Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nº 41/2018
MARÇO DE 2018
Constatamos que o “rosto” do Brasil está mais representado na Marcha para Jesus
do que nas manifestações das mobilizações políticas polarizadas ou em Aparecida.
Os jovens, por exemplo, não estão nas manifestações da polarização, mas estão na
Marcha para Jesus. A Marcha expressa um certo conservadorismo típico da socie-
dade brasileira que é um pouco equilibrado por algumas poucas posições mais pro-
gressistas. A grande presença de jovens no evento talvez explique a adesão à opiniões
feministas, principalmente.
Uma diferença marcante entre os grupos que participaram da Marcha para Jesus
e da peregrinação para Aparecida é a idade. Aqueles que participaram do evento
evangélico são consideravelmente mais jovens, a média de idade foi de 34 anos con-
tra 44 dos católicos.
Sumário
Apresentação 3
Evangélicos e católicos 10
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
3
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
Incorporamos também a análise efetuada em idade dos eventos era de mais de 40 anos; na
um outro levantamento realizado na Marcha Marcha, porém, 26,7% dos presentes tinham
para Jesus de 2016, com foco nessa diversi- de 16 a 24 anos e 25,6% de 24 a 34.
dade de grupos evangélicos e nas preferências
Perfil etário
eleitorais dos mesmos.
Ato a favor da Lava-Jato
4
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
cia Jair Bolsonaro (PSC a caminho do PEN/ O antipetismo, tão presente nas manifestações
Patriotas) ou no atual prefeito de Rio de Ja- anticorrupção (nas quais mais de 80% dos
neiro, Marcello Crivella (PRB) (53,9% não entrevistados se declaram muito antipetista)
confiam). O governador de São Paulo Ge- desta vez divide opiniões: 39,9% se definem
raldo Alckmin (PSDB), próximo da Igreja como nada antipetista e 36,8% como muito
Católica, não tem a confiança de 61% dos antipetista.
entrevistados. Muitos dos entrevistados dis-
seram que confiavam neles como “homens Identificação com partidos
de Deus”, mas não como “políticos”.
76,9%
Marco Feliciano
14 20 54 São menos fundamentalistas que os
políticos da bancada evangélica
não respondeu
não sei
Sobre valores, podemos afirmar, um pouco
não conhece esquematicamente, que a Marcha expressa
não confia um certo conservadorismo típico da socieda-
confia pouco de brasileira que é um pouco equilibrado por
confia muito algumas poucas posições mais progressistas.
5
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
Sobre as pautas religiosas, 77,3% afirmam 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
que “a escola deveria ensinar valores religio- não sei
sos” e 75% que os “valores religiosos deve- não concorda
riam orientar as leis”. concorda
6
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
50,00
46,34
43,36 42,55
42,11
40,00
31,71
30,00 27,21 27,13
25,26
21,05 19,85
20,00 17,07 18,62
10,00
5,26 4,41 6,32 5,15 5,32
2,44 2,44
0
Indiferente Não conhece Não representa Não soube opinar Representa
7
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
Universal do Reino
Entre as intenções de voto para presidente, de Deus - 2% Adventista - 2%
apresentamos alguns nomes do cenário polí-
tico em 2017 (ver gráfico abaixo).
Renascer
22% Assembléia
Como em outras sondagens, Lula também de Deus
se destacou nesta pesquisa com a maior in- 23%
tenção de votos (12,50%), seguido por João
Dória (11,56%) e Jair Bolsonaro (8,25%). Batista
C. Independentes 10%
41%
2. Disponível em: http://www.diap.org.br/index.php?option=-
com_content&view=article&id=14637-evangelicos-crescem-
-no-congresso-psc-lidera-em-numero-de-parlamentares. Aces-
so em 08/02/2017.
8
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
No entanto, devemos destacar que a maioria política pública que vise algum tipo de bene-
dos entrevistados não possui um candidato fício para classes menos favorecidas. E neste
ou pretende votar em branco/nulo (52,36%). sentido, ao questionarmos sobre o programa
A maior concentração das intenções de voto Bolsa Família encontramos um ponto muito
para Lula está nas comunidades independen- interessante. De forma geral, os evangélicos
tes e nas Assembleias de Deus, ou seja, mais são favoráveis ao programa, 64% concordam
presente entre os pentecostais e neopentecos- com a implementação desta política pública
tais (ver gráficos de pizza ao lado). e 31% são contra. Porém ao analisar em gru-
pos, percebemos que o maior índice contrário
Por outro lado, nas intenções de voto para ao Bolsa Família está entre neopentecostais
João Dória encontramos um aumento em re- com 37%.
lação a Lula, entre os Batistas e os da Igreja Bolsa famíla (em %)
Renascer em Cristo.
