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RESUMO: O município de São Vicente objeto de estudo desta pesquisa, incluiu-se na Baixada Santista no domínio
Geomorfológico da Província Costeira no Estado de São Paulo, caracteriza-se pela ocorrência de
paisagens diversas sob domínio das zonas de Serranias e Planície Costeira. Apresenta um intenso uso
urbano que se estabelece sob áreas de risco vulneráveis a eventos relacionados a movimentos de massa
e inundações, fatos que se agravam em razão do crescente processo de ocupação. Tendo em vista o
exposto, o objetivo principal desta pesquisa foi a identificação e caracterização dos agentes e processos
físico-ambientais, atuantes na área costeira no Município de São Vicente, como subsídio para a efetivação
da proposta de definição de unidades da paisagem que representem os diversos níveis de fragilidades
ambientais acentuadas pelo modelo de uso em que se consolida a organização do espaço na área do
município. Com o propósito de alcançar tal objetivo, foi realizada a caracterização fisiográfica e o
levantamento de dados de campo que subsidiou a análise dos parâmetros geomórficos, climáticos e
hidrodinâmicos.
ABSTRACT: The municipality of São Vicente, object of study of this research, was included in Baixada Santista in
the Geomorphologic Domain of the Coastal Province in the state of São Paulo, is characterized by the
occurrence of several landscapes under the domain of zones of Range and Coastal Plains. It presents an
intense urban use which is established under risk areas vulnerable to events related to mass movements
and floods, facts which are aggravated due to the rising occupation process. Having in sight what was
exposed, the main objective of this research was identifying and characterizing the physical and
environmental agents and processes, which act on the coastal area linked to the municipality of São
Vicente, as a subsidy to the actualization of the proposal of defining units of the landscape which represent
the many different levels of environmental fragilities accentuated by the model of use in which the
organization of the space in the area of the municipality is consolidated. Intending to achieve such
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objective, it was made the physiographic characterizing, the field data raising which subsided the analysis
of the geomorphic, climatic, hydrodynamic parameters.
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São Paulo, ao norte com São Bernardo do Campo e Oceano Atlântico e ao sul-sudeste com Praia Grande.
Cubatão ao nordeste-leste com Santos, ao sul com o
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2.2. Pressupostos Teóricos na Análise da Paisagem: e ocorrem os processos evolutivos. Entre os elementos
a proposta de Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2002). estruturais dos geocomplexos, nestes limites realiza-
se o intercambio de energia e substâncias ativas.
A proposta idealizada proposta por Rodriguez,
Silva e Cavalcanti (2002) fundamenta-se numa análise A ação conjunta dos fatores, componentes e
integrada dos componentes antrópicos e naturais a processos no tempo é uma condição necessária para
partir de uma caracterização socioeconômica e o efeito na formação e funcionamento da paisagem,
geoecológica. ou seja, a gênese da paisagem propriamente dita como
fenômeno. Os mencionados fatores (componentes),
Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2002) propõem ao interatuar de forma permanente, formam uma
idéias, conceitos e métodos de estudo para a análise unidade natural (ou seja, o fenômeno paisagísitico)
da paisagem, abrangendo os enfoques estrutural, que se controla pelas funções de cada um dos fatores
evolutivo-dinâmico, antropogênico, integrativo da em uma determinada medida de suas magnitudes.
estabilidade e sustentabilidade e o funcional da
paisagem. O funcionamento concebe como uma das
principais propriedades do complexo geográfico
O enfoque adotado na realização deste como geossistema que determina sua integridade e
trabalho é o enfoque funcional na análise da paisagem. sua existência independente. É um processo geral,
Tal enfoque segundo Rodriguez, Silva e Cavalcanti inerente a cada geocomplexo em qualquer período
(2002) tem por finalidade esclarecer como a paisagem de sua existência.
