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ADVFN BRASIL
COLETÂNEA
COMPLETA DE
SETUPS
VOLUME 2

A Onda Perfeita

ADVFN
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OMEGA INVEST
http://www.omegainvest.com.br
Prefácio

Eu sinceramente gostaria muito de dar início a esta obra dizendo que


existe uma fórmula mágica e infalível para ganhar dinheiro. Gostaria de dizer
que sempre ganhei em todas as minhas operações e que nunca passei por
dificuldades no mercado. Gostaria de dizer que nunca fui indisciplinado e
que sempre soube fazer com que a razão prevalecesse sobre a emoção em
todas as minhas estratégias. Porém, mais ainda, eu gostaria de dizer que todos
os investidores, independente de sua dedicação, terão sucesso na bolsa de
valores.

Infelizmente, se eu dissesse tudo isto, estaria mentindo. Minha


história no mercado prova que atingir o sucesso como investidor na bolsa de
valores não é algo simples e exige dedicação. Para quem não tem o interesse
de ir a fundo no estudo dos mercados, ou acredita “estar sem tempo” para
tal, existem outras formas eficientes de investimento, como fundos
multimercado e aplicações de renda fixa. A quem estiver interessado, porém,
em ingressar em uma jornada completamente diferente de qualquer outra
antes vista, vivida ou imaginada, na qual os paradigmas estão em constante
mudança e cada atitude bem-planejada traz consigo resultados variáveis,
resultados estes que, em conjunto, podem superar, e MUITO, os de qualquer
outra forma de aplicação financeira, contarei um pouco da minha história.
Poderia ser escrito um livro a respeito de minhas histórias, minhas alegrias,
meus devaneios e minhas frustrações nos meus anos de “dente de leite” no
mercado, mas este não é o intuito deste material. Irei contar apenas algumas
linhas gerais.

Existe um ditado de que a maioria das pessoas que entra na bolsa,


perde dinheiro. Comigo foi exatamente o contrário. Quando caí de pára-
quedas no mercado de capitais, sem conhecimento algum, sem saber o que
era uma subscrição ou um IPO, ou a diferença entre ações ordinárias e
preferenciais, tive a SORTE de operar comprado em ações em um período
de bolsa em alta. Eu na verdade nem sabia o que fazia cada uma das
empresas das quais eu comprava ações. Não sabia muitas vezes sobre o
histórico de preços, e principalmente, não tinha um MÉTODO para a
seleção de minhas operações. Eu basicamente comprava e vendia de acordo
com o que minhas emoções “gritavam” acerca de informações manipuláveis
que eu via nos fóruns da internet afora. Neste ponto, eu já me considerava o
mais “esperto” do mercado. “Como as pessoas são ingênuas, como ninguém
vê estas oportunidades, além de mim?”, eu dizia para mim mesmo. Em meus
pensamentos, a maré nunca iria virar. Doce ilusão.

Bastou um período de queda no mercado para que meu dinheiro


fosse para o bolso de alguém mais “esperto” do que eu: o próprio Mercado!
Foi necessário este choque de realidade para eu partir aos estudos sérios. Não
vou fazer aquele velho discurso do “Estudei, me dediquei e, bastou, me saí
bem!”, até mesmo porque, assim como os desejos expressos neste primeiro
parágrafo, não seria um discurso fidedigno. Estudei, e muito, por sinal,
análise fundamentalista, análise gráfica, entre outros modelos de análise
alternativos. No começo, erros e acertos, como qualquer investidor, porém,
na reta resultante, meu capital continuava a diminuir. Cheguei a pensar em
desistir da bolsa diversas vezes, mas persisti. Foi então que algumas simples
palavrinhas mudaram minha vida: MÉTODO e GERENCIAMENTO DE
RISCO. Estes conceitos, tão simples na teoria, porém ao mesmo tempo tão
complexos de se colocar em prática, podem transformar um negociador de
ações perdedor, estressado e frustrado em alguém mais seguro de si, tanto na
vida pessoal quanto nos investimentos, e vencedor, no sentido de conseguir
rentabilidades sobre o capital superiores aos da renda fixa e dos principais
benchmarks.

Dizem que o inteligente aprende com os próprios erros, mas apenas


genial aprende com os erros dos outros. Meu intuito na elaboração deste
material é tentar evitar com que outras pessoas tenham que cometer os
mesmos erros que eu para aprender o que aprendi. Ninguém, repito,
ninguém é mais inteligente do que o mercado. O mercado nunca “TEM
QUE SUBIR” ou “TEM QUE CAIR”. O mercado é soberano, é caótico.
Porém, o mercado tem uma fraqueza que rema ao nosso favor: É resultante
das atitudes, decisões e expectativas dos seres humanos. O fator psicológico
traz forma e contorno aos gráficos de preços. É ele quem faz com que uma
enorme massa de investidores provoque uma força dominante compradora
ou vendedora nos books de ofertas. Agora é você quem decide: Quer estar
no meio da massa guiada por emoções ou ganhar dinheiro mapeando o
comportamento mais provável desta massa?

É com imenso prazer que apresentarei aos senhores, nas próximas


páginas, conceitos, idéias e métodos de análise de ativos e controle de risco
que, se bem compreendidos, possibilitam ao investidor realizar um desejo
que para muitos ainda parece muito distante: Vencer o Mercado!

Professor Renato Falcão


Omega Invest
Sumário

CAPÍTULO 1
Tudo o que você precisa saber para começar o seu estudo 1
Introdução à Psicologia de Mercado: As armadilhas da mente humana 1
Análise gráfica versus Análise Fundamentalista 7
Setups de Análise gráfica 11
Introdução ao gerenciamento de risco 12
As três peças do tabuleiro e suas nuanças 17

CAPÍTULO 2
Estratégias de Análise Gráfica como você nunca viu 20
Entendendo a Análise Gráfica sob a ótica de Dow 20
Caracterizando Tendências, Suportes e Resistências 21
A média móvel como rastreador de tendências e ímã de preços 27
As médias móveis e sua afinidade temporal 32
O Índice de Força Relativa: Do “movimento esticado” às divergências 36
Introdução às Ondas de Elliott e Fibonacci 40
Operando impulsos: A ONDA PERFEITA 46

CAPÍTULO 3
Conclusão 56
CAPÍTULO 1

Tudo o que você precisa saber para começar o


seu estudo
Introdução à Psicologia de Mercado: As armadilhas da
mente humana
O contraste entre razão e emoção sempre norteou o comportamento
humano de maneira a dar forma àquilo que conhecemos como história. Ao
longo de milhares de anos, a história, por sua vez, nos dá alicerce para a
identificação de padrões comportamentais, padrões estes que são estudados
em detalhe pela filosofia e psicologia.

Razão e emoção podem parecer, para o investidor em ações, como as


vozes do anjo e do diabo soando em sua consciência. E não é preciso dizer
quem é quem neste caso, não é mesmo? Para este mesmo investidor, a
emoção, no caso a voz do diabo, pode parecer à primeira vista muito mais
sedutora do que a voz contida e centrada do anjo racional, porém, assim
como um abraço do mais traiçoeiro dos escorpiões, pode abrigar nas
entrelinhas uma série de emboscadas e armadilhas. A este ponto, a pergunta
que não quer calar é: “Quais as conseqüências de uma tomada de decisão
influenciada por aspectos puramente emocionais?”.

No quadro a seguir, vejamos como se comporta um investidor que


toma suas decisões com base no que diz a voz da emoção, ao longo de um
período de oscilações nos preços de uma ação:
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Podemos observar, a partir da análise da sátira acima, que existe uma


série de idéias e pensamentos, guiados por emoções, que podem levar um
investidor à falência. Emoções estas como medo, ganância, frustração e
euforia, são naturais aos olhos de quem inicia no mercado de ações.

O que leva a mim, a você, ao investidor X ou ao investidor Y, a


procurar o mercado de ações? Dinheiro, não é? Todos nós somos guiados,
na escolha do investimento em renda variável, assim como na de qualquer
outra espécie de investimento, pelo desejo de obter lucros sobre um
determinado capital. Nesta situação, existe uma pressão sobre nós para que
obtenhamos sucesso nesta busca, pressão esta exercida por nós mesmos, em
nosso conjunto de metas, e por nosso desejo de aparentar sucesso aos olhos
das outras pessoas ao nosso redor. Esta pressão acaba por gerar
conseqüências negativas, pois nosso foco está nos resultados de nossas
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decisões, e não nas decisões em si. Isto traz ao investidor que não possui o
devido preparo emocional, um elevado nível de ansiedade que acaba por, não
apenas reduzir seu capital ao longo de decisões de compra ou venda
equivocadas, mas também reduzir a sua qualidade de vida.

