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A invenção da vida como obra de arte: o anarquismo em Hélio Oiticica

Beatriz Scigliano Carneiro*

Resumo:
Dentre as vertentes libertárias do século XIX, a especificidade anarquista residia
na importância da atitude individual como uma força de enfrentamento às
autoridades centralizadas, tanto do Estado, quanto de várias outras instâncias
sociais, impulsionada pela vivência das situações compartilhadas coletivamente.
No século XX, a ação estatal e das organizações partidárias, mesmo as de
emancipação de trabalhadores, colocou os anarquistas à margem dos confrontos
em torno das decisões políticas para a sociedade. Assim, a resistência anarquista
passa a se efetivar por práticas pontuais de liberação, nas quais interessa a
construção de modos de existência ética para que autoridade e hierarquia não
ressurjam ou ao menos se desestabilizem. Simultaneamente, pensadores
questionavam o humanismo, o assujeitamento e a universalidade de projetos
emancipatórios, desafiando os anarquismos a se fazerem novos, especialmente
durante a atmosfera libertária dos anos 1960. O ponto chave de resistência ao
poder político estaria na relação verdadeira de si para consigo, na constituição de
uma ética e uma estética da existência (Foucault). Como exemplo da invenção de
uma ética individual anarquista expandindo-se ao coletivo em práticas de
liberdade, sem se tornar modelo, apresenta-se aqui a trajetória da vida e arte de
Hélio Oiticica (1937-1980), neto do anarquista brasileiro José Oiticica (1882-1957).
Palavras-chave: anarquismos, estética da existência, arte, resistência, liberação
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“De corpo e alma” - respondeu Hélio Oiticica ao ser perguntado se seria um
anarquista, em reportagem da revista de banca de jornal A Cigarra em 1966. 1
Raras vezes ele se declarou explicitamente anarquista, mas sua vida-obra de arte,
suas experimentações estéticas e éticas mostraram que prescindia da enunciação
dessas dez letras como anúncio de suas atividades. Neto de José Oiticica que foi
um atuante anarquista brasileiro, Hélio é herdeiro sem a herança do anarquismo.

1. A herança: anarquismos
José Oiticica (1882-1957), avô de Hélio, já era um homem maduro, casado e com
filhos, quando em 1913, subiu as escadas da sede da Federação Operária, para
incorporar-se nessa organização anarquista do Rio de Janeiro. Pertencia a uma
família de latifundiários, cujos membros também atuavam na ciência, no Direito,

* Bacharel, mestre, doutora e pós-doutora em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. È pesquisadora no Nu-Sol.Núcleo de Sociabilidade Libertária. PEPGCS-PUC-SP
Endereço: Rua Elvira Ferraz, 43. CEP 04552-040. São Paulo SP Brasil. Tel.: 55 11 38454944
E-mail : bscigliano@yahoo.com
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1
Projeto HO Catalogue Raisonné. Documento n° 0246.66. p 1-2. Entrevista a Marisa Alves de Lima.

1
na literatura e na política do Império e na instauração da República brasileira.
Desde muito jovem, publicava na imprensa artigos expressando preocupações
políticas e sociais. Em 1901, um artigo no jornal Cidade do Rio mostrava seu
jovem autor preocupado com os efeitos da proteção estatal no caráter dos
indivíduos:
“Por um instinto natural, que na alma dos governados se acende, a visão do
Estado aparece como uma entidade absoluta, como um protetor infalível, em
cujas funções variadas se conta a de auxiliar os indivíduos e as corporações
naquilo que cada qual empreende por si. [...] Quando, na observância de um
bom critério, lhes nega o erário público a quota desejada, as iras explodem
com as maldições descabidas e as imprecações assustadoras, a que se
seguem o marasmo e a inércia, a apatia e a negligência. [...] A conclusão a
tirar é que à iniciativa do Estado, sempre nociva, cumpre substituir a iniciativa
particular, sempre reveladora”. 2
Em 1912, como resultado de suas reflexões e experiência como educador, expôs
uma nova teoria sobre o Estado para seu primo, o jornalista Ildefonso Falcão, a
que este retrucou: “Mas isso já existe. É anarquismo puro!” José Oiticica não quis
acreditar, pois para ele anarquismo seria uma “espécie de seita cujos partidários
pretendem endireitar o mundo destruindo-o à bomba”. 3 Após ler diversas
publicações, entre elas, “Temps Nouveaux” e “Revista Blanca” de Barcelona,
convenceu-se de que sua ‘descoberta’ estava já sendo praticada há algum tempo,
inclusive nas questões ligadas à educação de crianças e jovens. Então, decidiu
tomar parte ativa no movimento anarquista e construir sua vida em conformidade
com ideais libertários e imediatamente procurou contato com os grupos existentes
no Rio.
Participou do movimento da Federação Operária, fundou a Liga AntiClerical do Rio
de Janeiro e esteve presente em diversas manifestações públicas e em
enfrentamentos com a polícia. Por diversas vezes foi preso. Em 1918, foi acusado
por delatores infiltrados de ser o líder de uma conspiração para explodir com o
Palácio do Governo em Insurreição que abalou a cidade do Rio de Janeiro
naquele ano. No governo de Artur Bernardes passou um longo período contínuo
na prisão, dois anos em 1924 e 1925. Sofreu também prisões e detenções sob os
governos de Wenceslau Brás, Washington Luis e, principalmente, Getúlio Vargas.
Fundou o jornal Spartacus em 1919, e Ação Direta em 1929, interrompido meses
depois e retomado a partir de 1946. “Só a ação direta abala tronos, ameaça tiaras,
convolve mundos.Só ela, principalmente, educa e fortifica o povo espoliado, na
sua luta milenar”. 4 Foi professor de português no Colégio D.Pedro II no Rio de
Janeiro, poeta e músico. Faleceu subitamente, em 1957.
O anarquismo no Brasil deixara de ser força atuante no debate político a partir dos
anos 30. Os grupos não desapareceram, mas foram desbaratados e neutralizados
pelo Estado e pelas organizações partidárias, incluindo-se o Partido Comunista
2
J.OITICICA, Iniciativa Particular, Ação Direta, Rio de Janeiro: Germinal, 1970p 41-43. Artigo publicado
na Cidade do Rio, em 6/5/1901.
3
R.. NEVES. Prefácio:José Oiticica, in J. Oiticica, Op.Cit, p. 25
4
J. OITICICA. Ação Direta, op.cit. p.107. Artigo publicado como editorial do jornal em 1946.

