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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE:PRODUÇÃO E


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SISTEMAS............
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FABRI CAÇÃO DE MATERIAL CERÂMICO COM ARGILA E


CINZAS DE CARVÃO MINERAL

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE M ESTRE EM ENGENHARIA

CM
I
O) F R A N C I S C O TADEU N E G R E I R O S
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(D

cm
O)
CN

F l o r i a n ó p o l i s , abril de 1994.
FA B R IC A Ç Ã O D E M A T E R IA L C E R Â M IC O C O M A R G IL A E
C IN Z A S D E C A R V Ã O M IN E R A L

F R A N C IS C O T A D E U N E G R E IR O S

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA PARA OBTENÇÃO DO


TÍTULO DE MESTRE EM ENGENHARIA

ESPECIALIDADE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS E APROVADA


EM SUA FORMA FINAL PELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

P ro f. H u m b e rto R am o s R o m a n , P h .D .
Orientador

B A N C A E X A M IN A D O R A :
SUMÁRIO
SUMÁRIO

L I S T A D E F I G U R A S ...................................................................................................... ....
L I S T A D E T A B E L A S .................................................................................................... iv
R E S U M O ........................................................................................................... vi

1. I N T R O D U Ç Ã O ................................................................................. !

2. R E V I S Ã O B I B L I O G R Á F I C A ................................................................................ 6

2 . 1 . I n t r o d u ç ã o .............................................................................. 6

2 . 2 . P r o c e s s o s d e f a b r i c a ç ã o ................................................................... 7

2 . 3 . P r o d u ç ã o de c e r â m i c a e m S a n t a C a t a r i n a ........................................ 8

2 . 4 . A a r g i l a e a s c i n z a s ..................................................................................... 10

2 . 5 . P r o b l e m a s a m b i e n t a i s c o m c i n z a s ....................................................... 12

2 . 6 . U t i l i z a ç ã o de c i n z a no p r o d u t o c e r â m i c o .................................... 13

3. P R O G R A M A E X P E R I M E N T A L .........................................................................16

3 . 1 . M a t e r i a i s u t i l i z a d o s ........................................................... 16

3 . 2 . S e c a g e m da a r g i l a e da c i n z a d e c a r v ã o ......................................... 17

3 . 3 . A n á l i s e q u í m i c a ..................................................................... 17

3 . 4 . D e t e r m i n a ç ã o d o s l i m i t e s de l i q u i d e z e p l a s t i c i d a d e da
a r g i l a ......................................................................................................................

3 . 5 . D e s t o r r o a m e n t o d a a r g i l a ................................................................ 19

3 . 6 . D e s e n v o l v i m e n t o d o p r o c e s s o d e f a b r i c a ç ã o u t i l i z a d o .........19

3 . 6 . 1 . D e t e r m i n a ç ã o do t e o r d e u m i d a d e de m o l d a g e m .......22

3 . 6 . 2 . P r e p a r a ç ã o d a s m i s t u r a s .............................................................23

3 . 6 . 3 . M o l d a g e m d o s c o r p o s d e p r o v a ................. 24
ii

3 . 6 . 4 . S e c a g e m d o s c o r p o s de p r o v a ........................................... 24

3 . 6 . 5 . Q u e i m a d o s c o r p o s d e p r o v a .................................................. 25

3 . 7 . D e t e r m i n a ç ã o d a s c a r a c t e r í s t i c a s f í s i c a s e m e c â n i c a s .......... 26

3 . 7 . 1 . U m i d a d e d e m o l d a g e m ( U ) ...................................... 26

3 . 7 . 2 . R e t r a ç ã o l i n e a r d e s e c a g e m ( R s ) ..........................................27

3 . 7 . 3 . P e r d a a o f o g o ( P F ) .................................................... 28

3 . 7 . 4 . R e t r a ç ã o à q u e i m a ( R q ) ...............................................................28

3 . 7 . 5 . T a x a d e s u c ç ã o i n i c i a l ( T S i ) .................................................... 29

3 . 7 . 6 . A b s o r ç ã o de á g u a ( A A ) ...............................................................3 0

3.7.7. M assa específica aparente (MEa) e porosidade

a p a r e n t e ( P a ) ..................................................................................... 3 0

3 . 7 . 8 . R e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o a p ó s a q u e i m a ( R C q ) .........31

4. A N Á L I S E D O S R E S U L T A D O S D O S E N S A I O S .....................................33

4 . 1 . R e t r a ç ã o l i n e a r d e s e c a g e m ...................................................... 33

4 . 2 . T a x a d e s e c a g e m .......................................................................................... 33

4 . 3 . P e r d a a o f o g o .......... ......................................................... 37

4 . 4 . R e t r a ç ã o à q u e i m a ........................................................................................ 38

4 . 5 . R e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o ....................................................................... 39

4 . 6 . T a x a d e s u c ç ã o i n i c i a l ................................................................................ 43

4 . 7 . A b s o r ç ã o d e á g u a ......................................................... 44

4 . 8 . P o r o s i d a d e a p a r e n t e .................................................................................. 45

4 . 9 . M a s s a e s p e c í f i c a a p a r e n t e ......................................................... 46

4 . 1 0 . I n f l u ê n c i a d o t i p o de c i n z a na f a b r i c a ç ã o d o

m a t e r i a l c e r â m i c o ................................................................................. 47

5. C O N C L U S Õ E S E R E C O M E N D A Ç Õ E S ..........................................................52

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S ...................................................................... 57
LISTA DE FIGURAS
i ii

LISTA DE FIGURAS

F i g u r a 3. 1 C i c l o d e q u e i m a p a r a t e m p e r a t u r a d e 9 5 0 ° C ........................ 25

F i g u r a 3. 2 C o r p o s d e p r o v a u t i l i z a d o s n o e x p e r i m e n t o a p ó s a
q u e i m a ........................................................................................................... 3 2

F i g u r a 4. 1 I n f l u ê n c i a d o t i p o e t e o r d e c i n z a n a r e t r a ç ã o l i n e a r
d e s e c a g e m ................................................ ............................................... 3 6

F i g u r a 4. 2 R e l a ç ã o e n t r e a t a x a d e s e c a g e m e o t e o r d e c i n z a .........36

F i g u r a 4.; 3 I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a d e q u e i m a e d o t e o r de c i n z a
n a p e r d a a o f o g o ..................................................................................... 3 7

F i g u r a 4 . ‘\ I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a d e q u e i m a e do t e o r d e c i n z a
n a r e t r a ç ã o a p ó s q u e i m a ....................................................................38

F i g u r a 4.Í 5 I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a de q u e i m a e d o t e o r de c i n z a
n a r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o .............................................................3 9

F i g u r a 4 . ( > I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a d e q u e i m a e d o t e o r de c i n z a
n a t a x a de s u c ç ã o i n i c i a l ............................. ......................................43

F i g u r a 4 . ' ' I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c i n z a
n a a b s o r ç ã o d e á g u a .............................................................................. 4 4

F i g u r a 4. 8 ' I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a d e q u e i m a e do t e o r d e c i n z a
na p o r o s i d a d e a p a r e n t e ....................................................................... 4 5

F i g u r a 4 . 9 I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a d e q u e i m a e do t e o r d e c i n z a
na m a s s a e s p e c í f i c a a p a r e n t e ........................................................... 46

F i g u r a 4. 1 0 I n f l u ê n c i a d o t i p o e t e o r d e c i n z a n a r e s i s t ê n c i a à
c o m p r e s s ã o ............................................................................................... 4 7
LISTA DE TABELAS
iv

LISTA DE TABELAS

T a b e l a 3. 1 C o m p o s i ç ã o q u í m i c a d a a r g i l a e d a s c i n z a s d e c a r v ã o
u t i l i z a d a s .................................................................................................... ...

T a b e l a 3 . 2 V a l o r e s m é d i o s de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o o b t i d o s
p a r a d i f e r e n t e s t e n s õ e s d e p r e n s a g e m ...................................... 21

T a b e l a 3 . 3 V a l o r e s d e F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a u m n í v e l de
p r o b a b i l i d a d e d e 9 5 % p a r a as d i f e r e n t e s t e n s õ e s d e
p r e n s a g e m .................................................................................................. 21

T a b e l a 3 . 4 V a l o r e s m é d i o s de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o e
a b s o r ç ã o d e á g u a p a r a t e o r e s d e u m i d a d e de
m o l d a g e m d e 8 e 1 0 % .........................................................................2 2

T a b e l a 3.5 V a l o r e s de F c a l c u l a d o p a r a t e o r e s de u m i d a d e de
m o l d a g e m d e 8 e 1 0 % ........................................................................ 23

T a b e l a 4. 1 R e s u l t a d o s p a r a c i c l o de q u e i m a de 10 h o r a s ..................... 3 4

T a b e l a 4 . 2 R e s u l t a d o s p a r a c i c l o de q u e i m a de 2 2 h o r a s ..................... 35

T a b e l a 4 . 3 V a l o r e s de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o e a n á l i s e
e s t a t í s t i c a b á s i c a p a r a os d i f e r e n t e s c i c l o s e
t e m p e r a t u r a s de q u e i m a ..................................................................... 40

T a b e l a 4 . 4 V a l o r e s d e F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a u m n í v e l de
p r o b a b i l i d a d e de 9 5 % p a r a o s d i f e r e n t e s c i c l o s de
q u e i m a ........................................................................................................... 41

T a b e l a 4 . 5 V a l o r e s de F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as d i f e r e n t e s
V

t e m p e r a t u r a s d e q u e i m a ..................................................................... 41

T a b e l a 4 . 6 V a l o r e s m é d i o s de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o o b t i d o s
p a r a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a ....................................................48

T a b e l a 4 . 7 V a l o r e s d e F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as c i n z a s
v o l a n t e e p e s a d a ................................................................................... 4 8

T a b e l a 4 . 8 V a l o r e s d e a b s o r ç ã o de á g u a e a n á l i s e e s t a t í s t i c a
b á s i c a p a r a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a .................................... 4 9

T a b e l a 4 . 9 V a l o r e s de F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as c i n z a s
v o l a n t e e p e s a d a ..................................................................................... 4 9

T a b e l a 4 . 1 0 V a l o r e s de p o r o s i d a d e a p a r e n t e e a n á l i s e e s t a t í s t i c a
b á s i c a p a r a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a .................................50

T a b e l a 4.11 V a l o r e s de F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as c i n z a s
v o l a n t e e p e s a d a ..................................................................................50

T a b e l a 4 .1 2 V a l o r e s de t a x a de s u c ç ã o inicial e análise e s t a t í s t i c a
b á s i c a p a r a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a .................................51

T a b e l a 4. 13 V a l o r e s de F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as c i n z a s
v o l a n t e e p e s a d a ..................................................................................51
RESUMO
RESUMO

O trab alh o descreve pesquisa desenvolvida para a fabriação


d e m a t e r i a l c e r â m i c o c o m a a d i ç ã o de c i n z a v o l a n t e o u c i n z a p e s a d a
à argila.

As cinzas são resíduos da queima de carvão mineral em


t e r m o e l é t r i c a s no sul do B ra sil . A a r g i l a f oi o b t i d a e m u m a o l a r i a
p r ó x i m a a t e r m o e l é t r i c a . T r ê s t i p o s de a m o s t r a s f o r a m u s a d a s : a r g i l a
pura, argila e cinza pesada e argila com cinza volante.

A proporção de cinza na m i s t u r a variou de 0 à 50% em


p e s o . O t e o r de u m i d a d e p a r a m o l d a g e m , a t e m p e r a t u r a e o c i c l o de
queima foram outras variáveis estudadas.

As características físicas e mecânicas observadas foram a


r e t r a ç ã o l i n e a r d e s e c a g e m , a r e t r a ç ã o à q u e i m a , a t a x a de s e c a g e m ,
a resistência à compressão, a absorção de água, a taxa de su c ç ã o
inicial, a p o ro s id a d e e a massa específica aparente.

As p r i n c i p a i s c o n c l u s õ e s f o r a m : a r e t r a ç ã o l i n e a r de
s e c a g e m e a r e t r a ç ã o à queim a d im in u e m co m a ad iç ão de c in za e
p o d e m s e r i m p o r t a n t e s p a r a se o b t e r u m m e l h o r c o n t r o l e d a f o r m a e
h o m o g e n eid ad e das dimensões; a secagem natural, norm alm ente
u s a d a nas o l a r i a s da r e g i ã o , p o d e ser fe it a em m e n o r t e m p o e com
m e n o s f i s s u r a s c o m a a d i ç ã o de cinza; as r e s i s t ê n c i a s à c o m p r e s s ã o
obtidas estão dentro das especificações das normas brasileiras; a
d i m i n u i ç ã o da m a s s a e s p e c í f i c a p e r m i t e a p r o d u ç ã o de t i j o l o s ma is
leves.

