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Questões freqüentes dos produtores sobre a qualidade dos alevinos de tilapia - 2006 .............53
Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999
Obs.: Devido a sua extensão este artigo será editado em duas partes consecutivas.
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Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999
abertura dos canais para exportação. “As rações podem com- Melhora a eficiência alimentar, mini-
O potencial para tilapicultura no mizando os custos de produção.
Nordeste, principalmente em Alagoas, por 40% a 70% do custo Reduz o impacto poluente dos efluentes
Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe e, da piscicultura intensiva, contribuindo
no Centro-Oeste, particularmente Goiás*,
vem atraindo o interesse de empresas
de produção, represen- para o aumento da produtividade por área
de produção.
nacionais e estrangeiras. Ao contrário do Confere adequada saúde e maior tole-
Centro-Oeste, rico em soja, milho e outros tando o principal item rância às doenças e parasitoses.
grãos, grande parte do nordeste ressente Melhora a tolerância dos peixes ao
da insuficiência e altos preços destes in- de custo na piscicultura manuseio e transporte vivo.
sumos, o que encarece o custo das rações. Aumenta o desempenho reprodutivo
O avanço da produção de soja, milho e intensiva de tilápias.” das matrizes e a qualidade das pós-larvas
outros grãos em áreas como o oeste baiano, e alevinos.
Tocantins e sul do Maranhão, aliados a 1. Importância da nutrição e alimentação E, consequentemente, possibilita otimi-
investimentos governamentais em infra- zar a produção e maximizar as receitas da
estrutura para escoamento da produção Em função do sistema de produção piscicultura.
(hidro, rodo e ferrovias) podem viabilizar adotado, as rações podem compor 40 a
a chegada de grãos no Nordeste a preços 70% do custo de produção, represen- 2. Nutrientes essenciais e
mais competitivos. Ambas as regiões são tando o principal item de custo na pis- exigências nutricionais das tilápias
privilegiadas com temperaturas elevadas cicultura intensiva de tilápias. Portanto,
o ano todo e intensa radiação solar. Isto uma das maneiras mais eficazes dos Através dos alimentos disponíveis
favorece a produção de plâncton (alimento produtores minimizarem este custo é ou oferecidos, os animais devem obter
de grande qualidade e baixo custo) e o ajustar adequadamente a qualidade das suficientes quantidades de nutrientes essen-
crescimento das tilápias. O uso de siste- rações e o manejo alimentar às diferentes ciais de forma a garantir a normalidade de
mas que combinem o aproveitamento do fases de produção e ao sistema de cultivo seus processos fisiológicos e metabólicos,
alimento natural disponível com rações utilizado. assegurando adequado crescimento, saúde
granuladas suplementares será o caminho A adequada nutrição e manejo alimentar: e reprodução. De uma forma geral, com
para a produção anual contínua de tilápias Possibilita o melhor aproveitamento do algumas particularidades dependendo
com qualidade, a um custo inigualável, potencial de crescimento dos peixes. da espécie, é reconhecido que os peixes
em volumes suficientes para o mercado Acelera o crescimento dos peixes, au- apresentam exigências em pelo menos 44
interno e exportação. mentando o número de safras anuais. nutrientes essenciais, que incluem a água,
Tilápias podem ser produzidas a um
baixo custo. Para isto é
necessário explorar a sua
habilidade em aproveitar
alimentos naturais e ado-
tar estratégias adequadas
de manejo nutricional e
alimentar nas diferentes
fases de cultivo. O pre-
sente trabalho resume as
exigências nutricionais de
tilápias e as estratégias de
alimentação das diversas
fases de desenvolvimento
e sistemas de cultivo.
* Consideramos atualmente
apenas Goiás e Distrito Fe-
deral, visto que o cultivo de
tilápias foi proibido no Mato
Grosso e nas áreas do Mato
Grosso do Sul que abastecem
a Bacia do Rio Paraguai
(Pantanal).
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Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999
aminoácidos essenciais, energia, ácidos tam de 10 aminoácidos essenciais em sua alimentar, redução no apetite e, em alguns
graxos essenciais, vitaminas, minerais e dieta. As exigências destes aminoácidos casos, deformidades na coluna (triptofano)
carotenóides. em rações nutricionalmente completas e cataratas (metionina).
para tilápia do Nilo são apresentadas na
2.1. Aminoácidos essenciais Tabela 1. 2.2. Energia
A Tabela 2 resume alguns resultados
Os aminoácidos são unidades formado- de estudos quantificando as exigências em Os animais necessitam de energia para
ras das proteínas, portanto de fundamental proteína de tilápias em diferentes fases de a manutenção de processos fisiológicos
importância na formação de tecido muscu- desenvolvimento. Sinais indicativos da e metabólicos vitais, para as atividades
lar (crescimento) dos animais. Como para deficiência em proteínas e aminoácidos são: rotineiras, o crescimento e a reprodução.
a maioria dos animais, os peixes necessi- atraso no crescimento, piora na conversão Esta energia provém do metabolismo de
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Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999
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Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999
Estes ácidos graxos são bastante abundantes “A intensificação do cultivo espécies, em sintetizar o ácido ascórbico
nos organismos planctônicos e nos óleos de (vitamina C). De fundamental importância
peixes marinhos. das tilápias no Brasil, em ao crescimento, formação da matriz óssea
Os peixes tropicais e de água doce, e funcionamento do sistema imunológico,
sistemas onde a disponibilidade
como as tilápias, geralmente apresentam a vitamina C deve ser obtida no alimento
apenas exigência em ácidos graxos da de alimento natural é limitada, natural ou na ração. Rações completas para
família ω-6 (ou ácidos graxos da família sistemas intensivos de produção devem ser
aumentou a incidência de
do linoléico - 18:2). Takeuchi et al. (1983) suplementadas com fontes estáveis desta
observou que alevinos de tilápia do Nilo desordens nutricionais devido vitamina (Kubitza et al. 1998).
necessitam pelo menos 1% de ácido lino-
ao inadequado enriquecimento
léico (18:2) em rações completas. Esta exi- 2.5. A importância do alimento natural
gência é de 2% para a tilápia azul (Stickney vitamínico e mineral na nutrição de tilápias
e McGeachin 1983).Os ácidos graxos são
das rações.” Em ambientes naturais os peixes equi-
importantes componentes das membranas
celulares e servem como fonte de energia, libram sua dieta, escolhendo os alimentos
principalmente para as espécies carnívoras tilápias em diversos países, inclusive no que melhor suprem suas exigências nutri-
que apresentam baixa capacidade de apro- Brasil, utilizando tanques-rede, raceways cionais e preferências alimentares. Rara-
veitamento de carboidratos. Os sinais de e tanques com recirculação de água (sis- mente são observados sinais de deficiência
deficiência em ácidos graxos são: atraso no temas onde a disponibilidade de alimento nutricional nestas condições. O alimento
crescimento, redução na eficiência alimen- natural é limitada) aumentou a incidên- natural dos peixes é composto de inúmeros
tar, podridão das nadadeiras, síndrome do cia de desordens nutricionais devido ao organismos vegetais (algas, plantas aquáti-
choque, reduzido desempenho reprodutivo inadequado enriquecimento vitamínico e cas, frutos, sementes, entre outros) ou ani-
e alta mortalidade. mineral das rações. Estes sistemas mais mais (crustáceos, larvas e ninfas de insetos,
intensivos demandam o uso de rações vermes, moluscos, anfíbios, peixes, entre
2.4. Minerais e vitaminas nutricionalmente completas, com enrique- outros). Em geral, os alimentos naturais
cimentos vitamínicos e minerais próximos explorados pelos peixes são ricos em ener-
Minerais e vitaminas desempenham dos valores apresentados na Tabela 4. gia e em proteína de alta qualidade (Tabela
papel importante na formação dos tecidos Os peixes podem absorver minerais, 5), e servem como fonte de minerais e
ósseos e sanguíneos, no crescimento mus- como o cálcio, diretamente da água. No vitaminas. Estudos realizados em Israel
cular e em diversos processos metabólicos entanto, as exigências da maioria dos (Gur 1997) demonstraram, com base no
e fisiológicos essenciais para o adequado minerais é satisfeita através dos minerais crescimento dos peixes, não ser necessário
crescimento, saúde e reprodução dos presentes nos alimentos naturais e nas ra- o enriquecimento vitamínico em rações
animais. Embora as exigências minerais e ções. Os alimentos de origem animal como usadas no cultivo de tilápias em viveiros
vitamínicas dos principais peixes cultiva- as farinhas de carne e ossos e as farinhas com disponibilidade de alimentos naturais.
dos já sejam conhecidas, até o momento de peixes são boas fontes de minerais. No No entanto a suplementação vitamínica
pouca atenção foi dada a este assunto na entanto, rações completas formuladas à destas rações melhorou a sobrevivência
nutrição das tilápias. Uma das razões está base de farelos vegetais necessitam suple- dos peixes. Em Israel, a suplementação
no fato da maioria dos sistemas de cultivo mentação adicional. vitamínica completa é apenas feita em
destes peixes contar com a contribuição de As exigências vitamínicas são satisfei- rações destinadas às pós-larvas e ao cultivo
alimentos naturais, reduzindo os problemas tas através de vitaminas obtidas no alimento em sistemas de produção mais intensivos,
nutricionais devido a deficiência de mine- natural ou nas rações. Uma particularida- e em rações usadas no período de inverno
rais e vitaminas nas rações. de da nutrição vitamínica dos peixes é a e no tratamento de peixes doentes ou sob
A recente intensificação do cultivo das não capacidade, da grande maioria das estresse.
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Tilápias são eficientes no aproveita- 1983), mesmo com o fornecimento de Rações suplementares
mento de alimentos naturais, notadamente ração suplementar. Este detalhe explica o A produção de tilápias em viveiros de
o plâncton. Em viveiros com baixa reno- menor custo de produção de tilápias em baixa renovação de água pode ser feita de
vação de água, cerca de 50% a 70% do viveiros de baixa renovação de água com- forma eficaz com o uso de rações nutri-
crescimento de tilápias foi atribuído ao parado ao cultivo intensivo em tanques- cionalmente incompletas ou rações suple-
consumo de alimentos naturais (Schroeder rede e raceways. mentares. De um modo geral estas rações
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3.1. Perfil básico das rações para rações para tilápias em diferentes fases de e engorda de tilápias em viveiros ou em
diferentes sistemas e fases de cultivo desenvolvimento, cultivadas em tanques- tanques-rede e raceways são apresentadas
rede, raceways ou em viveiros com maior na Tabela 7. Tais sugestões contemplam os
Na Tabela 6 são apresentadas sugestões ou menor disponibilidade de alimentos conhecimentos sobre a nutrição de tilápias
sobre a composição básica, necessidade de naturais. Sugestões quanto ao enriqueci- no mundo, bem como a experiência de pro-
suplementação vitamínica e mineral, forma mento vitamínico em rações utilizadas na fissionais familiarizados com a produção
de apresentação e tamanho dos peletes de reversão sexual e alevinagem, e na recria comercial destes peixes.
TÊXTIL SAUTER
e-mail: eaquafarm@aol.com
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Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999
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Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999
Devido a sua extensão, o texto “Nutrição e alimentação” foi dividido em duas partes.
A parte 1 foi publicada na última edição 52 – março/abril da Panorama da AQÜICULTURA.
