Você está na página 1de 9

Devarim (Palavras)

Escrito por Mário Moreno Dom, 24 de Julho de 2011 13:20

Nosso texto começa dizendo assim: “Estas são as palavras que Moshe falou a todo o
Israel além do Jordão, no deserto, na planície defronte do Mar dos Juncos, entre Parã
e Tôfel, e Labã, e Hazerote, e Di-Zaabe. Onze jornadas há desde Horebe, caminho do
monte Seir, até Cades-Barnéia. E sucedeu que, no ano quadragésimo, no mês
undécimo, no primeiro dia do mês, Moshe falou aos filhos de Israel, conforme a tudo o
que o IHVH lhe mandara acerca deles. Depois que feriu a Siom, rei dos amorreus, que
habitava em Hesbom, e a Ogue, rei de Basã, que habitava em Astarote, em Edrei” (Dt
1:1-4). Este relato traz uma retrospectiva dos fatos que ocorreram desde o momento em
que Israel acabara de ver a derrota e morte dos egípcios no Mar dos Juncos. Agora eles
estão já no 40° ano de peregrinação pelo deserto, ou seja, o período de provação pelo
deserto está realmente no fim...

Outro detalhe importante é que já neste período “final” do deserto os israelitas já


estavam subjugando seus inimigos de uma forma muito fácil, até mesmo natural!
Aprendemos então que enquanto estamos sendo provados pelo Eterno em nosso
“deserto” particular certamente veremos muitos milagres, mas também teremos vitórias
sobre os nossos inimigos e sobre todos aqueles que se levantaram contra nós.
Certamente que essa condição somente será verdadeira se houver obediência de nossa
parte, mesmo estando “no deserto”.

Agora Moshe continua seu relato dizendo: “Além do Jordão, na terra de Moabe,
começou Moshe a declarar esta lei, dizendo: O IHVH nosso Elohim nos falou em
Horebe, dizendo: Assaz vos haveis demorado neste monte. Voltai-vos, e parti, e ide à
montanha dos amorreus, e a todos os seus vizinhos, à planície, e à montanha, e ao vale,
e ao sul, e à margem do mar; à terra dos cananeus, e ao Líbano, até ao grande rio, o
rio Eufrates. Eis que tenho posto esta terra diante de vós; entrai e possuí a terra que o
IHVH jurou a vossos pais, Avraham, Itshaq e Ia´aqov, que a daria a eles e à sua
descendência depois deles” (Dt 1:5-8). Moshe inicia sua declaração com palavras muito
fortes referindo-se ao Eterno: “O IHVH nosso Elohim”. A palavra IHVH significa
literalmente “Eu me torno aquilo que me torno”. Já a palavra Elohim significa que aqui
“D-us é o Criador”, Aquele que se tornou a fonte e razão da existência de todas as
coisas! Há também a palavra “falou” que vem do termo hebraico dabar e significa
“falar, declarar, conversar, ordenar, prometer, advertir”. Este verso nos fala sobre o
Criador do Universo se tornando o D-us de Israel e estabelecendo com o seu povo uma
conversa, um diálogo, em que ambas as partes se manifestam, trocam experiências e a
parte mais “frágil” - Israel – é certamente aquela que recebe os maiores benefícios deste
relacionamento. Esta palavra nos diz que não está havendo qualquer “imposição” da
parte do Eterno para com Israel, mas sim um diálogo entre ambos a fim de chegarem
juntos à uma conclusão lógica!

Agora as palavras de Moshe são declaratórias quanto à promessa que o Eterno fizera à
Israel: “Eis que tenho posto esta terra diante de vós; entrai e possuí a terra”. Aqui a
frase “tenho posto” seria melhor traduzida por “olhem e vejam”, pois o termo hebraico
usado aqui é ra´a e significa “ver, olhar, contemplar, observar”. Já a palavra “terra” vem
do termo hebraico erets e significa terra, estado, mundo. Em português não aparece um
termo hebraico que fica subentendido na frase “diante de vós”. O termo usado aqui é
panîm e significa “rosto, semblante”. Esta palavra sempre ocorre no plural, talvez numa
indicação de que o rosto é composto por uma combinação de diversos aspectos.
Devemos entender agora uma parte deste todo que está nos sendo apresentado. Os
israelitas já estavam na fronteira da terra que o Eterno prometera aos seus antepassados
e agora eles certamente a contemplavam – havia um contato visual entre eles e a
promessa que agora se torna realidade – e esta terra haverá de tornar-se para eles seu lar
nacional, um novo mundo será ali construído por eles. Quando eles vislumbraram isso
em suas mentes certamente seus rostos se encheram de esperança e de alegria, tornando
assim manifesta a felicidade que agora impregnava seus corações!