Os resultados mostraram que não houve praticamente


d i f e r e n ç a e n t r e as a m o s t r a s fa b r i c a d a s co m ci nza v o l a n t e e a q u e l a s
com cinza pesada. A a d i ç ã o de c i n z a v o l a n t e ou c i n z a p e s a d a p o d e
ser útil p a r a p r e v e n i r a p o l u i ç ã o a m b i e n t a l das cinza s de c a r v ã o e
t a m b é m p a r a o b t e r t i j o l o s de bo a q u a li d a d e .
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO

A n e c e s s i d a d e de u t iliz a çã o dos r e s íd u o s industriais como


forma de evitar impactos ambientais torna-se em nossos dias tão
prioritária quanto a busca de novas tecnologias. A deposição de
r e j e i t o s a c éu a b e r t o ou j o g a d o s em la go s, rio s e ma re s faz com que
o c o r r a m n ão a p e n a s p r e j u í z o s ao eq ui lí b ri o da n a t u r e z a co mo t a m b é m
perdas econômicas pelo não aproveitamento de materiais
p e r f e i t a m e n t e p a s s í v e i s de no v a s u t i l i z a ç õ e s .

Dentre estes resíduos aparecem as cinzas resultantes da


q u e i m a do c a r v ã o m in e ra l p u l v e r i z a d o nas u s i n a s t e r m e l é t r i c a s .

O c o m p l e x o t e r m e l é t r i c o J o r g e L a c e r d a , e m T u b a r ã o , n o s ul
do E s t a d o d e S a n t a C a t a r i n a , p r o d u z a n u a l m e n t e c e r c a d e 8 0 0 mi l
t o n e l a d a s de c i n z a . 1

C e r c a de 50% d e s t a s cinz as g e r a d a s são c o l e t a d a s a t r a v é s


de p r e c i p i t a d o r e s eletrostáticos e conduzidas para silos especiais.
Esta parcela das cinzas, denominadas cinzas leves ou volantes, são

GOTHE, C. A. Sistem as de controle e disposição f i n a l das cinzas do com plexo


term elétrico J o rg e Lacerda - SC e da usina term elétrica de J a c u í - RS. Anais do I e II
Seminário de Aplicação dos Resíduos de Combustão do Carvão Mineral FlorianÓDolis
1989. H
2

comercializadas, sendo utilizadas principalmente na indústria


cimenteira.

O grande percentual remanescente de cinzas são cinzas


p e s a d a s qu e caem no fu n d o da fo rn alh a e a p ó s r e s fr ia m e n to co m água
s ã o t r a n s p o r t a d a s p a r a b a c i a s de s e d i m e n t a ç ã o . Parte destas cinzas
depositadas nas b a c i a s de s e d i m e n t a ç ã o são retiradas e c o n d u z i d a s
para aterros. Porém, o restante fica nas bacias que servem como
d e p ó s i t o final.

Nos locais de deposição final, as cinzas em suspensão


d ecan tam com v elocidades bastante baixas, acarretando a necessidade
de grandes bacias para obtenção de um e f l u e n t e clarificado. Além
d i s s o , as c i n z a s s ã o c l a s s i f i c a d a s c o m o m a t e r i a l n ã o i n e r t e e, a l é m
da s m e d i d a s de c o n t e n ç ã o física nas á r e a s de d e p o s i ç ã o final, deve
ser feita uma av aliação da poluição química que determ inadas cinzas
p o s s a m p r o d u z i r . A t r a v é s de c h u v a s e v e n t o s , e s t e s r e s í d u o s e s c o a m
p a r a r i o s e t e r r a s p r ó x i m o s à b a c i a de s e d i m e n t a ç ã o c a u s a n d o m o r t e
d a f l o r a e f a u n a da r e g i ã o e p r o b l e m a s de s a ú d e à p o p u l a ç ã o da á r e a.

Próximo ao complexo termelétrico Jorge Lacerda existem


muitas olarias de pequeno porte, funcionando com estrutura
artesanal. Estas olarias, devido as suas características de
administração familiar, apresentam precária programação de
p r o d u ç ã o e não fa z e m n e n h u m i n v e s t i m e n t o em p e sq u is a s que le v em à
m e l h o r i a de q u a l i d a d e do p r o d u t o e r e d u ç ã o de c u s t o s .

Como consequência desta situação, as olarias da região


normalmente apresentam grande desperdício energético pelo uso
incorreto do processo de fabricação. Ao mesmo tempo, produzem
tijolos e blocos cerâmicos de baixa qualidade, especialmente
3

c o n s i d e r a n d o a r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o , a t a x a de sucç ão inicial e a
estabilidade dimensional do material e, para poder colocar seu
p r o d u t o no m e r c a d o , p r a t i c a m p r e ç o s m u i t o b a i x o s que m u i t a s v e z e s
nã o c o b r e m os c u s t o s de p r o d u ç ã o .

A má q u a l i d a d e do p r o d u t o c e r â m i c o g e r a um d e s p e r d í c i o
em cadeia por todo o setor produtivo da construção civil. Como
exemplos pode-se citar as quebras que ocorrem no transporte e
m o v i m e n t a ç ã o d o p r o d u t o , a d i f i c u l d a d e d e f a z e r - s e um a s s e n t a m e n t o
de paredes com prumadas verticais, a consequente necessidade de
maior espessura dos reb o co s para a co rreção e muitos o utros casos
de d e s p e r d í c i o .

Pesquisas realizadas anteriormente mostram a completa


desestruturação do setor da c e r â m i c a v e r m e l h a 2. As e m p r e s a s tem
e s t r u t u r a f a m i l i a r , m o s t r a m c o n t r o l e de q u a l i d a d e p r e c á r i o , u t i l i z a m
mão-de-obra não qualificada, desconhecem a existência de normas
técnicas para os produtos cerâmicos e operam com grande
d e s p e r d í c i o de e n e r g i a .

O L I V E I R A 3, mostra que a consequência desta estrutura


p r e c á r i a é a f a b r i c a ç ã o de p r o d u t o s de q u a l i d a d e b a s t a n t e ba ix a. Em
e n s a i o s d i m e n s i o n a i s e de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o realizados com
1 1 1 0 p r o d u t o s d e 28 o l a r i a s , n ã o e n c o n t r o u - s e n e n h u m a a m o s t r a q u e
e s t i v e s s e i n t e i r a m e n t e d e a c o r d o c o m as e s p e c i f i c a ç õ e s d a s n o r m a s
t é c n i c a s de c e r â m i c a v e r m e l h a d a A B N T .

2 VILLAR, V. S. P erfil e p e r sp e c tiv a s da indústria de cerâm ica vermelha do sul de


Santa Catarina. Dissertação de Mestrado, PPGEP/UFSC, Florianópolis, 1988.
3 OLIVEIRA, S. M. A v a lia ç ã o dos blocos e tijo lo s cerâm icos do Estado de Santa
Catarina. Dissertação de Mestrado, PPGEC/UFSC, Florianópolis, 1993.
4

C o n s i d e r a n d o o s p r o b l e m a s de p o l u i ç ã o c a u s a d o s p e l a c i n z a
d e c a r v ã o e a s i t u a ç ã o d as o l a r i a s c o m c o n s e q u ê n c i a s na c o n s t r u ç ã o
civil, d e c i d i u - s e i n v e s t i g a r a p o s s i b i l i d a d e de u s á - l a p a r a produzir
tijolos.

A história dos resíduos das t e r m e lé tr ic a s tem m o s tra d o a


cinza volante como um material perfeitamente utilizável, e quase
to d o consum ido pela indústria cimenteira. A literatu ra indica também
t r a b a l h o s d e p e s q u i s a s o b r e o u s o d e s t e t i p o d e c i n z a na f a b r i c a ç ã o
de tijolos. Não encontrou-se, no entanto, notícia de qualquer
t r a b a l h o de p e s q u i s a d e se n v o l v i d o p a ra f a b r i c a ç ã o de tij olo s e b lo c o s
cerâm icos com cinza pesada.

Contudo, considerando que o problema crítico das


termelétricas está relacionado com a necessidade de se criar
utilização para as cinzas pesadas, utilizou-se esta última como a
p r i n c i p a l m a t é r i a de a d i ç ã o à a rg ila e s t u d a d a n e s t e t r a b a l h o . P o r é m ,
algumas misturas com cinza volante também foram feitas para
comparação.

O o b j e t i v o g e r a l d e s t a d i s s e r t a ç ã o f oi a b u s c a d e s o l u ç õ e s
p a r a a u t i l i z a ç ã o d o s r e s í d u o s g e r a d o s p e l a s t e r m e l é t r i c a s e p a r a os
p r o b l e m a s de q u a l i d a d e do p r o d u t o c e r â m i c o das r e g i õ e s p r ó x i m a s da
usina.

Os o b j e t i v o s e s p e c í f i c o s são:

Contribuição para a solução dos problemas ambientais causados


p e l a n ã o u t i l i z a ç ã o d a s c i n za s d as t e r m e l é t r i c a s e p e l o c o n s u m o de
a rg il a , ou seja, e s t u d a r uma a l t e r n a t i v a p a r a a u t i l i z a ç ã o das c in za s
d e p o s i t a d a s nas bacias de sedim en tação ;
5

. A o t i m i z a ç ã o d a q u e i m a d o p r o d u t o c o m c o n s e q u e n t e e c o n o m i a de
recursos energéticos;

A m e l h o r i a d e q u a l i d a d e d o p r o d u t o c e r â m i c o e m r e l a ç ã o às s u a s
carac te rístic as físicas e mecânicas.

A dissertação segue a seguinte estrutura:

N o c a p í t u l o 2 a p r e s e n t a - s e u m a r e v i s ã o b i b l i o g r á f i c a c o m os
p rin c i p a is r e s u l t a d o s e n c o n t r a d o s a nível n a cio n a l e in te rn acio n al.

No capítulo 3 descreve-se o programa experimental,


indicando os materiais utilizados, o processo de fabricação das
a m o s t r a s e os e n s a i o s r e a l i z a d o s .

A análise dos resultados obtidos em re la çã o às seguintes


variáveis é apresentada no c a p í t u l o 4: r e t r a ç ã o l inear de s e c a g e m ,
taxa de secagem, perda ao f o g o , retração à queima, resistência à
compressão, absorção, porosidade aparente, massa específica
a p a r e n t e e t a x a de s u c ç ã o inicial.

Finalmente no capítulo 5 são mostradas as principais


co n clu sõ es e faz-se re c o m en d a ç õ es para trab alh o s futuros.
CAPÍTULO II
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2. 1 . I n t r o d u ç ã o

No Brasil, notadamente na Região Sul, verifica-se a


fabricação de um grande volume de tijolos e telhas. Ao mesmo
tempo, percebe-se que a regra é a fabricação de produto de má
qualidade e a escassez de pesquisas que possam minimizar os
p r o b l e m a s q u e a p a r e c e m t a n t o no d e s e n v o l v i m e n t o do p r o c e s s o de
fabricação do material cerâmico, na maior parte das vezes quase
a r t e s a n a l , q u a n t o no uso do m a te ri a l f a b r i c a d o .

O p ro d u to cerâmico ap resen ta grandes qualidades que fazem


seu u s o na c o n s t r u ç ã o civil m u it o d i s s e m i n a d o . E n t r e e s t a s p o d e - s e
citar, a p o s s i b i l i d a d e de s e r u t i l i z a d o em g r a n d e v a r i e d a d e de u s o s
funcionais, a maior economia que geralmente oferece quando
comparado com outros materiais de construção; a durabilidade; a
i n c o m b u s t i b i l i d a d e ; a e x i g ê n c i a de p e q u e n a ou n e n h u m a m a n u t e n ç ã o ;
não oferecer dificuldades para a obtenção e treinamento de
m ã o - d e - o b r a q u a l i f i c a d a ; a r a p i d e z de e x e c u ç ã o e a f l e x i b i l i d a d e q u e
oferece4

4 The p o te n tia l stru c tu ra l brickwork. Biick developement association, Berkshine, 1984.


7

Os t i j o l o s c e r â m i c o s a t i n g i r a m t a m a n h o ní ve l d e q u a l i d a d e
em p a í s e s d e s e n v o l v i d o s tais com o, I n g l a t e r r a , Canadá, Austrália e
outros, que possibilitaram a evolução da técnica construtiva em
a l v e n a r i a e s t r u t u r a l p a r a a t é 13 p a v i m e n t o s 5.

Para que todas estas vantagens sej a m obtidas, é


indispensável que o material cerâmico s e j a p r o d u z i do c o m a s suas
qualidades físicas e mecânicas bastante controladas e aten d en d o as
e x i g ê n c i a s da n o r m a l i z a ç ã o e x i s t e n t e .