2
que arregimentou diversos anarquistas, inclusive companheiros das lutas de José
Oiticica, como Astrogildo Pereira e Otávio Brandão. Entretanto, durante toda sua
vida, desde 1913, José Oiticica nunca abdicou do anarquismo, auxiliava famílias
de correligionários, ajudava fugas, escondia perseguidos pela polícia em sua casa,
além da publicação de artigos, livros e jornais e de contundente participação em
manifestações. 5
Ao explicar a ação direta — o método específico da atuação anarquista na vida e
na política — José Oiticica a situou junto às atitudes dos primeiros abolicionistas
brasileiros que, ao esconder e defender escravos que fugiam do cativeiro,
enfrentavam as leis, a justiça e a polícia da época. “Ação Direta é a voz única das
reivindicações, a de Spartacus revoltando gladiadores; [...] a dos abolicionistas
brasileiros protegendo os escravos e concitando os moços, obrigando o Império a
decretar a lei 13 de maio.” 6 A ação direta promove a iniciativa individual ou
coletiva ao prescindir de mediações e representantes e exigir maior
responsabilidade nas atitudes e nas conseqüências dos seus atos. A ação
libertária exige também uma postura pessoal libertária.
“ Libertar os homens do patrão é muito, mas não é tudo. Cumpre arrancá-los
à tutela dos guias políticos e religiosos; e à tirania das ‘morais’, criações de
opressores para fanatizar escravos. Destarte não compreendemos um
revolucionário cuja ação promana de uma servidão. Como instituir um regime
livre, se não nos desvencilhamos das algemas tradicionais? Como pretender
uma vida livre, se vivemos impondo regras e ouvindo ordens? Como desejar
o homem ‘por si’, habituando-nos, a nós e aos outros, a disciplinas
vexatórias, censuras obsoletas e punições degradantes?” 7
José Oiticica pauta-se por um principio, a fé na capacidade do homem em ser
autônomo, se aprimorar e se auto-governar. O anarquismo lhe pareceu doutrina e
prática capaz de fazer expandir essa capacidade. Desse modo, enfatiza as
escolhas individuais, a coragem de experimentar o próprio caminho, necessária à
prática da liberdade.
“Só o indivíduo tem o direito de dirigir seu raciocínio, regular sua linguagem,
enfrentar seu estilo, moderar seu juízo, orientar sua ação. (…) [O
anarquismo] repele o regime carcerário do capitalismo, condena as fábricas
de doutores, padres, militares, homens vazados num molde único,
manequins talhados num só modelo, manipanços cujo enchimento é a
mesma palha seca.” 8
A prática da ação direta convulsiona hierarquias, inclusive as ligadas ao saber e à
produção cultural. Não é ação espontânea, pois considera conseqüências com
atenção. O anarquismo age no presente e assim possibilita cuidar que as
hierarquias não se reconstruam nem se aprimorem com críticas bem
intencionadas ou simples trocas de nomenclatura. Não basta uma liberação e uma

5
E. RODRIGUES, Os Libertários, Rio de Janeiro: VJR Editores Associados, 1993. passim
6
J. OITICICA. Ação Direta, op.cit. p.107. Artigo publicado como editorial do jornal em 1946.
7
J. OITICICA, Contra o sectarismo, Ação Direta, p. 97.
8
J. OITICICA, Contra o sectarismo, Ação Direta, p. 96.

