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Departamento de Engenharia de Minas - EEUFMG

CURSO:

INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO E OPERAÇÃO DE LAVRA


(A CÉU ABERTO E SUBTERRÂNEA)

III Etapa – Operações e Métodos de Lavra Subterrânea

Universidade Corporativa Chemtech

Professores:

Cláudio Lúcio Lopes Pinto


Prof. Associado, Dr.
Universidade Federal de Minas Gerais

José Ildefonso Gusmão Dutra


Prof. Associado, Dr.
Universidade Federal de Minas Gerais

Setembro de 2008

Departamento de Engenharia de Minas - EEUFMG


Rua Espírito Santo, 35 – Sala 702 - Belo Horizonte, MG

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Departamento de Engenharia de Minas - EEUFMG

CURSO INTRODUTÓRIO EM PLANEJAMENTO E OPERAÇÕES DE LAVRA


A CÉU ABERTO E LAVRA SUBTERRÂNEA

PROGRAMA

III Etapa – Operações e Métodos de Lavra Subterrânea

Pág.
1. Comparação entre lavra subterrânea e lavra a céu aberto......................................1
1.1. Custos..............................................................................................................2
1.2. Investimento ....................................................................................................2
1.3. Riscos de acidentes.........................................................................................2
1.4. Considerações ambientais...............................................................................3
1.5. Recuperação mineral.......................................................................................3
1.6. Fatores psicológicos ........................................................................................4
2. Planejamento na lavra subterrânea .........................................................................4
2.1. Informações técnicas para o planejamento preliminar.....................................4
2.1.1. Informações geológicas e mineralógicas .................................................4
2.1.2. Informações estruturais ...........................................................................5
2.1.3. Informações econômicas .........................................................................5
2.2. Escala de produção .........................................................................................5
2.2.1. Condições de mercado e preço................................................................6
2.2.2. Reserva ....................................................................................................6
2.2.3. Produção no tempo ..................................................................................7
2.2.4. Atitudes governamentais, políticas, etc. ...................................................8
3. Métodos de lavra subterrânea .................................................................................8
3.1. Câmaras e pilares.............................................................................................9
3.2. Sublevel stope ................................................................................................11
3.3. Recalque (“Shrinkage”)...................................................................................13
3.4. Corte e aterro..................................................................................................14
3.5. Longwall..........................................................................................................17
3.6. “Sublevel Caving”............................................................................................19
3.7. “Block Caving”.................................................................................................21
4. OPERAÇÕES UNITÁRIAS ................................................................................................22
4.1. Perfuração e Desmonte ..................................................................................23
4.1 Carregamento e Transporte.............................................................................26
5. Bibliografia .............................................................................................................29

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III ETAPA – OPERAÇÕES E MÉTODOS DE LAVRA SUBTERRÂNEA

1. Comparação entre lavra subterrânea e lavra a céu aberto

A diferença entre a lavra a céu aberto e lavra subterrânea pode ser entendida com
a simples definição de lavra subterrânea e céu aberto. Na primeira, os processos de
explotação mineral são realizados abaixo da superfície e na segunda própria superfície
topográfica. Os métodos de lavra subterrânea são utilizados, classicamente, quando a
relação estéril/minério se torna excessiva para os métodos de lavra a céu aberto.
Uma comparação direta entre a lavra subterrânea e a lavra a céu aberto, mostra
que, geralmente, a segunda apresenta melhores resultados em recuperação, controle de
diluição, fatores econômicos, flexibilidade, segurança e condições de trabalho. O volume
de material escavado em operações de lavra subterrâneas representou em 1973
aproximadamente 40% das remoções realizadas a céu aberto. Considerando os trabalhos
de construção civil, como estradas, hidroelétricas, etc., as escavações subterrâneas
representam um montante de remoção volumétrica de apenas 20% do volume total, como
mostra a tabela abaixo:

Volume de material escavado

106 m3 %
Mineração:
Céu Aberto 1550 71.4
Subterrânea 620 28.6

Construção
Civil: Céu Aberto 1450 91.8
Subterrânea 130 8.2

Combinado: Céu Aberto 3000 80.0


Subterrânea 750 20.0

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1.1. Custos

Certamente os custos de mineração são diferentes para diferentes métodos de


lavra e também para diferentes corpos minerais, mas em linhas gerais, os custos das
operações a céu aberto são muito menores aqueles das operações subterrâneas. Estes
custos maiores ficam evidenciados no maior investimento inicial, na mão-de-obra intensa
(quando comparada à lavra a céu aberto) e no seu maior consumo energético. O esquema
seguinte compara os custos de duas operações hipotéticas:

• 6.5 milhões de toneladas/ano produzidas em operações a céu aberto


• 2.0 milhões de toneladas/ano com o método de lavra subterrânea câmaras e
pilares.
• As quantidades de estéril removidas anualmente nas duas operações seriam
equivalentes.

1.2. Investimento

Céu Aberto: 25 Milhões US$


Subterrânea: 65 Milhões US$

Céu Aberto Subterrânea


Custos de
(25,00 x 0,13) 3,25 (65,00 x 0,13) 8,45
Capital
Salário (130 x 0,02) 2,60 (275 x 0,02) 5,50
Energia (6,5 x 8,5 x 0,024) 1,33 (2,0 x 10 x 0,024) 0,48
Diversos (6,5 x 1,00) 6,50 (2,0 x 1,00) 2,00

Total 13,68 16,43


Custo por tonelada (US$/t) 2,10 8,22
Valores em Milhões de dólares, quando não explicitado.

