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Caminho Genial Vestibulares

Nome: Data: 30/10/2023


Variação linguística Enem – Prof. ClaRi

Questão 1 armadilha. Produzindo mais com menos


[PUC - SP - 2017 - PUC - SP - Vestibular esforço, operamos um milagre: a população
- Primeiro Semestre] explodiu e a riqueza também. A fome, até
então uma condição natural da humanidade,
Em relação à linguagem empregada na
se tornou uma anomalia.
construção dos textos:
Luxos que antes eram reservados a reis ou
Texto I
milionários (chás ou janelas com vidros e
Desafio da nossa época é lidar com a
cortinas, por exemplo) entraram na casa de
abundância
trabalhadores comuns.
Leandro Narloch, Folha de S.Paulo -
25.abr.2018 às 9h06 É claro que boa parte do mundo ainda
enfrenta a fome e a escassez. Mas não é por
A abundância, quem diria, se tornou um
falta de conhecimento que isso acontece.
problema. A humanidade passou milênios
Pelo contrário, o caminho da prosperidade
tentando sobreviver à fome, ao desabrigo e
já está mais ou menos mapeado e
à escassez: hoje precisa aprender a lidar
pavimentado.
com excesso.
A abundância é um tipo de problema chique,
que todo mundo gostaria de ter. Como o da
grã-fina que está cansada de passar as
Temos alimentos
férias em Paris. Mas ainda assim é um
problema.

demais, bugigangas demais, roupas, carros, Muitas más notícias que os jornais publicam
embalagens, papéis, remédios, drogas, hoje são produtos da abundância: o trânsito,
livros, filmes, eletrônicos e diversões demais. a obesidade, a poluição, o lixo, o tempo que
Ainda estamos aprendendo a viver no meio crianças gastam em frente a telas. Não só
de tantas coisas. É uma delícia de crianças, mas os adultos — que em média
problema, é claro. Até o século 18, a teoria tocam 2600 vezes no celular por dia.
malthusiana fazia sentido. O crescimento da
população levava à escassez de comida e As pessoas parecem meio perdidas entre
assim à diminuição da poluição. Crises de tanto conforto e atrações que desviam a
fome ceifavam multidões todos os séculos. A atenção. Se perdem em realizações
Revolução Industrial nos fez escapar dessa
imediatas de consumo, sem foco e força de Ana Tereza Caceres Cortez - Professora
vontade para perseguir grandes desejos ou adjunta do Departamento de Geografia
objetivos mais ousados. Instituto de Geociências e Ciências Exatas
- IGCE/Unesp, Rio Claro
Se o problema já é grave hoje, imagine no
futuro. O autocontrole será cada vez mais Um dos símbolos do sucesso das economias
necessário. Nossos filhos e netos terão que capitalistas modernas é a abundância dos
aprender desde cedo a se controlar diante bens de consumo, continuamente
do excesso de comida, de drogas, de produzidos pelo sistema industrial. Essa
opções de vida e de diversão. fartura passou a receber uma conotação
negativa, sendo objeto de críticas que
O mundo capitalista já resolveu o problema consideram o consumismo um dos
da escassez: precisa agora de uma principais problemas das sociedades
educação para a abundância. industriais modernas.
Leandro Narloch - Jornalista, mestre em Consumismo é o ato de consumir produtos
filosofia e autor do Guia Politicamente ou serviços, muitas vezes, sem consciência.
Incorreto da História do Brasil, entre outros.Há várias discussões a respeito do tema,
entre elas o tipo de papel que a propaganda
Disponível em:
e a publicidade exercem nas pessoas,
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandro-
induzindo-as ao consumo, mesmo que não
narloch/2018/04/desafio-da-nossa-epoca-e-
necessitem de um produto comprado.
lidar-com-a-abundancia.shtm> Acesso em:
Muitas vezes, as pessoeas compram
25 abr. 2018.
produtos que não têm utilidade para elas, ou
até mesmo coisas desnecessárias apenas
por vontade de comprar, evidenciando até
uma doença.

Segundo o Dicionário Houaiss,


consumismo é “ato, efeito, fato ou prática de
consumir (‘comprar em demasia’)” e
“consumo ilimitado de bens duráveis,
especialmente artigos supérfluos”.

