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FELIPE LUIZ1
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Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista “ Júlio de Mes-
quita Filho” (UNESP). Bolsista CNPQ/PIBIC.
Felipe Luiz
dada pelo pensamento contemporâneo; assim, sua análise nada mais seria
que a análise da repressão, de uma censura: poder-negativo. Mas há outra
hipótese, “de Nietzsche”, que pensa que, se o poder é relação de força, o
melhor modelo de análise é o da guerra; para Foucault “a política é a guerra
continuada por outros meios”2. Essas duas hipóteses não são antagônicas,
parecendo, inclusive, se completar: a repressão não é, no fim das contas,
fruto da guerra? A repressão não equivale à opressão do esquema jurídico;
sendo o poder relação de força, a repressão é o prosseguimento da dominação
iniciada pela guerra. As análises pelo esquema da guerra-repressão, devem
fundamentar-se em outro triplo: técnicas de dominação: mostrar quais as
técnicas de sujeição, de dominação e de fabricação dos sujeitos;
heterogeneidade das técnicas de dominação: mostrar como os agentes
operadores da dominação se apóiam uns nos outros ou se negam em suas
especificidades, em suma, mostrar que a dominação não é um todo
homogêneo, mas múltiplo, líquido, que pode se virar contra si; efeitos de
dominação: procurar as técnicas de dominação em suas condições de
possibilidade, isto é, no que as garante enquanto técnicas de dominação.
Da hipótese de Nietzsche, Foucault extrai algumas conclusões: primeiro,
sendo guerra, as relações de poder de nossas sociedades se formaram em
determinado momento histórico na e pela guerra e “a política seria a sanção
e a recondução do desequilíbrio das forças manifestado na guerra”3; segundo,
sob a aparente “paz”, a guerra continua, ainda que silenciosa: as lutas pelo,
com e do poder são manifestações da guerra; por último, se a guerra funda
o poder político, ela é também seu fim: a guerra das guerras, guerra última.
Se há batalha, é preciso que alguém lute contra alguém; Foucault pensa
que a guerra é de “todos contra todos”; não como Hobbes, pois para este o
estado, a soberania, a sociedade, surgem como maneira de acabar com a
guerra enquanto que, para Foucault, estes surgem como formas de perpetuar
a guerra, efeitos para assegurar a dominação.
2
FOUCAULT, M. É preciso defender a sociedade, 1999, p. 22.
3
Idem, Ibidem, p. 23.
4
FOUCAULT (2005), p.122.
5
FOUCAULT(2007) 2007 a, p. 105.
Referências