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A VERDADEIRA HISTÓRIA DO DIABO

Palavras como lúcifer, satanás, diabo, demônio, satã, etc, só de


ouvi-las, muitos se arrepiam e cagam nas calças de medo,
Palavras que são imprescindíveis em qualquer culto cristão que
se preze.

Essa criatura, de fato, existe?

Vamos aqui desvendar a verdadeira história do diabo e derrubar


mitos.

AS ORIGENS

A partir do séc. IV,


quando o Cristianismo
torna-se a religião oficial do Império Romano, a religião cristã se
propaga com uma velocidade extrema. Muitos santuários e
templos pagãos são destruídos, e em seus lugares são
construídos igrejas cristãs, como tentativas de substituir a velha
fé pela a nova. Como evidência disso, podemos citar que o
Cristianismo, não apenas, se apropriou do dia 25 de Dezembro,
tido arbitrariamente como o dia do nascimento de Cristo, data
também do SOLSTÍCIO DE INVERNO, a noite mais longa do ano
(dia que era calculado através da lua e das estrelas), que então
era a data mais sagrada para a religião mitraica, sendo o
MITRAISMO a maior religião concorrente do Cristianismo,
naquela época, como também uma das datas principais do
paganismo. Assim como também se apoderou do lugar do maior
templo mitraico, que ficava na colina vaticano, onde hoje fica a
maior igreja cristã, a basílica do Vaticano. Contudo, mesmo com
todo o poder da igreja, muitas divindades pagãs ainda eram
reconhecidas, e cultuadas, em muitos lugares. Tem inicio,
então, uma nova estratégia da igreja: a transformação de
deuses de outras religiões em demônios, seres destituídos de
qualquer valor positivo. Deturpando, deste modo, o verdadeiro
sentido que tais seres teriam para tais povos. E, assim,
mantendo os fiéis longe de cultos pagãos. Culminando com a
"SANTA" INQUISIÇÃO, em que eram mortos, na fogueira,
indivíduos simpatizantes de outros credos religiosos.

Na verdade tal estratégia não era nem um pouco nova, pois, na


antiguidade, quando um povo entrava em guerra com outro
povo, não apenas os membros destes povos eram tidos como
inimigos, assim como seus deuses eram tidos como adversários.
O que seria de esperar, já que se um deus é tido como benéfico
para determinado povo, o mesmo deus passaria a ser maléfico
para o povo adversário. E, por conseguinte, seria natural que
um povo adversário deturpasse os deuses adversários. O que se
pode ver, de modo claro, nos termos SATANÁS e SATÃ: termos
oriundos do hebreu SHAITAN, que em hebreu significa
adversário. Era usado para denominar rivais. Portanto, qualquer
adversário era denominado de Shaitan, ou melhor, na
linguagem de hoje, Satanás ou Satã, mesmo para deuses de
povos inimigos.

A IMAGEM DO
DIABO

DIABO – Termo
oriundo da palavra grega diabolos. Segundo Marcelo Del
Debbio, seu verdadeiro significado seria “ aquilo que nos
separa” .

Como já foi dito, a igreja Cristã, durante sua tentativa de


arrecadar novos fiéis e destruir religiões inimigas, - ato tão
comum naquela época, e uma das formas de intimidar o culto
de outros deuses -, distorceu, não apenas o significado de tais
deuses, como suas imagens e qualidades, associando-os a
figuras de seres horrendos e maléficos. Deste modo, o que era
tido como símbolos sagrados e benéficos para outros povos
passaram a ser vistos como símbolos maléficos para a cultura
cristã, associados à imagem do Diabo.

E embora na Bíblia apareça uma figura denominada com tal


nome, notamos que tal figura não aparece, de modo algum,
com características, tidas hoje, como pertencente à sua
malévola natureza, como os famosos chifres, tridente e as
pernas de bode. Como em Ezequiel 28: 12 a 19, em que
supostamente uma estranha figura é interpretada como o tal, e
que geralmente é associado à origem do Diabo (embora alguns
interprete-a de forma METAFÓRICA):

Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e


dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden,
jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura:
sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira,
carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no
monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas
andavas.

Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste


criado, até que se achou iniqüidade em ti.

Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de


violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de
Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras
afogueadas.

Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,


corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por
terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.
Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu
comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do
meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre
a terra, aos olhos de todos os que te vêem.

Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de


ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.

Portanto, NADA há de chifres, tridente e, muito menos, pernas


de bode.

A imagem do Diabo como um ser possuidor de chifres, tridente


e pernas de bode, é uma imagem, portanto EXTRA BÍBLIA,
criada para associar um conjunto de atributos que para outros
povos eram sagrados e benéficos, pertencentes à natureza de
seus deuses, à imagem de algo ruim. Senão, vejamos:

CHIFRES

Os chifres em muitas
culturas antigas eram
sinais de algo divino, e em muitos casos o número de chifres
representava o poder e a importância de cada deus. Acreditava-
se também que os chifres recebessem poderes divinos, para
quem os usasse. Por isso, em muitos povos era honroso o uso,
não apenas por reis, como por guerreiros destes mesmos povos.
E, assim, vários personagens foram retratados com chifres,
como Alexandre, o grande e Moisés.

Foi com o cristianismo que tal uso tornou-se um símbolo


maléfico, bem como desonroso. Mais tarde, “ LEVAR CHIFRE”
tornou-se ofensivo. Mas isso deveu-se primeiro aos romanos.
Pois, durante as guerras, as rainhas celtas, durante a ausência
dos reis, mantinham haréns, com homens incumbidos de
substituí-lo. Para os romanos, como posteriormente para os
católicos, isto era um ato desonroso e absurdo. O que logo foi
associado ao uso dos chifres. Dando origem a tal expressão tão
usada em países latinos, como o nosso.
Outra forma que demonstra, inequivocamente, a idéia dos
chifres como um símbolo divino é a cornucópia. Este símbolo é
representado por um chifre, de onde brotaria alimentos em
abundância, aplacando a fome de todos.

TRIDENTE

O tridente para
muitas culturas era (e
ainda o é) um instrumento sagrado e extremamente poderoso.
“ O tridente mais antigo que se tem registro é o Trishula, a
arma principal de Shiva [um dos deuses da religião hindu,
responsável pela destruição dos defeitos da alma, que entravam
nossa evolução espiritual], retratado aproximadamente 6.000
anos atrás. É com essa arma que ele destrói a ignorância nos
seres humanos. Suas três pontas representam as três
qualidades da matéria: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e
sattva (o equilíbrio).”

“ Portanto, para os indianos e durante mais de 4.500 anos, o


tridente foi o símbolo de sabedoria; uma arma sagrada que
todos nós devemos sempre lembrar de carregar conosco.” Mas
que, mais uma vez, foi tomado pelo cristianismo como um
símbolo diabólico. E no IMAGINÁRIO popular cristão, tornou-se
uma espécie de espeto diabólico, com o qual o Diabo espetaria
as almas condenadas ao inferno.

PERNAS DE BODE

Muitas divindades
pagãs possuíam
pernas de bode, como os deuses romanos Sylvanus e Faunus,
ou o deus celta Cernunnos, bem como o antigo deus grego Pan.
Além de possuírem suas pernas em formato de pernas de bode,
estes antigos deuses também possuíam chifres.

O deus Pan, assim como os deuses acima, era o deus da


fertilidade, dos instintos, das paixões, do sexo, tido como um
benéfico atributo dos deuses. Suas pernas de bode
simbolizavam a sexualidade e a fertilidade, umas das
características atribuídas ao bode.

BAPHOMET

Uma das imagens


bastante divulgadas
do Diabo, principalmente entre músicos de Rock, é o Baphomet.
Esta mistura de bode, homem e ave, na verdade nunca foi
cultuada verdadeiramente, surgiu de uma lenda medieval ligada
aos Templários, que por questões de interesses políticos e
financeiros, foram dizimados sob a calúnia, nunca comprovada,
de homossexualismo, baseada no símbolo da ordem, que trazia
dois cavaleiros montando o mesmo cavalo, bem como na idéia
herética, também nunca comprovada, de que estes soldados
cristãos, que em vez de cultuarem Cristo, cultuavam outro ser,
um ser demoníaco. Tal figura nunca foi bem definida pelo
tribunal da Inquisição, sendo apenas vagamente descrita como
uma espécie de “ cabeça barbuda” . Mais tarde esta figura
tomou forma através das mãos do ocultista francês Eliphas Levi
(1810 – 1875), que tentou decifrá-lo em seu livro Dogma e
Ritual da Alta Magia de 1855. Portanto, é quase certo que o
famoso Baphomet não passou de uma invenção, com intuito de
desmoralizar, e assim, desapropriar os Templários de suas
riquezas, feita por alguns reis europeus.