Sua referência bibliográfica encontra-se disponível em nossa redação e poderá ser
Pós-larvas de pei-
enviada por fax ou e-mail aos assinantes que a solicitarem. xes crescem rapida-
mente, portanto, são
bastante exigentes
em nutrientes. Devido
às pós-larvas apre-
sentarem reservas
corporais mínimas de
nutrientes, qualquer
deficiência na nutrição
das mesmas é pronta-
Legenda: Fernando Kubtiza, Ph.D. - Consultoria e Treinamento em Aqüicultura
mente notada e, inva-
4. Nutrição e manejo alimentar
riavelmente, catastró-
durante a reversão sexual
proteínas e aminoácidos livres. Para mini-
fica. As pós-larvas de
Em condições naturais e em viveiros,
o primeiro alimento das pós-larvas de ti-
mizar estas perdas é preciso que estas ra-
ções apresentem boa flutuabilidade, redu-
tilápias possuem tra-
lápias são o fitoplâncton e os copépodos
e cladóceros. Estes organismos possuem
zindo o contato das partículas com a água
e assim as perdas de nutrientes por disso-
to digestivo completo
alto valor energético e podem conter ní-
veis de proteína na matéria seca variando
lução. Uma boa flutuabilidade das rações
pode ser alcançada com a correta combi-
e conseguem utilizar
de 20 a 60%. Isto talvez explique o moti-
vo dos melhores resultados de crescimen-
nação de ingredientes e moagem fina da
mistura. As rações usadas para pós-larvas
adequadamente ra-
to de pós-larvas de tilápias terem sido
obtidos com rações contendo entre 40 a
e alevinos durante o período de reversão
sexual devem ser fortificadas com pelo me-
ções de moagem fina,
50% de PB (como apresentado na Tabela
2) e energia digestível entre 3.600 a 4.000
nos 3 vezes mais vitaminas e minerais do
que o mínimo recomendado. Na Tabela 7 é
boa palatabilidade e
kcal/kg.
Devido a necessidade de moagem fina
apresentada a sugestão de enriquecimento
para estas rações, bem como um exemplo
nutricionalmente com-
para obter partículas de tamanho inferior
a 0,5mm, as rações para pós-larvas estão
de enriquecimento vitamínico e mineral de
rações com 40 a 45% de proteína que vêm
pletas na primeira ali-
sujeitas a maiores perdas de nutrientes
por dissolução na água, principalmente
garantindo bons resultados na alimentação
de pós-larvas de tilápias em pisciculturas de
mentação exógena.
os minerais, as vitaminas hidrossolúveis, São Paulo.
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Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999
Manejo alimentar. A reversão sexual cimento de ração e atenta observação do tiltestosterona por um período de 28 dias.
deve ser iniciada com pós-larvas entre 9 consumo e atividade dos peixes. Deve Cerca de 600 a 800 gramas de ração são
a 12mm. A ração com 60mg de metiltes- se evitar excessiva sobra de ração nas necessárias para cada 1.000 alevinos de 4
tosterona/kg deve ser fornecida em 5 a unidades de reversão. Anéis de alimen- a 5 cm produzidos.
6 refeições diárias. Em cada refeição, a tação flutuantes são úteis para evitar que
a ração se espalhe, sendo muito usados Desempenho na reversão sexual. Os
ração deve ser fornecida até o momento
quando a reversão é feita em “happas”. seguintes parâmetros indicam um bom
em que os peixes estiverem saciados. Isto
Os peixes devem receber rações com me- desempenho após os 28 dias de reversão
é conseguido através de contínuo forne-
sexual: a) Tamanho dos alevinos: 4 a 5
cm (0,8 a 1g); b) Sobrevivência > 80%; c)
Índice de reversão > 99%. Para alcançar
este desempenho é necessário adequar o
manejo nutricional e alimentar dos repro-
dutores; atentar para a qualidade nutri-
cional das rações, à qualidade da água e
ao manejo alimentar; adquirir hormônio
de fornecedor idôneo; uso de práticas
auxiliares de manejo, como exemplo a
classificação periódica dos alevinos por
tamanho e eliminação de peixes que não
apresentaram bom desenvolvimento du-
rante a reversão. Maiores detalhes sobre
as estratégias de reversão sexual de tilá-
pias podem ser encontrados nos trabalhos
de Popma e Green (1990), Contreras-Sán-
chez et al (1997), Desprez et al (1997),
Gerrero III e Guerrero (1997), Rani e
Macintosh (1997), Mainardes-Pinto et al
(1998) e Sanches e Hayashi (1998).
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Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999
· Com a estocagem dos peixes e início da alimentação a água começa a adquirir uma coloração es-
verdeada, o que indica a presença de plâncton.
· O plâncton contribui de forma significativa na alimentação das tilápias, produz oxigênio e remove a
amônia da água, favorecendo assim um rápido desenvolvimento dos peixes. Além disso o plâncton
sombreia o fundo dos tanques, impedindo a entrada de luz e o desenvolvimento de algas filamento-
sas e plantas submersas.
· Se houver muita troca de água no início das etapas de recria o plâncton não se forma e o desenvol-
vimento dos peixes será prejudicado. A água fica muito transparente, facilitando o desenvolvimento
de algas filamentosas e plantas aquáticas no fundo dos tanques, o que pode prejudicar a qualidade
da água e dificultar as operações de despesca.
· Se a água estiver muito cristalina no início das fases de recria, a formação do plâncton pode ser
estimulada fechando toda a entrada de água e aplicando 2 a 3 kg de uréia/1.000m2/semana e cerca
de 4 a 6 kg de farelos vegetais/1.000m2/dia. Farelos de arroz, trigo ou algodão, por exemplo, podem
ser usados e também servirão de alimento para os peixes estocados.
· O ideal é deixar a água ir adquirindo uma coloração esverdeada até atingir transparência entre 40 a
50cm, o que pode ser medido com o auxílio do Disco de Secchi. Atingida esta transparência, pode
se interromper o uso de uréia e farelos.
· Quando a transparência da água for reduzindo e se aproximar a 30cm, é hora de começar a renovar
um pouco de água. A quantidade de água renovada deve ser ajustada de forma a manter a transpa-
rência da água entre 40 a 50cm.
· Lembre-se que o excesso de renovação de água é o principal fator responsável pelo insucesso na
formação de plâncton.
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Rações com 32 a 36% de proteína e gorda de tilápias em raceways e tanques- de conversão alimentar é de 1,5 a 1,8. Sob
2.900 a 3.200 kcal ED/kg e enriquecidas rede (Tabelas 6 e 7). O arraçoamento condições adequadas de temperatura (28
com pelo menos níveis duplos de vitami- diário entre 1,5 a 2,5% do peso vivo deve a 32 °C). Cerca de 130 dias serão necessá-
nas e minerais devem ser usadas na en- ser dividido em 3 refeições. A expectativa rios para os peixes chegarem a 600g.
TÊXTIL SAUTER
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Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999
Qualidade da água. Quanto melhor for a qualidade da água vel, o que influencia sobremaneira os índices de CA. No cultivo
melhor serão os índices de conversão alimentar. Reduzidos ní- de tilápias a zona de conforto térmico está entre 28 a 32 °C. No
veis de oxigênio dissolvido, elevada concentração de gás carbô- inverno a conversão alimentar das tilápias piora sensivelmente.
nico e metabólitos tóxicos como a amônia e o nitrito resultam
em redução no consumo e no aproveitamento dos alimentos, Nível de arraçoamento. Se o nível de arraçoamento for muito
prejudicando os índices de CA. baixo, é possível que os peixes consigam ter atendidas apenas as suas
necessidades de manutenção, resultando em ganho de peso zero. O
Densidade de estocagem. O aumento na densidade de esto- aumento nos níveis de arraçoamento acima das exigências de manu-
cagem geralmente piora a CA, pois reduz a disponibilidade de tenção melhora a CA. Níveis excessivos de arraçoamento (Tabela 9),
alimento natural por peixe e acelera a degradação da qualidade mesmo não havendo desperdício de ração, geralmente promove uma
da água devido aos maiores níveis de arraçoamento exigidos. maior velocidade de passagem do alimento no trato digestivo, o que
Temperatura da água. O peixe é um animal pecilotérmico, reduz a sua digestão e assimilação, piorando a CA.
portanto sua atividade metabólica aumenta com a elevação na Na Tabela 12 são resumidos os índices de conversão alimen-
temperatura da água. Cada espécie exige uma faixa específica de tar obtidos com tilápias de diferentes tamanhos, mantidas em
temperatura (zona de conforto térmico) para melhor expressar o ambientes distintos e alimentadas com rações de composição e
seu potencial de crescimento e utilização do alimento disponí- formas de apresentação variadas.
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Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
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Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
Por: Eng° Agr° Fernando Kubitza (Ph. D.)
Méd. Vet. Ludmilla M. M. Kubitza
ACQUA & IMAGEM SERVIÇOS
qualidade da
água, sistemas
de cultivo, pla-
nejamento da
produção, mane-
jo nutricional
TILÁPIAS:
e alimentar e
sanidade.
Parte I
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Tilápias Panorama da AQÜICULTURA,
Panorama julho/agosto,
da AQÜICULTURA, 20002000
maio/junho,
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Panorama julho/agosto,
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maio/junho, Tilápias
tam sinais de asfixia (movimentos operculares acelerados e amônia tóxica na amônia total. Assim, uma água com 2mg
boquejamento na superfície). O corpo e as brânquias apre- de amônia total pode conter apenas 0,0014mg de NH3/litro
sentam excesso de muco. Peixes mortos permanecem com a pH 7 (0,7%) ou níveis tóxicos maiores que 1mg em água
a boca aberta e apresentam os olhos saltados, semelhantes com pH acima de 9,3. Tabelas relacionando a porcentagem
aos sinais de morte por falta de oxigênio. Acidez excessiva de amônia tóxica ao pH da água podem ser encontrados em
causa aumento na secreção de muco, irritação e inchaço nas livros de qualidade de água e nos manuais dos kits de aná-
brânquias, culminando com a destruição do tecido branquial. lises. A concentração de amônia não ionizada de 0,20mg/L
Em viveiros com excesso de fitoplâncton (águas muito deve servir como alerta no cultivo de tilápias. Mesmo sem
verdes) e baixa alcalinidade total (< 20mg de CaCO3/litro) observar mortalidade diretamente atribuída à toxidez por
o pH pode alcançar valores acima de 12 ao final da tarde amônia, a exposição dos peixes a níveis sub-letais de amônia
em dias muito ensolarados. Isto pode inibir o consumo de afeta a lucratividade do empreendimento, por comprome-
alimento e, se ocorrer com freqüência, afetar o crescimento ter o crescimento e a conversão alimentar, a tolerância ao
dos peixes. Mortalidade direta devido a esta elevação do manuseio e transporte e a condição de saúde dos peixes.
pH geralmente não é observada, pois os peixes geralmente As concentrações letais que mata 50% dos animais (LC50)
encontram conforto em águas mais profundas. No entanto, dependem da espécie de tilápia, do tempo de exposição, do
o elevado pH pode potenciar os problemas com toxidez por tamanho do peixe, da pré-exposição ou adaptação a níveis
amônia e aumentar a susceptibilidade dos peixes às doenças, sub-letais de amônia, entre muitos outros fatores. A LC50
ao manuseio e transporte. para 24 a 96h de exposição varia de 2,3 a 6,6mg de NH3/l.
O monitoramento semanal da amônia e pH deve ser feito em
Amônia. Proveniente da própria excreção nitrogena- viveiros e tanques com altos níveis de arraçoamento. Como
da dos peixes e da decomposição do material orgânico na o pH da água nos viveiros tende a subir ao longo do dia, as
água, a amônia está presente na água sob duas formas: o íon medições de amônia e pH devem ser feitas ao final da tarde,
amônio NH4+ (forma pouco tóxica) e a amônia NH3 (forma quando a probabilidade de ocorrer problemas com toxidez
tóxica). Os kits de análise de água mensuram a amônia total por amônia é maior.
na água, ou seja, NH4+ e NH3 juntos. Para saber quanto da
amônia total está na forma tóxica, é preciso medir o pH da Temperatura. Tilápias são peixes tropicais que
água. Quanto maior for o pH, maior será a porcentagem de apresentam conforto térmico entre 27 a 32°C (Figura 1). O
manuseio e o transporte sob baixas temperaturas (<22°C),
principalmente após o inverno, resultam em grande morta-
lidade. Tilápias bem nutridas e que não sofreram estresse
por má qualidade da água, toleram melhor o manuseio sob
baixas temperaturas. Temperaturas acima de 32°C e abaixo
de 27°C reduzem o apetite e o crescimento. Abaixo de 20°C
o apetite fica extremamente reduzido e aumenta os riscos
de doenças. Temperaturas abaixo de 14°C geralmente são
letais as tilápias.