é estruturada, quais são as relações funcionais de seus
elementos, por que está estruturada de determinada Define-se como funcionamento da paisagem
maneira (relações genéticas ou casuais) e para que a seqüência estável de processos que atuam
esteja estruturada de certa forma (quais as funções permanentemente e que consistem na transmissão de
naturais e sociais). energia, substâncias e informação, garantindo a
conservação de um estado da paisagem, característico
Este enfoque sustenta-se na necessidade de para um tempo dado (ou seja, um determinado regime
esclarecer os elementos substanciais dos subsistemas, de funcionamento) (DIAKONOV, 1988).
que refletem o sistema das inter-relações externa das
paisagens, que dominam sua essência e sua vida. O funcionamento da paisagem constitui um
Devido a isto, as diversas unidades das paisagens processo mediante o qual se cumprem funções, ações
tornam-se independentes do fundo físico-geográfico e determinado trabalho. É um processo de intercambio
comum. de substancias e energia que ocorre na interação dos
componentes na própria paisagem com o exterior.
Para este enfoque, a gênese da paisagem
ocorre no processo de formação do geocomplexo e A função geoecológica do geossistema pode-
da determinação das relações genéticas entre seus se definir como objetivo que cumpre o sistema em
elementos estruturais, ou seja, a forma ou modo de garantir a estrutura e funcionamento, tanto do próprio
aparecimento da paisagem é condicionado por um geossistema, como do sistema superior ao que pertence.
determinado tipo de processo e de fatores.
Podem-se definir de maneira qualitativa, as
A gênese paisagística é um processo que funções geoecológicas, agrupadas em três grandes
ocorre nos limites da fronteira superior da paisagem classes:
na atmosfera até o limite inferior da camada de
alteração do intemperismo. Nestes limites muda a • Áreas Emissoras: são aquelas que garantem
estrutura da paisagem, o regime de seu funcionamento o fluxo de matéria e energia para o restante
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da área, sendo, portanto, os níveis mais conduzem á alteração dos mecanismos de auto-
elevados do terreno; regulação, da circulação de fluxos de energia, matéria
• Áreas Transmissoras: são aquelas em que e informação e, por conseguinte, á perda dos
ocorrem os fluxos de matéria e energia das potenciais naturais e da capacidade produtora dos
áreas mais elevadas para as áreas mais baixas, sistemas.
sendo um exemplo as encostas;
• Áreas de Acumulação: são locais onde ocorre Os processos geoecológicos degradantes são
a coleta da matéria e energia provenientes das considerados problemas ambientais. Por problema
áreas mais elevadas e, a partir daí, são ambiental subentende-se a combinação dos diferentes
novamente transmitidas de forma concentrada objetos da racionalidade ambiental, manifestam-se os
ou seletivamente através dos canais fluviais. processos que desarticulam a estrutura e
funcionamento dos geossistemas naturais, tendo como
Estes, segundo Rodriguez (1994), se insere conseqüência dificultar o cumprimento das funções
no contexto de paisagens dinâmicas recentes ou em socioeconômicas e as deficiências gerais de
estado evolutivo. São exemplos destes ambientes, os sustentabilidade em grupos sociais.
fundos de vale e as planícies.
Entre os processos geoecológicos naturais,
Tal enfoque também propõe estudos podem-se distinguir os seguintes: erosão, deflação,
referentes à dinâmica funcional e os processos perda da biodiversidade, degradação das pastagens,
geoecológicos degradantes. Nesta perspectiva de degradação do solo (perda do horizonte húmico,
análise, verifica-se que o conjunto dos processos que compactação), salinização, redução do nível de água
garantem o funcionamento dos geossistemas é aquele subterrânea, laterização, inundações, etc.
que se define como dinâmica funcional. Cada
paisagem tem sua própria dinâmica funcional, que é Entre os processos geoecológicos de interação
sustentada por mecanismo e balanços de fluxos de (formados pela influência decisiva da ação antrópica)
energia, matéria e informação específicos e por uma podem-se distinguir os seguintes: contaminação (do
cadeia de relações reversíveis (homeoestáticas) que solo, atmosférica e da água), alteração dos recursos
asseguram a integridade e coerência do sistema hídricos etc.
(DIAKONOV, 1988).
