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O USO DOS PRAZERES

CÓDIGO MORAL:
Valores + das ações atos autorizados atos proibidos valores - das ações
ATOS / CONDUTAS:
Relação consigo mesmo

Código moral diferente de Atos / condutas


O código moral diz a positividade ou negatividade dos atos.
Atos ou condutas são a atitude real das pessoas em face das prescrições morais que lhe são impostas.
Para que os atos sejam realizados pelo sujeito, há que se considerar uma relação que o sujeito tem consigo
mesmo, que diz respeito aos motivos pelos quais o sujeito fará ou não tais atos.

Sujeito ético diferente de problema moral


Sujeito ético: que se relaciona consigo mesmo e com os outros
Problema moral: problema relacionado à conduta moral

Relação consigo mesmo:


1. como o sujeito se comporta em relação a sua condita moral (o que é: qual a substância ética)
Sentimentos – sujeito moderno
Intenção – kant
Desejo – cristão
Aphrodisia – gregos

2. Modo de sujeição: dois indivíduos podem agir de maneira igual, porém, regidos por códigos diferentes (porque?)
3. Quais são os meios pelos quais podemos nos transformar a fim de nos tornarmos sujeitos normais? Aqui cabem as
práticas de si (como? De que maneira? De que forma?)
4. Teleologia moral: que espécie de ser eu quero me tornar quando adoto um comportamento moral? (qual objetivo?)

Exemplo: os gregos
Substância ética dos gregos: aphrodisia – o que é
Modo de sujeição: escolha político-estética – por que? Para ter ascendência sobre os outros; para garantir sua
independência em relação a acontecimentos exteriores e ao poder dos outros.
Meios pelos quais a sujeição acontece: tekhne do corpo – como, de que maneira, de que forma
Teleologia moral: o domínio de si – objetivo

Genealogia de Foucault: Uma história não da lei moral, mas do sujeito moral.
1. Da época clássica ao pensamento greco-romano da época imperial (Hermenêutica do Sujeito):
Modificações concernentes principalmente no modo de sujeição (não mais uma escolha político-estética, mas uma
escolha estética e horizontalizada para todas as pessoas e em todas as idades; vira um estilo de vida); e na teleologia
moral (não mais para governar a cidade, mas para governar a si mesmo e não se deixar governar pelos outros –
independência e agatheia).
2. Da filosofia greco-romana ao cristianismo (Do Governo dos Vivos):
Modificações concernentes, desta vez, quanto a substância ética (definida agora pela concupiscência, pelo desejo);
modo de sujeição (não mais uma escolha estética, uma estética da existência, mas a busca da pureza); modos de ação
sobre si mesmo (a purificação, a extirpação dos desejos, o deciframento, a hermenêutica de si); e por fim a teleologia
moral (que não significa mais dominar a si mesmo, mas a integridade de si em relação aos outros).
O sujeito “cristão devia ser o objeto de um exame constante, porque era ontologicamente marcado pelas
concupiscências e pelos desejos da carne. A partir desse momento, o problema não era instaurar uma relação acabada
consigo mesmo, mas, ao contrário, era preciso se decifrar a si mesmos e renunciar a si”. p. 232.
“Por conseguinte, entre o paganismo e o cristianismo, a oposição não é da tolerância e da austeridade, mas a de uma
forma de austeridade que está ligada a uma estética da existência e outras formas de austeridade que estão ligadas à
necessidade de renunciar a si, decifrando sua própria verdade”. p. 232

3. Valorização do ATO – PRAZER – DSEJO (Subjetividade e Verdade):


Entre os gregos e de maneira geral na Antiguidade: o ATO constituía o elemento importante. Era sobre o ato que era
preciso exercer o controle. Definia-se a quantidade, o ritmo, a oportunidade, as circunstâncias.
Na erótica chinesa: o elemento importante era o prazer. Era preciso majorar, intensificar, prolongar tanto quanto
possível, retardando o ato em si, e no limite, abstendo-se.
Na ética (cristianismo?): o elemento mais importante é o desejo. É preciso decifrar, lutar contra ele, extirpar suas
menores raízes. Quanto ao ato é possível cometê-lo mesmo sem sentir prazer, em todo caso, anulando-o tanto quanto
possível. (sentido de procriação?)

O CUIDADO DE SI
Período histórico: do séc. IV a.C. ao séc. II – III d.C.
Epimeleia heautou – cuidado de si
Epimeleia: trabalho, aplicação, zelo por alguma coisa. Refere a uma atividade, uma atenção, um conhecimento.
O saber, o conhecimento sempre esteve presente no cuidado de si, porém, de uma forma diferente de uma investigação
interior.
Epicuristas: conhecimento geral do mundo, a relação entre o mundo e os deuses... tudo isso era preciso ter para cuidar
bem de si mesmo. Objetivo era chegar a autossuficiência.
O que interessa no conceito clássico do conceito de si é que algumas técnicas ascéticas que são atribuídas ao
cristianismo, foram na verdade desenvolvidas num período anterior a partir de modificações do sentido do cuidado de
si. Especialmente em relação a uma moral sexual não há uma ruptura na austeridade moral da antiguidade para o
cristianismo, mas este tomou daquele alguns dos preceitos morais sexuais rígidos que já existiam na Antiguidade
tardia. Vale lembrar que apesar dos atos, das condutas serem as mesmas, o objetivo, a teleologia moral era diferente.
Nos gregos, acredita-se que não havia uma preocupação com a vida eterna após a morte.
Eles agiam, ao contrário, com o desígnio de dar à sua vida certos valores (de reproduzir certos
exemplos, de deixar atrás de si uma reputação excepcional ou de dar o máximo de brilho à sua vida).
Tratava-se de fazer de sua vida um objeto de conhecimento ou de tekne, um objeto de arte.1

1 FOUCAULT. “Sobre a genealogia da ética: um resumo do trabalho em curso” in D&E vol. IX. p. 229.

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