Salinidade. Em regiões onde a expansão da aqüicultura
só é possível com o uso de água salobra ou salgada o cultivo
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Tilápias Panorama da AQÜICULTURA,
Panorama julho/agosto,
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maio/junho, Tilápias
Capacidade de suporte e o concei- BIOMASSA ECONÔMICA (BE). A quer pelo consumo de outros resíduos
to de biomassa econômica biomassa econômica corresponde a orgânicos. Soma-se a isto sua grande
uma biomassa entre a capacidade de capacidade em tolerar baixos níveis
Independente dos sistemas de suporte e a biomassa crítica (Figura de oxigênio dissolvido. Isto explica a
cultivo e das estratégias de produção 1). A biomassa econômica representa maior capacidades de suporte obser-
adotadas, o conhecimento dos concei- o valor de biomassa onde há o maior vada na produção de tilápias quando
tos e a quantificação da capacidade de lucro acumulado durante o cultivo comparada a maioria dos peixes de
suporte, biomassa crítica e biomassa (máximo lucro possível) e o ponto respiração branquial. Na Tabela 2 são
econômica, bem como dos índices de onde a despesca (parcial ou total) deve sumarizados os valores de capacidade
desempenho das espécies cultivadas, ser realizada. Avançar o cultivo além de suporte observados em diferentes
é fundamental para o adequado plane- da biomassa econômica resulta em sistemas de produção de tilápia. Tam-
jamento e otimização da produção. Na redução da receita líquida por área ou bém é apresentada uma estimativa dos
Figura 1 é representado, graficamente, volume, ou seja, diminuição no lucro, valores de biomassa econômica para
os conceitos de Biomassa Crítica, além de gasto adicional de tempo com estes mesmos sistemas.
Biomassa Econômica e Capacidade a ocupação desnecessária da unidade
de Suporte. de produção.
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Panorama da AQÜICULTURA,
Panorama julho/agosto,
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maio/junho, Tilápias
diminui progressivamente com o aumento na quantidade
diária de ração fornecida. Portanto, a capacidade de suporte
Cursos Avançados em Piscicultura é limitada pelo máximo arraçoamento que pode ser aplicado
sem comprometer o oxigênio dissolvido na água. Em viveiros
em Jundiaí - SP
para tilápia isto gira em torno de 60 a 100kg de ração/ha/dia,
Instrutor: Fernando Kubitza, Ph.D., dependendo da qualidade da ração utilizada.
especialista em Nutrição e Produção de Peixes
Aeração de viveiros e produção de tilápias. Em
1 - Tanque-rede: Produção, Problemas e Soluções
Dias: 14-15/07/00 viveiros com baixa renovação e uso de ração completa, a
• Fundamentos; planejamento e controle; aeração de emergência permite aumentar o arraçoamento
• Manejo nutricional e alimentar; índices de produção;
• Introdução aos problemas no cultivo de peixes em tanques-rede. para 120kg/ha/dia ou mais. No entanto, mais que 120kg de
• Seminário participativo com técnicos e produtores/empresários apresentando os ração/ha/dia pode elevar a concentração de amônia na água.
problemas práticos e soluções encontradas no cultivo de peixes em tanques -rede.
• Debate sobre as perspectivas futuras para a atividade no Brasil.
Níveis tóxicos de amônia podem ocorrer ao final da tarde
com o pH da água acima de 8,5. Embora a aeração segure o
2- Planejamento e Economia Aplicados à Piscicultura
oxigênio dentro de valores aceitáveis, a amônia reduzirá o
Dias: 28-30/07/00
• Planejamento e controle da produção; desempenho dos peixes. A capacidade de suporte é atingida
• Controle do crescimento dos peixes; entre 10.000 a 20.000kg/ha, em função da qualidade da
• Capacidade de suporte, biomassa crítica e biomassa econômica nos diferentes
sistemas de produção; ração e da potência de aeração empregada. Em Honduras,
• Determinação da biomassa econômica; Coddington e Green (1993) observaram melhoria de 18 a
• O uso dos índices de desempenho e da biomassa econômica no planejamento
da produção; 21% no crescimento, 3 a 5% na sobrevivência e 21 a 25%
• Noções aplicadas de orçamento, fluxo de caixa, cálculo da depreciação e na produção de tilápias em viveiros com aeração. Iniciar
inventários; avaliação do desempenho econômico em pisciculturas.
• Exercícios Práticos.
a aeração quando a concentração de oxigênio atingia 30%
da saturação (ao redor de 2,4mg/litro) não melhorou o de-
3 - Nutrição e Alimentação de Peixes Cultivados
sempenho produtivo ou a sobrevivência da tilápia-do-Nilo,
Dias: 04-05/08/00
• Anatomia / fisiologia digestiva; hábito alimentar e exigências nutricionais dos comparado ao início da aeração a 10% da saturação (ao
peixes. redor de 0,8mg/litro). Para fins práticos, podemos esperar
• Processamento e granulometria das rações.
• Fatores que afetam a conversão alimentar dos peixes. um incremento de 20 a até 60% na capacidade de suporte de
• Sinais indicadores da má nutrição dos peixes. tilápias com o uso de aeração de emergência. Deste ponto
• Estratégias e equipamentos para alimentação dos peixes.
Prático: visita à uma fábrica de rações; indicadores de qualidade das rações; en- em diante, o incremento na capacidade de suporte depende
saio de estabilidade das rações na água. Discussões de problemas práticos. da renovação de água.
4 - Parasitoses e Doenças dos Peixes Cultivados
Dias: 25-26/08/00 Viveiros com renovação de água e aeração. A reno-
• Condições que favorecem a ocorrência de doenças.
• Mecanismos de defesa dos peixes e modos de transmissão de doenças.
vação de água diminui a a carga orgânica e a concentração
• Sinais indicativos, estratégias de prevenção, profilaxia e tratamento das principais de amônia na água, o que permite aumentar o araçoamento
doenças e parasitoses dos peixes. e, portanto, a capacidade de suporte. Muitos sistemas com
Prático: Técnicas de identificação de parasitoses e doenças; medicamentos e
agentes profiláticos. Discussões de problemas práticos enfrentados por técnicos renovação parcial de água usam aeração, geralmente a partir
e criadores de peixes. do ponto de biomassa crítica. A capacidade de suporte pode
5 - Técnicas de Transporte de Peixes Vivos chegar a 40.000kg/ha, em função da taxa de renovação de
Dias: 15-16/09/00 água, da existência ou não de aeração, da forma como a
• Fisiologia aplicada ao transporte.
• Fatores que o transporte.
aeração é aplicada, entre muitos outros fatores. Em Israel,
• Condicionadores e profiláticos. biomassa, de tilápia ao redor de 70.000kg/ha foram alcan-
• Tanques e Equipamentos.
• Procedimentos rotineiros.
çadas em tanques com 3 trocas parciais de água por dia para
• Cargas para alevinos e peixes adultos vivos. remoção das fezes.
• Previsão do consumo de oxigênio no transporte.
Prático: Ensaios dinâmicos de transporte; difusores e equipamentos; condiciona-
dores e profiláticos. Produção de tilápias em raceways. “Raceways” são
Horário: Sextas e Sábados das 8:00 às 18:00hs;
tanques com alto fluxo de água, entre 1 a 20 trocas totais por
Domingo (alguns cursos) das 8:00 às 12:00 hs hora (Figura 3). Os resíduos (fezes e sobras de rações) são
Inscrição: Incluído material didático e almoços (sexta-feira e sábados): arrastados com a corrente de água para fora do raceway. A
R$ 300,00 com 7 dias de antecedência ao curso; capacidade de suporte para tilápias em raceways 60 a 200kg/
R$ 350,00 na semana que antecede, ou no dia do curso.
m3, em função da renovação de água disponível e do uso
Conta para depósito: Banco Itaú- Agência 1586 c/c 08120-8 ou não de aeração. O oxigênio dissolvido é o primeiro fator
Os dados para inscrição deverão ser enviados junto ao comprovante limitante da produção em raceways. Berman (1998) descreve
de depósito para o fone/fax: (11) 7397-2496
o sistema de produção da Aqua Corporation International
Aqua & Imagem Serviços
aquaimg@zaz.com.br S.A., na Costa Rica. Cerca de 4.200 toneladas de tilápias de
900g são produzidas anualmente. As últimas duas fases de
50
Tilápias Panorama
Panorama da AQÜICULTURA,
da AQÜICULTURA, maio/junho,
julho/agosto, 20002000
produção (50 a 300g e 300 a 900g) são reservatório (geralmente um viveiro ou Produção de tilápias em gaio-
feitas em raceways, com uma biomassa represa), onde ocorrem a sedimentação las. No cultivo de tilápias em gaiolas
final ao redor de 70kg/m2. dos resíduos orgânicos, os processos de a produção por ciclo pode variar de
Sistemas de recirculação de nitrificação e a reoxigenação parcial 30 a 300kg/m3, em função do tamanho
água. A recirculação é uma boa alter- da água através da fotossíntese. No da gaiola (ou tanque-rede) utilizada.
nativa quando a água for limitada ou reservatório geralmente são estocados Gaiolas de baixo volume (até 6m3)
quando há necessidade de aquecimento peixes como a carpa comum e mesmo permitem produzir 200 a 300kg de
da água. Há necessidade de instalar tilápias, que se beneficiam dos resíduos tilápia/m3 por ciclo. Alguns recordes
orgânicos e do foram estabelecidos em gaiolas de
alimento natu- baixo volume/alta densidade. Na
ral disponível. China 680kg de carpas foram produ-
Do reserva- zidos em gaiola de 1-m3 (Schmittou,
tório, a água comunicação pessoal). No Brasil, a
retorna, por biomassa de tilápias em gaiolas de
bombeamento 4-m3 pode chegar a 480kg/m3 (Ivantes,
ou por gravida- comunicação pessoal). Estes valores
de, aos tanques devem estar próximos à capacidade de
Figura 3. de produção de suporte em gaiolas de baixo volume.
Representação esquemática tilápias. Bio- Em outro extremo estão os tanques-
de sistemas de alto fluxo. massas entre rede de maiores dimensões (acima de
10 a 25 kg de 10m3), onde a produção pode variar
filtros mecânicos para remoção dos tilápia/m 2
(100.000 a 250.000 kg/ha) entre 30 a 100kg/m3. Esta diferença
resíduos orgânicos e de filtros bioló- são mantidas nos tanques de produção. se deve a maior taxa de renovação de
gicos para transformar a amônia em No entanto, quando considerada a área água em tanques-rede de baixo volume
nitrato (Figura 4). ocupada pelo viveiro-reservatório, a comparado aos de grande volume, per-
capacidade de suporte cai para 3,9 a mitindo a manutenção de uma qualidade
O sistema de cultivo “Dekel”, 4,5 kg/m2 (39.000 a 45.000 kg/ha). de água melhor no interior dos tanques-
desenvolvido em Israel e difundido Em geral, a capacidade de suporte no rede. O Dr. Holmer R. Schmittou foi o
em vários países, serve como um bom cultivo de tilápias com recirculação de idealizador do sistema de tanque-rede
exemplo de um sistema de recircula- água gira entre 20 a 60kg/m3. O risco de baixo volume e alta densidade, hoje
ção utilizado no cultivo de tilápias de perdas de peixe por bastante popular no cultivo de tilápias
falha instrumental ou em diversos países, notadamente a Chi-
por doenças aumenta na e o Brasil. No cultivo em gaiolas, o
nos sistemas de re- acesso dos peixes ao alimento natural
circulação, exigindo é limitado. Assim, para se obter ade-
do piscicultor uma quado crescimento e saúde dos peixes
Figura4.