1.3. Riscos de acidentes

A comparação entre o número de acidentes ocorridos em operações de lavra


subterrânea e operações de lavra a céu aberto, sejam eles: números de acidentes por
horas trabalhadas ou número de acidentes por quantidade de material removido,
demonstram a posição desfavorável das operações subterrâneas. As figuras seguintes
mostram os números de acidentes registrados nas minas suecas. Apesar de se tratar de
dados antigos, percebe-se com facilidade o maior risco associado às operações de lavra
subterrânea.

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Céu Aberto

Acidentes/106 t produzidas
Acidentes/100.000 horas

12 14 Lavra Subterrânea
10 12
8 10
8
6
6
4
4
2
2
0 0
1973 1974 1975 1973 1974 1975

1.4. Considerações ambientais

Nas operações a céu aberto as pessoas e os equipamentos estão diretamente


sujeitos as condições climáticas. Já as operações subterrâneas precisam manter um
maior controle das condições do ambientais através da ventilação contínua, evitando o
acúmulo de partículas em suspensão e gases tóxicos, mantendo as condições de
temperatura e umidade. Com o aumento da profundidade das minas, duas preocupações
passaram a ter uma maior importância no desenvolvimento de minas subterrâneas: O
aumento considerável dos níveis de tensão (stress) e o aumento da temperatura
decorrente do grau geotérmico.
Com relação à integração Mina/Comunidade, os efeitos das minerações a céu
aberto são sentidos, aparentemente, com maior intensidade pela comunidade.
Provavelmente isto se deve ao fato das operações a céu aberto apresentarem um maior
impacto por suas modificações geográficas e ou topográfica locais, introduzindo estruturas
visíveis à comunidade como a cava da mina e as pilhas de estéril.

1.5. Recuperação mineral

Operações a céu aberto normalmente recuperam cerca de 90 a 95 % do deposito


mineral. A perda se deve ao descarte do minério junto com o estéril. Operações de lavra
subterrânea contabilizam as perdas principalmente na forma de suportes naturais,
nominalmente, pilares. Certamente tais perdas dependem diretamente do método de lavra
empregado. Operações como corte e aterro (“cut and fill”) ou "longwall" apresentam boas
recuperações, compatíveis com operações a céu aberto, porém as custas de um alto
custo operacional. Outros métodos de suportes naturais, tais como câmaras e pilares
(“room and pillar”), podem apresentar recuperações menores que 40% do deposito
mineral.

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1.6. Fatores psicológicos

Diversos são os exemplos em que as decisões tecnológicas são controladas por


fatores puramente subjetivos. As atividades em uma mina a céu aberto podem ser
visualizadas em sua integridade, facilitando a compreensão do processo como uma única
operação. Dificilmente o mesmo poderia ser dito para as operações subterrâneas que
consequentemente está sujeita a atitudes negativas quanto a sua aceitação.

2. Planejamento na lavra subterrânea

Alguns fatores, além dos observados, analisados e discutidos durante a fase de


planejamento de um empreendimento mineiro influenciam diretamente no método de lavra
a ser utilizado, no tamanho da operação (escala de produção), nas dimensões das
aberturas (lavra e desenvolvimento), na produtividade, nos custos (investimento e
operacionais) e finalmente se a reserva deverá ser desenvolvida ou não.

2.1. Informações técnicas para o planejamento preliminar

Após a avaliação geológica ser finalizada (exploração), alguns itens referentes ao


planejamento da extração do corpo mineral (lavra) são analisados. Fazem parte desta
analise os aspectos aqui relacionados.

2.1.1. Informações geológicas e mineralógicas

As informações geológicas e mineralógicas incluídas neste estudo são:

a- Condições geométricas tais como a espessura, a largura e a extensão do corpo


mineral, incluindo múltiplas áreas (se for o caso), a atitude (direção e mergulho) de
cada mineralização e sua profundidade.

b- Continuidade ou descontinuidades presentes nas formações rochosas.

c- Delineamento dos contatos entre corpo mineral e encaixantes.

d- Distribuição de teores dos minerais valiosos nas zonas mineralizadas.

e- Distribuição de teores dos minerais deletérios nas zonas mineralizadas.

f- Presença de zonas de alteração tanto no corpo mineral quanto nas encaixantes.

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2.1.2. Informações Estruturais (Incluindo características físicas e químicas)

a- Profundidade da cobertura.

b- Descrição detalhada da cobertura rochosa (estrutura x escavações), incluindo


informações sobre a presença de água, gás, ou qualquer outro fluido que possa
estar presente.

c- Descrição detalhada das encaixantes incluindo características geomecânicas


(capacidade de carregamento, planos de fraqueza, porosidade e permeabilidade,
etc..), presença de anomalias de “stress”, temperatura etc.

d- Descrição detalhada do corpo mineral incluindo os fatores acima e outros como:


possibilidade de alteração do minério (oxidação, geração de ácidos, degradação em
partículas finas), recompactação, índices de sílica e/ou material fibroso etc.

2.1.3. Informações Econômicas

a- Cubagem completa da reserva (toneladas e teores), listadas de acordo com a


classificação de inferida, provável e comprovada.

b- Detalhes sobre as terras superficiais: propriedade, “royalties”, etc.

c- Disponibilidade de recursos naturais: água, madeira, etc.

d- Detalhes de superfície como estruturas presentes (naturais ou artificiais tais como


construções civis, cursos de água, etc.) que possam ser afetadas pela subsidência.

e- Localização da reserva em relação a infra-estrutura (estradas, meios de


comunicação etc.)

f- Localização geopolítica da reserva.

