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PROJETO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL PARA DETECÇÃO

PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA, POR INTERMÉDIO DA MAMOGRAFIA

MANUAL DE
CÂMARA
ESCURA PARA
MAMOGRAFIA

Realização: Participação: Apoio:


Projeto de Capacitação Profissional para Detecção
Precoce do Câncer de Mama, por Intermédio da Mamografia

Manual de Câmara Escura


para Mamografia

Realização: Participação: Apoio:


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJ

PROJETO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL PARA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE


MAMA, POR INTERMÉDIO DA MAMOGRAFIA
Coordenador do Projeto: Prof. Dr. Carlos Eduardo de Almeida

AUTOR
Josy Casicava, M.Sc – Física
Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR / UERJ

EDITORES
Prof. Dr. Carlos Eduardo de Almeida – Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Prof. Dr. João Emílio Peixoto - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

COORDENAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR / DBB / IBRAG
Projeto de Capacitação Profissional para Detecção Precoce do Câncer de Mama, por Intermédio
da Mamografia
Rua São Francisco Xavier 524, Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha sala -136, térreo - Maracanã
Rio de Janeiro, CEP: 20550-900
Fone: (21) 2587-7793 / (21) 2587-7795
Fax: (21) 2234 9383
www.lcr.uerj.br

APOIO
Instituto AVON
Campanha:Um Beijo pela Vida
Projeto de Capacitação Profissional para Detecção
Precoce do Câncer de Mama, por Intermédio da Mamografia

Coordenador Geral do Projeto:


Carlos Eduardo do Almeida – Ph.D
Prof. Titular em Física Médica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Coordenador do Laboratório de Ciências Radiológicas – DBB – IBRAG – UERJ
Doutor em Física Médica pela Universidade do Texas

Coordenador do Programa Médico:


Hilton Augusto Koch – D.Sc
Prof. Titular em Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Prof. Titular em Radiologia pela PUC /RJ
Chefe do Serviço de Radiologia da Santa Casa de Misericórdia – RJ
Doutor em Medicina pela UFRJ

Coordenador do Programa Técnico:


João Emílio Peixoto – D.Sc
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Comissão Executiva:
Sheila Magalhães – Especialista em Treinamento
Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ

José Moutinho – Gerente de Projetos


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ

Arnaldo Lassance - Médico


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro –CVS/SES

Josy Casicava – M.Sc - Física


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ

Rubens Silva e Silva – Assistente Contábil


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Colaboradores na Reunião de Consenso do Conteúdo deste Manual

Alair Sarmet M. D. dos Santos - Médico


Sociedade Brasileira de Radiologia - SBR

Andrea Araujo – Técnica


Instituto Fernandes Figueira - IFF

Arnaldo Lassance - Médico


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro - CVS

Elizabeth Angela Monteiro - Dentista


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro - CVS

Ellyete Canella - Médica


Instituto Nacional do Câncer – INCA

Fabiana Monteiro da Silva - Técnica


Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - CRTR

Flávia Andrade de Mello Oliveira - Física


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro - CVS

Júlia Lindalva da Costa Ferreira – Técnica


Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - CRTR

Luiz Antonio Leal da Silva – Técnico


Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - CRTR

Luis Alexandre Gonçalves Magalhães, M.Sc – Físico


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR /UERJ

Marcos Costa - Médico


Instituto Fernandes Figueira – IFF

Maria da Graça Magalhães - Técnica


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR /UERJ

Rafael Carvalho – Físico


Laboratório de Ciências Radiológicas - LCR /UERJ

Vânia Rosário – Técnica


Instituto Fernandes Figueira – IFF

Wagner Lopes Cardozo - Físico


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR /UERJ
Apresentação

Segundo informações da Organização Mundial de Saúde, a cada ano são diagnosticados


aproximadamente um milhão e duzentos mil novos casos de câncer de mama em todo o mundo,
tornando esse tipo de câncer o mais comum entre as mulheres. No Brasil, baseado nas informações
do INCA, a incidência no Estado do Rio de Janeiro é da ordem de cem novos casos e cerca de vinte
óbitos para cada dez mil mulheres, sendo a maior taxa do país.

A mamografia é reconhecidamente o método mais eficiente e o de escolha para o diagnóstico precoce


do câncer de mama, bem como para os programas de rastreamento em mulheres assintomáticas.
Em geral, o exame mamográfico pode ter uma especificidade superior a 85% dos casos investigados
quando de boa qualidade e acompanhado de um bom laudo médico.
Quando uma mamografia é indicada, alguns fatores são determinantes para que se obtenha uma
imagem com boa qualidade para diagnóstico, dentre eles:
• indicação médica adequada,
• funcionamento adequado dos equipamentos,
• funcionamento adequado da câmara escura e
• procedimentos uniformizados para a realização dos laudos de interpretação da imagem.

Estes fatores dependem, portanto, de variáveis associadas aos profissionais médico, técnico e físico,
incluindo o controle da qualidade dos processos, exigindo uma visão estratégica multidisciplinar
para os programas que visem a garantir a qualidade da imagem e do laudo.

O controle da qualidade técnica dos mamógrafos, o treinamento de radiologistas e técnicos em


radiologia e a uniformização de procedimentos para cada uma destas atividades são essenciais
para a obtenção de uma boa imagem e, conseqüentemente, bons laudos médicos.

Este programa visa, de forma integrada, a promover a capacitação de médicos, técnicos, e


físicos, além de realizar a avaliação dos equipamentos de um conjunto de serviços que realizam a
mamografia no Estado do Rio de Janeiro.

Como parte deste programa e buscando a uniformização dos procedimentos, quatro manuais foram
desenvolvidos: o Manual de Câmara Escura, o Manual de Técnicas Mamográficas, o Manual Técnico
de Avaliação dos Serviços de Mamografia e o Manual para Capacitação Profissional no Diagnóstico
Precoce do Câncer de Mama, que estão sendo utilizados em um programa de treinamento.

Sem a dedicação dos coordenadores, professores, colaboradores de cada área e do staff da


coordenação, indicados em cada documento, não seria possível desenvolver este trabalho de
forma consensual, objetiva e com a qualidade desejada. O apoio do Instituto Avon foi, sem dúvida,
fundamental para agregar os profissionais e materializar a idéia.

Carlos Eduardo de Almeida - PhD.


Professor Titular em Física Médica
Coordenador do Projeto
Manual de Câmara Escura para Mamografia

ÍNDICE

1 SISTEMA DE REGISTRO DE IMAGENS MAMOGRÁFICAS ............................... 8

1.1 FILMES RADIOGRÁFICOS PARA MAMOGRAFIA ................................................ 11

1.1.1 Estrutura de um filme radiográfico .......................................................................... 11

1.1.2 Sensibilidade .......................................................................................................... 12

1.1.3 Curva Característica .............................................................................................. 12

1.2 CHASSIS E TELA INTENSIFICADORA ................................................................. 14

1.2.1 Limpeza das telas intensificadoras e dos Chassis ................................................. 14

2 CÂMARA ESCURA ............................................................................................... 19

2.1 ÁREA FÍSICA .......................................................................................................... 21

2.2 DISPOSIÇÃO DOS MATERIAIS EM UMA CÂMARA ESCURA ............................. 22

2.3 LUZ DE SEGURANÇA ........................................................................................... 23

2.4 ARMAZENAMENTO ADEQUADO DOS FILMES ................................................... 25

2.4.1 O armazenamento de filmes não-processados e não-expostos ............................ 25

2.4.2 O armazenamento dos filmes processados ........................................................... 26

3 PROCESSAMENTO AUTOMÁTICO ..................................................................... 27

3.1 PROCESSADORA AUTOMÁTICA ......................................................................... 29

3.2 PREPARO DOS PRODUTOS QUÍMICOS ............................................................. 32

3.2.1 Modo Manual .......................................................................................................... 32

3.2.2 Mixer-automático .................................................................................................... 33

3.3 VARIAÇÕES QUÍMICAS ........................................................................................ 34

3.4 VARIAÇÕES FÍSICAS ............................................................................................ 35

3.5 LIMPEZA DA PROCESSADORA ............................................................................ 36

3.5.1 RESÍDUOS QUÍMICOS (RDC 306 - 2004) ........................................................... 38

Projeto LCR/AVON 
Manual de Câmara Escura para Mamografia

4 TESTES DE CONSTÂNCIA (PORTARIA 453) ..................................................... 39

4.1 TESTES DE CÂMARA ESCURA ........................................................................... 41

4.1.1 Teste de velamento da câmara escura .................................................................. 41

4.2 TESTES DE PROCESSAMENTO ......................................................................... 42

4.2.1 Medida do pH ......................................................................................................... 42

4.2.2 Gravidade Especifica e Mistura correta dos produtos químicos ............................ 42

4.2.3 Teste de retenção de tiosulfato (Hypo) .................................................................. 43

4.2.4 Temperatura dos produtos químicos ...................................................................... 44

4.2.5 Tempo de processamento ...................................................................................... 45

4.2.6 Reposição de produtos químicos por filme ............................................................ 45

4.2.7 Sensitometria ......................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 51

ANEXOS ........................................................................................................................... 53

ANEXO 01 - CARTA DE CONTROLE DE QUALIDADE DO PROCESSAMENTO


RADIOGRÁFICO .............................................................................................................. 53

ANEXO 02 - CAUSAS POSSÍVEIS DE IRREGULARIDADE NO PROCESSAMENTO ... 55

 Projeto LCR/AVON
1
SISTEMA DE
REGISTRO
DE IMAGENS
MAMOGRÁFICAS

FILMES RADIOGRÁFICOS PARA MAMOGRAFIA

CHASSIS E TELA INTENSIFICADORA


Manual de Câmara Escura para Mamografia

1.1. FILMES RADIOGRÁFICOS PARA


MAMOGRAFIA
A maioria das imagens mamográficas é pro- 1.1.1 ESTRUTURA DE UM FILME
duzida e armazenada em filmes radiográfi- RADIOGRÁFICO:
cos. A estrutura desses filmes é composta
por uma emulsão fotográfica muito fina e 1 – Base: Estrutura que dá sustentação ao
uma base plástica transparente. material que será sensibilizado. A Base de
um filme deve possuir algumas característi-
Na mamografia são utilizados filmes de cas físicas como:
emulsão simples, que possuem apenas
uma camada de emulsão sensível à luz em • Boa estabilidade dimensional (baixa
somente um dos lados da sustentação do dilatação);
filme. Isso ajuda a diminuir o borramento
das imagens, fornecendo uma imagem com • Adequada absorção de água, facili-
maior resolução e alcançando uma defini- tando o processo de revelação;
ção máxima de 16 a 20 pares de linha/mm.
• Transparência, pois a imagem é visu-
alizada pela relação de sombras que
A Capa protetora ficam configuradas a partir da ilumina-
ção colocada por trás do filme;
Emulsão ~ 0,010 mm

Substrato Base ~ 0,150 mm • Corante em tom azulado, para dimi-


Emulsão ~ 0,010 mm
nuir o cansaço visual

Capa protetora 2 – Emulsão: Componente de ativação no


B qual a imagem é formada. A emulsão de um
filme radiográfico é formada por cristais de
brometo de prata misturados à gelatina que
Substrato Base ~ 0,150 mm os mantém em suas posi-ções relativas;
Emulsão ~ 0,010 mm
Aos microcristais de brometo de prata é adi-
Capa protetora
cionada uma pequena quantidade de iodeto
de prata (até 10%), para aumentar a sensi-
Figura 1.1 - Estrutura do filme radiográfico. A) Filme
de dupla emulsão . B) Filme de emulsão simples.
bilidade;

3 – Substrato: Elemento de ligação entre a


base e a emulsão.
Os filmes de mamografias possuem um pi-
cote em um dos cantos para ajudar na sua
4 - Capa Protetora: Película que protege
manipulação correta, indicando em qual su-
o filme, permitindo que ele seja manipulado
perfície está a emulsão.
sem sofrer danos.