2 . 2 . P r o c e s s o s de F a b r i c a ç ã o

As o p e r a ç õ e s b á s i c a s n a f a b r i c a ç ã o d e p r o d u t o s d e c e r â m i c a
v e r m e l h a s ã o 6:

a) F o r m a ç ã o d a p a s t a d e m o l d a g e m p e l a m i s t u r a d e u m o u m a i s t i p o s
de á r g i l a s c o m á g u a ( H o m o g e n e i z a ç ã o ) ;

b) M o l d a g e m da peça , geralmente por extrusão, sendo, em a lg uns


c a s o s , c o m o p a r a as t e l h a s , s e g u i d a de p r e n s a g e m ;

c) S e c a g e m , p a r a e l i m i n a ç ã o de á g u a de m o l d a g e m e á g u a a b s o r v i d a ;

HENDRY, A. W., SINHA, B. P. & DAVIES, S. R. A n introduction to load bearing


brickw ork design. Ellis Harwood Ltd, Chichester, 1981.
CIENTEC. Cerâmica estrutural, fu n d a m e n to s tec n o ló g ic o s e industriais. Fundação de
Ciência e Tecnologia, vol. 1, Porto Alegre, s/d.
8

d) Queima, d u ra n te o qual o material, por efeito de u m a s é r ie de


reações q u í m i c a s e p o r um p r o c e s s o de s i n t e r i z a ç ã o d as p a r t í c u l a s
finas e dos c o l ó i d e s , a d q u i r e r e s i s t ê n c i a às i n te m p é r ie s .

E m t o d a s e s t a s f a s e s , a l i t e r a t u r a e n f a t i z a a i m p o r t â n c i a do
uso de p ro c e d im en to s técnicos corretos, para que o produto acabado
m o s t r e m e l h o r e s c a r a c t e r í s t i c a s de d e s e m p e n h o .

2. 3. P r o d u ç ã o de C e r â mi c a em Sant a Ca t a r i n a

Em S a n t a C a t a r i n a a i n d ú s t r i a de m a t e r i a i s de c e r â m i c a
vermelha constitui um setor importante sob o ponto de vista
s ó c i o - e c o n ô m i c o p a r a o e s ta d o . A g r a n d e m a i o r i a das h a b i t a ç õ e s do
estado são construídas com tijolos e telhas, material este que é
s u p r i d o p o r 7 4 2 o l a r i a s , g e r a l m e n t e de p e q u e n o p o r t e , f u n c i o n a n d o
com estrutura artesanal. Estas empresas geram cerca de 11.000
e m p r e g o s d i r e t o s e 3 0 . 0 0 0 e m p r e g o s i n d i r e t o s 7.

Entre os principais problemas de produção do material


c e r â m i c o do E s t a d o d e v e - s e r e s s a l t a r os s e g u in t e s :

não são realizadas análises químicas ou físicas das argilas


utilizadas;

7 SECTE. D ia gnóstico do setor de cerâmica verm elha em Santa Catarina. Secretaria de


Estado de Ciência e Tecnologia das Minas e Energia do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, 1990.
9

não há controle na formação da pasta de moldagem. A argila é


c o l o c a d a p r ó x i m a à m á q u i n a de m o l d a g e m sem s o f r e r p e n e i r a m e n t o
para a homogeneização dos grãos. A água é adicionada sem um
c o n t r o l e rí g i d o da d o s a g e m . Q u a n d o são u s a d o s dois ou ma is ti p o s
diferentes de argilas, a mistura é realizada empiricamente sem a
d e t e r m i n a ç ã o d a s q u a n t i a s e x a t a s de c a d a u ma ;

a moldagem geralmente é feita em marombas horizontais por


e x t r u s ã o . E s t a s são g e r a l m e n t e de m o d e l o s o b s o l e t o s ;

após a moldagem, os tijolos crus são colocados para secar em


galpões cobertos, mas totalmente abertos, sem paredes. Este fato
d e t e r m i n a a i m p o s s i b i l i d a d e de c o n t r o l e s o b r e a s e c a g e m , p o i s e s t a
fica sujeita às v a r i a ç õ e s do c l i m a , v e n t o s , temperatura e umidade
r e l a t i v a d o ar . N a s e c a g e m p o d e - s e v e r i f i c a r n i t i d a m e n t e a f a l t a d e
controle e de p la n ejam e n to do p r o c e s s o de f a b r i c a ç ã o . Em olarias
s i t u a d a s n a m e s m a r e g i ã o e, p o r t a n t o , utilizando o mesmo tipo de
sol o e s u j e i t a s ao m e s m o clima, o t e m p o e n t r e a m o ld a g e m do ti jo lo
e a c o l o c a ç ã o no f o r n o p a r a a q u e i m a , v a r i a de um míni mo d e 2 d ia s
p a r a u m a at é 30 dias p a r a a ou tr a . A m e s m a o l a r i a que a lg u ma s v e z e s
permite apenas dois dias para a secagem, também admite que há
o c a s i õ e s e m q u e o t e m p o e m p r e g a d o p a r a s e c a r o m a t e r i a l a t i n g e 60
dias.

geralmente a queima é r e a l i z a d a em f o r n o s p e r i ó d i c o s de tijolo,


circulares e abobadados, com pequenas aberturas laterais onde é
feito fogo, geralmente com lenha. Pode-se encontrar olarias que
e f e t u a m o c o z i m e n t o em 48 h o r a s e o u t r a s q u e u t i l i z a m 180 h o r a s ,
s e n d o a m é d i a do t e m p o de q u e i m a de 100 h o r a s .
10

Como consequência desta falhas e inadequações do


s i s t e m a p r o d u t i v o se v e r i f i c a m o s s e g u i n t e s p r o b l e m a s n o s e t o r :

i r r e g u l a r i d a d e s na a t i v i d a d e e x t r a t i v a da l e n h a e a rgila u s a d a s p a r a
a p r o d u ç ã o do m a t e r ia l;

u s o i n a d e q u a d o da m a t é r i a p r i m a ;

. d e s p e r d í c i o de e n e r g i a ;

. c o n t r i b u i ç ã o p a r a o a g r a v a m e n t o da d e g r a d a ç ã o d o m e i o - a m b i e n t e ;

a q u a l i d a d e d o p r o d u t o g e r a l m e n t e n ã o s a t i s f a z os p a d r õ e s m í n i m o s
aconselháveis;

a q u a n t i d a d e fa b ric a d a não é a mesma d u r a n te to do o ano, havendo


uma maior produção no verão do que no inverno e ocasionando
d e f i c i ê n c i a no a b a s t e c i m e n t o do m e r c a d o ;

.as normas brasileiras, mesmo sendo muito brandas quando


comparadas com normas de outros países, não são observadas,
e s p e c i a l m e n t e no q u e se r e f e r e a s d i m e n s õ e s d o p r o d u t o .

2. 4. A A r g i l a e as Ci nz as

A argila é uma rocha finamente dividida, constituída


e s s e n c i a l m e n t e de a r g i l o m i n e r a i s , p o d e n d o c o n t e r o u tr o s m in e ra is e
11

matéria orgânica P o s s u i e l e v a d o t e o r de p a r t í c u l a s de g r a n u l o m e t r i a
abaixo de 2 m i c r ô m e t r o s , é plástica quando pulverizada e rígida e
dura após secagem e queima.

S e g u n d o S A N T O S , as c a r a c t e r í s t i c a s e ss e n c ia is das a rg ila s
p a r a s e r e m u s a d a s na f a b r i c a ç ã o de p r o d u t o s de c e r â m i c a v e r m e l h a
s ã o . p o d e r s e r m o l d a d a s f a c i l m e n t e , t e r v a l o r m é d i o ou e l e v a d o p a r a
a tensão de ruptura à flexão, antes e após queimar; apresentar
mínimo de trincas e empenamento. Estas características são
d e t e r m i n a d a s p e la p l a s t i c i d a d e , pela c a p a c i d a d e de a b s o r ç ã o e c e s s ã o
de á g u a , e p el o seu c o m p o r t a m e n t o ao c a l o r ( a l t e r a ç ã o de v o l u m e
d urante a secagem e a queima).

A plasticidade, a á g u a de m o l d a g e m , o comportamento na
secagem e na queima dependem da granulometria e dos diversos
minerais presentes.

A composição q u í m i c a da a r g i l a p u r a é d e 4 7 % d e sílica,
39% de alumina e 14% de água; ela constitui o aglutinante dos
demais e le m e n to s que c o m p õ e m a argila industrial.

Quimicamente, as c i n z a s de c a r v ã o não diferem muito da


argila e muitas cinzas e argilas têm c o m p o s i ç õ e s muito similares.
Essas similaridades são mais evidentes quando am bos os m a t e r i a i s
p r o v ê m da mesm a re g iã o .

8 IPT. M a n u a l de p r o c e d im e n to s para a indústria de cerâm ica vermelha Instituto de


Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo 1986 (Relatório n°
24.422).
9 SANTOS, P. S. C iência e Tecnologia de Argilas. vol. 1, Ed. Edgard Blucher Ltda São
Paulo, 1989.
12

F i s i c a m e n t e , e n t r e t a n t o , a c i n z a e a a r g i l a s ão d i f e r e n t e s . As
cinzas são compostas de material vítreo, partículas esféficas e
p a r t í c u l a s a n g u l a r e s , e a a r g i l a é c o m p o s t a de c a m a d a s p l á s t i c a s de
silicatos-aluminosos, contendo água superficial. A granulometria
m é d ia das c in za s e s t á acima de 2 m i c r ô m e t r o s .

Segundo FABER e S L O N A K E R 10, esse maior tamanho e


e s f e r i c i d a d e d a s p a r t í c u l a s da c i n z a a g e de m a n e i r a à r e d u z i r a á r e a
superficial interna quando misturada com a argila e aumenta o
v o l u m e de v a z i o s q u a n d o m i s t u r a d a c o m a g r e g a d o s . O m a i o r t a m a n h o
e a e s t r u t u r a v í t r e a t a n t o da cinza v o l a n t e como da cinza p e sa d a ,
podem reduzir forças de ligação internas. Os efeitos destas
d i f e r e n ç a s s ã o a r e d u ç à o da u m i d a d e t o t a l , m a i o r f a c i l i d a d e e m a i s
rapidez na perda de umidade, melhor trabalhabilidade, menor
d e n s i d a d e de m a s s a , s em p e r d a de o u t r a s c a r a c t e r í s t i c a s d e s e j á v e i s .

2 . 5. P r o b l e m a s A m b i e n t a i s com Ci nza

N o r m a lm e n te , a forma das cinzas é esférica com e s tr u tu r a


vítrea. D e v id o a sua form a e ta m a n h o , a cinza a p re se n ta uma grande
superfície específica. Normalmente a c o m p o s i ç ã o da part e e sf é r i c a é
quase imune a dissolução, devido a estrutura vítrea, sendo
relativ am en te inerte.

FABER, J. H. e SLONAKER, J. F. A n overview o f the f l y ash brick pro c ess using


bitu m in o u s and lignite coal ashes. In.: Council for Scientific and industrial research.
Ash, a value resource, CSIR conference centre, v. 3, Pretoria, 2-6 February, 1987.
13

N o e n t a n t o , s e g u n d o G O T H E 11, n a s u p e r f í c i e d a s p a r t í c u l a s
esféricas encontram-se moléculas que foram adsorvidas durante o
resfriamento. Estas moléculas em presença de água se dissolvem.
E ste é o m ecanism o que p ro d u z o lixiviado, que pode co n ter ainda
algumas partículas menores.

D e v i d o t a n t o ao pH de sua d r e n a g e m , q u a n t o à s o l u b i l i z a ç ã o
d o s e l e m e n t o s p r e s e n t e s n a s u a c o m p o s i ç ã o q u í m i c a , as c i n z a s s ã o
elementos potencialm ente poluidores.

Nas bacias de sedimentação, alguns elementos dissolvidos


podem ter acesso ao lençol freático, contaminando as fontes de
abastecimento de á g u a p a r a a p o p u l a ç ã o . D estes elementos, alguns
são d i r e t a m e n t e t ó x i c o s p a r a as pl a n ta s. O u t r o s , fixam -se nas p l a n t a s
e i n t o x i c a m a o s h o m e n s o u a n i m a i s q u e d e l a se a l i m e n t a m .

2 . 6. U t i l i z a ç ã o de C i n z a no P r o d u t o C e r â m i c o

A r e v i s ã o d a l i t e r a t u r a 12 m o s t r a q u e a q u e i m a d a a r g i l a c o m
c in z a p a r a f a b r i c a ç ã o de t i j o l o s não é nova. I s to tem sido feit o d e s d e
o século XVII. As p r i n c i p a i s r a z õ e s p a ra f a z ê - l a são a r e d u ç ã o da
r e t r a ç ã o d a a r g i l a q u e se o b t é m c o m a a d i ç ã o d e c i n z a s e p a r a f a z e r
u so do v a lo r c a lo r ífic o do c ar v ão não q u e im a d o nas cinzas.

11 GOTHE, C. A. Op. cit.


12 BARBER, E. G., JONES, G. T., KNIGHT, P. G. K. & MILES, M. H. PFA Utilization
Central Eletrecity Genereting Board, 1976.
14

B R O O K S e t a 11i 13 i n v e s t i g a r a m a u t i l i z a ç ã o da c i n z a v o l a n t e
com argila. Os resultados mostraram que o uso de c i n z a volante
p o d e r i a c o n d u z i r a e c o n o m i a s na f a b r i c a ç ã o d e t i j o l o s . A l é m d i s t o ,
as r e s i s t ê n c i a s à c o m p r e s s ã o f o r a m p o u c o a f e t a d a s pelo d e c r é s c i m o
d e d e n s i d a d e e a u m e n t o na p o r o s i d a d e c a u s a d o s p e l a a d i ç ã o de c i nz a
volante.