O simples “consumo” é entendido como as


aquisições racionais, controladas e seletivas
Consumo e desperdício: as duas faces
baseadas em fatores sociais e ambientais e
das desigualdades
no respeito pelas gerações futuras. Já o
consumismo pode ser definido como uma
compulsão para consumir. Mas como fazer
para não aderir ao perfil consumista? A D) no texto 1, sobressaem características de
fórmula clássica e aparentemente simples é regionalismos; no texto 3, recorrem usos
distinguir o essencial do necessário e o típicos da coloquialidade, por se tratar de
necessário do supérfluo. No entanto, é texto retirado da internet.
muito difícil estabelecer o limite entre
Questão 2
consumo e consumismo, pois a definição de [FPS - 2017 - FPS - Vestibular -
necessidades básicas e supérfluas está Segundo dia]
intimamente ligada às características
culturais da sociedade e do grupo a que Analise a natureza da linguagem em uso no
pertencemos. O que é básico para uns pode trecho: “É preciso arregaçar as mangas e se
ser supérfluo para outros e vice-versa. preparar. Ainda há muito a fazer e a investir.
Porque nada cai do céu.” (6º parágrafo)
Trecho de CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Nesse trecho:
Consumo e desperdício: as duas faces
Texto 2 Nada cai do céu
das desigualdades. In: CORTEZ, A.T.C.;
ORTIGOZA, S.A.G. (Org.). Da produção ao O racionamento a que pode ser submetida
consumo: impactos socioambientais no boa parte da população paulistana – e de
espaço urbano. São Paulo: UNESP; São outras cidades e estados brasileiros –
Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. poderia ser evitado? A questão é muito mais
Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2018. complexa do que possa parecer. Afinal,
[Adaptado] todos que vivemos nessas áreas já somos e
seremos ainda mais afetados. O calor bate
A) no texto 1, predomina o registro formal,
recordes no mundo. Dados recentes
de modo a garantir a credibilidade de quem
apontam 2014 como o ano mais quente da
escreve; no texto 3, a informalidade, pois o
história. A temperatura média no solo e nos
assunto, por ser complexo, precisa ser
oceanos aumentou 0,69 graus, superando
facilitado.
recordes anteriores. Parece pouco, mas não
B) no texto 1, sobressai-se a informalidade, é. A cada 20 ou 30 anos, em média, o
por ser essa a marca dos textos publicados Oceano Pacífico, a maior massa de água do
na internet; no texto 3, prepondera o registro Planeta, sofre variações de temperatura,
informal, pois essa é uma das ficando mais quente ou mais frio que o
características dos textos acadêmicos. normal. Essas oscilações interferem nos
C) no texto 1, há a presença de algumas ventos, na chuva e na temperatura em
ocorrências informais, a fim de estabelecer muitas regiões do globo. No Brasil, diversos
mais proximidade com o leitor; no texto 3, estados já sentem os impactos dessa
prevalece a formalidade, por causa do alteração climática. O verão passado foi um
contexto acadêmico em que circula o texto. dos mais secos e quentes, não apenas na
região da capital paulista e seu entorno, mas
também em grande parte do Sudeste,
sobretudo em Minas Gerais, de onde vem a MAGNO, Carlos. Folha de S. Paulo.
maior parte da água que abastece a região Opinião,25 fev. 2015. Adaptado.
metropolitana, por meio do sistema
Cantareira. Áreas dessa região registraram A) predomina uma linguagem figurada; mas,
anomalias de até 5 graus nas temperaturas inadequada a um texto não literário.
máximas. Com pouca água e maior B) o autor se mostra versátil em relação às
consumo, devido ao calor, os rios e represas inovações vocabulares.
que abastecem o sistema caíram aos
C) se recorre a expressões já sedimentadas
menores níveis já vistos. Em São Paulo,
nos usos do dia a dia.
desde 2012, o Cantareira vem sofrendo com
chuva abaixo do normal. As previsões não D) o autor apela à ironia contida na raiz
são as melhores. Segundo o estudo da semântica das expressões.
Climatempo, apenas no verão de 2017, é E) está implícita a ideia de que o problema
que se poderá esperar por uma chuva tratado é essencialmente rural.
normal ou acima da média, para uma
Questão 3
consistente recuperação do sistema.
[PUC - SP - 2016 - PUC - SP - Vestibular-
Reverter a situação é um desafio. Trata-se
Primeiro Semestre ]
de algo muito mais educativo do que
meteorológico. Desde o final de 2013, Em relação ao uso da linguagem, tanto no
meteorologistas têm alertado sobre esse editorial como na matéria de Poletti,
cenário crítico. Já se sabe que o quadro não
é favorável, e há pouca chance de mudança Os textos a seguir serão a base da questão
em curto prazo. Porém, em um planeta onde objetiva.
1,4 bilhão de quilômetros cúbicos é ocupado
Recado dado ao STF
por água, o ser humano ainda parece
acreditar que ela nunca irá acabar. Com ou Editorial Folha de S.Paulo, 13 set. 2016
sem chuva à vista, a população precisa
entender que a água pode – e vai – acabar Poucas vezes a posse de um presidente do
se não forem tomadas medidas Supremo Tribunal Federal se revestiu de
preventivas. A conscientização sobre o tanto simbolismo quanto a de Cármen Lúcia,
consumo deve ser permanente. O que as cuja chegada ao comando do órgão de
nossas autoridades precisam entender é cúpula do Judiciário se consumou nesta
que não dá para passar uma vida segunda-feira (12).
acreditando na ajuda divina. É preciso
Em uma cerimônia simples, a ministra
arregaçar as mangas e se preparar. Ainda
quebrou o protocolo já no início de seu
há muito a fazer e a investir. Porque nada
discurso. Em vez de cumprimentar primeiro
cai do céu – nem mesmo a água tem caído,
o presidente da República, Michel Temer
ultimamente.
(PMDB), Cármen Lúcia considerou que a
maior autoridade presente era "Sua dinheiro público e primeiro político a ter sua
Excelência, o povo" – e, por isso, saudou prisão determinada pelo STF desde a
antes de todos o "cidadão brasileiro". promulgação da Constituição de 1988.

Partisse de outrem, o gesto talvez pudesse Daí por que o ministro Celso de Mello se
ser considerado mero populismo; vindo da sentiu à vontade para, antes do discurso de
nova presidente do STF, guarda coerência Cármen Lúcia, proferir palavras duríssimas
com outras iniciativas de valor simbólico contra "os marginais da República, cuja
semelhante, como abrir mão de carro oficial atuação criminosa tem o efeito deletério de
com motorista ou dispensar a festa em sua subverter a dignidade da função política e
própria posse. da própria atividade governamental".

