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Termodinamica PDF
Termodinamica PDF
Termodinâmica
Carlos Alberto Fonzar Pintão
Momotaro Imaizumi
Carlos Alberto Soufen
Americo Sheitiro Tabata
Geraldo Luiz Palma
Renato Carlos Tonin Ghiotto
1. Introdução
De todos os empreendimentos tecnológicos do homem o mais importante é a
capacidade de controlar grandes quantidades de energia. Uma das finalidades desta
apostila é tentar explicar um método de análise, baseado na ciência da termodinâmica,
para processos que envolvem produção, controle e o uso de energia. Assim a
termodinâmica é uma ciência que abrange uma gama muito extensa de fenômenos
naturais e que compreende o estudo da energia e das suas transformações, com isso
possibilitando ao homem a capacidade de controlá-la. Desta forma podemos definir a
termodinâmica como a ciência das transformações de energia relacionadas com as
propriedades físicas das substâncias.
2. As Leis da Termodinâmica
1
Sistemas Termodinâmicos: Compreende certa quantidade de matéria ou
especificada região, não necessariamente de volume constante, onde concentramos
nossa atenção para as transferências de energia e/ou de massa.
Meio: Região que está situada fora do sistema. Portanto, a fronteira é o limite que
separa o sistema do meio.
Sistema Aberto: Uma região que troca massa com o exterior (meio) além de poder
trocar energia. Às vezes é denominado de volume de controle. Neste caso a fronteira é
denominada de “superfície de controle”.
Exemplos de Sistemas:
O sistema da Fig.1 permite a troca de
energia com o meio, mas não permite a
troca de massa, ou seja, sua massa é
constante. Trata-se de um sistema
fechado. Se cobri-lo com um isolante
térmico, não deixando que ele troque
energia com o meio dizemos que ele é
um sistema fechado e isolado. Mudando
a posição do embolo altero sua
fronteira.
O compressor de ar da Fig. 2 é um
exemplo de sistema aberto, pois o fluido
que se escoa no seu interior penetra no
sistema pela seção de admissão, e dele
sai pela seção de descarga, seções que
fazem parte de sua fronteira. Logo é um
sistema que troca massa com o meio. Se
o mesmo não for isolado termicamente,
então pode trocar calor com o meio.
2
Figura 2- Sistema aberto
Dois estados de um sistema são chamados idênticos se cada uma das propriedades do
sistema for de mesmo valor em ambos estados.
Diz-se que o sistema realizou um ciclo, quando os extremos do processo são idênticos.
Exemplo: Gás Freon numa geladeira doméstica sofre um ciclo.
3
quasestático. Assim, o processo quasestático é aquele no qual o desvio do equilíbrio
termodinâmico é infinitesimal e todos os estados percorridos pelo sistema durante o
processo quasestático podem ser considerados como estados de equilíbrio. Muitos
processos reais se aproximam bastante dos quasestáticos de modo que podem dessa
maneira ser tratados sem incorrer em erros grosseiros. Na fig. 1, se os pequenos pesos
forem retirados (imaginando pesos infinitesimais) um por vez, o processo será
quasestático. No entanto, se todos os pesos forem retirados simultaneamente, o êmbolo
subirá, rapidamente. Este seria um processo sem equilíbrio termodinâmico, e o sistema
não estaria em equilíbrio em nenhum instante durante a sua realização. Nos processos
afastados do equilíbrio (ou reais, só se pode descrever ou definir o estado do sistema
antes do processo e depois dele ser completado e logo que o equilíbrio é restaurado.
Exemplos:
É evidente que, quando a forma exata da equação é conhecida, pode-se calcular o valor
numérico de uma das propriedades, desde que sejam atribuídos valores numéricos às
outras três. A forma pela qual essa equação é escrita depende da natureza da substância
de que é constituído o sistema, como da fase em que se encontra.
Desta forma, sendo o sistema constituído por um gás perfeito, a equação de estado é
escrita na forma simples por PV=mRT.
Observações: Ar seco (líquido), em contato com o seu vapor, ele não é considerado
como uma substância pura, pois os pontos de ebulição (ou de condensação) do O2 e N2
na fase líquida e de vapor são diferentes. Uma substância pura pode existir em qualquer
fase (sólida, líquida, ou vapor) ou ainda em uma mistura de fases, sendo muito comum
existir em duas fases e mais raro em três fases em equilíbrio.