Projeto LCR/AVON 11
Manual de Câmara Escura para Mamografia

1.1.2 SENSIBILIDADE

A sensibilidade do filme também conhe-


cida como velocidade é o parâmetro que
determina seu comportamento em relação
a uma determinada Exposição.

Filmes mais velozes ou mais sensíveis pre-


cisam de menos exposição para produzir a
densidade desejada. Como mostra a Figura
1.2, para uma mesma exposição um filme
de baixa sensibilidade produz uma densida- Figura 1.3 - Exemplo de grãos de prata tipo tabu-
de óptica menor do que o filme mais sensí- lar usado na fabricação de filmes. (Ref. http://www.
vel. kodak.com/US)

Um bom processamento com a utilização


de produtos químicos, temperatura e tem-
Filme de Baixa sensibilidade
po adequados, pode garantir que os filmes
Densidade Óptica
mantenham suas sensibilidades.
Exposição
1/64 1/32 1/16 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 16 32 64
Relativa

Densidade Óptica
1.1.3 CURVA CARACTERÍSTICA
Filme de Alta sensibilidade
A relação entre a resposta do filme e a ex-
posição a que foi submetido pode ser ex-
Figura 1.2 - Comparação de dois filmes com sensibi- pressa através de uma curva denominada
lidades diferentes
curva característica ou curva sensitométrica
(Figura 1.4). O padrão de resposta, que é
Há vários fatores que afetam a sensibili- observado com os diferentes graus de ene-
dade de um filme. Um deles é sua própria grecimento do filme, é medido pela densi-
fabricação. Os filmes são produzidos com dade óptica (DO). As características gerais
microcristais de brometo de prata (Figura de uma curva sensitométrica (base+fog, ve-
1.3) que por si só já são sensíveis à radia- locidade e contraste) são as mesmas para
ção. Mas a adição de impurezas pode tor- todos os filmes, porém, sua forma exata de-
nar um filme mais sensível. Outro fator que pende do tipo de emulsão e das condições
afeta a sensibilidade do filme é o tamanho gerais de processamento (Figura 1.5).
dos grãos de prata. Grãos grandes forne-
cem uma maior superfície de exposição o O estudo da resposta do filme à exposição é
que aumenta a probabilidade de absorção conhecido como sensitometria. Ele avalia o
dos fótons produzidos durante a exposição. contraste e velocidade relativa dos filmes e
combinações tela-filme, descrevendo assim
A exposição e o processamento também suas propriedades sensitométricas. A expo-
podem alterar a sensibilidade de um filme. sição do filme é determinada pelos fatores
Cada filme é produzido para ser mais sen- de tensão, corrente e tempo
sível à luz de determinado comprimento de
onda. No caso dos filmes de mamografia As regiões de baixa densidade óptica es-
eles são mais sensíveis a luz de cor verde. tão no “pé” da curva, e de alta densidade,

12 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

no “ombro” da curva (Figura 1.4a e 1.4c). c)


A maior parte das variações de densidades
(diferentes tons de cinza) está na “região li-
near” da curva (Figura 1.4b). O pé da curva
nos dará o que se chama de véu de base
(ou base+fog), que é uma medida da trans- b)
parência da base do filme, acrescida de
qualquer tipo de velamento devido, a expo-
sição do filme à luz, contaminação química,
revelação, etc.

O trecho reto da curva nos dará a latitude


a)
do filme, ou seja, a maior parte da escala de
cinza. Esta é a região de densidades úteis
ao diagnóstico. O ombro da curva fornece a
densidade máxima do filme, como mostra a
Figura 1.4.
Figura 1.4 - Exemplo de curva característica de um
filme radiográfico e uma tira sensitométrica que
mede sua resposta a diferentes exposições. O eixo
horizontal mostra o logaritmo das exposições rela-
tivas, onde cada exposição é feita com o dobro do
valor anterior. a) região de baixa densidade – “pé”;
b) Região linear; c) Alta densidade – “ombro”

Filme A Filme B

Figura 1.5 – Exemplo curvas características de dois filmes com respostas diferentes a mesma exposição.
O filme B demonstra um maior contraste em relação ao filme A, isso pode ser visto pela inclinação maior da
curva (parte linear) do filme B.

Projeto LCR/AVON 13
Manual de Câmara Escura para Mamografia

1.2. CHASSIS E TELA INTENSIFICADORA


O��������������������������������������
s chassis têm como função proteger os
filmes contra a luz do meio ambiente, per-
mitindo que os fótons de raios X penetrem
e sensibilizem os filmes. Dentro dos chas-
sis de mamografia podemos encontrar uma
tela intensificadora que também é conheci-
da como écran, esse acessório é utilizado
para intensificar a sensibilidade dos filmes.
A Figura 1.6 mostra um exemplo chassis
utilizados em mamografia.

Figura 1.7 - Tela intensificadora do chassi de


mamografia.

absorvem mais facilmente os fótons de luz


produzidos pelos cristais de fósforos do que
os fótons de mais alta energia produzidos
pelos raios X. O rendimento do processo de
sensibilização dos filmes com as telas inten-
sificadoras aumenta em até 100 vezes, o
que possibilita uma diminuição considerável
nas doses aplicadas as pacientes.

A luminância produzida pela tela intensifica-


Figura 1.6. Chassis para filmes de mamografia de
emulsão simples. (Ref. http://www.kodak.com/US e
dora deve ter características de comprimen-
http://www.agfa.com/en/he/products_services/all_ to de onda coincidentes com a sensibilidade
products) do filme. Se o filme for sensível a cor verde,
as telas devem ser formadas por cristais de
Nos chassis convencionais são encontra- fósforo que emitam luz de cor verde.
das duas telas intensificadoras localizadas
em ambos os lados no seu interior. E em
mamografia devido a utilização de filmes de
emulsão simples, os chassis possuem ape- 1.2.1 LIMPEZA DAS TELAS
nas uma tela intensificadora (Figura 1.7). INTENSIFICADORAS E DOS
Essas telas são de cor branca, formadas CHASSIS
por cristais de fósforos que são radiossen-
síveis, dessa forma quando atingidas pelos As telas e os chassis usados para mamo-
raios X liberam luminosidade que ajudam grafia devem ser limpos semanalmente e/
na formação da imagem no filme. ou quando aparecerem artefatos causados
pela sujeira e pela poeira, (pontos brancos)
A utilização dessas telas se faz necessária, que são vistos nos exames de mamografia.
pois os filmes são fotossensíveis, ou seja, O objetivo é minimizar a ocorrência deste

14 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

tipo de artefato que afeta a qualidade de pando o lado de fora dos chassis com
imagens. um pano úmido, assim evitará que po-
eira entre no chassi quando for aberto.
Em mamografia são utilizados filmes de Escolha um pano que não solte fiapos e
emulsão simples, que são mais suscetíveis que não ofereça uma superfície áspera.
aos artefatos. Esses artefatos aparecem
como pontos brancos ou com densidades
mais clara e são causados geralmente pela
sujeira e pela poeira presa entre o filme e a
2 Limpe a tampa plástica interna do
chassi com um pano sem fiapo
umedecido com um pouco do líquido de
tela intensificadora. A sujeira ou poeira obs- limpeza de tela. Utilize um pincel macio
trui o trajeto de luz da tela intensificadora ou uma haste de algodão para limpeza
até a emulsão do filme durante uma expo- das bordas e das dobradiças. Também
sição, formando assim uma sombra dessa pode se usar ar comprimido, para a po-
partícula no filme processado, como mostra eira que não é alcançadas com o pano.
a Figura 1.8. Seque a tampa com um pano sem fiapo
ou ar comprimido.

3 Umedeça um pano sem fiapos ou


compressa cirúrgica com uma pe-
quena quantidade de álcool isopropílico
à 70% ou líquido de limpeza de tela indi-
cado pelo fabricante, de preferência um
produto que seja antiestático, pois este
evitará que mais poeira grude na tela.
Não utilize compressa cirúrgica mui-
to áspera ou que solte fiapo, pois isso
prejudica a limpeza da tela. Com a com-
pressa úmida friccione delicadamente a
tela fazendo movimentos retos na mes-
ma direção, como mostra a Figura 1.9.
Evite pressionar muito a tela ou fazer
movimentos circulares ou friccionar para
todos os lados, pois isso pode apenas
espalhar a poeira em vez de retirá-la.

Figura 1.8 – Exame de mamografia com artefatos


causados por pó e sujeira das telas intensificadoras.

PROCEDIMENTO DE LIMPEZA DOS Não derrame o produto de limpeza


CHASSIS E TELAS INTENSIFICADO- diretamente na tela, uma quantidade
RAS: grande desse líquido pode manchá-
la. Não limpe a tela com produtos se-

1� Escolha um local, como um balcão


ou mesa, limpe esse local antes de
começar o procedimento. Comece lim-
cos, isso pode riscar e danificar a sua
emulsão.

Projeto LCR/AVON 15
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Figura 1.10 - Chassi entreaberto para se-


cagem total do seu interior.