Como se pudesse haver dúvidas a respeito No plenário do Supremo, diversos figurões


disso, Cármen Lúcia deixa clara a intenção da política investigados ou processados por
de, no próximo biênio, conduzir o STF com a crimes contra o patrimônio público apenas
mesma austeridade que pauta sua conduta ouviam, constrangidos. Que o recado da
pessoal. "Privilégios são incompatíveis com gestão Cármen Lúcia possa ir além do plano
a República", disse a esta Folha no ano simbólico.
passado.
De Caetano a Guimarães Rosa, veja as
É de imaginar, assim, que a nova referências de Cármen Lúcia em seu
presidente de fato reveja uma das principais discurso de posse
bandeiras da agenda corporativista de seu
antecessor, Ricardo Lewandowski: o
indefensável aumento salarial para os POR LUMA POLETTI | 13/09/2016 10:00
ministros do Supremo.
Ao longo de seu discurso de posse, a
Não há de ser esse o único contraste entre ministra Cármen Lúcia, que assumiu a
as gestões. Espera-se que Cármen Lúcia presidência do Supremo Tribunal Federal
moralize os gastos com diárias de viagens nesta segunda-feira (12), citou trechos de
oficiais no STF, amplie a transparência e a canções de Caetano Veloso, Titãs, além de
previsibilidade das decisões do Judiciário e, versos de Cecília Meirelles, Carlos
acima de tudo, resgate o papel disciplinar Drummond de Andrade, Paulo Mendes
do Conselho Nacional de Justiça, esvaziado Campos e fez menção a Riobaldo,
sob a batuta de Lewandowski. personagem de Grande Sertão: Veredas,
clássico de Guimarães Rosa e uma das
Desfrutando de sólida reputação no meio mais.
jurídico, a ministra suscita altas A escolha das referências musicais da
expectativas ainda por outro motivo: ela ministra dá pistas sobre sua visão acerca do
relatou o processo do ex-deputado federal atual momento sociopolítico. Citando o
Natan Donadon, condenado por desvio de
cantor e compositor Caetano Veloso, “Se, no verso de Cecília Meireles, a
presente na sessão – que interpretou em voz liberdade é um sonho, que o mundo inteiro
e violão o hino nacional – Cármen Lúcia alimenta, parece-me ser a Justiça um
concordou que “alguma coisa está fora da sentimento, que a humanidade inteira
ordem”. acalenta”, discursou a ministra.
“Caetanos e não caetanos deste Brasil tão Mais adiante em seu discurso, Cármen
plural concluem em uníssono: alguma coisa Lúcia fez menção a um personagem do livro
está fora de ordem, fora da nova ordem Grande Sertão: Veredas, do escritor mineiro
mundial”, disse a ministra. “O que nos (tal como a ministra) Guimarães Rosa.
cumpre, a nós servidores públicos em “Riobaldo afirmava que 'natureza da gente
especial, é questionar e achar resposta: de não cabe em nenhuma certeza'. Mas
qual ordem está tudo fora…”, acrescentou. parece-me que a natureza da gente não se
O cantor já se posicionou contra o governo aguenta em tantas incertezas.
do presidente Michel Temer, nos bastidores Especialmente quando o incerto é a Justiça
da cerimônia de abertura das Olimpíadas que se pede e que se espera do Estado”,
de 2016. disse a nova presidente do STF.
A nova presidente do STF também citou a Em seguida, outro escritor mineiro foi
música “Comida”, da banda Titãs. lembrado por Cármen Lúcia. “Em tempos
“Cumpre-nos dedicar-nos de forma cujo nome é tumulto escrito em pedra, como
intransigente e integral a dar cobro ao que diria Drummond, os desafios são maiores.
nos é determinado pela Constituição da Ser difícil não significa ser impossível. De
República e que de nós é esperado pelo resto, não acho que para o ser humano
cidadão brasileiro, o qual quer saúde, exista, na vida, o impossível”, disse a
educação, trabalho, sossego para andar em ministra, em referência ao poema “Nosso
paz por ruas, estradas do país e trilhas livres tempo”, do escritor mineiro.
para poder sonhar além do mais. Que, como A sucessora de Ricardo Lewandowski
na fala do poeta da música popular concluiu o discurso citando um terceiro
brasileira, ninguém quer só comida, quer escritor mineiro: Paulo Mendes Campos. “O
também diversão e arte”. Judiciário brasileiro sabe dos seus
Um dos compositores da canção citada é compromissos e de suas responsabilidades.
Arnaldo Antunes, que também se posicionou Em tempo de dores multiplicadas, há que se
contra o impeachment de Dilma Rousseff multiplicarem também as esperanças, à
nas redes sociais. maneira da lição de Paulo Mendes
Versos Campos”, disse Cármen Lúcia, em
Cármen Lúcia também citou versos da referência ao “Poema Didático”, de Paulo
escritora Cecília Meireles, ao dizer que Mendes Campos.
“liberdade é um sonho que o mundo inteiro
alimenta” – da obra Romanceiro da Disponível em:
Inconfidência, lançada em 1953. http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/d
caetano-a-guimaraes-rosa-vejaas- O que seja seu.
referencias-de-carmen-lucia-em-seu-
discurso-de-posse/ . Acesso em: 26 Anoiteça e amanheça eu.
set.2016.
ANTUNES, A.; LINDSAY, A.; MONTE, M.
[Adaptado]
Mais. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1991
A) pelo fato de tratar de discurso de uma (fragmento).
pessoa mais experiente, o vocabulário
Nos trechos “Então deita e aceita eu/ Molha
predominante é o de épocas antigas.
eu,/ Seca eu”, nota-se aspectos de uma
B) por causa de muitas ocorrências variedade linguística que foi utilizada na
retiradas de canções e textos literários, canção como recurso para caracterizar
predomina o registro coloquial. um(a
C) em função do contexto de produção, há
A) argumento em favor do amor entre duas
predomínio do registro linguístico formal.
pessoas.
D) pela presença de expressões linguísticas
B) forma carinhosa típica de relações
típicas da oralidade, o registro linguístico é
afetivas.
tipicamente regionalista.
C) ordem para que se deixe alguém em paz.
Questão 4
[INEP - 2018 - ENCCEJA - Exame - D) pedido para que se mantenha algo em
Linguagens e Ciências Humanas - ordem.
Ensino Médio] Questão 5
[Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular]
Seja eu,
Ainda no segundo parágrafo, a expressão
Seja eu
“foi mal”:
Deixa que eu seja eu.
Marginalzinho: a socialização de uma
E aceita elite vazia e covarde

O que seja seu. Parada em um sinal de trânsito, uma cena


capturou minha atenção e me fez pensar
Então deita e aceita eu. como, ao longo da vida, a segregação da
sociedade brasileira nos bestializa.
Molha eu,
por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação
Seca eu, 27/01/2015 15:44

Deixa que eu seja o céu.