Voltando nossas atenções ao tema da pressão pelo sucesso, vejamos


o caso de quando o investidor sente que “perdeu o bonde”. Como seu
objetivo é alcançar uma performance elevada, e para atingir este objetivo, ele
teoricamente precisa aproveitar ao máximo as oportunidades do mercado,
quando vê um mercado de alta, no qual deixou de comprar no início do
movimento, tende a rejeitar a idéia de que o mercado está aceitando valores à
medida que o preço alcança novos patamares porque, é claro, ele não estava
comprado. Esta rejeição em aceitar a direção que o mercado está tomando,
leva este nosso amigo a ficar cada vez mais ansioso à medida que o mercado
sobe, e aí começa a sensação de frustração. Esta sensação logo passa a se
assemelhar ao sentimento de traição em um caso de adultério. Ao invés de
procurar outras oportunidades, sua visão permanece vidrada no
comportamento daquela ação ou commodity em especial. Ao invés de
admitir seu erro de análise ou decisão inicial, ele passará a procurar
justificativas para o “mercado estar errado”. Surgem aí as figuras do
“Tubarão”, da “Máfia”, das “Corretoras Manipuladoras”, entre outras
personagens criadas para tentar justificar o porquê de o mercado não estar
seguindo a direção inicialmente imaginada. Nosso amigo tarda em aceitar o
óbvio, e somente irá tentar “remar a favor da correnteza” quando o próprio
movimento direcional já estiver em exaustão. Quando para este investidor
surge a figura da “árvore que cresce até o céu”, é aí que ele compra. O
interessante é que, na maioria das vezes, quando ele faz isto, é o momento
em que o mercado deixa de aceitar valor à medida que o preço sobe, e passa
a corrigir.
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Depois de comprado, este investidor que segue somente a voz do


diabinho em suas tomadas de decisão, passa a “vestir a camisa” do papel que
comprou. Seu nível de otimismo, nunca antes presenciado, parece, a primeiro
momento até mesmo surpreendente. Torna-se a própria “Alice no País das
Maravilhas”. Quando os preços decaem, passa a centrar suas atenções
somente em notícias que sejam positivas ou não muito negativas. Passa a
enfrentar tudo como mera “parada para respirar” ou somente “realização de
lucros”. Em seu pensamento, multiplicam-se idéias como “Se subiu até onde
subiu, por que não subiria mais?”. Quando a queda começa a preocupar, seu
emocional entra em fase de negação. Não acredita no que está vendo.

É exatamente neste ponto que o nosso amigo dá o mais claro dos


indícios de que não possui nenhum planejamento estratégico em suas
operações: Quando uma compra inicialmente feita para aproveitar um curto
movimento de alta torna-se “investimento de longo-prazo”. O que leva a
alguém que não estudou a fundo os fundamentos da empresa, ou nem sequer
fez uma análise gráfica nos tempos gráficos mais longos do registro de
preços da ação, a dizer que “ficará posicionado para o “Longo-Prazo”?
Temos, passando pela cabeça deste investidor neste ponto, uma mistura de
negação, ao assumir o erro na tomada de decisão, com uma pitada de
racionalidade e realismo, de saber que no curto-prazo, não há grande
probabilidade de melhora no cenário, e também com um nada sensível toque
de ilusão, vez que ele passa a acreditar que em um futuro que ninguém sabe
quando, as coisas vão melhorar.

A ilusão porém, é “casa sem fundação”. Ela dura até o momento em


que as coisas pioram tanto que nem mesmo o nosso amigo passa a acreditar
mais nela. É aí que começam as noites mal-dormidas e os picos de ansiedade.
O trabalho, a família, os amigos de nosso amigo investidor começam a ser
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deixados de lado, em troca de um Home-Broker frenético com livro de


ofertas constantemente aberto. Em determinado momento, nosso bravo
amigo cansa de ser “torturado” pelo malévolo mercado, e finaliza sua
operação, carregando nas costas um prejuízo difícil de ser recuperado!

É interessante observarmos que, assim como no momento em que


surgiu a figura da “árvore que cresce até o céu” (o momento de sua entrada
na operação), no momento em que surge a figura do “buraco sem fundo”,
aos olhos de nosso amigo investidor, fazendo com que ele zere sua posição,
o mercado reverte a direção. Resultado: Novamente sua influência emocional
o levará na contra-mão do mercado. Esta sequência de compra e venda nos
momentos errados, se dará de forma cíclica, se nosso amigo mantiver a
emoção como seu único indicador na hora das decisões. Novamente, com o
início de uma tendência de alta no mercado, se reiniciará o ciclo acima
detalhado.

A cada novo ciclo, sua confiança em cada decisão será menor, ao


passo que as pressões externas como desejo de performance aumentarão. É
interessante reparar que quando um pequeno investidor entra no mercado
guiado por suas emoções, e logo no início observa ir por “água abaixo”
parcela representativa de seu dinheiro, continua no mercado, porém diz para
si mesmo que ficará somente até recuperar o prejuízo, e depois sairá. Chega a
ser impressionante a capacidade do ser humano de mentir para si mesmo. Se,
por ventura, recupera o prejuízo, passa a ver o desastroso passado apenas
como “uma fase ruim” e esquece daquilo que prometera a si. Infelizmente
nem sempre conseguirá recuperar seu prejuízo, e não apenas por erro no
momento de entrada de cada operação. Nosso amigo nem sempre errará:
haverá momentos em que, guiado ou seguido por um efeito-manada no
mercado, conseguirá boa entrada, mas a insegurança trazida por uma
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sequencia de operações perdedoras o fará dizer “lucro bom é lucro no


bolso”. Assim assumirá lucro logo nas primeiras frações percentuais
positivas. Pena que na hora em que a correnteza for para a direção esperada,
não pensará da mesma forma. Aí, sua filosofia voltará a ser “A esperança é a
última que morre!”. Resultado: Acabará assumindo lucros cedo demais, mas
não deixará de assumir prejuízos tarde demais, dada a dificuldade de assumir
uma perda e de admitir para si mesmo um erro cometido. O final desta
história, a maioria de nós já sabe...

A esta altura, tudo o que o leitor deve estar imaginando é: “Como


não ser vítima das armadilhas de meu próprio lado emocional?”. A resposta
para esta pergunta não é simples, mas pode ser obtida através de uma série de
etapas que, apesar de não conseguirem eliminar de vez o ruído da “voz do
diabinho” de nosso dia-a-dia, consegue manter esta figura ardilosa em um
constante estado de hibernação, para que, de uma vez por todas, a voz da
razão fale mais alto. A primeira destas etapas é aprender a ANALISAR o
cenário para uma ação. A análise de um cenário, elaborada a partir de um
MÉTODO, fornece ao investidor, a partir das premissas estudadas, um
direcionamento sobre o mais provável comportamento dos preços. Existem
basicamente duas escolas de análise, apesar de várias ramificações dentro de
cada uma, e iremos estudar detalhadamente no próximo tópico.

Um alerta, no entanto, precisa ser passado. Dizem que o mercado


financeiro é em si a universidade mais cara que existe, tendo em vista que
aprendemos com nossos erros, e os erros no mercado, custam caro! Isto é,
de certo modo, verdade. Existem formas de pular etapas (erros) nesta
trajetória, aprendendo com os erros dos outros. Porém, existem formas de
deixar este aprendizado ainda mais caro. A forma mais eficaz de alavancar
perdas e acumular prejuízos, fazendo do aprendizado no mercado de ações o
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mais caro que existe, é confundir uma análise com uma bola de cristal. Não
podemos JAMAIS confundir o cenário mais provável, a partir de um modelo
de análise, com uma previsão. É a ausência de um “Plano B”, para quando as
coisas caminham na direção contrária à que estamos aguardando, a maior
catástrofe que pode ocorrer ao bolso de qualquer investidor. Por isto, todos
os métodos de ANÁLISE devem ser utilizados em conjunto com métodos
de GERENCIAMENTO DE RISCO, sobre os quais trataremos logo à
frente. Feito o alerta, sigamos em frente, a conhecer um pouco mais as
escolas de análise existentes!

Análise Gráfica versus Análise Fundamentalista


Ainda que este material seja um volume sobre estratégias do universo
da análise gráfica, é importante estarmos salientando a diferença entre esta, e
outra escola de análise amplamente utilizada, a escola fundamentalista. A
análise fundamentalista é aquela que busca encontrar o VALOR JUSTO de
uma ação a partir de uma rigorosa análise da saúde financeira da empresa
estudada. Esta escola de análise contém como pilar projeções de lucro,
faturamento, fluxo de caixa e situação patrimonial da empresa a partir de
uma série de dados obtidos em balanços e demonstrativos de resultado de
exercício contábeis, em conjunto com um aprimorado estudo
macroeconômico e setorial, além de considerar a distribuição de proventos
aos acionistas.

Elaborar uma análise fundamentalista de qualidade não é tarefa fácil.


É preciso ter em vista cenários para todas as variáveis de mercado
(fornecedores, consumidores, preço de insumos, aceitação do produto
principal, concorrência, etc.) e políticas que podem impactar o setor de
atuação ou a empresa em si, além de saber interpretar muito bem o peso de
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uma notícia relevante para toda a projeção de comportamento futuro destas


variáveis.

Complexidade na elaboração é apenas uma das limitações da análise


fundamentalista, pois ainda que se tenha a estrutura, o conhecimento
contábil e econômico, além de MUITA experiência com este gênero de
análise, a análise fundamentalista não fornece exatamente a informação que
muitos de seus adeptos gostariam que ela oferecesse. Isto porque apesar de
buscar o valor justo de uma ação a partir dos fundamentos da empresa,
muitas vezes, o mercado NÃO refletirá este valor justo de uma empresa por
muito tempo. Isto porque as negociações no mercado não ocorrem a partir
da solidez das empresas, mas sim das EXPECTATIVAS ASSIMÉTRICAS
sobre o futuro dos preços, de modo que o dito valor justo de uma ação, na
interpretação de um indivíduo, pode ser diferente daquele interpretado por
outro indivíduo. Predominará, assim, a força resultante, ou seja, a força da
maioria. Muitas vezes, o efeito-manada acerca de notícias “bombásticas” ou
“boatos especulativos” será determinante na flutuação dos preços. E esta
flutuação, volátil, indo a extremos opostos em curtos períodos de tempo,
pode, a um primeiro momento, assustar ao investidor que comprou
acreditando em um valor justo que não se vê refletir.