5 Recarregue o chassi com o filme e


espere por um tempo antes de usá-
lo. O tempo de espera varia com o tipo
de chassi e a recomendação do fabri-
cante, o tempo pode variar de 5 minutos
a 20 minutos. Esse tempo ajudará o fil-
me a acomodar-se bem próximo da tela
intensificadora evitando a formação de
bolhas de ar que aparecem na imagem
em forma de artefato.
Figura 1.9 - O movimento para limpeza da
tela deve ser reto na mesma direção.

4� Deixe os chassis entreabertos para


que a tela e o interior do chassi are-
jem e sequem completamente (Figura
1.10). Caso “carregue” o chassi com o
interior ainda úmido, isso danificará o fil-
me e poderá produzir mancha na tela.

Antes de voltar ao uso é necessário fa-


zer uma inspeção do chassi e da tela
para garantir que toda poeira foi remo-
vida. A luz preta ou ultravioleta é muito Figura 1.11 - Lenços umedecidos próprios
útil para essa verificação. para limpeza das telas intensificadoras.
(Ref. http://www.kodak.com/US)

16 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

O produto recomendado para a limpeza das


telas intensificadoras é vendido pelos forne-
cedores de filmes e chassis. Esses produtos
são formulados para atender as necessida-
des de limpeza das telas, sem comprome-
ter sua integridade. Hoje em dia no merca-
do podem ser encontrados kits de limpeza
como os lenços umedecidos (Figura 1.11).
Esses lenços possuem uma textura macia,
não soltam fiapos e já vêm prontos para se-
rem usados com a quantidade exata de so-
lução de limpeza.

Além da limpeza das telas intensificadoras


e dos chassis, uma outra medida também
deve ser tomada em relação aos chassis: a
identificação. Cada chassi deve possuir um
número relacionado com a sua tela intensifi-
cadora. Esse número deve estar do lado de
fora, assim facilitará encontrar o chassi que
precisa de uma inspeção.

Projeto LCR/AVON 17
2 CÂMARA ESCURA

ÁREA FÍSICA

DISPOSIÇÃO DOS MATERIAIS EM UMA CÂMARA


ESCURA

LUZ DE SEGURANÇA

ARMAZENAMENTO ADEQUADO DOS FILMES


Manual de Câmara Escura para Mamografia

2.1 ÁREA FÍSICA


Uma câmara escura (Figura 2.1) deve ser processamento a água deve estar em boas
planejada e construída considerando a condições e numa temperatura entre 20oC
quantidade de radiografias que serão re- e 25oC.
veladas e o fluxo de atividade prevista no
serviço. Não é aconselhado o fornecimento de água
através de reservatórios provenientes de
A câmara escura ideal deve ter paredes ca- ambientes muito quentes, onde a tempera-
pazes de proteger o seu interior da entrada tura da água será fornecida ao processa-
mento já elevada, dificultando o controle de
de radiação dispersa, além de bloqueio para
temperatura do sistema. Pequenas varia-
a entrada de luz nas aberturas. Atenção es-
ções na temperatura das soluções químicas
pecial deve ser dada a vedação da porta, podem oferecer alterações consideráveis
passador de chassis e sistema de exaustão. ao filme.
O(s) interruptor(es) de luz clara deve(m) es-
tar posicionado(s) de forma a evitar o seu
acionamento acidental e de preferência es-
ses dispositivos devem ser de materiais não
fosforescentes.

Como existe a possibilidade de derrama-


mento durante o preparo das soluções quí-
micas de processamento, o material de re-
vestimento do piso não deve ser poroso. O
piso de cerâmica é um dos mais indicados,
por permitir a lavagem e manutenção de um
adequado asseio do ambiente.

Para o funcionamento adequado da câmara


escura é essencial a existência de uma ven-
tilação ambiente eficiente. Os exaustores
tem a importante função de eliminar gases,
poeira e circular ar a fim de manter a tem-
peratura adequada da sala. Um sistema de
Figura 2.1 – Sala de Câmara Escura utilizada para
ar condicionado é o mais indicado, não só
revelação de filmes radiográficos.
para manter o ambiente em condições apro-
priadas de temperatura e umidade relativa
do ar, como também promover a renovação
do ar interno.

Outros itens importantes são a instalação


elétrica para os equipamentos e a instala-
ção de suprimento de água filtrada, a fim de
eliminar a presença de resíduos ou partícu-
las estranhas. Para as várias operações de

Projeto LCR/AVON 21
Manual de Câmara Escura para Mamografia

2.2. DISPOSIÇÃO DOS MATERIAIS EM


UMA CÂMARA ESCURA
O planejamento da disposição dos materiais tanto pelo lado de dentro da câmara escura
em uma câmara escura é essencial para se quanto pelo lado de fora.
obter a maior eficiência possível nos traba-
lhos, bem como para se conseguir o maior As processadoras automáticas são fontes
rendimento. Um cuidado especial deve ser de calor, por isso sua posição deve ser bem
tomado na distribuição dos elementos, ten- estudada. Evite deixar os filmes perto des-
do em vista facilitar a locomoção dos ope- sas fontes de calor. O calor associado à alta
radores. taxa de umidade do ar pode levar ao amo-
lecimento da gelatina de revestimento das
A bancada de trabalho deve possuir um películas, tornando sua superfície pegajosa,
espaço suficiente para que o chassi seja dando margem a aderência, marcas de de-
aberto e o filme colocado ou retirado. Um dos e outros danos.
exemplo de bancada pode ser visto na Fi-
gura 2.2. Um espaço reduzido pode dificul- Os tanques de produtos químicos da pro-
tar essa tarefa o que provocaria um gasto cessadora devem ficar fora da câmara
de tempo maior. Outros objetos na bancada escura. Isso evita a inalação desses produ-
de trabalho como tesoura, canetas, filmes tos químicos pelo técnico da câmara escura
velados, etc. podem atrapalhar a manobra e evita um possível acidente caso haja um
de troca de filmes ou até mesmo danificar derramamento desses produtos.
os filmes manipulados. Por isso a bancada
deve ser exclusiva para esse procedimen- A luz de segurança deve ser posicionada a
to. uma distância não inferior a 1,2 m do local
de manipulação de filmes.
A posição do passador de chassi também é
muito importante, deve ser de fácil acesso

Figura 2.2 - Bancada de trabalho para manuseio de


chassis.

22 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

2.3. LUZ DE SEGURANÇA


O termo “luz de segurança” é descrito como
sendo a iluminação da câmara escura que
não causa uma mudança visível ao filme
(Figura 2.3). Mas esse termo “segurança”
pode ser relativo. Muitos materiais podem
ser sensibilizados e afetados ao serem ex-
postos pela iluminação de uma luz de se-
gurança inadequada ou por uma exposição
longa. Isso porque cada filme varia sua velo-
Figura 2.4 - Exemplos de laternas de segurança com
cidade e sensibilidade com uma freqüência filtros adequados para evitar a sensibilização de film-
de luz. Para cada tipo de filme é produzido es radiográficos. (Konex - www.konex.com.br)
um filtro para luz de segurança adequado
(Figura 2.4). O ideal é que a luz de seguran- Os filtros velhos que já desvaneceram com
ça emita apenas um comprimento de onda, o uso também podem produzir um velamen-
fora da escala de sensibilidade dos filmes. to nos filmes o que acarretaria em uma per-
da na qualidade fotográfica.

Alguns procedimentos simples devem ser


tomados ao instalar uma luz de segurança
para a câmara escura:

1 Siga todas as recomendações do filme


sobre a luz de segurança mais ade-
quada. Usar filtro de luz de segurança GBX-
2 Kodak ou equivalente.

2 Checar se todos os filtros foram ins-


talados corretamente. Se o filtro foi
corretamente instalado, as informações im-
Figura 2.3 - Luz de segurança dentro da Câmara Es-
cura. pressas na face do filtro podem ser lidas.
Se o filtro foi instalado incorretamente (a
A maioria dos filtros de luz de segurança cobertura de gel na direção do calor da lâm-
fornece a transmissão máxima daquelas pada), as informações impressas para trás,
cores as quais a emulsão do filme tem sen- possivelmente causarão a deterioração e
sibilidade relativamente baixa. Isso porque, rachaduras nos filtro.
a sensibilidade da emulsão não termina
abruptamente em um comprimento de onda
particular, a emulsão de um filme só é mais
sensível em uma faixa do espectro de luz do
3 Checar a idade do filtro. Escreva a data
de instalação com uma caneta preta
na face do filtro instalado.
que em outras. Isto significa que a maioria
dos filmes possui uma sensibilidade menor
às cores da luz transmitidas pelos filtros de
segurança.
4 Checar com o fabricante informações
sobre a vida útil de uso do filtro. Para
uma lâmpada de segurança que funcione

Projeto LCR/AVON 23
Manual de Câmara Escura para Mamografia

durante 10 horas por dia, a especificação tí-


pica é que a vida do filtro é de aproximada-
mente de 4 meses. Se o resultado do teste
de velamento for aceitável, não é necessá-
ria a troca do filtro em 4 meses.

5 Checar se há rachadura no filtro. Olhar


a luz que sai na parte de trás do filtro.

6 Checar o tipo de lâmpada de seguran-


ça de acordo com o tamanho da câ-
mara escura. A câmara escura deve ter luz
suficiente para desempenhar as funções
com segurança.

7 Checar a distância entre a lâmpada


de segurança, a bancada e a bandeja
da processadora. A distância deve ser de
1,2m e usar uma lâmpada incandescente
de 15W de potência.

Algumas recomendações devem ser


lembradas ao se trabalhar em uma câ-
mara escura com a luz de segurança
acesa.

• Otimizar o manuseio dos filmes nos mo-


mentos de conduzir ao processamento
e recargas dos chassis, devendo estes
ser o mais curto possível.

• Nunca aguardar o momento de introdu-


zir um filme na processadora com o ele
exposto a luz de segurança. O ideal é
retirar o filme do chassi após o sinal de
liberação da processadora (sinal sonoro
que ela emite para avisar que está pron-
ta para receber outro filme).