Em dependência da alteração dos mecanismos
As alterações no funcionamento e nos de formação e regulação sistêmica das paisagens e
mecanismos das relações de auto-regulação conduzem do grau e amplitude dos processos degradantes e do
a um processo de degradação que dá lugar a nível de degradação, pode-se determinar o estado
desequilíbrios na dinâmica funcional, dando como ambiental dos geossistemas. Por estado ambiental,
resultado uma dinâmica funcional degradante. considera-se a situação geoecológica da paisagem
dada, determinada pelo tipo e grau de impacto e a
A degradação geoecológica define-se como a capacidade de reação e absorção dos geossistemas.
perda de atributos e propriedades sistêmicas que Pode-se representar no Mapa de Estado Ambiental
garantem o cumprimento das funções geoecológicas as seguintes classes do estado ambiental dos
e a atividade dos mecanismos de auto-regulação. geossistemas nas classes definidas no Quadro 01
Nesta direção, a degradação tem um papel antagônico (RODRIGUEZ e MARTINEZ, 1998 e
á atividade dos processos geoecológicos degradantes, GLAZOVSKIY, 1998).
que são aqueles vinculados ao funcionamento, pois
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se (a) Planície Flúvio-Marinha, (b) Terraços Marinhos o uso do software Arc GIS 9.1 e organizado na escala
e (c) Planície Marinha. O mapa foi digitalizado com 1:50:000.
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Esta Sub-Unidade apresenta área periodicamente recebe influência direta das marés,
predominantemente não ocupada. Na área identificou- apresentam baixa energia e pequena velocidade de
se com análise de fotografias aéreas a presença escoamento (AMORIM, 2007). Essa Unidade
ocupação pontual (casebres construídos no meio do Geoambiental é dividida em três Sub-Unidades
manguezal) que não são atendidos por nenhum serviço Geoambientais em virtude dos seguintes critérios:
de infra-estrutura básica. localização, diferentes Níveis de Ocupação, Uso da
Terra e Estado Ambiental.
O Estado Ambiental é definido como Pouco
Degradado, pois a área apresenta apenas alguns A Sub-Unidade Geoambiental Terraço
poucos pontos de desmatamento com manchas de solo Marinho com ocupação verticalizada situa-se na
exposto. O Estado Geoecológico da área é área insular, abrigando os bairros mais próximos da
caracterizado predominantemente como compensado, orla (bairros Gonzaguinha e Itararé). Essa Sub-
pois predomina a preservação da cobertura vegetal Unidade Geoambiental tem área de 1,22 km² que
natural. Pontualmente, nesta Sub-Unidade, verifica- representa 0,82% da área total do município. Essa
se um Estado Geoecológico Medianamente Estável Sub-Unidade Geoambiental é totalmente urbanizada
nas áreas ocupadas por casebres e/ou desmatadas. e seu processo de ocupação é antigo e remete ao
núcleo inicial de povoamento. A área apresenta
Em âmbito geral, as variáveis morfométricas ocupação consolidada, apresentando variações quanto
da Unidade Geoambiental Planície Flúvio-Marinha a seu grau de ocupação. A presença de áreas em que
a caracteriza como uma área acumuladora de matéria predomine um grau médio de ocupação (1.001 a 5.000
e energia. Na sua totalidade apresenta elevada hab./km²) se dá devido o elevado número de imóveis
Fragilidade Ambiental, principalmente em destinados a segunda residência. Nas áreas onde
conseqüência da baixíssima declividade (inferior a predomina residência da população local verifica-se
2%), elevado volume pluviométrico e interferência que o grau de ocupação varia entre alto (entre 5.001
constante das marés, o que deixa a área susceptível a e 10.000 hab./km²) e muito alto (acima de 10.0001
enchentes e inundações. hab./km²). Esta Sub-Unidade é atendida
satisfatoriamente por infra-estrutura básica.
A Unidade Geoambiental Terraço Marinho
situada sobre o compartimento dos Terraços Marinhos A outra Sub-Unidade Geoambiental situada
é formada por depósitos de origem Pleistoceno na porção insular do município é o Terraço Marinho
Marinho (Formação Cananéia) e por depósitos com ocupação horizontal. Esta Sub-Unidade abriga
Holocenos de origem marinha e lagunar, onde as os bairros centrais como o Bairro Beira Mar, Bitaru,
areias marinhas foram retrabalhadas na superfície Centro, Vila Valença, Vila Melo, Catipõa e Parque
(SUGUIO e MARTIN, 1978). A cobertura superficial São Vicente. Apresenta área de 4 km² que representa
da área é alóctone profundo, oriundo de depósitos 2,69% da área total do município.
