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ENGENHEIRO COELHO - SP
JULHO - 2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS ENGENHEIRO COELHO –SP
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO
ENGENHEIRO COELHO - SP
JULHO - 2020
Ficha catalográfica elaborada automaticamente pela Biblioteca do Centro Universitário
Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho, com dados fornecidos pelo(a)
autor(a) e revisada pelo bibliotecário Hermenérico Siqueira de Morais Netto CRB.7370
CDD 371.1
9
10
AGRADECIMENTOS
11
EPÍGRAFE
12
BUENO, Davi C. Percepção de professores sobre o Ensino Coletivo de Cordas
Friccionadas. 2020. 134 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação) - Centro
Universitário Adventista São Paulo, Engenheiro Coelho, 2020.
RESUMO
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BUENO, Davi C. Teachers' perception about String Groups Classes. 2020. 134 f.
Dissertation presented to the Master’s Program in Education - Centro Universitário
Adventista São Paulo, Engenheiro Coelho, 2020.
ABSTRACT
The String Group Classes is present in several places such as churches, NGOs and
schools. Each school defines its own objectives in relation to this teaching method,
there are institutions that have the objective of working with instrumental initiation and
development of musical appreciation, while others create student orchestras. This
research aims to analyze the teachers' perception regarding the Group String Classes
and the essential structures for learning to occur effectively. Through the information
given by the teachers it was possible to develop a guide for the String Group Classes;
to create this material it was necessary to: select illustrations that aid understanding;
adjust the guide's language to the target audience; compose the content of the guide
and illustrations for editing the material; validate the guide with experts, experts in the
field to evaluate the contents; and validate the contents and languages of the guide
with the collaboration of teachers who work with String Group Classes. The study was
characterized as a qualitative approach of the exploratory and research-application
type, which sought to understand the difficulties and facilities found in the classroom.
In 2019, five string group teachers were interviewed, they work in the cities of Rio
Claro, Araras, Indaiatuba, Jacareí and Diadema. The interviews were conducted in a
semi-structured format based on an elaborated script. The data of the interviews were
tabulated and analyzed in the light of the theoretical framework of content analysis,
serving as a guide for the elaboration of a guide for the implementation of the Group
String Classes.The first version of the guide was submitted to the analysis of three
university professors, who made suggestions for improvement. The second version of
the material was constructed based on these suggestions and then sent for analysis
by the music teachers interviewed at the beginning of the study. The material produced
will be published in Ebook format and its content describes the conditions necessary
for musical teaching to occur properly, cooperating for the musical development of
students. After carrying out the proposed work and analyzes, it was concluded that the
physical and pedagogical structures can contribute to music classes, which can
facilitate the learning of tuning, rhythm, timbre and musical interpretation; a room with
adequate acoustics avoids excessive noise that can permanently damage the hearing
of teachers and students; and, knowing the ideal structures for Group String Classes
allows the creation of musical projects with a more correct structure.
14
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 19
3 MÉTODO ......................................................................................................................... 51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 66
16
LISTA DE FIGURAS
17
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Tempo máximo diário que o professor poderia trabalhar de acordo com a
intensidade sonora .................................................................................................... 31
Quadro 2 - Tamanho recomendado dos instrumentos de acordo com a idade dos
alunos ........................................................................................................................ 35
Quadro 3 - Formato de avaliação usada por Volkmann ............................................ 46
Quadro 4 - Exemplo de quadro de avaliação ............................................................ 47
Quadro 5 - Perfil dos professores de Ensino coletivo de Cordas entrevistados ........ 53
Quadro 6 – Perfil dos peritos que analisaram o guia................................................. 54
Quadro 7 – Categorias e subcategorias analisadas .................................................. 66
Quadro 8 – Dimensões das salas de aula dos professores. ..................................... 70
Quadro 9 – Sugestão de número máximo de alunos de acordo com as diversas faixas
etárias ....................................................................................................................... 76
Quadro 10 - Atualmente quantos alunos há em sala de aula? .................................. 77
Quadro 11 – Relação entre número de alunos em sala e sugestão .......................... 77
Quadro 12 – Materiais didáticos que os professores já utilizaram durante a carreira
.................................................................................................................................. 83
Quadro 13 - Nível de dificuldade dos conteúdos e habilidades ensinados ............... 90
Quadro 14 – Sugestões dos peritos para inclusão de informações no guia. ............. 99
Quadro 15 – Sugestões dos peritos para alterações de informações no guia. ......... 99
Quadro 16 – Sugestões dos peritos para exclusão de termos ou frases presentes no
guia. ........................................................................................................................ 101
Quadro 17 - Sugestões dos peritos para reformulação de vocabulário. .................. 101
Quadro 18 - Sugestões dos peritos para melhorias nas ilustrações, layout e textual.
................................................................................................................................ 102
18
1 INTRODUÇÃO
19
heterogêneo pode ter um custo relativamente baixo, uma vez que é possível atender
até 30 alunos com apenas um professor em sala de aula. O ECIM também tem a
vantagem de permitir que o aluno se sinta parte de um grupo, auxiliando no convívio
social. Há uma dedicação saudável em busca de posição musical no grupo. Tocar em
conjunto pode proporcionar o contato com diversas texturas musicais, mesmo nas
primeiras aulas (BARBOSA, 1996).
Os benefícios do ECIM apontados por Cruvinel (2003) são os de cooperação
entre os alunos, maior socialização, rendimento, além do fato de que a sonoridade em
grupo é mais agradável e estimulante aos alunos. Isso porque normalmente o aluno
iniciante não produz um som limpo, entretanto, quando vários instrumentos tocam
juntos, esses sons se mesclam, tornando-se um som bem mais agradável do que o
som individual. Outra vantagem apontada por Cruvinel (2003) é a de desenvolver o
ouvido harmônico do aluno, porque é possível tocar músicas a três ou quatro vozes.
Para Souza (2016), o ensino em grupo facilita o entrosamento entre os
instrumentos, isso ocorre porque é possível trabalhar diversos timbres e texturas
musicais desde as primeiras músicas. Assim, através de elementos musicais simples,
os alunos se acostumam com a ideia de que cada naipe da orquestra toca elementos
distintos. Por outro lado, no ensino individual, o aluno tem contato apenas com a sua
linha melódica, ou seja, ele se acostuma com apenas uma fração do que ocorre na
música de orquestra, isso faz ele ficar perdido quando outras linhas melódicas são
executadas ao mesmo tempo (SOUZA, 2016).
É possível, ainda, destacar que o Ensino Coletivo de Cordas permite que
muitas pessoas tenham acesso à música de orquestra, e, muitas vezes, essas
pessoas não teriam esse contato de outra forma. A maioria das pessoas procura esses
cursos de música como uma forma de lazer, mesmo assim, esses alunos ajudam a
promover a vida musical na comunidade, seja fazendo apresentações em diversos
locais da cidade, ou promovendo a vida musical, porque a cidade agora possui um
público interessado em música erudita, o que permite que orquestras profissionais
venham tocar na cidade, ou, ainda, que orquestras profissionais comecem a se
desenvolver. Percebe-se que os benefícios do ECIM são muitos, entretanto, é preciso
reconhecer que também há limitações e dificuldades.
A primeira questão é que o ECIM é funcional apenas nos anos iniciais, devendo
ser aplicado para ensinar conceitos básicos de teoria musical e da técnica do
20
instrumento (GALINDO, JOÃO e BORBA, CARMEN em entrevista para CRUVINEL,
2003 e YING, 2012). Pode-se manter o aluno por cerca de dois anos nesse método
de ensino, posteriormente será necessário ter aulas particulares para que ocorra um
aprimoramento técnico (YING, 2012).
Devido à quantidade de alunos em sala de aula, torna-se mais cansativo
chamar a atenção e corrigir a postura de cada um. Em contrapartida, no ensino
individual o professor consegue com mais facilidade observar a postura do aluno
(MARTINS, J. em entrevista para CRUVINEL, 2003)
Por conta do número de alunos em sala de aula, o professor que atua no Ensino
Coletivo de Instrumentos Musicais deve ser bem preparado para que consiga planejar
a aula de forma criteriosa para atender as necessidades dos alunos, sempre levando
em consideração que cada um tem um desenvolvimento diferente e, portanto, pode
acontecer a situação de haver vários alunos de níveis distintos em uma mesma sala
(MONTANDON, 2004a; FIALHO e ORTEGA, 2009 e CRUVINEL, 2003).
Um ponto a ser ressaltado é que muitos professores, seja no ensino individual
ou coletivo, não possuem formação acadêmica. Esta situação, por si só, indica que os
próprios professores creem que para dar aula, bastaria ao professor conhecer a teoria
musical e saber executar o instrumento (MONTANDON, 2004b). A falta de
conhecimento pedagógico trará mais dificuldades quando se atua no ECIM, uma vez
que há a necessidade de preparar as aulas de forma muito acertada neste modelo de
ensino.
A autora Ying (2012) afirma que as metodologias do Ensino Coletivo de Cordas
ainda não englobam adequadamente preocupações com o correto desenvolvimento
da postura do aluno, muitas vezes gerando vícios posturais e de aprendizagem.
A realidade brasileira também impede, muitas vezes, que o aluno participe de
todas as aulas. O cenário ideal é que haja quatro aulas semanais para o Ensino
Coletivo de Instrumentos Musicais, entretanto, nem todos os alunos têm condições de
se deslocar tantos dias para ir às aulas. Principalmente em cidades grandes, em que
o aluno precisa pegar mais de uma condução para chegar até o local de aula
(OLIVEIRA, E. em entrevista para CRUVINEL, 2003).
Montandon (2004a) aponta também para a ausência de cursos específicos para
a formação de professores de ECIM. Em uma busca sobre o assunto, foi possível
encontrar apenas dois cursos de especialização que abordavam o tema.
21
A UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) possui um curso de
especialização chamado “Didática do Instrumento e Canto”, uma das disciplinas desse
curso é de “Estratégias de Ensino III: Didática do Ensino em Grupo” (UEMG, 2018). O
Centro Universitário Claretiano também possui um curso de especialização totalmente
voltado ao ECIM, e a instituição informa que essa área de atuação vem crescendo e
que o curso tem a intenção de capacitar os profissionais para atuarem no ensino
básico, em projetos sociais e em outras instituições (CLARETIANO, 2019).
Por um lado, vemos que a UEMG e o Centro Universitário Claretiano se
preocupam em oferecer um ensino especializado ao ECIM, demonstrando que há uma
necessidade de conhecimentos específicos nessa área. Por outro lado, percebe-se
ainda a escassez de cursos de graduação e especialização no Brasil.
Como demonstrado, o ECIM possui suas limitações e dificuldades. Essa
modalidade de ensino deve ser empregada para desenvolver as habilidades básicas
do instrumento. O professor deverá ter amplo conhecimento pedagógico para preparar
adequadamente as aulas e conseguir de forma efetiva corrigir a postura dos alunos.
Ainda não se conhece material didático que trabalhe a postura do aluno, devendo o
professor pensar em atividades para esse fim. Nem todos os alunos conseguem ir em
todas as aulas, devido às condições financeiras e dificuldades de transporte
encontrados no Brasil, o que dificulta o desenvolvimento técnico do aluno. Por fim,
são poucos os cursos existentes voltados ao desenvolvimento do professor que atua
no ECIM, assim, um professor que deseja se aprimorar nessa área, terá dificuldades
em conseguir fazer cursos formais.
Iniciei meus estudos musicais em contrabaixo acústico, na escola de música
Fábio Marasca, em Rio Claro, que oferece aulas no formato coletivo. Participei por
alguns anos da orquestra de alunos da escola Fábio Marasca e da Orquestra Sinfônica
de Rio Claro. Em 2004, iniciei os estudos em contrabaixo acústico no Conservatório
Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos (Tatuí). Em 2010, ingressei no UNASP-EC
no curso de Educação Artística (licenciatura em música). Participei, em 2019, da
Orquestra Filarmônica Adventista do Brasil, sob regência do maestro Zvonimir Hačko.
Participei de festivais de música onde tive aulas com Ana Valéria Poles, Pedro
Gadelha e Catalin Rotaru. Trabalho com Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas há
22
6 anos, lecionei no modelo homogêneo1 e heterogêneo2. Eventualmente, dou aulas
particulares para alguns alunos que participam das aulas coletivas, e pude notar que
durante as aulas individuais é mais fácil trabalhar certas habilidades, como postura do
instrumento, movimento do arco, percepção e afinação.
Com base nesta realidade, surgiu o questionamento: É possível fazer um
material que auxilie os professores no ensino da afinação, percepção e movimento de
arco? Após, surgiram outras perguntas mais específicas, tais como: (a) Será que todos
os professores têm dificuldades em trabalhar afinação e movimento de arco? e (b)
Quais fatores que dificultam o Ensino Coletivo de Cordas?
Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo analisar a percepção dos
professores quanto as facilidades e dificuldades presentes no Ensino Coletivo de
Cordas Friccionadas e as estruturas essenciais para que o aprendizado ocorra de
forma efetiva. Os relatos dos professores serviram de base para elaborar um guia para
o Ensino Coletivo de Cordas; para criar esse material foi necessário: selecionar
ilustrações que facilitem a compreensão; adequar a linguagem do guia para o público-
alvo; compor o conteúdo do guia e ilustrações para edição do material; validar o guia
com peritos, especialistas da área para avaliar os conteúdos; e validar os conteúdos
e linguagens do guia com a colaboração dos professores que trabalham com Ensino
Coletivo de Cordas.
A presente pesquisa está estruturada em quatro capítulos. No início, aborda o
Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas, seus benefícios, diversas estruturas
pedagógicas e realidades; também foram descritos os objetivos desse projeto de
pesquisa e a origem do anseio de realizar esta pesquisa.