É justamente no ponto em que falha a escola fundamentalista, o de


mapeamento do aspecto comportamental dos investidores, e portanto, do
mercado como um todo, que a análise gráfica entra em ação como uma
fantástica ferramenta, ajudando na tomada de decisões envolvendo risco.
Este modelo de análise dá força ao lado racional do investidor para que ele
interaja com o mercado de acordo com a perspectiva de força dominante.

Mas afinal, em que se baseia a análise gráfica? Listarei os princípios a seguir:


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1) A análise gráfica se baseia no pressuposto de que todas as


informações relevantes para a tomada de decisão sobre compra ou
venda de um ativo financeiro se encontram disponíveis no gráfico de
preços do papel, pois as informações aí contidas refletem o
comportamento dos investidores acerca de informações e
expectativas assimétricas, gerando o mapeamento sobre o conflito
entre forças compradoras e vendedoras. Ao invés de procurar o
motivo dos movimentos de alta ou baixa da bolsa, o grafista busca
identificar padrões de comportamento que tendem a se repetir ou
sugerir uma reação determinada, com base na idéia de que a relação
entre velocidade, volatilidade, volume e posição permite identificar a
reta resultante das decisões de investidores bem e mal-informados,
para “surfar o movimento”.
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2) O estudo dos preços e das relações entre preço e volume de


negociações pode ser feito de diversas maneiras. Não existe um
método definitivo de análise gráfica, é uma ciência que pode ser
estudada sob a ótica de diferentes teorias. Cada método tem um
objetivo em especial. A análise sob a luz da Teoria de Dow, por
exemplo, busca identificar tendências, acumulações, regiões
propensas a reação de repique, padrões de reversão e pontos de
aumento de força compradora ou vendedora. A análise por padrões
de candlestick busca encontrar pontos de repique e realização, que
podem, ou não, ser os extremos de uma tendência, a reverter na
direção oposta. Por outro lado, a Teoria das Ondas de Elliott, busca
mapear movimentos de impulso e correção (que são respectivamente
a força dominante da tendência e as “paradas para respirar”), para
identificar áreas de inversão (a sugerir exaustão de um movimento e
iminente inversão) e regiões onde é provável o término de um
determinado ciclo de alta ou baixa, que seria uma Onda.

3) Algo que nunca podemos confundir é o objetivo da análise gráfica


com o de um jogo de búzios ou de uma bola de cristal. A análise
gráfica tem por finalidade o mapeamento de cenários para alicerçar
decisões de compra e venda, porém, mesmo partindo do princípio de
que TODAS as informações valiosas para o mapeamento destes
cenários estão disponíveis no gráfico de preço, e mesmo supondo a
perfeição da teoria por trás do método adotado, interpretações
humanas podem ser falhas e, portanto, todas as análises possuem
uma margem de erro. Mesmo que o método utilizado tenha altíssimo
nível de acerto, se não houver sempre um “Plano B” para cada
estratégia, um único erro, por mais raro que seja, pode ser fatal. É
portanto, básico para quem utiliza a análise gráfica, saber que será
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 11

imprescindível a utilização de ordens STOP, tanto para ganho quanto


para perda. Desta forma, “ADEUS, TORCIDA!”. Uma explicação
mais detalhada será vista adiante, no tópico sobre introdução ao
gerenciamento de risco.

Os Setups de Análise Gráfica


Cada vez estão mais conhecidos os SETUPS de análise gráfica, de modo
que a maioria dos conhecedores destes interessantes métodos de negociação
têm cada vez mais se afirmado como utilizadores da análise gráfica. Será?

Vejamos que uma análise gráfica consiste em traçar um cenário para um


determinado ativo financeiro, dentro de um horizonte de tempo. Como já
vimos, existem diferentes métodos que, se utilizados em conjunto,
possibilitam uma análise de qualidade. Estes métodos, porém, sustentam a
opinião do analista tendo como base formações de preço apresentadas no
papel em questão. No caso, existe subjetividade na análise, cada cenário, é
um cenário, definido por formações particularmente únicas.

Agora, o que seria um Setup? Um setup nada mais é do que uma


sinalização padronizada, que pode ser algorítmica (baseada em relações
lógicas entre os produtos de uma equação matemática ou mais) ou não,
derivada da combinação de ferramentas da análise gráfica que, quando
ocorre, da maneira estabelecida como regra, fornece um ponto de compra ou
venda, com pontos de STOP LOSS e alvo definidos a partir de informações
contidas nas barras de preços ou através de médias de ganho e perda por
sinais certos e errados acontecidos em uma base histórica (backtesting). Por
exemplo: Um setup de cruzamento de médias móveis (veremos adiante o que
são médias móveis) oferece um ponto de compra quando a média móvel de
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menor número de períodos cruza a média móvel do maior número de


períodos para cima, e um ponto de venda quando ocorre o contrário. Há
setups em que o mapeamento do ponto de STOP é aplicado no rompimento,
em direção contrária à esperada pelo setup, do ponto de abertura ou extremo
do candle em que se sinaliza a entrada, e o alvo em alguma proporção de rally
anterior projetada, mas há outros em que o alvo e o STOP, são definidos
basicamente por médias de ganho por trade certo e perda por trade errado
em um backtest. Fica claro, no caso, que o alicerce estatístico se faz presente,
porém o que não há é o quê de subjetividade de uma análise pura.

O que é melhor, então? Mapear um por um cada um dos os cenários


de todas as ações negociadas na bolsa ou caçar setups, sendo estes
algorítmicos, ou não? “Nem Oito, nem Oitenta!”. Devemos trabalhar ao
máximo o nosso psicológico para operar de maneira padronizada, e nisto, os
setups ajudam muito. Porém, otimizando a confiabilidade do trade, é sempre
bom ter em vista o mapeamento gráfico específico do papel estudado, para
evitar de entrar em uma chamada por setup na compra, no meio de um forte
cenário de queda, ou entrar em uma chamada de venda quando os “touros”
estiverem liderando o movimento. Aprenderemos, ao longo deste volume, a
utilizar conjuntamente setups e análises!

Introdução ao Gerenciamento de Risco


Suponhamos a seguinte situação: A cada 5 operações em bolsa, um
investidor acerta 4, ou seja, possui margem de acerto de 80%. A primeiro
momento, é possível imaginar que este investidor é uma verdadeira fera no
mercado de capitais, e que, portanto, é bem-sucedido. Mas tendo como base
somente esta informação, será que esta conclusão é realmente verdadeira?
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 13

Se quando ele ganhar, ganhar mais de R$250,00 em média por


operação e quando perder, perder menos de R$1000,00 em média por
operação, podemos dizer, que com a margem de acerto de 80%, este
investidor é bem-sucedido, porém, se quando ele ganhar, ganhar em média
R$250,00 por operação, mas quando perder, perder R$ 5.000,00 por
operação, definitivamente este investidor não é bem-sucedido e o “cemitério
da bolsa” aguarda sua chegada.

É muito comum que um investidor iniciante acredite que, após


diversas operações perdedoras, é cada vez maior, estatisticamente falando, a
chance de ocorrer uma operação ganhadora. Este raciocínio o leva a
aumentar suas “apostas” após períodos negativos e as diminua em períodos
de ganhos sucessivos. Em outras palavras, será um verdadeiro valentão após
operações perdedoras, e um verdadeiro medroso após uma onda de acertos.
A justificativa que parece lógica a este indivíduo é: “A cada erro que houver,
maior a chance de um acerto, e quando este acerto ocorrer, se eu estiver aumentando os
lances, meu lucro recuperará todos os prejuízos anteriores e ainda sobrará. Por outro lado,
quando eu acertar consecutivamente, maior será a probabilidade de um erro, então devo me
preparar diminuindo o volume das operações”. Este raciocínio, mesmo parecendo
coerente sobre algumas de suas afirmações, é definitivamente ilógico, pois
leva o investidor a adotar mais riscos quando estiver perdendo e menos
riscos quando estiver ganhando.

O que seria, então, um bom método de manejo de risco? O bom


método é aquele que nos permite diminuir nossa exposição ao risco depois
de uma operação perdedora e aumentá-la depois de uma operação
ganhadora. Tendo isto em vista, existem duas informações fundamentais que
o bom método de manejo de risco precisa apresentar, de forma eficiente:

-A quantidade de ações com a qual se deve entrar em uma operação.


COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 14

-Se um cenário é aceitável do ponto de vista risco versus retorno.

Partindo deste princípio, definiremos a quantidade de ações com a


qual se deve entrar em uma operação a partir de três informações, que ou a
análise gráfica do cenário ou o setup planejado irá nos indicar:

-Preço atual da ação;


-Alvo da ação;
-Ponto de STOP da ação.

A partir destas informações, em um perfeito casamento com diversos


métodos de análise gráfica e aplicação de setups, planejaremos a quantidade
de ações de modo que o risco da operação seja sempre um valor percentual
fixo do capital. Por exemplo: Se uma ação, cotada a R$10,00 no mercado,
que tem projeção de alvo por análise gráfica em R$13,00 no curto-prazo,
com seu Ponto de STOP, ou seja, seu plano B, localizado em R$9,00, o risco
da operação é a distância entre alvo e STOP, ou seja, R$1,00 por ação.
Digamos que meu capital total seja de R$100.000,00. Qual seria, então a
quantidade de ações que eu devo comprar para estar de acordo com o bom
método de manejo de risco?