marinhos recentes, com textura arenosa (MACIEL,
2001). A ação dos processos pedogenéticos na área leva Esta Sub-Unidade é atendida satisfatoria-
a gênese dos Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos. mente por infra-estrutura básica, pois também
Esta unidade se situa no domínio morfoestrutural apresenta ocupação consolidada, com variações
Planície Costeira e no domínio morfoescultural quanto a seu grau de ocupação, como na Sub-Unidade
Terraços Marinhos (AMORIM, 2007). Geoambiental Terraço Marinho com ocupação
verticalizada. Podem-se encontrar porções do
A área coberta apresenta como cobertura território com um grau médio de ocupação (1.001 a
vegetal natural a Vegetação de Restinga, em que 5.000 hab./km²) e predomínio do grau alto (entre
predominam as áreas planas e suavemente onduladas, 5.001 e 10.000 hab./km²) e muito alto (acima de
drenadas por canais de primeira ordem, que, 10.0001 hab./km²) de ocupação.
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Esta Unidade Geoambiental apresenta Estado A balneabilidade das praias constitui um fator
Ambiental Crítico. Tal Estado Ambiental é decorrente indicativo das condições de saneamento básico de um
da intensa interferência antrópica que tem gerado determinado local. No caso específico do município
impactos provenientes das edificações implantadas de São Vicente, fica claro que essas condições
na área que levam a impermeabilização, o despejo de refletem um sistema de infra-estrutura deficitário, que
esgoto e acúmulo de lixo. A Balneabilidade das praias vem perdurando ao longo dos anos. A falta de ação
é um parâmetro a ser utilizado para a definição do do poder público com a aplicação de investimentos,
Estado Ambiental dessa Unidade Geoambiental. principalmente ligados ao saneamento básico,
comprometendo assim o Estado Geoecológico dessa
As praias do município de São Vicente Unidade Geoambiental.
participaram do programa de Balneabilidade das
praias, desenvolvido pela CESTESB, com o respaldo Deixando as Unidades Geoambientais
legal junto à Resolução CONAMA n°. 20/86, que situadas no domínio morfoestrutural Planície
define critérios para a classificação das águas Costeira, e analisando as Unidades Geoambientais
destinadas à recreação de contato primário. situadas no domínio morfoestrutural Planalto
Atlântico (Serra do Mar), compartimentou-se duas
De acordo com esta Resolução, até o ano de Unidades Geoambientais: A Unidade Geoambiental
2005, as praias são classificadas em quatro categorias Serra do Mar e a Unidade Geoambiental Morros
diferenciadas: excelente, muito boa, satisfatória e Residuais.
imprópria, conforme a densidade de coliformes totais
ou fecais resultantes de análises feitas em cinco A Unidade Geoambiental Serra do Mar
amostragens consecutivas. As categorias denominadas abrange a área do Parque Estadual da Serra do Mar,
de excelente, muito boa e satisfatória podem ser agrupa- criado em 1977. Apresenta uma área de 74,96 km²,
das numa única classificação denominada própria. abrangendo 50,41% da área total do município.
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Constitui-se por do Pré-Cambriano que foram caracteriza a área como emissora de matéria e energia
metamorfizadas ganhando grande resistência aos (AMORIM, 2007).
processos intempéricos. Há predomínio dos
migmatitos de estrutura complexa (policíclicos) de Outras Sub-Unidades Geoambientais
paleossoma predominantemente gnássico (MARTIN delimitadas foram as Encostas da Bacia do Rio
e SUGUIO, 1978). A ação dos agentes intempéricos Branco, Encostas da Bacia do Rio Conceição e
associados aos processos pedogenéticos dá gênese na Encostas da Bacia do Rio Cubatão. Estas Sub-
área Cambissolos Háplicos e Neossolos Litólicos Unidades apresentam características semelhantes,
intercalados por afloramentos rochosos que estão embora se devam considerar os desníveis altimétricos
cobertos pela Floresta Ombrófila Densa (Mata que correspondem às respectivas bacias hidrográficas.
Atlântica) (IAC, 1999 e AMORIM, 2007).
