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Presidente da República Federativa do Brasil
João Figueiredo

Ministro da Educação e Cultura


Esther de Figueiredo Ferraz
CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO

JUDÔ
S E C R E T A R I A DE E D U C A Ç Ã O FÍSICA E DESPORTOS
Secretário Geral do MEC
Sérgio Mário Pasquali

Secretário de Educação Física e Desportos


Péricles Cavalcanti

Subsecretário de Desportos (SUDES)


A n t ô n i o Celestino Silveira Brocchi

Presidente da CBJ
Sérgio Adib Bahi
'A MULHER FAZ O HOMEM

Dedico esta edição a minha esposa Regina,


responsável pelas realizações positivas de minha
vida profissional.

C.C.C.
Ministério da Educação e Cultura
Secretaria de Educação Física e Desportos
Via N-2, Anexo I do MEC - 2º andar
70000 - Brasília - DF

Capa: cartaz alusivo ao I Centenário do Judô/Copa Jigoro Kano'82


Fotos: Rubens Lombardi Rodrigues

vi

ÍNDICE

vii
APRESENTAÇÃO xiii

1. INTRODUÇÃO 1

2. ASPECTOS HISTÓRICOS 5

2 . 1 . -A origem do Judô 7
2.1.1. — Desenvolvimento histórico do jujutsu 7
2.1.2. — Decadência e renascimento do jujutsu 9

2.2. —Nascimento do Judô 10

2.2.1. - Jujutsu ou Judôº 10

2.3. -A evolução do Judô Kodokan 11

2.4. -A difusão internacional do Judô 13


2.4.1. - As primeiras regras internacionais 19
2.5. - As novas regras de competição 23

2.5.1. — As mais recentes modificações 34

3. REVISÃO DAS REGRAS INTERNACIONAIS 39

3 . 1 . - Artigo 1 — Área de Competição 41


3.1.1. - Comentário 41
3.1.2. — Análise e Recomendações 41
3.2. - A r t i g o 2 - Uniforme 43
3.2.1. - Comentário 44
3.2.2. — Análise e Recomendações 44

3.3. - A r t i g o 3 - Requisitos Pessoais 47


3.3.1. - Comentário 47
3.3.2. - Análise e Recomendações 47

3.4. - A r t i g o 4 - Localização 48
3.4.1. - Comentário 48
3.4.2. — Análise e Recomendações 48
3.5. —Artigo 5 - Posição no Início do Combate 49
3.5.1. - Análise e Recomendações 50

3.6. - Artigo 6 — Início e Fim do Combate 50


3.6.1. - Análise e Recomendações 50

3.7. - A r t i g o 7 - Resultado 50
3.7.1. - Análise e Recomendações 51

3.8. - A r t i g o 8 - Fim do Combate por Ipom 51


3.8.1. - Recomendações 51

3.9. - A r t i g o 9 - Passagem ao Ne-waza (luta de solo) 51


3.9.1. — Comentário 51
3.9.2. - Análise e Recomendações 51

3.10. - A r t i g o 10 - Duração 52
3.10.1. - Comentário 52
3.10.2. - Análise e Recomendações 52

3.11. -Artigo 11 - Sinal de Término do Tempo 53


3.11.1. - Recomendações 53

3.12. - A r t i g o 12 - Técnica Coincidente com o Sinal de Término do Tempo 53


3.12.1. - Comentário 53
3.12.2. - Análise e Recomendações 53

3.13. - Artigo 13 - Sono-mama 53


3.13.1. - Comentário 54
3.13.2. — Análise e Recomendações 54

3.14. - A r t i g o 14 - Responsabilidades 54
3.14.1. - Análise e Recomendações 54

3.15. - A r t i g o 15 - Oficiais 54
3.15.1. - Comentário 54
3.15.2. - Análise e Recomendações 54