Era a largada de duas escolas que
E receba
estavam situadas uma do lado da outra,
separadas por um muro altíssimo de uma de esse olhar no inconsciente do menino
delas. Da escola pública saíam crianças negro e pobre. Este aprendia, desde muito
correndo, brincando e falando alto. A cedo, que era um intocável, que vivia em
maioria estava desacompanhada e dirigia- uma sociedade na qual seu corpo, na esfera
se ao ponto de ônibus da grande avenida, pública, valia menos que o de um menino da
que terminaria nas periferias. Era uma mesma idade, que ainda não tinha nenhum
massa escura, especialmente quando mérito conquistado, apenas privilégios
contrastada com a massa mais clara que herdados. As consequências desse gesto
saía da escola particular do lado: crianças minúsculo serão trágicas para o menino
brancas, de mãos dadas com os pais, "invadido", pois é vítima da ignorância
babás ou seguranças, caminhando social. Mas será muito mais trágica para
duramente em direção à fila de quem é negro e desprovido de capital
caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos econômico, social e cultural. Para que essa
não se misturavam. Cada um sabia criança não se corrompa no futuro, ela
exatamente seu lugar. Desde muito precisa ser salva do olhar de nojo.
pequenas, aquelas crianças tinham É possível que, por meio de leitura e
literalmente incorporado a segregação à mistura, o menino amedrontado se
brasileira, que se caracteriza pela mistura engrandeça politicamente no futuro, se
única entre o sistema de apartheid racial e o liberte do muro que lhe protege e dispense o
de castas de classes. Os corpos braço da babá. Mas, infelizmente, há uma
domesticados revelavam o triste processo tendência grande de que ele, cercado por
de socialização ao desprezo, que tende a só medo e preconceito, passe o resto de sua
piorar na vida adulta. existência se protegendo do
Mas eis que, de repente, um menino “marginalzinho”. Pivetes, favelados,
negro, magro e sorridente, ousou subverter fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre
as regras tácitas. Brincando de correr em seus vizinhos. Trata-se de uma verdade
ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se histórica a priori, para além da qual não se
esbarrou num menino que, imediatamente, consegue pensar. Essas categorias
se agarrou desesperadamente no braço da compõem o discurso forjado sobre a
mulher que lhe buscara. Foi um reflexo pobreza, que, em última instância, visa à
automático do medo. O menino “invasor” fez intervenção e à manutenção do poder.
um gesto de desculpas – algo como “foi mal” Reproduzindo este discurso, então, o
-, e voltou a correr entre os seus, enquanto menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará
que a outra criança seguia petrificada. seu carro, colocará alarme em sua casa,
No olhar do menino “invadido”, havia um pedirá a morte de traficantes. Dirá que
misto de medo, de raiva, mas rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e
principalmente, de nojo – como que se a curtirá a vida em camarotes. Pode ser até
outra criança tivesse uma doença altamente que ele peça a volta da ditadura. Achando
contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto que é um cidadão de bem que age contra a
marginalidade do mal, forma-se um perfeito
idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-
e-covarde-3514.html)

A) indica que o “invasor” desconhece a


norma padrão;
B) é correlata a “com licença, por favor”;

C) é inadequada a contextos formais ou


informais;
D) corrompe socialmente uma regra tácita.

E) indicia a sensação de erro do “invasor”.

Questão 6
[Exército - 2014 - CMBH - Aluno do
Colégio Militar (EM) - Português]

O uso de termos e expressões coloquiais


são comuns em artigos de opinião. Analise
os excertos retirados do texto 1 e indique a
única alternativa em que isto NÃO ocorre:

A) “...e soube, naquele momento, que meu


conceito de felicidade tinha acabado de
mudar.” (l. 1 e 2)
B) “Um pôr-do-sol aqui, um beijo ali, uma Considerando que a linguagem do texto nem
xícara de café recém-coado, um livro que a sempre segue o padrão normativo, pode-se
gente não consegue fechar, um homem que solicitar corretamente que uma das
nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir...” intenções do uso desse recurso é
(l. 8 a 10)
Leia um trecho do conto “Moto de mulher”,
C) “Esperar para ser feliz, aliás, é um de Jarid Arraes, para responder à questão.
esporte que abandonei há tempos.” (l. 27)
D) “Aquela história de ‘quando eu ganhar na Comprei uma Honda que tava na
Mega Sena.” (l. 28 e 29) promoção e saí da loja básica. Feliz demais,
me sentindo que nem uma passarinha em
E) “Esperar o príncipe encantado, por cima da moto. O vento vem direto na cara,
exemplo, tem coisa mais sem sentido.” (l. 31 até arde o olho, mas é um sentimento
e 32) gostoso de quase.
Questão 7 Primeiro eu vesti o colete de mototáxi que
[UNIFESP - 2014 - UNIFESP - guardei por três meses enquanto esperava a
Vestibular] oportunidade da moto. Saí pilotando pelo
bairro, não andei nem três quarteirões e uma
mulher fez sinal com a mão.
Para aí, mototáxi.
Parei e ela me olhou assustada quando
chegou perto.
Oxe, e é mulher, é?
Eu dei um sorrisinho meio troncho. Disse
que pois é. Ela montou na garupa e falou
(Folha de S.Paulo, 30.09.2014. Adaptado.) que pelo menos ficava mais à vontade pra
segurar na minha cintura. Não segurava na
Considerando-se a situação de
cintura de mototáxi homem que era pra não
comunicação entre Garfield e seu dono, a
dar liberdade. Eu disse que pois é de novo.
frase, em linguagem coloquial, que preenche
Fui deixar essa mulher tão longe que eu
o balão do último quadrinho é:
nem sabia onde era aquilo. Ela foi me
A) Tenho de saboreá-lo bem? ensinando. Parecia que não ia chegar
nunca. O sol rachando.
B) Devo saborear a ele muito bem?
Quando a gente chegou lá, na frente de
C) Convém que eu o saboreie bem? uma casa de taipa toda se desmontando,
D) Saboreá-lo-ei muito bem? ela perguntou quanto tinha dado a corrida.
Eu fiquei pensando por um tempo e ela me
E) Eu tenho de saborear bem ele?
olhando impaciente, mas eu tava juntando a
Questão 8 cara pra falar que era dez reais. Achando
[Exército - 2020 - EsFCEx - Direito] que ela ia reclamar do preço, falei oito, mas
ela me entregou o dinheiro e sumiu pra D) enfatizar como limitações expressivas da
dentro da casa. linguagem coloquial, como comprova o
Fiquei tomando coragem pra voltar. Não trecho: “Imagina se levam minha moto
sabia voltar, na verdade. Fiquei olhando pra zerada…”.
todo lado, o celular quase sem sinal. Longe
E) imprimir um tom lírico à narrativa, como
demais, longe de um jeito que nem dez
comprova o trecho: “Comprei uma Honda
conto pagava. O resumo era, então, a minha
que tava na promoção e saí da loja
burrice. Otária demais, só oito reais.
aplicada.”.
Dirigindo na chinelada, com medo de
qualquer cara de macho que aparecia nas Questão 9
[CONSULTEC - 2014 - PM-BA -
calçadas. Eu só achava que iam me roubar.
Aspirante da Polícia Militar]
Imagina se levam minha moto zerada…
Fiquei nessa angústia, duas horas Quanto aos mecanismos linguísticos usados
perdida. Até que avistei na estrada de volta na composição do texto, assinale com V as
pra Matriz. Depois, comecei a reconhecer afirmativas verdadeiras e com F, as falsas.(
melhor as casinhas, as cercas, as placas. ) Os vocábulos “egoísmo" (l. 4) e “vício" (l. 9)
Entrei de novo na cidade com a maior são acentuados pela mesma razão. ( ) O
alegria. Mais feliz do que quando peguei a ponto e vírgula existente depois da palavra
moto pela primeira vez. “nós" (l. 13) pode ser substituído por ponto,
sem comprometer a estrutura da frase,
(Redemoinho em dia quente. Alfaguara, desde que se faça o ajuste necessário na
2019. Adaptado) forma verbal “são" (l. 13), o que não se
aplica ao mesmo sinal de pontuação
presente nas linhas posteriores (l. 15-16-17).
( ) O sinal indicativo de crase presente em
A) expor as atitudes contraditórias da “à", nas duas ocorrências (l. 23 e 24), é
narradora, como comprova o trecho: “Fiquei dispensável, pois os nomes femininos, em
olhando pra todo lado, o celular quase sem ambos os casos, estão tomados em sentido
sinal.”. genérico. ( ) A oração “que aparecesse um
messiânico comandante" (l. 30) exerce
B) retratar a maneira de ser da narradora,
função subjetiva no contexto frasal. ( ) A
como comprova o trecho: “… ela me olhando
forma verbal “conduzisse" (l. 31) expressa
impaciente, mas eu tava juntando a cara pra
uma ação hipotética no passado
falar que era dez reais.”.
subordinada a outra que está
C) evidenciar a inépcia da narradora, como simultaneamente no passado.A alternativa
comprova o trecho: “Feliz demais, me que contém a sequência correta, de cima
sentindo que nem uma passarinha em cima para baixo, é a
da moto.”.
[UNEMAT - 2011 - PM-MT - Aspirante da
Polícia Militar - 2º Dia]

Assinale a alternativa em que o trecho do


diálogo apresenta um registro informal ou
coloquial da linguagem.

A) “... e ela me deu um anel mágico que me


levou a um tesouro.”
B) “E lembre-se: se o senhor disser uma
mentira, a sua situação se complicará!”

C) “Estou atrasado porque ajudei um ancião


a atravessar a rua...”
D) Tá legal, bonitinho! Onde é que você
teve?!”

E) “Mas bandidos o roubaram e os persegui


até a Bélgica, onde um dragão...”

Questão 11
[INEP - 2008 - ENEM - Exame Nacional
do Ensino Médio - prova amarela]

A) F V F V V Assinale o trecho do diálogo que apresenta


um registro informal, ou coloquial, da
B) V F V F F
linguagem.
C) F F V V V
A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você
D) V V F F F esteve?!”
E) V V V V V B) “E lembre-se: se você disser uma
Questão 10 mentira, os seus chifres cairão!”
C) “Estou atrasado porque ajudei uma Questão 13
velhinha a atravessar a rua...” [CONSULPLAN - 2015 - CBM-SC -
Aspirante do Corpo de Bombeiro]
D) “...e ela me deu um anel mágico que me
levou a um tesouro” Sobre a propaganda anterior, analise
E) “mas bandidos o roubaram e os persegui as afirmativas.
até a Etiópia, onde um dragão...”
I. É um enunciado híbrido, pois, utiliza‐se da
Questão 12 linguagem verbal e não verbal.
[Aeronáutica - 2012 - CIAAR - Primeiro
Tenente - Capelão Militar Católico] II. Apresenta linguagem coloquial e
expressões neológicas, típicas do português
Texto V para responder à questão 18. contemporâneo.