As três Sub-Unidades são transmissoras de
Esta Unidade Geoambiental foi matéria e energia. Apresentam a cobertura superficial
compartimentada em sete Sub-Unidades do tipo autóctone pouco profundo, oriundo de rochas
Geoambientais considerando-se a dinâmica dos cristalinas intemperizadas in situ, com textura areno-
fatores naturais, dentre eles a função Geoecológica, argilosa (MACIEL, 2007). Tal cobertura superficial
as condições da drenagem, os aspectos ao sofrer processos pedogenéticos dá gênese a
morfométricos, as formações superficiais e o domínio Cambissolos Háplicos e Neossolos Litólicos
morfoescultural em que se situam. As Sub-Unidades intercalados por afloramentos rochosos (AMORIM,
Geoambientais delimitadas são: Topos de Interflúvios 2007). Estes solos são cobertos pela Floresta
da Serra do Mar, Encostas da Bacia do Rio Conceição, Ombrófila Densa (Mata Atlântica).
Encostas da Bacia do Rio Cubatão, Encostas da Bacia
do Rio Branco, Planície Fluvial da Bacia do Rio A Sub-Unidade Encostas da Bacia do Rio
Conceição, Planície Fluvial da Bacia do Rio Cubatão Branco os desníveis altimétricos variam de 100 a 500
e Depósitos Coluvionares. metros com declividades superiores a 30%, onde
predominam canais de primeira ordem. Na área a
A Sub-Unidade dos Topos de Interflúvios da drenagem escoa no sentido SO-NE. Verifica-se
Serra do Mar têm 12,55 km², o que corresponde a também que há a presença de inúmeros canais
8,44% da área municipal e 16,44% da área total da temporários formados em decorrência das grandes
Unidade Geoambiental Serra do Mar. torrentes. Esta Sub-Unidade apresenta uma área de
16,92 km², o que corresponde a 11,38% da área total
Esta Sub-Unidade Geoambiental situa-se no do município e 22,57% da área total da Unidade
domínio Morfoescultural dos Topos de Interflúvios Geoambiental Serra do Mar.
da Serra do Mar, onde a ação intempérica forma uma
cobertura superficial autóctone pouco profundo, A Sub-Unidade Encostas da Bacia do Rio
oriundo de rochas cristalinas intemperizadas in situ, Conceição apresenta uma área de 11,26 km², o que
com textura areno-argilosa (MACIEL, 2001). Na área corresponde a 7,57% da área total do município
predominam os topos aguçados cobertos por Floresta enquanto a Sub-Unidade Encostas da Bacia do Rio
Ombrófila Densa que dão origem as nascentes dos Cubatão tem área de 25,99 km², o que equivale a
rios que drenam as Bacias dos Rios Conceição, 17,48% da área total do município.
Cubatão e Branco. A área situa-se nos pontos mais
elevados do município, variando entre 725 a 1020 m. A principal característica que difere a Sub-
Tal posição na paisagem somada ação da gravidade, Unidade Geoambiental Encostas da Bacia do Rio
faz com que nessa Sub-Unidade Geoambiental Conceição da Sub-Unidade Geoambiental Encostas
predominem os processos erosivos superficiais e da Bacia do Rio Cubatão são as maiores amplitudes
escoamento superficial das águas das chuvas, o que nas cotas altimétricas na primeira Sub-Unidade (varia
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de 180 a 900m) e o sentido da drenagem, que escoa granulométrico e mineralógico, com morfoscopia de
no sentido NE-SO. Já a segunda Sub-Unidade grande irregularidade (MACIEL, 2001).
apresenta menor amplitude altimétrica, pois suas cotas
oscilam entre 120 e 600m e a sua rede de drenagem Nesta Sub-Unidade escoam canais de primeira
escoa no sentido oposto, ou seja, no sentido SO-NE. ordem em direção a Unidade Geoambiental Planície
Flúvio-Marinha. Existência de inúmeros canais
Outras Sub-Unidades delimitadas são a temporários formados em decorrência das grandes
Planície Fluvial da Bacia do Rio Conceição e torrentes, que predominantemente seguem o sentido
Planície Fluvial da Bacia do Rio Cubatão. A W-E (AMORIM, 2007).
primeira tem área de 1,39 km², o que corresponde a
1,39% da área total da Unidade Geoambiental Serra Assim como as Sub-Unidades Geoambientais
do Mar, enquanto a segunda apresenta área de 2,82 Encostas das Bacias do Rio Branco, Conceição e
km², o equivalente a 3,76% da área total da Unidade Cubatão, a Sub-Unidade Geoambiental Depósitos
Geoambiental em estudo. Coluvionares é transmissora de matéria e energia,
uma vez que, os fluxos gravitacionais a montante,
A posição na paisagem faz dessas duas Sub- fazem com que a matéria e a energia que são
Unidades Geoambientais áreas acumuladoras de transportados por essas áreas acumulem-se nas áreas
matéria e energia, pois elas recepcionam todo o mais rebaixadas (a Planície Fluvial, a Planície Flúvio-
material emitido e transportado pelas Sub-Unidades Marinha e o Terraço Marinho).