O segundo capítulo inicia com um breve histórico do Ensino Coletivo de Cordas
Friccionadas, informando como esta prática de ensino surgiu nos Estados Unidos e
na Europa, como foi sua implementação no Brasil e um panorama do atual Ensino
1 Homogêneas: as turmas que trabalham apenas com o mesmo instrumento são chamadas de
homogêneas, um exemplo disto é o ensino coletivo de violino, ou seja, dentro da sala terão apenas
pessoas aprendendo violino.
2 Heterogêneas: são as classes que trabalham com mais de um instrumento, por exemplo,
quando há alunos de violino e viola na mesma turma, outro exemplo é ter violino, viola, violoncelo e
contrabaixo.
23
Coletivo no país. É descrita a estrutura necessária para o Ensino Coletivo de Cordas,
indicando dimensões da sala de aula, qualidade de instrumento, frequência e duração
das aulas, número de alunos por turma, entre outros. A revisão bibliográfica serviu de
suporte para criar o roteiro da entrevista que foi realizada com os professores do
Ensino Coletivo de Cordas.
O terceiro capítulo descreve a orientação metodológica da pesquisa e informa
as razões da pesquisa ser caracterizada como abordagem qualitativa do tipo
exploratória e pesquisa-aplicação. São apresentados os procedimentos éticos para a
pesquisa, o perfil dos entrevistados que participaram da pesquisa e os instrumentos
de coleta de dados utilizados. Em seguida são descritos os processos de construção
da pesquisa, informando com detalhes a execução das seguintes etapas: i)
Planejamento da Pesquisa; ii) Execução e Escrita da Pesquisa; iii) Produção do guia;
iv) Finalização da Pesquisa. Por fim, são informados os procedimentos realizados
para a análise dos dados coletados.
O quarto capítulo apresenta os resultados da pesquisa. Inicia exibindo os
relatos dos professores entrevistados e relaciona esses relatos com informações
existentes na bibliografia estudada. Por isso, são apresentados dados sobre: i)
Estrutura da sala de aula e suas qualidades acústicas; ii) Recursos técnicos
importantes para o Ensino Coletivo; iii) Número de alunos e faixa etária; iv) Tempo
para preparar a aula; v) Material didático; vi) Formação e perfil do profissional; vii)
Envolvimento com os pais. Esses dados foram utilizados para criar um guia sobre o
Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas. Por isso o capítulo também mostra os
comentários que professores universitários deram a respeito do material produzido,
com a intenção de efetuar melhorias nesse guia. Em seguida, são listadas as
sugestões que foram implementadas no guia, as sugestões não implementadas e as
razões para não implementação delas. Em seguida, são demonstradas as opiniões
que professores de Ensino Coletivo deram a respeito do guia. Por fim, são
apresentadas as opiniões positivas a respeito do material.
O quinto e último capítulo apresenta os resultados da pesquisa e os
aprendizados obtidos com o trabalho. Também são descritos os desafios e
dificuldades encontrados ao longo da pesquisa. Por fim, são apresentadas propostas
para estudos e pesquisas futuras.
24
2 REVISÃO DE LITERATURA
26
o Maestro e Violonista Pedro Cameron e a parceria do SESC com a Prefeitura
perdurou até o ano de 1990; a partir daquele ano, a Prefeitura assumiu todo o apoio
cultural (VIEIRA, 1992 apud SOUZA, 2016).
Posteriormente, Pedro Cameron escreve o próprio material pedagógico para
Ensino Coletivo de Cordas, contendo músicas já conhecidas e outras do próprio
Cameron. Logo nos primeiros módulos do método, verifica-se que os instrumentos
possuem linha melódica própria, trabalhando a textura musical. Até os dias de hoje, o
projeto coletivo é realizado pela escola de música Fábio Marasca, em Rio Claro,
escola que é mantida pela Orquestra Sinfônica de Rio Claro. Ao longo dos anos, houve
mudanças pedagógicas, eventualmente com troca do material didático utilizado.
Em 2013, o Anuário Viva a Música! (2013) demonstrou um panorama dos
projetos sociais que trabalham com ensino de música no Brasil, listando 64 projetos
sociais (a lista completa está no Anexo 4), sendo: 15 no estado da Bahia; 14 no Rio
de Janeiro; 12 em São Paulo; 5 em Minas Gerais; 5 no Ceará; 4 no Rio Grande do
Sul; 3 em Sergipe; 3 no Rio Grande do Norte; 2 no Distrito Federal; e 1 no Mato
Grosso; esse anuário não descreve se o trabalho desses projetos sociais é de Ensino
Coletivo de Instrumentos Musicais, entretanto, é sabido que projetos sociais
geralmente atendem muitas pessoas, é difícil, portanto, imaginar que um projeto social
trabalhe exclusivamente com ensino individual.
É necessário ressaltar que o Anuário Viva Música (2013) apresenta o Projeto
Guri em apenas dois momentos, um momento representando todos os polos do
interior e litoral do estado e em outro momento representando todos os polos da capital
e região metropolitana. Apesar dessa lista mostrar apenas duas vezes o Projeto Guri,
atualmente este projeto contém 338 polos espalhados pelo estado de São Paulo
(PROJETO GURI, 2019).
Existe outro mapeamento do ensino musical no país, feito pelo projeto Brasil
de Tuhu (2020), dentro do período de dezembro de 2016 a março de 2017. Houve o
contato com 2.040 projetos musicais, entretanto, apenas 240 projetos responderam a
pesquisa. A busca pelos projetos musicais ocorreu principalmente através de
informações disponíveis das leis de incentivo e busca por redes sociais e clippings
(BRASIL DE TUHU, 2020).
O mapeamento de Brasil de Tuhu (2020) indica que 26% dos projetos
trabalham com até 50 pessoas; 26% trabalham com 51 a 100; 28% trabalham com
27
101 a 500 pessoas; 8% com 501 a 1000 pessoas; o restante com mais de 1.000
pessoas.
Fazer o mapeamento do ECIM no Brasil todo é algo bem complexo, de acordo
com Brasil de Tuhu (2020), muitos projetos não possuem redes sociais ou sites e não
participam de Leis de Incentivo, o que dificulta a localização de todos os projetos
existentes. Outro problema apontado é que apenas a minoria dos projetos contatados
respondem aos questionários de mapeamento (BRASIL DE TUHU, 2020). Assim
sendo, os mapeamentos podem dar alguma visão a respeito do ensino musical, mas
não são imunes a erro.
A respeito dos projetos coletivos, cada um tem seus próprios objetivos com o
ensino de música e sua própria realidade quanto a espaço físico e recursos
financeiros. Portanto, é possível encontrar projetos com formatos bem diferentes, que
se distinguem na carga horária de aula semanal, faixa etária atendida, número de
alunos em sala de aula, podendo trabalhar com turmas homogêneas, heterogêneas
ou, ainda, alternando entre os dois formatos na mesma escola. Essas variedades nos
formatos de Ensino Coletivo de Cordas são encontradas nos trabalhos de Ying (2012),
Massa (2017), Batista (2011), Rodrigues (2012) e Cruvinel (2003).
Esses autores também afirmam que os projetos acabam sendo estruturados ou
reestruturados de acordo com as realidades locais, por exemplo, há casos em que as
turmas contêm muitos alunos pelo fato de não existirem salas disponíveis para dividi-
los em várias turmas. Além disso, a carga horária de cada aula, bem como a
quantidade de aulas na semana, pode ser alterada para atender alunos que muitas
vezes não conseguem frequentar as aulas duas vezes por semana. Fica evidente,
então, que cada instituição tem sua própria realidade de ensino, cada uma com suas
peculiaridades locais, e cada projeto busca atender justamente a estas necessidades.
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É importante ressaltar que salas quentes podem rachar o instrumento, descolar
o braço, barra harmônica ou tampo, as cravelhas vão soltar com mais facilidade,
fazendo o professor perder mais tempo com a afinação do instrumento. Muitas vezes,
as condições da sala estão longe do adequado, sendo possível encontrar salas
extremamente apertadas, com a incidência direta do Sol e umidade em sala (YING,
2012).
Uma sala de aula adequada também precisa ter qualidades acústicas
favoráveis para que o aluno consiga ouvir os harmônicos produzidos pelo seu
instrumento e que isole o ruído externo (YING, 2012; WENGER, 2004 e ROCHA,
2010). Também deve permitir que o músico ouça de forma adequada a si mesmo e
aos outros músicos, tornando mais fácil a manutenção do ritmo, timbre, dinâmica,
afinação e pulsação (ROGERS, 2012 e DENINZON, 2012)
De acordo com Wenger (2004), uma sala com painéis sonoros e difusores
proporciona um ambiente acusticamente balanceado, onde é possível ouvir
adequadamente todo espectro sonoro, os músicos conseguem se ouvir e ouvir os
colegas e, por fim, o regente ouve com mais precisão o grupo. Rocha (2010) alerta
que tetos curvos e paredes côncavas podem concentrar o som em um único ponto,
deixando outras pessoas incapazes de se ouvir.
Uma das condições acústicas a ser analisada é o nível sonoro durante as aulas.
Segundo Wenger (2004) e Rocha (2010), salas pequenas não conseguem dissipar ou
absorver adequadamente o som da orquestra, fazendo com que o ambiente fique com
elevado nível sonoro, o que é estressante para o aluno e para o professor.
Dependendo do caso, é possível que haja danos permanentes à audição. Uma
sugestão é construir salas com tetos mais elevados, pois possuem mais espaço para
o som se dissipar, uma sala de ensaio para 60 a 75 músicos deve ter de 5,5 m a 6,7
m de altura, o que resulta em um espaço de 15,5 m³ (metros cúbicos) a 19,8 m³ por
aluno (WENGER, 2004).
Algumas pesquisas mediram o índice sonoro dentro de uma orquestra. Luders
(2016) demonstrou que na orquestra sinfônica do Paraná, o nível sonoro médio
integrado dos violinos e trompas chegou a 104 dB. No trabalho de Zivkovic e Pityn
(2004), foi medida a exposição sonora, de seis professores, durante as aulas de
música. Durante as medições, o professor 1 ficou exposto a 91,5 dB, o professor 2 a
97,8; o professor 3 a 90,2; o professor 4 a 91,1; o professor 5 a 93,1 e o professor 6 a
30
84,9 dB. Se fossem trabalhadores brasileiros, de acordo com a Norma
Regulamentadora 15 - NR15 (BRASIL, 1978), apenas o professor 6 poderia trabalhar
durante 8 horas diárias, os demais deveriam usar proteção auricular ou diminuir a
carga de trabalho diária em aula. No trabalho de Mendes; Morata e Marques (2007),
registrou-se a exposição sonora dos músicos da Banda Municipal de Indaial; a
exposição média do maestro foi de 103,6 dB.
Para evidenciar o problema da exposição sonora, foi criado o Quadro 1, que
indica a qual tempo máximo cada um desses trabalhadores poderia ficar exposto,
seguindo as regras da Norma Regulamentadora 15 - NR15 (BRASIL, 1978).
Quadro 1 – Tempo máximo diário que o professor poderia trabalhar de acordo com a
intensidade sonora
Intensidade sonora Tempo máximo de
exposição segundo
NR15
84,9 dB 8 horas
90,2 dB 4 horas
91,1 dB 3 horas e 30 minutos
91,5 dB 3 horas e 30 minutos
93,1 dB 2 horas e 40 minutos
97,8 dB 1 hora e 15 minutos
103,6 dB 35 minutos
104 dB 35 minutos
31
(Acoustic Shield), cujo objetivo é reduzir a potência das ondas primárias3 de
instrumentos muito potentes, como é o caso do trompete. O produto deve ser colocado
próximo à cabeça do músico, para que a proteção seja efetiva (Ibid.). Portanto, esse
produto é utilizado quando não há espaço no ambiente e os músicos precisam ficar
mais próximos. Apesar de reduzir o impacto das ondas primárias, esse produto não
protege o músico das ondas secundárias4. A Figura 1 ilustra o produto sendo colocado
próximo de uma violinista com a finalidade de protegê-la do som de um trompete.
A sala também deverá ficar em local afastado de barulho (como sons de carro,
pessoas falando ou passando) ou ser isolada acusticamente (PELLEGATTI, 2019).
Todas as questões de sonoridade da sala (dimensão, reverberação da sala, se é
isolada de barulho) afetam diretamente no aprendizado dos alunos, muitas vezes
tornando impossível trabalhar com precisão a afinação, sonoridade e fraseado musical
(YING, 2012). Rocha (2010) entrevistou um professor de violino que informou que
trabalha em uma sala que recebe ruídos vindos do trânsito, o que incomoda as aulas.
32
A Norma Brasileira (NBR) 10152/1987 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1987) define que, para salas de música, o nível de ruído ideal
para o conforto sonoro é de 35 dB, sendo aceitável até 45 dB. Isto quer dizer que, ao
medir o som do ambiente sem ninguém, este não deve ultrapassar os 45dB, seja por
receber ruídos externos ou pelo barulho de equipamentos internos como ventiladores,
ar-condicionados ou outros equipamentos de uso da sala. Andrade, Saggin e Nakata
(2013) mediram o nível sonoro em três salas destinadas ao ensino de música, na
Universidade Sagrado Coração (USC, Bauru‐SP), e apenas uma estava adequada ao
que estabelece a Norma Brasileira (NBR) 10152/1987 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 1987). Demonstrando que, apesar de existir uma norma
que estabelece as condições adequadas, nem sempre as estruturas físicas são
adequadas ao ensino musical.
Outra condição acústica que atrapalha as aulas é o nível de reverberação. O
tempo de reverberação (Reverberation time ou RT) pode ser definido como o tempo
em que o nível sonoro leva para decair a 60 dB, porque após isso o som praticamente
já não é mais percebido (MENEZES, 2003 e CARBONI, 2012).