3
revolta, mas interessa a construção positiva de modos de existência ética para
que a autoridade não ressurja. “O anarquismo expressa a verdade das sociedades
sem soberanos; não pretende uma sociedade única, mas miríades de
sociedades”. 9
Anarquismo brota como erva selvagem, as sementes e gemas parecem trazidas
pelo ar ou pelas águas, sempre que se estimulam “experiências que potencializam
a liberdade” 10 e se recusa a autoridade. Nos anos 60, o anarquismo torna-se mais
visível, não apenas no Brasil. 1968 seria um ano emblemático de protestos
simultâneos em todo mundo contrapondo-se a situações sociais e políticas
diversas: ditaduras, guerras, instituições como manicômios, prisões, escolas,
comportamentos arcaicos. Protestos que surgiam de pequenos grupos, muitas
vezes á revelia de grandes organizações políticas, como os partidos, e por
diversas vezes boicotados por elas, de depois se expandiam.
Dentre as práticas revolucionárias que emergiram no século XIX, o anarquismo
reúne ações de recusa a hierarquias e ao Estado. As diversas vertentes
anarquistas se diferenciam pela importância que cada uma atribui às iniciativas e
ao papel do indivíduo nas lutas sociais. Em geral há uma concepção otimista de
uma natureza humana intrinsecamente solidária, que se deturpa pelas condições
sociais de competição econômica e hierarquização política.
No final do século XX, esse humanismo anarquista começou a ser contestado,
assim como uma visão de ser humano e ideais de liberdade como valores
universais. Na realidade a própria concepção universal de ser humano foi
desmontada por pensadores diversos, entre eles, Foucault. Abriu-se caminho para
uma reflexão no interior do anarquismo acerca do rompimento com a metafísica e
com ontologias. A resistência ao poder no anarquismo sempre havia ocorrido por
utopias, pela recusa o poder em nome de um ideal de reforma ou aprimoramento
de uma liberdade individual. Com esta demolição de princípios ideais, a oposição
à dominação exigiu respostas que lidam com situações efetivamente vividas do
modo como elas se apresentam, e não encaradas como representantes de
situações previsíveis e modelares. Assim o anarquismo ganhou uma vertente
experimental, não utópica, mas heterotópica, 11 efetivamente vivenciada. Não mais
um anarquismo de idéias e ou atos baseados em princípios universais, não mais
anarquismo de almas livres, mas um anarquismo incorporado, anarquismo de
corpos livres.

2. Hélio Oiticica
A herança do anarquismo atravessa esse herdeiro, mas este não herda, inventa o
próprio legado e mostra-se como exemplo da realização libertária. Exemplo único,
que não se põe como modelar, apenas demonstra que ser livre não é utopia, que

9
E. PASSETTI. Anarquismos. Libertárias. São Paulo. Nº 5, dez 1999, p.6.
10
Idem.
11
E. PASSETTI. Vivendo e revirando-se; heterotopias libertárias na sociedade de controle. In Verve 4 Revista
Semestral do Nu-Sol, Núcleo de Sociabilidade Libertária, outubro 2003, pp. 32-53.

4
não há pureza ideal, nem liberdade abstrata, mas corpos em embates diários para
efetivar o que se quer e o que se precisa fazer como arte e na vida.
Antes de apresentar momentos do anarquismo e Hélio Oiticica, cabe uma breve
biografia deste. Nascido no Rio de Janeiro em 1937, aos 17 anos, iniciou sua
formação artística com Ivan Serpa em um curso livre de pintura e logo começou a
realizar exposições com o Grupo Frente, reunido pelo professor. A seguir integrou
o grupo Neoconcreto, junto com outros artistas, incluindo Ligia Clark e Ligia Pape,
interlocutores de uma intensa conversação artística.
Em final dos anos 50, começou a pesquisar a transição da tela para o espaço
circundante realizando obras tridimensionais, os Bilaterais e Relevos Espaciais
(1959), superfícies de madeira pintadas penduradas no teto. Em 1960, realiza
obras que contam com a participação do espectador: os Núcleos, placas
penduradas a serem movidas e Penetráveis, placas móveis em construções de
madeira.
Em 1963, desenvolve obras que “buscam a pintura depois do quadro” e chega
assim aos Bólides: caixas ou vidros que precisam ser manipulados revelando
formas e pigmentos, poemas e imagens. A partir de 1963, Hélio marcou-se pelo
encontro com a escola de samba da Mangueira, na qual se tornou passista.
Apresentados no Museu de Arte Moderna do Rio Janeiro em 1965, surgem os
Parangolés, capas e estruturas vestíveis e seus trabalhos ampliaram-se para o
espaço, exigindo a participação ativa do público na própria realização da obra. A
partir desse momento, inaugura o que denomina “programa ambiental”, que reúne
todos os elementos da criação, como palavra, luz, cor, ação, construção,
apropriação e outros que podem surgir na “ânsia inventiva” tanto do artista quanto
do participador da obra. 12 Nela se inclui a manifestação social com posições éticas
manifestadas pelo comportamento individual. Arte deixa de ser circunscrita à
pintura, escultura, literatura, etc e se manifesta e se expande integralmente no
espaço, com a presença ativa do outro, do chamado espectador, que agora se
torna participador.
Em 1967, Hélio apresentou no MAM-RJ, um conjunto de Penetráveis, denominado
Tropicália, que acabou nomeando um período da música popular brasileira.
Realizou, em 1969, uma imensa exposição na Galeria Whitechapel em Londres
onde diversos ambientes foram criados, entre eles um conjunto de penetráveis
intitulado Éden.
Em 1970, decidiu residir em Nova Iorque. Dentro dos locais onde morou, construiu
os Ninhos, onde acolhia hóspedes e visitantes, e que fora uma obra anteriormente
apresentada em uma galeria de Sussex, Inglaterra. Em Nova Iorque, elaborou
Parangolés, proposições performáticas, esboços e diversas maquetes de
Penetráveis, programas do que denominou quasi-cinema, como Cosmococa –
programa in progress, em parceria com o cineasta Neville de Almeida. Este
programa assinala também um outro momento de inflexão da vida obra de Hélio.
O impulso que este trabalho lhe deu para prosseguir com novas propostas está
aqui registrado: “quanto à minha experiência-programa de 13 de março de 1973
12
H. OITICICA. Aspiro ao Grande Labirinto, p 78.