Representação esquemática atenção maior quan- ao longo do cultivo é necessário o uso
de um sistema de recirculação to aos pontos críticos de rações nutricionalmente completas
de água. do sistema. e de alta qualidade.
51
Panorama
Panorama da AQÜICULTURA,
da AQÜICULTURA, maio/junho,
julho/agosto, 2000 2000 Tilápias
Figura 6.
Esquemática de gaiolas de baixo
volume (até 6m3).
Planejamento da
O conceito de capacidade de produção de tilá-
suporte no cultivo de peixes em gaiolas. pias em viveiros
Os limites de capacidade de suporte e
os níveis de arraçoamento estabeleci- No exemplo a seguir está o pla- peixes/m2. Isto é suficiente para esto-
dos para cultivo em viveiros servem nejamento da produção de tilápias em car 2,9m2 (22/7,6) de viveiro da Fase
como referência para definir os limites viveiros com o uso de ração completa, 2. Assim, a relação entre as áreas da
de capacidade se suporte em represas aeração de emergência e baixa renova- Fase 1 e Fase 2 é de 1 para 2,9 (ver a
com gaiolas. Por exemplo, um açude ção de água. Estabelecemos a biomassa Tabela 5). A despesca da Fase 2 rende
suporta 6.000kg de peixes/ha e um ar- econômica ao redor de 8.500 kg/ha na 7,2 peixes/m2, o suficiente para estocar
raçoamento de até 60kg de ração/ha/dia Fase 3 (fase final) e 6.500 kg/ha nas 3,6m2 (7,2/2) de viveiros na Fase 3. No
quando os peixes são cultivados soltos. Fases 1 e 2. Usamos a expectativa média entanto, os viveiros da Fase 2 giram
Se optarmos por gaiolas, A biomassa desempenho (Tabela 4) e deixamos 10 um ciclo de 60 dias contra 120 dias na
de todos os peixes confinados não deve dias extras para completar a despesca e Fase 3. Assim, quando os viveiros da
exceder estes limites. Por segurança, a realizar a estocagem dos viveiros nas Fase 2 completarem mais um ciclo será
capacidade de suporte nos viveiros com Fases 1 e 2 (duração do ciclo= 50 dias necessário disponibilizar um segundo
gaiolas constuma ser mantida abaixo + 10 dias = 60 dias) e mais 20 dias para grupo de viveiros da Fase 3. Portanto,
dos limites para peixes soltos. A van- a Fase 3 (duração do ciclo= 100 dias + cada 1m2 da Fase 2 abastecerá 7,2m2
tagem do uso de gaiolas é a facilidade 20 dias). A expectativa de sobrevivência (3,6 x 2) da Fase 3. Mantendo a relação
de colheita dos peixes. Para pequenos é de 85%, 95% e 98% para as fases 1, 2 entre as áreas das 3 fases teremos: Fase
açudes e viveiros utilizados com gaiolas, e 3, respectivamente. Assim, montamos 1: 1,0m2; Fase 2: 2,9m2; e Fase 3: 21,0m2
a biomassa econômica deve ficar entre a Tabela 5. (2,9m2 x 7,2m2). Agora podemos dividir
2.500 a 3.500kg/ha quando a renovação a piscicultura em partes:
de água for limitada. O arraçoamento é 1 parte para a Fase 1;
mantido entre 30 a 40kg/ha/dia. 2,9 partes para a Fase 2;
e 21 partes para a Fase
3. A soma de todas as
Planejando a produção partes corresponde a
de tilápias 24,9 (100%). A Fase 1
ocupará 4% da área total
Para planejar a produção de (1x100/24,9); a Fase 2
tilápias, o piscicultor precisa definir, ocupará aproximados
com base nos resultados de cultivos 12% (2,9x100/24,9) e, a
Tabela 5. Plano de produção de tilápia-do-Nilo em
anteriores, ou de acordo com os sis- viveiros de baixa renovação, sem aeração e com o uso Fase 3 ocupará 84% da
temas de produção detalhados neste de ração completa. área total (21x100/24,9).
artigo, a capacidade de suporte e a Vamos supor que exista
biomassa econômica do seu sistema. uma piscicultura já im-
Adicionalmente, precisa ter uma noção Para calcular a necessidade de plantada com uma área total de viveiros
dos índices de desempenho das tilápias área em cada fase é preciso conhecer de 40 hectares. A área total de viveiros
nas diferentes fases de desenvolvimento a relação entre a área das mesmas. Na alocada para as Fases 1, 2 e 3 será 0,16ha
(Tabela 4). despesca da Fase 1, são capturados 22 (4% de 40ha), 4,8ha (12% de 40ha) e
52
Tilápias Panorama
Panorama da AQÜICULTURA,
da AQÜICULTURA, maio/junho,
julho/agosto, 20002000
33,6ha (84% de 40ha). O potencial de 20 hectares, com renovação mínima Fase 3: 82 gaiolas, equivalente a Biom.
produção de tilápias de 450g da pisci- de água. O primeiro passo é estabe- média de 82 x 4m3 x 121kg/m3 =
cultura em questão pode ser calculado lecer a biomassa econômica para este 39.688kg.
da seguinte maneira: açude. Neste exemplo, será de 2.500
kg/ha, ou seja, em momento algum a A biomassa total do módulo é
· Os viveiro da Fase 3 permanecem soma da biomassa de todas as gaiolas 45.660kg, o que representa 91% (0,91)
ocupados 120 dias por safra, ou deve exceder a 50 toneladas no açude das 50 toneladas estabelecidas como
seja, podem produzir 3 safras por em questão. Com esta biomassa eco- biomassa econômica para o açude.
ano (365dias/120dias); nômica, o arraçoamento diário não Assim, poderemos ter no açude:
· Se todos os 33,6 hectares destina- deverá exceder 40 a 50kg de ração/
dos à Fase 3 forem utilizados, o ha. Com base nos níveis de oxigênio Fase 1: 7 gaiolas / 0,91 = 8 gaiolas
potencial de produção anual será: dissolvido pela manhã, o piscicultor (8x4x53= 1.696kg);
33,6 ha x 3 safras x 8,5t/ha/safra = poderá decidir, ao longo do cultivo, Fase 2: 11 gaiolas / 0,91 = 12 gaiolas
857 toneladas. sobre o aumento ou redução no número (12x4x102= 4.896kg);
de gaiolas no açude. Cada gaiola tem Fase 3: 82 gaiolas / 0,91 = 90 gaiolas
No entanto, nem sempre todos os 4m3 de volume útil. Os alevinos serão (90x4x121= 43.560kg).
viveiros disponíveis se ajustam perfei- estocados com peso médio ao redor
tamente ao planejamento inicialmente de 4g. Na Tabela 6 segue um resumo No total seriam 50.152kg de pei-
realizado. O piscicultor ou o técnico da estratégia de produção e índices de xes estocados em um dado momento,
deverá avaliar como os viveiros estão desempenho esperados em cada fase o que está bem próximo da biomassa
distribuídos dentro da propriedade e do cultivo. econômica proposta.
alocá-los às fase de cultivo que melhor
convier, de forma a atender satisfatoria- A relação entre volumes é a Esperamos que esta primeira
mente a logística de produção. Os vi- porcentagem do volume de gaiolas parte tenha ajudado o leitor a conhecer
veiros também apresentam dimensões destinadas a cada fase é calculada da um pouco mais sobre as tilápias, suas
variadas, o que dificulta a alocação dos mesma forma que no exemplo anterior. particularidades quanto à qualidade de
mesmos nas proporções ideais entre as Portanto, a as Fases 1, 2 e 3 utilizarão 7, água e a capacidade de suporte para este
fases de cultivo. Deste modo, nem sem- 11 e 82% das gaiolas, respectivamente. peixe em diferentes sistemas de cultivo.
pre é possível aproveitar com 100% de Com base nesta proporção vamos es- Com base nestas informações básicas,
eficiência a área de produção disponí- tabelecer um módulo de gaiolas como já é possível iniciar o planejamento da
vel. Outros fatores também contribuem detalhado a seguir: produção na próxima safra. Na segunda
com a diminuição da eficiência de uma parte deste artigo traremos sugestões
piscicultura. Por exemplo, os atrasos Fase 1: 7 gaiolas, equivalente a Biom. mé- quanto ao manejo alimentar em cultivo
na entrega de alevinos e na venda dos dia de 7 x 4m3 x 53kg/m3 = 1.484kg; intensivo e uma resenha das principais
peixes terminados; mortalidades inu- Fase 2: 11 gaiolas, equivalente a Biom. mé- doenças registradas na produção comer-
sitadas de alevinos após o transporte; dia de 11 x 4m3 x 102kg/m3 = 4.488kg; cial de tilápias.
entre muitos outros. O piscicultor/
técnico deve estar atento e antecipar
tais problemas, assegurando estoques
reguladores de alevinos, antecipando
compromissos de venda, entre outros
cuidados.
Planejamento da produção
de tilápias em gaiolas
53
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
1
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
Por: Eng° Agr° Fernando Kubitza (Ph. D.)
Méd. Vet. Ludmilla M. M. Kubitza
ACQUA & IMAGEM SERVIÇOS – Jundiaí, SP
Qualidade da água,
Inúmeras são as variáveis e processos que envolvem a qualidade final do peixe para consumo.
Neste artigo serão apresentados os aspectos básicos do manejo nutricional e alimentar, bem
sistemas de culti-
como as principais parasitoses e doenças no cultivo comercial de tilápias. O leitor poderá obter
informações mais detalhadas sobre estes assuntos nas edições 52 e 53 da Revista Panorama da
vo, planejamento da
Aqüicultura, no livro “Principais Parasitoses e Doenças dos Peixes Cultivados” 3a. Ed. (Kubitza e
Kubitza 1999) e no livro “Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial” (Kubitza
produção, manejo
2000) que será lançado no 5 ISTA -Simpósio Internacional sobre Tilápia na Aqüicultura.
nutricional e alimen-
tar e sanidade.
MANEJO NUTRICIONAL E ALIMENTAR Parte II
31
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
aos aspectos práticos do manejo alimentar natural é limitado. O sucesso do cultivo de 28 dias. Cerca de 600 a 800 gramas
no cultivo intensivo de tilápias. tilápias em raceways ou em tanques-rede de ração são necessárias para 1.000
depende do uso de rações completas. Estas alevinos de 4 a 5 cm produzidos.
A importância do alimento natural na rações também são necessárias em viveiros
nutrição de tilápias quando a biomassa ultrapassa 6.000 kg/ha.
Nutrição e manejo alimentar na
Nas rações completas todos os nutrientes
recria e engorda.