24 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

2.4. ARMAZENAMENTO ADEQUADO DOS


FILMES
O armazenamento adequado do filme é re- (como livros em uma biblioteca) (Figura
querido para garantir a qualidade nas ima- 2.5). Isto permite a rotação fácil do in-
gens, sendo essa consideração geralmente ventário. Use sempre os filmes mais ve-
negligenciada. O armazenamento impróprio lhos primeiramente. A data de validade
dos filmes processados e não-processados dos filmes é mostrada na parte dianteira
podem seriamente comprometer a qualida- e na lateral da caixa, assim se as cai-
de e a estabilidade de uma imagem, por isso xas são armazenadas na extremidade
deve-se a importância do armazenamento é possível visualizar a data.
cuidadoso e da manipulação não pode ser
enfatizada demasiadamente.

2.4.1 ARMAZENAMENTO DE
FILMES NÃO-PROCESSADOS E
NÃO-EXPOSTOS

A maioria dos filmes de raios X médicos vem


em um envoltório interno selado, anti-umi-
dade, embalado em uma caixa de papel. Os
pacotes de filmes selados podem ser afeta-
dos pelo calor; enquanto os pacotes aber-
tos são afetados pelo calor e pela umidade.
Para um armazenamento adequado alguns
itens devem ser seguidos:

• Mantenha todos os pacotes distantes


das fontes de calor, armazenados em Figura 2.5 - Organização das caixas de filmes radio-
um lugar fresco e seco, com temperatu- gráficos.
ra entre 10° a 24°C (50° a 75°F). Man-
tenha pacotes de filmes abertos em uma
umidade relativa entre 30% e 50%. • Não empilhe as caixas de filmes deita-
das umas sobre as outras pois alguns
• Evite o armazenamento perto das ema- filmes podem apresentar artefatos de
nações químicas, que podem enevoar pressão ocasionados pelo peso dos
(velar) os filmes. A radiação dos apare- outros filmes ou das caixas dos filmes.
lhos de raios X ou dos materiais radioati- Evitando também que os filmes se gru-
vos também podem danificar os filmes. dem��.

• As caixas de filmes devem ser arma-


zenadas na extremidade da prateleira

Projeto LCR/AVON 25
Manual de Câmara Escura para Mamografia

2.4.2 ARMAZENAMENTO DOS


FILMES PROCESSADOS

O armazenamento e a manipulação apro-


priado dos filmes é imperativo para a estabi-
lidade da imagem radiográfica. É importan-
te tratar os filmes de mamografia de simples
emulsão com um maior cuidado, o mesmo
cuidado que você daria a suas fotogra-
fias mais estimadas da família.

• O filme deve ser completamente lavado


durante o processamento para remover
os resíduos de fixador que podem cau-
sar manchas e se desvanecer. O teste
para a retenção do fixador deve ser fei-
to ao menos cada três meses (ver item
4.2.3).

• Mantenha os filmes limpos, evitando im-


pressões digitais, sujeira, poeira e con-
tato com outros materiais fotográficos
que podem conter produtos químicos ou
fungos.

• Como todos os filmes fotográficos a gela-


tina é um dos ingredientes principais de
sua emulsão, sendo importante manter o
local de armazenamento a uma tempe-
ratura aproximadamente constante em
~ 21°C (70°F) e uma umidade relativa
de 40% a 60%. As radiografias sujeitas
à umidade abaixo de 30% ou acima de
70% e/ou a altas temperaturas podem
ocasionalmente conduzir a rachadura na
emulsão, um artefato que apareça como
uma série de linhas paralelas em uma
área de densidade-máxima do filme.

26 Projeto LCR/AVON
3 PROCESSAMENTO
AUTOMÁTICO

PROCESSADORA AUTOMÁTICA

PREPARO DOS PRODUTOS QUÍMICOS

VARIAÇÕES QUÍMICAS

VARIAÇÕES FÍSICAS

LIMPEZA DA PROCESSADORA
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.1. PROCESSADORA AUTOMÁTICA


As processadoras automáticas (Figura
3.1) são constituídas por um conjunto de
tanques seqüenciais, através dos quais
os filmes são transportados por meio de 4
conjuntos de rolos, chamados Racks, que
correspondem as 4 etapas de processa- Lavagem
mento: Revelação, fixação, lavagem e se-
cagem (Figura 3.2). Fixador
Revelador

Secagem
A)

Figura 3.2 – Estrutura básica de uma processadora


automática.

Cada seção que o filme percorre dentro da


processadora é responsável por um proces-
so:

1 Revelação: Converte a imagem laten-


te que é a imagem produzida no filme
mas que não é visível em uma imagem visí-
vel, através de uma reação química com os
B) cristais de pratas expostos, que são trans-
formadas em prata metálica, visível. Os
cristais de prata não expostos à luz não são
afetados nesse processo.

2 Fixador: Elimina os cristais de haleto


de prata que não formaram a imagem
latente. Além de criar uma barreira protetora
sobre a imagem para que ela não sofra a
ação do tempo e possa ser manipulada.

3 Lavagem: Remove os resíduos de


produtos químicos da emulsão, para
que não ocorra degradação da imagem ao
Figura 3.1 – Exemplos de Processadoras automáti- longo do tempo.
cas utilizadas para revelação de filmes mamográfi-
cos. A) Processadora MIN-R Kodak (Ref. http://www.
kodak.com/US). B) Processadora MAMORAY Clas-
sic E.O.S. Agfa (Ref. http://www.agfa.com/en/he/
products_services/all_products)
4 Secagem: Retira o excesso de umida-
de do filme preparando-o para o manu-
seio e posterior arquivamento.

Projeto LCR/AVON 29
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.1.1 SISTEMA DE TRANSPORTE

A função do sistema de transporte da pro-


cessadora é mover o filme através de todos
os processos de revelação. Esse processo
é realizado através dos rolos e das peque-
nas guias que formam os “racks” e os “cros-
sovers” (Figura 3.3) .
Figura 3.4 - Exemplo de um Rack de uma proces-
sadora automática. Conjunto de rolos de diferentes
materiais e tamanho.

A)
O filme move-se através dos rolos passan-
do de um tanque para outro. Essa movi-
mentação além de transportar o filme faz a
agitação necessária das soluções químicas
(auxiliadas por um sistema de agitação por
B)
ventoinhas) na superfície do filme onde se
encontra a emulsão, promovendo assim
Figura 3.3 - Conjunto de rolos responsável pelo uma uniformidade no processo de revela-
transporte do filme por todas as seções da proces- ção.
sadora. A) Racks, B) Crossovers.

Esses conjuntos de rolos são compostos


por diferentes materiais cada um com uma
função. Os principais materiais utilizados
são fenólica, plástico, silicone e aço não
inoxidável. Os rolos de fenólica são utiliza-
dos para uniformizar o contato das soluções
químicas com a emulsão do filme. Os rolos
de plásticos possuem vários “dentes” que
ajudam no transporte dos filmes, evitando
que eles escorreguem devido sua superfície
lisa. Os rolos de silicones são macios o que
facilita a passagem do filme sem danificar
sua emulsão. Os rolos de aço inoxidável
ajudam na remoção das soluções químicas Figura 3.5 - Crossovers, pequeno conjunto de rolos,
responsável em passar o filme de uma seção a outra
do filme antes que esse passe de uma eta- da processadora�.
pa para outra do processamento. Na Figu-
ra 3.4 pode-se visualizar um rack composto
com diferentes tipos de rolos.
3.1.2 TEMPO DE PROCESSAMEN-
Os “crossovers” são conjuntos menores de TO
rolos que transporta o filme de uma seção
para outra do processamento (Figura 3.5). O tempo de processamento de um filme é
Existem três “crossover” na processadora: também conhecido como tempo seco-a-
o de entrada-revelador, revelador-fixador e seco, que corresponde ao tempo gasto para
fixador-lavagem. que um filme seja introduzido na processa-

30 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

dora e após passar por todas as etapas de 3.1.3 TAXA DE REPOSIÇÃO DAS
processamento seja retirado do outro lado SOLUÇÕES
revelado e seco.
Durante o processamento dos filmes os
O tempo de processamento para mamo- componentes das soluções químicas vão
grafia é entre 90 a 210 segundos, para ou- sendo consumidos, esgotando sua capaci-
tros processamentos esse tempo é de 90 a dade ativa. Para que se consiga manter a
150 segundos. A temperatura do revelador atividade das soluções em um nível cons-
e a taxa de reposição de químicos são fato- tante durante os vários processamentos é
res determinantes para a seleção do tempo necessário utilizar-se de técnicas de reforço
correto de processamento. ou reposição. A técnica de reforço consis-
te em ter-se um tanque de solução química
A escolha de um tempo estendido para ma- externo à processadora, de maior capacida-
mografia se faz necessário devido ao uso de, o qual através de uma bomba hidráulica,
de filmes de emulsão simples. Quando esse uma certa quantidade de solução nova pos-
filme passa pelo processo de revelação por sa entrar e substituir a solução enfraqueci-
um tempo maior seu contraste aumenta e da, criando assim um ciclo de renovação
sua velocidade diminui resultando em uma dos químicos.
diminuição da dose na paciente de 35%
(Figura 3.6). Para filmes de emulsão dupla A taxa de reposição dos químicos é definida
o tempo estendido de processamento não de acordo com a quantidade de filmes pro-
afeta significamente seu contraste ou sua cessados diariamente. Em um serviço onde
velocidade. a quantidade de filmes utilizados por dia é
pequena, será necessária uma alta taxa de
reposição. No caso contrario, quando o vo-
lume de filmes processados por dia é gran-
de, a taxa de reposição é baixa, pois a troca
Tempo Estendido
das soluções será quase constante, o que
permitirá manter a atividade das soluções
Tempo Padrão
da processadora em bom estado. Na Tabela
3.1 pode-se observar as diferenças do valor
da taxa de reposição de acordo com volume
de filmes processados diariamente.

Tabela 3.1 – Taxa de reposição das soluções quí-


micas baseadas no processamento de filmes para
mamografia

Volume Taxa de Taxa de


Volume de filmes / reposição reposição
8 horas Revelador Fixador

Alto > 150 20 30


Figura 3.6 – Gráfico demonstrativo relativo à difer- Médio 61-150 27 35
ença de velocidade e contraste de um mesmo filme
processado em diferentes tempos.
Baixo 30-60 35 40

Projeto LCR/AVON 31
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.2 PREPARO DOS PRODUTOS


QUÍMICOS
As soluções químicas são fornecidas em kits cunstâncias não permitirem uma temperatu-
contendo frascos de soluções concentradas ra adequada, como no caso da água estar
que devem ser misturadas apenas quando mais fria do que o recomendado, um tempo
forem utilizados (Figura 3.7). mais longo de agitação será necessário.
Entretanto, a agitação e a temperatura são
Existem duas formas de preparação das fatores críticos na contribuição da oxidação,
soluções químicas. De forma manual utili- produzindo filmes com pouco contraste.
zando tanques, onde o próprio técnico faz a
dosagem e a agitação das soluções ou atra-
vés de “mixer-automático”, que são tanque
com dispositivos que regulam a quantidade
de água que deve ser adicionada e faz a
própria agitação das soluções.

