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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA HIDRÁULICA

VALTESON DA SILVA SANTOS

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE RECALQUE

MOSSORÓ - RN
ABRIL / 2018
SUMÁRIO

SUMÁRIO ................................................................................................................................. 1
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 2

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 2


1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 2
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 3
3. METODOLOGIA DO TRABALHO ....................................................................... 4
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA .................................................................. 4

3.2 PERDA DE CARGA............................................................................................. 6

3.3 SELEÇÃO DAS BOMBAS .................................................................................. 6

3.4 NOVO PONTO DE FUNCIONAMENTO ........................................................... 7

3.5 VERIFICAÇÃO DA CAVITAÇÃO ..................................................................... 8

4. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 9
6. Bibliografia ............................................................................................................... 10
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1. INTRODUÇÃO

O dimensionamento de bombas para recalque de água ou esgoto em estações


elevatórias devem atender aos critérios de eficiência e eficácia. Considerando que a maioria das
instalações para água e esgoto são equipadas com bombas centrifugas equipadas com motores
elétricos, este trabalho traz a metodologia para dimensionamento eficiente e com segurança de
um conjunto motobomba para alimentar um canal de distribuição de água.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral


Dimensionar um sistema de recalque cuja função é abastecer um canal de distribuição
de água.

1.1.2 Objetivos Específicos


- Classificar a bomba a ser utilizada;
- Listar os condicionantes;
- Dimensionar os diâmetros das tubulações de sucção e recalque;
- Calcular a potência do conjunto motobomba;
- Escolher a bomba pelo catálogo do fabricante;
- Testar a bomba à cavitação.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Chaves, as bombas são máquinas que convertem trabalho mecânico em


energia hidráulica, comunicando ao fluido o acréscimo de energia(CHAVES, 2012). Segundo
Azevedo Netto, as bombas podem ser classificadas quanto a 6 categorias, conforme tabela 01,
(NETTO, 1998):
Tabela 1 - Classificação das bombas de sucção. FONTE: (NETTO, 1998)
Classificação Subclassificação
Sucção Simples
1- Movimento do líquido
Dupla Sucção
Radial
2- Admissão do líquido Diagonal
Helicoidal
Um estágio
3- Número de rotores
Múltiplos estágios
Rotor fechado
Rotor semifechado
4- Tipo de rotor
Rotor aberto
Rotor a prova de entupimento ("non clog")
Eixo vertical
5- Posição do eixo Eixo horizontal
Eixo inclinado
Baixa pressão
6- Pressão Média pressão
Alta pressão

O sistema motobomba é comumente utilizado para recalcar uma certa quantidade de


água para uma cota superior e obedece costumeiramente ao esquematizado na figura 01.
Figura 1 - Diagrama de conjunto motobomba (FazFacil, 2018).
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3. METODOLOGIA DO TRABALHO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA

A metodologia utilizada para o dimensionamento do conjunto motobomba foi a mesma


prescrita por Chaves, em nota de aula.
Todos os procedimentos foram implementados em uma pasta de trabalho do MS
EXCEL a fim de semi-automatizar o processo de dimensionamento.
Inicialmente foi escolhida a bomba e a potência necessária ao conjunto. Tal escolha
tem como parâmetros a vazão e a altura manométrica do sistema (Hm).
A potência da bomba divide-se em potência hidráulica, potência absorvida e potência
mínima.
A potência hidráulica (PH) pode ser calculada da seguinte forma:
𝑃𝐻 = 𝛾. 𝑄. 𝐻𝑚
Onde:
γ é o peso específico da água
Q é a vazão a ser bombeada
A potência absorvida (PA) pode ser calculada da seguinte forma:
𝑃𝐻
𝑃𝐴 =
𝜂
Onde:
η é o rendimento da bomba
A potência mínima do motor (Pm) pode ser calculada da seguinte forma:
𝑃𝑚 = 𝑃𝐴 + 𝐹𝑜𝑙𝑔𝑎
Onde:
Folga é um percentual da potência do motor acrescida à potência absorvida para evitar
sobrecarga.
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚
𝐹𝑜𝑙𝑔𝑎 = 𝑃𝐴 .
100
De acordo com Azevedo, a margem para motores elétricos pode ser obtida levando-se
em consideração a potência absorvida do motor, conforme pode ser visto na tabela 02.
Tabela 2 - Margem de potência para motores elétricos. FONTE: (NETTO, 1998)