LÚCIFER

A palavra Lúcifer tem


origem do latim,
LUCIS = LUZ; FERRE = CARREGAR. Portanto, Lúcifer significa:
“ o que trás a luz” . Era um nome dado, na antiguidade, para o
planeta Vênus. Vênus, devido sua proximidade ao sol, aparece
antes do amanhecer e do anoitecer. Isto, para os antigos, era
como se Vênus puxasse o astro rei de seu sono para criar as
manhãs. E no entardecer o empurrasse de volta, para as regiões
obscuras, abissais. Daí, portanto, dando origem ao seu nome,
Lúcifer, “ o que trás a luz” . Vênus também é conhecido, pelo
mesmo motivo, como a “ estrela d’ alva” , “ estrela da
manhã” e “ estrela vespertina” .

Em nenhum momento na Bíblia seu nome aparece como


sinônimo para Demônio. Tal associação surge, posteriormente,
devido a uma má interpretação de uma passagem bíblica do
Velho Testamento, cujo o profeta Isaías, assim nos relata:
“ Como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da manhã” , ou mais
precisamente:

Como caíste do céu,


Ó ESTRELA D’ ALVA [LÚCIFER], filho da manhã!
Como foste atirado à terra,
vencedor das nações!
E, no entanto, dizias no teu coração:
hei de subir até o céu,
acima das estrelas de Deus colocarei o meu trono,
estabelecer-me-ei na montanha da assembléia,
nos confins do norte.
Subirei acima das nuvens, tornar-me-ei semelhante ao
Altíssimo.’
E, contudo foste precipitado ao Xeol,
nas profundezas do abismo.
Os que te vêem fitam os olhos em ti,
e te observam com toda atenção, perguntando:
“ Porventura é este o homem que fazia tremer a terra,
que abalava reinos?"(Isaías 14, 12 – 15)

O que o profeta nos relata não é a queda de um anjo


demoníaco, mas a morte do rei da Babilônia, Nabucodonosor,
identificado metaforicamente à Lúcifer (o planeta Vênus), pelo
pecado da luxúria que era, então, associado a Vênus.
Posteriormente esta passagem será associada à origem do
Diabo.

Isto é tão verdadeiro, que as próprias palavras de Jesus


comprovam que tal nome, não poderia ser associado a algo mal:

“ Eu, Jesus, ... Eu sou a raiz e o descendente de Davi, sou a


estrela radiosa da manhã.” (Apocalipse 22:16).

Portanto, JESUS É LÚCIFER, isso mesmo, para seu espanto,


pois, Jesus, tal qual a estrela da manhã (Lúcifer), é aquele que
trás a luz, o iluminado. Por isso, um dos primeiros Papas foi
chamado de Lúcifer. Houve também um bispo da Sicília, de 370
a 371, chamado Lúcifer de Cagliari, que é um Santo cristão
conhecido. O que reforça, ainda mais, tais idéias.

LÚCIFER E A QUEDA DOS ANJOS

Tal erro surge da


tentativa de substituir
uma velha tradição então, aceita correntemente, da “ queda
dos anjos” , encontrada nos chamados Livros de Enoque. Um
livro apócrifo, não pertencente ao conjunto dos livros bíblicos,
mas que possuía enorme influência. E na tentativa de substituí-
la, com influências cristãs, alguns autores tomaram a infeliz
decisão de transformar a palavra Lúcifer como título de
Demônio. Para tanto, como já foi dito, interpretaram de modo
errôneo uma passagem do Livro de Isaías “ no qual [o Deus]
Yaveh protege seu povo destruindo o orgulho de seu inimigo” .