O conhecimento de situações similares é sempre bem-vindo. O desenvolvimento de


uma primeira mina num novo distrito apresenta um riscos maiores de erros de custos
elevados quando comparado a situações onde outras experiência já tem sido analisadas.

2.2. Escala de Produção

Nos conceitos modernos de avaliação e planejamento tem-se como objetivo


maximizar o “net present value” (NPV) ou operar o empreendimento de maneira que o
máximo “internal rate return” (IRR) seja obtido nos “cash-flow” líquidos. O planejador, além

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destes conceitos, deve também estar atento aos problemas operacionais envolvidos em
uma mina.
Uma análise puramente financial mostra que quanto maior a razão de extração
maior é a taxa retorno. Isto se deve aos custos fixos e também ao conceito de “present
value” associados a qualquer investimento. Existem, entretanto, limites práticos à escala
de produção. Dos fatores que limitam o tamanho do empreendimento, destacam-se:

a- Condições de mercado e preço do produto.

b- Teores do mineral e tonelagens correspondentes

c- O efeito do tempo requerido antes que a produção se inicie.

d- Atitudes e políticas locais e nacionais quanto leis, taxas etc. que influenciam a
mineração e a estabilidade destes fatores.

e- Disponibilidade de energia e seu custo

f- Disponibilidade de recursos naturais (e custo)

g- Existência e condições das vias de transportes (vias de comunicação).

h- Propriedades geomecânicas das rochas em questão.

i- Quantidade de desenvolvimento requerido para o determinado nível de produção.

j- Disponibilidade de mão de obra (experiência no trabalho mineiro)

2.2.1. Condições de mercado e preço

Normalmente análises mercadológicas, incluindo preços das comodidades,


demanda, oferta, etc. é de responsabilidade de outros profissionais. Entretanto, o
engenheiro responsável pelo planejamento deve se preocupar com a variação do mercado
e flexibilidade do empreendimento.

2.2.2. Teor e reserva

Não existe nenhum conjunto de fórmulas capaz de, através dos parâmetros de teor
(ou valor) mineral e tonelagem disponível, prever uma razão de extração ideal, a vida útil
da mina ou a melhor recuperação dos valores minerais. Estas relações são
invariavelmente muito complexas.
A vida da mina e consequentemente a razão de extração deve, primeiramente,
satisfazer o “rate of return” (IRR) desejado. Portanto, a não ser que o corpo mineral seja
completamente homogêneo, uma grande diferença econômica existirá dependendo da
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seqüência da lavra (iniciada geralmente nas porções mais ricas). A grande maioria das
reservas não possui um valor fixo, absoluto para a relação tonelagem-teor; e tal relação
deve ser explorada. De maneira geral, a redução dos “teores de corte” (qualidade)
corresponde a um aumento da tonelagem (quantidade). Em tais casos o custo unitário do
produto geralmente se eleva.
Considerando um novo empreendimento, todas as possibilidades tonelagem-teor e
seus respectivos custos de exploração, devem ser avaliadas. Neste estágio todas as
limitações de ordem externa serão ignoradas com o objetivo de se obter uma matriz de
resultados ilustrando as diversas possibilidades de escala de produção de acordo com as
tonelagens/teores relacionados.

2.2.3. Produção no Tempo

Para qualquer reserva mineral, o desenvolvimento requerido anteriormente ao início


da produção é, geralmente, relacionado ao tamanho do empreendimento. Escalas de
produção elevadas requerem maiores “shafts” ou sistema de transporte múltiplo, maiores
escavações (maiores equipamentos) etc.
Este tempo maior de início de produção possui dois efeitos econômicos indiretos:

a- Investimento sobre um período de tempo mais longo até que valores positivos do
“cash-flow” sejam alcançados.

b- Custo monetário mais elevado.

Esses fatores combinados podem eliminar completamente os benefícios da


economia de escala de grandes empreendimentos.

Comparação entre tempo de construção de Shafts de diferentes produções


“Shaft” de 6 metros de diâmetro
Profundidade Construção Equipamento Total
(semanas)
4500 toneladas por dia
300 43,7 20,3 64,0
600 65,0 25,0 90,0
900 85,0 28,0 113,0
9000 toneladas por dia
300 43,7 26,3 70,0
600 65,0 31,0 96,0
900 85,0 34,0 119,0
13600 toneladas por dia
300 43,7 30,3 74,0
600 65,0 35,0 100,0
900 85,0 39,0 124,0
18150 toneladas por dia

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300 43,7 34,3 78,0


600 65,0 39,0 104,0
900 85,0 46,0 131,0

A distribuição dos custos no tempo podem ser mais importantes que o valor total
dos custos. Portanto essa distribuição deve ser considerada através de uma analise de
sensibilidade. Qualquer desenvolvimento que possa ser protelado, sem prejuízos para a
produção, para depois que valores positivos de “cash-flow” sejam obtidos devem ser
considerados.

2.2.4. Atitudes governamentais, políticas, etc.

As atitudes governamentais e a história política, principalmente relacionada aos


assuntos econômicos (impostos, taxas), devem ser consideradas no planejamento do
empreendimento.
Os investimentos em regiões de instabilidade, ou situações imprevisíveis,
determinam atitudes como:

• utilização do desenvolvimento produtivo, mesmo que comprometa a


eficiência das de lavra,
• aceleração da taxa de extração com o objetivo de diminuir o “payback” do
investimento, etc.