DAY e B E R G M A N 14 usaram diferentes tamanhos de


p a r t í c u l a s de c i n z a v o l a n t e c o m v i d r o , a r e i a e a r g i l a p a r a p r o d u z i r
tijolos. Os resultados mostraram que era importante adicionar
q u a n t i d a d e s s u b s t a n c i a i s de v i d r o p a r a r e d u z i r a a b s o r ç ã o , o t a m a n h o
da c in za não era significante para melhoria das p ro p r ie d a d e s e a
t a x a d e s u c ç ã o i n i c i a l d o s t i j o l o s f oi a l t a .

U S A I 15 e s t u d o u a p o s s i b i l i d a d e d o u s o d e c i n z a v o l a n t e na
p r o d u ç ã o de t i j o l o s l e ve s. U ma m i s t u r a de 8 0 % de a r g il a e 2 0 % de
cinza foi feita. Duas temperaturas de queima, 1000°C e 1100°C,
f o r a m u s a d a s . A p r i m e i r a p r o d u z i u u m a r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o de
9.0 N/mm 2 e densidade de 1 . 1, enquanto a segunda deu uma
r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o d e 11. 5 N / m m 2 e d e n s i d a d e d e 1 . 6 5 .

BROOKS, J. J., CABRERA, J. G. E EL-BADRI, M. P roperties o f Clay/PFA bricks.


Proceedings o f 8th International Brick/Block Masonry Conference, Dublin, Irlanda,
setembro de 1988, pp. 64-74.
DAY, R. L. E BERGMAN, J. W. Fly A sh as a Su b stitu te f o r Clay in B rick
M a n u fa c tu re . Proceedings of 8th International Brick/Block Masonry Conference,
Dublin, Irlanda, setembro de 1988, pp. 14-25.
USAI, G. L a terizi Leggeri Contenenti Ceneri Volanti. Proceedings of 9th International
Brick/Block Masonry Conference, Berlim, Alemanha, outubro de 1991, pp. 48-52.
15

SULTAN et a 11i 16 e s t u d a r a m a utilização de resíduos de


fábricas de cobre e cinza volante para fabricação de tijolos. Os
r e s u l t a d o s m o s t r a m q u e u m a m i s t u r a de 5 0 % de c i n z a v o l a n t e e 50%
de r e s í d u o de c o b r e , em p e s o , c o m a d i ç ã o de 6 % de c i m e n t o p o r t l a n d
d ã o r e s u l t a d o s d e r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o d e 1 3 0 0 psi.

C A B R E R A e S T E N T I F O R D 17 e s t u d a r a m as p r o p r i e d a d e s d o s
t i j o l o s f a b r i c a d o s c o m c in za v o l a n t e e a d i ç õ e s de lama de e s g o t o ,
areia e argila. Dos resultados obtidos, concluiu-se uqe os tijolos
feitos com cinza volante e adição de qualquer dos três materiais
p o d e m ser q u e i m a d o s u s a n d o um ciclo de q u e i m a mais c u r t o do que o
ciclo r e q u e r i d o p ara q u e i m a dos ti j o l o s de a rg i l a c o n v en c io n a l.

16 SULTAN, H. A., QAQISH, S.S. E FATANI, M. N. S ta b iliz e d copper m ill ta ilin g and
f l y ash f o r b rick manufacture. In.: HALOW, J. S. & COVEY, J. N. The challenge of
change; sixthe International Ash Utilization Symposium Proceedings, v. 2, Nevada,
Março de 1982.
n CABRERA, J. G. e STENTIFORD,E. I. Le p r o p ie tá dei mattoni fa b b ric a ti con ceneri
di com bustibile solido p o lv e r izz a to e depositi di fo g n a tu r a . Refrattari e Laterezi
set./out., n° 71, 1984, pp. 227-34.
CAPÍTULO III
3. PROGRAMA EXPERI MENTAL

3.1. Materiais Utilizados

Dois tipos de amostras de cinza, cinza volante e cinza


pesada, e um a a m o s t r a de ar gil a, f o r a m c o l e t a d a s p a ra o p r o g r a m a
experimental.

Na term oelétrica Jorge Lacerda, p a rte das cinzas v o la n te s


são coletadas por precipitadores eletrostáticos e conduzidas a um
silo de a r m a z e n a m e n t o . A a m o s t r a de c in za v o l a n t e foi c o l e t a d a n est e
silo.

As bacias de sedimentação, onde as demais cinzas são


depositadas, localizam-se em frente à termoelétrica. Os resíduos
conduzidos às b a c i a s de s e d i m e n t a ç ã o contém cinza volante, cinza
pesada e escória. No processo de s e d i m e n t a ç ã o as p a r t í c u l a s mais
p e s a d a s v ã o se d e p o s i t a n d o m a i s r a p i d a m e n t e . Além disso, com o o
f l u x o do l í q u i d o e f l u e n t e é no s e n t i d o de c h e g a d a da t e r m o e l é t r i c a
para os rios, no começo das bacias há um depósito maior de
p a r t í c u l a s p e s a d a s , e n q u a n t o q u e na s a í d a d o e f l u e n t e h á u m d e p ó s i t o
maior de partículas leves. Levando em consideração este fato, e
b u s c a n d o uma a m o s t r a r e p r e s e n t a t i v a de t o d a a b aci a, fe z - s e a c o l e t a
d a a m o s t r a e m t r ê s p o n t o s d a b a c i a : n o c o m e ç o , no m e i o e n o f i m.
17

Para o preparo dos corpos de prova f oi utilizada uma


mistura d estas três amostras.

N a s o la ri a s, a argil a sof re um p r o c e s s o de m a c e r a ç ã o a n t e s
d e s e r u t i l i z a d a . N a o l a r i a v i s i t a d a , p a r a f i n s de c o l e t a d a a m o s t r a ,
h a v i a d o i s t i p o s d e a r g i l a em m a c e r a ç ã o : u m a a r g i l a a m a r e l a e u m a
a rg ila v e r m e l h a , esta em m e n o r q u a n t i d a d e . A n te s de p a s s a r e m p a ra o
processo de h o m o g e n e i z a ç ã o , ambas eram misturadas. A coleta da
a m o s t r a de a r g i l a foi f e i t a d e s s a m i s t u r a d as a r g i l a s .

3 . 2 . S e c a g e m da Ar g i l a e da Ci n z a de Ca r vão

As demais etapas do programa experimental foram


r e a l i z a d a s no L a b o r a t ó r i o de M a t e r i a i s de C o n s t r u ç ã o Civil da U F S C
( U n i v e r s i d a d e F e d e r a l de Sa nt a C a t a r i n a ) .

Para tirar a umidade natural, a argila e a cinza foram


colocadas em uma estufa de secagem e esterilização a uma
t e m p e r a t u r a d e 70°C d u r a n t e 24 horas.

E s t a t e m p e r a t u r a de 7 0 ° C foi e s c o l h i d a p o r q u e a c i m a d e s t a
ocorrem polimerizações irreversíveis na matéria orgânica natural
p resen te nas amostras.

3 . 3. A n á l i s e Q u í mi c a

As análises químicas da argila e da cinza de carvão


utilizadas foram realizadas no laboratório do CENTEC (Centro
18

Tecnológico) da U N I S U L (Fundação Universidade do Sul de S a n t a


Catarina).

A c o m p o s i ç ã o qu ím ic a da m i s t u r a das arg il as e das cinza s


u t i l i z a d a s p o d e s e r o b s e r v a d a na T a b e l a 3 . 1 .

T a b e l a 3. 1 - C o m p o s i ç ã o q uí m i c a da a r g i l a e das c i n z a s de c a r v ã o
utilizadas.

C o m p o n e n te s (%) Símbolo Argila Cinza Cinza


Volante Pesada
Sílica Si02 70.50 55.00 53.80
Alumina A1 2 0 3 12.50 29.30 25.60
O x i d o de c ál c i o CaO 0.03 1.50 0.67
O x i d o de m a g n é s i o MgO 0.38 0.80 0.65
Sulfatos 0.06 0.20 0.08
P e r d a ao fogo 5.40 --

3.4. Determinação dos Li mi t e s de L i q u i d e z e Plasticidade da


Argila

Quanto mais plástica é uma argila maior é o limite de


plasticidade, isto é, maior a quantidade de água necessária para
form ar uma massa plástica. Esta c aracterística é valida para qualquer
t i p o de m o l d a g e m . Q u a n d o a m o l d a g e m é p o r e x t r u s ã o , a q u a n t i d a d e
de água necessária é igual ou superior ao limite de plasticidade,
porém inferior ao limite de liquidez. Na conformação semi-seca,
operando com pressões na faixa de 20 a 30 MPa, a umidade de
19

t ê m p e r a , o u t e o r d e u m i d a d e d e m o l d a g e m , é d a o r d e m d e 1/3 a 1/2
d o v a l o r d o l i m i t e d e p l a s t i c i d a d e d a a r g i l a 18.

E s t e s li m it es são i n d ic a çõ e s da m o l d a b i l i d a d e do m ate ri al e
do seu c o m p o r t a m e n t o à s e c a g e m , e f o r a m d e t e r m i n a d o s a t r a v é s do
m é t o d o N B R 7 1 8 0 d a A B N T 19

3 . 5 . D e s t o r r o a m e n t o da Ar gi l a

C o m a u x í l i o d e u m a l m o f a r i z e u m a m ã o - d e - g r a l a a r g i l a f oi
destorroada. Este destorroam ento faz-se necessário para o posterior
p e n e i r a m e n t o e elim in a çã o das p a rt í c u l a s mais g r o s s a s para que haja,
assim, uma melhor homogeneização dos materiais antes de serem
moldados.

Após o destorroam ento passou-se a a rg ila e em s e g u i d a a


c in za na p e n e i r a # 3 0 ( 0 . 6mm).

3 . 6 . D e s e n v o l v i m e n t o do P r o c e s s o de F a b r i c a ç ã o U t i l i z a d o

Os c o r p o s d e p r o v a m o l d a d o s e m l a b o r a t ó r i o , m a n u a l m e n t e
ou por extrusão, em massas plásticas, são de uma resistência
mecânica muito baixa. O método de moldagem por prensagem de

18 IPT. M a n u a l de p r o c e d i m e n t o s p a r a a i n d ú s t r i a de c e r â m i c a v e r m e l h a .
I n s t i t u t o de P e s q u i s a s T e c n o l ó g i c a s do E s ta d o de São P a u lo . São P a u lo .
1 9 8 6 . ( R e la t ó r io n° 2 4 . 4 2 2 ) .
19 A B N T . A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a de N orm as T é c n i c a s . S o lo - d e t e r m in a ç ã o do
l i m i t e de p l a s t i c i d a d e . N B R 7 1 8 0 ( M B - 3 1 ) . R io de J a n e ir o , 198 4 .
20

m a s s a s s e m i - s e c a s p e r m i t e a o b t e n ç ã o de c o r p o s de p r o v a q u e , a p ó s
a s e c a g e m , s ã o m a n u s e á v e i s s e m se e s f a r e l a r 20.

Para a moldagem dos corpos de prova no LMCC


(Laboratório de M a t e r i a i s de Construção Civil), f oi utilizada uma
p r e n s a m a n u a l , j á q u e n ã o h a v i a u ma e x t r u s o r a de l a b o r a t ó r i o para
m o l d a g e m de massas plásticas por extrusão.

Por este motivo, o método de conformação das misturas


u t i l i z a d o foi o de p r e n s a g e m de m a s s a s s e m i - s e c a s .

Três diferentes níveis de compressão foram inicialmente


e x p e r i m e n t a d o s , ou seja, 15 M P a , 2 0 M P a e 25 M P a . A T a b e l a 3 . 2
mostra os resultados de resistência à compressão, com análises
e s t a t í s t i c a s b á s i c a s o b t i d o s p a r a c a d a u m a d as d i f e r e n t e s t e n s õ e s de
p r e n s a g e m acima.

Realizou-se análise de variância para comparação destas


médias. O s r e s u l t a d o s p a r a os v a l o r e s d e F c a l c u l a d o s e o s v a l o r e s
de F tab elad o s p o d e m s e r v i s t o s n a T a b e l a 3 . 3 . V e r i f i c a - s e q u e na
comparação das 3 amostras diferentes (15, 20 e 25 MPa) houve
diferenças estatisticamente significativas para as três diferentes
composições da m i s t u r a (0, 30 e 50% de c i n z a ) , uma vez que os
v a l o r e s de F c a l c u l a d o s s ã o m a i o r e s q u e os v a l o r e s de F t a b e l a d o s .
N a c o m p a r a ç ã o a p e n a s e n t r e as t e n s õ e s de p r e n s a g e m de 20 M P a e 25
M Pa o b serv a-se que, e statisticam ente, existe diferença apenas para
as a m o s t r a s com a rg ila pu ra . P o r e st a r a z ã o , d e c i d i u - s e u t i l i z a r na
c o n t i n u a ç ã o do t r a b a l h o , a t e n s ã o de p r e n s a g e m de 20 MPa .