O alimento natural dos peixes é devem estar presentes de forma equilibrada
A importância do alimento
composto de inúmeros organismos vegetais e em quantidades que supram as exigências
natural, notadamente o plâncton, no
(algas, plantas aquáticas, frutos, sementes, dos peixes para um adequado crescimento,
crescimento das tilápias já foi ressal-
entre outros) ou animais (crustáceos, lar- saúde e reprodução. O enriquecimento em
tado anteriormente. Muitos sistemas
vas e ninfas de insetos, vermes, moluscos, vitaminas e microminerais é completo.
de produção combinam os benefícios
anfíbios, peixes, entre outros). Algumas
Programa nutricional e alimentar para tilápias do alimento natural com o uso de
espécies de tilápias, em particular a tilápia-
rações suplementares ou completas,
do-Nilo, aproveitam de forma eficiente o
visando um aumento na produtividade
fito e o zooplâncton. Em viveiros com baixa Na Tabela 1 são apresentadas su- e melhora na conversão alimentar. Os
renovação de água, cerca de 50 a 70% do gestões quanto a composição nutricional piscicultores e nutricionistas devem
crescimento de tilápias foi atribuído ao con- básica, a necessidade de suplementação
estar atentos para ajustar a densidade
sumo de alimentos naturais, mesmo com o vitamínica e mineral, a forma de apresen-
tação e o tamanho dos peletes em rações dos nutrientes nas rações e o manejo
fornecimento de ração suplementar. Este
para tilápias em diferentes fases de desen- alimentar em função do sistema de
detalhe explica o menor custo de produção
volvimento e sistemas de cultivo. cultivo adotado, otimizando a pro-
de tilápias em viveiros de baixa renovação
dutividade e minimizando os custos
de água comparado ao cultivo intensivo em
de produção.
tanques-rede e raceways. O plâncton é rico Manejo alimentar na reversão sexual.
em energia e em proteína de alta qualidade A reversão sexual é aplicada em Manejo alimentar na recria (5 a
e serve como fonte de minerais e vitaminas pós-larvas com 9 a 13mm. A ração com 100g) em viveiros com plâncton.
no cultivo de tilápia em viveiros. Estudos 30 a 60mg de metiltestosterona/kg deve Enquanto a biomassa de ti-
realizados em Israel demonstraram, com ser fornecida em 5 a 6 refeições diárias. lápias em viveiros de recria com
base na resposta em crescimento, não ser Durante uma refeição os peixes devem ser plâncton não ultrapassar 4.000 kg/
necessário o enriquecimento vitamínico alimentados até serem saciados. Para tanto, ha, rações com 24 e 28% de proteína,
em rações usadas no cultivo de tilápias em é preciso que o tratador observe atentamente 2.600 a 2.800 kcal de ED/kg e sem
viveiros com disponibilidade de alimentos o consumo e a atividade dos peixes, evitando enriquecimento vitamínico e mine-
naturais. No entanto a suplementação excessiva sobra de ração nas unidades de ral podem ser utilizadas mantendo
vitamínica das rações melhorou a sobre- reversão. O uso de anéis de alimentação adequado crescimento e conversão
vivência dos peixes. Em Israel, apenas as facilita o manejo alimentar em hapas e alimentar. A taxa de alimentação deve
rações destinadas às pós-larvas e ao cultivo permite uma boa observação do consumo ser ajustada entre 4 a 2% do peso vivo
em sistemas mais intensivos recebem suple- quando a reversão é realizada em unidades ao dia, do início ao final desta fase,
mentação vitamínica completa. Esta suple- de maiores dimensões (hapas, tanques e sendo estas quantidades divididas em
mentação também é feita em rações usadas viveiros). Os peixes devem receber rações 2 refeições diárias. O uso de rações
no período de inverno e no tratamento de com metiltestosterona por um período de flutuantes permite melhor ajustar
peixes doentes ou sob estresse.
Rações suplementares.
A produção de tilápias em vivei-
ros de baixa renovação de água pode ser
feita de forma eficaz com o uso de rações
suplementares (nutricionalmente incom-
pletas). De um modo geral estas rações não
dispõem de um correto balanço em ami-
noácidos essenciais, apresentam menores
níveis protéicos (22 a 24%), maior relação
energia/proteína e não são suplementadas,
ou o são apenas parcialmente, com premix
vitamínico e mineral.
Rações nutricionalmente completas. Tabela 1. Sugestões quanto aos níveis de proteína bruta (PB), energia digestível e suplementação
Estas rações devem ser empre- vitamínica (Sup. vitam.) e mineral (min.) em rações para tilápias nas diferentes fases de desenvol-
vimento, cultivadas em viveiros com plâncton (VIV) ou em tanques-rede e raceways (TR/RW).
gadas em sistemas de produção onde a
disponibilidade ou o acesso ao alimento
33
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
a quantidade de ração fornecida. Ali- disponível não é capaz de complementar piora nos índices de conversão alimen-
mentar os peixes tudo o que eles podem a nutrição e manter os mesmos índices tar a partir deste ponto, devido tanto à
consumir numa refeição maximiza o de desempenho dos peixes na recria. A diminuição no plâncton disponível por
crescimento, o que é desejado nas fases partir deste ponto é recomendável o uso animal, quanto à deterioração progres-
iniciais. Porém, tal prática pode não ser de rações com 28 a 32% de proteína, siva na qualidade da água. Ainda assim,
a melhor estratégia do ponto de vista energia digestível entre 2.900 a 3.200 conversão alimentar entre 1,0 e 1,2 deve
econômico, principalmente nas fases de kcal/kg (Tabela 1) e suplementação ser obtida. Sob condições adequadas de
engorda. Na Tabela 2 pode ser observado mínima de vitaminas e minerais, confor- temperatura da água (28 a 32°C), tilápias
o efeito dos níveis de alimentação sobre me recomendado por Kubitza (Revista de 5g devem atingir o peso de 100g entre
o crescimento e a conversão de tilápia. Panorama da Aqüicultura, vol. 9, nos. os 60 a 70 dias de recria em viveiros com
Níveis de alimentação entre 4 a 2% do 52 e 53 1999). Deve ser esperada uma plâncton. Se isto não ocorrer, confira as
PV ao dia podem parecer, à princípio,
insuficientes para peixes entre 5 a 100
gramas. No entanto, não deve ser esque-
cido que os peixes consomem plâncton
o tempo todo, complementando o nível Tabela 2. Influência da taxa de
de ingestão de alimentos. A conversão alimentação diária sobre o ganho
alimentar na recria em tanques com de peso (GDP) e conversão ali-
mentar (Conv. alim.) de alevinos
plâncton deve ficar abaixo da unidade, de tilápia do Nilo em aquários
com valores de 0,8 sendo bastante co- (Xie et al 1997) e de tilápia ver-
muns. Se isto não se confirmar, pode melha da Flórida, híbrido entre
estar ocorrendo problemas na qualidade O. hornorum e O. mossambicus,
cultivadas em tanques-rede (Cla-
da ração, qualidade da água, manejo rk et al 1990).
alimentar, produção de plâncton, qua-
lidade dos alevinos, doenças, ou baixas
temperaturas.
Quando a biomassa nos viveiros
ultrapassar os 4.000 kg/ha, o plâncton
34
34
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
35
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
Inverno?
das pós-larvas de tilápia de Mossambique, Oreochromis mos-
sambicus (Soliman et al. 1986).
36
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
38
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000
PRINCIPAIS PARASITOSES
E DOENÇAS EM TILÁPIAS
D oenças e parasitoses diversas são susceptibilidade das tilápias às parasitoses
observadas no cultivo de tilápias. e doenças dependem de diversos fatores,
Embora algumas doenças ou parasitoses entre muitos: a espécie ou linhagem de
sejam mais freqüentes que outras, ainda não tilápia; as condições de qualidade da água e
foram identificados parasitos ou patógenos a carga orgânica nas unidades de produção;
específicos para as tilápias. Os patógenos o estado nutricional dos peixes; e, princi-
e parasitos coexistem com as tilápias no palmente as condições de temperatura da
ambiente de cultivo. Qualquer desequi- água. Condições sub-ótimas de temperatu-
líbrio causado pelo uso de densidades de ra aumentam a predisposição das tilápias às
estocagem excessivas, pela inadequada doenças e parasitoses. Temperaturas baixas
manutenção da qualidade da água, má inibem a resposta imune e a habilidade dos
nutrição e o manuseio grosseiro, aumenta peixes em reagir a diferentes antígenos. A
a incidência de problemas com doenças. A resposta imune das tilápias é praticamente
39
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inibida sob temperaturas ao redor de 16 a em particular, há uma mistura das águas e que a infestação ocorra em órgãos vitais.
18ºC. Nestas condições a atividade bac- de diferentes tanques de produção, favo- Alguns parasitos, no entanto, se alimentam
teriana também é reduzida. No entanto, recendo a distribuição dos patógenos por do sangue dos peixes e podem causar lesões
quando ocorre uma elevação da temperatu- todo o sistema. Isto favorece os surtos de bem severas, mesmo quando presentes em
ra ambiente, as bactérias retomam sua ati- doenças, podendo causar consideráveis pequenos números. Seus danos também são
vidade de forma mais rápida comparado à perdas econômicas. mais severos em peixes menores. Muitos
habilidade dos peixes em restaurar de forma parasitos infestam as brânquias, dificultando
eficiente o funcionamento do seu sistema Principais parasitos das tilápias a respiração dos peixes, causando a morte dos
imunológico. Isto explica a maior incidên- mesmos por asfixia.
cia de doenças em tilápias nos períodos de Diversos parasitos externos e inter-
inverno e início da primavera. As tilápias nos causam problemas no cultivo de tilá-
cultivadas sob condições de temperatura pias. Estes parasitos normalmente estão
entre 23 a 32ºC, são menos propensas às presentes na água, e se aproveitam de
parasitoses e doenças, a não ser quando são alguma situação de estresse causada
submetidas à água de má qualidade, a um pelo abaixamento da temperatura,
manejo nutricional e alimentar inadequado má qualidade da água, má nutrição
e a um manuseio grosseiro. Assim, a quali- ou manuseio inadequado, que re-
dade do manejo da produção é fundamental duzem a resistência das tilápias.
para o sucesso no cultivo. A intensificação O acúmulo de material orgânico
no cultivo de tilápias cria condições para nos viveiros e tanques durante o
uma maior ocorrência de doenças. Os sis- cultivo pode favorecer o aumento
temas de recirculação de água, o cultivo na população de alguns parasitos,
em raceways e em tanques-rede são mar- gerando desequilíbrios na relação
cados pelas altas densidades de estocagem peixe-parasito-ambiente. As lesões
e intenso arraçoamento. Isto aumenta o causadas por estes parasitos geralmente
contato entre os peixes e a transmissão dos não são tão severas, a não ser que um Figura 1: Hifas de Fungos (Saprolegnia) em
patógenos. Em sistemas de recirculação, grande número de parasitos esteja presente tilápia do Nilo. Esfregaço de pele visto ao
microscópio (400X)
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Protozoários parasitos: a) são organismos microscópicos e unicelulares; b) a maioria respiração e causa asfixia; h) Tratamento
se multiplica sem a presença do hospedeiro; c) se beneficiam do aumento na carga (ver Tabela 7): formalina por tempo indefi-
orgânica da água; d) ocorrência comum em cultivo intensivo; e) geralmente são en- nido nas concentrações de 15 a 25ml/m3, em
contrados em pequenas quantidades em tilápias aparentemente sadias; f) alterações 3 a 4 aplicações com intervalos de 3 dias;
bruscas na qualidade do ambiente favorecem grandes infestações. Diversos tipos de sal a 1%, em 3 a 4 tratamentos espaçados
protozoários foram isolados de tilápias em cultivo intensivo durante infestações de a intervalos de 3 dias (viável em sistemas
intensidade variável. A seguir é apresentado um resumo das principais características de recirculação e em aquários); elevar a
de alguns destes organismos e suas infestações em tilápias: temperatura acima de 30°C prejudica a
reprodução do parasito.