5
Figura 2.3 a 2.11 - Mudança de fase da água: líquido - vapor.
6
pura existe uma relação biunívoca entre a pressão e a temperatura de mudança de fase.
Ver Tabela 1 e Figura 2.13.
X=0,8 significa que 80% é vapor e 20% líquido; X=1,0 significa vapor saturado e X=0
significa líquido saturado.
7
Vapor Superaquecido: Quando a temperatura do vapor é superior a temperatura de
saturação na pressão de saturação. A diferença entre a sua temperatura e a temperatura
de saturação, numa dada pressão é conhecida como grau de superaquecimento do vapor.
Figura 2.14- Esquema simples do superaquecimento de vapor. Pressão 2,0ata com uma
temperatura de saturação de 119,60C. Vapor a 2,0ata e superaquecido a 1400C. Grau de
superaquecimento é 140-119,6=20,40C.
Ponto Crítico: Quando não há mais patamar de mudança de fase líquido-vapor esse
ponto é chamado crítico.
8
Equilíbrio sólido líquido e vapor: Consideremos uma quantidade qualquer de
gelo à pressão de 1 atm e temperatura de -100C. Fornecendo calor ao sistema e
mantendo constante a pressão, a temperatura do sistema aumentará e consequentemente
o volume. Isto ocorre até 00C, quando tem início a fusão do gelo, passando a líquido.
Nesta condição o gelo é chamado de sólido saturado. Prosseguindo o aquecimento, todo
o sólido passa a líquido a 00C e 1 atm. Transferindo mais calor ao líquido remanescente,
este será aquecido até 1000C, onde tem início a vaporização( já estudada anteriormente).
Repetindo a experiência anterior à uma pressão menor de 0,0063 atm, observamos
passagem direta do sólido para a fase de vapor. Esta mudança é conhecida como
sublimação. Porém, se a experiência for realizada à pressão constante e igual a 0,0063
atm, atingida a temperatura de 0,010C, parte do sólido funde e parte vaporiza, ficando
em equilíbrio as três fases, isto é: sólido, líquido e vapor. Este ponto é chamado de
ponto triplo.
Figura 2.17- Diagrama PXt para a água. PC=ponto crítico; PT=ponto triplo; 1-2:
Mudança S-L(fusão); 3-4: Mudança L-V(vaporização); 5-6: Mudança S-L-V (Fusão
+Vaporização); 7-8: Mudança S-L (Sublimação).
Observações: O estudo feito para água vale para qualquer substância pura. Para sólidos
que apresentam transição de estrutura, apenas um ponto é o ponto triplo a rigor, como
exemplo o Feα, Feβ e Fe.
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quando são conhecidas duas outras propriedades independentes. Para determinar o
estado termodinâmico de um sistema, devemos conhecer:
10
Figura 2.20 – Temperatura versus Entropia (Txs)
11
Exemplo: Vamos supor um bloco quente de cobre que é jogado num recipiente que
contém uma quantidade de água ma à temperatura ambiente e supor que o recipiente
esteja isolado termicamente. Portanto, o calor que é uma energia em transito causada
pela diferença de temperatura, tc-ta é transferido para aquecer a água, até que haja o
equilíbrio de temperaturas, isto é: tc=ta=te. O calor cedido pelo cobre é recebido pela
água.
Kcal: Quantidade de calor trocada e que varia de 1ºC (15,5º a 16,5ºC) a temperatura de
uma unidade de massa (1kg) de água. 1BTU=0,252kcal.
Q é a energia transferida para a massa m de uma substância, fazendo com que a sua
temperatura varie de ΔT, expressa, no caso em que não há mudança de fase da
substância por: Q mc T
12
O calor latente de fusão é a energia necessária para romper todas as ligações
intermoleculares num quilograma de uma substância de maneira a converter a fase
sólida em fase líquida.
O calor latente de evaporação para uma dada substância é geralmente muito maior do
que o calor latente de fusão.
Convenção de sinais:
Figura 3.2- Calor recebido pelo sistema é positivo e calor cedido pelo sistema é
negativo.
Condução
13
Em escala atómica há uma troca de energia cinética entre moléculas, na qual as
moléculas menos energéticas ganham energia colidindo com moléculas mais
energéticas. Antes de se inserir a barra na chama, os átomos estão vibrando em torno de
suas posições de equilíbrio. À medida que a chama fornece energia à barra, os átomos
próximos à chama começam a vibrar com amplitudes cada vez maiores. Colidem com
seus vizinhos e transferem um pouco de sua energia nas colisões. O aumento da
vibração das moléculas representa uma elevação de temperatura do metal. A taxa de
condução depende das propriedades da substância.