3. Métodos de lavra subterrânea

Após informações suficientes a respeito do corpo mineral e outros diversos fatores


terem sido compiladas, e os estudos preliminares de viabilidade econômica e técnica
sugerirem uma análise mais detalhada do empreendimento, a próxima etapa seria a
definição do método de lavra a ser utilizado. Neste estágio a seleção é preliminar e serve
apenas como base para os estudos dos projetos de “layout” e viabilidade.
Quando a profundidade do depósito é grande e conseqüentemente a relação
estéril/minério indica a utilização de lavra subterrânea, a escolha do método a ser
empregado baseia-se, primeiramente, em três fatores:

a- Determinação do tipo de suporte a ser empregado, se necessário,


b- Configuração e seqüência das escavações condizentes com a
geometria do corpo mineral
c- Concentração e distribuição dos teores

De acordo com os princípios básicos utilizados, um número relativamente pequeno


de métodos de lavra subterrânea é empregado hoje. Diversos autores fazem uso do

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sistema de suporte empregado para subdividir os métodos de lavra subterrânea nos


seguintes grupos, com seus exemplos:

• Métodos com suporte: De maneira geral consideramos com métodos com suporte
aqueles em que não se permite deformações excessivas do maciço em torno das
escavações.

- suportes naturais:
Câmaras e pilares (“room and pillars”)
Realce em subníveis (“Sublevel stopping”)
Recalque (“shrinkage”)

- suportes artificiais
Corte e aterro (cut and fill)

• Métodos de abatimento: Estes métodos de lavra garantem o fechamento das


escavações de maneira contínua, gradual e controlada.

“Longwall”
“Sublevel caving”
“Block caving”

Certamente, esta é uma classificação didática e utilizada com o propósito de


apresentar os métodos de lavra. Outros autores utilizam classificações diferentes, ou
incluem os métodos de lavra aqui apresentados em diferentes categorias.

3.1. Câmaras e Pilares

Câmaras e Pilares é um método utilizado para a lavra de corpos tabulares


“horizontais” e de potências relativamente pequenas. As aberturas ou escavações de
lavra são realizadas ortogonalmente entre si ou com ângulos que melhor acomodam
manobra dos equipamentos.
Um painel lavrado por câmaras e pilares (câmaras e travessas) assemelha-se a um
tabuleiro de damas em que as casas pretas seriam os pilares e as casas brancas as
câmaras e travessas.
Suas condições de aplicação fazem do método um candidato natural para a lavra
de camadas de carvão, representando algo em torno de 80% da produção deste bem
mineral na América do Norte, com recuperação entre 40-60%.
A figura abaixo exemplifica um painel utilizando câmaras e pilares como método de
lavra. Alguns parâmetros de operação são:

• Número de câmaras: função das diferentes operações unitárias utilizadas na


lavra do painel. Geralmente de 5 a 8 entradas para operações cíclicas

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(perfuração e desmonte) e 3 a 5 para operações contínuas (minerador


contínuo).
• Largura das escavações: determinada pelos equipamentos utilizados (menor
dimensão) e pelas condições de estabilidade do teto e piso.
• Altura das escavações: Valor definido pelos equipamentos (altura mínima) e
pela estabilidade dos pilares, piso e teto. Normalmente a altura da lavra
equivale-se à potência da camada.
• Largura dos pilares: definida para garantir sua estabilidade, os pilares dependem
se sua resistência de das tensões as quais estão submetidos (profundidade)

Condições para aplicação


- Competência do Minério: baixa a moderada
- Competência das Encaixantes: moderada a elevada.
- Geometria do depósito: Tabular ou lenticular, aproximadamente horizontalizada
(mergulho que permita a utilização eficiente dos equipamentos)
- Teor e distribuição: teores moderados com distribuição uniforme.
- Profundidade: baixa a moderada.

Vantagens
- Produtividade e escala de produção moderadas.
- Custo operacional baixo a moderado
- Versatilidade
- Boas condições de ventilação

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Desvantagens
- Baixa recuperação
- Moderado a elevado capital de investimento ( se mecanizado).
- Potenciais problemas de segurança (operações sob teto recém desmontado)

3.2. Sublevel Stope

O método de lavra subterrânea realce em subníveis (sublevel stoping) é um método


vertical ascendente, em que as operações de perfuração e desmonte são desenvolvidas a
partir de subníveis e as operações de carregamento e transportes realizadas no nível de
transporte. É um método de escala de produção elevada, aplicável a corpos minerais
competentes cujas encaixantes tambem apresentam boas condições de estabilidade.
Sistemas de suporte principais são inexistentes ou mínimos.
Valores típicos de produtividade situam-se entre 15 e 40 t/homen-turno, e a
produção apresenta valores na ordem de grandeza de 25.000 t/mes. “Sublevel stoping”,
nas formas praticadas hoje representam cerca de 10% da produção mineral de rochas
duras nos USA e cerca de 3% da produção mineral, também de rochas duras, em todo o
mundo.

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O método de realce aberto é um método que requer desenvolvimento intenso,


porém com parte dos custos amortizado pelo fato de grande parte do desenvolvimento
ocorrer no corpo mineral (desenvolvimento produtivo). A sua utilização se limita a corpos
apresentando forte mergulho (consideravelmente maior que ângulo de repouso do material
a ser desmontado). Os contados do corpo mineral e suas encaixantes (hangwall e
footwall) devem ser regulares o que se reflete na baixa flexibilidade/seletividade
apresentada pelo método. Alguns exemplos a onde o corpo mineral apresenta uma
inclinação menor que o ângulo de repouso e portanto outro sistema de transporte, que não
utilizem a gravidade, foi desenvolvido, podem ser encontrados na literatura.
A furação para o desmonte é praticada, normalmente, utilizando equipamentos de
perfuração capazes de atingir longas distâncias. Operações mais recentes utilizam com
frequência equipamentos DTH (Down the Hole) por causa da sua precisão direcional,
tendo grande influência no “design” do método. A utilização de Equipamentos de grande
porte proporcionando a mecanização das operações e a eficiência do desmonte em
grande escala promovem a redução nos custos de produção, necessários para compensar
os elevados custos de desenvolvimento associados ao método de lavra, tornando este
método um dos de menores custos operacionais dentre todos os métodos disponíveis.
Uma variação do método envolve o corte de fatias horizontais do minério, ao invés de
“slots” verticais (Vertical Crater Retreat - VCR).