Em primeiro lugar, o investidor deve definir um percentual de seu


capital que será o risco de TODAS as operações. É com base neste
percentual que irá ser feito o cálculo da quantidade. Um investidor muito
arrojado pode escolher arriscar 2% do capital por operação, neste caso,
compraria 2% x 100.000,00 ÷ Distância entre preço de entrada e STOP
(1,00) = 2.000,00 ações. Se este investidor, porém, for menos arrojado,
poderá definir outro valor percentual, como 1% ou 0,5% do capital de risco
por operação.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 15

Observe que desta maneira, ao contrário de muitos métodos de


manejo por percentual de capital que existem no mercado, a partir dos quais
o percentual de risco dá origem ao ponto de STOP, é o ponto de STOP em
relação ao valor de entrada que define, dado o percentual de predisposição ao
risco, o a quantidade de ações do trade. É a quantidade, por sua vez, que
controlará a exposição ao risco.

Este modelo pode ser considerado um bom modelo de manejo de


risco? Sim, pois permite diminuir nossa exposição ao risco depois de uma
operação perdedora e aumentá-la depois de uma operação ganhadora. Por
exemplo: Se em uma operação, ao arriscar 2% de meu capital de 100.000,00,
ou seja, 2.000,00, o resultado for prejuízo, na próxima operação arriscarei
menos, porque meu capital não será mais de 100.000,00, mas sim de
98.000,00, portanto, 2% deste capital será equivalente a 1.960,00. Se, por
outro lado, esta operação fosse ganhadora, e meu trade resultasse em lucro
de 5.000,00, na próxima operação eu arriscaria mais, porque meu capital de
100.000,00 teria crescido para 105.000,00, e 2% deste capital, que seria o
risco da próxima operação, equivaleriam a 2.100,00.

Sabendo controlar o risco da operação através da quantidade de


ações, como saber se um cenário é interessante ou não do ponto de
vista risco versus retorno? Entram aí algumas variáveis, tais como: Nível de
acerto em histórico recente das sinalizações do método utilizado, média de
ganho por trade certo e média de perda por trade errado.

Em geral, setups ou métodos de análise padronizados com elevado


nível de acerto (mais de 50% das sinalizações históricas recentes resultando
em lucro) tendem a demonstrar alvos mais curtos em relação à distância do
valor de entrada para os pontos de STOP, portanto, é aceitável uma relação
de retorno/risco mínima para entrada em operações mais baixa, até mesmo
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 16

menor do que 1, desde que, mantido o nível de acerto e tendo em vista a o


percentual fixo de capital exposto ao risco de por operação, uma reta
resultante projetada de uma sequencia de operações filtradas por esta relação
mínima seja positiva. Por outro lado, setups ou métodos de análise com
baixo nível de acerto (menos de 50% das sinalizações históricas recentes
resultando em lucro) costumam a demonstrar alvos longos em relação aos
pontos de STOP, então se faz necessária uma relação de retorno/risco
mínima mais alta, sempre maior do que 1, com a qual, mantido o nível de
acerto do método e considerado o percentual fixo de capital exposto ao risco
de por operação, seja garantida uma reta resultante projetada das operações
positiva.

Se por ventura um baixo nível de acerto não for “recompensado” por


uma alta relação de retorno/risco mínima para a entrada, ou se mesmo com
esta relação elevada, a reta resultante não se mantiver positiva, o método
adotado é ineficiente, ou seja, não é bom e deve ser trocado. O mesmo vale
para casos em que, mesmo com elevado nível de acerto, a média de perda
por trade errado supera os ganhos, provocando uma inclinação negativa da
reta resultante de retornos.

Nível de acerto Média de ganho por Média de perda por Relação


histórico trade certo trade errado
(distância média (distância média mínima para
dos alvos bem- dos pontos de STOP entrada.
sucedidos) atingidos)
Alto Baixo Alto Mais Baixa
Baixo Alto Baixo Mais Alta
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 17

Particularmente, no método de operação de impulsos que utilizo, que


será visto no segundo capítulo, a margem de acerto da série histórica se
aproxima de 40%, e a relação de retorno/risco utilizada para filtrar qual trade
é interessante ou não para entrada é sempre maior do que 2. Desta forma,
mantendo a margem de acertos, consigo manter a reta resultante da carteira
positiva.

As Três Peças do Tabuleiro e suas Nuanças


Pela definição pura da palavra, um trade nada mais é do que uma
negociação, porém, a partir do momento em que surge a figura daquele que é
denominado “trader”, precisamos passar um pente fino nesta definição.
Particularmente, vejo três figuras no mercado: O Trader, o Holder e o
Jogador.

O Holder é aquele que, ou por conta própria, ou com ajuda


profissional, encontra uma (ou mais) empresa, que a partir de sua análise
fundamentalista, ou seja, da saúde financeira desta e do potencial de
crescimento acerca do cenário interno (novos projetos, produtos,
mercados),parece promissora no médio ou longo-prazo. A partir de então,
tendo para si a premissa de que uma ação nada mais é do que parcela da
sociedade desta empresa, este investidor compra ações desta empresa,
esperando que as cotações reflitam no longo prazo a realização das
perspectivas, além do retorno financeiro da atividade por meio de proventos.
Ele gasta estes proventos (Dividendos, Juros sobre capital, bonificações,
etc.)? Não, ele reinveste nas ações desta mesma empresa, fazendo crescer sua
carteira em número de ações. O Holder tende a se dar bem no mercado? Isto
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 18

depende da empresa ou das empresas que ele escolhe para compor sua
carteira. Sobre a gestão do risco da carteira de um holder, deixo para a
próxima, estar falando sobre Teoria de Carteiras, também conhecida como a
ciência do Portfolio.

O Trader, por outro lado, é aquele que busca suas oportunidades de


ganho não a partir da reta resultante das cotações ou proventos de uma ação,
mas sim a partir da volatilidade e liquidez de todo o mercado. Utiliza-se da
análise gráfica para rastrear suas oportunidades, e para a definição de TRÊS
pontos primordiais: Entrada, Alvo, e STOP (ou START, dependendo da
ponta). Aí com certeza alguém se pergunta: Tem mesmo que usar STOP para
ser um trader? Tem sim, pois é a partir do STOP que se define os parâmetros
do manejo de risco, e a partir deste último que se define as quantidades. Não
tem jeito, quem não se utiliza do manejo de risco infelizmente não pode ser
chamado de trader, pois um trader, por definição, não “está trader”, ele “é
trader”, e desta forma, o título precisa ser sustentável. Um trader não quebra
na bolsa, um trader não se alavanca mais do que aguenta, um trader não fica
rico do dia pra noite. Um trader tem rotina, um trader tem um MÉTODO, e
um trader tem disciplina, e segue padrões.

A qualquer indivíduo que não se encaixe nas duas descrições acima,


cabe o título JOGADOR. Antes de mais nada, não estou sendo pejorativo.
O que um jogador faz? Ele aposta. Ele pode ter bases sólidas ou não para sua
tomada de decisão, e é isto o que diferencia o jogador profissional do
amador, mas de qualquer jeito, cada operação é uma operação, ele pode
perder ou ganhar sem o controle de que, estatisticamente sua reta resultante
seguirá para cima. O jogador tenta prever o comportamento do mercado por
notícias, especulação pura, boatos, ou tenta seguir o comportamento de
outros players. Também é jogador aquele que se utiliza da análise gráfica sem
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 19

manejo de risco. Por quê? Pois o que define um jogador nada mais é do que
o fato de que cada operação sua é única. Ele sente na pele a paixão e o ódio
de um holder, mas tenta se mover no que seria a sintonia de um trader.
Muitas vezes, encara riscos maiores do que potencial de lucro, às vezes não
sabendo nem quantificar. Ganha ou perde muito em algumas operações,
ganha ou perde pouco em outras. Sem o devido preparo, acaba assumindo
lucros cedo demais e prejuízos tarde demais. Um jogador pode ganhar muito
em um mês, mas pode também quebrar ou ficar preso em um papel no
outro. Um jogador muitas vezes não tem sono tranquilo.
CAPÍTULO 2

Estratégias de Análise Gráfica


como você nunca viu
Entendendo a Análise Gráfica sob a ótica de Dow
Charles H. Dow certamente é um nome notório entre os pioneiros
no estudo de mercados de capitais. A teoria que ele deixou é certamente a
base do modelo de análise gráfica mais utilizado no mundo inteiro, tanto é
que muitos o chamam de “O pai da análise gráfica”. Falarei a respeito de seu
princípio nas linhas a seguir.

Dow foi um dos primeiros a sugerir que o mercado não era regido
por uma sequência aleatória de fatos e ocorrências (random walk) que
motivavam cada um dos movimentos de alta ou baixa. Ele observou que o
mercado se movia através de uma sequência ordenada, e a partir disto,
elaborou a teoria de que o mercado, nas tendências de alta, possuía
basicamente três movimentos ascendentes:

-O primeiro seria um repique a um forte movimento de baixa que


estivesse em andamento;
-O segundo movimento ascendente seria uma reação do mercado à
melhorados negócios e cenário de lucros projetado;
-O terceiro e último movimento de alta seria correspondente a uma
sobretaxa no preço com relação ao valor justo.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 21

Entre estes três movimentos que caracterizariam uma tendência


primária de alta, haveria correções intermediárias para realizar lucros e
promover acumulações, e após esta tendência primária de alta , viria uma
correção, também em grandes proporções, corrigindo os valores para níveis
próximos do que seria um “valor justo”.

O princípio-chave da Teoria de Dow acabou sendo a base do estudo


de Ralph N. Elliott, em sua Teoria das Ondas de Elliott, método muito
importante para o entendimento do setup que apresentarei ao longo deste
material. Porém, antes de mais nada, sem colocar o “carro à frente dos bois”,
falarei a respeito de uma grande contribuição de Dow e seus discípulos, uma
espécie de geometria das formações comportamentais do mercado, o estudo
de topos, fundos, suportes, resistências, e tendências.