O restante do verso nos diz que eles haveriam de “entrai e possuí a terra que o Senhor
jurou a vossos pais”. A palavra “possuir” vem do termo hebraico yarash e significa
“expulsar, lançar fora, desalojar, destruir, tornar pobre”. E a palavra IHVH, o que
significa que o Eterno estaria se tornando para o seu povo a sua herança – a terra – que
ele mesmo daria para eles dentro de muito pouco tempo.

Agora o relato de Moshe fala sobre o fato do povo já ser tão grande e numeroso que é
impossível que ele continue na liderança. “O IHVH vosso Elohim já vos tem
multiplicado; e eis que em multidão sois hoje como as estrelas do céu. O IHVH Elohim
de vossos pais vos aumente, ainda mil vezes mais do que sois; e vos abençoe, como vos
tem falado. Como suportaria eu sozinho os vossos fardos, e as vossas cargas, e as
vossas contendas?” (Dt 1:10-12). A palavra de Moshe demonstra muito claramente o
que tem acontecido: “O Senhor vosso Elohim já vos tem multiplicado”. A palavra que
aparece aqui é IHVH e depois vem o termo hebraico Elohim! Já a palavra
“multiplicado” vem do termo hebraico rabâ e significa “ser grande, tornar-se grande,
ser numeroso”. Isso nos mostra que o Criador havia se tornado o multiplicador do povo
de Israel! Aqui temos o ingrediente espiritual necessário para que isso pudesse
acontecer: a intervenção do próprio Criador a fim de fazer com que seu povo se tornasse
tão grande, forte e numeroso a ponto de causar espanto às nações que estavam na terra!
E ainda assim Moshe diz ao povo: “O IHVH Elohim de vossos pais vos aumente, ainda
mil vezes mais do que sois; e vos abençoe, como vos tem falado”. Novamente ele repete
aqui os termo IHVH e Elohim, pedindo Àquele que se tornara o Criador de Israel que os
multiplicasse mil vezes mais e os abençoasse! Aqui a palavra “abençoar” é barak e
significa “dar poder à alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo”! Esta palavra
de Moshe engloba todos os aspectos da vida cotidiana do povo e ela trará um resultado
tremendo na vida dos israelitas futuramente, pois eles carregarão – por onde quer que
andem – esta “unção” que os distingue dos demais povos da terra!

O conselho do Senhor tinha sido dado assim: “Tomai-vos homens sábios e entendidos,
experimentados entre as vossas tribos, para que os ponha por chefes sobre vós” (Dt
1:13). Isto parece apenas mais um conselho, mas não é. A palavra “sábios” em hebraico
é hakam e significa “ser sábio, agir sabiamente”. Estes homens – que primeiramente são
sábios – não tem apenas a sabedoria, mas eles agem de forma a externar esta sabedoria,
que também não é apenas teórica, mas profundamente prática! Além disso eles possuem
entendimento – conhecimento teórico e prático – naquilo que fazem e também são
homens experientes – isso significa que não são homens pegos às pressas para
exercerem uma função – eles foram “treinados” e depois de serem aprovados estarão
servido aos demais com todas as suas habilidades.

