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Fichamento:

Fonte: OLIVEIRA, Celina C. COSTA, Jose W. MOREIRA, Mércia. Ambientes informatizados de aprendizagem: produção e
avaliação de software educativo. Campinas, SP, 2001. Págs.: 13-60.

Concepções de Conhecimento, prática pedagógica e a utilização do computador no processo de ensino aprendizagem.

O ponto de partida para a abordagem aqui apresentada é o pressuposto de que toda prática pedagógica reflete uma certa
concepção do que seja ensinar e aprender e a indissolubilidade da relação sujeito-objeto do conhecimento para o trabalho
pedagógico do software educativo.

Objeto do livro considerando o uso da informática na educação: que concepções pedagógicas permeiam os programas
educativos disponíveis no mercado brasileiro? Que concepções de produção e utilização de software educativo podem
favorecer os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, a fim de reduzir o risco da otimização das
concepções empirista e racionalista, hoje ainda presentes nos contextos pedagógicos?

Concepção empirista:

A atividade pedagógica centra-se, então, na organização de estímulos adequados e eficientes para a obtenção de respostas
desejáveis a serem premiadas ou reforçadas, a fim de serem mantidas.

Ideias básicas: o conhecimento tem como fonte a experiência sensível e o conteúdo da mente é constituído de ideias –
copias e imagens do mundo real; como a mente humana percebe o mundo real por meios de sentidos, esses elementos
associados uns aos outros, formam a cadeia de conhecimento; as ideias não são inatas, não há possibilidade de
conhecimento fora do que as sensações e percepções possam nos oferecer (homem tábua rasa)

Teorias do condicionamento – Ivan Pavlov – thorndike (psicólogo), esse último tentou demonstrar com suas experiências é
que a aprendizagem é uma questão de se gravarem respostas corretas e de se eliminarem as incorretas pelas consequências
que acarretam o que ocorre por ensaios e erros.

Em 1969 – Watson – Behaviorismo - o comportamento é sempre uma resposta do organismo humano ou animal a um
estímulo presente no meio ambiente. Troca do objeto de estudo da psicologia, que antes era a consciência, a alma e a
mente pelo estudo do comportamento observável, em busca de maior objetividade.

Em 1974 – Skinner – Utilização de reforços como condição para o controle do comportamento humano. Essa abordagem
está refletida nas seguintes posturas pedagógicas: Ênfase na importância do reforço como condição de aprendizagem;
negligenciar outros determinantes da conduta, como os fatores orgânicos, assim como a natureza seletiva das ações do
sujeito; Planejamento centrado nos conteúdos e nas condições e ferramentas externas ao aluno para levá-lo a mudanças de
comportamento; considerar indesejável o erro do aluno, já que o acerto favorecia a utilização de reforços positivos; a
relação dos pares não é valorizada, já que a aprendizagem depende do treino e exercício de cada aluno e memorizar é o
caminho do progresso na aprendizagem; há uma desconsiderações do conhecimentos prévios dos alunos, uma vez que a
aprendizagem é explicada unicamente pela relação estímulo-resposta.

A produção de software educativo vem sendo frequentemente influenciada pela concepção behaviorista de aprendizagem.
Uma opção para lidar com o erro do aluno seria a inclusão de estratégias interativas de ensino que considerem o seu
conhecimento prévio, aumentando assim a viabilidade de sua aprendizagem. O uso de simulações cuja presença poderia
levar o aluno a uma visão prospectiva e antecipadora de dados.

E mais, em que pesem as limitações apontadas no behaviorismo, não se pode negar o seu valor histórico, ja que se procurou
pela primeira vez por essa abordagem a inserção da psicologia no campo das investigações científicas.

Concepção racionalista
Gestalt – 1969 – opõe-se à concepção behaviorista, ao rejeitar a ideia segundo o qual o comportamento decorre de uma
simples relação ente resposta e estímulo, nesta concepção os estímulos só tem sentido se inseridos num campo de
significações no qual a subjetividade predomina.

De acordo com a Gestalt não percebemos as coisas como elas são, mas como as estruturamos, e nossa percepção se dá
segundo alguns dos princípios de organização ou de boa forma; relação figura e fundo, proximidade, boa forma,
fechamento. Todos esses princípios desconsideram totalmente a experiência do indivíduo preceptor.

Pressupostos que mais afeta a área educacional: o conhecimento depende da prontidão do sujeito; a motivação e o erro são
explicados no plano da maturação; o processo pedagógico possa ser ajustado a fase em que o aluno está; cabe ao professor
apenas a facilitação, explicada pela presença de insights; a relação entre os pares não é reconhecida como favorecedora da
aprendizagem, redução da inteligência a capacidade de percepção; conhecimentos prévios negados mas influenciam nos
insights; restrição do conhecimento à organização e reorganização do campo perceptual.

Nas duas perspectivas apresentadas não se recorre ao papel do mediador – professor.

Contribuições da Gestalt para a educação: percebemos inicialmente o todo e não as partes; a nossa percepção é
influenciada por determinadas organizações perceptuais; o amadurecimento do sistema nervoso favorece certas
aprendizagens; as diferenças individuais existem e devem ser levadas em conta o processo de ensino aprendizagem.

Concepção interacionista

Teorias que explicam o conhecimento mediante a contribuição tanto do sujeito quanto dos objetos do conhecimento. O
meio refere-se ao conjunto de objetos com os quais interagimos.

PIAGET

A inteligência é o saldo adaptativo do home nas suas interações com o meio. Egocentrismo infantil, caracteriza-se pela
dificuldade que a criança apresenta, numa certa fase, de diferenciar o seu ponto de vista do ponto de vista do outro. Os
egocentrismos opõem-se a subjetividade, na medida que para ser objetivo o indivíduo dever ser capaz de relativizar o plano
físico e de apresentar uma reciprocidade no plano social. O homem apresenta no seu desenvolvimento 3 tipos de
estruturas: herdadas pela filogênese, as parcialmente programadas e estruturas nada programadas.