Figura 3.7 – Produtos


químicos utilizados nas
processadoras automáti-
cas de mamografia.

Figura 3.8 – Tanques utilizados para preparo manual


das soluções química Revelador e Fixador.
3.2.1 MODO MANUAL

A água é o solvente das soluções químicas, A agitação manual para misturar os com-
revelador e fixador. A quantidade de água postos das soluções deve ser forte bas-
que deve ser adicionada no preparo das so- tante para fornecer uma mistura adequada
luções são especificada pelos fabricantes. (homogênea), mas não excessivo bastante
Essa quantidade não deve ser inferior ou para causar à oxidação com movimentos
superior a 3% do exigido. Caso isso acon- sempre verticais e não circulares, evitando
teça pode ocorrer efeitos adversos nas pro- a formação de bolhas durante a agitação.
priedades da solução prejudicando a quali- É importante seguir a ordem pré-estabele-
dade de revelação dos filmes. cida de adição de cada solução concentra-
da. Por exemplo, a “parte A” deve sempre
A temperatura da água deve ser consisten- ser adicionada primeiramente. Se a ordem
te com a instrução do fabricante. Se as cir- da mistura não for seguida, alguns compo-

32 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

nentes não dissolverão corretamente ou re- damente em contato com ar, pois isso pode
ações químicas não desejadas podem ocor- ocasionar a oxidação prematura.
rer, isso seria prejudiciais à solução.

O tempo de agitação deve ser adequado


para cada etapa para que os componentes
estejam completamente dissolvidos antes
que a parte seguinte seja adicionada.

È recomendado usar tampas de flutuação


(Figura 3.9) nos tanques de químicos para
evitar o contato das soluções com o ar di-
minuindo assim a oxidação. As soluções de
revelador e fixador devem ser preparadas
em uma quantidade máxima para serem
consumidas dentro de 2 semanas.

Figura 3.10 – Exemplo de um mixer-automático. Tan-


ques de mistura para preparo automático das solu-
ções químicas. (Ref. White Mountain Imaging Cata-
logue, www.wmi-t2.com)

Deve se observar à temperatura da água


utilizada no mixer recomendado pelo fabri-
cante.
Figura 3.9 – Tampa de Flutuação dos tanques de
solução química. (Ref.: The KODAK MIN-R Mammo-
graphy Screen/Film Systems User Guide. KODAK
Para verificação do preparo correto dos quí-
CANADA INC. Toronto, Ontario – 2004) micos pelo mixer, é importante fazer leituras
de PH ou da gravidade das soluções pre-
paradas. O mixer pode ser regulado para
3.2.2 MIXER-AUTOMÁTICO diferentes tipos de soluções químicas sen-
do necessária apenas uma regulagem nos
No Mixer (Figura 3.10) as soluções também seus dispositivos de gravidade ou volume
devem ser adicionadas na ordem correta para que esse atenda as orientações do fa-
como recomenda o fabricante. Exemplo: A bricante.
parte A deve ser adicionada primeiramente,
depois a parte B, então a parte C, se apli-
cável.

Se o mixer não fizer a agitação, essa deve


ser feita manualmente como no processo
manual (ver item 3.2.1). A solução misturada
não deve ficar descoberta ou ficar demasia-

Projeto LCR/AVON 33
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.3 VARIAÇÕES QUÍMICAS


A Figura 3.10 mostra as principais varia- Para que esse fator não afete a estabilidade
ções que afetam a estabilidade e o bom de- de um processamento é importante verificar
sempenho do processamento radiográfico. qual o químico mais indicado para o filme a
ser processado.

Variações Químicas PREPARO


As soluções químicas são adquiridas em
forma concentrada onde o seu preparo
para o uso é realizado com sua diluição em
Fabricante água. A quantidade adequada de água a ser
e Atividade Recirculação
Tipo
misturada com as soluções garante um pro-
cessamento adequado. Uma concentração
inadequada pode resultar em uma variação
dos químicos que acarretaria em perda de
Preparo Agitação
qualidade do processamento.

ATIVIDADE DOS QUÍMICOS (REPOSIÇÃO)


A atividade do químico revelador é uma ca-
racterística dinâmica que deve ser ajustada
Diminui Aumenta e mantida no nível apropriado. A atividade
pode diminuir de acordo com o tipo de emul-
são, tamanho do filme e número de filmes
(volume) processados.Um fator crucial é a
Tipo de emulsão seleção da taxa de reposição que forneça a
Taxa de
Tamanho compensação apropriada da diminuição da
Reposição
Volume atividade.

RECIRCULAÇÃO
Uma estabilidade relativa da atividade quí-
mica refere-se a recirculação constante das
Seleção
soluções. Um defeito no sistema de recircu-
lação pode ocasionar uma grande mudança
Figura 3.11 – Fatores que afetam a variação das nos níveis de processamento, produzindo
soluções químicas e que podem afetar o processa- filmes com pouco contraste e/ou mudando
mento
seu enegrecimento.

TIPO E FABRICANTE DE SOLUÇÕES AGITAÇÃO


QUÍMICAS A qualidade do processamento pode ser
Estas são variações dependentes do pro- afetado pelo grau de agitação na superfí-
cesso de fabricação das soluções químicas. cie dos filmes onde as interações químicas
Cada fabricante possui uma fórmula ou uma ocorrem. Isto pode variar de um tipo de pro-
solução diferente para cada tipo de filme. cessadora.

34 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.4 VARIAÇÕES FÍSICAS


A Figura 3.12 mostra as duas maiores va- Essa variação de temperatura afeta a ve-
riações físicas do processamento que tem locidade do filme, o contraste e sua base-
impacto no nível de processamento. velamento. Dessa forma para manter um
processamento estável faz-se necessário
manter a temperatura do revelador dentro
Variações Químicas de uma variação máxima de 0,3% do valor
estabelecido pelo fabricante.

Quando a temperatura é menor do que o


Tempo de imersão Temperatura do recomendado pelo fabricante a velocidade
no revelador revelador do filme diminui ou seja seu enegrecimento
(21s - 53s) (33,5 oC a 38,3 oC) é menor. Quando isso acontece o técnico
de radiologia tende a aumentar a dose de
radiação no paciente para compensar a fal-
- Modo de operação ta de enegrecimento do filme radiográfico.
- Ciclo
A resposta do filme em relação à temperatu-
Valor escolhido ra das soluções e o tempo de revelação são
Variação similares. Então, se a temperatura do reve-
lador é maior do que o recomendado ou o
Seleção da tempo de revelação é estendido, temos a
Temperatura
formação de uma imagem mais enegrecida
e com maior contraste. Isso pode reduzir a
Tipo de químico dose de radiação do paciente, mas resulta-
Tipo de emulsão rá em uma imagem com muito ruído, que irá
interferir na qualidade diagnóstica.
Figura 3.12 – Variações químicas que a estabilidade
do processamento radiográfico.
Outro fator resultante da alta temperatura
do revelador é sua instabilidade com o au-
Os dois parâmetros físicos que tem mais im- mento da razão de oxidação, favorecendo
pacto no processamento radiográfico são: assim a formação de artefatos.

TEMPO DE IMERSÃO As temperaturas do fixador e da água não


O tempo de imersão do filme em cada so- são críticas como do revelador, sendo ge-
lução é determinado pelo tipo de proces- ralmente em torno de 29,4oC a 35oC e 10oC
sadora e o tipo de ciclo de processamento a 29,5oC respectivamente. Quando a tem-
selecionado. peratura do fixador é muito elevada, pode
ocasionar problemas no processo de fixa-
TEMPERATURA ção, como a degradação do filme, retenção
A temperatura do revelador varia em torno de impurezas e retenção de fixador. A água
de 33,5 a 38,3oC. A escolha dessa tempera- usada no processo de lavagem também
tura depende do tipo de filme, das soluções deve ser mantida na temperatura adequa-
químicas e do ciclo de processamento. da, pois essa pode degradar o filme se mui-

Projeto LCR/AVON 35
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.5 LIMPEZA DA PROCESSADORA


Para manter uma boa performance da pro- químicas ou sujeiras que contribuíram para
cessadora, todos os sistemas (mecânico, contaminação e formação de artefatos.
elétrico, químico, etc.) devem estar operan-
do dentro das especificações do fabricante.
Mesmo os desvios que parecem insignifi-
cantes, como uma pequena deformação
3 Realizar o teste de sensitometria (ca-
pítulo 04) e interpretar e anotar os re-
sultados.
em um rolo, podem afetar a qualidade da
imagem.

A fim manter um desempenho adequado da


4 No fim do expediente junto com o pro-
cedimento de parada de exames, des-
ligar a processadora, retirar as tampas de
processadora, uma programação de manu- evaporação e os crossovers que fica entre
tenção preventiva periódica e limpeza de- o revelador-fixador e fixador-água.
vem ser aplicadas. A falta da manutenção
apropriada pode causar a falhas em compo-
nentes e a produção de artefatos. 5 Enxaguar a tampa de evaporação com
água corrente.

Esses procedimentos de manutenção e lim-


peza podem ser diários, semanais e men-
sais, mas sempre obedecendo a uma perio-
6 Limpar os crossovers com água e uma
esponja sintética ou pano. Nesse pro-
cesso é importante separar um material de
dicidade. Onde a limpeza diária e semanal limpeza exclusivo para as peças do reve-
pode ser realizada pelos próprios funcio- lador e outro para as do fixador , isso evita
nários do serviço, enquanto que a manu- que ocorra uma contaminação durante a
tenção mensal deve ser executada por um limpeza. Uma sugestão é comprar esponjas
especialista treinado e qualificado em pro- de superfícies não ásperas de cores dife-
cedimentos de limpeza e reparos das pro- rentes para cada um. Não utilizar materiais
cessadoras. abrasivos que possam danificar a superfície
dos rolos, pois isso produzirá artefatos na
imagem.

PROCEDIMENTOS DIÁRIOS DE LIMPEZA


DAS PROCESSADORAS: 7 Gire os rolos e exangue bem, para ga-
rantir uma boa limpeza.