5
(primeira sessão: CC1) em diante foi concretização de MUNDO-INVENÇÃO q me
modificou vida e comportamento e conduziu a multiplicidade de propostas q
iniciara nestes anos-obra a conseqüências radicais e maiores”. 13
A necessidade de algum mito é superada definitivamente, pois o trabalho se abre
a operações do acaso sem abandonar o rigor construtivo, renovando-se a cada
dia, fazendo-se e desfazendo-se, similar também ao ato de coletar objetos nas
ruas nas andanças que Hélio realizava pela cidade. O potencial mítico cedeu à
experimentação exatamente pelo movimento do corpo. Aqui em Cosmococa –
programa in progress não mais dança apenas, mas imagem, conceitos, sensações
diversas foram aglutinadas em cada Bloco experimental e expandidas para fora do
limite de um espaço determinado. Uma obra que a cada montagem é nova. No
entanto, a primeira montagem de algum bloco de Cosmococa ocorreu apenas em
1992, em Roterdam, na grande retrospectiva póstuma de Hélio.
Retornou ao Brasil em 1978, retomando sua presença no circuito local das artes,
inventando e participando de eventos coletivos, apresentando novos penetráveis e
tentando viabilizar projetos a serem construídos em áreas públicas. Faleceu em
março de 1980. Atualmente sua obra tem sido reavaliada no circuito internacional
e ocupa lugar de destaque na arte mundial.
Em Hélio não há cisão entre a invenção de formas artísticas e a invenção e
construção de si mesmo, a obra tornou-se registro da construção de sua vida e da
mobilização para realizá-la. A sucessão de obras é para fazer inteligível o que sou,
eu passo a me conhecer através do que faço, na realidade eu não sei o eu sou,
porque se é invenção eu não posso saber. 14 Não saber quem se é, assim como
não saber o que seriam as coisas, demandam a invenção — não há pressuposto
de uma verdade intrínseca de si ou de um princípio essencial das coisas, a ser
revelados pelo ato criativo. Assim, foi se afastando desta concepção idealista de
que a obra de arte se assemelharia a um modelo, ou representaria uma idéia
prévia, originária — concepção ainda presente nos seus trabalhos ao lado dos
grupos Frente e Neoconcreto. Hélio ainda pensava estar se aproximando da
“vontade de um novo mito” e buscava o que ele mesmo definiu como a “ontologia
da obra”, a partir da “análise da sua gênese”. 15
A atividade artística, do Parangolé em diante, passou a lhe fornecer as
experiências vivenciais que lhe possibilitaram outras transformações, além da
instauração do Programa Ambiental. “Não quero nunca mais descolar minhas
experiências da vida real”. 16 Referia-se aqui aos desdobramentos das suas
experiências ligadas à concepção de Supra Sensorial – dilatamento das
capacidades sensoriais habituais visando a “descoberta”, pelo participante das
proposições de arte. Hélio percebeu que “A própria vida deve ser continuação de

13
H. OITICICA. Manuscrito de 1974. Projeto HO.
14
Ivan Cardoso entrevista Hélio Oiticica – depoimento para o filme HO de 1979 In I. CARDOSO &R.
LUCCHETTI, Op.cit., p. 77.
15
H. OITICICA. Aspiro ao Grande Labirinto, p. 68-69.
16
H. OITICICA, Carta a Guy Brett, de 2 de abril de 1968, Hélio Oiticica-Catálogo, p. 135.