III. Os conectivos “mas” e “mesmo”


possuem o mesmo valor semântico nas
estruturas frasais em que foram
empregados.

IV. O uso dos verbos “conhecer” e “ter” na


Acerca da linguagem utilizada pela
terceira pessoa do plural, nos remete a ideia
personagem Chico Bento, no texto V, é
de inclusão do enunciador ao discurso.
correto afirmar que se trata de uma variante
Estão corretas apenas as afirmativas
A) caipira do português, utilizada por
moradores de algumas áreas mais rurais do
Brasil, e possui especificidades assim como
a língua padrão.
B) do português, mais característica de
moradores de algumas áreas mais rurais do
Brasil, e que deve ser utilizada
exclusivamente na língua falada.
C) errada do português, utilizada
especialmente por moradores de áreas mais
rurais do Brasil que não tiveram
oportunidade de frequentar a escola.
D) errada do português, utilizada por
moradores de algumas áreas mais rurais do Disponível em:
https://=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=&url=http%3A%2F%2Fhotneukpopge.890m

Brasil, mas pode ser utilizada sem restrições do‐ . Acesso em: 18 ago. 2015.)

em qualquer contexto de uso da Língua A) I e II.


Portuguesa.
B) I e III. [PM-MG - 2016 - PM-MG - Aspirante da
Polícia Militar]
C) I e IV.
D) I, II e III. Leia as assertivas abaixo e, ao final,
responda o que se pede.
Questão 14
[EsFCEx - 2010 - EsFCEx - Oficial - I. A variação linguística é um interessante
Magistério Português] aspecto da língua portuguesa e pode ser
compreendida por meio das influências
Relacione os tipos de norma da primeira históricas e regionais sobre os falares.
coluna com suas respectivas características II. A língua é um sistema que não admite
e, a seguir, assinale a alternativa que nenhum tipo de variação linguística, sob
apresenta a sequência correta. 1. norma pena de empobrecimento do léxico.
linguistica III. O tipo de linguagem do texto
compromete o seu entendimento ao leitor.
2. norma padrão Marque a alternativa CORRETA.
3. norma culta O Roubo do Relógio

( ) A norma estabilizada, que busca Rolando Boldrin


neutralizar a variação e controlar a
mudança. Naquele arraial do Pau Fincado, havia um
sujeitinho danado pra roubar coisas. Às
( ) O uso da língua em situações formais vezes galinha, às vezes cavalo, às vezes
de fala e na escrita, característico de um coisas miúdas. A verdade é que o dito cujo
determinado grupo mais diretamente era chegado em surrupiar bens alheios.
habituado às atividades de escrita.
Todo mundo daquele arraial já estava até
( ) O uso comum da língua, característico de acostumado com os tais furtos. E a coisa
um determinado grupo sociocultural. chegou a tal ponto de constância que
bastava alguém da por falta de qualquer
( ) Reúne as formas contidas e prescritas pelas gramáticas normativas. objeto e lá vinha o comentário: “Ah, foi o
( ) Formas depreendidas da fala de individuas plenamente escolarizados. Justino Larápio”.

A) 1-2-3-1-3 E foi numa dessas que sumiu o relógio do


B) 3-2-1-3-2 cumpadi João, um cidadão por demais
conhecido por aquelas bandas do Pau
C) 3-1-2-2-3
Fincado. Foi a conta de sumir o relógio dele
D) 2-1-3-3-2 para o dito cujo correr pra delegacia mais
E) 2-3-1-2-3 próxima e dar parte do fato.

Questão 15
O delegado pediu que o sêo João arranjasse DELEGADO – Mas o senhor não viu ele
três testemunhas para lavrar o ocorrido e roubar? O senhor sabe que foi ele, mas não
então prender o tal ladrãozinho popular. viu o fato em si?
Arranjar três testemunhas de que o tal
Justino havia surrupiado qualquer coisa era TESTEMUNHA 3 – Num carece de vê,
fácil, dado a popularidade do dito cujo pra dotô! Todo mundo sabe que ele róba. Pode
esses afazeres fora da lei. preguntá pra cidade intêra. Foi ele. Prende
logo esse peste!
A cena que conto agora transcorreu assim,
sem tirar nem pôr. Intimado o Justino, eis ali, DELEGADO (olhando firme para o Justino) –
ladrão, vítima e três testemunhas: Olha aqui, Justino. Eu também tenho
certeza de que foi você que roubou o relógio
DELEGADO (para a primeira testemunha) – do sêo João. Mas, como não temos provas
O senhor viu o Justino roubar o relógio do cabíveis, palpáveis e congruentes.... você
sêo João, aqui presente? está, por mim, absolvido.

TESTEMUNHA 1 – Dotô.Vê, ansim com os JUSTINO (espantado, arregalando os olhos


óio, eu num posso dizê que vi. Mas sei que para o delegado) – O que, dotô ? O que que
ele é ladrão mêmo. O que ele vê na frente o sinhô me diz? Eu tô absorvido????
dele, ele passa a mão na hora. Pode prendê
ele dotô! DELEGADO – Está absolvido.