20 S A N T O S , P. S. Op. óit
21

Deve-se ressaltar ainda, que sendo a prensagem feita


m a n u a l m e n t e , a c o n f o r m a ç ã o a 25 M P a , t o r n a v a - s e b a s t a n t e d i f í c i l .

Tabela 3.2 - Valores médios de resistência à compressão obtidos


p a r a d i f e r e n t e s t e n s õ e s de p r e n s a g e m .

r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s i io ( M P a )
t e n s ã o de t e o r de média desvio padrão c o e f i c i e n t e de
prensagem cinza (%) (MPa) (MPa) variação (%)
0 10.85 2.34 21.57
15 M P a 30 5.88 0.46 7.82
50 3.41 0.34 9.97
0 18.22 1.09 5.98
20 M P a 30 10.27 1.07 10.42
50 5.70 0.35 6.14
0 22.31 1.54 6.90
25 M P a 30 ' 10.57 0.62 5.87
50 6.03 0.53 8.79

Tabela 3.3 - Valores de F c a l c u l a d o e tabelado para um nível de


probabilidade de 95% para as diferentes tensões de
prensagem.

tensões t e o r de Fcalc Ftab


comparadas cinza (% )
15 M P a 0 55.96
20 M P a 30 59.22 3.89
25 M P a 50 59.05
20 M P a 0 23.48
25 M P a 30 0.29 5.32
50 1. 33
22

3 . 6 . 1 . D e t e r m i n a ç ã o do Teor de U m i d a d e de Mol dagem

A umidade de prensagem é acertada por tentativa, até se


o b t e r um c o r p o de p r o v a que p o s s a ser e x t r a í d o fac ilm e n te do mo lde
e seja m a n u s e á v e l sem se e sf ar e la r.

Para a argila em uso, o valor do limite de plasticidade


e n c o n t r a d o foi de 2 4 . 9 1 % . A p ó s t e s t e s p r e l i m i n a r e s , c o m t e o r e s de
umidade em torno de 1/3 do limite de plasticidade, decidiu-se
i n i c i a l m e n t e u t i l i z a r dois d if e r e n te s t e o r e s de u m i d a d e de m o ld a g e m .
8 % e 1 0 %. As T a b e l a s 3 . 4 e 3 . 5 . m o s t r a m r e s p e c t i v a m e n t e , as m é d i a s
obtidas e os resultados da análise de variância realizados para a
r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o e a a b s o r ç ã o de á g u a .

T a b e l a 3.4 - V a l o r e s m é d i o s de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o e a b s o r ç ã o
de á g u a p a r a t e o r e s de u m i d a d e de m o l d a g e m de 8 e
10 %.
resist à c o m p r. ( M P a ) a b s o r ç ã o de á g u a ( % )
t e o r de t e o r de média desvio coef. de média desvio c o e f . de
umidade cinza(%) padrão variação padrão variação(%)
0 14.54 2.67 18.36 15.93 0 ,4 2 2.64
8% 30 5.46 0.83 15.20 21.08 1. 11 5.27
50 4.22 0.19 4.50 25.90 0.34 1. 31
0 1 8. 31 2.74 14.96 14.82 0.52 3.51
10% 30 9.50 0.70 7.37 18.71 0.26 1.39
50 6.22 0.43 6.91 24.23 0.65 2.68

Observou-se q u e os c o r p o s de p r o v a com argila p u ra não


apresentaram diferenças significativas em relação à resistência à
23

compressão. J á o s e n s a i o s c o m 30 % e 50 % d e cinza m o straram


diferenças significativas estatisticamente, obtendo-se maiores
r e s i s t ê n c i a s de c o m p r e s s ã o e m e n o r e s v a l o r e s de a b s o r ç ã o de á g u a
p ara um t e o r de um idade de m o l d a g e m de 10 %. Por esta razão,
o p t o u - s e p e l o u s o d e t e o r e s d e u m i d a d e d e m o l d a g e m de 10 %.

Tabela 3.5 - Valores de F calculado e tabelado para teores de


u m i d a d e d e m o l d a g e m d e 8 e 1 0 %.

t e o r de resistência à compressão (MPa) a b s o r ç ã o de á g u a ( % )


cinza (%) Fcalc Ftab Fcalc Ftab
0 4.86 5.32 13.65 5.32
30 68.93 5.32 21.65 5.32
50 89.54 5.32 26.02 5.32

3 . 6 . 2 . P r e p a r a ç ã o das M i s t u r a s

F o r a m e s t u d a d a s seis m is tu ra s : um a m i s t u r a de c o n t r o l e com
1 0 0 % de a r g i l a e c i n c o m i s t u r a s de a r g i l a c o m c i n z a , v a r i a n d o - s e a
q u a n t i d a d e de c in za a d i c i o n a d a de 10% a 50 % em mass a.

As misturas foram feitas manualmente, utilizando-se uma


quantidade de á g u a e q u i v a l e n t e a 10% da m a ss a seca. As m i s t u r a s
foram guardadas em sacos plásticos por 24 horas. Este
armazenamento é feito para que ocorra a absorção de água e
i n c h a m e n to p o r p arte das a m o stras, evitando que isto o c o r r a com o
material no molde, quando da prensagem, prevenindo possíveis
t r i n c a s e f i s s u r a s na s e c a g e m dos c o r p o s de p r o v a .
1

24

3 . 6 . 3 . M o l d a g e m dos Cor pos de Prova

O m a t e r i a l foi c o l o c a d o em u m m o l d e c i l í n d r i c o de 3 4 , 5 0 m m
de d i â m e t r o e c o n s o l i d a d o p o r p r e n s a g e m em uma p r e n s a ma nu al . A
c a r g a f oi a p l i c a d a l e n t a m e n t e a t é se o b t e r u m a t e n s ã o d e 20 M P a , a
q u a l foi m a n t i d a p o r 1 m i n u t o .

Em seguida, retirou-se a amostra invertendo-se o molde e


a p l i c a n d o u m a c a r g a c o n t i n u a a té a r e t i r a d a t o t a l do c o r p o de p r o v a .
F o r a m m o l d a d o s 5 c o r p o s de p r o v a p a r a c a d a m i s t u r a .

Fez-se, então, a pesagem numa balança eletrônica de


p r e c i s ã o 0 , 0 1 g. D e p o i s , o d i â m e t r o d o s c o r p o s d e p r o v a f o i m e d i d o
c o m um p a q u í m e t r o de p r e c i s ã o 0 ,02 mm. E m s e g u i d a , os c o r p o s de
p r o v a f o r a m a r m a z e n a d o s à t e m p e r a t u r a a m b i e n t e d u r a n t e 24 h o r a s .

3 . 6 . 4 . S e c a g e m dos Co r po s de Prova

Os corpos de prova foram secados em estufa à uma


t e m p e r a t u r a de 1 10 °C, p o r 24 h o r a s . A p ó s r e t i r a d o s da e s t u f a , f o r a m
p e s a d o s e m e d i d a s s u a s d i m e n s õ e s . F o r a m d e t e r m i n a d a s as u m i d a d e s
d e p r e n s a g e m e r e t r a ç õ e s l i n e a r e s de s e c a g e m .

Uma série com três corpos de p r o v a foi m o l d a d a visando


m o n i t o r a r a t a x a de s e c a g e m p o r sete h o r a s , a t ra v é s de p e s a g e m a
cada hora.
25

3 . 6 . 5 . Q u e i m a dos C o r p o s de Prova

Em seguida, os corpos de prova foram colocados em um


forno elétrico de laboratório para a realização da queima. Dois
c i c l o s de q u e i m a f o r a m u s a d o s ; um de 22 h o r a s , s e n d o 12 h o r a s de
aquecimento e 10 h o r a s de permanência na t e m p e r a t u r a máxima e
outro de 10 horas, sendo 7 horas de aquecimento e 3 horas na
temperatura máxima. O processo de resfriamento foi natural com
duração em t o r n o de 12 h o r a s . Como o forno não tinha controle
automático de aquecimento, a mudança de temperatura foi feita
m a n u a l m e n t e . P a r a a t e m p e r a t u r a d e 9 5 0 ° C , o c i c l o de q u e i m a d e 10
horas está mostrado na Figura 3.1. Foram realizados ciclos com
t e m p e r a t u r a s m á x i m a s de 75 0 °C , 950°C e 1050°C.

tempo - horas

F i g u r a 3. 1 - C i c l o d e q u e i m a d e 10 h o r a s e t e m p e r a t u r a de 9 5 0 ° C
26

A p ó s o r e s f r i a m e n t o , q u a n d o os c o r p o s de p r o v a já estavam
na temperatura ambiente foram pesados e medidos, sendo então
d e t e r m i n a d a s a r e t r a ç ã o a que im a e a p e r d a ao fog o.

Em seguida foi feito o ensaio para determinar a taxa de


s u c ç ã o i n i c i a l , c o n f o r m e a n o r m a B S 3 9 2 1 21. D e p o i s d i s t o , o s c o r p o s
de p r o v a f o r a m i m e r s o s p o r 24 h o r a s em u m a b a n d e j a c o m á g u a .

A p ó s , as a m o s t r a s f o r a m r e t i r a d a s d a á g u a e d e t e r m i n o u - s e
o seu peso s a t u r a d o c o n fo rm e a n orm a A S T M C 1 2 7 22 e o s e u p e s o
imerso.

Foram então calculadas a absorção de água, a massa


e s p e c í f i c a a p a r e n t e e p o r o s i d a d e a p a r e n t e . F i n a l m e n t e , os c o r p o s de
p r o v a f o r a m r o m p i d o s p o r c o m p r e s s ã o e se d e t e r m i n o u a r e s i s t ê n c i a
à compressão.

3 . 7 . D e t e r m i n a ç ã o das C a r a c t e r í s t i c a s F í s i c a s e M e c â n i c a s

3 . 7 . 1 . U m i d a d e de M o l d a g e m (U)

Após a moldagem, com os resultados das diferentes


p e s a g e n s , f oi d e t e r m i n a d a a u m i d a d e d e m o l d a g e m d a d a p e l a s e g u i n t e
equação:

21 B r i t i s h St a n d a r d I n s t i t u t i o n . S p e c i f i c a t i o n s for c l a y br i c ks . BS 392 1,
L o n d o n , 1985.
22 A m e r i c a n S o c i e t y for T e s t i n g and Ma t e r i a l s . Te s t for s p e c i f i c g r a v i t y and
a b s o r t i o n o f f i n e a g g r e g a t e . ASTM C 1 2 7 - 7 7 .
27

U=M - M x 100 ( 1)
Ms

onde,

U = U m idade de m o ld a g e m (% );

Mp = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a p r e n s a g e m ( g ) ;

Ms = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a s e c a g e m ( g ) .

3 . 7 . 2 . R e t r a ç ã o L i n e a r de S e c a g e m (Rs )

T a m b é m a p ó s a m o l d a g e m , com os r e s u l t a d o s das d i f e r e n t e s
medições, foi d e t e r m i n a d a a retração li n e a r de secagem dada pela
seguinte equação:

= D p - D s _ x 1W)
Ds

Rs = R e t r a ç ã o linear de s e c a g em ( % );

D p = D i â m e t r o do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a p re n s a g e m (m m ) ;

D s = D i â m e t r o do c o r p o de co rp o de p ro v a após a secagem (m m ).
28

3 . 7 . 3 . P e r d a ao Fogo ( PF)

A p ó s a q u e i m a , c o m os r e s u l t a d o s d a s d i f e r e n t e s p e s a g e n s ,
foi d e t e r m i n a d a a perda ao f o g o , que indica a perda d e m a s s a do
material d u rante o cozim ento. Esta é dada pela seguinte equação:

Ms-Mq
PF = ------------ — x 100 (3)
Mq y }

PF = P e r d a ao f o g o ( % ) ;

Ms = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a s e c a g e m ( g ) ;

M q = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e i m a ( g ) .

3 . 7 . 4 . R e t r a ç ã o à Q u e i m a ( Rq)

A r e t r a ç ã o à q u e i m a foi d e t e r m i n a d a pe la s e g u i n t e e q u a ç ã o :

Rq = D s ~ Dq x 100 (4)
Dq

Rq = R e t r a ç ã o à q u e im a ( % ) ;

Ds = D i â m e t r o do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a s e c a g e m ( m m ) ;

Dq = D i â m e t r o do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e i m a ( m m ) .
29

3 . 7 . 5 . Taxa de S u c ç ã o I n i c i a l (TSI )

A t a x a d e s u c ç ã o i n i c i a l i n d i c a a v e l o c i d a d e d e a b s o r ç ã o de
á g u a pelo m a t e r i a l lo g o a p ós e s ta r em c o n t a t o com a mesma. É uma
c a r a c t e r í s t i c a i m p o r t a n t e u m a ve z q u e i n f l u i r á na q u a l i d a d e d a p a r e d e
acabada. Um material com alta taxa de sucção inicial necessita
p r o c e d i m e n t o s c o r r e t i v o s p o r m o lh a g e m a n tes do a ss e n tam e n to .