3.16. - A r t i g o 16 — Posição e Função do Arbitro Central 56


3.16.1. — Comentário 56
3.16.2. - Análise e Recomendações 56

3.17. - A r t i g o 17 - Posição e Função dos Árbitros Laterais 57


3.17.1. - Comentário 57
3.17.2. — Análise e Recomendações 57

3.18. - A r t i g o 18 - Ipom (ponto completo) 58


3.18.1. - Comentário 58
3.18.2. — Análise e Recomendações 58

X
3.19. - A r t i g o 19 - Waza-ari (quase ipom) 59
3.19.1. - Recomendações 59

3.20. —Artigo 20 - Yuko (quase waza-ari) 59


3.20.1. — Recomendações 59

3.21. - A r t i g o 21 - Koka (quase yuko) 59


3.21.1. - Recomendação 59

3.22. - A r t i g o 22 — Sogo-gachi (vitória composta) 60


3.22.1. — Análise e Recomendações 60

3.23. - Artigo 23 - Ossaekomi (imobilização) 61


3.23.1. - Comentário 60
3.23.2. — Análise e Recomendações 60

3.24. - A r t i g o 24 - Opinião não solicitada dos Árbitros Laterais 61


3.24.1. - Comentário 61
3.24.2. — Recomendações 62

3.25. - A r t i g o 25 - Hantei (julgamento) 62


3.25.1. — Análise e Recomendações 62

3.26. - A r t i g o 26 - Declaração do Julgamento 63


3.26.1. - Comentário 63
3.26.2. - Análise e Recomendações 63

3.27 - Artigo 27 - Aplicação de Mate (parem) 63


3.27.1. - Comentário 64
3.27.2. - Análise e Recomendações 64

3.28. -Artigo 28 — Decisão após um Ato Proibido 64


3.28.1. - Análise e Recomendações 65

3.29. - A r t i g o 29 - Gestos Oficiais 65


3.29.1. - Comentário 65
3.29.2. — Análise e Recomendações 66

3.30. - A r t i g o 30 - Atos Proibidos 73


3.30.1. - Comentário 74
3.30.2. — Análise e Recomendações 74

3.31. - Artigo 31 - Penalidades 75


3.31.1. - Comentário 76
3.31.2. - Análise e Recomendações 77

3.32. —Artigo 32 - Determinação de Ipom 77


3.32.1. — Comentário 7g
3.32.2. — Análise e Recomendações 73

xi
3.33. —Artigo 33 - Determinação de Waza-ari 78
3.33.1. - Comentário 78
3.33.2. - Análise e Recomendações 79

3.34. Artigo 34 - Determinação de Yuko 79


3.34.1. - Recomendações 79

3.35. - A r t i g o 35 - Determinação de Koka 79


3.35.1. - Comentário 80
3.35.2. - Análise e Recomendações 80

3.36. - Artigo 36 - Determinação de Yusei-gachi 80


3.36.1. - Comentário 80
3.36.2. - Análise e Recomendações 80

3.37. —Artigo 37 - Determinação de Hiki-wake 81


3.37.1. - Recomendações 81

3.38. - Artigo 38 - Determinação de Hansoku-make 81


3.38.1. - Comentário 81
3.38.2. — Análise e Recomendações 81

3.39. - A r t i g o 39 - Ausência e Desistência 81


3.39.1. - Análise e Recomendações 81

3.40. - Artigo 40 - Lesão, Mal Súbito ou Acidente 82


3.40.1. - Análise e Recomendações 82

3.41. - Artigo 41 - Situações Não Previstas pelas Regras 83


3.41.1. - Análise e Recomendações 83

4. CONCLUSÕES 85

5. RESUMO 89

6. SUMMARY 93

7. REFERÊNCIAS 97
APRESENTAÇÃO

xiii
Estudioso, profundo conhecedor da moderna técnica do Judô, bastante relacionado e apre-
cido de quanto entre nós se dedicam à causa da Educação Física Nacional, o professor Carlos
Catalano Calleja, Coordenador de Judô dos Jogos Escolares Brasileiros e Diretor de Arbitragem
da Confederação Brasileira de Judô, que há longos anos vem se consagrando, com elevado idealis-
mo e incansável dedicação ao ensino dessa disciplina na Escola de Educação Física da Universi-
dade de São Paulo, vem agora nos brindar com um ótimo manual sobre o Judô, através de um
completo estudo das normas que o regem como esporte internacional, desde as suas origens.

Confesso não conhecer obra congênere que reúna, ao mesmo tempo, tão raras qualidades:

* excelente seqüência de assuntos,


* perfeita dosagem no apresentá-los,
* invulgar senso didático na exposição e
* absoluta segurança de doutrina.