Considere um bloco cujo material tem espessura Δx e uma secção de área A, cujas faces
opostas têm temperaturas T1 e T2, onde T2> T1
H é a potência
T1
Q T
H A
t x
T2
H Q / t (Watts)
Suponha que uma substância esteja na forma de uma barra longa e uniforme e de
comprimento L.
14
Está isolada de modo que a energia não
possa escapar pelo calor a partir da sua
superfície exceto nas extremidades, que
estão em contacto térmico com
reservatórios que têm temperaturas T1 e T2
Convecção
15
A energia é transferida pelo movimento de um fluido.
Radiação
A energia é transferida pela radiação electromagnética. A origem da radiação
electromagnética é a aceleração de cargas eléctricas. Qualquer corpo emite radiação
electromagnética devido ao movimento térmico de suas moléculas.
16
A é a área da superfície
do corpo em metros
quadrados.
e é uma constante
chamada emissividade.
T é a temperatura da
superfície do corpo em
kelvins
Exemplo: O sistema abaixo realiza trabalho sobre o meio, pois se substituirmos a hélice
(ventilador) por uma polia e um peso, haverá o levantamento dele.
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Figura 3.5 e 3.6- Identificando se o sistema realiza trabalho sobre o meio.
Unidades de trabalho:
POTÊNCIA (P)
Representa o quociente entre o trabalho e o tempo gasto na sua realização. Pode ainda
ser expresso como o produto da força pela velocidade do corpo ou sistema.
P=W/t ou P= F v.
Unidades mais freqüentes: 1 HP=33000 lb*ft/min.; 1CV=75kg*m/s.
Alguns exemplos de realização de trabalho:
Ex 1- Expansão de um gás qualquer contido num balão. A expansão pode ser convertida
integralmente no levantamento do peso, trata-se de trabalho realizado pelo sistema. Ver
Fig. 3.7.
18
Fig. 3.7- Exemplo de trabalho realizado pelo sistema.
20
Trabalho e Calor em Processos Termodinâmicos:
As variáveis de estado ou propriedades de um sistema como: pressão, volume,
temperatura e energia interna só podem ser específicadas se o sistema estiver em
equilíbrio termodinâmico. As variáveis de transferência – trabalho e calor, só têm valor
diferente de zero se ocorrer um processo no qual a energia é transferida através da
fronteira do sistema.
Porque P F e dW PdV
A
21
Expansão do gás: Compressão do gás:
O trabalho realizado pelo gás é positivo O trabalho realizado pelo gás é negativo
Vf
W PdV
Vi
O trabalho realizado pelo gás depende da trajectória seguida entre os estados inicial e
final, portanto ele não é uma função de ponto e o seu valor é uma função da trajetória.
Matematicamente, dizemos que não se trata de diferencial exata e sim parcial. O calor
também não é uma função de ponto, mas, sim, da trajetória (caminho do processo).
Logo os simbolos a serem usados são: W pdV e Q Tds .
Vf
W1 Pf V f Vi W2 Pi V f Vi W3 PdV
Vi
22
W1 W3 W2
Cálculo do trabalho para alguns processos:
Supondo n moles de gás perfeito para os seguintes processos:
a) Isobárico (p=constante)
V2
W pdV , então integrando de V1 até V2, teremos: W pdV p V.
V1
Vf
W nRT ln .nRT ln P1
Vi P2
23
V2
W pdV p V 0 , pois V=constante e ΔV=0.
V1
Supondo um sistema fechado que troque com o meio apenas calor e trabalho, se ele
receber energia do meio sob forma de calor e após transformar-se, seu estado final for
idêntico ao seu estado inicial, este sistema realizou trabalho equivalente ao calor
recebido. Analogamente, se um sistema fechado ao realizar um ciclo, recebeu do meio
energia sob a forma de trabalho, com base no primeiro princípio, pode-se afirmar que o
sistema fornecerá ao meio uma quantidade de calor equivalente à quantidade de trabalho
por ele recebido. Concluímos que por causa dessa equivalência existente, o primeiro
princípio também é chamado de “Princípio da equivalência”.