Condições para aplicação


- Competência do Minério: moderado a competente.
- Competência das Encaixantes: moderada a elevada.
- Geometria do depósito: Tabular ou lenticular com mergulho acentuado (>45%).
- Teor e distribuição: teores moderados com distribuição uniforme.
- Profundidade: moderada a elevada

Vantagens
- Produtividade e escala de produção moderadas a elevadas.
- Moderado capital de investimento (adaptável a mecanização).
- Boa recuperação (75%).
- Operações unitárias simultâneas.
- Boas condições de segurança.

Desvantagens
- Necessidade de grandes desenvolvimentos.
- Inflexibilidade e Não Seletividade
- Desmonte de grandes volumes associado a vibrações, sobre-pressão e dano
as estruturas.

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3.3. Recalque (“Shrinkage”)

Recalque é um método de lavra vertical ascendente em que o desmonte do minério


é realizado em fatias horizontais. O minério desmontado permanece dentro do realce
durante toda etapa de perfuração e desmonte. Neste momento é utilizado como
plataforma de trabalho e com suporte para as rochas encaixantes. Somente após o
desmonte da última fatia horizontal, o minério é então completamente retirado do realce
pelos pontos de carregamento localizados no nível de carregamento (parte inferior do
realce).
É um método de lavra de concepção simples utilizado para a recuperação de lentes
ou corpos tabulares com potências reduzidas e mergulhos acentuados (quando
comparados a ângulo de repouso do material desmontado). Por não permitir a
mecanização das operações de perfuração e desmonte, e conseqüentemente apresentar
custos elevados e condições de segurança não ideais, o Recalque tem sido preterido em
favor de outros métodos de lavra.

Condições para aplicação


- Competência do Minério: Elavada (não pode sofre alterações físicas e químicas)
- Competência das Encaixantes: baixa a elevada
- Geometria do depósito: Lenticular, tabular com potências reduzidas, mergulho
moderado a significativo (>45%).
- Teor e distribuição: teores relativamente elevados com distribuição uniforme.
- Profundidade: moderada a moderada.

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Vantagens
- Conceito simples
- Baixo custo de investimento. (baixa mecanização e baixo desenvolvimento)
- Boa recuperação (aproximadamente 80%) e baixa diluição (5 a 10%)

Desvantagens
- Baixa produtividade (Operações manuais – perfuração)
- Alto custo operacional (impossibilidade de mecanização)
- Condições de segurança e trabalho não adequadas (piso irregular, e teto
recém desmontado)
- Minério preso no realce por longo período (atraso no “pay-back”)
- Minério é passível de alterações com oxidação por exemplo

3.4. Corte e Aterro


Como diversos métodos de lavras subterrâneas (pôr exemplo “sublevel stoping”)
podem utilizar um processo de enchimento em algum momento de sua aplicação, uma
definição breve do método deveria enfatizar que as operações de corte e enchimento são
simultâneas.
Uma lista dos elementos empregados num ciclo completo de corte e aterro é de
grande ajuda na compreensão do método. O ciclo começa logo após o processo de
preenchimento (aterro, “backfilling, filling”) do ciclo anterior. As etapas que se seguem
então são as etapas “convencionais” de um método de extração: perfuração, desmonte,
carregamento, instalação de suporte secundário (cavilhamento).
Na sua aplicação convencional, fatias (“slices”) horizontais de minério, normalmente
entre 2,5 a 3,5 metros são desmontadas do teto (“back”) sobre o aterro depositado no ciclo
anterior. Caracterizando-se, portanto, como um método de lavra ascendente. O teto é
então estabilizado com a instalação de cavilhas, não antes de uma operação de
“batimento de choco”. Após a instalação do suporte secundário, o minério desmontado é
removido para o nível inferior (nível de transporte) através do auxílio de “orepasses”.
Quando todo material é removido, uma operação de elevação dos orepasses é realizada
anteriormente a introdução do enchimento. Após a finalização do processo de enchimento,
e sua consolidação, o ciclo é novamente reiniciado.
Corte e aterro é um método utilizado primariamente para veios com mergulhos
acentuados e corpos de grandes dimensões, irregulares onde as encaixantes apresentem
problemas de competência (estabilidade) e que o minério possua um valor agregado
capaz de justificar os custos de operação relativamente elevados do método. Entretanto o
método e bastante flexível e rapidamente adaptável a outros tipos de corpos minerais.
Como exemplo pode-se citar os depósitos quasi-horizontais nas minas de ouro sul-
africanas que têm sido explotados através de corte e aterro.
O volume de material produzido durante uma seção de mineração é relativamente
pequeno e a quantidade de esforço não produtivo (operações de estabilização e
enchimento) é também relativamente elevada. Esta combinação resulta numa