DELEGADO (para a segunda testemunha) – JUSTINO – Qué dizê intão que eu tenho que
E o senhor? Viu o Justino roubar o relógio do devorvê o relógio?
sêo João?
Disponível em:
TESTEMUNHA 2 – Óia, dotô ...num vô falá http://www.rolandoboldrin.com.br/causos.
que vi ele fazê isso, mas todo mundo no Acessado em 19 ago. de 2016.
arraiá sabe que ele róba mêmo, uai. Pode
A) Apenas a assertiva II, está correta.
prender sem susto. Eu garanto que foi ele
que robô esse relógio. B) Apenas a assertiva I, está correta.
C) Apenas a assertiva III, está correta.
DELEGADO (para a última testemunha) – E
o senhor? Pode me dizer se viu o Justino D) Todas as assertivas estão corretas.
roubar o relógio do sêo João? Questão 16
[INEP - 2016 - ENEM - Exame Nacional
TESTEMUNHA 3 – Dotô, ponho a mão no do Ensino Médio - Primeiro e Segundo
fogo si num foi ele. Prende logo esse sem Dia]
vergonha, ladrão duma figa. Foi ele mêmo!
O Texto I é a transcrição de uma entrevista MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita:
concedida por uma professora de português atividades de retextualização. São Paulo:
a um programa de rádio. O Texto II é a Cortez, 2001 (adaptado).
adaptação dessa entrevista para a
modalidade escrita. Em comum, esses A) apresentam ocorrências de hesitações e
textos reformulações.

B) são modelos de emprego de regras


TEXTO I
gramaticais.
Entrevistadora— eu vou conversar aqui C) são exemplos de uso não planejado da
com a professora A. D. ... o português então língua.
não é uma língua difícil?
D) apresentam marcas da linguagem
Professora — olha se você parte do literária.
princípio... que a língua portuguesa não é só E) são amostras do português culto urbano.
regras gramaticais. não se você se apaixona
Questão 17
pela língua que você . já domina que você já [EsFCEx - 2010 - EsFCEx - Oficial -
fala ao chegar na escola se o teu professor Magistério Português]
cativa você a ler obras da literatura. obras
da/ dos meios de comunicação. se você tem Com relação à modalidade falada e à
acesso a revistas. é... a livros didáticos. a... modalidade escrita, podemos afirmar que:
livros de literatura o mais formal o e/ o difícil
é porque a escola transforma como eu já A) a escrita é uma representação da fala por
disse as aulas de língua portuguesa em meio de símbolos gráficos.
análises gramaticais. B) as diferenças entre a fala e a escrita se
dão na relação dicotômica entre dois polos
TEXTO II opostos.

Entrevistadora — Vou conversar com a C) a escrita não serve como fator de


professora A. D. O português é uma língua identidade individual ou grupal, uma vez que
difícil? é pautada pelo padrão.
D) a fala tem grande precedência sobre a
Professora — Não, se você parte do
escrita, tanto do ponto de vista cronológico
princípio que a língua portuguesa não é só
como do ponto de vista do prestígio social.
regras gramaticais. Ao chegar à escola, o
aluno já domina e fala a língua. Se o E) a fala apresenta propriedades intrínsecas
professor motivá-lo a ler obras literárias, e se negativas, tais como a repetição, as
tem acesso a revistas, a livros didáticos, hesitações, a presença de gírias -
você se apaixona pela língua. O que torna propriedades essas inexistentes na escrita.
difícil é que a escola transforma as aulas de
Questão 18
língua portuguesa em análises gramaticais.
[Exército - 2018 - CMPA - Aluno do [COPS-UEL - 2018 - UEL - Vestibular -
Colégio Militar (EM) - Português] Espanhol]

Com relação ao emprego do pronome Das expressões retiradas do texto,


oblíquo, é possível observar registro de assinale a alternativa que apresenta,
linguagem coloquial na alternativa corretamente, a locução que
exemplifica uso de registro formal e
variante padrão da língua.
Leia o trecho, a seguir, retirado do livro
Quarenta dias, de Maria Valéria
Rezende, e responda à questão.

Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de


quê, mas sem despir-me dessa nova Alice,
arisca e áspera, que tinha brotado e se
esgalhado nesses últimos meses e tratava
de escamotear-se, perder-se num mundo
sem porteira, fugir ao controle de quem quer
que fosse. Tirei o interfone do gancho e o
deixei balançando, pendurado no fio, bati a
porta da cozinha e desci correndo pela
escada de serviço, esperando que o porteiro
se enfiasse na guarita pra responder ao
interfone de frente pro saguão, de modo que
eu pudesse sair de fininho, por trás dos
pilotis, e escapar sem ser vista. Não me
importava nada o que haveria de acontecer
com o interfone nem com o porteiro.
A) “Encerram-se aí...” (l.03 e 04) Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o
B) “Sete mortos em Paris nos colocam...” fora dali o mais depressa possível, como se
(l.17) alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas
saí andando decidida, como se soubesse
C) “Nos compadecemos com tudo...” (l.24-
perfeitamente aonde ia, pisando duro, como
25)
nunca tinha pisado em parte alguma da
D) “É fácil colocar-se no lugar...” (l.36) minha antiga terra, lá onde eu sempre soube
E) “...de quem se parece conosco...” (l.37) ou achava que sabia que rumo tomar. Saí,
sem perguntar nada ao guri da banca da
Questão 19
esquina nem a ninguém, até que me visse a
uma distância segura daquele endereço que
me impingiram e onde eu me sentia Questão 21
espionada, sabe-se lá que raio de [UFBA - 2013 - UFBA - Vestibular de
combinação eles tinham com os porteiros, Letras – Língua Estrangeira Moderna
com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu ou Clássica]
chegava perigosamente perto da paranoia e
Na Bahia, diz-se: Hoje vai ter farra.
ainda falo “deles” como se fossem meus
No Rio Grande do Sul, diz-se: Hoje vai ter
inimigos, minha filha e meu genro
fuzarca.
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª
ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-
96. Nos dois casos, há uma variação linguística,
ou seja, o uso de formas diferentes para
A) “mundo sem porteira” expressar o
B) “saí a esmo” mesmo significado.