1 Antes de começar o expediente, deve-


se ligar a processadora e esperar que
a temperatura das soluções químicas che-
8 Reinstale os crossovers e a tampa de
evaporação em seus respectivos luga-
res. É muito importante que os crossovers
gue ao valor recomendável. estejam na posição correta, caso isso não
ocorra à processadora produzirá artefatos

2 Limpar os rolos da processadora pas-


sando filmes virgens (filmes não ex-
ou não funcionará.

postos e não processados) para remover o


excesso de sujeira. Nesse processo é muito
importante não utilizar filmes já processados,
9 Posicionar as tampas de evaporação e
deixar a tampa da processadora entre
aberta para que os gases oxidantes sejam
pois esses podem conter resto de soluções eliminados.

36 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Uma sugestão muito eficaz para garantir um OS PASSOS DOS PROCEDIMENTOS SE-
bom desempenho da limpeza é criar reci- MANAIS DE LIMPEZA DAS PROCESSA-
pientes com água limpa, onde os crossovers DORAS:
possam ser mantidos até o dia seguinte, de-

1
vendo a água do recipiente ser trocada dia- Remover e limpar os crossovers e os
riamente. A Figura 3.13 mostra um exemplo racks do revelador, fixador e da água
de recipientes criados para essa finalidade. com água e uma esponja sintética ou pano.
Esse procedimento evita que os rolos do Nesse processo é importante separar um
crossover possam absorver poeiras no pe- material de limpeza exclusivo para as peças
ríodo que a tampa da processadora perma- do revelador e outro para as do fixador. Isso
nece aberta. evita que ocorra uma contaminação durante
a limpeza. Se necessário utilize sabão neu-
tro para facilitar a remoção da sujeira.

2 Girar os rolos e exanguar bem, para


garantir uma boa limpeza.

3 Esvaziar os tanques das soluções quí-


micas da processadora e limpar com
esponja e água. Enxaguar com bastante
água.

4 Reabastecer os tanques, reinstalar os


racks e os crossovers. Verificar a posi-
ção correta de cada componente.

PROCEDIMENTOS MENSAIS:

1 Retirar os racks dos tanques da pro-


cessadora, fazer uma inspeção dos
componentes, verificar o alinhamento e o
funcionamento do conjunto de rolos.

2 Verificar a taxa de reposição das solu-


ções químicas.

3 Limpar os tanques e os racks da pro-


cessadora utilizando produtos para sis-
tema de limpeza apropriado. Colocar quími-
cos novos nos tanques.

Figura 3.13 – Recipientes com água para manter os


4 Substituir as peças danificadas ou des-
gastadas da processadora.

crossovers enquanto a processadora permanece


desligada.

Projeto LCR/AVON 37
Manual de Câmara Escura para Mamografia

3.5.1 RESÍDUOS QUÍMICOS (RDC


306 - 2004)

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional


de Vigilância Sanitária adotou no dia 07 de
dezembro de 2004 a RDC no 306, que dis-
põe sobre o Regulamento Técnico para o
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde - PGRSS, com vistas a preservar a
saúde pública e a qualidade do meio am-
biente.

Para fins de aplicabilidade deste regula-


mento, o manejo dos produtos químicos uti-
lizados no processamento de filmes radio-
gráficos deverá ser tratado conforme consta
neste regulamento:

“Os reveladores utilizados em radiologia po-


dem ser submetidos a processo de neutrali-
zação para alcançarem pH entre 7 e 9, sen-
do posteriormente lançados na rede coletora
de esgoto ou em corpo receptor, desde que
atenda as diretrizes estabelecidas pelos ór-
gãos ambientais, gestores de recursos hí-
dricos e de saneamento competentes.”

“Os fixadores usados em radiologia podem


ser submetidos a processo de recuperação
da prata”

“Os demais resíduos sólidos contendo me-


tais pesados podem ser encaminhados a
Aterro de Resíduos Perigosos-Classe I ou
serem submetidos a tratamento de acordo
com as orientações do órgão local de meio
ambiente, em instalações licenciadas para
este fim. Os resíduos líquidos deste grupo
devem seguir orientações específicas dos
órgãos ambientais locais.”

38 Projeto LCR/AVON
4 TESTE DE
CONSTÂNCIA
PORTARIA 453/98 - MS

TESTES DE CÂMARA ESCURA

TESTES DE PROCESSAMENTO
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Com o objetivo de manter um funcionamento consistente das processadoras e detectar


desvios dos parâmetros de processamento que possam influenciar de modo negativo
na qualidade da imagem radiográfica, na dose transmitida ao paciente e, conseqüen-
temente, no diagnóstico final que a imagem radiográfica pode proporcionar, é de vital
importância um rígido controle destes parâmetros. A implantação de um Controle de
Qualidade (CQ) direcionado ao processamento é, portanto, meta prioritária em qualquer
Programa de Garantia de Qualidade em Radiodiagnóstico (Portaria 453 – MS).

A implantação do CQ inicia-se com o estabelecimento das condições iniciais para o


controle do processamento, seguido da implantação do controle periódico de rotina das
processadoras.

Os procedimentos detalhados de execução destes testes (câmara escura, pH, retenção


de tiosulfato, temperatura de revelador, etc.) estão publicados nas normas internacio-
nais e nacionais como na Resolução no 64-ANVISA (ANVISA, 2003).

4.1 TESTES DE CÂMARA ESCURA


4.1.1 TESTE DE VELAMENTO DA (1), dois (2) e quatro (4) minutos. A resultan-
CÂMARA ESCURA te dos degraus deve ser avaliada com um
densitômetro.
Um método para testar o velamento no fil-
me radiográfico, é expor um filme, sob con- O resultado deve demonstrar que a diferen-
dições normais da luz de segurança na câ- ça de DO do filme exposto nas condições
mara escura, à luz de um sensitômetro que de trabalho da câmara escura, não deve ser
dará uma tira sensitométrica de 21 degraus maior que 0,05 se comparado com filme que
nos tempos de 1, 2, e 4 minutos. não tem velamento (filme padrão).

Para uma boa performance deste teste, é As câmaras escuras que passarem no teste
recomendado que o filme radiográfico seja de quatro (4) minutos estão em excelentes
de uma caixa nova de filmes que será usa- condições de vedação luminosa. Se as câ-
da para estes testes e iniciar fazendo a ex- maras escuras passarem no teste de dois
posição ao sensitômetro com todas luzes de (2) minutos, mas não no teste de quatro (4)
segurança e indicadores de luzes apagadas minutos, elas são consideradas em boas
e todas as outras fontes de “luz espúrias” condições. Se as câmaras escuras não pas-
removidas. Este será o filme padrão (sem sarem no teste de um (1) minuto, serão re-
velamento). provadas e deverão ser reavaliadas.

Três filmes devem ser expostos com as con-


dições normais da câmara escura (incluindo
os indicadores de luz, lanterna de luz de se-
gurança acesa, etc.) por um período de um

Projeto LCR/AVON 41
Manual de Câmara Escura para Mamografia

4.2 TESTES DE PROCESSAMENTO


4.2.1 MEDIDA DO PH do revelador e fixador, para que não entre
em contato com a pele, recomenda-se usar
As medidas de pH determinam a concen- luvas de borracha.
tração de íons de hidrogênio na solução. O
pH pode ser usado como uma medida de Um componente muito importante para o
atividade química das soluções do revela- processamento é a qualidade da água uti-
dor e do fixador. Um valor incorreto de pH lizada. A água deve ser filtrada. Os dados
pode indicar que a solução foi preparada de da tabela 4.1 são usados como guia para
forma incorreta, a solução pode está velha determinar a pureza para água na mistura
ou contaminada. das soluções.

O teste do pH deve ser feito de forma diária.


O limite de pH do revelador deve estar entre 4.2.2 GRAVIDADE ESPECIFICA E
10 e 11, e do fixador entre 4 e 5. MISTURA CORRETA DOS PRODU-
Um pH digital é recomendado para avaliar o
TOS QUÍMICOS
pH, por causa das características de exa-
O processo de mistura dos produtos quími-
tidão. Se não há um disponível usa-se tiras
cos deve ser feito de acordo com as reco-
de pH. As tiras são mergulhadas nas solu-
mendações do fabricante. O método para
ções e trocam de cor para indicar o valor de
avaliar a concentração é a medida da gravi-
pH. Deve-se tomar cuidado na manipulação
dade especifica.

Tabela 4.1 – Nível máximo de impurezas na água


usada para a mistura das soluções Gliq (ax)
Gesp =
C������������
oncentração
Dágua
Impurezas na água máxima
Sólidos dissolvidos (ppm) 250 onde:
Sílica (ppm) 20
Gesp = Gravidade especifica
pH 7 até 8,5 Gliq (ax) = Gravidade do líquido ax
Dureza (CaCO3 ppm) 40 até 150 Dágua = Densidade da água em quantidade
Cobre, Ferro, Manganês igual
0,1
(cada) (ppm)
Cloro “livre” (ppm) 2
O densímetro é o equipamento usado para
avaliar se a mistura dos produtos químicos
Bicarbonato (ppm) 150 esta correta (ver Figura 4.1). Este teste deve
ser feito todas as vezes que fizerem novas
Sulfato (ppm) 200
diluições de revelador e fixador.
Sulfeto (ppm) 0,1
Cloreto (ppm) A densidade do revelador deve estar no al-
25
cance de 1,07 a 1,1 e não deve ser maior

42 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

que ± 0,004. As soluções de fixador devem 4.2.3 TESTE DE RETENÇÃO DE


ter alcance de 1,077 a 1,11 e não deve va- TIOSULFATO (HYPO)
riar mais que ± 0,004.
O teste de retenção de fixador permite esti-
mar a quantidade retida de tiosulfato (hypo)
no filme depois do processamento. Este
teste deve ser feito trimestralmente.

Alta quantidade de retenção de tiosulfato


indica lavagem insuficiente do filme, tendo
impacto na estabilidade e qualidade da ima-
gem radiográfica do filme a médio e longo
prazo.

Figura 4.1 - Densímetro utilizado para medida de Procedimento de Teste


gravidade dos líquidos.

Procedimento de Teste 1 Processar um filme sem ser exposto à


radiação.