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produtividade limitada para um realce e um processo de produção que pode se apresentar


excessivamente cíclico.
O material de preenchimento executa dois importantes papeis neste método. O
primeiro, é o suporte das encaixantes instáveis. De acordo com esta função o enchimento
deve ser caracterizado. Aterros com disposição mecânica apresentam uma
compressibilidade da ordem de 25% enquanto o enchimento hidráulico (rejeito da planta
de tratamento pôr exemplo) apresenta valores de compressibilidade da ordem de 5 a 10%.
A segunda função do aterro é prover uma plataforma de trabalho, da qual a próxima fatia
de minério será perfurada e desmontada.
Pôr causa dos altos custos de manejo e alta compressibilidade o material
mecanicamente disposto como aterro tem sido substituído sistematicamente pelo
enchimento hidráulico, resultando em maior produtividade, custos menos elevados e
melhores condições de competência do enchimento. A utilização de enchimento hidráulico
requer técnicas apropriadas para a sua deposição e drenagem já que os materiais
utilizados contem aproximadamente entre 30 a 40% de água. Sistemas de drenagens são
introduzidos no enchimento em forma de tubulações e a água coleta é dirigida a um
sistema de drenagem localizado normalmente no nível inferior. O tempo de consolidação
do enchimento hidráulico varia com a composição utilizada. Geralmente o enchimento
suporta o acesso de pessoal após algumas horas de seu assentamento e o tráfego de
veículos após dois a quatro dias.

De maneira similar a outros métodos de lavra vertical, o realce do corte e aterro


também e geralmente limitado pôr pilares, “Sill” na porção inferior, “Crown” na porção
superior e “Rib” nas laterais, como forma primária de suporte. Após a lavra de todo o

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realce, e o conseqüentemente preenchimento do mesmo, os pilares podem ser


parcialmente ou totalmente recuperados.
Os parâmetros operacionais de um sistema de corte e aterro são determinados da
mesma maneira que para os outros métodos de lavra verticais ascendentes. Em adição a
mecânica de rochas e considerações da deposição do material de enchimento, as
dimensões do realce são influenciadas pelos fatores referentes a mecanização, tais como
facilidade de acesso (equipamentos cativos ou não), mobilidade (manobras) dos
equipamentos, e razão de produção requerida. Exemplos de dimensões de realce são:
altura 45 a 90 metros, largura de 2 a 30 metros, dimensões estas regidas primariamente
pelas condições de mecânica de rochas. O comprimento do realce, fator determinado pela
mecanização varia entre 60 a 600 metros. Tipicamente, a fatia horizontal (“slice”)
desmontada tem espessura de 2,5 a 3,5 metros, dependendo dos equipamentos e
métodos de perfuração utilizados. Os orepass, mantidos no “fill”, têm dimensões de 1,5 a
2,5 metros, de seção quadrada ou circular e são localizados aproximadamente 60 metros
aparte, considerações dependentes do equipamento de carregamento e transporte
utilizado.

Condições para aplicação


- Competência do Minério: moderado a competente.
- Competência das Encaixantes: baixa competência.
- Geometria do depósito: Tabular com largura moderada e grande extensão,
mergulho moderado a significativo (>45%).
- Teor e distribuição: teores relativamente elevados com distribuição não
uniforme.
- Profundidade: moderada a elevada

Vantagens
- Boa seletividade e flexibilidade.
- Baixo custo de desenvolvimento.
- Moderado capital de investimento (possibilidade de mecanização).
- Excelente recuperação (90 a 100% com recuperação dos pilares) e baixa
diluição (5 a 10%).
- Deposição de rejeitos em escavações subterrâneas.

Desvantagens
- Custo de operação elevado (os mais elevados entre os métodos de lavra
subterrânea).
- Produção cíclica (aterro) e, portanto, descontínua.
- Desenvolvimento extensivo
- Pode necessitar de mão de obra intensa.

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3.5. Longwall

Longwall é um método utilizado para a recuperação de corpos tabulares


horizontalizados e com potências limitadas. Entre todos os métodos de lavra, o Longwall é
aquele mais se aproxima do conceito de lavra contínua. Isto se deve a grande
mecanização e automação utilizada pelo método de lavra nos dias de hoje.
Os equipamentos utilizados nas operações podem ser agrupados em três
diferentes categorias:

• Suportes Hidráulicos – sistema de suportes hidráulicos robustos e


modulares que fornecem proteção contra o desabamento do teto e contra o
material abatido em toda extensão da face de lavra. São autoportantes e
conectados ao sistema de desmonte e transporte por cilindro(s) hidráulico(s).

• “Shear” – equipamento composto de roda dentada, sistema de


deslocamento, recolhimento do material desmontado. É o equipamento
responsável pelo desmonte do minério e seu direcionamento ao sistema de
transporte.

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• Correias Blindadas – correias transportadoras compostas de calhas


(módulos) e barras conectadas por correntes. São responsáveis pelo
transporte do minério na face da lavra.

Outra característica fundamental apresentada pelo Longwall refere-se às


dimensões dos painéis de lavra. Seu comprimento é da ordem de mil a cinco mil metros,
largura entre 150 e 400 aproximadamente, altura equivalente à potência da camada
(ordem de grandeza de alguns metros a aproximadamente 20 metros) e desmonte efetivo
de ordem sub-métrica.

Condições para aplicação


- Competência do Minério: Indiferente. Para a aplicação dos conceitos de
desmonte mecânico deve permitir a escavação mecânica e apresentar rigidez
elevada.
- Competência das Encaixantes: baixa a moderada.
- Geometria do depósito: Tabular horizontalizado. Potência limitada.
- Teor e distribuição: teores moderados com distribuição uniforme.

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- Profundidade: moderada a elevada

Vantagens
- Excelente produtividade (maior entre todos os métodos de lavra subterrânea).
- Baixo custo de desenvolvimento (um dos menores entre todos os métodos de
lavra subterrânea).
- Elevada Escala de produção.
- Mecanização e automação (“produção contínua”)
- Excelente recuperação (70 a 90%) e baixa diluição (aproximadamente 10%).
- Boas condições de segurança.