O excesso de reverberação dificulta a percepção do aluno e prejudica o
aprendizado, isso ocorre porque ambientes com altas taxas de reverberação tendem
a tornar o som confuso, porque os novos sons emitidos se juntam com o som que está
reverberando no ambiente (MENEZES, 2003). Uma sala de ensaio precisa ter um som
claro e definido, facilitando com que os músicos percebam melhor as falhas. Um
ambiente com muita reverberação, como uma sala de concerto, pode trazer mais
satisfação auditiva, mas pode fazer com que os alunos não percebam seus erros
(GEERDES, 1991 apud CARBONI, 2012). Alunos que ainda são novatos e não têm
bom discernimento auditivo tendem a progredir mais rápido em ambientes com menos
reverberação e que tenham boa difusão sonora (McCUE & TALASKE, 1990 apud
CARBONI, 2012). O tempo de reverberação recomendado para a sala de ensaio de
banda ou orquestra deve ser entre 0,8 e 1 segundo, já o local de apresentação deve
ter entre 1,25 e 2,25 segundos de reverberação (WENGER, 2004).
Outro fator que determina que uma sala de aula também precisa ter um som
mais seco (com menos reverberação) é que em aula há um misto entre tocar e
explicações verbais, ambientes com alta taxa de reverberação podem ser
interessantes para a música, mas, devido à reverberação, durante a explicação do
33
professor, várias silabas vão se sobrepor, tornando o discurso oral incompreensível
(ANDRADE, SAGGIN e NAKATA, 2013; ROCHA, 2010 e FERNANDES, 2006).
Portanto, para que o aprendizado seja efetivo, a sala deve ter espaço suficiente
para abrigar os alunos e para que o som não fique excessivamente forte, as cadeiras
devem ser posicionadas com distância adequada, permitindo ao aluno ouvir com
equilíbrio o próprio som e o som dos demais colegas. A sala não pode ter umidade,
calor ou frio em excesso, deve ficar longe de fontes de ruídos externos e deve ter uma
reverberação adequada, para que o aluno consiga perceber adequadamente a própria
afinação e timbre do instrumento.
34
Os acessórios também podem dificultar o aprendizado, cordas de baixa
qualidade se rompem com mais frequência e apresentam mais problemas de
afinação, um breu de baixa qualidade impede o correto atrito entre a crina e as cordas,
produzindo um som de baixa qualidade (YING, 2012). Cordas velhas também
atrapalham a execução, sendo possível perceber que a afinação se torna instável
(JONES, 2020). O tempo de vida útil de um jogo de cordas depende da forma como a
pessoa toca o instrumento, se faz a devida limpeza das cordas, entre outros fatores,
mesmo assim é possível estimar que as cordas durem entre 180 a 200 horas de
estudo, após esse período a corda já começa a soar diferente, com menos harmônicos
(KAMROYAN; 2020b).
Assim sendo, ao trabalhar com instrumentos de baixa qualidade, o aluno terá
um aprendizado muito limitado, demorando mais tempo para dominar técnicas básicas
do instrumento.
Além da qualidade dos instrumentos, também é preciso saber que os
instrumentos de cordas (violino, viola, cello e baixo) possuem tamanhos variados, a
escolha correta do tamanho do instrumento evita problemas posturais e lesões no
aluno, e também permite que o aluno faça menos esforço para dedilhar o instrumento
(PELLEGATTI, 2017). O Quadro 2 mostra uma sugestão de tamanho do instrumento
de acordo com a idade do aluno:
35
2.2.2 Elementos que compõem a estrutura pedagógica de Ensino Coletivo de
Cordas
O Ensino Coletivo de Cordas pode apresentar uma grande variedade de
estrutura pedagógica. Esta estrutura deve ser definida com base nos objetivos que
cada instituição se propõe a cumprir. Os autores Muniz (2017), Ying (2012) e Souza
(2016) abordam as possíveis estruturas pedagógicas no Ensino Coletivo de Cordas,
o que permite verificar qual modelo é mais adequado de acordo com cada realidade
local.
36
Para contornar essa dificuldade, Ying (2012) informa que no formato
heterogêneo deve haver pelo menos quatro professores em sala de aula. Um
professor ficaria encarregado em dar a aula, enquanto os demais auxiliariam os alunos
quanto à postura e outras questões técnicas e musicais. Entretanto, uma solução
melhor, segundo a própria autora, é dividir a turma heterogênea em pequenos grupos
homogêneos, com cada professor responsável por um único instrumento, porque a
concentração dos alunos melhora em grupos menores, facilitando também perceber
a própria sonoridade. Esta divisão também favorece o trabalho da técnica do
instrumento (YING, 2012).
A escolha entre modelo heterogêneo ou homogêneo deve partir do objetivo do
projeto, se a intenção é a excelência musical, deve-se optar por menos alunos em
sala e ensino homogêneo; por outro lado, se o objetivo é ter um projeto social e
explorar texturas musicais através de um ensino a longo prazo, pode-se optar pelo
modelo heterogêneo (MUNIZ, 2017). É possível, ainda, alternar entre ensino
heterogêneo e homogêneo, por exemplo, um dia da semana trabalha-se com todos
os alunos, em forma heterogênea, em outro dia, a sala é dividida em grupos
homogêneos, sendo guiada por um professor que é especialista em um único
instrumento. O fato é que cada instrumento tem suas peculiaridades e, se for possível,
é interessante ter uma aula que trabalhe diretamente essas particularidades e outra
aula para trabalhar o repertório da orquestra.
Ter mais de um professor em sala, como mencionado por Ying (2012), pode
trazer muitos benefícios para os alunos, mesmo assim é recomendável que, nesses
casos, todos os professores tenham um momento para se reunir e planejar as aulas
em conjunto, dando direcionamentos sobre o que cada um deve trabalhar em sala de
aula. É essencial que todos estejam em sintonia, caso contrário, é possível que algum
professor queira auxiliar um aluno enquanto o professor principal está dando uma
informação importante, nesse caso, o aluno perderá o foco no professor principal e
perderá essa informação, portanto, se os professores não planejarem bem as aulas
em conjunto, será pouco produtivo ter mais de um professor em sala de aula.
37
2.2.2.2 Frequência e duração das aulas
Para que o aprendizado seja efetivo é importante que haja frequência nas
aulas, basta alguns dias sem contato com o instrumento para que os alunos esqueçam
parte do conteúdo. A frequência das aulas é defendida por Ying (2012), já que os
alunos iniciantes precisam de constantes correções de postura corporal, o que exige
pelo menos duas aulas por semana, sendo o ideal três aulas semanais, com uma hora
e trinta minutos cada.
A primeira turma do SESC Vila Nova tinha três aulas semanais, com duração
de duas horas para cada aula (GALINDO, em entrevista para SOUZA, 2016). Por outro
lado, em 2002, o SESC Consolação promovia duas aulas semanais com duração de
uma hora e meia, também dispunha de salas de estudo e instrumentos (SOUZA,
2016). O fato de permitir que o aluno tenha contato com o instrumento, além do horário
normal de aula, já permite que o aluno revise o que foi visto em sala, facilitando
compreender os conteúdos e desenvolver habilidades com o instrumento.
Verifica-se a importância de ter pelo menos duas aulas semanais, entretanto, é
imprescindível verificar se a realidade local propicia isso. Há casos em que a escola
de música fica longe da residência do aluno, dificultando o acesso a vários dias de
aula, muitas vezes, inclusive, impossibilitando o acesso do aluno devido ao custo do
transporte coletivo necessário para chegar ao local de aula.
38
(YING, 2012). É essencial lembrar que mesmo que o aluno compreenda perfeitamente
como um movimento deve ser feito, isto não quer dizer que ele consiga executar esse
movimento, porque ainda não possui controle motor de seus membros (Ibid.). De
acordo com a autora, esse é um momento em que o professor precisa dar assistência
individual, inclusive pegando na mão do aluno e tocando no ombro, cotovelo, costas
e dedos dos alunos, sempre com o objetivo de auxiliar o aprendizado. A mesma autora
exemplifica a situação de quando o aluno está aprendendo a movimentar o arco, é
preciso que o arco sempre se mantenha paralelo ao cavalete, para isso ocorrer é
preciso atenção ao movimento de braço, antebraço e pulso, portanto, a assistência
direta do professor é fundamental para que o aluno compreenda todo o movimento.
Quando há muitos alunos em sala, perde-se a possibilidade de trabalhar
adequadamente com cada indivíduo, deixando muitos alunos sem atendimento
(YING, 2012).
A quantidade de alunos em sala de aula varia de local para local. Volkmann
(2017) fez uma pesquisa de campo com cinco alunos. Para Ying (2012), as turmas
devem ter cerca de dez alunos, porque com esse número de alunos ainda é possível
atender as necessidades individuais; caso ultrapasse esse número de alunos em sala,
haverá prejuízos significativos para a qualidade do ensino musical. No SESC
Consolação, em 2002, havia entre 8 e 10 alunos nas turmas de contrabaixo (SOUZA,
2016). De acordo com o mapeamento feito por Queiroz e Ray (2006), em Goiânia,
duas instituições trabalhavam com turmas de dois a quatro alunos, três instituições
possuíam turmas com seis a oito alunos, e uma instituição trabalhava com média de
oito a quinze alunos na mesma sala.
O espaço físico da sala pode ser um fator para limitar o número de alunos em
sala de aula, por exemplo, uma sala com tamanho para abrigar uma turma
homogênea, de até dez violinos, será capaz de manter uma turma homogênea de seis
violoncelos ou contrabaixos (YING, 2012). Outro fator seria a qualidade do ensino,
como mencionado pela autora, há momentos em que o professor precisa trabalhar
com dificuldades específicas do aluno, portanto, quanto mais alunos, menor será o
tempo que o professor terá para se dedicar a essa questão, o que pode acarretar em
diminuição da qualidade do ensino.
39
2.2.2.4 Faixa etária e nível técnico
Deve-se evitar colocar pessoas de idades muitos distintas na mesma sala de
aula, isso porque o desenvolvimento motor e o ritmo de aprendizagem são muito
diferentes em cada faixa etária. Portanto, escolher idades próximas garante a
uniformidade do aprendizado dos alunos e o rendimento das aulas (YING, 2012).
Quando se tem na mesma sala de aula crianças e adolescentes, por exemplo, fica
impossível manter o desenvolvimento equalizado de todos os alunos (YING, 2012).
Os adolescentes aprenderão muito mais depressa, nesse caso, o professor sempre
enfrentará algum problema em sala. Por exemplo, caso opte por passar o conteúdo
mais adequado para o nível dos adolescentes, as crianças não conseguirão
acompanhar, ficarão desestimuladas e perderão a concentração na aula, por outro
lado, se optar por passar o conteúdo adequado para o nível das crianças, será
entediante para os adolescentes.
Ying (2012) indica que é aconselhável juntar crianças que possuam idades
próximas, sendo a situação ideal a divisão da turma em alunos de 6 e 7 anos, 8 e 9
anos e 10 a 12 anos, e a divisão é importante porque cada faixa etária possui suas
próprias limitações físicas e cognitivas.
Outro problema encontrado em projetos sociais é a entrada de novos alunos
de forma indiscriminada, o que atrapalha o andamento da aula. É preciso
compreender que um aluno que fez duas semanas de aula, apesar de iniciante, já
desenvolveu algumas habilidades no instrumento. Nesse caso, se entrar um aluno
novo, provavelmente ficará perdido; por outro lado, se o professor recapitular cada
uma das aulas que já foram lecionadas, o aluno que está há duas semanas no curso
ficará entediado, ao ter que repetir tudo de novo. Segundo Ying (2012), o ideal é limitar
o ingresso de novos alunos ao início do semestre.
40
cotidiano do brasileiro. Os materiais costumam mostrar as notas por letras (A, B, C,
D, E, F ou G) no lugar de Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si; sendo essa a notação usada
no Brasil, e esses materiais foram elaborados para serem inseridos nos programas
escolares americanos. Barbosa (1996) conclui que não basta traduzir um material de
língua estrangeira, é preciso adaptar a metodologia à nossa realidade.
A adaptação de metodologia também foi defendida por Alberto Jaffé, que
acreditava que muitas coisas que funcionavam bem com estudantes americanos não
serviriam para a realidade brasileira (GALINDO, em entrevista para SOUZA, 2016).
Segundo Souza (2016), o material Essential Elements 2000 for Strings é um material
com muitos pontos positivos, entretanto, como a maioria dos seus alunos eram
adultos, ele sentia necessidade de trabalhar também um repertório que fosse mais
próximo à realidade deles. Souza (2016) esclarece que o SESC Consolação tem
usado o Essential Elements 2000 for Strings como um ponto de partida e um
direcionador para o trabalho pedagógico, entretanto, eles também usam outros
materiais didáticos e outras metodologias de ensino.
Devido à falta de materiais brasileiros, é comum que os professores usem os
métodos estrangeiros existentes, mas o professor precisa fazer muitas adaptações
em sala de aula para que funcione na realidade local. É comum que professores
produzam os seus próprios arranjos com a finalidade de substituir uma música ou
outra do método, ou para suprir uma necessidade local.
O método All for Strings contém 50 exercícios iniciais que não utilizam partitura,
para que o aluno conheça as notas no instrumento e decore todas as cordas. Somente
depois é que tem início o uso de partitura, com 12 exercícios que exploram apenas a
corda Ré e Lá, posteriormente adicionando outras notas. Se o aluno não teve contato
anterior com o instrumento e com partitura, por meio desse método ele vai desenvolver
gradativamente o conhecimento sem correr o risco de ver informações demais em
pouco tempo. Por outro lado, pode ser entediante para um aluno que já tem
conhecimento prévio de partitura, ou já teve contato com o instrumento. Nesse caso
é possível usar outro método, ou o professor, ao perceber que um conteúdo já foi
assimilado, pode selecionar alguns exercícios, excluindo outros, que são bem
parecidos.