As palavras continuam fluindo e dizendo: “E no mesmo tempo mandei a vossos juízes,


dizendo: Ouvi a causa entre vossos irmãos, e julgai justamente entre o homem e seu
irmão, e entre o estrangeiro que está com ele. Não discriminareis as pessoas em juízo;
ouvireis assim o pequeno como o grande; não temereis a face de ninguém, porque o
juízo é de Elohim; porém a causa que vos for difícil fareis vir a mim, e eu a ouvirei” (Dt
1:16-17). Os homens citados acima deveriam desempenhar papéis fundamentais na
nação e neste caso esta orientação é tida como uma ordem, pois o termo usado onde está
a palavra “mandei” é tsavâ que significa “ordenar, incumbir”. Já a palavra “juízes” vem
do termo hebraico shapat que significa “julgar, governar”. Novamente percebemos que
estes homens estão sendo investidos de autoridade a fim de exercerem governo – ou
mesmo julgarem – mas de forma imparcial, justa e honesta. A forma de julgamento é
aqui declarada, pois é dito que não pode haver diferença entre grande e pequeno- rico ou
pobre – pois a Torah deve ser aplicada de forma igual para ambos! E Moshe declara
ainda que isso deve ser assim “porque o juízo é de Elohim”. Aqui a palavra “juízo” vem
do termo hebraico mishpat que significa “justiça, ordenança, costume, maneira”. Já a
palavra D-us vem do termo hebraico Elohim! Isso significa que aquilo que está sendo
estabelecido e discutido o foi feito como um padrão já na Criação! Essa informação
advém do fato do Eterno aqui se identificar como Elohim – o D-us Criador – fato esse
que demonstra que este padrão está de alguma forma ligado à criação!

A terra lhes é apresentada como sua herança e a sua conquista não deve ser vista como
algo difícil ou trabalhoso, mas sim como uma ordenança do Eterno para eles! Está dito
assim: “Eis aqui o IHVH teu Elohim tem posto esta terra diante de ti; sobe, toma posse
dela, como te falou o IHVH Elohim de teus pais; não temas, e não te assustes” (Dt
1:21). Novamente o Eterno se apresenta aqui como IHVH Elohim! É interessante que o
Eterno, no momento da conquista da terra, se apresente como Aquele que se tornou o
seu Criador (de Israel), pois isso é algo tão básico para ser dito que até mesmo parece
algo infantil! Mas o Eterno quer lembrar a Israel com Quem eles podem contar nesta
jornada de conquistas que haverão de empreender! A palavra lhes ordena que não
temam! A palavra “temer” vem do termo hebraico yare que significa “temer, ter medo,
reverenciar”. Está claro que os inimigos não devem ser temidos e nem mesmo devemos
nos curvar diante deles e nem mesmo teme-los, pois o Eterno é Aquele que nos irá
defender em qualquer circunstância que estejamos envolvidos com eles!