6
toda experiência estética, na sua totalidade, sem que nada seja deixado de lado
de modo intelectual”. 17
Voltou-se para a invenção e experimentações no espaço: “sinto que agora não
estou mais no processo de digerir coisas, mas de jorrar sobre o ambiente”. 18 Em
carta para a amiga Lygia Clark declarou: “encerrei minha época de fundar coisas,
para entrar nessa bem mais complexa de expandir energias, como uma forma de
conhecimento além da arte, expansão vital. No que vai dar, não sei, mas também
há 10 anos não sabia no que dariam as primeiras coisas ambientais”. 19 Nos seus
últimos anos, Oiticica preferiu o termo invenção à palavra criação; ele se sabia um
inventor. Os Penetráveis, Núcleos, Bólides, Parangolés, “essas obras todas têm
sido o prelúdio do que eu chamo de novo, o que há de vir. O novo seria para mim
a emergência do estado de invenção, no qual eu cheguei, que ele se torne um
mundo, um edifício sólido e coletivo”. 20 Em 1978, assinalou: “não existe idéia
separada do objeto, nunca existiu, o que existe é a invenção”. 21
A trajetória dessa obra, que também foi a construção da própria vida como arte e
por meio da atividade artística, não herda, mas inventa anarquismos. São aqui
mostrados brevemente três momentos da ligação anarquismo e Hélio. Um reúne
comentários de críticos de arte sobre o anarquismo do artista. Outro trata da
formação, da educação numa família anarquista, que não explica, muito menos
“causa” a obra libertária de Hélio, mas se realiza nela. Por fim, um pouco do que
Hélio mostra de seu anarquismo e a importância disso para a prática libertária.
As idéias correntes dos críticos e estudiosos de arte, contemporâneos de Oiticica,
ou atuais, mostram que estes desconhecem, ou compreendem pouco, o rigor da
prática anarquista. Vulgarizam o anarquismo como falta de estrutura e
desregramento em nome de uma liberação catártica de impulsos sem relação com
a situação vivida. Não conseguem dar conta da organização de Hélio e da
associação anarquista, e assim denunciam uma contradição comportamental
quando percebem o rigor das proposições.
A recusa de Oiticica em confundir participação do espectador com catarse ou
respostas estereotipadas de dessublimação foi muitas vezes considerada como
imposição “de um código de participação”, como construção “de um modelo de
participação”, 22 e portanto como contradição a uma suposta apologia de liberdade
“total” atribuída a Hélio. A liberdade anarquista, porém, envolve atenção às
condições presentes, é prática ética, e não “catártica”. Ser livre como prática difere
da liberdade como meta utópica. Atitudes para além de resistência ao poder

17
H. OITICICA, Carta a Guy Brett, de 2 de abril de 1968, Hélio Oiticica-Catálogo, p. 135.
18
H. OITICICA, Carta a Guy Brett, de 2 de abril de 1968, Hélio Oiticica-Catálogo, p. 135
19
Carta de 16/05/1970, L. CLARK & H. OITICICA Cartas, p. 129
20
Ivan Cardoso entrevista Hélio Oiticica - depoimento para o filme HO de 1979 In I. CARDOSO & R.
LUCCHETTI, Op.cit., p.81.
21
Ivan Cardoso entrevista Hélio Oiticica –depoimento para o filme HO de 1979 In I. CARDOSO & R.
LUCCHETTI, Op.cit., p. 68
22
M. J. JUSTINO. Seja marginal, seja herói: modernidade e pós-modernidade em Hélio Oiticica. Curitiba:
Editora da UFPR, 1998, p. 128.

7
fazem-se necessárias, experimentação sem idealizações interessa. Liberdade é
prática de liberdade, a dança é a dança que se dança..
O compartilhamento coletivo das obras deflagrado pelas proposições de Hélio
exige tal postura — posicionamento, e não uma atuação falseada por algum
modelo de “des-repressão” — e desse compromisso o artista não abria mão ao
apresentá-las aos participadores. A linha é tênue, mas situações concretas, e não
descrições a priori, mostrariam o que seria uma participação estereotipada e uma
outra decorrente de vivência sincera
Mesmo um jornalista atento como Harry Laus, ao observar o cuidado de Hélio em
montar a primeira mostra individual na Galeria G-4 em 1966, conclui: Mas
consideramos que seu [de Hélio] anarquismo é mais mental do que ativo. Um
anarquista não se deteria a construir uma exposição que exige disciplina e
dedicação. 23
Uma exceção a esses comentários encontra-se em Mário Pedrosa. Em artigo de
1966, comentando a mesma exposição na Galeria G-4 percebera: A beleza, o
pecado, a revolta, o amor dão à arte deste rapaz um acento novo na arte
brasileira. Não adiantam admoestações morais. Se querem antecedentes, talvez
este seja um: Hélio é neto de anarquista. 24
No entanto, investigar em que medida ser neto de Jose Oiticica influenciou a obra
pode recair em busca de uma gênese explicativa para uma vida obra intensa e
plena de experiências diversas e múltiplas, entre as quais está ser neto de um
libertário. O comentário de Pedrosa aponta para a resistência anarquista às
determinações hierárquicas e gerais de uma coletividade abstrata. Sugere um
aspecto caro ao anarquismo: a importância da ação do indivíduo.
A família de Hélio consolidou um estilo de vida libertário na vivência cotidiana. Um
aspecto do anarquismo muito valorizado e praticado “trata do exemplo como
sendo a melhor das propagandas, seja ela oral ou escrita. Trata-se da ‘vida vivida’
do anarquista como sendo a mais eficaz expressão em detrimento do mais
completo sistema ou programa de idéias” 25 Não havia proselitismo de princípios,
mas práticas diárias.
No ambiente familiar havia respeito e incentivo às diversas brincadeiras e
realizações infantis. Antes de tudo, a educação de Hélio e dos irmãos, César e
Cláudio, foi realizada em casa em função da postura anarquista de recusa efetiva
da educação oficial do Estado. Sobre como isso pode ter influenciado, escreve
Hélio: Não cursar o primário num colégio mas na fase de ler e escrever tê-lo feito
em casa largado at whim [de veneta] (meu pai era contra todo tipo de ensino –
talvez o fosse – era cético) (…) pode ter sido q isso me haja possibilitado um tipo
de não condicionamento excessivo a certos tipos de comportamento ajustado (…)
passei com o tempo a amar o desajuste como se fôra algo precioso e raro: meu