O material Essential Elements está escrito em língua inglesa, já inicia os
exercícios com partitura, porém dentro do desenho da nota contém uma letra
41
representando o nome da nota (A, B, C, D, E, F e G). O exercício 16 já contém todas
as notas básicas da corda Ré, sendo um método que apresenta vários conteúdos
nesses primeiros exercícios. Contém áudio para ser tocado junto com os alunos, o
que pode enriquecer a experiência sonora em sala de aula. Pode ser interessante
usar quando os alunos já tiveram alguma vivência musical, já sabem um pouco de
partitura, caso contrário o professor deve ter em mente que precisará revisar os
conteúdos com calma até os alunos assimilarem bem, e, dependendo da classe, será
interessante o professor criar exercícios complementares.
O String Builder, também em inglês, já inicia com a partitura, os 24 primeiros
exercícios trabalham cordas soltas, com figuras de semínimas, mínimas e semibreves.
O conteúdo é ensinado a longo prazo, e pode ser interessante para quando os alunos
não tiveram nenhuma vivência musical anterior.
A escolha do material pedagógico deve então levar em conta a realidade local.
Há locais em que a maior parte dos alunos nunca tiveram contato com instrumento
nem partitura, precisando trabalhar desde coordenação motora até a leitura de
partitura, nesse caso é interessante buscar um material que possua vários exercícios
antes de inserir um novo conteúdo. Já em outros locais, há aulas de flauta doce, e,
posteriormente, quando esses alunos pegam o instrumento de corda, então já
possuem uma certa coordenação motora desenvolvida, e já podem ter noção de
partitura. Nesses casos, pode ser monótono ao aluno usar um método que apresente
muitos exercícios antes do desenvolvimento de uma nova habilidade.
42
partitura, somente depois que as notas são bem assimiladas é que a partitura é
introduzida, por outro lado, há materiais como Essential Elements for String (ALLEN;
GILLESPIE e HAYES, 2002) e String Builder (APPLEBAUM,1985), em que a partitura
é ensinada logo nos primeiros momentos.
De acordo com Bueno (2017), outro ponto onde há divergência é o ensino das
figuras rítmicas, no método My way of Playing Double Bass (STREICHER, 1977), o
ensino de ritmo é bem aprofundado, chegando a inserir ponto de aumento nas
semínimas e colcheias. Por outro lado, o método Essential Elements for String
(ALLEN; GILLESPIE e HAYES, 2002) se limita a demonstrar o ritmo da semínima e
da pausa de semínima. Outro ponto de divergência entre esses materiais é que o
Essential Elements for String (ALLEN; GILLESPIE e HAYES, 2002) inicia o trabalho
da mão esquerda nos primeiros momentos, já o My way of Playing Double Bass
(STREICHER, 1977) se limita a trabalhar as cordas soltas no primeiro momento
(BUENO, 2017).
Percebe-se que é preciso dar prioridade a um assunto ou a outro, porque o
aluno terá dificuldades em aprender todas as coisas ao mesmo tempo, logo, a
prioridade entre ritmo ou notas melódicas deve ser estabelecida com base nos
objetivos do curso, quais músicas os alunos irão tocar e quais elementos são mais
importantes para a execução dessas músicas.
43
A Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008 (BRASIL, 2008), determina em seu
artigo 2, parágrafo 4, que os professores da rede básica devam limitar 2/3 (dois terços)
da sua carga horária para o desempenho de atividades de interação com os
educandos. Apesar da referida lei aludir diretamente ao ensino básico, demonstra que
é essencial que um professor tenha uma carga horária reservada para atividades sem
os educandos, como é o caso do planejamento de aula e pesquisas.
A ausência de planejamento de aula poderá prejudicar o ensino de música,
impedindo que o professor trabalhe diretamente a dificuldade do aluno, além disso,
caso o professor não tenha um tempo para atividades sem os educandos, será mais
difícil atender adequadamente algum aluno que possua alguma limitação física ou
mental, uma vez que o profissional não conseguirá tempo para pesquisar sobre essas
limitações e tampouco saber como lidar com elas em sala de aula.
O trabalho de Barbosa (1996) é estabelecido a partir da divisão do aprendizado
em seções; em cada seção, o aluno aprende a tocar e ler uma nota nova, um ritmo e
um elemento de teoria, além disso, sempre são exercitados os itens que foram
ensinados anteriormente. Percebe-se que ele define claramente quais são os
elementos que serão ensinados nas próximas aulas e os apresenta gradativamente,
permitindo que todos os alunos compreendam bem cada um dos conteúdos e
desenvolvam as habilidades e competências necessárias.
Após definir qual o conteúdo a ser ensinado, será necessário pensar atividades
que farão o aluno desenvolver suas habilidades musicais. Para Barbosa (1996),
algumas atividades básicas são: cantar, executar formas e texturas musicais, e ouvir
atuações musicais; as audições são importantes para desenvolver a articulação,
sonoridade e interpretação musical.
44
Há instituições que trabalham de outra maneira. Em um dia da semana todos
os naipes se reúnem para um ensaio geral e em outro dia os alunos têm aula de naipe,
por exemplo, só violinos. O SESC utilizou esse modelo durante a direção de Ayrton
Pinto (SOUZA, 2016).
Independente do modelo de aula escolhido pela instituição, quando há mais de
um professor, é fundamental que os professores tenham um momento para se reunir
e conversar sobre o andamento das aulas, quais os objetivos gerais de cada turma e
qual objetivo específico cada professor vai trabalhar em sala de aula, alinhando,
assim, as matérias e planos de aula, para que as aulas sejam de fato eficientes.
Galindo (em entrevista para Souza, 2016) faz um relato sobre uma instituição que
decidiu contratar um professor específico para trabalhar cada um dos naipes e depois
tentar juntar os alunos, entretanto, cada professor tinha um modo de trabalhar e eram
individualistas, por isso, era difícil juntar os alunos e fazer um repertório adequado a
todos. A consequência é que o resultado performático da instituição caiu, em vez de
subir.
Portanto, é fundamental que os professores conversem entre si, estabeleçam
em conjunto os objetivos que os alunos devam atingir nas próximas aulas,
determinando qual o papel e a atividade de cada um dos professores, para que esses
objetivos sejam alcançados. Apenas desta maneira o ensino será eficiente.
2.2.3.5 Avaliação
Avaliar os alunos é essencial para poder planejar adequadamente as aulas. É
por meio da avaliação que será possível determinar quais habilidades já foram
desenvolvidas e quais tópicos precisam ser recapitulados, além de verificar se as
intervenções estão sendo efetivas ao desenvolvimento dos alunos.
No trabalho de Volkmann (2017), são descritas 08 aulas de música, seus planos
de aula, quais critérios utilizados nas avaliações que ocorreram em aula e suas
percepções a respeito das situações ocorridas em sala de aula. Através de seus
relatos é possível perceber algumas formas distintas de observar os alunos para
avaliá-los.
Durante a Aula 01, é mencionado que toda a sala estava executando a música
“Brilha, Brilha Estrelinha” e foi possível perceber que um dos alunos terminava a peça
45
com o arco sendo executado na ponta do arco, e não no meio do arco. Nesse caso,
foi possível observar e avaliar adequadamente todos que estavam tocando ao mesmo
tempo.
Na Aula 02, a autora indica que alguns alunos estavam desafinando ao tocar a
escala, mesmo assim, o exercício foi repetido algumas vezes em conjunto,
posteriormente foi executado em duplas e, por fim, individualmente. O que indica que
eventuais avaliações precisam ser feitas com menos alunos tocando, sendo difícil
para o professor observar muitas pessoas tocando ao mesmo tempo. Então, quando
todos tocam em grupo, nem sempre é possível identificar com clareza quem está
errando e qual o tipo de erro está sendo cometido.
Durante as aulas, após observar os alunos é importante marcar em algum lugar
quais são os pontos fortes dos alunos ou da classe. Estas marcações vão ajudar o
professor a lembrar quais pontos são mais importantes para se trabalhar nas próximas
aulas. Como exemplo, pode-se verificar no Quadro 3 os critérios que Volkmann (2017)
utilizou para avaliar individualmente os alunos:
46
12. O aluno consegue se concentrar nas atividades
13. O aluno tem capacidade de imitar
14. O aluno tem interação com os colegas
15. O aluno tem interação com o professor
FONTE: Volkmann (2017, p. 60)
Cada campo do quadro de Volkmann (2017) deve ser preenchido com B (bom);
MB (muito bom) ou I (insuficiente). A autora utilizou o mesmo quadro para avaliar as
sete aulas e uma apresentação, ou seja, ao todo foram oito avaliações. Como
Volkmann (2017) pretendia avaliar o progresso dos alunos de acordo com as
intervenções que ela fazia em sala, é natural que o quadro contenha sempre os
mesmos itens. Entretanto, é possível adaptar esse quadro de acordo com as
necessidades de cada turma. Há duas vantagens em ter um quadro no momento da
avaliação; a primeira é como forma de auxílio a manter o foco naquilo que o professor
se propôs a avaliar durante a aula, outra vantagem é que facilita a identificação do
que precisa ser repassado com a finalidade de regular o processo para que os alunos
aprendam corretamente, auxiliando, assim, o planejamento da próxima aula.
Em salas numerosas será mais complexo anotar o resultado de cada aluno na
tabela, com o desperdício de muito tempo de aula para marcar essas anotações.
Também poderá ser confuso a consulta ao quadro para a preparação das aulas;
nestes casos, pode ser mais relevante colocar apenas um campo para anotar quantos
alunos estão com dificuldades em cada uma das habilidades que estão sendo
desenvolvidas. O Quadro 4 demonstra uma forma de identificar as dificuldades que
os alunos estão apresentando em sala de aula.
47
6. Reconhecem a nota Fá# na partitura 6
FONTE: Autoria própria (baseado no quadro de Volkmann (2017)).
48
ter um formato completamente diferente daquele utilizado no modelo individual.
Portanto, o professor que pretende trabalhar coletivamente, precisa ter em mente que
deverá buscar novos conhecimentos e habilidades, para que as suas aulas coletivas
sejam eficazes.
Para Fialho e Ortega (2009), o docente precisa ter a habilidade de atender as
necessidades de cada aluno dentro do coletivo, e, para isso, é preciso que o
planejamento de aula seja criterioso, para que as dificuldades de cada aluno sejam
trabalhadas dentro do todo. Uma forma de trabalhar é fazendo arranjos com diferentes
níveis de exigência técnica, possibilitando que todos alunos toquem, mesmo que
esses alunos apresentem dificuldades distintas (FIALHO e ORTEGA, 2009). Um bom
conhecimento de instrumentação permite que mesmo uma orquestra iniciante tenha
uma sonoridade interessante e agradável. De acordo com Chamorro (em entrevista
para SOUZA, 2016), o professor Jaffé conseguia escrever exercícios orquestrais que
soavam bem, mesmo para os grupos que estavam na introdução do instrumento, e
gradualmente esses exercícios evoluíam em melodias que eram apreciadas pelos
alunos.
Souza (2016) afirma que ele e outros professores elaboravam arranjos diversos
para os alunos iniciantes. Esses arranjos abrangiam músicas de concerto, popular e
folclórica, sendo que os repertórios que possuíam músicas conhecidas pelos alunos
davam resultados melhores do que os exercícios presentes em métodos tradicionais.
Fica evidente que um bom arranjo pode fazer com que os alunos gostem mais das
aulas e que o próprio professor deve preparar os arranjos, uma vez que conhece as
potencialidades e limitações do seu grupo, garantindo que o arranjo musical estará no
nível técnico dos alunos. Pretzel (em entrevista para SOUZA, 2016) informa que é
necessário que o professor saiba bem quais são as limitações do seu grupo e que
prepare o arranjo de acordo com a capacidade técnica dos seus alunos de executar
as escalas, tonalidades, e que seus arranjos normalmente sejam mais simples do que
a técnica que os alunos estão aprendendo no momento.
Pode haver muitos benefícios quando o professor cria os próprios arranjos
musicais para o grupo iniciante, entretanto, é preciso ressaltar que o docente só
conseguirá preparar arranjos de qualidade se possuir horas disponíveis para esse tipo
de atividade e para o planejamento de aula. Recomenda-se que pelo menos 1/3 da
carga horária do professor seja reservada para preparar materiais e planejar aulas.
49
Caso não haja tempo suficiente para preparar o material, há o risco de o arranjo ser
feito às pressas e acabar apresentando erros de notas e dificuldades muito além do
que o aluno pode executar, nesses casos, o arranjo mais atrapalharia o aprendizado
do que ajudaria.
Barbosa (1996) acredita que o professor de ensino coletivo precisa de um
preparo especializado. O autor indica que há cursos de graduação nos Estados
Unidos (EUA) que possuem disciplinas específicas para quem deseja dar aulas
coletivas para bandas ou orquestras. O autor recomenda que cursos de graduação ou
especialização brasileiros também tenham disciplinas voltadas ao ensino coletivo.
Barbosa (1996, p. 46) sugere uma proposta curricular, com diversas disciplinas
optativas, permitindo ao aluno escolher se vai trabalhar com banda ou orquestra e,
assim, dar ênfase para os estudos dos instrumentos que ele ainda não tem
conhecimento; a saber;
72 horas de técnicas de ensino coletivo de instrumentos e ensaio; 36
horas de pedagogia e didática; 72 horas de técnicas de regência; 144
horas de percepção musical; 72 horas de harmonia; 72 horas de
análise musical; 144 horas de história música (incluindo história da
música brasileira); 72 horas de arranjo musical; 72 horas de
instrumentação e orquestração; 36 horas de flautas transversal e
doce; 36 horas de instrumentos de palhetas simples (clarineta e
saxofones); 36 horas de instrumentos de palhetas duplas (oboé e
fagote); 36 horas de instrumentos de metais agudos (trompete e
trompa); 36 horas de instrumentos de metais graves (trombone,
bombardino e tuba); 36 horas de instrumentos de percussão; 36 horas
de instrumentos de cordas agudas (violino e viola); 36 horas de
instrumentos de cordas graves (cello e contrabaixo) e 72 horas de
piano complementar.