A novidade introduzida é o fato de por um lado o ser humano já traz no seu genoma certas possibilidades, por outro,
algumas delas só se concretizam como um resultado das trocas com o meio. A inteligência funciona sempre seriando,
classificando, ordenando ou fazendo implicações. As estruturas lógicas só serão construídas mediante as trocas realizadas
com o meio de conhecimento – gênese – objeto da epistemologia genética.

Par ao autor não há conhecimento sem que haja uma representação do meio em que se vive, uma vez que o conhecimento
depende fundamentalmente da estruturação do vivido. A essência do processo cognitivo é a equilibrarão majorante que
ocorre por reconstruções endógenas, caracterizadas por novas combinações de esquemas já usados num plano anterior. A
assimilação caracteriza a aplicação pelo sujeito de esquemas já formados, motores ou conceituais, às demandas atuais do
meio. Os estágios traduzem as diferentes formas de organização mental expressas nas estruturas cognitivas. O atraso nestes
estágios não é um processo irreversível.

Estagio da inteligência sensório-motora: a inteligência e essencialmente prática e regulada pela percepção.

Estágio da inteligência lógico-concreta: 1 – estágio pré-operatória, aquisição inicial da linguagem e as manifestações do


pensamento intuitivo. Pensamento pré-conceitual inferências particulares, egocêntricas e desprovida de uma objetividade
que integre e coordene todos os dados ou elementos de uma situação qualquer.
Estágio inteligência lógico-formal: o pensamento passa a regular os raciocínios formais e abstratos. Foco do pensamento não
é o objeto real, mas sim o que é logicamente possível. O grande salto cognitivo o real transforma-se apenas em uma das
dimensões daquilo que é considerado possível em quaisquer situações. No SE pelas possibilidades interativas e de mediação
que pode propiciar cada esquema ativado e desafiado para o trabalho com o conteúdo do programa, dependendo de como
seja tratada a resposta do aluno, em muito poderá favorecer aquela experiência educacional.

Vygotsky: Inspirado nas ideias de Marx, enfatizou o caráter transformador da atividade humana, reafirmando a ideia de que
o homem, ao mesmo tempo que age na natureza transformando-a, sofre os efeitos dessa transformação que ele mesmo
promove. Em decorrência da utilização de instrumentos psicológicos – os signos linguísticos que servem de mediadores para
a interação socioafetiva e cognitiva dos indivíduos -, desenvolve suas funções psicológicas superiores, aquelas ligada à
consciência, que marcam o seu desenvolvimento como pessoa – sua ontogênese.

A fala egocêntrica da criança tem em Vygotsky a interpretação segundo a qual ela nada mais é que a interiorização de uma
linguagem social que ocorreu inicialmente como uma forma de regulação do comportamento de outrem. Assinala uma
passagem a linguagem social externa para uma linguagem individual interna – fala interior ou pensamento.

Tanto para Piaget quanto para Vygotsky as trocas sociais constituem o fator essencial para a viabilização do pensamento.

Vygotsky entende o processo de aprendizagem como anterior ao desenvolvimento. O desenvolvimento cognitivo não se
restringe ao que os testes de inteligência são capazes de medir – desenvolvimento real (desenvolvimento já concluído). Zona
de desenvolvimento proximal (ZDP), local onde é possível a intervenção acontecer, entendida como a distância entre o nível
de desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial.

A função da escola é favorecer o desenvolvimento de certas capacidades, em lugar de limitar as possibilidades de


aprendizagem ao desenvolvimento real. Os conceitos não são estáticos e sua formação resulta de umas práxis.

Pretende-se que o SE seja um instrumento efetivo capaz de ampliar as capacidades dos alunos, à medida que considere a
articulação do conhecimento prévios e conhecimentos científicos com possibilidades de interação.

As ideias de Wallon – para ele o homem é um ser social dede o momento em que nasce, já que a sua própria sobrevivência
fica condicionada aso cuidados de outrem. Atribui um papel fundamental nas emoções, considerando-as elemento básico
no processo de formação do eu. É pela emoção que a criança inicia o seu desenvolvimento sociaoafetivo e cognitivo.

As ideias de Damásio – a emoção e o sentimento são, indispensáveis a racionalidade. Discussão do erro de descartes –
dicotomia da separação do corpo e da alma. Subsídios para discutir: a natureza essencialmente orgânica da mente humano,
em seus processos e registros cognitivos e afetivos; existência da importância das emoções no processo de tomada de
decisões racionais; o papel que tem a exposição do indivíduo a certas situações – paisagens corporais, as quais interferem
nas decisões racionais.

As ideias de Maturana – explica a inteligência não como atributo ou propriedade distintiva de alguns organismos, mas como
um tipo de comportamento relacional que se manifesta nos animais em geral e no homem em particular. Autopoise –
resulta de uma organização reguladora, disparada pelo meio, nos limites do próprio sistema, sem perda de sua identidade. A
aprendizagem não é algo que ocorre de fora para dentro, como querem os empiristas, ou de dentro para fora, como querem
os inatistas, mas algo que acontece no relacionar do aluno como meio do conhecimento, físico ou humano, a qual o
professor está integrado. Esse sistema rompe com a visão de objetividade absoluta na relação de ensino aprendizagem

As ideias de Morin – abordagem do pensamento por completo. Opõem-se a qualquer forma de reducionismo e de
determinismo, procura mostrar a disjunção existente entre os dois tipos de cultura. Humanista e científica.

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