Coloca-se o densímetro dentro da solução


química preparada, esse desce até uma 2 Colocar o filme processado sobre uma
folha de papel branca. Se usar um fil-
me de emulsão simples, colocar a emulsão
certa profundidade. A leitura é feita no pon-
to do nível do densimetro que fica entre a do filme para cima.
parte submersa e a que flutua, como mostra
a Figura 4.2. O revelador deve ser medido
primeiro, depois lava-se com água o densí- 3 Trabalhar sob condições adequadas
de iluminação (evitando brilhos de
luz ou luz solar), de preferência na câmara
metro e em seguida repete o procedimento
para o fixador. escura. Pingar uma gota da solução de re-
tenção de tiosulfato, que deve ser colocada
sobre a emulsão do filme como mostra a Fi-
gura 4.3.

1,0

1,05

1,10

Figura 4.3 - Procedimento para realização do teste


de retenção de tiosulfato. (Ref.: The KODAK MIN-
Figura 4.2 - Procedimento para utilização do densí- R Mammography Screen/Film Systems User Guide.
metro. KODAK CANADA INC. Toronto, Ontario – 2004)

Projeto LCR/AVON 43
Manual de Câmara Escura para Mamografia

4 A solução manchará uma área no fil-


me depois de 2 minutos. Comparar a
mancha que ficou no filme com a tabela de
4.2.4 TEMPERATURA DOS
PRODUTOS QUÍMICOS
cores do fabricante da retenção de tiosulfa- Como visto no Capítulo 3, a temperatura
to. Como no exemplo da Figura 4.4. das soluções de processamento são muito
importante para garantia de uma boa ima-
gem. Por isso as medições da temperatura
do revelador devem ser feitas diariamente
em processadoras dedicadas a mamogra-
fia.

O tipo de termômetro utilizado para as me-


didas deve ser de haste metálica ou digital
com alcance que englobe todas as tempe-
raturas de revelador, fixador e água (ver a
Figura 4.5);
Figura 4.3 - Comparação da mancha do filme forma-
da pelo teste de retenção de tiosulfato com a tabela
do fabricante. (Ref.: The KODAK MIN-R Mammogra-
phy Screen/Film Systems User Guide. KODAK CA-
NADA INC. Toronto, Ontario – 2004)

5 Determinar que seção da retenção de


tiosulfato do fabricante mais se aproxi-
ma da mancha do filme.

Tabela 4.2 – Limites do teste de retenção de tiosul-


fato
Densidade Quantidade estimada de gramas
da mancha de íons de tiosulfato por m2 (g/m2)

1 0,01
Figura 4.5 – Exemplo de termômetro digital utilizado
2 0,02 para medição de temperatura das soluções quími-
cas.
3 0,05

4 0,12
O uso de termômetros de mercúrio é
proibido por lei. Pois este, além de não
O uso do kit de retenção de tiosulfato forne-
oferecer uma leitura exata das varia-
ce uma boa estimativa da quantidade resi-
ções necessária, pode promover uma
dual da retenção de tiosulfato em um filme,
contaminação das soluções químicas
em unidade de gramas por metro quadra-
através um pequeno acidente.
do (g/m2). A quantidade máxima de reten-
ção de tiosulfato deve ser de 0,02g/m2. Se
forem encontrados valores mais altos, as
condições de lavagem do filme deverão ser
checadas.

44 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Procedimento de Teste para a Tempera- até a sua saída de forma completa e com-
tura: pare o tempo de processamento medido
com o tempo especificado pelo fabricante

1 Comece medindo a temperatura da


solução reveladora. Certifique-se que
a haste do termômetro esteja limpa, para
da processadora.

evitar comtaminação, depois coloque a has-


te dentro do tanque, deixe estabilizar e em 4.2.6 REPOSIÇÃO DE PRODUTOS
seguida retire o valor da temperatura. QUÍMICOS POR FILME

2 Próximo passo, verificar o tanque do


fixador e da água da mesma maneira.
A reposição pode ser definida como a quan-
tidade de revelador e fixador que entram na
processadora, logo após a passagem do fil-

3 Depois, limpar a haste com água e se-


car antes de guardar o termômetro.
me radiográfico. A taxa de reposição deve
ser completamente definida em termos do
número, do tamanho e do comprimento dos
O limite de tolerância da variação da tempe- filmes que entram na processadora.
ratura dos químicos (revelador e fixador) é
de ± 0,3°C, em relação à temperatura esta- Na maioria das processadoras automáticas
belecida pelo fabricante. de filme com transporte de rolos, a taxa de
reposição é ajustada pela área ou pelo com-
primento do filme. Em mamografia, a taxa
de reposição é dada pelo comprimento do
4.2.5 TEMPO DE PROCESSAMEN- filme, usando uma processadora dedicada.
TO Quando a processadora é pouco utilizada,
ou seja, processa um número reduzido de
A maioria das processadoras é suficiente- filmes, para manter a atividade dos quími-
mente estável em relação à velocidade de cos constante é usado um método chama-
transporte dos filmes. Sua variação causará do de flooded replenishment (reposição por
alterações na curva característica (sensito- inundação). Consiste de um temporizador
métrica), variando o contraste, velocidade instalado na processadora que aciona a
e base+fog. O tempo de permanência nos bomba de reposição periodicamente (ex.:
tanques recomendado pelo fabricante re- 20 segundos de 5 em 5 minutos numa razão
sulta em máximo contraste, elevada veloci- de 65 mililitros por atuação). A quantidade
dade e baixo valor de base+fog. O tempo adicional de reposição ajudará a manter es-
de transporte dos filmes não deve ser supe- táveis os níveis de atividade das soluções
rior a ±3% do tempo especificado pelo fabri- de revelador e fixador. A taxa de reposição
cante. O tempo de processamento deve ser de filmes não deve ser superior a ± 5% da
checado diariamente, no começo de cada recomendação do fabricante. Este teste
dia de trabalho ou mais freqüentemente se deve ser feito semanalmente.
há mal funcionamento da processadora.
Procedimento de Teste da Taxa de Repo-
Procedimento de Teste para o Tempo de sição:
Processamento:
Para avaliar o tempo de processamento A taxa de reposição da processadora é ava-
seco a seco, use um cronômetro para medir liada levando em conta o quanto se gasta
o tempo que o filme entra na processadora de revelador, fixador e filmes em cada dia

Projeto LCR/AVON 45
Manual de Câmara Escura para Mamografia

de trabalho e as horas de funcionamento da • Degrau de sensibilidade - O degrau


processadora, por dia. Essas informações de sensibilidade (a ser considerado para
são comparadas com as recomendações a determinação do índice de sensibilida-
do fabricante. de) é aquele degrau no qual a densida-
de óptica mais se aproxima do valor 1,2
Um outro método é colocar um copo plásti- (ou seja, 1,0 + densidade de base+fog).
co na saída da mangueira de reposição do O valor de referência para o degrau de
revelador e do fixador , em seguida fecha- sensibilidade é obtido, normalmente, en-
se a tampa da processadora e passa um tre os degraus 10, 11 ou 12 (ressaltan-
filme de mamografia (usar filme de 18cm x do-se que quanto menor o degrau, mais
24cm). Terminado de passar o filme, abre- sensível será a revelação!).
se à tampa da processadora e retira o copo
com a solução de revelador ou fixador. O • Índice de sensibilidade (velocidade)
próximo passo é retirar o liquido de dentro - Índice de sensibilidade é a densidade
do copo com o auxilio de uma seringa gra- óptica que deve ser obtida em um degrau
duada em mililitros (ml) e em seguida com- de sensibilidade. O valor a alcançar do
parar o valor medido com o valor nominal índice de sensibilidade é determinado
do fabricante. após 3 dias de medidas, quando esta-
rão disponíveis 3 tiras sensitométricas
(ver Figura 4.5). Em cada uma destas 3
tiras determina-se a densidade óptica do
4.2.7 SENSITOMETRIA degrau de sensibilidade (com valor mais
próximo de 1,2) e o valor médio obtido
O controle efetivo do sistema de processa- será o índice de sensibilidade.
mento é a base para a implantação de um
CQ no Serviço de Radiologia, pois tendo-se
uma boa performance das processadoras,
grande parte dos problemas relacionados
com a qualidade da imagem são eliminados.
Não adianta ter-se uma imagem latente ge-
rada corretamente se esta não for proces-
sada de modo adequado, pois o resultado
final será uma imagem de baixa qualidade.
Através do controle adequado do processa-
mento, elimina-se uma das principais fontes
de erros.

Conceitos Básicos de Sensitometria:


Figura 4.6 – Tira sensitométrica.
• Densidade de base+fog - A densidade
de base+fog é a densidade óptica exis- • Degrau de contraste - Degrau de con-
tente sem exposição do filme à radiação. traste (a ser considerado para a determi-
É determinada medindo-se a densidade nação do índice de contraste) é aquele
óptica (DO) em uma parte do filme sem degrau localizado 4 degraus acima do
exposição (degrau 1 ou fora do campo de degrau de sensibilidade anteriormen-
exposição). te determinado. Seu valor de referência
normalmente fica entre os degraus 14,
15 ou 16.

46 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

• Índice de contraste - Índice de contras-


te é a densidade óptica em um degrau de
contraste previamente determinado. O
valor a alcançar para o índice de contras-
te é também proveniente da média das
densidades ópticas medidas nos degraus
de contraste após os 3 dias de medidas.

Procedimento de Teste:

Procedimento 1 - Estabelecimento das


Condições Inicias dos Parâmetros Figura 4.8 – Exemplo de densitômetro utilizado para
(Base+Fog, Velocidade e Contraste) fazer a leitura da densidade óptica do filme.

4
Por 3 dias consecutivos, obter a tira sensito- Determinar a densidade óptica para o
métrica conforme o procedimento: degrau de base+fog (degrau 1);

1 Selecionar um tipo de filme a ser utili-


zado; 5 Determinar a densidade óptica para
os prováveis degraus de sensibilidade
(normalmente entre os degraus 10, 11, 12);

2 Sensibilizar o filme com o sensitôme-

6
tro como mostra a Figura 4.7 (somente Determinar a densidade óptica para
dentro da câmara escura) e revelar o filme; o degrau de contraste (10+4, 11+4 ou
12+4).