C) “dar o fora dali”


( ) Verdadeiro
D) “pisando duro”
( ) Falso
E) “raio de combinação”
Questão 22
Questão 20
[UEM - 2010 - UEM - Vestibular - PAS -
[FUVEST - 2017 - USP - Vestibular -
Etapa 1 - Francês]
Primeira Fase]
Assinale o que for correto em relação ao
Constitui marca do registro informal da
texto, cujas personagens são um casal.
língua o trecho
As expressões “tá”, “pra” e “pro” são
exemplos da modalidade oral da língua
portuguesa.

Texto

Tira do Angeli

A) “mas um só ruído compacto” (L. 2-3).


B) “ouviam-se gargalhadas” (L. 5).
C) “o prazer animal de existir” (L. 8-9).
( ) Verdadeiro
D) “gritou ela para baixo” (L. 14).
( ) Falso
E) “bata na porta” (L. 15).
Questão 23 tradicionalizavam seu tipo, maior difusão de
[EsFCEx - 2010 - EsFCEx - Oficial - leitura, maior difusão da imprensa. Essa
Magistério Português] difusão de cultura atingiu também a poesia.
Excetuado um Gonçalves Dias, a nossa
A partir de um ponto de vista linguístico,
poesia romântica é fundamentalmente um
analise as afirmativas abaixo e, a seguir,
lirismo inculto. Todo o nosso romantismo se
assinale a alternativa correta. I. Seria
caracteriza bem brasileiramente por essa
equivocado ver uma homologia entre língua
poesia analfabeta, canto de passarinho, ou
e cultura, pois conhecer uma não equivale a
melhor, canto de cantador; em sensível
conhecer a outra. II. Na língua, são os usos
oposição à poética culteranista anterior.
que se adéquam às formas e não o inverso.
Mesmo da escola mineira, que, se não se
III. Uma língua histórica é um sistema
poderá dizer culteranista, era bastante
linguístico unitário..
cultivada, principalmente com Cláudio
A) Somente I está correta. Manuel e Dirceu. É possível reconhecer que
os nossos românticos liam muito os poetas e
B) Somente II está correta. poetastros estrangeiros do tempo. Isso lhes
C) Somente III está correta. deu apenas uma chuvarada de citações
para epígrafe de seus poemas; por dentro,
D) Somente I e Il estão corretas.
estes poemas perseveraram edenicamente
E) Somente II e III estão corretas. analfabetos.
Questão 24
[FATEC - 2011 - FATEC - Vestibular - A necessidade nova de cultura, se em
Prova 01] grande parte produziu apenas, em nossos
parnasianos, maior leitura e consequente
A construção, empregada por Mário de enriquecimento de temática em sua poesia,
Andrade, que mais se desvia da norma culta teve uma consequência que me parece
do português escrito, para expressar fundamental. Levou poetas e prosadores em
tendência da língua coloquial falada, é: geral a um.... culteranismo novo, o bem falar
conforme às regras das gramáticas lusas.
O parnasianismo, entre nós, foi
Com isso foi abandonada aquela franca
especialmente uma reação de cultura. É
tendência pra escrever apenas pondo em
mesmo isso que o torna simpático... As
estilo gráfico a linguagem falada, com que
academias de arte, algumas delas, até
os românticos estavam caminhando
ridículas superfetações1 em nosso meio,
vertiginosamente para a fixação estilística
como a de Belas Artes da Missão Lebreton,
de uma língua nacional. Os parnasianos, e
mesmo criadas muito anteriormente, só
foi talvez o seu maior crime, deformaram a
nesse período começam a produzir
língua nascente, “em prol do estilo". [...]
verdadeiros frutos nativos, na pintura, na
música. Se dava então um progresso
Essa foi a grande transformação. Uma
cultural verdadeiramente fatal, escolas que
necessidade de maior extensão de cultivo Ou mardade das pió
intelectual para o poeta, atingiu também a Furaro os óio do assum preto
poesia. Da língua boa passou-se para a Pra ele assim, ai, cantá mió
língua certa.
Assum preto veve sorto
(ANDRADE, Mário de. Parnasianismo. In: Mas num pode avuá
______ O empalhador de passarinhos. Mil veiz a sina de uma gaiola
3.ed. São Paulo: Martins; Brasília: INL, Desde que o céu, ai, pudesse oiá
1972, p. 11-2)
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível
superfetações1 : A palavra significa, em: www.luizgonzaga.mus.br. Acesso em:
literalmente, fecundação de um segundo 30 jul. 2012 (fragmento)
óvulo, no curso de uma gestação. Mário de
Andrade a emprega em sentido figurado. As marcas da variedade regional
registradas pelos compositores de Assum
A) Se dava então um progresso cultural
preto resultam da aplicação de um conjunto
verdadeiramente fatal.
de princípios ou regras gerais que alteram a
B) É mesmo isso que o torna simpático... pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o
C) ...o bem falar conforme às regras das léxico. No texto, é resultado de uma mesma
gramáticas lusas. regra a

D) Isso lhes deu apenas uma chuvarada de A) pronúncia das palavras “vorta" e “veve".
citações para epígrafe de seus poemas. B) pronúncia das palavras “tarvez" e “sorto".
E) Todo o nosso romantismo se caracteriza C) flexão verbal encontrada em “furaro" e
bem brasileiramente por essa poesia “cantá".
analfabeta.
D) redundância nas expressões “cego dos
Questão 25 óio" e “mata em frô".
[INEP - 2015 - ENEM - Exame Nacional
do Ensino Médio - Primeiro e Segundo E) pronúncia das palavras “ignorança" e
Dia] “avuá".

Assum preto

Tudo em vorta é só beleza


Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor

Tarvez por ignorança

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