Alguns valores de J e A:
Como resultado dessa discussão, o calor e o trabalho poderão ser expressos nas mesmas
unidades. Portanto podemos expressar que Q W ou Q W 0.
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Figura 3a- Processos termodinâmicos com caminhos distintos.
2 1 2 1
QA QB WA WB (1)
1 2 1 2
2 1 2 1
QA QC WA WC (2)
1 2 1 2
1 1 1 1
QB QC WB WC (3)
2 2 2 2
1 1 1 1
QB WB QC WC (4)
2 2 2 2
1 1
[ Q W ]B [ Q W ]C (5)
2 2
Desde que os caminhos “B” e “C” representam processos arbitrários entre os estados
“1” e “2”, concluímos que a quantidade [ Q W ] é a mesma para todos eles. Portanto
a quantidade [ Q W ] depende somente do estado inicial e final (estados extremos)
do processo e não do caminho percorrido pelo sistema. Logo, estamos tratando com
uma função de ponto, e portanto com uma diferencial exata de uma propriedade do
sistema. A esta propriedade damos o símbolo “E”.
2 2 2
Q dE W , que será expressa como: Q12 E12 W 12 E2 E1 W 12
1 1 1
26
Q12 = Calor transferido para o sistema durante o processo efetuado entre os estados 1 e
2.
“E” é uma propriedade do sistema e representa toda energia do sistema num dado
estado. Esta energia poderia estar presente sob uma variedade de formas: energia
cinética e potencial do sistema como um todo, energia química como no caso de uma
bateria, energia associada ao movimento e posição das moléculas, energia armazenada
em um condensador e outras.
Entretanto, como as energias cinéticas e de posição poderão ser avaliadas por meio de
parâmetros macroscópicos, torna-se conveniente à Termodinâmica separar estas formas
de energia e as demais serão consideradas como única energia, que será chamada de
energia interna “U”. Assim tem-se que : E=U+EC+EP, todas grandezas são propriedades
termodinâmicas e o primeiro princípio pode ser escrito sob a forma:
Q dU dEC dEP W.
Q dU W
Se o sistema realizar um “ciclo”, o estado inicial coincidirá com o estado final para os
valores das propriedades do sistema, então “U2” será igual a “U1” e teremos a equação
geral do primeiro princípio Q W.
1 mv 2 m
Energia cinética (EC): EC ou dEC v dv .
2 gC gC
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mg mg
Energia potencial gravitacional (EP): E P z ou dE P dz .
gC gC
Já havíamos definido anteriormente neste texto, porém agora o faremos de uma forma
u
mais geral, pois cv ( ) v . Desta expressão resulta para qualquer transformação a
T
T2
volume constante que: ( u ) v C v dT ou (du) v cv dT (dq) v .
T1
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Observe que definimos os calores específicos em termos de propriedades do sistema e
não de quantidade de calor, a razão deste procedimento é que fica claro que os calores
específicos são propriedades também.
dE
Entendimento da equação Q W .
dt
Um sistema aberto, a variação de energia armazenada nele pode ser tanto pelas trocas de
calor e trabalho, como também pela entrada e saída de massa de fluido, cruzando a
fronteira. Este último tipo de energia, denominada de energia de fluxo e expressa por
unidade de massa é: ef=pv. Vamos considerar um intervalo de tempo dτ, uma massa δm1
que entra no sistema e uma quantidade δm2 que sai do sistema, respectivamente pelas
seções 1 e 2, ver Figura IV.10a. Imagine também uma troca de calor e de trabalho do
sistema com o meio, Q e W , respectivamente, e que sua energia E varie de dE.
Podemos observar que u+pv=h= entalpia. A soma da energia interna com a energia de
fluxo nada mais é do que a entalpia. Propriedade que já tínhamos definido
anteriormente.