50
3 MÉTODO
52
3.2 Procedimentos éticos
O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética do Centro Universitário
Adventista de São Paulo (UNASP), sob o CAAE 08088618.5.0000.5377, a aprovação
do Comitê se deu sob Parecer de número 3.200.267.
Antes de realizar as entrevistas, os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e também foram informados de que eram
totalmente livres para recusar a participação na pesquisa, que poderiam retirar o
consentimento em qualquer fase e, ainda, seria possível deixar de responder qualquer
pergunta, independente do motivo.
53
Entrev. 05 Jacareí 29 M Bacharel e 11 anos WhatsApp
Licenciatura
em Música
Fonte: Autoria Própria
*Cidade = cidade onde trabalha com o ensino coletivo
54
Figura 2 – Mapa indicando cidade de trabalho dos entrevistados
55
mudanças, foi feito novamente contato com os entrevistados, que aceitaram
responder as novas perguntas.
Adição de perguntas:
Durante as duas (2) primeiras entrevistas, foi aprofundado o assunto de
arranjos. Assim, no segundo roteiro (Apêndice 2) foram adicionadas as seguintes
questões que também foram feitas aos primeiros entrevistados: “Você faz arranjos de
músicas?”; “Você aprendeu a fazer arranjo na faculdade?”; “Na sua opinião é
importante que o professor de ensino coletivo saiba fazer arranjos?”; “Após fazer o
arranjo você chega a tocar em cada um dos instrumentos (violino, viola, cello e baixo)
para verificar quais dificuldades seu aluno terá ao tocar o arranjo?”.
Reformulação de questão:
Após questionar os dois professores sobre “Qual o máximo de alunos que o
ensino coletivo deve ter?”, o entrevistador aprofundou o assunto perguntando se esse
número máximo de alunos mudaria dependendo da faixa etária. Foi feita, então, uma
adaptação, com a pergunta sobre o número máximo nas seguintes faixas de idade: 7,
8 ou 9 anos; 10 e 11 anos; 12 a 59 anos e Acima de 60 anos. Por consequência, o
segundo roteiro teve a questão modificada para perguntar o número máximo de
alunos de acordo com cada uma dessas faixas etárias.
Exclusão de questões:
As primeiras entrevistas duraram mais de uma hora, e foi preciso reduzir
algumas questões para maior conforto dos entrevistados. As primeiras entrevistas
apontaram que os professores possuem a necessidade de reestruturação física e de
organização pedagógica, sendo assim, foram retiradas as seguintes questões: “Quais
conteúdos são mais importantes para ensinar nas primeiras aulas?”, “Como você
ensina esses conteúdos?” e “Como você trabalha esses conteúdos que os alunos
apresentam mais dificuldades?”. Essas questões tomavam bastante tempo, porque
os entrevistados explicavam com vários detalhes as ações em sala de aula.
O segundo roteiro foi aplicado com três (3) professores, todas as entrevistas
via WhatsApp. As respostas vieram em parte por áudio, a outra parte por texto.
56
Durante as entrevistas, alguns professores relataram que a sala era pequena e
com ruído externo. Então, o terceiro roteiro foi criado para verificar a medida real da
sala de aula e suas condições. O terceiro roteiro foi aplicado com os cinco (5)
professores, as perguntas foram:
1. Qual o tamanho da sala? Quantos metros de largura, altura e profundidade?
2. A sala tem tratamento acústico?
3. Normalmente é possível ouvir, na sala de aula, ruídos externos?
4. Qual a intensidade desses ruídos? Fraco, médio ou forte?
Os roteiros de entrevista serviram de suporte para identificar quais informações
são mais relevantes para serem escritas em um guia sobre a estrutura ideal para o
Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas. Portanto, as entrevistas foram a base para
identificar questões-chave de problemas estruturais para este guia.
57
Figura 3 – Fluxograma das Entrevistas
Entrevista com 2
Pesquisa Elaboração
professores de
Bibliográfica Roteiro 1
forma presencial
Entrevista com 3
Análise do Elaboração professores por
Roteiro 1 Roteiro 2 WhatsApp
Entrevista com
Análise das Elaboração todos os
entrevistas Roteiro 3 professores
por WhatsApp
58
3.6 Processo de construção da pesquisa
Para a criação de um guia para implementação do Ensino Coletivo de Cordas
Friccionadas que inclua sugestões de como trabalhar essa proposta em sala de aula,
fez-se necessário um levantamento a fim de verificar as demandas dos professores
que atuam com esse tipo musical. Com a finalidade de melhorar a compreensão do
processo de elaboração deste estudo, foi elaborado um fluxograma das etapas da
pesquisa, conforme Figura 5.
59
Figura 4 – Fluxograma das etapas da pesquisa
1b. Elaborações:
- Cronograma da Pesquisa
ETAPA 1
2a. Escrita da
Execução e fundamentação teórica 2c. Tabulação e
ETAPA 2
Entrevistas
61
• Escrita dos resultados da 1ª análise de dados: o capítulo Resultados
e Discussão foi escrito com base nas entrevistas, informando a realidade
de trabalho desses professores e suas sugestões em relação ao Ensino
Coletivo de Cordas.
62
3.7 Análise dos dados coletados
63
Os assuntos abordados nas entrevistas foram organizados nas seguintes
categorias: i) Perfil de cada entrevistado; ii) infraestrutura para o ensino coletivo; iii)
metodologia de ensino; e iv) dificuldades em sala de aula.
Bardin (2016, p. 44) ressalta que “[...] o interesse não está na descrição dos
conteúdos, mas sim no que estes nos poderão ensinar após serem tratados”. Se a
análise de conteúdo for novamente explicada através de figura de linguagem com a
organização de objetos, é possível afirmar que o interesse não é saber quais objetos
a pessoa tem, mas sim o que esses objetos podem dizer sobre a pessoa.
64
3.7.3 Análise das fichas de avaliação
Com o objetivo de verificar se a escrita e os conteúdos do guia estão
adequados, a primeira versão do guia foi enviada para análise de peritos.
As opiniões a respeito do guia foram fornecidas através da Ficha de Validação
do Guia (Anexo 3). As sugestões foram organizadas nas seguintes categorias: i)
Inclusão de Informações; ii) Alterações de Informações; iii) Exclusão de termos ou
frases; iv) Reformulação de Vocabulário; v) Melhoria de ilustração, layout e textual.
Posteriormente foi analisada a viabilidade de se implantar cada uma das sugestões.
As sugestões viáveis foram implementadas na segunda versão do guia.
A segunda versão do guia foi enviada para análise dos entrevistados
(professores que atuam no ensino coletivo), que emitiram suas opiniões de melhorias
do material. Os professores também puderam dar sua opinião geral sobre o guia,
validando o material.
65
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados desse estudo estão divididos em três momentos, a saber:
(1) Análise das entrevistas, são apresentados os relatos dos professores do
Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas a respeito das estruturas físicas,
estruturas pedagógicas e recursos técnicos. Em seguida são relacionados
com o que já existe na bibliografia a respeito do ECIM, indicando qual é a
estrutura ideal para que o aprendizado ocorra de forma plena.
(2) Aprofundamento de dados, demonstra quais conteúdos e habilidades os
entrevistados consideram mais complexos de se ensinar no ECIM. Também
é demonstrado que existem diversos fatores que podem afetar o
desenvolvimento de cada habilidade musical.
(3) O Guia, descreve as avaliações feitas pelos peritos e professores do ECIM
a respeito do guia produzido e descreve as melhorias implantadas no
material.
66
Espelho
Cadeira
Número de alunos em Importância da divisão de faixa etária
sala de aula e faixa Sugestão de quantidade de alunos, em sala de aula, para
etária cada faixa etária
Tempo para preparar a Importância de tocar/estudar o próprio arranjo antes de
aula ensiná-lo para a sala
Necessidade de criar exercícios e arranjos próprios
Importância do planejamento de aula
Material didático e Materiais didáticos utilizados
metodologia
Formação e perfil do Formação musical
profissional Formação pedagógica
Envolvimento com os Benefícios obtidos com o envolvimento dos responsáveis
pais Prejuízos devido a mau envolvimento com os pais
Dificuldade em envolver os responsáveis
Diferentes tipos de envolvimento com os pais
Fonte: Autoria Própria
[...] normalmente as salas que a gente trabalha não são salas feitas
para isso, são salas sempre improvisadas. (ENTREVISTADO 01).
67
A gente não trabalha em locais específicos, né, para a gente. Seria
ideal a gente ter as condições mínimas, ter uma sala isolada para cada
professor. Não precisa nem ser salas individuais de estudo, mas ter
duas salas de ensino de naipe. Seria o ideal ter pelo menos isolamento
acústico, como isso é inviável financeiramente e estruturalmente para
as instituições, a gente tem que se virar. (ENTREVISTADO 02).
[...] eu já tive uma sala muito apertada. Por sinal, o aluno batia o arco
no extintor de incêndio, batia o arco no colega do lado. [Eu] não
conseguia ter o alcance do aluno em alguns momentos no fundo, isso
prejudica muito na aula. (ENTREVISTADO 01).
[...] com certeza se a gente tivesse o espaço que acomodasse melhor
nossos alunos, com certeza teremos um trabalho melhor.
(ENTREVISTADO 01).
[...] eu gostaria de fazer uma atividade de musicalização, mas eu não
consigo ter a liberdade, deixar as crianças andarem [...] eu não
consigo tirar essas cadeiras o tempo todo, acaba não sendo viável de
uma aula para a outra esse tipo de movimento. (ENTREVISTADO 01).
68
Nessa direção, o educador musical Jacques-Dalcroze, confirma que o aluno
deve vivenciar os elementos musicais através do caminhar, saltar, fazendo
coreografias que representem as formas musicais, ocupando o espaço e mudando de
direções (MARIANI, 2012). De acordo com Mariani (2012, p. 41) os “[...] exercícios
são realizados num espaço amplo, possibilitando o movimento e a expressão”.
O Entrevistado 03 também apresenta a limitação de realizar outras ações junto
aos alunos quando o tamanho da sala é inadequado. Há professores que para
incentivar os alunos pedem para que eles convidem amigos ou pais para fazerem uma
aula juntos e que a aula seja ministrada pelo próprio aluno. É uma forma de incentivar
a interação social. Aulas especiais podem possibilitar o estabelecimento de um vínculo
entre os pais, professores e alunos, contribuindo para maior dedicação nas atividades
musicais.
69
Quadro 8 – Dimensões das salas de aula dos professores.
Dimensão Área total Média de m² por Máximo m² por
Entrevistado da sala (m²) Altura alunos aluno de alunos aluno
7,32m x
Entrev. 1 9,80m 71,7 3m 15 4,78 25 2,8
Entrev. 2 4m x 4m 16 * 5 3,2 10 1,6
Entrev. 3 6m x 15m 90 3,5m 15 6 20 4,5
Entrev. 4 7m x 10m 70 3m 10 7 25 2,8
Entrev. 5 10x10m 100 * * * 15 6,6
Fonte: Dados da pesquisa
* Dados não fornecidos pelos entrevistados
De acordo com Wenger (2004), a sala deve ser espaçosa a ponto de ter entre
2,8m² a 3,2m² para cada músico. Em salas com 15 alunos ou mais, deve-se ter o pé-
direito5 alto (de 3m a 5m) para evitar excesso sonoro em sala.
Portanto, os dados do Quadro 8 demonstram que a sala de aula do
Entrevistado 02 não tem espaço para abrigar as turmas com 10 alunos, ficando com
menos do que 2,8 m² por aluno. Os Entrevistados 01 e 04 possuem turmas que
chegam ao limite da capacidade da sala. Os Entrevistados 03 e 05 podem trabalhar
em uma sala que comporta todos os alunos.
A sala de aula dos Entrevistados 01 e 04 está no limite mínimo da altura do
teto, podendo ter um teto mais alto para dissipar melhor o som, uma vez que Wenger
(2004) recomenda tetos mais elevados quando a turma possua 15 ou mais alunos.
A estrutura da sala de aula também influencia suas questões acústicas. Salas
mais amplas naturalmente possuem maior reverberação. O nível de reverberação da
sala também é influenciado pela quantia de objetos dentro de sala e o tipo de material
70
desses objetos. Objetos mais macios costumam absorver mais o som, reduzindo a
reverberação.
Apenas o Entrevistado 02 mencionou ter problema com relação a reverberação
acústica:
A gente acaba perdendo muito tempo organizando um som [...]. Se a
gente for pensar, a gente até consegue dar um jeito, mas a gente
deveria ter uma sala adequada, para gente não precisar dar esse jeito
[...] (a gente vai) tentando organizar aos poucos, tocar menos forte,
tocar com um pouco menos de som para não ficar tão... tão...”
bagunçado? (ENTREVISTADOR) “É” (ENTREVISTADO 02).
O som pode ficar confuso em ambientes com alta taxa de reverberação, para
salas de ensaio de banda ou orquestra o ideal é ter entre 0,8 e 1 segundo de
reverberação (MENEZES, 2003 e WENGER, 2004). A reverberação pode influenciar
na percepção dos alunos e, como consequência, interferir no aprendizado dos alunos.