23
Projeto HO. Documento n° 0640-66. Harry LAUS, Oiticica: Marginal das Artes Jornal do Brasil, RJ.
20/07/1966.
24
M. PEDROSA. Arte Ambiental, Arte Pós-Moderna: Hélio Oiticica, Dos Murais de Portinari aos Espaços
de Brasília, p. 209
25
N. AVELINO. Anarquistas: ética e ontologia de existências. Rio de Janeiro: Achiamé. 2004. p. 34.

8
poder de poder experimentar. 26 A escola entrou na vida dos irmãos Oiticica
apenas em Washington, em 1947, quando o pai, José Oiticica Filho, ganhou bolsa
Guggenheim para aprimorar estudos científicos. Hélio cursou alguns anos de
colégio no Brasil, mas permaneceu autodidata.
O exercício das possibilidades foi aprendido com seu pai que lhe ensinou que:
“tudo pode ser feito. Não se prenda ao não pode.” 27 Uma educação anarquista
prioriza a experiência direta em detrimento de obediência ou assimilação passiva.
Há um duplo sentido nesse “tudo pode”. Tem um sentido de tudo é permitido,
entretanto tal regra não tem ressonância em uma educação sem proibições
abstratas. Um “não poder” decorrente de uma vivência verdadeira não implica
perda de liberdade. O exercício da liberdade já existia ao se chegar ao limite da
situação. Fazer algo “sempre pode” como realização de capacidades existentes
em condições concretas. Em ambos sentidos, a presença da vontade, do “eu
quero”, se transforma em um “eu faço”.
O estilo de vida em que Hélio se formou, estimulado pela prática anarquista,
difundia as escolhas individuais, a coragem de experimentar o próprio caminho,
necessária à prática da liberdade, combatendo os fardos morais.
A linha de força mais importante da ligação anarquismo e Hélio Oiticica consiste
no que ele mesmo construiu na vida e na obra. Aqui essa ligação aparece nas
palavras de Hélio em alguns momentos de seu percurso. Sem pretensão de
esgotar o assunto, mas ampliá-lo,
No final dos anos 60, Hélio vislumbrou realizar o que denominou Barracão, reunir
um grupo de pessoas que escolheram viver em comunidade, decididas a
experimentar a vida como obra de arte. Em texto de 1968, afirmou que “a idéia se
orienta em direção da necessidade de uma nova comunidade, (…) não para fazer
obras de arte, mas algo como a experiência da vida real – todo tipo de
experiências que poderia levar a um novo sentido de vida e sociedade – um modo
de construir um ambiente para a própria vida baseada na premissa que a energia
criativa é inerente a cada um. O ponto objetivo seria a construção de um casarão
de madeira como os da favela onde as pessoas se sentiriam em casa”. 28 Segundo
ele, haveria uma energia criativa em cada um, cabendo ao artista insuflá-la. Para o
anarquismo, a liberdade do outro não limita a liberdade de um indivíduo, mas a
expande ou intensifica.
Depois da exposição em WhiteChapel e outras experiências na Inglaterra,
inclusive ter participado de um espetáculo do Living Theatre, Hélio retornou ao
Brasil decidido a montar sua comunidade no Rio, pois percebera que “se uma
prática não é repetida ou agrupada, a comunicação se torna limitada.” 29 Na
comunidade a ser criada, segundo Hélio, “todas as experiências comunicativas
poderão entrar em um contexto real: não farei concessões; roupa, vida diária, etc.
tudo se torna para mim um experiência reveladora; por isso sua prática me

26
H. OITICICA, Manuscritos, setembro de 1973, Caderno. Projeto HO.
27
W. SALOMÃO, Qualé o Parangolé? Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996 p. 12
28
H. OITICICA, Carta a Guy Brett, de 2 de abril de 1968, Hélio Oiticica-Catálogo, p. 135..
29
Carta a Ligia Clark 27/6/69, In p.124