29
(v1 ) 2 g (v 2 ) 2 g
Q W m1 (h1 z1 ) m2 (h2 z2 ) dE , mas
2gC gC 2gC gC
(v ) 2 g
dE d (U z ) , que representa o acréscimo de energia armazenada dentro
2gC gC
dos limites do sistema, acréscimo decorrente da transferência de calor, trabalho e de
massa. Assim teremos:
(v1 ) 2 g (v 2 ) 2 g (v ) 2 g
Q W m1 (h1 z1 ) m2 (h2 z 2 ) d [m(u z )]
2gC gC 2gC gC 2gC gC
Observe que tudo ocorreu durante o intervalo de tempo dτ, tão pequeno quanto se
queira, de forma que se pode considerar as grandezas variáveis como constantes, a
menos de erros de 2ª ordem, sendo que esta expressão é válida tanto para o regime
permanente como para o variável. Se fizermos nesta última expressão m1 m2 0 ,
obteremos o 1º princípio para o sistema fechado, o que nos permite concluir ser um caso
particular do sistema aberto. Dividindo a equação geral, válida para sistema aberto,
chegamos:
(v1 )2 g (v2 )2 g d (v ) 2 g dE
Q W m 1 (h1 z1 ) m 2 (h2 z2 ) [m(u z )]
2 gC gC 2 gC gC dt 2 gC gC dt
a) Um corpo (ou substância, ou sistema) quente cede calor a um corpo frio. Logo, o
corpo quente esfria e o frio aquece. Caso bastante familiar é o esfriamento de
café por exposição ao ar (sistema frio). Porém, o café jamais será aquecido pela
simples exposição ao ar. Portanto a transferência de calor espontânea, de um
corpo frio para um quente é impossível pela 2ª Lei da Termodinâmica.
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Figura 5.1- Exemplo de transferência de calor, sentidos espontâneo e impossível pela 2ª
Lei.
b) Um lingote de aço desliza sobre uma chapa metálicqa produzindo energia por
atrito, que é transferida como calor . Noentanto, se aquecermos a chapa e
transferir este calor ao lingote, não é possível ele retornar espontaneamente a
posição inicial, segundo a 2ª Lei.
31
trabalho. A impossibilidade de completar o ciclo termodinâmico teve como
conseqüência o advento do motor térmico ou máquina térmica e a bomba de calor ou
refrigerador. São dispositivos que permitem completar os ciclos anteriores.
Fluido operante: Trata-se do fluido ou substância que troca trabalho e/ou calor com o
sistema. Tratando-se de ciclo percorrido pelo sistema é o fluido que percorre o ciclo.
Exemplos: Água, gases, fluidos refrigerantes, etc.
QQ=calor trocado com a fonte quente (F.Q) e QF=calor trocado com a fonte fria (F.F).
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Pela 1ª Lei: Q W ou Qútil=Wútil.
Qútil=QQ-QF.
Exemplo de uma instalação motora a vapor (central térmica de energia elétrica, por
exemplo)
Vamos calcular o trabalho útil, usando a 1ª Lei para o sistema indicado, isto é
Q W ou Q=W.
Portanto, Wútil=QQ-QF.
Trata-se da relação entre o trabalho realizado no ciclo e o calor trocado com a fonte
quente.
Trabalhoútil Wútil QQ QF QF
1 ,
Energiarecebida QQ QQ QQ
Q
como 0< F <1, logo: 0<η<1.
QQ
33
QF
Para 0 , temos η=1 ou 100% e QF=0.
QQ
Sabemos da experiência que não existe motor com 100% de rendimento e veremos
adiante, no enunciado de KELVIN PLANCK em relação a 2ª Lei, que é impossível o
ciclo motor que trabalha com uma única fonte de calor.
QF
Para 1 , o trabalho útil é zero, Wútil=0 (máquina parada ou WT=WB), pois QQ=QF
QQ
e o rendimento vale zero.
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fria, câmara frigorífica (se refrigerador), QQ=calor cedido à fonte quente (ar ambiente) e
WC=trabalho do compressor.
QQ
Logo, β é usado no caso de refrigerador, como 1< < temos que 0<β< . Portanto β
QF
é uma medida do desempenho do compressor no ciclo, quando ele aumenta, então há
um melhor desempenho do mesmo. Se β=5, necessitamos um trabalho de 0,2 QF e se
β=0,1, necessitamos um trabalho do compressor de 10 QF, o que significa um baixo
desempenho do sistema.
Logo, β’ é usado no caso de uma bomba de calor, isto é aquecer o meio, como
QQ Q ’
1< < ou 0< F <1, temos que 1<β < .
QF QQ
35
Fazendo o balanço de enrgia teremos que:
Observação:
REVERSIBILIDADE E IRREVERSIBILIDADE:
36
Figura 5.11- Exemplo de processo irreversível.