Apesar disso, apenas o Entrevistado 04 afirmou que há elementos para absorverem
a reverberação: “Há tratamento acústico, mais para reduzir a reverberação”
(ENTREVISTADO 04).
Ainda sobre qualidade acústica da sala de aula, é possível afirmar que a
quantidade de ruído externo pode ter influência nas aulas de música. Sendo esse que
problema incomoda quatro dos entrevistados, segundo eles:
71
Ruídos externos podem distrair os alunos, dificultam o aluno perceber nuances
no próprio instrumento, pode levar o professor a falar mais forte, desgastando a voz.
Apenas o Entrevistado 01 diz que sua sala fica em um local mais isolado, por
isso foi mencionado que a intensidade dos ruídos é “fraco a médio”.
Os relatos dos entrevistados demonstraram realidades distintas, alguns
enfrentam problemas com o tamanho de sala de aula, outros com a reverberação e o
ruído externo é o problema mais comum entre esses professores.
Pelas falas dos Entrevistados 01, 02 e 04 é possível perceber que o piano pode
ser um recurso útil durante as aulas. Entretanto, é preciso efetuar a manutenção
periódica no instrumento para que ele esteja sempre afinado.
Eventualmente, o piano pode ser substituído por um computador para tocar o
áudio das músicas que os alunos estão executando. O computador também pode ser
útil para mostrar vídeos de músicos famosos tocando o instrumento, assim o aluno
pode ver a postura desses músicos, golpes de arco e apreciar as músicas mostradas.
no entanto, nenhum entrevistado possui computador em sala de aula. O Entrevistado
04 comentou: “Não tenho computador em sala, mas seria interessante para mostrar
vídeos com mais facilidade” (ENTREVISTADO 04).
Dentre os recursos utilizados, há também o quadro branco (ou lousa), sendo
importante para explicar um conteúdo ou para criar um exercício no momento da aula
para auxiliar o aluno a compreender a matéria ou treinar o que foi ensinado. A lousa e
o quadro branco foram citados pelos Entrevistados 01, 02 e 04 como recursos de uso
em sala:
73
Espelho grande para que os alunos possam ver sua postura e se
corrigirem. Boa iluminação também é importante. (ENTREVISTADO
04).
74
O Entrevistado 01 também relatou dificuldades em trabalhar com faixas etárias
distintas e com 20 alunos em sala de aula:
[...] A quantidade, assim, de alunos de faixa etária variada era o que
mais dificultava o ambiente de aula mesmo. Quando a gente tem mais
alunos é mais difícil dar mais atenção (ENTREVISTADO 01).
75
qualidade da acústica da sala, iii) recursos técnicos disponíveis, iv) tipo de ensino que
emprega (ensino de instrumento ou musicalização), entre outros fatores.
A entrevista registrou, conforme Quadro 9, a opinião dos professores a respeito
do número máximo de alunos, dentro de certas faixas etárias, pensando em um
projeto com o enfoque social, no qual o objetivo é atender o máximo de alunos
possível. Algumas faixas etárias são bem amplas, e a intenção foi levantar por
aproximação quais idades têm maior facilidade de aprendizado e quais têm maior
dificuldade, entretanto, será importante fazer divisões de faixa etária mais precisas,
como de 12 a 17 anos, por exemplo.
76
Quadro 10 - Atualmente quantos alunos há em sala de aula?
Atualmente tem em média quantos alunos por sala?
Entrevistado 01 Em média, 15 alunos, chega a ter 25 alunos
Entrevistado 02 Aula de naipe com: 10 alunos quando iniciante, após evasão
fica com 5 alunos
Ensaio geral com 35 a 40 alunos
Entrevistado 03 A maioria entre 12 a 15. O máximo são 20 alunos por turma
Entrevistado 04 Entre 6 e 25. A maioria tem em torno de 10
Entrevistado 05 Máximo 15 alunos
Fonte: Autoria própria com base no relato dos entrevistados
Para Ying (2007), o ideal é ter 8 alunos em sala, sendo o número máximo de
10 alunos. Por outro lado, na visão dos entrevistados é possível chegar a 14 alunos
em sala de aula. O Quadro 11 mostra o número máximo de alunos que os
entrevistados afirmaram possuir, em seguida mostra quantos alunos que essa turma
possui a mais que o recomendado pela Ying (2007) e, por fim, quantos alunos que a
turma possui a mais em relação à recomendação dos entrevistados.
78
também, então se eu tocar o arranjo, ajuda bastante sim
(ENTREVISTADO 05).
Se tiver uma turma mista com níveis diferentes, é preciso ver isso o
quanto antes. Porque não adianta ele passar um material de iniciação
para um aluno que está com um conhecimento um pouco mais
avançado, isso acaba desestimulando o aluno. Então se ele [professor]
conseguir filtrar nas primeiras aulas, quando ele vai conhecer os alunos
e ele vai saber do nível técnico deles. Aí pode criar materiais para
trabalhar por igual com todos (ENTREVISTADO 03).
79
nesse caso, a elaboração de um exercício pode ajudá-los. Professores também fazem
arranjos musicais para os alunos tocarem.
Os Entrevistados 04 e 05 apresentam opiniões distintas a respeito da
quantidade de arranjos já existentes. O Entrevistado 04 diz já existir bastante material
pronto enquanto o Entrevistado 05 diz que há poucos materiais. Apesar disso, é
defendido que os alunos precisam que arranjos ou exercícios sejam coerentes com
as necessidades deles.
Existe muito material pronto, então não acredito que seja tão importante
saber fazer, mas é interessante para que se tenha algo bem adaptado
aos alunos de quem o faz (ENTREVISTADO 04).
Pelo menos você tentar fazer alguma coisa com o que você sabe. Às
vezes não fica aquela coisa de... complexa, né? Perfeita... mas atende
sua necessidade ali na hora [...] Uma época que eu dei aula em um
ensaio geral, eu pude adaptar os exercícios para um violinista tocar
(ENTREVISTADO 02).
Se você tem uma ideia do que você está enfrentando na aula, né, você
sabe qual... qual a meta tem que atingir, você precisa pensar em
exercícios que cheguem lá. Os métodos que a gente tem, normalmente
não são tão bem escritos, né? Então a gente precisa planejar coisas
que complementem eles. Seja Dalcroze, All For Strings, sempre vai ter
80
alguma coisa que a gente vai ter que adaptar à nossa realidade
(ENTREVISTADO 02).
82
Quadro 12 – Materiais didáticos que os professores já utilizaram durante a carreira
Materiais Didáticos que utiliza ou já utilizou
Entrevistado 01 Atualmente usa exercícios próprios com base no Suzuki, All for Strings
e Hans Sitt.
Já usou um material que foi feito por uma escola, baseado no método
de Alberto Jaffé.
Entrevistado 02 All for Strings e adaptação do método Applebaum feita pelo Pedro
Cameron.
Entrevistado 03 All for strings, Essential Elements. Atualmente Método SESI-SP de
Ensino de Música (livro I e II) e Suzuki.
Entrevistado 04 All for Strings, Suzuki, Meu Primeiro Livro de Violino (Marylin Brito),
Laureux, Método SESI-SP de Ensino de Música.
Entrevistado 05 All for Strings e String Builder.
Fonte: Autoria própria com base nas respostas dos entrevistados
83
podem sentir necessidade de procurar outros cursos para complementar o que
aprendeu na faculdade. Por isso, foi perguntado quais cursos específicos que os
entrevistados cursaram que os ajudam de alguma forma a dar aulas coletivas de
música.
O Entrevistado 01 cita que as práticas de orquestra feitas no conservatório
foram relevantes:
Fazer o conservatório, que foi um curso que eu tive a experiência com
outras pessoas também, então trabalhar com o coletivo e observar
como um regente atua em sala, é, no momento que a gente tá
aprendendo (ENTREVISTADO 01).
84
por sermos músicos, mas a experiência foi ótima. Durante o curso
tivemos masterclasses de cada instrumento com professores
convidados que trabalham com uma metodologia coletiva e que não se
intimidam em ensinar mais do que um instrumento fora o seu
instrumento predominante (ENTREVISTADO 03).
85
Para os Entrevistados 01 e 02, uma exigência mínima, para professor de ensino
coletivo heterogêneo, é conhecer cada um dos instrumentos que vai ensinar, qual a
clave de cada um, qual o funcionamento básico e quais as dificuldades que o
instrumento possui. Não é preciso saber tocar concertos em todos os instrumentos,
mas é preciso reconhecer como funciona o essencial de cada um. É possível obter
parcialmente esses conhecimentos lendo sobre os instrumentos ou conversando com
instrumentistas, entretanto, é recomendável que o professor saiba tocar pelo menos
o básico de cada instrumento que irá ensinar, pois, ao tocar é mais fácil perceber as
particularidades de cada um, facilitando a compreensão das dúvidas que os alunos
apresentam em sala de aula.
Alguns cursos além da graduação podem ajudar no desenvolvimento do
professor. O Entrevistado 03 cita o curso da Metodologia Suzuki, para se trabalhar
com essa metodologia primeiro é necessário fazer o curso de Filosofia Suzuki, depois
o profissional deve fazer o curso de cada livro Suzuki que pretende dar aula, por
exemplo Livros 1 e 2 de violoncelo. Nestes cursos, o professor aprende a como
trabalhar pedagogicamente cada exercício do método. O Entrevistado 03 também cita
o WINACC (Workshop Internacional de Aprendizado Coletivo de Cordas), em que os
interessados fazem aulas coletivas, ajudando-os a perceberem as dificuldades dos
alunos. Também há masterclasses dos instrumentos de cordas, no WINACC é
possível conhecer metodologias de ensino coletivo. O Entrevistado 04 ressalta que
participou de fóruns e palestras voltados à educação em geral. O Entrevistado 02
afirma que participar do curso de música de câmara do conservatório também o
ajudou a conhecer os outros instrumentos de cordas.
Através dos relatos dos entrevistados, ficou evidente que é bem ampla a
formação dos professores de ensino coletivo.
86
aulas de música, compreender se há algum aluno com alguma deficiência, se as
práticas pedagógicas estão adequadas a esses alunos e se os alunos têm estudado
em casa. 2) Efetuar apresentações formais, pequenos recitais ou aulas abertas
costumam incentivar os alunos a estudarem o instrumento para demonstrarem o que
aprendeu a algum conhecido. 3) Envolver os pais no ensino incentivando os alunos
a estudarem em casa. Além disso, os pais também devem aprender elementos da
música e do instrumento para que possam auxiliar o aluno nos estudos em casa.
Durante as entrevistas foi declarado que o envolvimento com os pais é
benéfico, entretanto é raro. Na Metodologia Suzuki (SUZUKI, 2019), os pais devem
se envolver com o ensino musical, durante a semana devem indicar e incentivar o
estudo das crianças, criando um ambiente agradável, e devem estimular a criança a
ouvir várias vezes as músicas do repertório.
87
Foi perguntado ao Entrevistado 01 se ele achava interessante que os pais
também soubessem o que está sendo dado em sala de aula e soubessem tocar o
instrumento, para que os pais pudessem também trabalhar em casa com os filhos.
“Seria interessante, seria o ideal sim”. (ENTREVISTADO 01).
90
No presente trabalho, os professores entrevistados mencionaram que as
maiores dificuldades em sala de aula são: i) o aluno corrigir a afinação de uma nota;
ii) o aluno perceber que uma nota está desafinada; iii) movimentar corretamente o
arco; e iv) segurar corretamente o arco. Esses itens se relacionam durante o
aprendizado do aluno. Para que o aluno consiga movimentar corretamente o arco,
antes é necessário que ele consiga segurar de forma adequada o arco. Para conseguir
afinar a nota, antes é preciso ter a habilidade de perceber que a nota está desafinada.
O correto movimento do arco é essencial para tirar um som estável do instrumento e
sem ruídos, somente assim é possível tocar afinado. Para que o aluno desenvolva a
competência de tocar afinado, então, é preciso desenvolver as habilidades de
percepção sonora, de segurar o arco e de movimentar o arco. A Figura 5 demonstra
como essas habilidades se relacionam para o desenvolvimento da competência de
afinar a nota.
91
de tocá-lo (afinação do instrumento, tensão da crina, breu passado); vi) Meio
ambiente, condições das salas de aula.
92
Figura 6 – Diagrama ilustrando as possíveis causas de problemas de afinação dos alunos
93
Após observar o diagrama, na Figura 6, pode-se perceber que três categorias
estão diretamente ligadas ao professor, são elas: i) Método, que está ligado a forma
que o professor ensina; ii) Mão de obra (aluno), uma vez que é função do professor
ajudar o aluno a se desenvolver; e iii) Medida (calibração), porque é possível fazer os
devidos ajustes nos instrumentos.
Por outro lado, há três outras categorias que geralmente dependem de outras
pessoas, são elas: i) Material, em diversas instituições é preciso que um supervisor
aprove as compras de cordas e arcos. A qualidade desses materiais também depende
do orçamento disponível em cada instituição; ii) Máquina, as devidas manutenções do
instrumento devem ser feitas por um luthier; iii) Meio Ambiente, o investimento em
isolamento acústico, tratamento de reverberação sonora, ar condicionado e outras
melhorias para a sala de aula, dependem da aprovação de um supervisor e do
orçamento disponível na instituição. Assim sendo, é importante envolver a
coordenação do curso, explicar os benefícios de cada investimento e buscar as
melhores soluções de acordo com a realidade de cada local.
Depois de se levantar as possíveis causas dos problemas, é possível observar
como uma causa influencia as aulas, gerando problemas que antes não existiam, ou
acentuando problemas já existentes. A Figura 7 mostra que o problema de ter muitos
alunos em sala de aula desencadeia outras dificuldades.