9
interessa mesmo.” 30 No entanto, em 1970, as condições políticas no Brasil e de
sua vida cotidiana contribuíram para sua decisão de residir em Nova Iorque.
Estas proposições de Hélio para construir uma vida comunitária não procedem de
um modismo dos anos 1960, inspiradas em movimentos jovens, mas são
antecedidas por um sonho libertário.
“Meu avô tinha um sonho: transformar morar numa casa q fosse TEATRO de
PERFORMANCE MUSICAL: não importa: muita gente já viveu SONHO VIDA-
TEATRO q na verdade seria como CASA-TEATRO comunizar palco-platéia-
performance no dia a dia: tão distante e tão perto do q eu quero:
SHELTER/BARRACÃO/MANIFESTAÇÕESAMBIENTAIS/BABYLONESTS (...) —
mas SHELTER-PERFORMANCE não estaria tão perto do sonho antigo do meu
avô? E tão longe!?: porque houve WOODSTOCK e como minha amiga ANNE
me dizia ontem houve mil e uma “de ruas” AMSTERDAM, WRIGHT, LONDRES
e TODA INGLATERRA USA DINAMARCA ALEMANHA etc. e WOODSTOCK é o
ambiente planetário
TERRA tornado
SHELTER” 31
A vida sendo continuação da experiência estética implica deslocamentos ao
inesperado da experiência inacabada e sem referência a metas externas. Em
1968, Hélio escrevia sobre suas: “Obviamente tais idéias [intenções de formar
comunidades] são o começo de algo que não sei o que será, precisam tomar
corpo, (...) mas valem a pena ser experimentadas”. 32 As práticas experimentais,
efetivamente vividas, jamais poderiam levar à essência de coisa alguma.
Não criou a Comunidade do sonho, mas nos dois endereços nova-iorquinos, Hélio
instaurou com os amigos o que se podem denominar comunidades provisórias,
movidas por uma convivência ética e pela convergência de interesses no cotidiano
e na realização de trabalhos em parcerias. O acontecimento Woodstock e a saída
para as ruas de manifestações coletivas mostraram a necessidade de expandir
ações libertárias para espaços abertos. O mundo seria o abrigo (shelter).
O sonho da casa teatro do avô fazia parte da vontade de uma vida-teatro em que
não houvesse mais separação palco-platéia, arte e vida. Julian Beck e Judith
Malina do Living Theatre obtiveram um exemplar do livro de José Oiticica, Ação
Direta, quando vieram ao Brasil. Hélio conheceu Julian e Judith em Nova Iorque 33
e se surpreendeu quando encontrou no livro de Julian Beck, The life of the theatre
uma citação do avô: The maximum happiness of one depends on the maximum
happiness of all 34 [A alegria máxima de um depende da alegria máxima de todos]

30
Idem, p.124-125.
31
H. OITICICA Mundo abrigo, 22 jul. 73. Projeto HO 0194-73 Escrito no dia do aniversário de José Oiticica.
32
H. OITICICA, Carta a Guy Brett, de 2 de abril de 1968, Hélio Oiticica-Catálogo, p. 135..
33
Projeto HO. Carta a Antonio Manuel, de 28 de novembro de 1972.
34
J. BECK. The Life of the Theatre: The Relation of the Artist to the Struggle of the People. New York:
.Limelight Editions, 1986. p 232.

10
Não bastava ser livre na criação artística e no abrigo de uma célula fechada da
arte, os abrigos para Hélio eram ninhos, provisórios recantos de gestação de
propostas para serem expandidas e espalhadas pela TERRA tornado SHELTER.
A não separação entre arte e vida atravessa o anarquismo e as práticas libertárias
desde o século XIX. Não apenas Oscar Wilde (1854-1900), inventor da expressão
“fazer da vida obra de arte” como mote de sua vida, mas diversos escritores e
artistas declaradamente anarquistas ou não, que lotavam cafés literários,
lançavam revistas, criavam associações diversas, realizavam-se como arte.
Gerard Lacaze-Duthiers (1876-1958), para dar um exemplo pouco divulgado,
inventou o termo “artistocrata” para descrever o anarquista artista, “O artistocrata é
o indivíduo que faz da sua vida uma obra de arte fazendo a crítica de si mesmo.”
35

