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Posição Depressiva

Durante o desenvolvimento do bebê, mesmo nos primeiros meses, ele


experimentará momentos de integração mais ou menos completa. No entanto,
quando os processos integradores se tornam mais estáveis e contínuos, é
engendrada uma nova fase de desenvolvimento; a posição depressiva.
A posição depressiva foi definida por Melanie Klein como a fase de
desenvolvimento na qual o bebê reconhece um objeto total e se relaciona com
esse objeto. Esse é um momento crucial no desenvolvimento do bebê, e é
claramente reconhecido por leigos. Todos que rodeiam o bebê percebem uma
mudança e reconhecem-na como um enorme passo em seu desenvolvimento;
observam e comentam o fato de que o bebê agora reconhece sua mãe. Logo em
seguida, como sabemos, ele começa rapidamente a reconhecer outras pessoas
em seu ambiente; primeiramente, via de regra, seu pai. Quando o bebê
reconhece sua mãe, isso significa que agora ele a percebe como um objeto total.
Ou seja, o bebê se relaciona cada vez mais não apenas com o seio, mãos, face,
olhos da mãe, como objetos separados, mas com ela própria como uma pessoa
total, que às vezes pode ser boa, às vezes má, presente ou ausente, e que pode
ser tanto amada como odiada.
Com essa alteração na percepção do objeto, há uma mudança fundamental no
ego, porque, assim como a mãe se torna um objeto total, o ego do bebê se torna
um ego total, e é cada vez menos dividido em seus componentes bons e maus.
A integração do ego e do objeto ocorre integralmente.
Quando a mãe é percebida como objeto total, o bebê está mais capaz de
lembrar-se dela, ou seja, de lembrar-se de gratificações anteriores nas ocasiões
em que ela parece estar privando-o, bem como de lembrar-se de experiências
anteriores de privações quando ela o está gratificando. Na medida em que
prosseguem esses processos de integração o bebê se dá conta de que ele, tanto
ama quanto odeia a mesma pessoa (sua mãe). Então, ele se defronta com
conflitos sobre a sua própria ambivalência. Na posição depressiva, as
ansiedades brotam da ambivalência, e a principal ansiedade da criança é a de
que seus próprios impulsos destrutivos tenham destruído ou destruam o objeto
que ela ama e do qual depende totalmente.
A experiência de depressão mobiliza no bebê o desejo de reparar seu objeto ou
seus objetos destruídos. Anseia por compensar o dano que infligiu a eles em sua
fantasia onipotente, por restaurar e recuperar seus objetos amados perdidos, e
por lhes dar de volta vida e integridade. O conflito depressivo é uma luta
constante entre a destrutividade do bebê e seu amor e impulsos reparadores. A
posição depressiva marca, uma etapa crucial no desenvolvimento do bebê, e
sua elaboração é acompanhada de uma radical alteração em sua visão de
realidade.

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