94
Figura 7 - Diagrama demonstrando que uma causa pode desencadear outros problemas
95
A Figura 7 demonstra que o aumento de alunos em sala de aula influencia na
forma como o professor planejará sua aula, já que precisará atender as necessidades
de mais pessoas; quanto mais alunos em sala, mais provável que os alunos
apresentem dificuldades distintas ou que haja pessoas com alguma deficiência que
necessitem de mais atenção. Logo, quanto mais alunos, mais é complicado planejar
corretamente as aulas.
Mais alunos em sala também torna mais difícil avaliar corretamente o
aprendizado de cada um deles durante as aulas, demorando mais para identificar
dificuldades e, por consequência, levando mais tempo para corrigir o aluno. A
sonoridade da sala também é afetada, o que desencadeia dois problemas, dificuldade
do aluno de ouvir o próprio som e diminuição da concentração do aluno porque está
recebendo muitos estímulos sonoros. Quando há mais alunos do que a sala comporta,
os alunos acabam esbarrando o arco nos colegas, e, para evitar esse problema, será
necessário usar pouco arco, o que influencia na afinação. A presença de muitas
pessoas dentro de uma sala pequena faz a temperatura ambiente se elevar,
aumentando o desconforto e diminuindo a concentração dos alunos, o que diminui a
capacidade de aprendizado e de afinação.
Estas questões de causa e efeito demonstram a importância de primeiramente
discutir sobre a estrutura do ensino coletivo, para, em momento posterior, criar
exercícios com as dificuldades em sala de aula. Porque mesmo que haja um material
didático bem elaborado, se esse material for aplicado em ambiente mal estruturado, o
resultado será insatisfatório.
Sabe-se que certas estruturas pedagógicas são elaboradas tentando se
adaptar às realidades locais. Nem todos os projetos têm dinheiro suficiente para criar
uma estrutura ideal, com isolamento acústico, bons instrumentos e ter poucos alunos
em sala de aula. Nesses casos, é preciso fazer algum tipo de adaptação com o
objetivo de atingir o melhor resultado dentro dessas realidades. Entretanto, se não for
bem planejada, a adaptação pode trazer problemas ao ensino coletivo, piorando o
aprendizado, em vez de melhorá-lo. O sucesso ou fracasso de um ensino coletivo de
música depende do planejamento acertado da estrutura desse curso.
Por isso, antes de decidir a estrutura do curso, é fundamental refletir sobre os
prejuízos e benefícios do tamanho disponível da sala de aula, refletir quantos alunos
terá em cada turma, qual carga horária, material pedagógico que será usado, número
96
de professores, objetivo do curso, entre tantas outras coisas. Somente assim será
possível decidir qual a melhor estrutura para a realidade local, evitando prejuízos ao
ensino coletivo.
Se de um lado há a dificuldade de ter um ensino efetivo por falta de dinheiro
para se obter condições melhores, por outro lado, há soluções que simplesmente
passam desapercebidas. Por exemplo, se uma sala fica próxima de um local com
ruídos, pode-se optar por utilizar essa sala para guardar instrumentos ou partituras,
deixando as salas de aula para os ambientes com menos ruídos externos. Há ainda
locais que têm condições financeiras para efetuar melhorias, mas não perceberam
qual a fonte do problema, por isso não sabem como fazer investimento e quais são os
benefícios desses investimentos estruturais.
Apesar dos professores terem afirmado que possuem grandes problemas em
ensinar a afinação, percebe-se que o primeiro passo a ser dado é resolver os diversos
problemas estruturais que atrapalham o aprendizado do aluno. Como, por exemplo,
ruídos externos e sala muito reverberante dificultam, ou até mesmo impossibilitam,
que o aluno perceba o som do próprio instrumento. É preciso ressaltar que até mesmo
músicos profissionais terão mais dificuldades em tocar afinado em um ambiente desse
tipo. Sendo assim, nessas condições precárias, nota-se que mesmo que sejam
produzidos exercícios para melhorar a afinação, haverá pouco desenvolvimento,
porque o aluno não está em um ambiente em que é possível ouvir com clareza os
sons.
Portanto, o presente estudo produziu um material que possa apontar de forma
clara e objetiva quais são as condições para se obter boa estrutura para o Ensino
Coletivo de Cordas Friccionadas, permitindo, assim, que os projetos de ensino coletivo
possam verificar quais condições são passíveis de melhoria, de acordo com a
realidade local. O material também pode cooperar para que novos projetos musicais
sejam criados com estruturas mais sólidas.
4.3 O Guia
A análise das entrevistas proporcionou elementos suficientes para elaborar um
guia sobre a implementação do Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas. O conteúdo
do guia contém uma apresentação a respeito do Ensino Coletivo de Cordas
Friccionadas, suas vantagens e uma breve explicação sobre as suas finalidades. No
97
Capítulo 2 foram abordadas as dimensões adequadas para a sala de aula, distância
das cadeiras, nível sonoro em sala de aula e reverberação. O Capítulo 3 descreve a
estrutura pedagógica, explica o que são turmas homogêneas e heterogêneas, indica
a frequência, duração de cada aula, número de alunos e a divisão por faixa etária. O
Capítulo 4 descreve alguns materiais didáticos e aborda o tempo para planejamento
individual e em grupo. O Capítulo 5 lista os recursos técnicos importantes para o
ensino coletivo. No final do Guia há uma lista das referências bibliográficas utilizadas
para a construção do material.
98
Quadro 14 – Sugestões dos peritos para inclusão de informações no guia.
Assunto Sugestões
Inclusão de novas Incluir texto sobre professores auxiliares (monitores) para
informações e ajudar nas aulas e a afinar os instrumentos.
conteúdos ao guia Incluir parágrafo para finalizar o capítulo 05.
Incluir conceitos basilares como Estudo Dirigido, Teoria
Aplicada, Professor Regente e Professor Assistente
disseminados por Alberto Jaffé e presentes nas obras de
Cruvinel (2003), Galindo (2000) e Oliveira (1998).
Incluir elementos básicos de um planejamento de aula e
mostrar um modelo.
Incluir informação que apesar do som, em sala de aula,
ultrapassar 85 dB nem sempre ele é constante.
Inclusão de referências Incluir referências das pesquisas que indicam o excesso
em nota de rodapé sonoro dentro de sala de aula.
Incluir referência sobre as frequências de aulas indicadas
Incluir referência sobre a divisão da faixa etária.
Incluir referência sobre a carga horária destinada a
planejamento de aula.
Inclusão de fonte na Fonte da ilustração da página 6.
bibliografia Fonte da NR15.
Fonte: Autoria Própria
99
Reescrever informação sobre a distância das cadeiras,
não está claro se a medida é do primeiro pé da cadeira
de trás e o último pé da cadeira da frente.
Esclarecer melhor o papel dos dois professores.
Modificar trecho Evidenciar a diferença entre a dimensão de sala ideal e
evidenciando que existe o real.
diferença entre o ideal e Evidenciar que raramente os projetos de ensino coletivo
o real apresentam condições de ter separações tão próximas
de faixas etárias.
Reescrever informações da duração de aulas, indicando
que o ideal é possui 6h semanais.
Apesar da norma indicar que o máximo de ruído externo
é de 45 dB. É interessante haver uma tolerância maior,
dificilmente uma sala de aula consegue se manter dentro
dessa norma.
Alterar a ordem das Iniciar o guia com “Sobre esse guia”.
informações Colocar a frase “possível atender muitos alunos a um
baixo custo” no final da lista.
Alterar ordem da lista dos recursos técnicos. Deveriam
estar na sequência da estrutura da sala e cadeiras etc.
Modificar frase tomando Reescrever trecho das frequências e duração de aula
cuidado com termos tomando cuidado com generalizações, 3 ensaios não
utilizados garantem o nível técnico.
Reescrever trecho focando na aprendizagem
colaborativa (comentário sobre a frase “Estimula os
alunos a se dedicarem para obter posições de destaque
no grupo”).
Alterar frase. O computador e caixa de som são recursos
que auxilia no desenvolvimento pedagógico. O termo
fundamental se usa para aquilo que é alicerce, que sem
ele a proposta pedagógica não poderia acontecer.
Fonte: Autoria Própria
100
No Quadro 16, estão apresentadas as sugestões feitas em relação às
exclusões de termos ou frases presentes no guia.
101
Sonoridade mais agradável nos alunos Sonoridade é mais agradável para os
iniciantes alunos iniciantes
Melhora a socialização e faz os alunos Promove a socialização e pertencimento
se sentirem parte de um grupo dos alunos como parte de um grupo
Proporciona um momento de lazer, Proporciona momentos de ludicidade e
podendo melhorar a qualidade de vida prazer que podem levar à melhora da
de quem toca um instrumento qualidade de vida pela formação
instrumental
é preciso que, pelo menos, uma turma de o ideal é que a turma de alunos tenha
alunos tenha ensaio 3 vezes por ensaio 3 vezes por semana, sendo cada
semana, sendo cada ensaio com ensaio com duração de 1h30 a 2 horas
duração de 1h30 a 2h00.
alunos bons alunos que produzem sonorização
afinada e agradável
tamanho da sala dimensões da sala
Ruídos externos atrapalham muito as Ruídos externos atrapalham as aulas
aulas
os alunos de distram os alunos se distraem
+ mais
garante a qualidade de ensino influencia na qualidade de ensino
Recursos técnicos Recursos Técnicos e Humanos
Guia para a implementação do Ensino Guia para implementação do Ensino
Coletivo Coletivo de Cordas Friccionadas
Fonte: Autoria Própria
Quadro 18 - Sugestões dos peritos para melhorias nas ilustrações, layout e textual.
Sugestões
Seguir normas da ABNT para as ilustrações, com título acima e fonte abaixo.
Poderia ter mais ilustrações, inclusive ilustrações de sala de aula.
102
Inserir no sumário lista de figuras.
Substituir ilustrações que estão em baixa resolução e inserir uma imagem que
represente melhor o ensino homogêneo e o heterogêneo
Modificar o layout de todo o guia para tonar a leitura do material mais atrativa.
Enviar o guia para revisão textual profissional.
Fonte: Autoria Própria
103
4.3.2 Avaliação dos professores de música
A segunda versão do guia foi produzida com base nas sugestões dos peritos,
em seguida foi enviada para aos cinco professores de música que foram
entrevistados. Apensa um dos professores optou por não participar dessa etapa da
pesquisa. Portanto, quatro professores analisaram o material.
Foram feitas apenas duas sugestões de melhoria.
A primeira sugestão indicava que deveria unir as informações da divisão de
faixa etária ao tópico de número de alunos por turma, uma vez que essas informações
estão relacionadas. A implementação foi feita, deixando o texto mais fluido.
Foi feita a sugestão de inserir exercícios extras de coordenação motora para
adultos. O ideal é ser implementar em trabalhos futuros, elaborando um material mais
aprofundado a respeito de práticas pedagógicas do ensino coletivo.
104
Acredito que o material vá auxiliar os professores que estão iniciando
o trabalho com Ensino Coletivo de Instrumento Musical, sobretudo, o
Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas (PERITO 02).
106
Figura 11 – Check-list gerado pelo programa
Por fim, o programa mostrará uma previsão orçamentária para a compra dos
instrumentos musicais indicados no check-list e uma previsão orçamentária para
manutenção anual de cordas e arcos. O usuário deve verificar se o preço unitário
desses materiais se encontra atualizado e fazer as devidas atualizações se
necessário. A Figura 12 demonstra essas previsões orçamentárias geradas pelo
computador.
107
Figura 12 – Orçamento de compra de instrumento e compra anual de cordas e arcos
108
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
109
A pesquisa valorizou as experiências vivenciadas pelos professores
participantes. Suas falas contribuíram para o direcionamento e desenvolvimento da
pesquisa que, por sua vez, poderá contribuir para a evolução dos envolvidos com o
Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas e/ou interessados nesse modelo de ensino
de música em diferentes segmentos. Este processo foi desafiador, pois “[...] uma ideia
não morre para ser substituída por outra, simplesmente. O que acontece é que
algumas certezas vão sendo questionadas, novas hipóteses vão se configurando e
acabam por constituir-se em outras ideias” (HOFFMANN, 2002, p. 108).
Este estudo não teve a aspiração de apresentar uma estrutura fixa para todos
os projetos de Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas, até porque cada projeto
coletivo pode apresentar características próprias. Como por exemplo: diferentes
objetivos, estruturas físicas e recursos financeiros. Por isso, foram apresentadas
estruturas consideradas ideais e que possam contribuir para a melhoria de projetos
coletivos já existentes, fazendo uso das ideias que serão úteis e aplicáveis a cada
realidade.
Deste modo, vantagens e dificuldades interpuseram-se a cada etapa da
pesquisa, posto que cada participante tem realidades diferenciadas quanto aos
diferentes aspectos analisados no estudo. Entretanto, a diversidade serviu para a
busca de possíveis soluções, resultando no crescimento de todos os envolvidos.
Principalmente por verificar que nos últimos anos essa metodologia de ensino tem
expandido e vem ganhando notoriedade. As vantagens advindas desta proposta são
diversas e significativas:
• Conhecer as estruturas ideias para o Ensino Coletivo de Cordas, o que torna
mais provável criar projetos musicais com uma estrutura mais acertada;
• Visualizar os benefícios advindos dos investimentos a partir dos resultados
desse estudo, objetivando a melhoria nos projetos já existentes;
• Obter maior efetividade no aprendizado musical, por meio da afinação, ritmo,
timbre e interpretação musical;
• Conhecimento sobre excessos sonoros em sala de aula, podendo tomar
providências para garantir a saúde auditiva do professor e alunos.
As dificuldades apresentadas pelos professores se fizeram presentes nas
entrevistas, elas foram concretas e se prestaram, enquanto contraponto, a incitar a
110
reflexão e o aperfeiçoamento para o trabalho, uma vez que indicaram aspectos a
serem superados.