Podemos realizar o mesmo processo anterior de forma reversível, para isso usamos
pesos infinitesimais sobre o pistão, controlando a subida do pistão e da descida do
mesmo. Nesse caso realizamos um processo quasestático. Este processo será cada vez
mais reversível, quanto maior for o número de pesos infinitesimais. É interessante notar
que as irreversibilidades dos processos produzem queda de rendimento de processos e
motores. Portanto, diminuir as irreversibilidades associadas aos sistemas, significa
aumento de rendimento dos mesmos. Extrapolando, concluímos que um processo ou
motor reversível (sem irreversibilidade) proporciona o máximo rendimento. Embora o
processo ou ciclo reversível apresente o máximo rendimento entre as fontes de calor
fixadas, se existisse, seria inconveniente. Por exemplo: Um motor reversível
(automóvel), as viagens seriam demasiadamente demoradas. Nenhum processo
industrial que envolvesse ciclos reversíveis seria viável economicamente, pois a
produção seria muito lenta. Então, o conceito de reversibilidade servirá como um
modelo padrão e ideal para verificar e aperfeiçoar motores reais que são irreversíveis.
CICLO DE CARNOT:
Trata-se de um exemplo de motor reversível e consta de quatro processos reversíveis
(sem atrito, etc). Os processos são:
37
2) Expansão adiabática reversível;
Para individualizar o ciclo termodinâmico, vamos supor uma máquina hipotética que
utiliza como fluido operante, um mol de gás ideal.
O cilindro contendo o gás é colocado em contato com a fonte quente à temperatura TQ.
O volume inicial é V1 e a pressão P1. Durante o processo a pressão externa é regulada,
em cada instante, infinitesimalmente menor do que a pressão interna do gás. Isto garante
transformação reversível e isotérmica, pois, o calor fornecido pela fonte quente, durante
o processo, somente servirá para manter a temperatura do gás constante.
Como V2> V1 e R e TQ são constantes e positivas implica que o trabalho será positivo,
ou seja, o gás realiza trabalho no meio. Usando a 1ª Lei temos que: Q-W=ΔU, mas ΔU é
uma função da temperatura e o processo considerado é isotérmico então ΔU=0.
Como o gás dentro do cilindro é o sistema termodinâmico e não há troca de massa com
o meio, estamos diante de um sistema fechado, logo para o processo isotérmico temos
que: QI =QQ= WI.
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Processo 2→3: Expansão adiabática reversível
Q-W=ΔU, onde Q=0 (processo adiabático, sem troca de calor), Logo W II=-ΔU, mas
TF TF
U n cv dT . Considerando n=1 mol , temos que W II cv dT cv (TQ TF ) , o
TQ TQ
Retiramos a capa de isolante e colocamos o cilindro em contato com uma fonte fria à
temperatura TF. A pressão externa é feita, agora, em cada instante, infinitesimalmente
maior do que a do gás interno. Isto garante um processo de compressão reversível e
isotérmico, pois a fonte fria retira o calor necessário para manter constante a
temperatura TF.
V4 V4 V4
RTF 1 V
WIII PdV dV RTF dV RTF ln V V4 RTF ln V4 ln V3
3
V3 V3 V V3 V
Retiramos o cilindro da fonte fria e colocamos uma capa isolante. Comprimimos o gás
de forma reversível até que o volume que o volume final ocupado pelo mesmo seja
igual ao inicial V1. A pressão final será P1>P4. Completamos, com este processo, o ciclo
termodinâmico. O trabalho de compressão será dado por:
Q-W=ΔU, onde Q=0 (processo adiabático, sem troca de calor), Logo WIV=-ΔU, mas
TF TQ
U n cv dT . Considerando n=1 mol , temos que W IV cv dT cv (TF TQ ) ,
TQ TF
39
i 4
WCICLO Wi WI WII WIII WIV . Portanto, temos:
i 1
V V
WCICLO RTQ ln 2 cv (TQ TF ) RTF ln 4 cv (TQ TF ) , ou
V1 V3
V V
WCICLO RTQ ln 2 RTF ln 4 .
V1 V3
WCICLO QQ QF
CICLO , com
QQ QQ
V V V
WCICLO R[TQ ln 2 TF ln 3 ] e QQ RTQ ln 2 .
V1 V4 V1
V V
R[TQ ln 2 TF ln 3 ]
WCICLO V1 V4
CICLO .