C. independentes 65 3
Buscando compreender essa relação, principal-
Neopentecostais 53 10
mente entre os membros da igreja Renascer em
Cristo com as intenções de voto, analisamos Pentecostais 72 2
outros dados dos entrevistados. Foi no item 72
Históricos 14
renda que encontramos a principal diferença
0 20 40 60 80 100
entre a Igreja Renascer e as demais igrejas. Pro-
porcionalmente, os entrevistados da Igreja Re- Contrário Favorável Não soube opinar
9
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
tas. Além disso, o índice de representativida- confiar em partido nenhum, 14,3% confiam
de das lideranças político-religiosas entre os no PT e 4,4% no PSDB.
fiéis é baixo. Por exemplo, em nossa pesquisa,
apenas 16,75% dos entrevistados afirmaram Como entre os evangélicos, aqui também a
que se sentem muito representados pelo Pas- maioria se define como conservadora: 39,6%
tor Silas Malafaia e apenas 12,5% afirma- como muito conservadores e apenas 19,3%
ram que se sentem muito representados pelo como nada conservadores. Sobre a intenção
Pastor Marco Feliciano. Por este motivo, as de voto para 2018, os votos nulos e brancos
pautas conservadoras da Bancada Evangélica são os primeiros colocados, seguidos de Lula e
ou os posicionamentos conservadores profe- Bolsonaro, como nas pesquisas nacionais.
ridos na mídia por pastores nem sempre irão
refletir no voto e na opinião do fiel. Também Quando questionados sobre a confiança em
percebemos que o fator religioso em si, não é movimentos sociais, 77% declaram desco-
determinante para o voto, pois fatores como nhecer o MBL (Movimento Brasil Livre)
renda, escolaridade, dentre outros, devem ser - 10% não confiam, 6% confiam pouco e
levados em conta no momento de traçar estu- apenas 6% confiam muito no grupo. Um
dos sobre o cenário eleitoral. pouco antes da peregrinação, o MBL havia
acusado o Museu de Arte Moderna (MAM)
Evangélicos e católicos de promover a pedofilia por conta de uma
exposição, na qual um artista ficou nu e foi
O mesmo questionário sobre guerras cultu- tocado por uma criança. Apesar do grupo ser
rais foi aplicado durante a peregrinação ao pouco conhecido, 58% ficaram sabendo do
Santuário de Aparecida em 12 de outubro de caso e 30% concordaram que a instalação de
2017 (363 pessoas entrevistadas e margem de fato promoveu pedofilia. Em relação à forma
erro de 6%.). O mais importante resultado é como se deve lidar com uma exposição como
a similaridade das respostas dos dois univer- essa, os entrevistados dividiram-se entre de-
sos. Quando questionados sobre a confiança fender que os pais devem decidir o que é me-
nos partidos, 69,4% dos católicos dizem não lhor para seu filho (25%) e a censura etária
10
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
(25%) - apenas 9% defenderam a proibição Cotas são uma boa medida para fazer com
que os negros entrem na universidade (em %)
da exposição. Contrastando com o desco-
nhecimento massivo do MBL, o MPL (Mo-
Marcha para Jesus
vimento Passe Livre) é conhecido da metade
dos entrevistados e tem a confiança de 27% 42
deles. A desconfiança maior é com o Movi-
mento dos Sem Terra (52%).
Aparecida do Norte
Aparecida do Norte
Aparecida do Norte
55
59
0 25 50 75 100 0 25 50 75 100
Concorda Não concorda Não sei Concorda Não concorda Não sei
11
A AGENDA POLÍTICA E AS “GUERRAS CULTURAIS” PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS
12
Autores Responsável
Friedrich-Ebert-Stiftung (FES)
A Fundação Friedrich Ebert é uma instituição alemã sem fins lucrativos, fundada em 1925. Leva o
nome de Friedrich Ebert, primeiro presidente democraticamente eleito da Alemanha, e está com-
prometida com o ideário da Democracia Social. No Brasil a FES atua desde 1976. Os objetivos de
sua atuação são a consolidação e o aprofundamento da democracia, o fomento de uma economia
ambientalmente e socialmente sustentável, o fortalecimento de políticas orientadas na inclusão e
justiça social e o apoio de políticas de paz e segurança democrática.