investimentos em meio ambiente;
- cenários macroeconômicos da evolução dos preços e dos volumes a serem
comercializados, comparação com valores históricos;
- restrições ambientais na área do projeto e proximidades, estimativa de custos
ambientais principalmente aqueles de encerramento da atividade,
- consideração sobre processos de beneficiamento diferenciados com respectivos
custos para cada tipo de minério;
- consideração sobre tecnologias de lavra redutoras de custos operacionais como
britagem móvel ou semi-móvel.
B = aQ – bV – cT