O Eterno agora relembra-os quanto à postura que seus pais tiveram quando foi-lhes
ordenado “espiar” a terra: “Então todos vós chegastes a mim, e dissestes: Mandemos
homens adiante de nós, para que nos espiem a terra e, de volta, nos ensinem o caminho
pelo qual devemos subir, e as cidades a que devemos ir. Isto me pareceu bem; de modo
que de vós tomei doze homens, de cada tribo um homem. E foram-se, e subiram à
montanha, e chegaram até ao vale de Escol, e o espiaram. E tomaram do fruto da terra
nas suas mãos, e no-lo trouxeram e nos informaram, dizendo: Boa é a terra que nos dá
o IHVH nosso Elohim. Porém vós não quisestes subir; mas fostes rebeldes ao mandado
do IHVH nosso Elohim. E murmurastes nas vossas tendas, e dissestes: Porquanto o
IHVH nos odeia, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus,
para destruir-nos. Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse
o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto é este povo do que nós, as cidades são
grandes e fortificadas até aos céus; e também vimos ali filhos dos gigantes. Então eu
vos disse: Não vos espanteis, nem os temais. O IHVH vosso Elohim que vai adiante de
vós, ele pelejará por vós, conforme a tudo o que fez convosco, diante de vossos olhos,
no Egito; como também no deserto, onde vistes que o IHVH vosso Elohim nele vos
levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes
a este lugar. Mas nem por isso crestes no IHVH vosso Elohim” (Dt 1:22-32). O texto
nos informa que houve uma “visita” à terra e depois uma posterior conversa sobre as
possibilidades ou não de conquista-la! Houve então uma atitude de rebelião contra o
Eterno e uma atitude ainda pior: a murmuração. A palavra “murmuração” em hebraico
vem do termo ragan que significa “murmurar, cochichar”. E o mais interessante é que
este ato não foi público, mas sim oculto em cada tenda israelita! A palavra “tenda” vem
do termo hebraico ohel e significa “tenda, habitação, lar”. Esta murmuração não foi algo
público, coletivo, grande, mas foi algo que ocorreu na intimidade de cada lar israelita,
quando palavras ofensivas foram proferidas contra o Eterno, pois disseram: “Porquanto
o IHVH nos odeia, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus,
para destruir-nos”. Os israelitas afirmaram que o Senhor – IHVH – os odiava! A palavra
“odiar” vem do termo hebraico sin´â e significa “ódio, aversão”. È usada para expressar
intensidade do ódio aos homens! Aquelas pessoas diziam que o mesmo D-us que se
tornara para eles livramento, redenção, salvação, agora transforma-se num ser que sente
aversão por este mesmo povo! Isto mais se parece com os deuses egípcios que quando
estavam de “bom humor” então abençoavam aos seus súditos; quando não nem se
importavam com seus pedidos! Poderiam então os israelitas confiarem num D-us como
esse? O sentimento deles era que o Eterno os tirara do Egito a fim de serem destruídos e
entregues nas mãos de seus inimigos! Mas certamente não era essa a intenção do
Senhor! Ele então lhes diz: “Então eu vos disse: Não vos espanteis, nem os temais. O
IHVH vosso Elohim que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, conforme a tudo o que
fez convosco, diante de vossos olhos, no Egito”. A palavra “espantar-se” vem do termo
hebraico ´arats e significa “estar assustado, estar apavorado, ter medo, oprimir, estar
aterrorizado”. Já a palavra “temer” vem do termo hebraico yare que significa “temer, ter
medo, reverenciar”. Os inimigos de Israel não devem causar pavor, medo ou serem
tratados de uma forma mais “amena” por causa da sensação produzida por eles na alma
do povo! Antes eles deveriam entender que quem guerrearia suas guerras seria IHVH
Elohim! Novamente percebemos que Aquele que se tornara o Criador de Israel é quem
tomaria as devidas providências contra os inimigos de seu povo! Ai daqueles que se
estavam levantando contra Israel! Quão duro foi o Eterno para com eles!

Esta seção termina com o verso 32 que em português diz: “Mas nem por isso crestes no
IHVH vosso Elohim”. No hebraico a tradução seria “Mas nem falastes e crestes no
IHVH vosso D-us”. A tradução ao pé da letra parece um pouco insípida, sem vida, mas
não é. No contexto o Eterno tem se apresentado como o Guerreiro de Israel, mas para
que isso pudesse suceder eles deveriam externar sua fé através das palavras! No
hebraico aparece o termo dabar que significa “falar, declarar, conversar, ordenar,
prometer, advertir”. Já a palavra “crer” vem do termo hebraico ´amam e significa
“confirmar, sustentar; estabelecer-se, ser fiel, estar certo, crer em”. E estas palavras
referem-se a IHVH Elohim! O texto diz que os israelitas deveriam ter externado sua
certeza e sua fidelidade ao Eterno simplesmente em palavras, conversando, declarando
ao Eterno a certeza que tinham de que seus inimigos certamente seriam vencidos,
confirmando assim a palavra que já tinha saído da boca do Senhor!