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em diversos países; no Brasil, infestação de fom na concentração de 0,5mg de I.A./L, bactérias patogênicas já tenham sido isola-
Lernaea em tilápias geralmente são restritas controla as fases de náuplios e os copepodi- das em tilápias, apresentaremos neste artigo
ao período do inverno, quando os peixes tos, mas sua eficiência no controle das fases apenas as mais freqüentes e importância
se apresentam debilitados com as baixas adultas é questionável. Durante o verão econômica: Streptococcus, Aeromonas
temperaturas; o ciclo de vida da Lernaea (28 a 32oC) devem ser feitas 3 aplicações e Pseudomonas e Flavobacterium co-
deve ser entendido para que as estratégias a intervalos de 7 dias entre as aplicações. lumnare.
de controle do parasito sejam mais eficazes; Nos meses mais frios (15 a 20oC) o intervalo
e) Argulus sp: mais de 100 espécies de entre as aplicações deve ser aumentado para Existem vários fatores que predis-
Argulus já foram identificadas; é conhecido 12-14 dias; tilápias são bastante tolerantes põem os peixes a infecções por bactéria
como “piolho dos peixes”; há vários relatos a doses elevadas de triclorfom; o controle (bacterioses). Dentre os principais des-
de infestação em tilápias; parece ser um químico do Argulus também é feito com o tacamos: a) má nutrição; b) inadequada
importante vetor de doenças virais e bac- uso do triclorfom; outro produto utilizado qualidade da água (baixo oxigênio dissol-
terianas; apresenta o corpo achatado e oval, no controle da Lernaea é o diflubenzuron vido e elevados níveis de amônia tóxica e
podendo medir até 1cm; f) Ergasilus sp: (dimilin), um inibidor da formação de nitrito); c) excessivo acúmulo de resíduos
ocorre frequentemente nas brânquias dos quitina, aplicado na dose de 0,05 a 0,10 orgânicos nos tanques e viveiros, o que
peixes, sendo denominados de “larvas das mg/L (0,05 a 0,1g/m3). Antes de proceder serve de reservatório e substrato para a
brânquias”; as tilápias parecem apresentar ao tratamento com estes produtos, consulte multiplicação de bactérias e outros or-
maior resistência à fixação destes parasitos um profissional experiente para melhor ganismos patogênicos; d) o abaixamento
comparados a outros peixes; embora seja esclarecer os risco envolvidos no trata- da temperatura, fator de particular impor-
um parasito pouco freqüente em tilápias, mento e sugerir as melhores estratégias tância no cultivo de tilápias em regiões
grandes infestações podem ocorrer em para solucionar o problema; com inverno bem definido; e) o manuseio
cultivos intensivos com alta densidade de grosseiro durante as despescas e as trans-
estocagem; causa hipertrofia, inflamação DOENÇAS BACTERIANAS ferências de peixes entre as unidades de
e fusão dos filamentos branquiais, dificul- cultivo; f) estresse durante o transporte
tando a respiração dos peixes mesmo sob Pelo fato de serem de fácil dissemina- vivo; g) infestações por outros parasitos.
condições de adequado oxigênio dissolvido ção e por apresentarem caráter oportunista,
na água; g) diagnóstico: os parasitos são as bactérias são importantes patógenos na Streptococcus sp.: a) a infecção por Strep-
visíveis ao olho nu e facilmente identifica- piscicultura intensiva. Embora inúmeras
dos; fases jovens (copepoditos) podem ser
identificados com o uso de estereoscópio
(lupa). h) controle: no caso da Lernaea a
melhor política e evitar a introdução de CRUSTÁCEOS PARASITOS
peixes infestados ou não adquirir peixes
de fornecedores suspeitos; o uso da qua-
rentena é recomendável antes de distribuir
os novos peixes por toda a piscicultura;
infestações por microcrustáceos não têm
sido observadas em tanques de larvicultura
e alevinagem de tilápias; uma explicação
para este fato é o hábito alimentar zooplanc-
tófago das pós-larvas e dos alevinos, que
acabam controlando as fases jovens destes
parasitos; isto abre a perspectiva de uso de
um controle biológico, particularmente da
Após fecundadas, as fêmeas da As fêmeas adultas da Lernaea
Lernaea, em tanques e viveiros de cultivo Lernaea começam a se alongar. liberam seus ovos na água. Dos
ou pesca recreativa com a estocagem Dois sacos de ovos ficam bem ovos eclodem os náuplios.
simultânea de peixes plânctófagos ou evidentes no corpo das fêmeas.
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Foto: BRFISH
Alevinos de tilápia tailandesa
Por: Fernando Kubitza, Ph.D.
Acqua & Imagem - Jundiaí-SP
fernando@acquaimagem.com.br
Proteína na ração das pós-larvas e alevinos O principal motivo que me levou a realizar este teste foi o
durante a reversão sexual grande número de consultas que vinha recebendo, na ocasião, de
produtores de alevinos de tilápia que se queixavam basicamente
Uma revisão nas pesquisas sobre a nutrição de pós- da baixa resistência dos alevinos que estavam produzindo. Havia
larvas e alevinos de tilápia do Nilo indica que, para pós- alta mortalidade de alevinos ao final da reversão, particularmente
larvas e alevinos até cerca de 1g (fase de reversão sexual), após o manuseio, a depuração e o transporte. Muitos relataram
os níveis adequados de proteína geralmente ficam entre 40 que os alevinos, ainda durante a reversão, desenvolviam man-
e 45%. Para alevinos de 1g a 10g os níveis de proteína na chas esbranquiçadas na pele. Um elo em comum entre estes
ração que resultaram em máximo crescimento ficaram entre produtores era o uso de rações comerciais com mais de 50%
30 e 38% (Tabela 2). de proteína. Assim, estoquei alevinos de tilápia do Nilo (linha-
gem tailandesa) com cerca de 0,3g em aquários de 50 litros (4
Tabela 2 - Níveis de proteína para máximo crescimento de pós-larvas
aquários para cada tipo de ração e 100 alevinos por aquário).
e alevinos de tilápia do Nilo (Adaptado de Kubitza 2000; El-Sayed, Forneci quantidades iguais de ração (4 vezes ao dia) a todos os
sem data; Rotta et al 2003) aquários durante um período de 20 dias.
Tabela 4 - Efeito dos níveis de proteína na ração sobre o desempenho de Rações com 50% ou mais de proteína
alevinos de tilápia do Nilo (Adaptado de Hayashi et al 2002) também estão sendo usadas durante a fase de
recria em tanques-rede, com tilápias de 5 a
20g. Recomendo fortemente aos produtores
de alevinos reavaliar as estratégias nutricio-
nais, até por que hoje se paga entre R$ 1,90
e 2,50/kg pelas rações com mais de 50% de
proteína contra R$ 1,40 e 1,60/kg nas rações
com 40%. Para justificar esta diferença de
preço, um grande adicional em crescimento
e sobrevivência ao manuseio e transporte
Em outro estudo, um pouco mais antigo, realizado deveria ser esperado usando rações com alta proteína.
desta feita com alevinos de tambaqui também foi verificado O produtor tem que avaliar isso, pois cada fabricante
que o aumento excessivo nos níveis de proteína prejudicou tem sua fórmula, seus procedimentos de controle de
o crescimento e a conversão alimentar (Tabela 5). Lim et al. qualidade de ingredientes, suplementações minerais
(1979) também verificaram uma ligeira redução no cresci- e vitamínicas específicas, formas diferentes de pro-
mento do milk fish com rações com 50 e 60% de proteína, cessamento, dentre muitas outras variáveis que deter-
comparado ao uso de rações de 40% e atribuíram isso à in- minam a qualidade de uma ração. Os parâmetros que
suficiente quantidade de energia de origem não protéica nas possibilitam avaliar isso (crescimento, tolerância ao
rações com alta proteína. Prather e Lovell (1973) também manuseio e transporte e custo de ração por milheiro de
sugeriram que rações com altos níveis de proteína e baixa alevino produzido) somente podem ser apurados com
quantidade de energia não protéica podem ser tóxicas ao uma cuidadosa experimentação.
No box abaixo seguem resumidas minhas recomen- aos peixes, visando otimizar o crescimento e maximizar a efici-
dações sobre a qualidade das rações e o manejo da alimen- ência alimentar. Atenção para não usar peletes demasiadamente
tação durante a reversão sexual de tilápias. Informações grande. Quando isso ocorre, a tilápia demora mais tempo para
mais detalhadas sobre o assunto poderão ser encontradas consumir a ração por uma limitação física, e assim fica a im-
no livro Tilápia (Kubitza, 2000). pressão após 20 minutos de que os peixes estão saciados, devido
à sobra de ração que ficou na superfície.
Manejo alimentar na recria e engorda de tilápias O acúmulo de gordura visceral, freqüentemente notado
pelos produtores, está muito relacionado com a qualidade das
O produtor deve ter em mente um importante funda- rações. Rações com excessiva relação energia/proteína (àque-
mento no manejo da alimentação: quanto mais próximo da las com níveis protéicos baixos, geralmente abaixo de 28%),
máxima capacidade de consumo um peixe for alimentado, assim como rações desbalanceadas em aminoácidos essenciais,
maior será o crescimento, porém, pior será a conversão podem resultar em peixe demasiadamente gordo. No entanto, é
alimentar. Com tilápias pequenas (até 20 a 30g), o pro- no manejo da alimentação onde reside a causa mais comum do
dutor deve buscar máximo crescimento, em detrimento acúmulo de gordura corporal. Peixes alimentados em excesso,
da conversão alimentar. Isso é conseguido alimentando mesmo com uma ração bem balanceada, acumulam grande
os peixes próximo da máxima capacidade de consumo quantidade de gordura, particularmente nas vísceras. E isso,
em cada refeição. Por outro lado, quando os peixes ficam somente o produtor pode prevenir.
maiores e o consumo de ração significativo (o que ocorre
com tilápias acima de 150 a 200g), o produtor deve priori- Cultivo em tanques-rede
zar a conversão alimentar em detrimento do crescimento.
Isso é alcançado alimentando os peixes de forma restrita, No cultivo de tilápias em tanques-rede é muito fácil com-
entre 80 a 90% do máximo consumo. Um modo prático parar os resultados de diferentes rações e estratégias alimentares,
de se atingir isso é usar a regra dos 15 minutos que tenho de modo que o produtor pode rapidamente ajustar o manejo nu-
indicado para muitos produtores. Esta regra também deve tricional e alimentar e, até mesmo mudar de fornecedor de ração.
ser aplicada no cultivo de tilápias em tanques de terra. Apesar de muitos produtores terem suas estratégias particulares de
alimentação (número de refeições, quantidade fornecida, tamanho
dos peletes e níveis de proteína para cada fase), é inquestionável
Regra dos 15 minutos a necessidade do uso de rações nutricionalmente completas, visto
que as exigências nutricionais devem ser totalmente atendidas
Durante uma refeição deve-se observar o tempo necessário para o através da ração. Há alguns anos era comum observar desordens
consumo da ração fornecida. Se durante as refeições de um dia a
ração ofertada demorou mais de 20 minutos para ser consumida, nutricionais em tilápias cultivadas em tanques-rede. Felizmente
nas refeições do dia seguinte deve ser reduzida a quantidade de hoje a maioria dos fabricantes dispõe de rações nutricionalmente
ração em cada refeição. Se, por outro lado, a ração fornecida foi completas de alta qualidade especificamente desenhadas para
consumida em menos de 10 minutos, no dia seguinte a quantidade
de ração por refeição deve ser aumentada. Assim, o produtor deve
atender às exigências do cultivo intensivo da tilápia tanto em
buscar fornecer em cada refeição o que os peixes são capazes de tanques-rede como em sistemas de alto fluxo ou de recirculação.
consumir em cerca de 15 minutos. Na tabela 6 segue a minha recomendação de manejo nutricional
para tilápias nestes sistemas de cultivo.