Caracterizando tendências, suportes e resistências


Vejamos a base da “geometria das formações” que foi comentada
partindo dos conceitos sobre topos e fundos de mercado. Um topo nada
mais é do que o patamar mais alto de preços atingido em um movimento de
alta, também chamado de rally ou pernada de alta, antes da perda de força
compradora e consequente inversão direcional para baixo. Um fundo, por
sua vez, é o patamar mais baixo de preços atingido em um movimento de
baixa antes da perda de força vendedora que desencadeia a inversão para um
movimento de alta.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 22

O entendimento destes conceitos será fundamental para a


compreensão do significado de suportes e resistências no mercado:

Um suporte representa o nível de preços no qual o mercado perde


força vendedora e surge uma força compradora, que interrompe o
movimento de correção. Isto demonstra claramente certa dificuldade na
busca de um patamar de preços inferior. Um suporte pode ser representado
por um ou mais fundos, alinhados horizontalmente, como no exemplo que
estamos vendo, ou através de linhas de tendência de alta, sobre as quais
falarei logo a seguir. Voltando nossas atenções em primeiro momento aos
suportes horizontais, verificamos que um suporte horizontal é mais forte
quanto maior o tempo de formação do fundo ou dos fundos que o integram,
quanto maior a amplitude da reação subsequente, ou seja, maior o rally que
se segue como reação, e quanto maior o número de toques na região.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 23

O oposto de um suporte é uma resistência, que por sua vez


representa o nível de preços no qual o mercado perde força compradora e
surge uma força vendedora na inversão de movimento, que interrompe o
movimento de alta. Ao contrário do suporte, demonstra claramente certa
dificuldade na busca de um patamar de preços superior. Uma resistência
pode ser representada por um ou mais topos, alinhados horizontalmente,
como no exemplo que estamos vendo, ou de forma linear, compondo linhas
de tendências de baixa. Da mesma forma que os suportes horizontais, uma
resistência horizontal é mais forte quanto maior o tempo de formação do
topo ou dos topos que a integram, quanto maior a amplitude da correção
subsequente e quanto maior o número de toques na região. Vale lembrar que
o topo histórico de um papel é sempre sua maior resistência horizontal, bem
como o fundo histórico é sempre seu maior suporte horizontal.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 24

Uma das mais importantes características do estudo de suportes e


resistências é o fato de que uma resistência rompida acaba por se tornar um
suporte para projeções futuras, assim como um suporte rompido acaba por
se tornar uma resistência.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 25

Sobre a direção na qual os preços de ações caminham, uma


tendência de alta é caracterizada pela formação de topos e fundos
ascendentes, ou seja, topos superiores aos que os antecedem, e fundos
superiores aos anteriormente formados. Quando, neste movimento de alta,
desde o seu início, podemos traçar uma linha de suporte que ligue os fundos
ascendentes, dizemos que temos uma linha de tendência de alta, ou LTA.

Uma tendência de baixa nos preços de determinada ação, por sua vez,
é caracterizada por formação de topos e fundos descendentes, ou seja, topos
inferiores aos que os antecedem, e fundos inferiores aos anteriormente
formados. Se desde o início deste movimento de baixa pudermos traçar uma
linha de resistência que ligue estes topos descendentes, teremos uma linha de
tendência de baixa, também conhecida como LTB.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 26

Não necessariamente um papel seguirá uma tendência em todos os


momentos. Há momentos em que ocorrem as chamadas acumulações e
distribuições, que são como períodos “mornos” no gráfico de preços em que
uma massa de investidores bem informada começa a montar suas posições
(acumulação) ou nos quais uma massa ainda maior de investidores mal
informados monta suas posições em meio à desova dos que se posicionaram
em um momento mais oportuno e que aproveitaram um movimento
principal (distribuição). Nestes momentos, o papel costuma flutuar entre um
nível de suporte horizontal e uma resistência horizontal, sem formar uma
sequencia visivelmente ascendente ou descendente, configurando a chamada
congestão gráfica.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 27

O estudo da direção dos preços obviamente segue alguns critérios,


para eliminar subjetividades na interpretação direcional. Veremos que na
linha de raciocínio à qual se aplica a “geometria” de Dow existem também
outros estudos, muitos dos quais tinham a finalidade de rastrear uma
tendência, ou seja, identificar a força dominante do movimento, se é
compradora ou vendedora. Aprofundarei no próximo tópico uma ferramenta
de análise gráfica de importância primordial no rastreamento de tendências, a
média móvel, e mostrarei algo que a maioria dos livros não apresenta: Que a
sua capacidade de promover informações úteis à análise vai muito além do
simples rastreamento. Toda a estratégia que será passada ao longo deste
material será fortemente vinculada ao estudo desta ferramenta.

A média móvel como rastreador de tendências e imã


de preços
A média móvel é de longe o método mais simples e objetivo de se
rastrear a tendência do mercado em um determinado momento, suavizando
o “barulho” dos movimentos. Uma média móvel simples ou aritmética é
basicamente uma média de um número X dos últimos fechamentos de barras
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 28

de preços na qual se somam os fechamentos de X períodos e divide-se este


produto pelo valor de X . Esta média aparecerá plotada no gráfico de preços.
A cada novo fechamento incluído no gráfico de preços, inclui-se este novo
fechamento exclui-se do cálculo o valor de fechamento mais antigo entre os
X períodos, fazendo com que a posição desta média se altere na próxima
barra de preços. Por exemplo: Em uma média móvel simples de 9 períodos,
supondo que cada barra corresponda a um dia de negociação, são capturados
os valores de fechamento dos últimos 9 dias, somados, e divididos por 9. No
fechamento do próximo dia, será excluído o primeiro dia desta sequência e
incluído o último fechamento, alterando a posição da média.

Ao passo que uma média móvel simples ou aritmética calcula com


igual peso cada um dos preços que é somado, em outras situações, como
aprofundaremos no próximo tópico, é mais interessante dar um peso maior à
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 29

direção que o mercado tomou nos dias mais recentes da sequência. Para isto
utilizaremos a média móvel exponencial, na qual o cálculo é mais sensível às
movimentações mais recentes, dando maior peso aos últimos períodos.

Dirão-nos informações importantes a respeito da sequência de


fechamentos analisada por esta ferramenta a posição dos preços com
relação a esta média, que podem estar acima ou abaixo e a inclinação
para a qual esta média aponta, seja para cima ou para baixo. Desta forma,
quando os preços estão abaixo de uma média móvel, e esta se encontra
inclinada para baixo, dizemos que no período avaliado, a tendência é de
baixa. Se os preços, por outro lado, estiverem acima da média móvel, com
esta inclinada para cima, a tendência é de alta. Existe ainda uma terceira
possibilidade, a de termos preços abaixo da média, que cruzam para cima
desta, fazendo com que a inclinação passe de baixista para altista. Neste caso,
demonstra-se uma inversão de tendência.

Sabemos que uma tendência tem sempre dois movimentos básicos: O


movimento (rally) a favor da tendência e a correção deste movimento dentro
da tendência (que recebe o nome de repique), caso contrário não há
tendência. As tendências, entretanto, podem ser variar de um período de
tempo para outro. Quando avaliamos um papel, devemos ter sempre em
mente que a tendência a ser seguida e operada varia de acordo com o prazo,
mas que todas as tendências secundárias são diretamente influenciadas pela
tendência primária (que se mantém vigente há mais tempo, integrando
tendências secundárias ao longo de seu percurso).
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 30

Neste contexto, quando utilizamos em conjunto duas médias, uma


com um maior número de períodos, e outra mais curta, veremos a mais longa
apontar para a tendência de prazo mais afastado enquanto a mais curta
aponta a direção mais imediata. Existem dois possíveis cenários, com base
nesta utilização conjunta:

1) Ambas as médias encontram-se alinhadas na mesma direção, ou seja,


tanto a tendência mais curta quanto a mais longa estão fortes no
mesmo sentido;
2) A média móvel mais curta se encontra inclinada na direção oposta à
da média mais longa, o que representa que está ocorrendo uma
correção da tendência mais longa.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 31

Uma média móvel também oferece resistência a uma tendência de baixa


(quando está acima dos preços) e suporte a uma tendência de alta (quando
está abaixo dos preços). Além disto, por se tratar de uma suavização da
memória dos preços de um período, acaba gerando um efeito de ímã nos
preços. Quando um papel se afasta muito das médias, se o movimento não
for forte o suficiente para se manter, o preço tenderá a retornar às médias. Se
o movimento, por outro lado, for forte o suficiente para se manter, as médias
tenderão a chegar ao preço.

Existem diversas estratégias envolvendo médias móveis. Há quem opere


na aproximação da média, seguindo a tendência, mas também há quem opere
no afastamento da média, tentando aproveitar o retorno. Há também quem
opere o cruzamento de médias, pois quando uma média móvel menor cruza
uma maior para cima, ocorre sinalização de reversão mais forte, da tendência
em diferentes graus convergindo para uma mesma direção, contrária à da
tendência maior outrora vigente. O mesmo vale para a sinalização de pressão
vendedora quando uma média móvel menor cruza a maior para baixo.