As palavras ditas por eles foram muito negativas e geraram no Eterno uma postura que
refletiu-se nos fatos que se seguiram: a morte dos descrentes! O texto nos diz assim:
“Ouvindo, pois, o IHVH a voz das vossas palavras, indignou-se, e jurou, dizendo:
nenhum dos homens desta maligna geração verá esta boa terra que jurei dar a vossos
pais. Salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a ele e a seus
filhos; porquanto perseverou em seguir ao IHVH. Também o IHVH se indignou contra
mim por causa de vós, dizendo: Também tu lá não entrarás. Josué, filho de Num, que
está diante de ti, ele ali entrará; fortalece-o, porque ele a fará herdar a Israel. E vossos
meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que hoje não conhecem
nem o bem nem o mal, eles ali entrarão, e a eles a darei, e eles a possuirão. Porém vós
virai-vos, e parti para o deserto, pelo caminho do Mar dos Juncos. Então respondestes,
e me dissestes: Pecamos contra o IHVH; nós subiremos e pelejaremos, conforme a tudo
o que nos ordenou o IHVH nosso Elohim. E armastes-vos, cada um de vós, dos seus
instrumentos de guerra, e estivestes prestes para subir à montanha. E disse-me o
IHVH: Dize-lhes: Não subais nem pelejeis, pois não estou no meio de vós; para que
não sejais feridos diante de vossos inimigos. Porém, falando-vos eu, não ouvistes; antes
fostes rebeldes ao mandado do IHVH, e vos ensoberbecestes, e subistes à montanha. E
os amorreus, que habitavam naquela montanha, vos saíram ao encontro; e
perseguiram-vos como fazem as abelhas e vos derrotaram desde Seir até Horma.
Tornando, pois, vós, e chorando perante o IHVH, o IHVH não ouviu a vossa voz, nem
vos escutou. Assim permanecestes muitos dias em Cades, pois ali vos demorastes
muito” (Dt 1:34-46). A primeira informação que temos aqui é que nenhum dos
murmuradores veria a terra. A exceção cabe a Calebe, pois ele perseverou em seguir ao
Senhor. A palavra “persevera” em hebraico vem do termo male´ e significa “estar cheio,
encher”. Já a palavra “seguir” vem do termo ´ahar e significa “após, atrás, depois,
posteriormente”. Mas o que aconteceu com Calebe? Ele certamente estava cheio de
confiança do Eterno, ele O seguia passo a passo – e isso evidencia também sua
obediência à Torah – e certamente esse foi o maior motivo para que Calebe não fosse
deixado no deserto! A perseverança deste homem em seguir ao Eterno fica aqui
evidenciada por estas poucas palavras sobre ele... Mas no verso 38 falaremos também
de outro homem: Josué! O texto diz: “Josué, filho de Num, que está diante de ti, ele ali
entrará; fortalece-o, porque ele a fará herdar a Israel”. O nome de Josué em hebraico é
Iehoshua e significa o Senhor é salvação! Quanto a este homem o Eterno diz a Moshe
que ele deveria ser fortalecido, pois ele é quem faria a Israel herdar a promessa. A
palavra “herdar” aqui vem do termo hebraico nachala e significa “herança, legado,
possessão”. Tem o sentido de receber uma propriedade que faz parte de uma possessão
permanente e é resultado de uma sucessão hereditária. O papel de Josué seria de levar o
povo à posse daquilo que já havia sido prometido a eles desde Avraham! O interessante
é que o nome Iehoshua é o mesmo nome de Ieshua, porém o nome Ieshua é uma
abreviatura de Iehoshua! E assim como Iehosha fez o povo entrar na terra prometida,
Ieshua fará o mesmo com o seu povo!

A resposta do povo ao Senhor foi clara: “Então respondestes, e me dissestes: Pecamos