Geoambientais a montante.
Toda a Unidade Geoambiental Serra do Mar
Uma característica importante dessas apresenta elevada Fragilidade Ambiental Natural, pois
unidades é o modelado bastante dissecado e mesmo com Estado Ambiental Estável (não alterado),
entalhado, observa-se a ocorrência de vales em “V”, pois segundo Rodriguez (1994) as características
o que acentuam as declividades sempre superiores a dessa Unidade Geoambiental conserva a estrutura
30%. Nestas áreas ocorre a confluência entre os original. Não existem problemas ambientais
afluentes perenes e temporários com os rios principais significativos que deteriorem a paisagem. O nível dos
(AMORIM, 2007). processos geoecológicos tem um caráter natural. A
influência antropogênica é muito pequena. São
A última Sub-Unidade Geoambiental núcleos de estabilidade ecológica, principalmente
demarcada a ser estudada é a Depósitos paisagens primárias ou paisagens naturais com
Coluvionares. Esta situa-se no contato entre o setor limitado uso antropogênico.
serrano (Sub-Unidade Encostas da Bacia do Rio
Branco), marcado por declives acentuados, e a Desta forma, nesta Unidade Geoambiental,
Unidade Geoambiental da Planície Flúvio-Marinha verifica-se que os processos morfogenéticos
parcialmente preservada, com declives muito baixos. predominam sobre os processos pedogenéticos. Este
Esta Sub-Unidade representa 5,38% da área total da predomínio da morfogênese sobre a pedogênese,
Unidade Geoambiental Serra do Mar, pois apresenta decorrente da elevada energia do relevo e sua intensa
uma área de 4,03 km², o que equivale a 2,71% da dissecação. Isso se dá principalmente pela elevada
área total do município. amplitude altimétrica com as cotas variando dos 60 a
1.020 m, as declividades superiores a 30%, a composi-
Esta Sub-Unidade Geoambiental é formada ção do modelado, caracterizado por vales encaixados
por rampas coluvionares de procedência alóctone e encostas bastante escarpadas, que somadas aos
pouco profundo, com textura areno-argilosa, Seu elevados índices pluviométricos, à ação da gravidade
material é de origem clástica, de natureza e à estrutura falhada e fraturada propiciam a ocorrência
diversificada, mal selecionados do ponto de vista de movimentos de massa (AMORIM, 2007).
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Toda a área dessa Unidade Geoambiental se e 84,97% da área total da Unidade Geoambiental
situa em uma Unidade de Conservação, o Parque Morros Residuais, e, a segunda a Sub-Unidade
Estadual da Serra do Mar, criado em 1997. A área Geoambiental Morros Residuais com ocupação
não apresenta ocupação, pois a entrada e uso na área consolidada tem área de 690 m², o que corresponde a
são restritos. Nos limites do Parque Estadual da Serra 0,46% da área municipal e 15,03% da área total da
do Mar, no contato com Unidade Geoambiental da Unidade Geoambiental em estudo.
Planície Flúvio-Marinha parcialmente preservada,
existem algumas pequenas propriedades rurais que, A Sub-Unidade Geoambiental Morros
segundo a COMDEC, são propriedades ilegais, Residuais Florestados é coberta pela Floresta
oriundas de invasão. Ombrófila Densa (Mata Atlântica). Esta Sub-Unidade
Geoambiental não é ocupada por residências e
A última Unidade Geoambiental a ser estabelecimentos comerciais, e apresenta áreas em que
analisada é a Unidade Geoambiental dos Morros o acesso e uso são restritos (Parque Estadual do
Residuais. Esta apresenta formação geológica Xixová-Japuí). O Estado Ambiental Estável, e o
semelhante à Unidade Geoambiental da Serra do Mar, Estado Geoecológico da área é compensado, pois
isto é, é composta por rochas formadas no Pré- mantém a cobertura vegetal natural.