Enfim, há diversos setups de aproximação, afastamento e cruzamento de


médias móveis. Alguns bons, outros nem tanto. Nosso direcionamento a
partir de agora será a apresentação de um bom método de rastreamento com
efeito-ímã, que virá propor a melhor combinação de períodos para o
rastreamento de tendências por médias móveis em múltiplos tempos
gráficos, para depois vir a servir de base para o setup da ONDA PERFEITA.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 32

As médias móveis e sua afinidade temporal


A este momento você deve estar se perguntando: “Qual a melhor
combinação de períodos para o rastreamento de tendências por
médias móveis?”.

As médias móveis são ferramentas de análise gráfica que relacionam


preço e tempo de forma tão harmônica quanto em nenhum outro estudo.
Agora, qual número de períodos gera uma melhor performance do
indicador? Esta é uma importante pergunta. Sempre teremos uma média ou
par de médias mais eficiente, mas não necessariamente o número de períodos
desta média será eficaz em todos os tempos gráficos para todos os papéis.

Porém, em meus anos de estudo, observei um conjunto numérico de


períodos que oferece muitas vezes um bom ímã, suportando ou resistindo a
maioria das tendências, em um bom casamento de diversos tempos gráficos,
para a grande maioria dos papéis. O mais curioso é que a fundamentação
deste conjunto numérico tem um vínculo muito grande com a base do fator
TEMPO.

Você já parou para se perguntar sobre o motivo de uma hora ter 60


minutos, um minuto ter 60 segundos, e um dia ter 24 horas? Pois bem, este
número reflete uma antiga base numérica, dominante em civilizações antigas,
e deu origem à organização do tempo como conhecemos hoje. Este sistema
numérico é o sistema babilônico, ou sistema de base 60. Neste sistema, para a
adequação da organização do tempo aos movimentos de rotação e translação
terrestres, 60 foi a base das menores unidades de tempo, chegando ao dia
com 24 horas, a semana com 7 dias, além das funções de calendário mês e
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 33

ano, que levam em consideração outros fundamentos para sua organização


conforme vemos hoje.

A base numérica moderna, apesar da grande herança da antiga


deixada na organização do tempo, abandonou os ábacos e veio para as
representações em notação científica. Temos hoje um sistema numérico de
base decimal, que trouxe boa evolução para todos os sistemas de contagem,
agora capazes de representar números demasiadamente extensos.

Por que estou comentando esta análise das bases numéricas


existentes? Porque vejo que alguns números de organização temporal dentro
do calendário anual são bons períodos para médias aritméticas em uma
análise que considere diversos tempos gráficos, enquanto números que
representam potências de 10 com expoentes de um a três são bons períodos
para médias exponenciais neste mesmo universo de tempos gráficos.

A se considerar que o pregão só funciona de segunda a sexta-feira,


desconsiderando feriados, temos em média 21 dias úteis no mês, que formam
barras diárias, e 252 dias úteis a formar barras diárias no ano. Estes números
acabam representando bons números de períodos para médias simples.
Potências de 10, com valores entre 1 e 3 para expoentes (em especial a de
expoente 2, igual a 100)também fornecem bons números de períodos, mas
para médias exponenciais, por serem a base da notação em forma
exponencial. Uma curiosidade adicional é que o número 21, além de
quantidade média de dias úteis no mês, é um número forte, também presente
na sequencia de Fibonacci que veremos adiante.

Toda esta história não deixa de ser mera curiosidade, pois o que
realmente interessa quanto a estes períodos é o teste histórico, em que a
função de rastreamento, o efeito-ímã e a atuação como suporte e resistência
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 34

das tendências das médias aritméticas de 21 e 252 períodos e da média


exponencial de 100 períodos se demonstraram notáveis para os tempos
gráficos semanal, diário, 60 minutos, 30 minutos, 15 minutos e até mesmo 1
minuto, em diversos papéis.

No exemplo a seguir é possível visualizar, no gráfico diário de


PETROBRAS PN, diversos pontos em que a média móvel simples de 21
dias atuou como ímã/suporte de tendências curtas de alta e como
ímã/resistência nas tendências curtas de baixa. Um número
consideravelmente menor, porém com casos bastante precisos, foi o de
pontos em que a média móvel de 100 dias exponencial desempenhou esta
função. Ainda menor, mas com notável precisão, foi o número de casos
envolvendo a média simples de 252 dias. Isto porque os ímãs maiores,
vinculados a tendências maiores, tendem a puxar menos vezes o preço para
sua proximidade, dado o andamento de tendências menores, secundárias e
terciárias, que fazem com que se mantenha o afastamento por mais tempo,
tendências estas que giram na órbita dos ímãs menores.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 35

Ainda no gráfico de PETROBRAS PN, em data aleatória, busquei


uma amostra de ocorrências no gráfico de 60 minutos. Não foi difícil
encontrar diversos pontos em que as médias atuaram como ímã/suporte de
tendências de alta e como ímã/resistência nas tendências de baixa.

Surpreendentemente, não apenas para PETR4, como para a grande


maioria dos papéis do IBOVESPA, provei que as ocorrênciasde pontos em
que as médias atuaram como ímã/suporte de tendências de alta e como
ímã/resistência nas tendências de baixa eram muitas, em todos os tempos
gráficos estudados. Muitas vezes, uma média longa (100 exponencial ou 252
simples) deste conjunto em um tempo gráfico se comporta de maneira
semelhante à curta (21 períodos simples) de um tempo gráfico maior e vice-
versa. Isto me levou a adotar este conjunto de médias como ferramenta
universal de rastreamento de tendências e ímã de preços.

É claro que muitas vezes o preço vai acabar não tomando a referência
de alguma destas médias como ímã, e que para uma amostra isolada de um
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 36

tempo gráfico qualquer, talvez outro conjunto de médias pareça fazer mais
sentido, porém como em uma GRANDE amostragem estas médias se
demonstraram eficazes nas funções de rastreamento e ímã de preços,
casando perfeitamente as aparentemente randômicas formações de preços
em tempos gráficos diferentes, podemos considerar o conjunto das médias
móveis 21 simples, 100 exponencial e 252 simples uma boa referência para o
estudo dos preços, e boa base de rastreamento e ímã para o setup da Onda
Perfeita.

O Índice de Força Relativa: Do “movimento esticado”


às divergências
Irei agora discorrer a respeito de um excelente indicador, que será
fundamental na elaboração do setup “A ONDA PERFEITA”. Trata-se do
Índice de Força Relativa (IFR), descoberto pelo renomado trader americano
Welles Wilder.

Basicamente este indicador atua como medida para definir se um


ativo está esticado, neutro ou descontado em relação ao seu padrão histórico
de preços. Sua base de cálculo é simples: Trata-se da divisão do preço médio
dos fechamentos de períodos em alta pelo preço médio dos fechamentos dos
dias em baixa em um número determinado de períodos.

Como podemos imaginar a partir deste cálculo, o IFR, ao contrário


da média móvel, que rastreia preços, é um OSCILADOR de preços. O que
isto significa? Que seu valor oscila entre um limite máximo e um limite
mínimo, como, por exemplo, um pêndulo. Valores elevados para o IFR
representam que a ação em questão está sobre-comprada, ou seja, valores
esticados além do “valor real”. Valores baixos, por outro lado, indicam
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 37

sobre-venda, ou seja, o papel está descontado em relação ao seu histórico de


preços.

Mas afinal, o que seria um valor baixo ou elevado para este indicador?
Utilizando, a um primeiro momento, como base, o número de períodos mais
comummente usado, 14 períodos, é de costume utilizar como referência
linhas de sinal nos valores 30 e 70. Quando o IFR está maior ou igual a 70,
está sobre-comprado. Quando está menor ou igual a 30, está sobre-vendido.
Quando está entre 30 e 70, a indicação é neutra. A seguir um exemplo da
aplicação do IFR (14 períodos) no gráfico diário de PETROBRAS PN, na
qual podemos observar pontos em que o indicador apontou que o papel
estava esticado e pontos em que o papel estava descontado em relação ao seu
histórico de preços.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 38

Podemos observar neste exemplo que os momentos em que o IFR


identificou sobre-compra ou sobre-venda foram raros, porém bastante
precisos. Se quisermos ter um indicador mais sensível aos últimos períodos, e
portanto, mais volátil, que indique maior número de pontos de sobre-compra
ou sobre-venda devemos reduzir o período base. No exemplo a seguir,
vejamos que para o mesmo período no gráfico de PETROBRAS PN, o IFR
com 9 períodos indicou muito mais pontos de sobre-compra e sobre-venda.
O que muda no caso, é o histórico de preços que se quer tomar como
referência. Em um período menor, é claro, a memória é mais recente e o
indicador acaba ficando mais sensível às movimentações de preço.

Além de indicar momentos em que o papel encontra-se neutro,


descontado ou esticado em relação ao seu histórico de preços, existem outras
funcionalidades interessantes do IFR. Muitos o utilizam como SETUP, seja
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 39

de forma pura, efetuando uma compra quando, por exemplo, o IFR vem
abaixo de 30 e cruza esta linha de sinal para cima e uma venda quando o IFR
vai acima de 70 e cruza esta linha de sinal para baixo, ou de formas mais
aprimoradas.

Porém, apesar de considerar o IFR um bom oscilador para orientar


alguns setups e trading systems, irei dar ênfase a uma funcionalidade muito
importante do IFR, que será fundamental para o setup “A ONDA
PERFEITA”, que é a identificação de divergências gráficas.