A Secretaria de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação e Cultura se orgulha


em apresentar trabalhos autênticos como este, através de seus Cadernos Técnico-Didáticos, na
certeza de estar contribuindo para o avanço do Esporte Brasileiro.

PÉRICLES CAVALCANTI
Secretário de Educação Física e Desportos do MEC
1. INTRODUÇÃO
As primeiras Regras Internacionais de Judô, foram estabelecidas em 1967. 12
O Judô, como modalidade agonística, devido às regras, não era fácil de ser entendido pelo
público leigo.9 Era muito difícil acompanhar o desenvolvimento de uma luta, uma vez que os
resultados parciais, com exceção do waza-ari (quase ipom ou ponto completo), não eram anun-
cidos pelo árbitro. Tratava-se de um assunto altamente técnico e subjetivo.
A fim de procurar transformar o Judô numa luta moderna e atraente, a Federação Inter-
nacional de Judô, após acurados estudos, fez com que as regras sofressem inusitadas modifica-
ções, particularmente a partir de 1973.
As denominadas novas regras de competição, editadas em 1974, seriam responsáveis por um
notável surto na difusão internacional desse momentoso esporte, idealizado em 1982.
Coube ao nosso país, pela primeira vez, aplicar em competições mundiais, em 1974, por oca-
sião do 69 Campeonato Mundial das Forças Armadas, realizado no Rio de Janeiro, as denomina-
das "novas regras".
0 professor Charles Stuart Palmer, presidente da Federação Internacional de Judô e princi-
pal responsável pelas radicais modificações havidas, naquela ocasião, durante a realização da
Clínica Internacional de Arbitragem, na Escola de Educação Física do Exército, afirmou que as
modificações introduzidas eram necessárias, "a fim de que o Judô pudesse continuar, efetivamen-
te, figurando como esporte olímpico".
Sem dúvida, a demora havia na oficialização definitiva do Judô, como integrante do elenco
de esportes olímpicos, deveu-se ao fato de que "os dirigentes internacionais o criticavam por sua
aparente monotonia". 9
Nos últimos anos, o sistema de arbitragem e as Regras Internacionais de Competição so-
freram mais modificações do que se poderia imaginar.
Quem não acompanhou de perto as seguidas modificações havidas, atualmente, ao presen-
ciar uma competição de Judô poderia até pensar que se estivesse tratando de uma outra modali-
dade esportiva de ataque e defesa.
Um dos aspectos mais importantes, foi o fato de que todas as pontuações e penalidades,
(resultados parciais), passaram a ser anunciados imediatamente após a realização dos lances.
O número de gestos realizados pelos árbitros foi aumentado sensivelmente, o mesmo ocor-
rendo com as vozes de comando, que foram padronizadas internacionalmente.
As paralizações e as interrupções, durante o combate, deixaram de fazer parte do tempo
regulamentar de luta.
A idealização da regra da "não-combatividade" e a introdução do "placar de Judô", fize-
ram com que as lutas se tornassem mais dinâmicas e o público, durante o combate, a qualquer
instante, ficasse informado a respeito do andamento da luta, através dos resultados parciais.
As modificações foram introduzidas, objetivando favorecer o verdadeiro competidor, aque-
le que lutasse melhor e mais ofensivamente.
A correta interpretação das regras de competição é assunto de relevante importância, capaz
de contribuir para o próprio desenvolvimento técnico de uma modalidade esportiva.
Depois das radicais alterações de 1974, a fim de que pudesse haver tempo hábil para que
as organizações nacionais e internacionais se inteirassem corretamente das modificações e inter-
pretações havidas, as mudanças foram sendo implantadas progressivamente, visando a beneficiar
realmente o aperfeiçoamento do Judô.
Devido as seguidas alterações e inovações, o atual regulamento internacional parece ter-se
transformado num conjunto desordenado de artigos. O seu texto, para ser corretamente interpre-
tado, passou a necessitar de sistemáticas clínicas de arbitragem.
O objetivo desta dissertação é o de contribuir para uma melhor aprendizagem das Regras In-
ternacioais de Judô, por parte de estudantes de Educação Física, admiradores e praticantes de
Judô, e, porque não dizer, para facilitar o entendimento pelo público em geral, uma vez que, co-
mo modalidade olímpica, precisa ser compreendida não apenas por especialistas na matéria.
Em se tratando de um trabalho que espera ser didático, todas as modificações havidas foram
comentadas e historiadas cronologicamente. Por sua vez, os quarenta e um artigos das atuais Re-
gras Internacionais de Judô foram analisados, seguidos de recomendações úteis, baseadas em in-
formações colhidas em clínicas internacionais e em nossa experiência profissional.
Gostaríamos de poder expressar todo o nosso sincero agradecimento ao Prof. Dr. Mário
Nunes de Sousa, Catedrático e Professor Emérito da Escola de Educação Física da Universidade
de São Paulo, pelas mãos de quem tivemos a felicidade de iniciar e desenvolver a nossa carreira
universitária, por sua orientação segura e generosa amizade.
Se esta modesta obra conseguir levar um raio de luz, pálido embora, para o aperfeiçoamento
daqueles que se interessam pelo Judô, daremos por muito bem recompensado o nosso trabalho.