QQ V2
RTQ ln
V1
W dU (a)
W PdV (b)
nRT
Para um gás ideal temos: PV nRT e PV , logo escrevemos que:
V
nRT m
n cv dT dV , onde n=número de moles=
V PesoMolecular
dT dV
Separando as variáveis, vem: cv R .
T V
40
cp
R cp cv e k.
cv
dT dV dT R dV dV
Logo, cv R , ficará: (k 1) .
T V T cv V V
T V T V
[ln T ]T2 (k 1)[ln V ]V2 , que pode ser expressa como: ln 1 ln( 2 ) k 1 .
1 1 T2 V1
T V
Assim também chegamos a 1 ( 2 ) k 1 . Em nosso caso, para expansão adiabática
T2 V1
TQ V
2→3, vem: ( 3 ) k 1 (c)
TF V2
TF V TQ V
( 1 ) k 1 ou ( 4 ) k 1 (d).
TQ V4 TF V1
V V V V2
( 3 )k 1 ( 4 ) k 1 ou 3 (e)
V2 V1 V4 V1
cp
PV k cons tan te , onde k .
cv
V P2
Logo, P1V1k P2V2 k ou ( 1 ) k . (f)
V2 P1
P2 V2 P1 V1 P2 V T T V
Para gases perfeitos: e ( 1 ) ( 2 ) ou 2 ( 1 )k 1 .
T2 T1 P1 V2 T1 T1 V2
41
Substituindo em
V V V V
R[TQ ln 2 TF ln 3 ] R[TQ ln 2 TF ln 2 ]
WCICLO V1 V4 V1 V1
CICLO , chegamos
QQ V V2
RTQ ln 2 RTQ ln
V1 V1
TQ TF
finalmente que: CICLO .
TQ
Desta forma, conclui-se que para o ciclo de Carnot, o seu rendimento independe da
substância sendo apenas função das temperaturas das fontes quente e fria.
O ciclo de Carnot pode ser executado por qualquer fluido, por exemplo: a água.
Temperatura Termodinâmica
Vamos considerar três fontes de calor e três motores de Carnot operando entre essas
fontes como a Fig. 5.17.
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Os rendimentos dos três motores são expressos por:
WA Q1 Q2 Q2
A 1 f (Q1 , Q2 ) f (T1 , T2 )
Q1 Q1 Q1
WB Q2 Q3 Q3
B 1 f (Q3 , Q2 ) f (T3 , T2 )
Q2 Q2 Q2
WC Q1 Q3 Q3
C 1 f (Q3 , Q1 ) f (T3 , T1 )
Q1 Q1 Q1
Portanto:
Q2
f (T2 , T1 ) (A)
Q1
Q3
f (T3 , T2 ) (B)
Q2
Q3
f (T3 , T1 ) (C)
Q1
Q2 Q3 Q3
f (T2 , T1 ) f (T3 , T2 ) , mas f (T3 , T1 ) .
Q1 Q2 Q1
Existem inúmeras relações de função que satisfazem a equação anterior, a mais simples
e proposta por KELVIN é f(T)=T.
Q3 T3 Q TF
Portanto temos: ou F .
Q1 T1 QQ TQ
ENTROPIA:
A 1ª Lei nos levou à definição do termo Energia total (E), termo bastante conhecido e
cujo significado foi discutido.
A 2ª Lei da Termodinâmica, por sua vez nos leva a definição de uma nova propriedade
do sistema, à qual será denominada de entropia, propriedade que não tem significado
físico, sendo definida em termos puramente matemáticos. No entanto, pode-se atribuir
certo significado a entropia quando se estudam as suas utilizações. Verificaremos que a
entropia está relacionada à reversibilidade de sistemas, ou seja, a capacidade de um
sistema de retornar a seu estado inicial após experimentar um processo. Vamos verificar
que, quanto mais irreversível for um processo, maior será o aumento da entropia que
ocorre durante o processo. Assim, entropia vai significar a tendência que tudo no
universo apresenta a desorganizar-se sempre que sob a ação de processos.
A propriedade Entropia: Uma maneira de provar que uma variável é uma propriedade
é mostrando que a sua integral cíclica é sempre zero, em outras palavras, se o sistema
executa um ciclo a variável em questão sempre retorna ao seu estado inicial.
Q Q
Provemos então que 0 e que, portanto é uma propriedade. Essa será a
T T
quantidade chamada entropia (ou variação de entropia)
Q
S
T
Segue a prova:
Provemos inicialmente que qualquer processo reversível pode ser aproximado por uma
série de processos adiabáticos reversíveis e isotérmicos reversíveis.