contra o IHVH; nós subiremos e pelejaremos, conforme a tudo o que nos ordenou o
IHVH nosso Elohim. E armastes-vos, cada um de vós, dos seus instrumentos de guerra,
e estivestes prestes para subir à montanha. E disse-me o IHVH: Dize-lhes: Não subais
nem pelejeis, pois não estou no meio de vós; para que não sejais feridos diante de
vossos inimigos. Porém, falando-vos eu, não ouvistes; antes fostes rebeldes ao
mandado do IHVH, e vos ensoberbecestes, e subistes à montanha. E os amorreus, que
habitavam naquela montanha, vos saíram ao encontro; e perseguiram-vos como fazem
as abelhas e vos derrotaram desde Seir até Horma. Tornando, pois, vós, e chorando
perante o IHVH, o IHVH não ouviu a vossa voz, nem vos escutou. Assim permanecestes
muitos dias em Cades, pois ali vos demorastes muito”. O povo reconhece que pecou
contra o Senhor! A palavra “pecar” vem do termo hebraico hata´ e significa “errar, sair
do caminho, pecar, tornar-se culpado”. E esse erro foi cometido contra Aquele que se
torna aquilo que seu povo precisa que Ele se torne! Isso significa que para o pecador o
Eterno se tornou juízo; enquanto que para o obediente se tornou em bênção! No verso
49 o Eterno diz que eles foram rebeldes à sua palavra! A palavra “rebelde” vem do
termo hebraico marad e significa “ser rebelde, revoltar-se”. E novamente essa revolta
foi contra IHVH! Isso significa que o povo simplesmente ignorou aquilo que o Eterno já
lhes havia dito e resolveu revoltar-se – como um bando de presidiários – e não
obedecer-lhe! O resultado da revolta foi que os inimigos os perseguiram os venceram,
pois eles não estavam vivendo deforma obediente aquilo que o Eterno lhes havia dito! E
após a derrota eles se apresentaram chorando diante do Senhor, pois foram pisoteados
por aqueles que o Senhor já havia dito que eles derrotariam!

Na continuidade do diálogo temos as seguintes palavras para o povo de Israel: “Depois


viramo-nos, e caminhamos ao deserto, caminho do Mar dos Juncos, como o IHVH me
tinha dito, e muitos dias rodeamos o monte Seir. Então o IHVH me falou, dizendo:
tendes rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte. E dá ordem ao povo,
dizendo: Passareis pelos termos de vossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em
Seir; e eles terão medo de vós; porém guardai-vos bem. Não vos envolvais com eles,
porque não vos darei da sua terra nem ainda a pisada da planta de um pé; porquanto a
Esaú tenho dado o monte Seir por herança. Comprareis deles, por dinheiro, comida
para comerdes; e também água para beber deles comprareis por dinheiro. Pois o IHVH
teu Elohim te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este
grande deserto; estes quarenta anos o IHVH teu Elohim esteve contigo, coisa nenhuma
te faltou” (Dt 2:1-7). As ordens haviam sido também são muito clara quando diziam que
os israelitas deveriam passar pela terra de seus inimigos, mas que eles os temeriam! O
Eterno havia ordenado que os israelitas deveriam passar pelas terras dos descendentes
de Esaú pois mesmo isso acontecendo eles os temeriam! A palavra “ordenar” vem do
termo hebraico tsavâ e significa “ordenar, incumbir”. Já a palavra “temer” – terão medo
– vem do termo hebraico yare´ que significa “temer, ter medo, reverenciar”. Em
português faltou uma palavra que é o termo me´od e que significa “extremamente,
muito, força, abundância”. Os inimigos de Israel - que também são seus aparentados –
teriam um sentimento de extremo temor pelo fato de Israel estar por ali passando e por
já terem ouvido acerca das coisas que o Eterno havia feito aos demais inimigos de seu
povo! A orientação é não envolver-se com eles, somente passariam por aquele caminho
a fim de chegarem à terra que o Eterno lhes havia prometido!

Novamente o Eterno lembra seu povo daquilo que Ele já havia feito por e para eles:
“Pois o IHVH teu Elohim te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que
andas por este grande deserto; estes quarenta anos o IHVH teu Elohim esteve contigo,
coisa nenhuma te faltou”. Notamos que o Eterno se apresenta como IHVH Elohim!
Uma outra coisa é que Aquele que se tornara aquilo que seu povo precisara lhes diz que
os estava abençoando. A palavra abençoar vem do termo barak que significa “dar poder
à alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo”. Esse poder foi dado à Israel em
também relação à toda a obra de suas mãos! A palavra “obra” vem do termo hebraico
ma´aseh e significa “feito, ato, obra, negócio, destreza, propósito”. Ou seja, enquanto
eles estiveram no deserto Aquele que se tornou seu Criador fez com que o povo de
Israel carregasse sobre si um poder que fazia com que tudo aquilo que eles fizessem
tivesse sucesso! Mesmo estando no deserto havia sobre eles esta “unção” que os guiava
no sentido de não errarem o alvo e de não perderem o propósito que já havia sido pelo
Eterno estabelecido para suas vidas.