CARLOS CATALANO CALLEJA


2. ASPECTOS
HISTÓRICOS
2.1. — A Origem do Judô
Todavia, segundo alguns historiadores japone-
O início do desenvolvimento histórico do ses26 , o mais antigo relato de um combate corporal,
combate corporal se perde na noite dos tempos. A ocorreu em 230 A . C , na presença do imperador
luta, inclusive por necessidade de sobrevivência, Suinin: Taimano Kehaya, um lutador arrogante e
nasceu com o homem e, a esse respeito, os do- insolente foi rapidamente nocauteado por um ter-
cumentos remontam aos tempos mitológicos. rível cultor do combate sem armas. Nomino Suku-
Um manuscrito muito antigo, o Takanogawi, ne. (fig. 1)
relata que os deuses Kashima e Kadori manti- Naquele tempo, não havia regras de combate
nham podêres sobre os seus súditos graças às suas padronizadas. As lutas poderiam desenvolver-se
habilidades de ataque e defesa.19 até a morte de um dos competidores.
A Crônica Antiga do Japão (Nihon Shoki), 2 1 As técnicas de ataque e defesa utilizadas, na-
escrita por ordem imperial no ano de 720 de quela época, guardam muita semelhança com os
nossa era, menciona a existência de certos golpes golpes do sumo e do antigo jujutsu.
de habilidade e destreza, não apenas utilizados nos
combates corporais mas, também, como comple- 2.2.1. — Desenvolvimento histórico do jujutsu
mento da força física, espiritual e mental, relatan-
do uma estória mitológica na qual um dos compe- Várias são as conjecturas sobre o desenvolvi-
tidores, agarrando o adversário pela mão, o joga ao mento histórico do jujutsu, todavia, há fortes in-
solo, como se lançasse uma folha. dícios de que sejam meras suposições baseadas em