Recomendações sobre a qualidade das rações • Estabilidade na superfície da água (flutuabilidade) - rações
e o manejo da alimentação em pó que permanecem mais tempo na superfície d´água apresen-
tam menores perdas de nutrientes, ficam mais tempo à disposição
dos peixes e possibilitam uma melhor visualização do consumo
• Proteína entre 40 e 45% e moagem fina, com partículas e ajuste da oferta de ração. A flutuabilidade das rações em pó
menores que 0,5mm; depende basicamente do tipo de ingrediente usado na fórmula e
do grau de moagem da ração. Também o produtor irá notar que
• Suplementação extra de vitaminas e minerais - para uma ração que flutua bem antes de ser impregnada com o álcool,
compensar as perdas por lixiviação na água. Esta suple- pode não flutuar tão bem após a evaporação do álcool.
mentação adicional é uma prática de grande parte dos
fabricantes. No entanto, muitas vezes o próprio produtor • Uso da extrusão no processo de fabricação - submeter a mistura
pode se encarregar disso na propriedade, adicionando premix ao processo de extrusão e a uma nova moagem aumentam os custos de
vitamínico e mineral completo e, até mesmo, fortificando as fabricação. No entanto, melhora o valor nutricional da ração (devido
rações com mais vitamina C (até cerca de 1g/kg). ao aumento na disponibilidade e digestibilidade dos nutrientes de
Alevinos de Tilápia
tilápia em tanques-rede, sistemas de alto fluxo ou de recirculação
Recomendações complementares: A indicação apresentada nesta tabela sobre a quantidade de ração a ser
fornecida diariamente deve ser usada como uma referência. O consumo real dos peixes pode ser afetado pela
temperatura da água, por infestações parasitárias, pela qualidade da água nas unidades de cultivo, entre outros
fatores. Assim, o tratador deve ficar atento ao consumo dos peixes e ajustar a quantidade de ração com base na Alimentação de tilápias em tanques-rede no
resposta alimentar (presença de sobras ou velocidade de consumo). Use a regra dos 15 minutos na Fase 2 e Fase reservatório de Xingó - Rio São Francisco
3. Na Fase 1 procure alimentar próximo a saciedade em cada refeição.
Na Fase 1a do berçário geralmente são estocados alevi- Na Fase 2 - recria os peixes passam a ser alimentados
nos pós-reversão entre 0,3 e 1,0g. A alimentação deve ser com ração contendo 32% de proteína e peletes de 3-4mm,
feita com ração farelada com 40%PB. Quando os peixes em quantidades entre 5 e 3% do peso vivo/dia, dividida
atingem cerca de 5g de peso médio (10 a 20 dias mais ou em 3 ou 2 refeições. A quantidade de ração fornecida
menos, dependendo do tamanho inicial e da temperatura deve ser reajustada de acordo com a resposta alimentar.
da água), deve ser feita uma classificação para descarte dos Use a regra dos 15 minutos.
peixes do fundo do lote. Os peixes com peso entre 3 e 8g Na Fase 3 – terminação os peixes são alimentados com
(média de 5g) vão para a Fase 1b do berçário. Na primeira peletes de 3-4mm contendo 32% de proteína, em quantidade
semana da Fase 1b ainda deve ser fornecida a ração em entre 3 e 2% do peso vivo ao dia. Não é necessário mais do
pó 40%PB, porém deve ser iniciada a oferta de peletes de que duas refeições ao dia. O tamanho dos peletes deve ser
2mm de 35-36%PB. Como os peixes maiores e vorazes aumentado de acordo com o tamanho dos peixes. Quando os
geralmente são os que se alimentam primeiro, procure peixes atingem cerca de 300 a 400g, podem ser usados peletes
fornecer primeiro os peletes de 2mm na quantidade que de 5-6m, mantendo assim até um peso de 600g. Para tilápias
os peixes forem capazes de consumir (visualizar a sobra acima de 800g podem ser fornecidos peletes de 8mm. Use a
de ração nos anéis de alimentação). Em seguida, deve ser regra dos 15 minutos para ajuste da oferta de ração. Quando os
ofertada a ração farelada, para que os menores peixes do peixes atingem cerca de 300 a 400g muitos produtores optam
lote ainda possam se alimentar adequadamente e também pelo uso de ração com 28% de proteína, acreditando que com
crescer. Após esta primeira semana, a alimentação deve isso haverá uma redução no custo de produção. Geralmente a
seguir exclusivamente com peletes de 2mm. No final desta diferença de preço entre uma ração com 28%PB e outra com
fase (peixes próximos a 30g) é possível iniciar o forneci- 32%PB não é muito grande (cerca de 10%) e não compensa a
mento de peletes de 3-4mm com 32%PB. Durante as fases redução no ganho de peso, o aumento na conversão alimentar
de berçário, em cada refeição o produtor deve alimentar os e o maior tempo necessário para terminação da tilápia. Além
peixes próximo à saciedade. No entanto, não deve haver disso, rações com baixa proteína geralmente promovem
muito desperdício (sobras) de ração. maior deposição de gordura visceral.
alguns ingredientes), confere maior homogeneidade na composição temperatura da água, o oxigênio, as infestações por parasitos, a
das partículas da ração (o que reduz a seletividade alimentar pelas composição e palatabilidade da ração, entre outros tantos, tor-
pós-larvas), minimiza as perdas de nutrientes por dissolução na água nando difícil precisar exatamente o que será consumido. Portanto,
e reduz a carga microbiológica da ração (pois alguns ingredientes, em tome como base a resposta dos peixes. Daí a importância de usar
particular os de origem animal, podem apresentar elevada contagem uma ração de boa flutuabilidade na água, que permita visualizar
de bactérias nocivas ao desempenho e saúde dos peixes). as sobras e, assim o ajuste na quantidade ofertada.
Estratégia de alimentação • Como fornecer: a quantidade diária acima sugerida deve ser
dividida em 5 ou 6 refeições/dia. Em uma refeição, evite jogar
• Quantidade de ração ofertada diariamente - Semana 1 – 25-30% toda a ração de uma vez só nos hapas ou tanques. Divida em pelo
do PV (peso vivo)/dia; Semana 2 – 20-25%; Semana 3 – 15-20%; e menos 3 parcelas, de forma que as pós-larvas tenham tempo de
Semana 4 – 10-15% do PV/dia. Estas quantidades devem ser divididas consumir as partículas antes que estas atinjam o fundo dos hapas
em 5 a 6 refeições/dia. Não se prenda tanto ao percentual do peso vivo, e tanques. Anéis de alimentação ajudam a visualizar o consumo e
pois o consumo de ração é regulado por diversos fatores, entre eles a não deixam que a ração escape através da malha dos hapas.
Tabela 7 - Recomendações para o manejo alimentar de tilápias em tanques com água verde (plâncton)
Recomendações complementares: Promova rapidamente a formação do plâncton (mantenha a água fechada; calagem quando necessário;
adubação inicial 5kg uréia/1.000m2 nas primeiras 2 a 3 semanas. Também pode ser feito o uso de farelos e estercos de aves e suínos em conjunto
com a uréia nas primeiras semanas, não ultrapassando uma taxa de aplicação de 5kg de matéria seca por 1.000m2/dia).
Mantenha a água verde com transparência entre 20 e 30cm (se estiver fazendo adubação, pare de adubar quando a transparência chegar aos
30cm). Renove um pouco de água se a transparência cair abaixo de 20cm.
Na recria e engorda, enquanto a biomassa for menor que 200g/m2 (2.000kg/ha) forneça ração apenas uma vez ao dia em quantidade equivalente
à metade da taxa de alimentação indicada nesta tabela. Quando a biomassa superar 200g/m2, alimente como indicado na tabela. Fique atento
à coloração das fezes dos peixes e ajuste a taxa de alimentação com base nesse indicativo. Fezes marrons: reduza a oferta de ração; fezes
verdes: aumente a oferta de ração; fezes marrom-esverdeadas: mantenha a alimentação como está.
Lembre-se que, com o aumento na biomassa de peixes do início ao final de cada fase de cultivo, a disponibilidade de alimento natural por
quilo de peixe diminui. Assim, não reduza a qualidade da ração no final de cada fase de cultivo, pois os peixes precisam de um alimento ainda
melhor nestes momentos.
mente o produtor não encontra uma ração em pó com 30-32% engorda onera o custo de produção.
de proteína. Duas alternativas ao produtor: moer peletes com No cultivo de tilápia, todo dia é dia de aprendizado e revisão
30 a 32% de proteína ou fornecer uma ração em pó com 40% de conceitos e procedimentos. É natural que a tecnologia de cultivo,
de proteína de forma limitada (alimentação restrita). assunto do interesse de muitos pesquisadores e produtores em todo
Outra consideração importante no cultivo de tilápia em o mundo, passe por aprimoramentos e ajustes finos diariamente. E
tanques com plâncton: na fase de terminação, principalmente nem sempre estes novos avanços estão disponíveis de forma pronta
da metade para o final da fase, o consumo de ração fica muito e mastigada ao setor produtivo. Assim, os produtores e técnicos de-
alto e há uma tendência dos produtores em comprar rações vem estar sempre abertos para rever seus conceitos e estratégias de
mais baratas, geralmente com baixo teor protéico (menos de produção, bem como estabelecer uma rotina ou hábito diário de busca
28%), acreditando que isso reduzirá o custo de produção. Neste de informações que lhe permitam expandir seus conhecimentos. Seja
momento a biomassa de peixes está alta e a disponibilidade de via internet, livros, revistas, seminários, cursos, entre outros.
alimento natural diminui. Usar uma ração de baixa proteína, A experimentação cuidadosa na propriedade também pos-
principalmente em situações em que se espera produzir mais sibilita grande aprendizado e identificação de correções no manejo
do que 15-20 toneladas de tilápia por hectare, pode ser um tiro da produção. Não devemos, também, nos esquecer que muito pode
pela culatra. Principalmente se a ração for desbalanceada em ser aprendido com os seus funcionários e os funcionários dos seus
aminoácidos essenciais e tiver baixo enriquecimento mineral e vizinhos e amigos tilapicultores, que estão dia a dia envolvidos dire-
vitamínico (o que, geralmente, é uma regra nas rações de baixa tamente com a produção e enfrentando problemas muito parecidos
proteína e de preços extremamente atrativos disponíveis no com os seus. Ouvir a experiência destas pessoas pode ser um hábito
mercado). Mesmo o uso de uma boa ração com 28% de proteína muito prazeroso e de integração de sua equipe de funcionários com
nesta fase final pode não trazer vantagens em termos de redu- a equipe de outras pisciculturas e até com você mesmo. Ainda mais
ção do custo de produção (exceto quando a biomassa final não quando estas reuniões informais são acompanhadas de um saboroso
ultrapassa 800g/m2 ou 8 toneladas/ha e há plâncton disponível). filé de tilápia e uma cerveja bem gelada.
A economia no preço da ração é da ordem de 10%. No entanto Nunca se esqueçam de valorizar o material humano que
é comum a conversão alimentar se elevar em mais de 15 a 20% têm em suas mãos. Lembrem-se de que pela mão dos seus trata-
quando se troca uma ração de 32% por uma de 28% de proteína. dores, passa, na forma de ração, pelo menos 50% do seu capital
Assim, economiza 10% no preço de compra. No entanto, usa-se de giro. Assim, estimule-os a serem os melhores possíveis.
15 a 20% mais ração por quilo de peixe produzido. Além disso, o Premiem quem merece. Finalmente, deixo aqui meus votos de
crescimento um pouco mais lento do peixe com a ração de 28% que 2007 seja um ano de mudanças de atitude, de busca inces-
de proteína requer um tempo adicional de cultivo de cerca de 30 sante por mais aprendizado e de resultados cada vez melhores
(para tilápias até 600g) a 60 dias (no caso de tilápias de 1kg). O nos cultivos. Esta somatória de evolução e sucesso contribuirá
produtor deve lembrar que tempo é dinheiro e esta extensão da com a expansão da tilapicultura em nosso país.