Para este ensaio foi u t i l i z a d a a n o r m a B S 3 9 2 1 23. A p ó s a


q u e i m a e p e s a g e m , os c o r p o s de p r o v a f o r a m c o l o c a d o s p a r c i a l m e n t e
imersos em água (aproximadamente 3 mm) em uma bandeja, aí
permanecendo durante 1 minuto. Em seguida, foram retirados da
água e pesados. A taxa de sucção inicial foi determinada pela
seguinte equação:

757 = -------Mm Mq -------x {QQ


3mDq + (nDq ) / 4

T S I = T a x a de s u c ç ã o i n i c i a l ( K g / m m 2. m i n ) ;

M m = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s 1 mi n . de i m e r s ã o ( g ) ;

Mq - M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e i m a ( g ) ;

Dq = D i â m e t r o do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e i m a ( m m ) .

23 B r i t i s h St andar d I n s t i t u t i o n . S p e c i f i c a t i o n s f o r c l a y b r i c k s a n d b l o c k s , BS
3 92 1, Lo n do n, 1985.
30

3 . 7 . 6 . A b s o r ç ã o de Ág u a ( AA)

P a r a e s t e e n s a i o f oi u t i l i z a d a a n o r m a A S T M C 6 7 24 A p ó s
f i c a r e m 24 h o r a s i m e r s o s em á g u a , os c o r p o s de p r o v a f o r a m p e s a d o s
para determinar-se a massa saturada. A absorção de água f oi
determ in ad a pela seguinte equação:

AA = M t - M q x 100 (6)
Mq

AA = A b s o r ç ã o de á g u a ( % ) ;

Mt = M assa do c o rp o de c o r p o de p r o v a s a t u r a d o ( g ) ;

Mq = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e i m a ( g ) .

3.7.7. Massa Específica Aparente ( ME a ) e Porosidade


Aparente(Pa)

Neste ensaio utilizou-se a norma ASTM C 1 2 7 25. A p ó s a


d e t e r m i n a ç ã o da m a s s a s a t u r a d a , os c o r p o s de p r o v a f o r a m p e s a d o s
s u b m e r s o s em á g u a a t r a v é s de u m a b a l a n ç a h i d r o s t á t i c a .

24 A m e r i c a n S o c i e t y for T e s t i n g and Ma t e r i a l s . S t a n d a r t m e t h o d s o f s a m p l i n g
a n d t e s t i n g b r i c k a n d s t r u t u r a l c l a y t i l e . AS TM C 6 7 - 8 3 .
25 A m e r i c a n S o c i e t y for T e s t i n g and Ma t e r i a l s . T e s t f o r s p e c i f i c g r a v i t y a n d
a b s o r t i o n o f f i n e a g g r e g a t e . AS TM C 1 2 7 - 7 7 .
31

A massa específica aparente e a porosidade aparente são


determinadas pelas seguintes equações:

( 7)

------ - -----x 100 (8)


Mt - Mi

M E a = M a s s a e s p e c í f i c a a p a r e n t e ( g / c m 3);

Pa = P o ro sid a d e aparen te (% );

M t = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a s a t u r a d o ( g ) ;

Mq = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e im a (g );

Mi = M a s s a do c o r p o de c o r p o de p r o v a i m e r s o ( g ) .

3 . 7 . 8 . R e s i s t ê n c i a à C o m p r e s s ã o após Q u e i m a ( RCq )

Terminadas as p e s a g e n s , os corpos de p r o v a foram secos


com um pano e rompidos na mesma prensa utilizada para a
moldagem. Determinada a carga de ruptura, a resistência à
c o m p r e s s ã o foi c a l c u l a d a p e l a e q u a ç ã o :

(9)

RCq = Resistência à compressão após a queima(MPa);


32

CR = C a r g a de r u p t u r a d o s c o r p o s de p r o v a ( N ) ;

Dq = D i â m e t r o do c o r p o de p r o v a a p ó s a q u e i m a ( m m ) .

A f o t o a b a i x o m o s t r a os c o r p o s de p r o v a a p ó s a q u e i m a .

Figura 3. 2 - Corpos de prova utilizados no experimento após a


queima.
A.aq ^-63 ?-.2 -
Biblioteca Universitária
UFSC

CAPÍTULO IV
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS

Foi desenvolvida uma análise sobre as seguintes


c a r a c t e r í s t i c a s físicas e m e c â n i c a s t e s t a d a s : p e r d a ao fogo, r e t r a ç ã o
à queima, resistência à compressão, absorção de água, massa
e s p e c í f i c a a p a r e n t e , p o r o s i d a d e a p a r e n t e e t a x a de s u cç ã o inical. Os
valores médios para estas características podem ser vistos nas
T a b e l a s 4. 1 e 4 . 2 .

4 . 1 . R e t r a ç ã o L i ne a r de S e c a g e m

Na Figura 4.1, p o d e -se ver que para ambas, cinza pesada e


c in za v o l a n t e , a r e t r a ç ã o di m in u i c o n s i s t e n t e m e n t e com a a d i ç ã o de
cinza até a quantidade de 40% em peso. A partir deste nível,
permanece praticamente constante. Esta diminuição de retração é
benéfica pois diminui a possibilidade de ocorrência de trincas e
defeitos durante a secagem.

4. 2. Taxa de S e c a g e m

Os resultados obtidos para a taxa de secagem estão


m o s t r a d o s n a F i g u r a 4 . 2 . V e r i f i c a - s e q u e a v e l o c i d a d e i n i c i a l de
34

T a b e l a 4 . 1 . R e s u l t a d o s p a r a c i c l o d e q u e i m a d e 10 h o r a s .

temperatura t i p o de
t e o r de c i n z a n a m i s t u r a (% e m n e s o ï
de a u e i m a teste
0 10 20 30 40 50
PF(%)
4.87 5.12 5.21 5.09 5.03 4.86
Rq(%) -0.38 -0.30 -0.43 -0.29 0.00 -0.09
RCq 19.26 15.56 13.36 9.75 6.46 4.45
750°C AA(%) 15.45 16.93 18.34 20.39 23.26 24.92
MEa 1.851 1.749 1.664 1.568 1.465 1.405
Pa(%) 28.59 29.59 30.52 31.98 34.08 35.01
TSi 1.79 2.47 3.06 3.85 4.81 5.38
PF(%) 5.53 5. 41 5.45 5.42 5. 21 4.73
Rq(%) 0.15 0.20 0.52 0.71 0.52 0.23
RCq 18.22 15.60 10.99 10.28 6.92 5.70
9 5 0°C AA(%) 14.96 16.45 17.47 18.35 22.34 24.34
MEa 1.862 1. 768 1.691 1.626 1.486 1.419
P a (%) 27.84 29.07 29.54 29.81 33.20 34.53
TSi 3.42 4.09 5.22 5.60 6.40 6.36
PF(%) 5.56 5.49 5.39 5.24 5.09 5.00
Rq(%) 0.34 0.76 0.98 1.75 1.68 2.63
RCq 14.47 12.59 13.06 12.53 7.83 7.38
1 0 5 0°C AA(%) 13.80 14.36 14.96 15.11 19.93 19.71
MEa 1.887 1.810 1.738 1.681 1.535 1.530
Pa(%) 26.03 25.98 25.99 25.36 30.58 30.08
TSi 4.34 5.47 5.77 6.03 7.54 7.28
PF(%) 5.47 5.03 4.63 4.23 3.66 3.23
Rq(%) 0.00 0.14 0.63 0.93 0.74 0.23
RCq 17.37 17.77 13.64 11.06 7.86 5.59
*950°C AA(%) 15.55 1 6. 11 16.65 18.01 22.53 24.92
MEa 1.840 1.778 1.714 1.637 1.498 1.409
Pa(%) 28.60 28.64 28.53 29.48 33.74 35.11
TSi 3.63 3.78 4.80 5.52 5.32 6.12
* cinza volante
Nota: Rq - r e t r a ç ã o a p ó s q u e im a
RCq - resistência à compressão após queima(MPa)
AA - a b s o r ç ã o de ág ua
M E a - m a s s a e s p e c í f i c a a p a r e n t e ( g / c m 3)
Pa - p o ro sidad e aparente
T S i - t a x a d e s u c ç ã o i n i c i a l ( K g / m m 2. m i n )
35

T a b e l a 4 .2. R e s u l t a d o s p a r a c i cl o de q u e i m a de 22 horas.

temperatura t i p o de T e o r de c i n z a na m i s t u r a (% em o e s o )
de a u e i m a teste 0 10 20 30 40 50
PFf%) 4.96 4.93 4.86 4.81 4.66 4.29
Rq(%) -0.40 -0.29 -0.29 -.024 -0.24 -0.17
RCq 18.64 16.29 12.02 8.96 6.26 3.81
750°C AA(%) 15.91 16.99 18.63 20.70 22.79 24.95
MEa 1.837 1 . 751 1.660 1.568 1.490 1.412
Pa(%) 29.23 29.75 30.92 32.46 33.97 35.23
TSi 2.28 2.73 3.20 4.06 4.52 5.35
PFÍ%) 6.12 6.02 5.91 5.82 5.64 5.51
Rq(%) 0.07 0.27 0.58 0.81 0.55 0.24
RCq 18 . 3 1 15.53 11.03 9.50 7.65 6.22
950°C AA(%) 14.82 15.93 17.23 18.71 21.90 24.23
MEa 1.870 1.788 1.703 1.625 1 . 501 1.430
Pa(%) 27.72 28.45 29.33 30.41 32.86 34.64
TSi 3.40 4.01 5.13 5.76 5. 9 3 6.10
PFÍ%) 5.82 5.66 5.57 5.42 5.24 5.04
Rq(%) 0.77 0.90 1.42 1.89 1. 75 1.59
RCq 15.82 12.77 11.18 10.29 6.82 5.84
10 5 0 ° C AA(%) 12.72 14.83 15.55 16.44 20.31 22.49
MEa 1.909 1.804 1.729 1.673 1. 531 1.461
Paf%) 24.27 26.75 26.87 27.48 31.08 32.84
TSi 5.00 5.64 6.40 6.57 7.68 7.40
PFr%) 5.79 5.49 5.09 4.60 4.17 3.61
Rq(%) 0.27 0.80 1.05 0.78 0.60 0.23
RCq 29.32 20.76 16.72 12.11 7.51 4.43
*950°C AA(%) 14.40 14.42 15.81 18.32 21.49 24.71
MEa 1.914 1.860 1.771 1.654 1.528 1.422
Paí%) 27.57 26.82 28.00 30.29 32.84 35.14
PFÍ%) 5.77 5.65 5.56 5. 5 1 5.26 5.12
Rq(%) 0.33 0.58 0.55 0.85 0.59 0.24
RCq 14.54 10.55 7.49 5.47 4.66 4.22
* *950°C AA(%) 15.93 17.86 19.55 21.08 23.42 25.90
MEa 1.822 1.710 1.639 1.561 1. 481 1.397
Pa(%) 29.02 30.55 32.04 32.88 34.67 36.18
TSi 4.71 5.87 6.52 7.22 7.28 6.99
*cinza volante
* * t e o r de u m i d a d e = 8%
36

_______ teor de cinza <'%)________


—»—cinza pesada —»—cinza volante

F i g u r a 4 . 1 - I n f l u ê n c i a d o t i p o e t e o r d e c i n z a n a r e t r a ç ã o l i n e a r de
secagem.

tempo (horas)

E30%cmza ■ 20% cinza □ 40% cinza

F i g u r a 4 . 2 - R e l a ç ã o e n t r e a t a x a de s e c a g e m e o t e o r d e c i n z a .
37

secagem é muito mais rápida p ar a as a m o s t r a s c o m m a i o r t e o r de


cinza. A a m o s t r a co m 4 0 % de cinza a t i n g i u q u a s e 98% da sec a g e m
e m a p e n a s 4 h o r a s , e n q u a n t o p a r a as a m o s t r a s d e a r g i l a p u r a o t e m p o
p a r a a s e c a g e m t o t a l foi de c e r c a de 7 h o r a s .

4 . 3 . Per da ao Fogo

A perda ao fogo, conforme Figura 4.3, diminui com o


a c r é s c i m o do t e o r de ci nza. Os m e n o r e s v a l o r e s de p e r d a ao f o g o
f o r a m o b t i d o s p a r a a t e m p e r a t u r a de q u e i m a de 7 5 0 ° C , a u m e n t a n d o
p a r a a s t e m p e r a t u r a s d e q u e i m a de 9 5 0 ° C e 1 0 5 0 ° C .