Após a obtenção das 3 tiras sensitomé-


tricas:

1 Calcular os valores médios dos de-


graus de base+fog, sensibilidade e
contraste;

2 Calcular o índice de sensibilidade (ve-


locidade) (valor médio dos 3 dias);

Figura 4.7 – Exemplo de sensitômetro utilizado para


3 Calcular o índice de contraste (valor
médio dos 3 dias).
sensibilizar o filme de teste.

A Tabela 4.3 trás um exemplo dos valores


3 Obter uma tira sensitométrica deseja-
da, utilizar o densitômetro (Figura 4.8)
para determinar as densidade ópticas dos
encontrado na fita sensitométrica dos três
dias de teste.
21 degraus da tira sensitométrica,

Projeto LCR/AVON 47
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Tabela 4.3 – Exemplo de leitura de uma tira sensito- Procedimento 2 — Teste de Constância
métrica do Processamento Radiográfico
Densidade Óptica
Degraus Valor Para o controle do processamento dos fil-
1o dia 2o dia 3o dia mes é necessário reservar uma caixa de fil-
médio
1 0,19 0,20 0,20 0,20 mes do tipo mais usado na instalação. Esta
caixa precisa ser guardada sob condições
. . . . .
adequadas de temperatura (entre 10°C e
. . . . .
21°C) e umidade (entre 30 e 50%) e manti-
10 0,75 0,78 0,82 0,78 da sempre na posição vertical.
11 1,25 1,29 1,30 1,28
12 1,67 1,70 1,72 1,70 Quando for utilizado mais de um tipo de fil-
. . . . . me simultaneamente, o controle do proces-
. . . . . samento deve ser feito para o tipo de filme
14 2,50 2,46 2,54 2,50 mais empregado.
15 2,76 2,84 2,80 2,80
Nos testes de constância efetua-se uma
16 3,00 3,04 3,08 3,04
comparação com os valores das condições
. . . . . iniciais. Desta forma, é imprescindível o uso
de:
O degrau de velocidade é aquele no qual o
valor da densidade se localiza mais próximo
• Filme do mesmo tipo;
de 1,0+DO de base+fog (1,00 + 0,20).
• Filme do mesmo lote (mesmo número
Os valores médios de 3 dias são: de emulsão);
D.O. do degrau 10 = 0,78 • Mesmo produtos químicos (revelador e
D.O. do degrau 11 = 1,28 fixador) para o processamento;
D.O. do degrau 12 = 1,70
• Mesmo sensitômetro;
A densidade óptica do degrau 11 (1,28) é • Mesmo densitômetro;
a que localiza mais próximo do valor 1,20.
Desta forma, o degrau 11 será o degrau da • Mesmo termômetro.
velocidade, conseqüentemente o degrau de
contraste será o de número 15. Se um destes parâmetros for trocado, torna-
se necessário que se estabeleçam novas
Base + Fog condições iniciais. Quando a caixa de filmes
for trocada, deve-se fazer medidas super-
postas com três filmes velhos e três filmes
novos, a fim de normalizar os valores.
Velocidade
Quando forem trocados os produtos quími-
cos (substituição das soluções velhas), não
Contraste
realizar nenhuma medida no primeiro dia
devido a uma possível super-revelação (au-
mento das DO).

Figura 4.9 – Degraus escolhidos para o teste de sen-


sitometria.

48 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Procedimento 3 - Teste Regular do Pro-


cessamento de Filmes Radiográficos 4 Utilizar o densitômetro para medir a
DO dos degraus do filme estabeleci-
dos pelas condições iniciais:
Este procedimento é executado da seguinte
forma: • Densidade de base+fog: medir o degrau
1;
• Diariamente, para o caso de uso de pro-
cessadora automática de mamografia; • Índice de velocidade: medir a densida-
de óptica no degrau de sensibilidade es-
• Após intervenções na processadora, tabelecido como condição inicial;
como por exemplo, troca de soluções e
• Índice de contraste: medir a densidade
reparos.
óptica no degrau de contraste estabeleci-
do como condição inicial.
Será observado:

• Se o filme é da mesma caixa;


5 Anotar os valores medidos na Carta de
Controle (Figura 4.10), com suas res-
pectivas dispersões. (Ver exemplo de Carta
• Se ainda é utilizado o mesmo tipo de
de Controle no ANEXO 01)
produtos químicos;

• Se foram transcorridas mais de 24 ho-


Análise dos Resultados:
ras após a troca das soluções químicas.
As dispersões obtidas deverão estar dentro
Será feito:
dos seguintes intervalos:

1 Medir a temperatura do revelador, po-


sicionando a sonda de temperatura
sempre no mesmo lugar.
• Índice de Base + velamento (base+fog)
ΔD +0,05
• Índice de Sensibilidade (velocidade)

2 Expor o filme do tipo e lote seleciona-


do (caixa de filmes testes) cujas condi-
ções iniciais foram preestabelecidas fazen-
ΔD ±0,15
• Índice de Contraste
do uso do sensitômetro. A exposição é feita ΔD ±0,15
na câmara escura.
Após um período de aproximadamente dois

3 Expor o filme radiográfico sensível ao


verde com seletor na posição “verde” e
no caso do filme sensível ao azul com sele-
meses do início do CQ das processadoras,
estes limites devem decrescer para ±0,10
para os índices de velocidade e de contras-
tor na posição “azul”. No caso de usar filmes te, e +0,03 para base+fog, respectivamente.
com uma única camada de emulsão, expor Talvez a maior dificuldade na manutenção
o lado que possui a emulsão. de um de controle de qualidade nas pro-
cessadoras seja identificar a provável cau-
sa dos problemas com o processamento,
quais as ações corretivas a serem tomadas
Atualmente, no Brasil, o uso de filmes de e quando agir.
base azul é proibido por lei.
(Portaria 453 – MS – 1998) A tabela do ANEXO 02 mostra a interpreta-

Projeto LCR/AVON 49
Manual de Câmara Escura para Mamografia

ção da variação da Densidade em relação


as possíveis causas dos problemas de pro-
cessamento e as ações corretivas adequa-
das a serem realizadas.

Figura 4.10 – Exemplo de Carta de Controle utilizado nos teste de Controle da Qualidade em processamen-
to.

50 Projeto LCR/AVON
Manual de Câmara Escura para Mamografia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUSHBERG, Jerrold T.; SEIBERT, J. Anthony; LEIDHOLDT, Edwin M. JR.; BOONE, John
M. The essential physics of medical imaging. Williams & Wilkins – Baltimore, Maryland
– 1994.

HAUS, Arthur G.; JASKULSKI, Susan M. The basics of film processing in medical imaging.
Medical Physics Publishing – Madison, Wisconsin – 1997.

HAUS, Arthur G. Film processing in medical imaging. Medical Physics Publishing – Madi-
son, Wisconsin – 1993.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Mé-


dico e Odontológico. Portaria ANVISA nº 453 de 01/06/1998.

BRASIL. Ministério da Saúde – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Di-


retoria Colegiada, RDC no 306, dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento
de resíduos de serviços de saúde - 2004.

SOARES, Flávio Augusto; LOPES, Henrique Batista. Filme radiográfico e processamento,


curso técnico de radiologia. Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
– 2001.

SPRAWLS, P. Physical principles of medical imaging. Medical Physics Publishing - Madison


- Wisconsin, 1997.

The KODAK MIN-R Mammography Screen/Film Systems User Guide. KODAK CANADA
INC. Toronto, Ontario - 2004.

Projeto LCR/AVON 51
Manual de Câmara Escura para Mamografia

ANEXO 01 - CARTA DE CONTROLE DE QUALIDADE DO PROCESSAMENTO RADIO-


GRÁFICO

Instituição:
Departamento:
Processadora:
Filme:
Ano:
Mês
Dia
Base + Fog
Velocidade
Contraste

o
Tem. C

Data Anotações

Projeto LCR/AVON 53
Tendência Aspecto geral
Degrau Causas possíveis Ações corretiva
da DO da mamografia
-Medir a temperatura do revelador. Checar a bomba de circulação e
Base + Fog Temperatura do revelador muito termostato,
Densidade geral alta; Tempo de revelação longo; -Checar a densidade do revelador;
Velocidade da imagem mui- Super-regenaração do reve- -Verificar a taxa de reposição das soluções, seguir as instruções do
to alta lador; Erro na preparação do fabricante;
Contraste revelador. -Verificar se o tempo de processamento está de acordo com as especi-
ficações do fabricando.
-Medir a temperatura do revelador. Checar a bomba de circulação e
Base + Fog Temperatura do revelador muito termostato,
Densidade geral baixa; Tempo de revelação -Checar a densidade das soluções químicas;
Velocidade da imagem mui- curto; Sub-regeneração do -Verificar a taxa de reposição das soluções, e checar se as mangueiras
to baixa revelador; Erro na preparação não estão dobradas ou entupidas;
Contraste do revelador. -Verificar se o tempo de processamento está de acordo com as especi-
ficações do fabricando.
Base + Fog -Checar a taxa de reposição do fixador e checar as mangueiras de re-
Imagem com
abastecimento;
pouco contraste, Revelador sujo ou contamina-
-Esvaziar o tanque do revelador e lavar com água. Reabasteça com
Velocidade com velamento do; sub-regeneração do fixador;
soluções novas;
e densidade tanque de água vazio.
-Verificar se o tanque do fixador não esta muito cheio,pois isso pode
Contraste média normal
ocasionar a contaminação do revelador.
Imagem com

Projeto LCR/AVON
Base + Fog Super-regeneração do revela-
pouco contraste,
dor; sub-regeneração do fixador -Fazer teste de velamento da câmara escura;
cinza, com vela-
Velocidade ou perda de revelador; Erro na -Checar armazenamento e condições dos filmes;
mento e den-
preparação do revelador; Vela- -Checar as densidades das soluções químicas
sidade média
Contraste mento alterado.
muito alta
Base + Fog Imagem com
Manual de Câmara Escura para Mamografia

pouco contraste, Revelador sujo ou oxidado pelo -Se a limpeza da processadora foi feita recentemente, checar se as so-
Velocidade com velamento, fixador; Limpeza da processa- luções de limpeza foram bem enxaguadas dos tanques e dos rolos;
possível tom dora imprópria. -Checar a densidade e temperatura das soluções químicas;
Contraste marrom
Base + Fog
Imagem com Sub-regeneração do revelador; -Se a limpeza da processadora foi feita recentemente, checar se as so-
pouco contras- Erro na preparação do revela- luções de limpeza foram bem enxaguadas dos tanques e dos rolos;
ANEXO 02 - CAUSAS POSSÍVEIS DE IRREGULARIDADE NO PROCESSAMENTO

Velocidade
te e um pouco dor; Limpeza da processadora -Verificar a taxa de reposição do revelador;
clara imprópria. -Checar a densidade do revelador.

55
Contraste

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