Ao longo da pesquisa foram encontradas diversas dificuldades que, em geral,
serviram para maiores aprendizados. Dentre eles pode-se indicar:
• Escassez de material em português que aborde questões a respeito da
estrutura física ideal da sala de aula.
• Dificuldade em determinar quais informações eram mais relevantes para se
colocar no guia de implementação do Ensino Coletivo de Cordas Friccionadas.
• Carência de fotos e ilustrações que demonstrem as diversas formas adequadas
de se armazenar os instrumentos de música.
• Impossibilidade de conhecer pessoalmente os locais de trabalho de cada
professor, o que não permitiu fazer medições de nível de ruído externo e nível
sonoro em sala de aula. Foi possível obter apenas uma visão parcial da
realidade de trabalho desses professores, através de seus relatos.
O estudo foi de grande importância para o meu desenvolvimento profissional,
permitindo uma melhor compreensão a respeito do ECIM, seus objetivos, suas
vantagens e suas limitações. Pode-se ressaltar as seguintes aprendizagens:
• Compreensão mais aprofundada dos efeitos que a má estruturação física e
pedagógica tem sobre a qualidade do ensino musical. O que permite descrever
com mais clareza às pessoas quais são os benefícios reais de implantar essas
melhorias e o que esperar de cada um desses investimentos.
• Conhecimento acerca da Norma Regulamentadora 15 (BRASIL, 1978) que
descreve medidas que devem ser seguidas para que a saúde auditiva do
profissional seja preservada ao longo dos anos.
• Importância da Norma Brasileira (NBR) 10152/1987 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987) que descreve qual nível máximo
de ruído uma sala de música pode ter. O que contribui para uma aula mais
eficiente e com maior conforto.
• Visão crítica a respeito das minhas práticas de ensino e meus planejamentos
de aula.
Foi produzido um guia com linguagem acessível que demonstra elementos
fundamentais da estrutura física e pedagógica do Ensino Coletivo de Cordas, que foi
111
construído com base nas entrevistas a respeito da realidade dos professores de
música. Esse material será publicado em formato Ebook.
Espera-se que o material criado possa auxiliar coordenadores do ECIM a
identificar quais são as principais melhorias que o seu projeto de ensino coletivo
necessita e qual a viabilidade de implantá-las.
A pesquisa possibilitou conhecer melhor o ECIM, apesar disso é importante
ressaltar que ainda há o que pesquisar nessa área, inclusive a respeito de materiais
didáticos e práticas pedagógicas realizadas em outros países. Portanto, para estudos
futuros indica-se que sejam pesquisadas práticas pedagógicas para o ensino de
percepção e a afinação. Pois essas habilidades foram apontadas como sendo as mais
complexas de trabalhar em sala de aula. Para o desenvolvimento da afinação é
preciso (MOSS, 2017): i) trabalhar os intervalos musicais (quintas, quartas e oitavas
justas, terças maiores, entre outros); ii) os alunos devem ouvir, tocar e cantar
exercícios com acordes, primeiramente alguns alunos tocam a tônica do acorde,
depois outros alunos tocam a quinta do acorde e, por fim, outros tocam a terça; iii)
criar um contexto harmônico, ao tocar a música é importante ajustar cada nota para
uma perfeita afinação, sempre mantendo o tempo necessário para isso e executar as
cadências com fermatas. Para Streuff (em entrevista para BROUWER, 2020), é
importante praticar escalas musicais e treinar a escuta ativa, praticando e
reconhecendo os intervalos musicais.
Sugere-se que o guia seja ampliado e ofereça atividades pedagógicas de
coordenação e exercícios para treinar a percepção e afinação dos alunos.
112
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEN, M., GILLESPIE, R., HAYES, P. T., Essential Elements for Strings.
Minnnesota: Hal Leonard Corporation, 2002.
ANDERSON, G. E.; FROST, R. S. All For Strings. Californi: Kjos Music Company,
2008.
BRASIL. LEI Nº 11.738, DE 16 DE JULHO DE 2008. Brasília, DF, jul 2008. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11738.htm>.
Acesso em: 04 fev. 2019.
BROUWER, ZLATA. M. A. How to Play in Tune on the Violin with Simon Streuff.
Disponível em: https://violinlounge.com/interview/how-to-play-in-tune-on-the-violin-
with-simon-streuff/. Acesso em: 27 de fev. de 2020.
113
BUENO, D. C. Material Pedagógico para Ensino Coletivo de Violino, Viola,
Violoncelo e Contrabaixo. 2017. TCC – Especialização em Trabalho Docente e
Educação Musical na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino - Uniara, Araraquara.
DENINZON, J. Plugging In: A guide to Gear and New Techniques for the 21st Century
Violinist. London: Melbay, 2012.
GEERDES, H. P. Tips: Improving Acoustics for Music Teaching. In: Music educators
national conference. Reston: VA, 1991
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas S.A,
1989.
114
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em
Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 2004.
QUEIROZ, C. C.; RAY, S.; Mapeamento e Breve Análise das Técnicas de Ensino
Coletivo de Cordas Utilizadas em Goiânia. In: COMPEEX, III., 2006, Goiânia. Anais...
Disponível em:
<https://projetos.extras.ufg.br/conpeex/2006/porta_arquivos/prolicen/20201058-
CintiaCarladeQueiroz.pdf>
116
REBERTE, L. M. Celebrando a vida: uma cartilha para promoção da saúde da
gestante. 2008. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem,
Universidade de São Paulo, São Paulo.
SOLLINGER, C. The music man and the professors: a history of string class
methods in USA, 1811-1911. 1970. Tese (Doutorado em Educação). The University of
Michigan, Ann Arbor,1970.
117
VOLKMANN, S. E. A Modelação Sob a Perspectiva da Teoria Social Cognitiva: a
aquisição de crenças de autoeficácia no ensino de violino em um grupo de jovens.
2017. Dissertação (Mestrado em Música) – Setor de Artes, Comunicação e Design,
Universidade de Federal do Paraná, Curitiba.
ZIVKOVIC, D.; PITYN, P. Music teachers' noise exposure. Canadian Acoustics, [S.l.],
v. 32, n. 3, p. 84-85, sep. 2004. ISSN 2291-1391. Available at: <https://jcaa.caa-
aca.ca/index.php/jcaa/article/view/1639/1386>. Acesso em: 31 maio 2019.
118
7 APÊNDICES
APÊNDICE 1 – Primeiro roteiro de entrevistas
Primeiro Roteiro de entrevista (usado nos dois primeiros entrevistados)
1. Perfil do profissional:
a. idade, b. formação inicial (graduação, técnico), c. quanto tempo atua na área
3. Materiais pedagógicos:
a. Quais métodos musicais você usa? (Suzuki, All for strings) Quais os pontos
fortes deles?
b. Quais materiais didáticos já usou? Quais são os pontos fortes deles?
119
f. Já fez algum cursou ou leu sobre liderança ou gestão de pessoas? Como isso
ajudou você a liderar e incentivar seus alunos durante as suas aulas?
g. Você envolve os pais no aprendizado dos seus alunos? Como você faz isso?
Qual a importância dos pais se envolverem?
5. Desenvolvimento:
a. Ao dar aulas coletivas é comum os alunos aprenderem em ritmos diferentes.
Como você trabalha com alunos de diferentes níveis na mesma sala de aula? (10 min)
6. Opiniões gerais:
a. Na sua opinião, o que é fundamental que um professor saiba antes de atuar
no ensino coletivo?
b. Quais dicas você dá para o professor que vai começar a trabalhar com ensino
coletivo?
c. Qual o máximo de alunos que o ensino coletivo deve ter? Por quê? Quais as
limitações de colocar mais alunos? (sonoridade? Afinação? Dificuldade em ver a
postura de todos?)
d. Quais cursos você fez que te ajudaram a trabalhar com Ensino Coletivo de
Cordas?
120
APÊNDICE 2 – Segundo roteiro de entrevistas
Segundo Roteiro de entrevista (usado nos demais entrevistados)
1. Perfil do profissional:
a. Há quantos anos atua como professor de ensino coletivo?
b. Sua graduação é licenciatura ou bacharelado?
c. Qual sua idade?
d. Quais cursos, além da graduação, que você fez que te ajudaram a trabalhar
com Ensino Coletivo de Cordas?
121
e. Dedilhado básico (saber que o primeiro dedo é o Mi, segundo o Fá, etc.
- aqui só estou preocupado com digitação, não havendo problema se ele põe o dedo
desafinado)
f. Ritmo
g. Grau de dificuldade de o aluno perceber que está tocando desafinado
h. Grau de dificuldade de o aluno conseguir corrigir o dedo para afinar a
nota
122
8 ANEXOS
124
Prof.ª Dra Betania Jacob Stange Lopes, Orientadora do Mestrado Profissional
em Educação do Centro Universitário Adventista São Paulo – UNASP-EC, Celular:
(19) 996255674 betania.stange@ucb.org.br
Autorização
Eu, ____________________________________, autorizo a execução das
atividades acima citadas, referentes à pesquisa “Guia Metodológico sobre o Ensino
Coletivo de Cordas Friccionadas: uma proposta para o ensino coletivo”. Declaro estar
ciente de que irei participar de entrevista(s) que abordará(ão) o Ensino Coletivo de
Cordas Friccionadas e que posteriormente receberei o guia metodológico produzido
para que eu possa comentar qual a minha visão a respeito desse material. Declaro
ainda que entendi os objetivos, riscos e benefícios de participação na pesquisa,
conforme explicitado no Termo de Esclarecimento acima. Não haverá qualquer custo
financeiro na participação do trabalho de pesquisa. Todo material será fornecido pelo
pesquisador e ele será responsável por coletar e entregar todo o material de pesquisa.
Em caso de contato telefônico para sanar dúvidas ou pedir orientações será feito a
cobrar. Fui informado(a) que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
em Seres Humanos do UNASP, que funciona na Estrada de Itapecerica, 5859, CEP:
05858-001, São Paulo, SP, Telefone: (11) 21286100, Endereço eletrônico:
faleconoscosp@unasp.edu.br.
Assinatura:
_____________________________________________________________
Data: / /
DECLARAÇÃO DO PESQUISADOR
125
ANEXO 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
126
Quaisquer nomes de pessoas, lugares ou instituições mencionados e
registrados, ao serem publicados serão substituídos por códigos alfanuméricos que
impedirão a sua identificação, garantindo o sigilo. O material registrado durante os
procedimentos será armazenado no Centro Universitário Adventista São Paulo -
campus Engenheiro Coelho, junto à coordenação do Mestrado Profissional em
Educação.
Há disponibilidade total para oferecer quaisquer esclarecimentos, sanar
dúvidas ou disponibilizar mais informações, seja agora ou em qualquer momento
futuro. O trabalho de pesquisa não prevê qualquer ônus para os participantes, porém,
ainda assim, se houver algum tipo de custo eventual para o participante, serão
ressarcidos de forma adequada.
Autorização
Eu, ____________________________________, autorizo a execução das
atividades acima citadas, referentes à pesquisa “Guia Metodológico sobre o Ensino
Coletivo de Cordas Friccionadas: uma proposta para o ensino coletivo”. Declaro estar
ciente de que irei participar respondendo questionário sobre um guia metodológico e
que minhas opiniões serão usadas para reformular e aperfeiçoar esse material.
Declaro ainda que entendi os objetivos, riscos e benefícios de participação na
pesquisa, conforme explicitado no Termo de Esclarecimento acima. Não haverá
qualquer custo financeiro na participação do trabalho de pesquisa. Todo material será
fornecido pelo pesquisador e ele será responsável por coletar e entregar todo o
material de pesquisa. Em caso de contato telefônico para sanar dúvidas ou pedir
orientações será feito a cobrar. Fui informado(a) que o projeto foi aprovado pelo
127
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do UNASP, que funciona na Estrada
de Itapecerica, 5859, CEP: 05858-001, São Paulo, SP, Telefone: (11) 21286100,
Endereço eletrônico: faleconoscosp@unasp.edu.br.
Assinatura:
_____________________________________________________________
Data: / /
DECLARAÇÃO DO PESQUISADOR
128
ANEXO 3 – Ficha de avaliação do Guia
Caso algum tópico seja assinalado com “não”, indicar página e o parágrafo e
dê sugestão para aperfeiçoar o guia:
Capítulo 01 – Introdução
1. Quanto ao conteúdo:
a) As informações estão corretas? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
2. Em relação à Linguagem:
a) É compreensível? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
129
Capítulo 02 – Estrutura da sala de aula
1. Quanto ao conteúdo:
a) As informações estão corretas? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
2. Em relação à Linguagem:
a) É compreensível? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
130
Capítulo 03 – Estrutura pedagógica
1. Quanto ao conteúdo:
a) As informações estão corretas? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
2. Em relação à Linguagem:
a) É compreensível? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
131
Capítulo 04 – Organização didático-pedagógica
1. Quanto ao conteúdo:
a) As informações estão corretas? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
2. Em relação à Linguagem:
a) É compreensível? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
132
Capítulo 05 – Recursos Técnicos
1. Quanto ao conteúdo:
a) As informações estão corretas? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
2. Em relação à Linguagem:
a) É compreensível? ( ) sim ( ) não
______________________________________________________________
______________________________________________________________
133
4. Avaliação geral da cartilha
Em relação à estrutura/formato:
a) O tamanho (dimensões) do material está adequado? Sim ( ) Não ( )
______________________________________________________________
______________________________________________________________
5. Por favor, acrescente alguns outros comentários relevantes e que não foram
incluídos neste questionário.
______________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________
134
ANEXO 4 – Lista de Projetos Sociais de Música
Lista de Projetos Sociais em Música no Brasil listados no Anuário Viva Música!
2013
136
Sons do Caeté de Bragança - Bragança/PA
137