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Controle de Qualidade E Artefatos em Mamografia
Controle de Qualidade E Artefatos em Mamografia
Resumo A mamografia, na atualidade, é o método mais efetivo de diagnóstico precoce do câncer de mama. Um
exame com alto padrão de qualidade pode visualizar, em 85% a 90% dos casos, um tumor com mais de
dois anos de antecedência de ocorrer acometimento ganglionar, em mulheres com mais de 50 anos de idade.
A diferença radiográfica entre o tecido normal e o doente é extremamente tênue, logo, a alta qualidade do
exame é indispensável para alcançar resolução de alto contraste que permita essa diferenciação. Para al-
cançar alto padrão é imperativo que o exame mamográfico siga protocolos rígidos e pré-estabelecidos. Os
artefatos são defeitos no processamento do filme que comprometem o resultado final da imagem, podendo
resultar em informações perdidas ou mascaradas. Há numerosos tipos de artefatos derivados de diversas
fontes na aquisição da imagem, como o processador, o desempenho do técnico de radiologia, o mamógrafo
ou o paciente, todos resultando na degradação da imagem obtida. O presente artigo tem o objetivo de re-
visar métodos eficazes no controle de qualidade do exame mamográfico e analisar os artefatos mais impor-
tantes na prática diária, com ilustrações e dicas de como evitá-los.
Unitermos: Câncer de mama diagnóstico; Radiologia da mama controle de qualidade; Artefato.
Portanto, o valor da mamografia está na Tabela 1 Elementos exigidos no Programa de Controle de Qualidade em Mamografia(1,4).
dependência íntima de seu padrão de qua- Tarefa Freqüência
lidade. Para alcançar alto padrão é impe-
Avaliação mecânica do equipamento mamográfico Diariamente
rativo que o exame mamográfico siga pa-
Limpeza da câmara escura Diariamente
drões rígidos e pré-estabelecidos, em que
Qualidade de imagem do simulador: densidade óptica, definição e contraste Semanalmente
o pessoal envolvido no processo de obten-
Análise de retenção de fixador pelo filme Mensalmente
ção da imagem esteja efetivamente prepa-
Análise de repetição Mensalmente ou
rado e o material e o equipamento utiliza-
a cada 250 pacientes
dos sejam adequados.
Velamento da câmara escura Semestralmente
A qualidade de imagem é determinada
Análise da luminosidade do negatoscópio e iluminação da sala de interpre-
pelo total de efeitos de imagem impressos tação Semestralmente
na radiografia, que inclui o tubo de raio-X Contato filme-écran Semestralmente
e o cátodo, a janela do ânodo, a filtragem, Monitoramento da compressão Semestralmente
a colimação, a distância da imagem à fon- Desempenho do controle automático de exposição e sua reprodutibilidade Anualmente
te, o sistema de compressão e o controle Reprodutibilidade e exatidão da quilovoltagem Anualmente
de exposição automático. Outros compo- Qualidade do feixe de raios X Anualmente
nentes também são importantes no proces- Dosimetria (dose glandular média de radiação) Anualmente
so da obtenção da imagem da mama, como Produção de radiação Anualmente
o cassete, o filme, o “écran”, o processa- Descompressão Anualmente
dor e o sistema de interpretação (negatos- Análise de artefatos Anualmente
cópio específico para a visualização ma- Uniformidade da velocidade dos écrans Anualmente
mográfica ou o monitor do computador)(4). Limites de definição e contraste da imagem Anualmente
Um efetivo programa de controle de Avaliação da colimação dos feixes de raios X e alinhamento do remo do
qualidade deve começar com o uso do compressor Anualmente
equipamento de raio-X e receptores de Fator de conversão kerma no ar/equivalente de dose ambiente para raios X Anualmente
imagem designados especificamente para
mamografia. O tempo de processamento do
filme, a temperatura, os químicos e sua OS ARTEFATOS examina um filme com relação aos possí-
reposição devem estar de acordo com o veis artefatos, é importante tentar isolar o
tipo de filme mamográfico específico que Conforme um programa de acreditação artefato, identificar sua fonte e fazer qual-
está sendo utilizado. do American College of Radiology (ACR), quer correção necessária para eliminar sua
Em 1992, foi assinado como lei, nos em que foram analisados 2.341 exames de causa. Neste sentido, vários fatores devem
Estados Unidos, o Ato de Padronização de mamografia, os artefatos foram reportados ser considerados, incluindo a posição do
Qualidade Mamográfica, determinando como o sexto problema em ordem de im- artefato e suas características, como den-
regulamentação nacional para os mamó- portância, sendo responsáveis por 11% das sidade, forma e distribuição na imagem.
grafos e o pessoal envolvido no processo falhas no exame. Os tipos mais encontra- Radiologistas e técnicos de mamogra-
de imagem da mama. Dentre outras nor- dos foram determinados por pó ou poeira, fia devem estar familiarizados com os nu-
mas, foram estabelecidos testes e interva- linhas da grade e marcas dos rolos do pro- merosos artefatos que podem criar falsas
los a serem submetidos aparelhos e mate- cessador(8). lesões ou mascarar verdadeiras anormali-
riais envolvidos, conforme descrito na Ta- Artefatos são defeitos no processamen- dades. Neste sentido, este artigo tem como
bela 1(1,4). No Brasil, a partir de 1/6/1998, to do filme ou qualquer variação na den- objetivo apresentar os artefatos mais en-
a publicação da Portaria nº 453 do Minis- sidade mamográfica não causada por ate- contrados na prática diária, acompanhados
tério da Saúde(5), que estabelece as Dire- nuação real da mama (incluindo corpos de suas ilustrações imaginológicas, apon-
trizes de Proteção Radiológica em Radio- estranhos e dispositivos médicos implan- tando suas diversas fontes, meios de iden-
diagnóstico Médico e Odontológico, fez tados)(2,6). Eles comprometem a qualidade tificação e como de evitá-los.
com que o Colégio Brasileiro de Radiolo- final da imagem e podem resultar em infor-
gia (CBR) modificasse a sistemática de seu mações perdidas ou mascaradas, incluin- Artefatos relacionados ao processador
Programa de Qualidade em Mamografia, do resultados falso-positivos e falso-nega- Artefatos comuns relacionados ao pro-
com a finalidade de adequá-la aos requi- tivos. Há numerosos tipos de artefatos de- cessador são do tipo lineares, geralmente
sitos técnicos estabelecidos nesta regula- rivados de diversas fontes na aquisição da por pressão excessiva dos rolos sobre o
mentação. Por esta Portaria, os serviços de imagem, todos resultando na degradação filme (Figura 1). Para diferenciar se o arte-
mamografia passam a ser responsáveis pela da imagem obtida. Os artefatos podem ser fato é devido ao processador ou à unidade
realização periódica de testes de qualidade relacionados ao processador, ao desempe- mamográfica, o ACR, na sua normatização,
da imagem e da dose da radiação para os nho do técnico de radiologia, à unidade descreve um teste em que duas radiografias
pacientes(6,7). mamográfica ou ao paciente. Quando se são feitas com a mesma técnica e coloca-
Figura 1. Arranhados de rolos do processador so- Figura 2. Químico escorrido no filme sem lavagem Figura 3. Aglutinação de grânulos de prata sob alta
bre o filme. adequada. temperatura do processador.
Figura 12. Imagem radiodensa representando mar- Figura 13. Nevus cutâneo simulando nódulo mamá-
capasso. rio.