(fig. 1)
(fig. 2)
lendas ou contos, que guardam uma íntima rela- da tempestade, os finos e flexíveis galhos do sal-
ção com o aparecimento de certas academias. gueiro se curvavam a cada golpe de vento e con-
Uma delas descreve que, por volta de 1650, seguiam voltar sem dano às suas posições primi-
um monge chinês, Chin Gen Pin, teria idealizado tivas. Entusiasmado por essa observação, come-
terríveis golpes, denominados "tes", com o obje- çou a modificar a técnica dos golpes, idealizando
tivo de matar ou ferir gravemente um ou mais um sistema de luta corpo a corpo, baseado no
adversários, mesmo armados. "princípio de ceder para vencer".
Alguns anos depois, quando vivia no Japão, Akiyama Shirobei, através da sua idealiza-
conheceu e fez amizade com três samurais infe- ção, queria dar condições aos menos favorecidos
riores (kachis). O chinês ensinou-lhes todos os pela natureza para que pudessem enfrentar e ven-
"tes" que sabia. Maravilhados com os resultados, cer adversários fisicamente mais fortes. Para isso,
que poderiam ser alcançados, os três japoneses fundou uma academia denominada Escola da
submeteram-se a um longo período de treina- Medula do Salgueiro (Yohin Ryou). Escolheu es-
mento e dedicaram-se a aperfeiçoar a terrível te nome justamente pelo fato de ter sido esta ár-
arte do monge chinês. vore que lhe havia dado a inspiração para ideali-
zar um sistema de luta, baseado no "princípio
Algum tempo depois, os três japoneses re-
de ceder para vencer".
solveram separar-se e partiram pelo Japão afora,
Na época dos "Tokugawa" (1603 a 1867),
profissionalmente, a divulgar os seus fabulosos
existiam numerosas academias de jujutsu no
golpes. Conta-se que conseguiram transmitir a
Japão.18 Cada uma destas entidades adotava para
"arte do monge chinês", a muitos e muitos dis-
seus sistemas, pouco diferentes entre si, um nome
cípulos. Estes, por sua vez, fundaram suas pró-
particular, sendo "Yoshin Ryou", a "Takenouchi
prias academias e assim foi o desenvolvendo um
Ryou", a "Sekiguchi Ryou", a "Kyushin Ryou'"
tipo que luta que teria sido denominado jujutsu.
a " K i t o Ryou" e a "Tenchin Shinyo Ryou", as
Outra lenda nos diz que um médico japonês, academias mais famosas.21
Akiyama Shirobei, que havia residido na China, Esta última foi estabelecida por Sekizai
durante alguns anos, teria aprendido uma famosa Minamoto ou Okayama Ochiroji e teria sido êle
arte de luta, denominada "wou-chou". Quando vol- quem idealizou os "atemis" (golpes de percussão
tou ao Japão, constatou que para aplicar alguns que provocam um estado análogo ao de coma,
golpes era necessário dispender um grande esforço. sendo muitas vezes fatal).
Isso o deixou bastante desanimado. O jujutsu, nessa época, esteve em seu melhor
Certa feita, durante uma forte tempestade, período, sendo os guerreiros samurais os seus mais
apreciando o espetáculo de uma cerejeira e de um diretos e perfeitos cultores. Para eles, a defesa pes-
salgueiro, pode verificar que, enquanto os fortes soal era de importância vital, sendo considerados
galhos da cerejeira se quebravam com a violência exímios lutadores.

8 •
(fig. 3)'

Dentre as várias formas de ataque e defesa, Como não era difícil acreditar, tempos depois
cultivadas, o jujutsu era o mais famoso e prati- surgiu uma onda contrária às inovações radicais.
cado, entre outras desenvolvidas antigamente, Havia terminado a chamada "febre ocidental". O
tais como o "yawara", o "kempo", o "kumiuchi", jujutsu foi colocado na sua antiga posição de "arte
o "koguseku" e o "tai-jitsu". 2 2 marcial", tendo o seu valor reconhecido, principal-
Muito embora a maioria das academias fosse mente pela polícia e pela marinha.
adepta do jujutsu, umas eram mais especializadas Por paradoxal que pareça, no âmbito universi-
no estudo da luxações, outras nas técnicas de lan- tário, é interessante ressaltar que foi um físico ale-
çamentos, ou nos golpes de percussão, e assim por mão, Dr. Baelz, quem incentivou os estudantes ja-
diante, não havendo um "jujutsu padrão". Inclusi- ponês para a prática do jujutsu. Sendo bastante
ve, cada lutador procurava desenvolver um estilo admirado, muitos i m i t a m seu exemplo de grande
particular. apaixonado pela mecânica do golpes de jujutsu. 19
É fato sabido que os golpes mais eficientes Apesar de sua induscutível eficiência para a
eram guardados como "segredo de família" e so- defesa pessoal, o antigo jujutsu não poderia ser
mente eram transmitidos a alguns poucos eleitos. considerado um esporte, muito menos ser pratica-
do como tal. Não havia regras tratadas pedagògica-
2.1.2. — Decadência e renascimento do jujutsu mente e nem mesmo padronizadas.
Naquele tempo imperava o espírito de "lutar
Com a introdução da civilização ocidental
até a morte" (shin-ken-shobu).2S
promovida pelo imperador Mutsu Hito (1867
A prática do jujutsu poderia ser considerada
a 1912), ocorre uma tremenda transformação
anti-pedagógica, uma vez que era praticada, indis-
político-social, denominada Era Meiji ou "Renas-
criminadamente, qualquer qualidade de golpe, des-
cença Japonesa".26
de os estrangulamentos até as percussões. A finali-
Até então, o imperador exercia sobre o povo
dade das academias, além de auferir lucros, era
influências e podêres espirituais, porém, com a
formar insuportáveis valentões.
"Renascença Japonesa", êle passou a ser o verda-
deiro comandante da "Terra das Cerejeiras".27 Os "professores" ensinavam às crianças os
Nessa dinâmica época de transformações e denominados "golpes mortais" e os traumatizan-
inovações radicais, o povo japonês estava preocupa- tes e perigosos "golpes baixos". Sendo assim, qua-
do em modernizar-se, em adquirir a cultura ociden- se sempre, os alunos, menos experientes, machu-
tal. Tudo aquilo que era considerado tradicional cavam-se seriamente. Valendo-se das suas superiori-
passou a ser um tanto relegado, particularmente as dades físicas, os maiores, chegavam a espancar os
menores e mais fracos.
chamadas "artes marciais". As orcas armadas atua-
lizaram-se à moda ocidental. O jujutsu foi conside- Tudo isso fazia com que o jujutsu gozasse de
rado uma relíquia do passado. uma certa impopularidade, logicamente, em;re as