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1→2: Processo reversível qualquer.
Como a área sob a curva 1→2 é aproximadamente igual à área sob a curva 1→b, b→c e
c→2, teremos:
W12 W1bc 2 ,
Da mesma forma podemos aproximar um ciclo reversível com uma série de ciclos
formados por processos adiabáticos reversíveis e isotérmicos reversíveis, ou seja, ciclos
de Carnot.
QH 1
QL1 Q QL 2
Para os ciclos de Carnot abcd e efgh e H2 . Considerando QL
TH 1
TL1 TH 2 TL 2
negativo com relação ao sistema (calor perdido pelo sistema).
45
QH 1 QL1 Q QL 2
Se somarmos as igualdades: 0e H2 0 teremos como resultado
TH1 TL1 TH 2 TL2
dos 2N processos adiabáticos e N isotérmicos que:
Q QL1 Q QL 2 Q
( H1 ) ( H2 ) ... 0 ou em geral 0.
TH 1 TL1 TH 2 TL 2 T
Nota-se aqui que chegamos a conclusão de que a somatória dos quocientes de todos os
calores trocados durante os ciclos de Carnot pelas temperaturas das fontes com as quais
ocorrem essas trocas de calor é sempre igual a zero. Se o nímero de ciclos torna-se
Q
grande, a somatória tenderá ao integral cíclico. Assim 0 , como queríamos
T
provar.
Q Q
S ou dS , logo pode ser escrita como: Qreversível Tds .
T T
Verificamos então que em um diagrama T-s, a área que estiver debaixo da curva para
um processo reversível representará o calor trocado durante esse processo. Temos,
então, mais uma maneira de calcular o calor trocado durante o processo termodinâmico.
Normalmente usaremos a igualdade acima quando o processo for isotérmico reversível.
Nesse caso Qisotérmico T (s2 s1 ) . Para outros processos teríamos que ter a entropia
do sistema como uma função
dada de sua temperatura.
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dH dU pdV Vdp ,
TdS dH Vdp e
dH Vdp
dS
T
Prova:
Um sistema pode sempre ser conduzido de um estado a outro por uma série de
processos adiabáticos reversíveis e isotérmicos reversíveis, como já foi mencionado
anteriormente.
Sistema executa um ciclo e pode ocorrer troca de calor somente no processo isotérmico
reversível. Logo, conclui-se que não pode haver produção de trabalho, ou seja:
Q
W 0 . Pela 1ª Lei temos: Q We Q 0 ou 0 . O calor ou foi
T
retirado no processo a1 ou não houve troca de calor em todo o ciclo.
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Logo, ( S ) a1 0 ou s1 sa 0.
Para o processo 2a s a s2 0.
(s2 s1 ) 0 , onde a igualdade somente existe se o processo for reversível. Sendo 12,
um processo adiabático, de um sistema fechado, temos que S do sistema fechado
adiabático 0 , e como o sistema isolado é pelo menos um sistema adiabático:
S Sistema isolado 0 . Um sistema isolado pode sempre ser formado de um sistema
qualquer e de seu meio. Ao conjunto chamamos universo. Portanto: S universo 0 ou
Suniverso ( S ) Sistema ( S ) meio .
Referências Bibliográficas:
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(FEI), autores: Fernando Juares Tavora Pitanga; Mauro Sérgio da Fonseca; Gilberto
Oswaldo Leno; Dalton Rubens Maiuri e Ricardo Orlando.
2.H.M. Nussenzveig, Curso de Física Básica, Editora Edgard Blücher, volume 2,
capítulo 10 3ª edição (1996).
3.R.M. Eisberg e L.S. Lerner, Física: Fundamentos e Aplicações, Editora McGraw-Hill,
volume 2, capítulo 19 (1983).
4.Alaor Chaves, Física, Reichmann e Affonso Editores, volume 4, capítulo 38 (2001).
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1981.
6.RAMALHO JÚNIOR, F.; FERRARO, N. G.; SOARES, P. A.T. Os Fundamentos da
Física Vol.2 – Termologia, Óptica Geométrica e Ondas. São Paulo: Editora Moderna,
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9.QUADROS, S. A termodinâmica e a invenção das máquinas térmicas . São Paulo:
Scipione, 1996.
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