Da euforia ao desastre
Tilápia
• Ocorrência de mortalidade crônica (todos os dias
aparecem peixes mortos nos tanques);
• Natação errática e com movimentos espiralados;
• Hemorragia nas nadadeiras e no corpo;
• Hemorragia nos olhos e no ânus;
• Podridão (necrose) das nadadeiras;
• Lesões na pele (manchas brancas, lesões com aspecto
inflamado ou ainda lesões na forma de úlceras
ou furúnculos);
• Abdômen distendido (ascite) geralmente devido ao
acúmulo de fluído na cavidade abdominal;
• Escamas eriçadas, em função da excessiva distensão
do abdômen;
• Hemorragia nas vísceras e nos órgãos internos;
• Baço aumentado e de coloração escura;
• Nódulos brancos no baço, rins e fígado;
• Intestino com fluído sanguinolento.
Tilápia
peixes com a resistência comprometida após estresses
associados ao manejo ou a problemas de qualidade de
água (Quadro 3).
Tilápia
ration, na Costa Rica. Os sinais clínicos desenvolveram sinais clássicos de
não específicos desta bacteriose incluem virose causada por iridovírus. Pós-
perda do apetite, comportamento letárgi-
co, natação errática e olhos saltados. In-
que episódios de larvas de tilápias aparentemente
sadias também se tornavam infec-
ternamente foi observado um sinal mais tadas com o vírus, após comerem
específico da doença, que é a presença de viroses estejam pós-larvas sintomáticas, moribundas
um grande número de nódulos brancos ou mortas, que apresentavam os
nas brânquias, no baço, no rim e nas sintomas da virose. Mortalidade de
gônadas. Estes nódulos ocasionalmente ocorrendo em até 100% era possível de ser obser-
eram vistos no fígado e no coração. Até vada. Em diversos empreendimentos de
30% dos filés dos peixes provenientes de produção de alevinos de tilápia no Brasil,
estoques afetados apresentavam lesões cultivos de tilápia sinais clínicos semelhantes aos relatados
granulomatosas de aspecto escurecido. por estes pesquisadores podem ser obser-
Produtores que observarem os sinais
clínicos típicos da infecção por esta
no Brasil e no vados nas pós-larvas durante a reversão
sexual. Em alguns casos que acompanhei,
bactéria (granulomas viscerais) devem não foi detectada a presença de parasitos
comunicar o fato e enviar amostras de
peixes moribundos a laboratórios de
mundo sem que ou bactérias que pudessem explicar a
sintomatologia da doença. Tampouco
patologia de peixes para o diagnóstico tratamento com produtos terapêuticos
do agente patogênico. haja um real na água ou a inclusão de antibióticos na
ração foi capaz de amenizar a mortalidade
Doenças virais em tilápias de pós-larvas e alevinos.
diagnóstico do Sinais clínicos de doenças virais em
Apesar de ainda serem escassos peixes incluem hemorragia no corpo, ane-
os registros de viroses em tilápias, mia severa (brânquias ficam extremamente
diversas espécies de peixes são acome- problema devido pálidas, quase brancas), os peixes apre-
tidas por doenças virais, algumas delas sentam abdômen distendido devido a um
extremamente severas e de notificação
obrigatória em diversos países, levando
à carência de acúmulo de fluído na cavidade abdominal.
Alevinos e juvenis costumam arrastar lon-
à eliminação completa do estoque de gos cordões de fezes de coloração branca.
peixes suspeito de ser portador da viro- profissionais Outros sinais clínicos de viroses se asseme-
se, bem como de estoques de matrizes lham aos sinais das septicemias bacterianas
potencialmente infectados. (Quadro 2). Assim, muitos casos de viroses
Em 1994, Avtalion & Shlapober- treinados e de acabam sendo equivocadamente diagnos-
sky observaram perda de apetite, escure- ticados como bacteriose, particularmente
cimento do corpo e natação espiralada em quando alguma bactéria é isolada dos peixes
tilápias com menos de 30 dias de idade, laboratórios afetados. É bem provável que episódios de
mantidas em laboratório. A mortalidade viroses estejam ocorrendo em cultivos de
tinha início por volta do 4o e 6o dia de
vida e um novo pico de mortalidade equipados para tilápia no Brasil e no mundo sem que haja
um real diagnóstico do problema devido
ocorria próximo do 14o dia de vida. Estes à carência de profissionais treinados e de
pesquisadores identificaram partículas
semelhantes a iridovírus em células iso-
o diagnóstico de laboratórios equipados para o diagnóstico
de doenças virais nos peixes. Em casos de
ladas do cérebro dos peixes. Em 1997, mortalidade de peixes onde não é possível
Ariel e Owens, também observaram pós- doenças virais isolar ou diagnosticar um agente patogênico
larvas de tilápia de Moçambique com os (parasitos ou bactérias), e/ou tampouco há
mesmos sintomas de natação espiralada indicativos de problemas ambientais ou de
e corpo escurecido. A morte das pós- nos peixes." manejo, ou mesmo quando a terapia com
larvas ocorria cerca de 24 horas após o antibióticos ou a aplicação de produtos
aparecimento dos sintomas. Não foram terapêuticos na água não resolva o
identificadas bactérias ou parasitos que problema, o produtor deve suspeitar da
pudessem explicar esta mortalidade. Ao ocorrência de virose e notificar algum
Tilápia
apenas para prevenir que outros
Diversas doenças bacterianas e vi-
rais na criação de salmões, trutas, “catfish”
incentivar animais do plantel manifestem os
sinais da doença:
americano e de diversas espécies de peixes b) os produtores invariavel-
marinhos, entre outros, são hoje controladas parcerias entre mente usam antibióticos sem ter a
através da vacinação de alevinos e juvenis. A certeza de que o produto realmente é
relevância da tilápia na aqüicultura mundial
e a magnitude dos prejuízos causados pelas
as instituições de eficaz contra a bactéria combatida;
c) é muito difícil precisar a
infecções bacterianas têm estimulado o quantidade correta do produto que
investimento em pesquisas para o desenvol- pesquisa na área deve ser adicionada à ração, pois deve se
vimento e avaliação de vacinas para prevenir levar em conta uma estimativa do consu-
as principais bacterioses que acometem este
peixe. Vacinas contra Estreptococcose, Co-
de ictiopatologia mo dos peixes no lote a ser tratado e uma
possível perda do produto por dissolução
lumnariose, Vibriose e septicemias causadas na água;
por bactérias do gênero Aeromonas e Edwar- e as empresas d) alguns peixes comem mais do
dsiella têm sido experimentalmente avalia- que outros e, portanto, a eficácia do trata-
das. Vacinas contra Streptococcus iniae e públicas que mento pode não ser homogênea no lote.
Streptococcus agalactie (esta última espécie Além disso, a administração de anti-
já diagnosticada no Brasil) já são produzidas bióticos via ração implica em custo adicio-
comercialmente e utilizadas em diversos dispõem, em nal, nem sempre recuperado adequadamente
países. No país apenas uma vacina contra visto que o tratamento sempre é feito após
vibriose foi registrada para uso na aqüicul- seu corpo de o início do curso de uma doença, quando
tura. Em breve, novos produtos deverão estar já ocorreu alguma ou muita mortalidade.
disponíveis, visto que as empresas/laborató-
rios que produzem vacinas para organismos especialistas, Portanto, a vacinação massiva de lotes de
alevinos como forma de prover imunidade
aquáticos estão de olho no grande mercado específica a estas doenças é de fundamental
representado pela tilapicultura no Brasil. O de profissionais importância para a sustentabilidade da indús-
Ministério da Agricultura (MAPA) deve tria. Por se tratar de uma prática preventiva, a
priorizar o atendimento às solicitações de
registros de vacinas para uso em aqüicultura.
altamente vacinação pode colaborar significativamente
para que a aqüicultura não seja manchete nos
Uma boa parte destas vacinas é preparada a noticiários devido aos episódios constantes
partir dos patógenos que comprovadamente tarimbados no de mortalidade nos cultivos mundo afora.
já estão presentes nos cultivos aquáticos no Com isso, além da melhor previsão dos
Brasil. Portanto, o risco do uso destas vacinas
nas pisciculturas nacionais é praticamente
desenvolvimento resultados da produção, da redução no uso
de medicamentos e da minimização dos
inexistente.Também há um grande espaço custos associados ao tratamento de doenças,
para pesquisa e desenvolvimento nesta área de vacinas para a aqüicultura se beneficiará imensamente
a partir de cepas de patógenos isolados em ao passar a ter uma percepção mais positiva
nossos próprios cultivos. É preciso incentivar
parcerias entre as instituições de pesquisa na
outras espécies por parte do consumidor em relação ao de-
senvolvimento da atividade e à qualidade e
área de ictiopatologia e as empresas públicas segurança dos seus produtos.
que dispõem, em seu corpo de especialistas, animais e mesmo
de profissionais altamente tarimbados no Boas práticas de produção para a pre-
desenvolvimento de vacinas para outras
espécies animais e mesmo para uso na me-
para uso venção de doenças
Tilápia
em outras propriedades (redes, puçás, caixas de transporte, roupas, como de ações melhores planejadas das instituições
calçados, bombas de água, entre outros). que fomentam o desenvolvimento aqüícola no país (em
No cultivo em tanques de terra, periodicamente os tanques caráter estadual e federal). Um primeiro passo é padro-
devem ser drenados deixando que o seu fundo seja exposto ao sol nizar os procedimentos sanitários nas pisciculturas atra-
forte por um ou mais dias. Tal prática também pode ser utilizada nos vés da elaboração e distribuição de um manual de boas
cultivos em tanques-rede, entre uma despesca e outra, mantendo os práticas para o manejo sanitário em pisciculturas em
tanques suspensos, expondo a malha dos mesmos ao sol. tanques escavados e em tanques-rede, voltado à orien-
tação de técnicos e produtores sobre os procedimentos
Quadro 4 - Fundamentos básicos do manejo sanitário preventivo
mais adequados para a prevenção e controle das prin-
• Contínuo monitoramento e correção da qualidade cipais enfermidades. Ainda há um tabu muito grande entre
da água; profissionais de diversas classes sobre o quanto o produtor
• Assegurar uma correta nutrição através do uso de rações deve saber sobre tratamento de doenças na piscicultura. Em
de qualidade adequada às condições do cultivo; minha opinião ele deve saber o máximo possível sobre o
• Prover adequado manejo alimentar, evitando alimentar os assunto, pois na hora do aperto geralmente o produtor não
peixes de maneira excessiva; encontra um especialista de plantão para socorrê-lo e aca-
• Manter adequadas condições de estocagem; ba sendo dele próprio a decisão sobre o que fazer. Se não
• Aquisição de alevinos com fornecedores idôneos e tiver a mínima idéia, palpites de vizinhos e comerciantes
atentos ao manejo sanitário dos seus estoques; leigos acabam sendo a única alternativa que lhe resta. É
• Atenta observação do comportamento dos peixes e preciso, também, que o Ministério da Agricultura, através
dos sinais indicativos de anormalidades e doenças; de suas agências competentes, regulamente os produtos
• Exames rotineiros de peixes sadios e moribundos; seguros para a prevenção e controle de enfermidades em
• Controle preventivo de infestações parasitárias e de animais aquáticos. Hoje, por exemplo, aplicar calcário
potenciais vetores de doenças; ou sal nos tanques de cultivo pode ser considerado um
• Rotina de remoção de peixes moribundos ou mortos; procedimento ilícito, pois não há regulamentação sobre o
• Adequado manejo de classificação e manuseio uso destes produtos para fins de aqüicultura no país. Nesta
dos peixes; regulamentação vale usar o bom senso. O melhor caminho
• Uso de técnicas eficazes e equipamentos adequados é simplificar esta tarefa, balizando-se pelas normatizações
no transporte de peixes vivos; existentes em países onde este assunto já está bem mais
• Apoio de profissional especializado para o evoluído e sacramentado. Não adianta querer inventar a
estabelecimento de ações para o controle de doenças; roda nesta questão. Melhor é empreender esforços para
• Desinfecção de equipamentos sempre que necessário. um maior rigor no controle da compra e na fiscalização
do uso destes produtos.