Potencia absorvida Margem


Até 2 HP 50%
2 a 5 HP 30%
5 a 10 HP 20%
10 a 20 HP 15%
Acima de 20 HP 10%
5

Para a potência nominal do motor, adotou-se o diâmetro comercial imediatamente


superior à potência mínima calculada.
Para o sistema a ser dimensionado, inicialmente calculou-se o diâmetro do tubo
comercial que atendia ao critério de velocidade entre 1 m/s e 2 m/s, através de uma adaptação
da equação da continuidade, a qual se escreve:

4. 𝑄
𝐷= √
𝜋. 𝑉

Onde Q é a vazão;
V é a velocidade com a qual escoa o fluído.
Adotou-se como diâmetro de projeto a menor dimensão de tubo comercial
imediatamente superior ao diâmetro encontrado. Da mesma forma, adotou-se para a tubulação
de sucção o diâmetro comercial imediatamente superior à tubulação de recalque.
Para a perda de carga, foi somado a contribuição individual de cada peça componente
do sistema, dividindo-as em sucção e recalque, conforme tabelas 4 e 5.
Tabela 3 - Elementos de perda de carga do recalque
Elementos de perda de carga - Acessórios de recalque
Alargamento gradual
Válvula de retenção
Registro de gaveta aberto
Curva de 90° de raio longo
Curva de 90° de raio longo
Curva de 45° de raio longo
Curva de 45° de raio longo

Tabela 4Elementos de perda de carga da sucção


Elementos de perda de carga - Acessórios da sucção
Válvula de pé e crivo
Curva de 90° de raio longo
Redução gradual
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3.2 PERDA DE CARGA

Com base nos comprimentos equivalentes encontrados, e nos diâmetros de sucção de


recalque, calculou-se a perda de carga do sistema pela fórmula de Hazen-Williams.

Onde C é a constante do material, D o diâmetro da tubulação, Q a vazão e L o


comprimento da tubulação.
A vazão requerida é de 110,00 m³/h e a altura manométrica de 59,74 m.
Somou-se as alturas geométricas com as perdas de carga em cada ramo para encontrar
a altura manométrica. A partir desses valores foi encontrada a bomba que melhor atende à vazão
e a altura manométrica requeridas a partir do mosaico. A bomba selecionada foi a 80-40/2, a
1750 rpm.
3.3 SELEÇÃO DAS BOMBAS

Da mesma forma, foi encontrada a bomba que melhor atende à vazão e a altura
manométrica requeridas a partir do mosaico para bombas de 3500 rpm. A bomba selecionada
foi a 65/20.
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Foi consultado o catálogo do fabricante KSB, para plotar o ponto de funcionamento


cada bomba encontrada. Os resultados estão nos anexos I e II.

3.4 NOVO PONTO DE FUNCIONAMENTO

Para a bomba 80-40/2, o ponto de funcionamento ficou acima do diâmetro de 290 e


abaixo de 310. Para a bomba 65-20, o ponto de funcionamento ficou acima do diâmetro de 190
e abaixo de 200. Corrigiu-se então o ponto de funcionamento da bomba, calculando-se a curva
característica do sistema pela fórmula de Hazen-Williams.
Da expressão
𝐻𝑚 = 𝐻𝐺𝑠 + ℎ𝑓𝐺𝑠 + 𝐻𝐺𝑅 + ℎ𝑓𝐺𝑅
Sabendo que a soma das alturas geométricas é 46,30 m e

Escreve-se K’ como:
𝐻𝑚 − 𝐻𝑔
𝐾′ =
𝑄1,852
Para o ponto de funcionamento, o valor de K’ é 2,2271.10-3.
Logo:
𝐻𝑚 = 46,30 + 2,2271. 10−3 . 𝑄1,852
Foram calculados 3 pontos antes e 3 pontos após o ponto de funcionamento, conforme
mostrado na tabela abaixo.
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Q (m³/h) 80 90 100 120 130 140


Hm (m) 54 56 58 62 65 67

Obteve-se, graficamente, o novo ponto de funcionamento para as duas bombas,


conforme mostrado na tabela abaixo.
Bomba Diâmetro do Q (m³/h) Hm (m) Rendimento Potência Hs (m)
rotor (hp)
KSB 65-20 200 mm 123,3 62,90 72,4 35 -8,51
3500 rpm
KSB 80-40/2 310mm 115,00 60,00 71,5 39 7,62
1740 rpm

Obteve-se algebricamente as potências hidráulica, absorvida, mínima e nomina para


cada bomba.
Potencias calculadas do conjunto motobomba
Bomba KSB 80-40/2 1740 rpm KSB 65-20 3500 rpm
Potencia hidráulica (PH) [cv] 24,36 24,36
Rendimento da bomba (η) [%] 0,72 0,72
Potencia absorvida (PA) [cv] 34,07 33,65
Potencia mínima (PM) [cv] 44,30 43,75
Potencia nominal (P) [cv] 45,00 45,00