Cambriano que foram metamorfizadas ganhando
grande resistência aos processos intempéricos, onde A Sub-Unidade Geoambiental Morros
predominam os migmatitos de estrutura complexa Residuais com ocupação consolidada é
(policíclicos) de paleossoma predominantemente caracterizada por apresentar uma ocupação urbana
gnássico (SUGUIO e MARTIN, 1978). classificada como consolidada, ocorrendo de forma
horizontal e vertical com grau de ocupação variando
A cobertura superficial da área é autóctone de média (1.001 e 5.000 hab./km²) e alto (5.001 a
pouco profundo, oriundo de rochas cristalinas 10.000 hab./km²). A área apresenta Estado Ambiental
intemperizadas in situ, com textura areno-argilosa, Crítico, pois a ação antrópica acelera e acentua os
onde os processos pedogenéticos desenvolvem os processos desencadeadores de Movimentos de Massa.
Cambissolos Háplicos e Neossolos Litólicos O Estado Geoecológico desta Sub-Unidade é o mais
intercalados por afloramentos rochosos (IAC, 1999 e complexo para a totalidade do município, pois seu
MACIEL, 2001). território apresenta áreas totalmente alteradas com
ocupação urbana, vários pontos de esgotamento, que
Uma característica marcante dessa Unidade coincidem com as cicatrizes de Movimentos de Massa
Geoambiental é a baixa densidade de drenagem. Não e áreas de compensação, que são as áreas isoladas
se visualizam canais fluviais estabelecidos, mas com preservação da cobertura vegetal natural.
apenas canais temporários que escoam água das
torrentes. Seu relevo é intensamente dissecado, Esta Unidade Geoambiental apresenta
apresentando elevada energia, e sendo caracterizada elevada Fragilidade Ambiental, decorrente das suas
como morros isolados, com encostas bastante características naturais como a elevada declividade,
escarpadas, com predomínio de vertentes retilíneas e morfoestrutura falhada e fraturada, pacote sedimentar
convexas, que apresentam altitudes de no máximo 219 pouco espesso e intenso volume pluviométrico. Tais
m com declives superiores a 30% (AMORIM, 2007). características associadas à ação antrópica aumentam
os riscos a processos erosivos, a Movimentos de
Esta Sub-Unidade Geoambiental foi Massa em geral como queda de blocos, deslizamentos,
compartimentada em duas Sub-Unidades Geoambien- desabamentos e rastejamentos.
tais: a primeira, a Sub-Unidade Geoambiental Morros
Residuais Florestados, apresenta área de 3,88 km², o Amorim e Oliveira (2007) ao realizar um
que satisfaz a 2,61% da totalidade da área municipal inventário das ocorrências de Movimentos de Massa
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realizado entre 1989 e 2007 no Laboratório de Riscos vegetação de Restinga e vegetação de Mangue
Ambientais do IPT, verificaram a ocorrência de 44 apresentam forte tendência a transformações
Movimentos de Massa, sendo que 61,37% foram ambientais decorrente do crescimento populacional,
classificados como Escorregamentos Planares. Outro da expansão urbana e do uso dos recursos naturais.
tipo de movimento de massa expressivo nesta Unidade
Geoambiental são as Quedas de Bloco que entre 1989 Os sistemas ambientais do município de São
e 2007, representaram 22,73% das ocorrências. Vicente apresentam fragilidade a processos de
degradação natural, como os Movimentos de Massa
CONSIDERAÇÕES FINAIS nos setores de encosta e as enchentes e inundações
nas áreas planas.
Os resultados obtidos na delimitação das
Unidades Geoambientais mostram que, no município A fragilidade ambiental é acentuada nas áreas
de São Vicente, que tem um contingente populacional urbanizadas pelo grande adensamento demográfico.
situado acima dos 303 mil habitantes, ocupam cerca A ocupação concentrada e desordenada gera o
25% da área total do município. Verificou-se que as esgotamento dos recursos naturais, desequilibrando
atividades rurais não apresentam expressividade no os fluxos de matéria, energia e informação nas
município, pois estas se restringem a pequenas Unidades Geoambientais.