Deste modo, interpretaram Lúcifer como sendo o nome de


Satanás antes de sua queda do Paraíso. (Lembrem-se que a
palavra Satanás (Shaitans), como já foi visto, possuía o
significado de adversário, ou inimigo).
O DEMÔNIO

A idéia de um deus,
ou de um semi-deus,
que trás a luz para os homens, não era um tema novo, mesmo
naquele tempo. Muito antes já havia o mito grego de Prometeu,
o deus grego que rouba o fogo dos deuses para prover os
homens com esse elemento divino, anteriormente inexistente
entre os homens. E mesmo entre essa espécie grega de Lúcifer,
nada havia de Demoníaco.

Aliás, o termo Demônio possui origem grega, de Daemon,


palavra que em sua origem, significava uma espécie de anjo
protetor, ou uma intuição interior benéfica, à nos dirigir nos
bons atos. Deste modo, Sócrates, o filósofo grego, que foi
considerado o homem mais justo que, então, o mundo tinha
conhecido, bem como o homem mais sábio, pelo oráculo de
Delphos, se dizia inspirado em suas boas ações por um
Daemon. Posteriormente tal palavra originaria a palavra
Demônio, já obedecendo às interpretações cristãs, no sentido de
espírito maligno.

666 OU 616?

Contudo, é bem
possível que o
número 666 seja fruto de interpolação, já que O Codex
Ephraemi Rescriptus, um manuscrito do Séc. V, que comporta
quase todo o Novo Testamento, o qual “ trata-se de um
palimpsesto, ou seja, um pergaminho que foi raspado para
apagar-se o conteúdo original e possibilitar ser novamente
escrito” , concebe o número da Besta como sendo 616, bem
como um pequeno fragmento antigo encontrado do Livro do
Apocalipse. Não havendo, portanto, unanimidade quanto a tal
número, sendo, bem possível, ser o número 666 o resultado de
adulteração de traduções. O que explicaria, por sua vez, toda a
confusão com o sentido benéfico de tal número. Pois, é sabido
que, naquele tempo, o ato de escrever em cifra ou em código,
era bastante comum, consistindo, simplesmente, em atribuir
valores numéricos às letras. O que era facilitado pelo fato das
línguas, latim, hebreu e grego, usarem letras como símbolos de
números. E, assim, podia-se conceber palavras como números e
vice-versa. Deste modo, para alguns, por exemplo, o nome
Cristo podia ser interpretado como 888. Todavia, uma mesma
palavra, dependendo do idioma adotado, podia ter valores
numéricos diversos. Assim sendo, para Orígenes, Cristo era
representado pelo número 318. Tornando clara a CONFUSÃO
que daí poderia provir, já que muitas línguas possuíam alfabetos
diferentes. Tanto que do próprio nome de Jesus de Nazaré em
hebraico (YRSN VSY), transpondo para números, pode-se obter
666.

CONCLUSÃO:

Devemos sempre nos lembrar que não apenas nossos atos


possuem conseqüências, como também nosso modo de pensar.
E que um pensamento calgado no medo e na ignorância não
pode nos dar bons frutos. E que o pior medo, é aquele que
surge da ignorância, pois ignorando suas origens, não podemos
dominá-lo, porém ele nos domina. Por isso, desde muito cedo, é
sabido: O MELHOR MEIO DE DOMINAR ALGUÉM É LHE
INCUTINDO MEDO. Idéia que sempre foi usada na humanidade
e que, em nós, é incutida desde que somos criancinhas, como
forma infeliz de nos “ acalmar” os ânimos, nos impondo medo
de um bicho-papão, ou de algo parecido. E poucas são as fontes
tão prodigiosas em medo quanto as religiões.

Assim, Lúcifer, Satanás, Diabo e etc, surgem como deturpações


criadas de deuses, ou símbolos, pagãos, feitas pela igreja cristã.
E o que são tais figuras, além de uma espécie de bicho-papão
que assombrariam nossas mentes, mantendo-nos cativos de
nossa própria ignorância? E, assim, provendo de um gordo
dízimo àqueles interessados em mantê-las, mantendo, deste
modo, o medo.

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