3.5 VERIFICAÇÃO DA CAVITAÇÃO

Para calcular se a bomba apresentará cavitação, utiliza-se a equação abaixo para


calcular o NPSHr (requerido) e o NPSHd (disponível).
𝑉2
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 = 10 − 𝐻𝑠 + + 0,5
2𝑔
𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 =
𝛾
𝑃𝑎𝑡𝑚
= 10,33 − 0,0012. 𝐴𝑙𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒
𝛾
0,32
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 10,33 − 0,0012.500 −
0,997
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 9,409 𝑚
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Bomba NPSHr NPSHd


KSB 65-20 3500 rpm 19,058 9,409
KSB 80-40/2 1740 rpm 2,928 9,409

Para a bomba KSB 80-40/2 1740 rpm não haverá cavitação. Para a bomba KSB 65-20
3500 rpm, a altura de sucção deverá ser corrigida.
𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣
𝐻𝐺𝑠 = − 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 − 1
𝛾

𝐻𝐺𝑠 = −10,33 𝑚
Portanto, para que não haja cavitação, a bomba KSB 65-20 3500 rpm deverá ser
instalada afogada, 10,33 m abaixo do nível da água.
Uma vez que as duas bombas analisadas apresentaram a mesma potência nominal, será
usada a bomba KSB 80-40/2 1740 rpm. Cuja potência instalada é de 45 cv. Suas características
operacionais são:
Marca: KSB
Modelo: ETA (80-40/2)
Diâmetro do rotor: 310 mm
Rendimento da bomba: 71,5 %
Número de rotações: 1740 rpm
NPSH requerido: 2,93 m
Potência hidráulica: 24,36 cv
Potência mínima: 44,30 cv
Potência nominal: 45 cv.
Altura de sucção: 4,0 m
Altura de recalque: 42,3 m

4. CONCLUSÕES

O conjunto motobomba instalado garante a vazão demandada de 110 m³/h, com uma
velocidade de recalque entre 1 m/s e 2m/s. O sistema não apresentará cavitação, desde que
atendidos os requisitos de projeto.
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6. Bibliografia
CHAVES, S. W. (2012). INSTALAÇÕES DE RECALQUE. Mossoró, RN: UFERSA.

EVANGELISTA, A. W. (2014). CONDUÇÃO DE ÁGUA. GOIANIA: UNIVERSIDADE


FEDERAL DE GOIÁS.

FazFacil. (31 de março de 2018). Motobombas centrifugas de um ou mais estágios. Fonte: Faz
Facil: http://www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/motobombas-centrifugas/

NETTO, J. M. (1998). Manual de hidráulica. São Paulo: Blucher.

Catálogo de bombas comerciais da KSB, MANUAL TÉCNICO E CURVAS


CARACTERÍSTICAS.
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APÊNDICE I – Tabelas

Condicionantes
Comprimento da canalização de recalque [m] 600
Comprimento da canalização de sucção [m] 15
Vazão a ser bombeada [m³/h] 110
Material da canalização: tubos de ferro fundido novos [C] 130
Altitude do local de instalação da casa de bombas [m] 500
Hv [m] 0,322
Velocidade [m/s] 1,8
Diâmetro calculado da tubulação de recalque [m] 0,147
Diâmetro comercial da tubulação de recalque [m] 0,150
Velocidade final no recalque [m/s] 1,729
Diâmetro comercial da tubulação de sucção [m] 0,200
Velocidade final na sucção [m/s] 0,973

Elementos de perda de carga - Acessórios de recalque


Alargamento gradual 1,9
Válvula de retenção 12,5
Registro de gaveta aberto 1,1
Curva de 90° de raio longo 3,4
Curva de 90° de raio longo 3,4
Curva de 45° de raio longo 2,3
Curva de 45° de raio longo 2,3
Total 26,9
Comprimento Virtual [m] 26,9
Perda de carga (hfr) [m] 13,066
Altura geométrica do recalque [m] 42,30
Elementos de perda de carga - Acessórios de sucção
Válvula de pé e crivo 52
Curva de 90° de raio longo 4,3
Redução gradual 1,2
Total 57,5
Comprimento Virtual [m] 57,5
Perda de carga (hfs) [m] 0,372
Altura geométrica da sucção [m] 4,00
Altura manométrica [m] 59,74
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APENDICE II – Figuras

Figura 1 – Vista do canal a ser abastecido pelo Sistema motobomba

Figura 2 – Vista do Sistema de recalque com cotas.

Figura 3 – Detalhe do conjunto motobomba.

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