Na seqüência, o Eterno relembra-os que em suas caminhadas os seus inimigos iam


sendo desalojados e a fama de Israel ia sendo transmitida adiante causando assim terror
aos seus opositores. Então o eterno lhes diz: “Levantai-vos, parti e passai o ribeiro de
Arnom; eis aqui na tua mão tenho dado a Siom, amorreu, rei de Hesbom, e a sua terra;
começa a possuí-la, e contende com eles em peleja. Neste dia começarei a pôr um
terror e um medo de ti diante dos povos que estão debaixo de todo o céu; os que
ouvirem a tua fama tremerão diante de ti e se angustiarão. Então mandei mensageiros
desde o deserto de Quedemote a Siom, rei de Hesbom, com palavras de paz, dizendo”
(Dt 2:24-26). É claro que está evidente a intenção do Eterno em dar a Israel a sua
herança! Mas para isso eles deveriam “levantar-se” e dar início à sua jornada de
conquistas, em obediência à palavra do Senhor!

Na seqüência do relato Moshe relembra ao povo tudo o que havia acontecido com eles e
de como eles esmagaram seus inimigos, conforme ao que o Senhor lhes havia dito!
Quanto mais os inimigos resistiam à Israel mais espetaculares foram as vitórias por eles
conseguidas! Vejamos os versos abaixo que dizem: “Mas Siom, rei de Hesbom, não nos
quis deixar passar por sua terra, porquanto o IHVH teu Elohim endurecera o seu
espírito, e fizera obstinado o seu coração para to dar na tua mão, como hoje se vê. E o
IHVH me disse: Eis aqui, tenho começado a dar-te Siom, e a sua terra; começa, pois, a
possuí-la para que herdes a sua terra. E Siom saiu-nos ao encontro, ele e todo o seu
povo, à peleja, em Jaza; e o IHVH nosso Elohim no-lo entregou, e o ferimos a ele, e a
seus filhos, e a todo o seu povo. E naquele tempo tomamos todas as suas cidades, e
cada uma destruímos com os seus homens, mulheres e crianças; não deixamos a
ninguém. Somente tomamos por presa o gado para nós, e o despojo das cidades que
tínhamos tomado. Desde Aroer, que está à margem do ribeiro de Arnom, e a cidade que
está junto ao ribeiro, até Gileade, nenhuma cidade houve que de nós escapasse; tudo
isto o Senhor nosso Elohim nos entregou. Somente à terra dos filhos de Amom não
chegastes; nem a toda a margem do ribeiro de Jaboque, nem às cidades da montanha,
nem a coisa alguma que nos proibira o IHVH nosso Elohim” (Dt 2:30-37).

Terminando o relato, no capítulo 3 o eterno continua dizendo: “Depois nos viramos e