propriedades rurais situadas no limite do Parque
Estadual da Serra do Mar. Nas Unidades Geoambientais Planície
Costeira e Terraço Marinho ocupadas pela expansão
O sitio urbano assenta-se predominantemente urbana levam a impermeabilização do solo que
na Planície Flúvio-Marinha e no Terraço Marinho. impede a infiltração da água, como também ocasionou
As demais áreas, cerca de 75%, são ocupadas por a canalização dos cursos d’água. Tais fatores
Unidades de Conservação, como o Parque Estadual correlacionados as baixas declividades, a dinâmica
da Serra do Mar e o Parque Estadual Xixová-Japuí pluviométrica e a influência das marés ocasionam na
que tem como principal objetivo proteger a Mata área enchentes e inundações.
Atlântica, a vegetação de mangue e os campos de
dunas, que segundo a legislação Federal, Estadual e A forma como se instalam e se distribuem a
Municipal também deveriam está sobre proteção. infra-estrutura nestas Unidades Geoambientais
ocasionam impactos como a contaminação dos níveis
O estudo dos atributos naturais do município freáticos pelas fossas acépticas, o acúmulo de lixo, a
possibilitou identificar que na área predomina a poluição das águas, do ar e visual, prejudicando assim
morfogênese sobre pedogênese, pois no ambiente a qualidade de vida da população.
serrano o relevo é intensamente dissecado pela ação
dos agentes intempéricos, enquanto na zona de Nas áreas onde a ocupação não é consolidada,
planície o que predomina são os processos a presença de favelas formadas de maneira
deposicionais, oriundos de diferentes mecanismos expontânea, concentra mais de 10.000 hab./km² em
(deposição fluvial, eólica e marinha). casas de madeira (muitas delas palafitas), não
atendidas por infra-estrutura básica, o que leva a
Existe uma desproporcionalidade entre as constante presença de epidemias na área.
áreas onde predominam os sistemas naturais e as áreas
onde predominam os sistemas antrópicos. Nas áreas Na Unidade Geoambiental Morros Residuais,
onde predominam os sistemas naturais a delimitação em especial a Sub-Unidade Geoambiental Morros
de Unidades de Conservação objetiva a sua proteção. Residuais com ocupação consolidada a fragilidade
Nas áreas ainda não protegidas por tal mecanismo ambiental natural é acentuada pelo processo de
legal, como as áreas de encostas florestadas, ocupação secular da área. Mesmo apresentando
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As unidades de paisagem como uma categoria de análise geográfica: o exemplo do município de São Vicente-SP
Raul Reis Amorim, Regina Célia de Oliveira
apenas 0,46% da área total do município, a área BERTRAND, G. Paisagem e geografia global.
apresenta graves problemas ambientais, decorrentes Esboço metodológico. São Paulo: Universidade de
da própria morfologia natural e acentuados pela ação São Paulo, Instituto de geografia, Cadernos de
antrópica. Ciências da Terra, (13) p. 1-27. 1971
AMORIM, R. R. Análise Geoambiental com ênfase IGG-SP. Instituto Geográfico e Geológico do Estado
aos setores de encosta da área urbana do município de São Paulo. Folha Mongaguá (SG 23-V-A-III-2).
de São Vicente-SP. 2007. 194p. (Mestrado em São Paulo, IGGSP, 1971. Escala 1: 50.000.
Geografia), Universidade Estadual de Campinas,
Campinas. 2007. IGG-SP. Instituto Geográfico e Geológico do Estado
de São Paulo. Folha Riacho Grande (SG 23-Y-C-
AMORIM, R. R.; OLIVEIRA, R. C. Análise VI-4). São Paulo, IGGSP, 1971. Escala 1: 50.000.
Geoambiental dos setores de encosta da área urbana
de São Vicente-SP. Sociedade e Natureza. Ano 19, IGG-SP. Instituto Geográfico e Geológico do Estado
n. 37. 123-138. 2007. de São Paulo. Folha Santos (SG 23-Y-D-IV-3 e SG
23-V-B-I-I). São Paulo, IGGSP, 1971. Escala 1: 50.000.
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As unidades de paisagem como uma categoria de análise geográfica: o exemplo do município de São Vicente-SP
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regionalización geoecológica como base para La
deternimación Del estudo y La situación médio-
ambiental de Cuba. La Havana: Seccíon Cubana de
la U. G. I. 1998. 12p.
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