Essa vertente de resistência às hierarquias e ao Estado e de apologia do auto-


governo convergiu na direção da estética da existência de Foucault, marcada pela
veemente pergunta: “A vida de cada indivíduo não poderia ser uma obra de arte?”
36
Ao ser perguntado em uma entrevista sobre a afinidade entre sua filosofia e a
arte, Foucault, admitindo que as artes plásticas consistem em uma técnica de si,
em uma prática de transformação de si, respondeu: “Porque um pintor trabalharia
se não fosse para ser transformado por sua pintura?” 37
No entanto, tanto Hélio quanto Foucault queriam algo mais do que uma
transformação pessoal. Para Foucault, cada livro seu o transformava, pois ele não
sabia o que encontraria na pesquisas e na escrita, e se já soubesse não valeria a
pena o esforço. Ao mesmo tempo, para ele, um livro deveria ser “um vento
verdadeiramente material (...) que faz estourar as porta e as janelas”. 38 Ele se
dizia a favor, não de uma destruição, mas “de que se possa passar, de que se
possa avançar, de que se possa fazer caírem os muros”. 39
Desde a formulação do Parangolé como programa ambiental Hélio sabe que suas
propostas trazem uma nova vitalidade, aberta à transformação no espaço e no
tempo. “A vitalidade, individual e coletiva, será o soerguimento de algo sólido e
real.(...). Só derrubando furiosamente poderemos erguer algo válido e palpável: a
nossa realidade.” 40
Por meio de suas obras, Hélio visava atingir, incorporar o outro, dissolver as
barreiras das pessoas à percepção das coisas, desabituá-las de seu dia a dia. A
participação do espectador na realização das proposições artísticas para Hélio ―
assim também como para Ligia Clark e Ligia Pape ― é exercício de
desprogramação e descondicionamento, que tendem a resultar em mudanças de

35
G. LACAZE-DUTHIERS, Artistocrate. Enciclopedie Anarchiste. Disponível em
http://bibliolib.net/article.php3?id_article=352. Acessado em novembro de 2008.
36
M. FOUCAULT. À propos de la généalogie de l’éthique: um aperçu du travail em cours. In Dits et Ecrits
IV, Paris: Gallimard, 1994, p. 392.
37
. M. FOUCAULT. Une Interview de Michel Foucault par Stephen Riggins, In. Op.cit., p. 536.
38
M. FOUCAULT. Apud. PASSETTI, E.; AUGUSTO, A. Aula-Teatro 3: FOUCAULT. In Verve 14. Revista
Semestral do Nu-Sol. PEPGCS-PUC-SP, outubro 2008. p.61.
39
Idem.
40
H. OITICICA. Aspiro ao Grande Labirinto. p.83.

11
atitude perante a vida. Não se trata de conscientizar. Na formulação do Supra-
Sensorial, em 1967, Oiticica propõe que se descondicione pelo dilatamento de
todos os sentidos. 41 Trata-se aqui de invenção de mundos, sem rótulos identitários
que fixem o caminho da experiência, trata-se de liberação e expansão de forças
sempre novas.

Bibliografia

AVELINO, N.. Anarquistas: ética e ontologia de existências. Rio de Janeiro:


Achiamé. 2004.

BECK, J. The Life of the Theatre: The Relation of the Artist to the Struggle of the
People. New York: Limelight Editions, 1986

CARDOSO, Ivan & LUCCHETTI, R. Ivampirismo; o cinema em pânico. Rio de


Janeiro: Brasil-América (EBAL)/ Fundação do Cinema Brasileiro, 1990.

CLARK, Lygia & OITICICA, Hélio. Cartas 1964-74. (organizado por Luciano
Figueiredo), Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1996.

FOUCAULT, M.. À propos de la généalogie de l’éthique: um aperçu du travail em


cours. In Dits et Ecrits IV, Paris: Gallimard, 1994.

____________ Une Interview de Michel Foucault par Stephen Riggins, In. Op.cit.

Hélio Oiticica. Paris: Ministére de l’ Education et de la Culture/ Delegations aux


Arts Plastiques/Jeu de Paume, 1992

JUSTINO, M. J. Seja marginal, seja herói: modernidade e pós-modernidade em


Hélio Oiticica. Curitiba: Editora da UFPR, 1998

LACAZE-DUTHIERS, Gerard. Artistocrate. Enciclopedie Anarchiste.


Disponível em http://bibliolib.net/article.php3?id_article=352.
Acessado em novembro de 2008.

OITICICA, Hélio. Aspiro ao Grande Labirinto. Rio de Janeiro: Rocco. 1986.

OITICICA, José. Ação Direta. Rio de Janeiro: Germinal, 1970.

PASSETTI, Edson. Anarquismos. Libertárias. São Paulo, n. 5, dez.1999.

41
Idem, p. 104.

12
___________ Vivendo e revirando-se: heterotopias libertárias na sociedade de
controle. In Verve 4 Revista Semestral do Nu-Sol, Núcleo de Sociabilidade
Libertária, outubro 2003

PASSETTI, E.; AUGUSTO, A. Aula-Teatro 3: FOUCAULT. In Verve 14. Revista


Semestral do Nu-Sol. PEPGCS-PUC-SP, outubro 2008

PEDROSA, Mário. Dos Murais de Portinari aos Espaços de Brasília, São Paulo:
Perspectiva, 1981.

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RODRIGUES, E. Os Libertários, Rio de Janeiro: VJR Editores Associados, 1993.

SALOMÃO, Waly. Hélio Oiticica: Qualé o Parangolé? Rio de Janeiro: Relume


Dumará, 1996.

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