subimos o caminho de Basã; e Ogue, rei de Basã, nos saiu ao encontro, ele e todo o seu
povo, à peleja em Edrei. Então o IHVH me disse: Não o temas, porque a ele e a todo o
seu povo, e a sua terra, tenho dado na tua mão; e far-lhe-ás como fizeste a Siom, rei
dos amorreus, que habitava em Hesbom. E também o IHVH nosso Elohim nos deu na
nossa mão a Ogue, rei de Basã, e a todo o seu povo; de maneira que o ferimos até que
não lhe ficou sobrevivente algum. E naquele tempo tomamos todas as suas cidades;
nenhuma cidade houve que lhes não tomássemos; sessenta cidades, toda a região de
Argobe, o reino de Ogue em Basã. Todas estas cidades eram fortificadas com altos
muros, portas e ferrolhos; e muitas outras cidades sem muros. E destruímo-las como
fizemos a Siom, rei de Hesbom, destruindo todas as cidades, homens, mulheres e
crianças. Porém todo o gado, e o despojo das cidades, tomamos para nós por presa.
Assim naquele tempo tomamos a terra das mãos daqueles dois reis dos amorreus, que
estavam além do Jordão; desde o rio de Arnom, até ao monte de Hermom (A Hermom
os sidônios chamam Siriom; porém os amorreus o chamam Senir); todas as cidades do
planalto, e todo o Gileade, e todo o Basã, até Salcá e Edrei, cidades do reino de Ogue
em Basã. Porque só Ogue, o rei de Basã, restou dos gigantes; eis que o seu leito, um
leito de ferro, não está porventura em Rabá dos filhos de Amom? De nove côvados, o
seu comprimento, e de quatro côvados, a sua largura, pelo côvado comum. Tomamos,
pois, esta terra em possessão naquele tempo: Desde Aroer, que está junto ao ribeiro de
Arnom, e a metade da montanha de Gileade, com as suas cidades, tenho dado aos
rubenitas e gaditas” (Dt 3:1-12). Este relato nos informa como procedeu o povo de
Israel quando estava em processo de conquista da terra e em especial a terra de Basã,
cujo rei era Ogue e este homem era um remanescente dos gigantes. Sobre sua cama
édito que ela tinha as seguintes medidas: 9 x 4 côvados, o que, transformando-se em
metros temos as medidas de 4,5 x 2 metros! Quando está dito que a terra foi tomada em
possessão, a palavra “tomar” vem do termo hebraico yarash que significa “expulsar,
lançar fora, desalojar, destruir, tornar pobre”. Tem o sentido de obter o controle de uma
região mediante a conquista e expulsão de seus atuais moradores! Isso demonstra-nos
que os israelitas não somente passaram pela terra, mas eles, ao passarem eles também
destruíam e desalojavam aos moradores locais, tomando assim o controle daquela região
e fazendo daquele lugar a sua possessão e sua herança!

Finalizando, o relato nos informa ainda que: “E no mesmo tempo vos ordenei, dizendo:
O IHVH vosso Elohim vos deu esta terra, para possuí-la; passai, pois, armados vós,
todos os homens valentes, diante de vossos irmãos, os filhos de Israel. Tão-somente
vossas mulheres, e vossas crianças, e vosso gado (porque eu sei que tendes muito
gado), ficarão nas vossas cidades, que já vos tenho dado. Até que o IHVH dê descanso
a vossos irmãos como a vós; para que eles herdem também a terra que o IHVH vosso
Elohim lhes há de dar além do Jordão; então voltareis cada qual à sua herança que já
vos tenho dado. Também dei ordem a Josué no mesmo tempo, dizendo: Os teus olhos
têm visto tudo o que o IHVH vosso Elohim tem feito a estes dois reis; assim fará o
IHVH a todos os reinos, a que tu passarás. Não os temais, porque o IHVH vosso
Elohim é o que peleja por vós” (Dt 3:18-22). As orientações a Josué são muito claras no
sentido de que Israel não abrigue dentro de si nenhum sentimento de temos contra seus
inimigos. A palavra “temer” vem do termo hebraico yare´ que significa “temer, ter
medo, reverenciar”. O inimigo precisa ser encarado como tal e não há necessidade de
qualquer tipo de respeito por ele! As ordens são claras para derrota-los e isso deve ser
feito custe o que custar! A ausência de temor deveria existir entre o povo justamente
pelo motivo de que as batalhas de Israel não seriam travadas somente por eles, mas o
Eterno é quem lutaria por eles! O Guerreiro de Israel se chama IHVH Elohim e é
justamente nesse momento que o Criador de Israel se tornaria para eles aquilo que eles
tanto necessitavam: a sua vitória sobre seus inimigos! É dito que o Eterno “peleja” por
eles. A palavra “pelejar” vem do termo hebraico laham e significa “lutar, combater”.
Nós sabemos que este combate é feito primeiro na eternidade e depois consumado em
nosso mundo material, através do contato físico com o inimigo!

Assim o povo de Israel relembrou suas vitórias e recobrou um novo ânimo para
poderem continuar em sua caminhada de vitórias rumo à terra prometida!

Que o Eterno nos ajude a seguirmos o exemplo de Israel a fim de podermos encarar
nosso inimigo da forma correta: como alguém que já foi vencido e nada mais poderá
contra os exércitos de D-us! É evidente essa vitória só é possível aos servos que são
obedientes às ordens de seu Senhor!

Que nossa obediência nos conduza à vitória!

Você também pode gostar