Desvantagens
- Elevado custo de investimento.
- Subsidência extensa.
- Inflexibilidade e rigidez da geometria da lavra.

3.6. “Sublevel Caving”


Aplicado a corpos verticalizados, o “sublevel caving” é um método descendente que
desmonta o minério utilizando explosivos e promove o abatimento das rochas encaixantes
superiores. Trata-se de um método extremamente mecanizado e apresenta um
desenvolvimento elaborado, aproximadamente 20% da reserva é recuperado no
desenvolvimento produtivo.

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O exemplo clássico de aplicação deste método de lavra é a mina de Kiruna da


KLAB. A lavra subterrânea, do corpo magnetítico-apatítico, iniciou-se em 1952 com um
pico de produção de 30 milhões de toneladas anuais em 1974. O “lay-out” da mina, típico
do “sublevel caving”, apresenta sub-níveis horizontais, desenvolvidos no corpo, a espaços
verticais regulares.
O projeto e a operação do “sublevel caving” demandam técnicas avançadas e
controles de operação precisos capazes de responder ao controle do processo de
abatimento. A definição das dimensões do plano de fogo é crucial para o resultado do
processo. Estas dimensões: largura dos sub-níveis, espaçamento entre os sub-níveis e
altura entre os sub-níveis são definidas utilizando-se teorias de fluxo de material
particulado por gravidade. Em Kiruna, por exemplo, são utilizadas as seguintes
dimensões:

• Altura entre sub-níveis: 28,5 m.


• Espaçamento entre galerias: 25 m.
• Largura das galerias: 7 m.
• Altura das galerias: 5 m de altura.

Subsidência é um dos grandes problemas associados com a prática do método em


questão, principalmente em corpos menos profundos.

Condições para aplicação

• Competência do Minério: moderada a elevada


• Competência das Encaixantes: baixa a moderada (requer que as encaixantes
superiores sofram abatimento, preferivelmente em blocos maiores).
• Geometria do depósito: Tabular verticalizado, ou grandes volumes.
• Teor e distribuição: teores moderados com distribuição uniforme.
• Profundidade: moderada a elevada

Vantagens

1. Alta produtividade.
2. Elevada Escala de produção.
3. Alta recuperação (70 a 90%).
4. Seletividade, adaptabilidade e flexibilidade significativas.
5. Boas condições de segurança.

Desvantagens

1. Alto custo de investimento.

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2. Subsidência intensiva.
3. Elevada diluição.

3.7.“Block Caving”
Entre todos os métodos de lavra subterrânea o “Block Caving” foi desenvolvido com
o objetivo de recuperar grandes volumes de material com baixos teores, como aqueles
apresentados pelos depósitos de cobre pórfiro. Neste método de lavra, galerias são
desenvolvidas abaixo do depósito e posteriormente alargadas promovendo o abatimento
do corpo mineral. Neste processo, tanto o minério quanta as encaixantes superiores
entram em processo de abatimento.

Os mesmos conceitos que governam o processo de fluxo por gravidade de material


particulado observado no “sublevel caving” também estão presentes na determinação do
“lay-out” e das dimensões das estruturas e aberturas encontradas no “block caving”.
Dependendo do “lay-out” adotado e do seqüenciamento da lavra três possibilidades de
lavra são encontradas:

• “Block caving”

• “Mass caving”

• “Panel caving”

Por sua natureza, promover o abatimento de grandes volumes, este é o método de


lavra subterrânea de maior interferência na superfície topográfica (subsidência). Em

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contra-partida, por não utilizar operações de perfuração e de desmonte, apresenta os


menores custos operacionais, rivalizando-se, neste aspecto, ao “Longwall”.

Condições para aplicação

• Competência do Minério: baixa a moderada (preferivelmente friável)


• Competência das Encaixantes: mesma do minério (preferivelmente abatimento
em blocos maiores)
• Geometria do depósito: Tabular com grandes potências, ou grandes volumes.
• Teor e distribuição: teores moderados com distribuição uniforme.
• Profundidade: moderada a elevada

Vantagens

1. Elevada produtividade.
2. Elevada Escala de produção (maior entre os métodos de lavra subterrânea).
3. Baixo custo de operação.
4. Alta recuperação (aproximadamente 90%).
5. Boas condições de segurança (operações normais).

Desvantagens

1. Subsidência intensiva e extensiva.


2. Alto custo de investimento (desenvolvimento).
3. Elevada diluição.
4. Inflexibilidade e rigidez.
5. Condições de segurança insatisfatórias nas operações de desbloqueio de
raises.

4. OPERAÇÕES UNITÁRIAS
O termo Operações Unitárias Principais pode ser empregado para descrever as
operações diretamente envolvidas com a extração do bem mineral. As operações que se
enquadram nesta categoria são: a perfuração, o desmonte, o carregamento e o transporte.
Outros processos ou operações são realizados com o objetivo de apoio ou para facilitar ou
mesmo possibilitar as operações unitárias principais. Estas operações podem ser
classificadas como Operações Unitárias Auxiliares. Na lavra subterrânea se destaca a
Ventilação de Mina.