0 10 20 30 40 50
teor de cinza (%)
—*-750°C -*-950°C 1050°C

Figura 4.3 - I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c in z a
na p e r d a a o f o g o .
38

4 .4 . R e t r a ç ã o à Q u e i m a

O e f e i t o da t e m p e r a t u r a de q u e i m a foi s i g n i f i c a t i v o p a r a a
retração à queima do material. As amostras à menor temperatura
d e r a m c o n s i s t e n t e m e n t e v a l o r e s m e n o r e s d e r e t r a ç ã o ( F i g u r a 4 . 4 ) . As
a m o s t r a s q u e i m a d a s à 750°C m o s t r a r a m p e q u e n a e x p a n s ã o ao invés
de r e t r a i r e m . Este comportamento é confirmado pela lite ra tu ra que
indica uma expansão da argila quando a temperatura de queima
encontra-se entre 500°C e 800°C. Por outro lado, a figura mostra
q u e , p a r a a t e m p e r a t u r a de q u e i m a de 1050°C a r e tr a ç ã o à queim a
aumenta com o acréscimo do teor de cinza, enquanto permanece
r e l a t i v a m e n t e c o n s t a n t e pa ra as t e m p e r a t u r a s de q u e im a de 750°C e
950°C.

0 10 20 30 40 50
teor de cinza (%)
—*-750°C 950°C — 1050°C

F i g u r a 4 . 4 - I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c i n z a
na r e t r a ç ã o a p ó s q u e i m a .
39

4. 5. R e s i s t ê n c i a à C o m p r e s s ã o

O g r á f i c o da F i g u r a 4.5 m o s t r a a v a r i a ç ã o da r e s i s t ê n c i a à
compressão para os diferentes teores de cinza e temperaturas
máximas de queima. Observa-se que há redução da resistência à
c o m p r e s s ã o c o m o a u m e n t o d o t e o r d e c i n z a . N o e n t a n t o , t o d o s os
valores o b tid o s estão acima dos valores mínimos re c o m en d a d o s pela
norma brasileira para tijolo maciço (N BR 7170/1983).

0 10 20 30 40 50
teor de cinza (%)
— 750°C -*-950°C 1050°C

F i g u r a 4.5 - I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c inz a
na r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o .

A Tabela 4.3 mostra os valores médios de resistência à


c o m p r e s s ã o e a a n á li s e e s t a t í s t i c a b á s i c a p a r a os d i f e r e n t e s c i c l o s e
t e m p e r a t u r a d e q u e i m a . As T a b e l a s 4 . 4 e 4 . 5 m o s t r a m a a n á l i s e de
variância realizada para verificação da influência do ciclo e da
t e m p e r a t u r a de q u e i m a r e s p e c t i v a m e n t e na r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o .
40

T a b e l a 4.3 - V a l o r e s de r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o e análi se e s t a t í s t i c a
básica para os diferentes ciclos e temperaturas de
queima.

resistência à compressão (MPa)


temperatura cicl o de t e o r de média desvi o pa dr ã o coe f i c i e nt e de
de q u e im a queima cinza (MPa) (MPa) va ri a çã o (%)
0 19.26 1. 41 7.32
10 h o r a s 30 9.75 0.58 5.95
750°C 50 4.45 0.45 10.11
0 18.64 1. 01 5.42
22 h o ras 30 8.96 0.51 5.69
50 3.81 0.11 2.89
0 18.22 1.09 5.98
10 h o r a s 30 10.27 1.07 10.42
950°C 50 5.70 0.35 6.14
0 1 8. 3 1 2.74 14.96
22 h o r a s 30 9.50 0.70 7.37
50 6.22 0.43 6.91
0 14.47 1.22 8.43
10 h o r a s 30 12.53 4.18 33.36
10 5 0 ° C 50 7.38 0.95 12.87
0 15.82 0.39 2.47
22 h o r a s 30 10.29 1.27 12.34
50 5.84 0.96 16.44

Observa-se que para 750°C as amostras são diferentes


estatisticamente apenas para teor de cinza de 50%. Neste caso,
o b t e v e - s e m a i o r r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o p a r a o c i c l o d e 10 h o r a s .
I s t o p o d e s e r e x p l i c a d o , p e l o f a t o de q ue em c i c l o s m a i o r e s há u m
m a i o r c o n s u m o d a s p a r t í c u l a s d e c a r v ã o n ã o q u e i m a d o e x i s t e n t e na
41

mistura, com consequente aumento de porosidade que causa


d e c r é s c i m o da resistência.

Tabela 4.4 - Valores de F c a lc u la d o e tabelado para um nível de


probabilidade de 95% para os diferentes ciclos de
queima.

temperatura t e o r de Fcalc Ftab


de q u e i m a cinza (%)
0 0.65
750°C 30 5.13 5.32
50 9.27
0 0.00
950°C 30 1.84 5.32
50 4.34
0 5.59
105 0°C 30 1. 31 5.32
50 6.46

T abela 4.5 - Valores de F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as d i f e r e n t e s


t e m p e r a t u r a s de q u e i m a .

c i c l o de temperaturas t e o r de Fcalc Ftab


queima comparadas cinza (%)
750°C 0 20/52
10 h o r a s 950°C 30 1.73 3.89
10 5 0 ° C 50 26.25
750 e 950°C 0 1. 71 5.32
750°C 0 4.1 1
22 h o r a s 950°C 30 2.84 3.89
1050°C 50 22.66
9 5 0 e 10 5 0 ° C 50 0.66 5.32
42

Para a temperatura de q u e im a de 950°C não se o b s e r v o u


d i f e r e n ç a s s i g n i f i c a t i v a s e n t r e os d o i s c i c l o s d e q u e i m a , n ã o h a v e n d o
g a n h o de r e s i s t ê n c i a c o m o a c r é s c i m o d a s h o r a s d e q u e i m a .

Já p a ra a temperatura de 1050°C observa-se variação nos


r e s u l t a d o s p a r a d i f e r e n t e s c i c l o s d e q u e i m a . N o c a s o de a r g i l a p u r a
h o u v e um p e q u e n o ganho de r e s i s t ê n c i a c o m o c i cl o de 22 h o r a s ,
obtendo-se resultado inverso com as amostras onde adicionou-se
5 0 % de c i n z a .

Em r e l a ç ã o à t e m p e r a t u r a de q u eim a o b s e r v a - s e na T a b e l a
4.5 que para as amostras de argila pura ocorre uma diferença
significativa estatisticamente para ambos os ciclos. Neste caso
o b t e v e - s e m a i o r r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o p a r a as a m o s t r a s q u e i m a d a s
à 7 5 0 C, s e g u i d a p e l a d e 9 5 0 ° C e 1 0 5 0 ° C . J á a c o m p a r a ç ã o e n t r e as
t e m p e r a t u r a s de 750°C e 950 °C não m o s t r o u d i f e r e n ç a sig n i f i c a t i v a .
E s t e r e s u l t a d o p o d e s e r e x p l i c a d o p e l o f e n ô m e n o de r e q u e i m a e p e l a
q u a lid a d e da argila. E sta, n ã o s e n d o a p r o p r i a d a p a r a f a b r i c a ç ã o de
m a t e r i a l de a l t a r e s i s t ê n c i a n ã o a p r e s e n t o u g a n h o c o m o a u m e n t o da
t e m p e r a t u r a . E s t e s v a l o r e s e x p li c a m - s e pela o c o r r ê n c i a do fe n ô m e n o
da superqueima, quando a temperatura excede a temperatura
e s p e c í f i c a ó t i m a de c o z i m e n t o .

Para as amostras com adição de cinza, o aumento da


t e m p e r a t u r a n ã o i m p l i c o u e m g a n h o s s i g n i f i c a t i v o s n a r e s i s t ê n c i a do
p r o d u t o p a r a 3 0 % d e c i n z a . P o r o u t r o l a d o , as a m o s t r a s c o m a d i ç ã o
de 50% m o s t r a r a m m a i o r r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o p ara a t e m p e r a t u r a
d e 1 0 5 0 C p a r a o c i c l o d e 10 h o r a s , n ã o d i f e r i n d o d a t e m p e r a t u r a de
9 5 0 C no c i c l o d e 2 2 h o r a s . N e s t e , a r e s i s t ê n c i a p a r a a t e m p e r a t u r a
d e 9 5 0 C a u m e n t o u e m r e l a ç ã o a o c i c l o d e 10 h o r a s , e n q u a n t o a d e
1050°C diminuiu.
43

4.6. T a x a de S u c ç ã o I n ic ia l

A F i g u r a 4 . 6. m o s t r a a i n f l u ê n c i a do t e o r de c i n z a na t a x a
de s u c ç ã o inicial do m aterial. Observa-se que esta aumenta com o
a c r é s c i m o de c i n z a na m i s t u r a . Além disto, os v a l o r e s o b t i d o s são
bastante elevados, muito a ci m a do v a l o r m á xi m o r e c o m e n d a d o de
1.5 K g / m 2. m i n .

teor de cinza (%)


— 750°C -*-950°C —*-1050°C

F i g u r a 4.6 - I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c in za
na t a x a de s u c ç ã o inicial.

Observa-se também que a temperatura de queima influi


c o n s i d e r a v e l m e n t e na t a x a de s u c ç ã o inicial, co m m a io r v a l o r p a r a a
t e m p e r a t u r a de q u e i m a de 1050°C.

Os elevados valores de taxa de sucção podem ser


e x p l i c a d o s , em p a r t e , pe lo f o r m a t o e d i m e n s õ e s do c o r p o de p r o v a ,
44

q u e f i z e r a m c o m q u e a s u p e r f í c i e e m c o n t a t o c o m a á g u a f o s s e , em
p o r c e n t a g e m , bem m a i o r do qu e a o b s e r v a d a p a r a um ti jo lo com um.

4 . 7 . A b s o r ç ã o de Ág u a

N a F i g u r a 4 . 7 o b s e r v a - s e q u e a a b s o r ç ã o de á g u a a u m e n t a
c o m a a d i ç ã o de c i n z a . P a r a t e o r e s de a d i ç ã o d e c i n z a m a i o r e s q u e
20% a absorção de á g u a atingiu valores acima de 15%. Para esta
v a r i á v e l , o b s e r v a - s e a i n d a q u e a t e m p e r a t u r a m á x i m a de q u e i m a t e m
bastante influência, diminuindo a absorção com o aumento da
t e m p e r a t u r a de queima .

teor de cinza (%
-750°C -950°C 1050°C

F i g u r a 4 . 7 - I n f l u ê n c i a d a t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c i n z a
na a b s o r ç ã o de á g u a .

Este resultado, é ap aren te m e n te c o n tra d itó rio com o obtido


para a taxa de sucção inicial que aumenta com o acréscimo da
45

temperatura. Neste caso, pode-se concluir que a diminuição da


p o r o s i d a d e q u e o c o r r e c o m o a u m e n t o da t e m p e r a t u r a de q u e i m a é
a c o m p a n h a d o p o r um a u m e n t o da t e n s ã o de c a p i l a r i d a d e su p er fi cia l.

4. 8. P o r o s i d a d e A p a r e n t e

O e f e i t o d a t e m p e r a t u r a de q u e i m a foi s i g n i f i c a t i v o p a r a a
porosidade do material. As amostras à menor temperatura deram
altos v alo res de p o r o s i d a d e (F igura 4.8). C o n tu d o , em bora o m aterial
tenha mostrado elevada porosidade, o resultado pode ter sido
a f e t a d o pelo t a m a n h o e f o r m a d os c o r p o s de p r o v a u ti li z a d o s.

teor de cinza (%)


— 750°C — 950°C —a—1050°C

Figura 4.8 - I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c i n z a
na p o r o s i d a d e a p a r e n t e .
46

4.9. Massa Específica Aparente

O efeito da a d i ç ã o de c in za na m a s s a específica aparente


p o d e s e r o b s e r v a d o na F i g u r a 4.9. C o e re n te m e n te com a ampliação
d o v o l u m e d e m a t e r i a i s m e n o s d e n s o s , as a m o s t r a s c o m m a i o r t e o r de
cinza apresentaram menores valores de m a s s a específica aparente.
P o r o u t r o l a d o , os v a l o r e s de m a s s a e s p e c í f i c a a p a r e n t e n ã o s o f r e r a m
g r a n d e s a l t e r a ç õ e s f r e n t e às m o d i f i c a ç õ e s d o t e o r d e c i n z a p a r a as
d i f e r e n t e s t e m p e r a t u r a s de queima.