Uma divergência no gráfico de preços nada mais é do que uma


indicação de que o movimento direcional do mercado está exausto, perdendo
a base de sustentação que seria necessária para a sua continuidade. A
verificamos em um mercado de alta quando os preços da ação continuam
formando topos e fundos ascendentes, porém o oscilador de força IFR
começa a apresentar topos e fundos descendentes. O que isto diz: O
mercado está encontrando dificuldade em aceitar valor à medida que o preço
sobe nesta tendência, tanto é que o peso dos períodos positivos no cálculo
do índice acaba perdendo espaço para o dos dias negativos, mesmo que, na
reta resultante, o papel esteja subindo. Uma divergência baixista se identifica
segundo a mesma lógica, porém ao contrário: Quando o papel se mantém em
formação de topos e fundos descendentes, e verificamos o início de
formação de topos e fundos ascendentes no oscilador IFR, verificamos uma
exaustão do movimento de baixa.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 40

O conhecimento da dinâmica das divergências gráficas será de


absoluta importância para a identificação de oportunidades através da
estratégia “A ONDA PERFEITA”. Iremos aprofundar a colocação em
prática desta informação após o tópico a seguir, que tratará da introdução à
Teoria das Ondas de Elliott e Fibonacci.

Introdução às Ondas de Elliott e Fibonacci


Aprofundando, otimizando, e trazendo maior precisão ao arcabouço
teórico deixado por Dow, por volta de 1930 Ralph Nelson Elliott surgiu com
uma inovadora teoria, a qual veio a ser notoriamente reconhecida nos anos
que se seguiram por ter dado a ele base para identificar o fundo da crise de
1935 e o longo período de alta na bolsa americana que se seguiu.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 41

Sua ciência surgiu em meio a um emaranhado de estudos sobre a


teoria do caos, da complexidade, e do comportamento de sistemas caóticos.
Elliott via a aplicação destas ideias ao mercado de ações, porque considerava
que a evolução dos preços no mercado nada mais é do que a representação
geométrica da psicologia das massas, se desenvolvendo de forma cíclica. Sua
teoria estuda somente o preço, em sua essência, e leva em conta que em
nenhum momento histórico o ambiente psicológico é idêntico ao ocorrido
em qualquer outro momento passado. Assim como Dow identificou que o
mercado, nas tendências de alta, possuía basicamente três movimentos
ascendentes, Elliott esboçou um modelo de mercado com 8 ciclos, aos quais
deu o nome de Ondas, 5 dos quais compunham um movimento de ação, e 3
compunham o movimento de reação.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 42

Para este modelo dar certo, Elliott implementou algumas regras de


contagem, como veremos a seguir:

• A “Onda 1” será a força motriz do movimento.

• O fundo da “Onda 2” deve se manter acima do início da “Onda 1”


(Caracterizando formação de topos e fundos ascendentes).

• A “Onda 3” costuma ser a mais longa de todas, mas pode ser


também do tamanho da “Onda 5” ou até menor do que esta, desde
que nunca seja menor que a “Onda 1”.

• A “Onda 4” deve ser uma onda de correção mais intensa, reagindo à


onda 3. Não deve vir abaixo da região de preços em que foi finalizada
a Onda 1, e em nenhuma hipótese pode desrespeitar o fundo da
“Onda 2”.

• O vértice(topo) da “Onda 5” deve atingir o ponto mais alto no ciclo


principal, acima do vértice da “Onda 3”, exceto em casos de onda
truncada, uma exceção padronizada à regra em que se admite uma
Onda 5 mais curta do que a 4.

• Quando o movimento estiver no topo da “Onda 5”, será iniciada


uma correção mais intensa, não com relação à onda 5 somente, mas
reagindo a todo o ciclo impulsivo 12345.

• As Ondas de Correção “ABC” devem respeitar o fundo da “Onda 2”


do ciclo de alta, sendo o ponto minimamente inferior a esse a
invalidação da contagem como se estava vendo.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 43

• Em uma correção “ABC”, o fundo da “Onda C” costuma estar


abaixo do fundo da “Onda A”. Exceto em casos que envolvem
correções complexas

• Finalizada a reação “ABC” será iniciado novo ciclo “12345” de ação.

• Com a aplicação destas regras, a reta resultante dos Ciclos de Longo


Prazo sempre será Positiva.

Em sua teoria da sequência ordenada dos movimentos de ação e


reação psicológicos, aplicou como base o conceito de FRACTAL, alegando
que cada Onda aglomerava dentro de si ondas menores seguindo este mesmo
padrão. Um fractal é uma figura auto-semelhante por natureza que segue
padrões geométricos em sua formação e proporção, com suas características
infinitamente multiplicadas por dentro de cada parte de si.Para Elliott, o
mercado era um fractal imperfeito, ou seja, reproduzia ciclos de forma
SEMELHANTE (e não igual), nas diferentes proporções aplicadas,
conforme podemos ver na figura abaixo:
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 44

Dentro da descoberta deste padrão fractal cíclico, encontrou base e


fundamentação para sua teoria na obra de Leonardo Pisano, um matemático
italiano do século XVIII, para a razão das formações fractais do mercado.
Veremos a seguir a descoberta de Leonardo Pisano sobre a Sequência de
Fibonacci:

A Sequência de Fibonacci:

0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610……

Estasequência se estende até o infinito e contém algumas propriedades


matemáticas únicas:

• Depois de 0 e 1, cada número da sequência é a soma dos dois


números anteriores (1+2=3;2+3=5; 5+8=13; 8+13=21, etc) .

• A divisão de um número da sequência por aquele que o antecede


resulta em um número próximo de 1.618 (21/13 =1.6153;
34/21=1.6190; 55/34= 1.6176, etc.). Tal aproximação prossegue
válida conforme os números aumentam. Esta é a base para a
extensão de 1.618.

• A divisão de um número da sequência por aquele que o segue resulta


em um número próximo de 0.618 (13/21=0.6190; 21/34=0.6176;
34/55=0.6181, etc). Tal aproximação prossegue válida conforme os
números aumentam. Esta é a base para a retração de 61,8%.

• A divisão de um número da sequência pelo seguinte do que o segue


resulta em um número próximo de 0.3820 (13/34=0.3820;
21/55=0.3818; 34/89= 0.3820, etc.). Tal aproximação prossegue
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 45

válida conforme os números aumentam. Esta é a base para a retração


de 38,2%. Além disso, é possível observar que 1-0.618=0.3820.

• A divisão de um número por outro que se encontra 3 posições acima


na sequência resulta em um número próximo de 0.2360
(13/55=0.2363, 21/89=0.2359, 34/144=0.2361, etc.).

1.618 é a chamada Razão Áurea, também chamada de Phi. O inverso


de 1.618 é 0.618. Tais razões podem ser encontradas na natureza, arquitetura,
arte e biologia, sendo vinculadas a objetos de grande beleza e simetria.

Eliott, a partir da análise da sequência de Fibonacci, descobriu que


todo o seu padrão das Oito ondas e fractalidade atemporal, inicialmente
encontrado através de observação empírica, estava ordenado conforme a
sequencia, conforme podemos observar na figura a seguir:
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 46

A aplicação de Fibonacci no horizonte das contagens de ondas,


porém, vai muito além da distribuição cíclica das ondas em diferentes escalas.
Através das relações de Fibonacci é possível definir alvos para movimentos
de ação e reação, além de encontrar áreas de inversão e validar o tamanho
das ondas. Estas relações acabam de aplicando de forma incrivelmente
eficiente no tamanho das ondas passadas, e nas projeções de Ondas futuras.

Com base em todos os instrumentos de análise e abordagens teóricas


que foram estudadas até aqui, posso dizer que estamos prontos para a leitura
do setup “A ONDA PERFEITA”!

Operando impulsos: A ONDA PERFEITA


É chegada a hora de iniciarmos a abordagem sobre o setup “A
ONDA PERFEITA”. Você ao acaso parou para se perguntar, ao longo da
leitura deste trabalho, o motivo de terem sido abordadas as médias móveis e
seus períodos , o IFR como oscilador de força ou indicador de divergências e
a introdução a Ondas de Elliott e Fibonacci, exatamente nesta sequência?
Pois é, tudo isto tem um vínculo, que irá originar o setup ao qual se dedica
este volume.

Já vimos que a Teoria das Ondas de Elliott acabou por ordenar e


padronizar o arcabouço teórico deixado pelos estudos de Dow. Vimos
também que esta teoria veio a trazer uma maior precisão na elaboração de
cenários futuros, com base nas formações de preço passadas, de forma a
considerar a evolução dos preços no mercado como uma representação
geométrica da psicologia das massas, mapeável em sua essência.

Basicamente o modelo das Ondas de Elliott consiste no


mapeamento de propulsões e correções em diferentes escalas, sendo as
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 47

propulsões os movimentos pró-tendência formados por 5 mono-ondas


“12345” internas, e as correções os movimentos contrários à tendência que
se formam por 3 mono-ondas “ABC”. Propulsões subdividem-se em
impulsos, padrões de fácil mapeamento de alvos e validação de cenário por
proporções de Fibonacci, e triângulos diagonais (também conhecidos como
cunhas), formações de validação mais complexa e estabelecimento de
objetivos menos precisos. Correções, por sua vez, podem ser simples
(modelo do zigzag “ABC” clássico) ou complexas (é o caso de flats,
correções triangulares, duplos e triplos “três”). Enfim, a contagem de ondas,
apesar de ser para mim uma ciência exata, é um estudo bastante
interpretativo, com certo grau de complexidade, que requer atenção e
dedicação por parte do usuário. É por sua vez uma ciência que, quando bem-
utilizada, promove resultados como nenhuma outra, tanto em termos de
precisão, quanto em seu perfeito casamento com o método de manejo de
risco comentado no capítulo anterior.