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4.1.Perfuração e desmonte
Perfuração é a primeira operação unitária executada no processo de lavra. Seu
objetivo é desenvolver no maciço rochoso furos com geometria (profundidade, inclinação e
diâmetro) e distribuição (espaçamento e afastamento) adequadas. Estas perfurações são
utilizadas para colocação (carregamento) do explosivo.
Nas operações de lavra subterrânea duas operações de perfuração e desmonte
devem ser distintas: uma especifica para o desenvolvimento e a outra específica para o
método de lavra utilizado.
No desenvolvimento o desmonte ressente-se da inexistência de uma segunda face
livre. Conseqüentemente esta face livre deve ser criada pelo próprio o plano de fogo. Com
mostra a figura a seguir, três diferentes regiões podem ser identificadas em uma face de
desmonte: O pilão que tem como objetivo o desenvolvimento de uma face livre; os furos
de alargamento, que efetivamente produzem o volume do desmonte e os furos de
contorno, que além de garantir o acabamento da escavação também garantem a
estabilidade do maciço remanescente.

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As etapas 1 e 2 da figura anterior mostram a ação do pilão no desmonte de uma


galeria ou túnel. Existem diferentes configurações geométricas para o pilão que podem ser
agrupadas em: (1) furos paralelos: “Burn cut”, Cilíndrico, Espiral; e (2) furos inclinados: em
V, em Leque, Norueguês, etc. A utilização de uma metodologia ou da outra depende de
alguns fatores, dos quais o que mais se destaca é a área disponível para a operação. As
figuras seguintes apresentam um exemplo de pilão de furos paralelos (dupla espiral) e
pilão com furos inclinados (pilão em leque).

Dupla espiral Pilão em Leque

As propriedades do desmonte no desenvolvimento, volume relativamente pequeno,


área de manobra restrita, o diâmetro dos furos utilizados nesta operação são
relativamente pequenos, variando de 2,5” a 4”.
Quando se trata do desmonte para a lavra, outras considerações tornam-se mais
importantes. Aqui a produção volumétrica é de fato a principal preocupação. Cada método
de lavra possui parâmetros (geometria, razão de carregamento, tipo de explosivos)
específicos. De maneira geral, na lavra os furos possuem maiores diâmetros e
comprimento, razão de carga menor e conseqüentemente maior eficiência. A figura a
seguir utiliza o desmonte por crateras invertidas utilizadas no VCR para exemplificar esta
situação.

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Os equipamentos utilizados podem ser manuais (marteletes pneumáticos), para


operações simples ou com restrição de espaço, até os mais sofisticados (jumbos
especializados) para perfuração de leque ou furações radiais em lavras verticalizadas.

“Jack Hammer”

“Jumbo de três lanças”

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4.2.Carregamento e Transporte

As tarefas combinadas de carregar e transportar são fundamentais na indústria


mineira. A seleção de um sistema de carregamento e transporte é baseada em
considerações de segurança e de uma avaliação econômica para satisfazer as exigências
de produção a um valor mínimo por unidade produzida. Equipamentos de carregamento e
transporte são classificados de acordo com a função (carregamento, transporte ou uma
combinação dos dois) e a maneira como o material é transportado (em unidades discretas
ou em fluxo continuo). A distinção entre unidades discretas de material e fluxo contínuo é
importante do ponto de vista de cálculos de capacidade de produção.
As unidades discretas são caracterizadas pelo tempo de ciclo, que é a chave para
determinar a capacidade de produção do equipamento. A produção do fluxo contínuo é
caracterizada tipicamente pelo fluxo de material multiplicado pela velocidade a qual o
material esta sendo transportado.
As unidades discretas podem ser subdivididas em maquinários que necessitam de
caminhos fixos (track) e aos que não são limitados a um caminho fixo (Trackless).
Para a seleção de um equipamento, é necessário observar varias condições
fundamentais que são independentes de um tipo especifico de equipamento:

1- Produção: volume total de minério a ser produzido;


2- Taxa de produção: volume de produção teórico por unidade de tempo;
3- Produtividade:a produção atual por unidade de tempo, quando são considerados
a eficiência entre outros fatores;
4- Eficiência: é a porcentagem da taxa de produção calculada, que é executada de
fato por uma máquina;
5- Disponibilidade: porção do tempo que a maquina esta realmente pronta para
trabalhar;
6- Utilização: porção do tempo disponível, que a máquina esta realmente
trabalhando;
7- Capacidade: volume de material que o equipamento pode carregar ou
transportar;
8- Capacidade avaliada: o peso que o equipamento pode carregar;
9- Fator de empolação: aumento fracionário do material, quando é fragmentado;
10- Fator de abastecimento da caçamba: é um ajuste para a capacidade da
caçamba, levando em conta as características do amontoado do material, o
ângulo de repouso e a habilidade do operador;
11- Ciclo: ciclo de unidades de operações para cada equipamento.

O exemplo clássico de equipamento de transporte contínuo utilizado em minas


subterrâneas é a correia transportadora. Na utilização de caminhões, 60% da energia são
utilizados para mover o caminhão e apenas 40% para mover a carga útil. Para as correias
transportadoras a relação correspondente é de 20% de energia para mover a correia e

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80% para mover a carga útil. Além desse ganho na utilização da energia, o custo do óleo
diesel é bem maior que o custo da energia elétrica.

Quando se trata de operações cíclicas os equipamentos com trilho (track) têm


sistematicamente perdido espaço para os equipamentos denominados trackless. Exemplo
universal de equipamento de lavra subterrânea utilizado tanto para o carregamento quanto
para o transporte a distâncias limitadas (aproximadamente 900 metros) são as LHDs
(Load Haul and Dump). À medida que a distância de transporte aumenta a combinação de
maior sucesso é a utilização das LHDs como equipamento de carregamento e os
caminhões rebaixados como equipamento de transporte.

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As considerações para a determinação do numero de equipamentos necessários


para desempenhar eficientemente as operações de carregamento e transporte são
análogas as da lavra a Céu Aberto.

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5. Bibliografia

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