_______ teor de cinza (%)______ _


— 750°C -» -9 5 0 oC 1050°C

F i g u r a 4 .9 - I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a de q u e i m a e do t e o r de c in z a
na m a ss a e s p e c í f i c a a p a r e n t e .
47

4.10. Influência do Ti po de Ci nza na F a b r i c a ç ã o do M a t e r i a l


C e r â mi c o

As T a b e l a s 4 . 6 e 4.7. m o s t r a m a i n f l u ê n c i a do t i p o de c i n za ,
volante ou pesada, utilizado na resistência à compressão dos
m a t e r i a i s f a b r i c a d o s . O b s e r v a - s e q u e a p e n a s p a r a o t e o r d e c i n z a de
20% ocorre diferença estatisticamente significante, sendo que nos
d e m a i s , o t i p o de c i n z a n ã o i n f l u i u n a r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o d a s
a m o s t r a s . A F i g u r a 4 . 1 0 m o s t r a e s t a p e q u e n a v a r i a ç ã o n o s v a l o r e s de
resistência à compressão das amostras de cinza pesada e cinza
volante queimadas a uma temperatura de 950°C. A resistência à
c o m p r e s s ã o d i m i n u i c o m o a u m e n t o d e a d i ç ã o d e a m b a s as c i n z a s .

teor de cinza (%)


—♦—cinza pesada —»—cinza volante

F i g u r a 4 . 1 0 - I n f l u ê n c i a do t i p o e t e o r de c i n z a na r e s i s t ê n c i a à
compressão.
48

Tabela 4.6 - Valores médios de resistência à compressão obtidos


p ar a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a .

r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o ( MPa ' )
t i p o de t e o r de média desvio padrão c o e f i c i e n t e de
cinza cinza (%) (MPa) (MPa) v a ri a ç ã o (%)
0 17.37 3.85 22.16
cinza 20 13.64 1.37 10.04
volante 30 1 1.06 0.50 4.52
50 5.5 9 0.29 5.19
0 18.22 1.09 5.98
cinza 20 10.98 1. 11 10.11
pesada 30 10.27 1.07 10.42
50 5.68 0.34 5.99

T a b e l a 4 . 7 - V a l o r e s de F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a a c i n z a v o l a n t e e
a cinza pesada.

t e o r de Fcalc Ftab
cinza (%)
0 0.23
20 11.30 5.32
30 2.22
50 0.2 3

A s T a b e l a s 4 . 8 e 4.9.. m o s t r a m a i n f l u ê n c i a d o t i p o d e c i n z a
na absorção de água. Observa-se que não há diferença
estatisticamente.
49

T a b e la 4 . 8 - V a l o r e s de absorção de á g u a e a n á lise e s t a t í s t i c a bá s ica


para as c in z a s v o l a n t e e p e s a d a .

a b s o r ç ã o de ág ua (%)
t i p o de t e o r de média desvio padrão c o e f i c i e n t e de
cinza c i n z a ( %) (%) (%) v a r i a ç ã o (%)
0 15.55 0.34 2.19
cinza 20 16.65 0.69 4.14
volante 30 18. 01 0.64 3.55
50 24.92 0.63 2.53
0 14 . 9 6 0.54 3.61
cinza 20 17.47 0.42 2.40
pesada 30 18,35 0.73 3.98
50 24.34 0.40 1.64

T a b e l a 4 . 9 - V a l o r e s d e F c a l c u l a d o e t a b e l a d o p a r a as c i n z a s v o l a n t e
e pesada.

t e o r de Fcalc Ftab
cinza (%)
0 4.23
20 5.15 5.32
30 0.59
50 3.02

As Tabelas 4.10 à 4.13 mostram os valores e a análise


estatística para a porosidade aparente e a taxa de sucção inicial
respectivamente. Nestas, pode-se também verificar que não há
diferença s i g n i f i c a t i v a e n t r e as a m o s t r a s fabricadas com diferentes
t i p o s de c i n z a .
50

Tabela 4.10 - Valores de porosidade aparente e análise estatística

b á s i c a p a r a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a .

porosidade ap aren te (%)


t i p o de t e o r de média desvio padrão c o e f i c i e n t e de
cinza cinza (%) (%) (%) variação (%)
0 28 .61 0 65 2.27
cinza 20 2 8 . 53 0 90 3.15
volante 30 29 49 0 72 2.44
50 35 1 1 0. 71 2.02
0 2 7 85 0. 83 2.98
cinza 20 2 9 54 0. 52 1.76
pesada 30 29 81 0. 91 3.05
50 34. 53 0. 25 0.72

Tabela 4.11 -Valores de F calculado e tabelado para as cinzas


volante e pesada.

t e o r de Fcalc Ftab
cinza (%)
0 2.62
20 4.75 5.32
30 0.39
50 3.03
Tabela 4. 12 - V a l o r e s d e t a x a de s u c ç ã o inicial e análise estatística

b á s i c a p ar a as c i n z a s v o l a n t e e p e s a d a .

t a x a d e s u c ç ã o i n i c i a l ( K s / m m 2 . min")
t i p o de t e o r de média desvio padrão c o e f i c i e n t e de
cinza cinza(%) ( Kg/ mm2. mi n) ( Kg / mm2. mi n ) v a ri a ç ã o (%)
0 3 . 63 0.78 21.49
cinza 20 4 . 80 0.45 9.38
volante 30 5 52 0.55 9.96
50 6 12 0.80 13.07
0 3 42 0.43 12.57 *
cinza 20 5 22 0.61 1 1.69
pesada 30 5 60 0.32 5.71
50 6. 36 0.57 8.96

Tabela 4.13 -Valores de F calculado e tabelado para as cinzas


v olante e pesada.

t e o r de Fcalc Ftab
cinza (%)
0 0.26
20 1. 5 3 5.32
30 0.08
50 0.29
CAPÍTULO V
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O t r a b a l h o b u s c o u a v e r i f i c a ç ã o da p o s s i b i l i d a d e t é c n i c a do
u s o de c i n z a p e s a d a de u s i n a s t e r m o e l é t r i c a s m i s t u r a d a na a r g i l a p a r a
a f a b r i c a ç ã o de m a t e r i a l c e r â m i c o .

Para tal usou-se cinza pesada do complexo termelétrico


Jorge Lacerda de Tubarão, Santa Catarina e argilas coletadas de
olarias próximas à usina. Foram igualmente fabricados corpos de
prova com argila e cinzas volantes para com paração.

C o r p o s de p r o v a c i l í n d r i c o s de 3 4 , 4 mm x 3 6 , 5 mm f o r a m
moldados por prensagem, secos em estufa no laboratório e
queimados. D u ra n te o p ro c e sso experim ental foram usados 2 ciclos
d i f e r e n t e s de q u e i m a e 3 d i f e r e n t e s t e m p e r a t u r a s má xi m a s.

As amostras foram ensaiadas em relação às seguintes


c arac te rístic as físicas e mecânicas:

r e t r a ç ã o l i n e a r de s e c a g e m

. t a x a de s e c a g e m

p e r d a ao f o g o
53

re tra ç ão à queima

. massa específica aparente

. porosidade aparente

. t a x a de s u c ç ã o inicial

a b s o r ç ã o de á g u a em 24 h o r a s a fr io

. resistência à compressão

Os r e s u l t a d o s d o s e n s a i o s p e r m i t e m as s e g u i n t e s c o n c l u s õ e s :

1. O u s o de c i n z a m o s t r o u a o c o r r ê n c i a d e m e n o r r e t r a ç ã o d o c o r p o
de prova durante a secagem. Considerando que nas cerâmicas da
r e g i ã o , a s e c a g e m se d á g e r a l m e n t e d e f o r m a n a t u r a l e, p o r t a n t o , s e m
p o s s i b i l i d a d e de c o n t r o l e da v e l o c i d a d e de s e c a g e m , est e r e s u l t a d o
m o s t r a - s e b a s t a n t e i m p o r t a n t e . O u s o de c i n z a na a r g i l a p o s s i b i l i t a r á
a diminuição de ocorrência de fissuras e deformações no produto
acabado.

2. O u s o d e c i n z a s , a l é m d i s s o , c a u s o u u m a a c e l e r a ç ã o do t e m p o d e
secagem com menor retração, o que igualmente aparece como
vantagem nas condições operacionais de produção das olarias da
região.

3. A a d i ç ã o d e c i n z a f e z c o m q u e o c i c l o d e q u e i m a e a t e m p e r a t u r a
de cozimento tivessem pequena diferença nas características
m e c â n i c a s do m a t e r i a l . A t e m p e r a t u r a m á x i m a de q u e i m a m o s t r o u - s e
54

significante apenas na retração à queima e para a porosidade do


material. Corpos de p r o v a q u e i m a d o s em t e m p e r a t u r a s mais b aixas
p r o d u z i r a m c o n s i s t e n t e m e n t e m e n o r e s v a l o r e s de r e t r a ç ã o e m a i o r e s
valores de p o r o s i d a d e . Espécimens cozidos a 750 °C a p r e s e n t a r a m
p e q u e n a e x p a n s ã o em vez de r e t r a ç ã o .

4. A p o s s i b i l i d a d e d e se f a z e r a q u e i m a c o m m e n o r e s t e m p e r a t u r a s e
c i c l o s ma is c u r t o s p o d e r á p r o p o r c i o n a r g r a n d e e c o n o m i a de m a t e r i a l
energético.

5. O t i p o d e m o l d a g e m p o d e t e r i n f l u e n c i a d o o s r e s u l t a d o s . O u s o de
equipamentos de extrusão permitiria o uso de maiores teores de
um idade com provável melhora dos resultados.

6. A adição de c in za o c a s i o n a a u m e n t o na p o r o s i d a d e e absorção,
com c o n s e q u e n t e re d u ç ã o da m assa e sp ecífica a p ar e n te do material
c e r â m i c o . E s t e r e s u l t a d o c o n f e r e ao m a t e r i a l g a n h o n a s p r o p r i e d a d e s
t é r m i c a s , além de o c a s i o n a r m e n o r p e s o p o r m e t r o li n e a r de p a r e d e .

7. Por outro lado, esta maior porosidade ocasiona também o


a p a r e c i m e n t o d e m a i o r e s t a x a s d e s u c ç ã o i n i c i a l e m e n o r e s v a l o r e s de
resistência à compressão. Em relação à taxa de s u c ç ã o inicial, os
a l t o s v a l o r e s e n c o n t r a d o s p o d e m te r sido i n f l u e n c i a d o s pel a f o r m a do
c o r p o de p r o v a u s a d o . Q u a n t o à r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o , e m b o r a a
redução, os valores mantiveram-se dentro das especificações das
n o r m a s d a A B N T . C o n s i d e r a n d o q u e o t i p o d e m a t e r i a l p r o d u z i d o na
região é utilizado apenas para paredes de vedação, esta
c a ra c te rís tic a mecânica diminui de im portância.

8. O s r e s u l t a d o s d e r e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o n ã o c o n f e r e m c o m os
o b s e r v a d o s na l i t e r a t u r a . A e x p l i c a ç ã o p o d e e s t a r no f a t o de t e r - s e
55

u s a d o u m a a r g i l a n ã o a d e q u a d a a f a b r i c a ç ã o d e m a t e r i a l c e r â m i c o de
grande resistência.

9. Os resultados mostraram que não houve praticamente diferença


e n t r e as a m o s t r a s f a b r i c a d a s c o m c i n z a v o l a n t e e a q u e l a s c o m c i n z a
pesada. Pode-se concluir que esta última também pode ser usada
m i s t u r a d a na a rg il a p a r a a f a b r i c a ç ã o de p r o d u t o s c e r â m ic o s .

L e v a n d o - s e em c o n s i d e r a ç ã o as c o n c l u s õ e s acima, pode-se
concluir que o uso de cinza pesada misturada na argila para a
f a b r i c a ç ã o de p r o d u t o s c e r â m i c o s é viá vel e a p a r e c e como um a boa
alternativa para as i n d ú s t r i a s das regiões carboníferas. Da mesma
forma, aparece como uma alternativa econômica e eficiente para a
d i m i n u i ç ã o d os p r o b l e m a s de p o l u i ç ã o da r e g iã o .

Para a efetiva utilização deste processo, no entanto,


re c o m e n d a -s e ainda o d esenvolvim ento dos seguintes trabalhos:

. D e s e n v o l v i m e n t o d e t e s t e s de l a b o r a t ó r i o u t i l i z a n d o - s e o p r o c e s s o
de e x t r u s ã o p a r a a m o l d a g e m ;

. A n á l i s e m a is d e t a l h a d a da c i n z a p a r a a v e r i f i c a ç ã o da e x i s t ê n c i a ou
n ã o d e c o m p o n e n t e s q u e p o s s a m o c a s i o n a r p r o b l e m a s p a t o l ó g i c o s na
alvenaria, tais como sulfatos;

F a b r i c a ç ã o de b l o c o s c e r â m i c o s em o l a r i a da r e g i ã o pa ra v e r i f i c a r
a v i a b i l i d a d e do p r o c e s s o na p r á t i c a ;

V e r i f i c a ç ã o d a p o s s i b i l i d a d e d a u t i l i z a ç ã o d e c i n z a na f a b r i c a ç ã o d e
t e l h a s , d e v i d o ao a u m e n t o de p o r o s i d a d e q u e o c a s i o n a ;
56

Estudo da viabilidade econômica da utilização de cinzas na


f a b r i c a ç ã o de m a t e r i a i s c e r â m i c o s . A l g u n s a s p e c t o s que d e v e r ã o ser
considerados são a redução dos g asto s com energia, desgaste das
marombas, a u m e n t o de v e l o c i d a d e de p r o d u ç ã o , d is tâ n c i a da olaria
ao p o n t o de c o l e t a de c i n z a , c u s t o da c i n z a , etc.
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