O que apresentarei a seguir é um método bastante interessante de


mapear prováveis impulsos, seguindo um padrão de forte vínculo com regras
de contagem, mas que, com o auxílio das ferramentas e métodos abordados
até agora, não necessita que seu usuário faça uma contagem de ondas
completa para utilizá-lo com eficácia. Trata-se do setup “A ONDA
PERFEITA”. Este setupnão algorítmico tem se demonstrado ideal para
operar uma Onda 3 de Elliott, após formadas as prováveis ondas 1 e 2. É
observado a partir dos indícios de final de uma Onda C, partindo do
princípio de que o final de uma correção “ABC” iniciará uma propulsão em
mesma escala, ou seja, em mesmo nível fractal. Existem formas de operar
este setup tanto para estratégia em ponta comprada quanto em ponta
vendida, porém, para sua aplicação na ponta vendedora, algumas regras
adicionais são implementadas, de modo a eliminar ambiguidades que
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 48

poderiam surgir dentro de correções complexas. Para simplificar as


explicações de modo a torná-las claras e objetivas, exemplificaremos
operações somente em ponta comprada. Posso adiantar, porém, que as
regras de adaptação do setup para cenários vendedores são simples e de fácil
aplicação.

A estatística envolvendo o estudo deste setup em tempos passados


demonstra que, na maioria vezes, quando sinalizado, tende dar andamento a
um IMPULSO com onda 3 estendida. Aí vem a pergunta: “O que é uma
onda estendida?”. Uma extensão é o alongamento de uma sub-onda do
impulso maior, tendo esta, subdivisões tão aparentes quanto as do fractal
maior. Uma onda 3 entendida costuma medir entre 1,618 e 2,618 vezes o
tamanho da Onda 1, projetada a partir do fundo da Onda 2. Atenção neste
ponto: Já temos aí uma relação de Fibonacci começando a clarear o
horizonte do que seria uma definição de alvo.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 49

Sigamos, então, para a explicação sobre “Como perceber os indícios


de finalização de uma Onda C”, que dão início à sinalização da Onda
Perfeita. Como sabemos, Uma Onda C nada mais é do que uma onda que faz
parte de um ciclo corretivo maior, porém é sub-dividida em 5 subondas, de
modo a caracterizar propulsão.

O que ainda não foi falado, no entanto, é que geralmente em uma


propulsão, a Onda 3 é a onda que mais estica ou desconta o oscilador de
força, no caso o IFR. Isto quer dizer que, em uma Onda C baixista, que
constitui uma propulsão baixista em menor escala, a Onda 3, tendo maior
intensidade, deve levar o IFR a níveis bastante descontados, níveis estes que
deverão ser recuperados em uma onda 4 de repique altista. Na Onda 5,
mesmo com o fundo descendente nos preços, o IFR, em queda, não será
“puxado” a nível inferior ao deixado no final da Onda 3, e isto nos trará uma
divergência altista, denunciando indício de final da Onda C. Em propulsões
altistas, esta regra da divergência também valerá, porém ao contrário.

Cabe observar porém, que este padrão de divergência gráfica entre


Ondas 3 e 5, apesar de comum, não deve ser adotado como lei, pois às vezes,
mesmo se houver maior intensidade de tendência na Onda 3, uma Onda 4
curta pode fazer com que o oscilador não desconte a ponto de gerar a
divergência ao final da Onda 5.

Desta forma, compreendida esta relação entre o IFR e a contagem de


Ondas, podemos seguir em frente com a explicação do setup. A seguir,
veremos o passo-a-passo da sinalização de “ONDA PERFEITA”, com o
auxílio do efeito rastreador das médias móveis em períodos 21 simples, 100
exponencial e 252 simples.
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 50
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 51

1) Em primeiro lugar, iremos observar no gráfico a formação de


preços, em tendência de baixa, com topos e fundos descendentes.
No momento em que observarmos uma divergência de alta, está
dado o primeiro sinal.
2) Logo em seguida, verificaremos se a posição das médias está
realmente baixista, com a MM21s logo abaixo da 100e, e esta por
sua vez inferior à 252s, de modo de vir decaindo a posição das
maiores para as menores. Caso contrário, se as médias estiverem
emaranhadas, ou seja, em uma sequência que não vá da maior
para a menor ou vice-versa, elimina-se a possibilidade de
sinalização do setup.
3) Se até aí estiver tudo certo, é hora de verificar se ocorreu um
repique na sequência desta divergência da forte tendência de
baixa ou se a formação permaneceu formando fundos
descendentes no gráfico de preços. Se o repique de fato tiver
ocorrido, como seria de se esperar, vejamos se ele violou a média
móvel de 21 períodos simples. Se o repique tiver violado esta
média, ou seja, superado sua faixa de preços, continuaremos a
considerar a possibilidade de sinalização do setup. Se, nesta
violação, tiver tornado a inclinação desta mesma média
ascendente, mesmo que por curto período de tempo, traz uma
perspectiva ainda mais confiável.
4) Agora é um momento importante: Saberemos se o “repique”
visto até então foi apenas um repique ou será efetivamente o
início de uma propulsão em forma de impulso. Para isto, após
finalizado este rally de alta, devemos traçar com a ferramenta de
“retração de Fibonacci” do topo do movimento até o fundo
anterior ao rally as linhas de referência. Se, após este rally, o
movimento corrigir entre 38,2% e 61,8% da amplitude deste e
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 52

retomar movimento de alta, será possível que o “repique” visto


até então, de repique não tenha nada, e que esteja ocorrendo o
início de uma propulsão em escala maior.
5) Ocorrendo a retomada altista após a correção entre 38,2% e
61,8% da amplitude da pernada de alta, se ocorrer o rompimento
do topo deixado por esta, tendo, é claro, respeitado o fundo
anterior, teremos efetivamente a formação de um PIVOT de alta,
a clássica figura que atua como força motriz de uma reversão
direcional.
6) Com isto, a partir do vértice do pivot, ou seja, do fundo da
correção que antecedeu este rompimento, o fundo de nossa
suposta Onda 2, projetaremos 1.618 x a amplitude do rally de alta
que compôs a primeira pernada (suposta Onda 1) para cima. Este
será o nosso alvo para o movimento de alta a ser seguido,
considerando formação de Onda 3 estendida. O STOP da
operação ficará 01 centavo imediatamente abaixo do fundo da
Onda 2 suposta, vértice de nosso pivot, pois segundo as regras de
contagem de Ondas, para ser mantida a projeção de impulso, o
fundo da Onda 2 não poderá ser perdido.

A partir destes passos, teremos a consolidação de um SETUP


robusto, que terá a nos oferecer uma relação de retorno/risco favorável na
maioria das vezes, com pontos pré-definidos antes do início da operação, e
ainda tem filtros que diminuirão a possibilidade de confundirmos uma
correção complexa ou propulsão triangular diagonal com impulso. Uma
observação, no entanto, se faz necessária: Este setup não tem o objetivo de
substituir uma contagem de ondas completa, mas sim o de identificar
momentos propícios à formação de impulsos com alvos definidos no
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 53

mercado. Vale dizer que realizar uma contagem de ondas completa tende a
otimizar os resultados das operações, e portanto, a performance atingida.

“A ONDA PERFEITA” é um setup que tem como base o


rastreamento de ciclos com base nos ciclos de mesma escala, portanto, é de
flexível aplicação em múltiplos tempos gráficos, que variam desde o gráfico
semanal até tempos curtos como por exemplo o gráfico de 60 minutos ou o
de 15 minutos.

Veremos a seguir um exemplo de aplicação do setup no gráfico diário


de PETROBRAS PN:

Como podemos ver, foram satisfeitas as condições de existência do


setup de 1 a 5, pois foi observada a divergência altista do IFR, as médias
estavam em posição que denunciava forte tendência de baixa, o “repique”
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 54

violou a região da MM21s, a correção deste terminou entre 38,2% e 61,8%


deste rally de suposta Onda 1, e foi rompido o topo deste rally, formando o
PIVOT, que irá nos dizer que é provável o andamento de uma Onda 3
estendida.

Iremos agora abordar o “como projetar o alvo da Onda 3 com a


ferramenta de retração de Fibonacci da plataforma ADVFN”, de modo a ter
o efeito de extensão. Podemos observar o início do procedimento na figura
acima. Como 1/1.618 = 0,618 (razão áurea), o primeiro passo desta projeção
é, partindo do fundo principal deixado, encaixar o nível de projeção 61,8%
no topo da primeira pernada de alta do pivot.

A partir daí, bastará arrastar esta referência de fibonacci de modo que


a linha de referência de 0% se encaixe no fundo da suposta Onda 2, sendo a
COLETÂNEA COMPLETA DE SETUPS – A ONDA PERFEITA 55

linha de referência de 100%, então, nosso alvo. Com alvo estabelecido,


posicionaremos STOP logo abaixo do vértice do pivot, ou seja, do fundo da
suposta Onda 2.

No exemplo, o alvo foi efetivamente atingido, de modo a trazer o


STOP GAIN da operação.
CAPÍTULO 3

Conclusão

Amigo investidor, a partir de tudo isto que vimos juntos, posso dizer
que você tem “a faca e o queijo” nas mãos, para fazer com que seu lado
racional predomine sobre o emocional, trazendo bons frutos.

Acredite, conhecendo análise gráfica e setups, você já está à frente da


maioria, mas não acaba por aí. É preciso ter também o pleno entendimento
de que a análise gráfica não é uma bola de cristal, e de que por mais assertivo
que seja o método, o que diferencia o verdadeiro trader do jogador é a
disciplina para colocar em ação uma boa estratégia de gerenciamento de
risco.

Não reclame do mercado, aprenda a ganhar com ele!


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