9
pessoas esclarecidas e que possuíssem um pouco de recer aos praticantes extraordinárias oportunida-
bom senso. des no sentido de serem superadas as próprias limi-
0 jujutsu entrava numa outra fase de decadên- tações do ser humano.
cia. Num combate, o praticante tinha como único
Um jovem que na adolescência se sentia infe- objetivo a vitória. No entender de Jigoro Kano, isto
riorizado, sempre que precisasse dispender muita era totalmente errado. Uma atividade física deveria
energia física, para resolver um problema, mais tar- servir, em primeiro lugar, para a educação global
de, em 1882, iria modificar o tradicional jujutsu, dos praticantes.
unificando os diferentes sistemas, transformando- Os cultores profissionais do jujutsu não acei-
-o num poderoso veículo de Educação Física. Seu tavam tal concepção. Para eles, o verdadeiro espí-
nome era Jigoro Kano. rito do jujutsu era o shin-ken-shobu (vencer ou
morrer, lutar até a morte).
2.2. Nascimento de Judô Por suas idéias, Jigoro Kano era desafiado e
desacatado, insistentemente, pelos "educadores"
da época, mas não mediu esforços para alcançar seu
objetivo.

2.1.1. — Jujutsu ou Judôº

"A arte (jutsu) é cultivada, mas a doutrina


(dô) é a essência do Judô".

(Jigoro Kano)

Com o intuito de melhor diferenciar o seu sis-


tema, Kano escolheu o termo Judô, ao invés de
simplesmente acrescentar um adjetivo, como mo-
derno, por exemplo, no vocábulo jujutsu.
Jujutsu pode ser traduzido por "técnica da
suavidade". Por sua vez, Judô quer dizer "doutrina
Jigoro Kano, o pai do Judô ou caminho da suavidade", uma vez que ju tem o
(fig. 4) significado de "suave", "doce", "elástico" ou "fle-
Jigoro Kano foi um verdadeiro estudioso do xível", jutsu é traduzido por "arte", "técnica" ou
jujutsu. Começou a praticá-lo na sua segunda fase "prática"; dô, por sua vez, significa "doutrina",
de decadência. Quem lhe ensinou os primeiros pas- " m o d o " , "vida", ou caminho" e tem, ainda, o
sos foi o professor Teinosuke Yagui. Posteriormen- sentido de "ensinamento moral ou religioso".
te, em 1877, matriculou-se na "Tenchin Shinyo Chamando o seu novo sistema de Judô, Jigoro
Ryou", sendo discípulo dos mestres Hachinosuke Kano, pretendeu elevar o termo "jutsu" (arte ou
Fukuda e Masatono Iso. A fim de melhor conhe- prática) para " d ô " , ou seja para a "vida" ou "cami-
cer um outro sistema de jujutsu, tempos depois, nho", dando a entender que não se tratava apenas
foi estudar na famosa " K i t o Ryou", com o mes- de uma mudança de nomes, mas que o seu novo sis-
tre Tsunetoshi likubo. 26 tema repousava sobre uma fundamentação filosó-
Pessoa de alta cultura geral, Jigoro Kano era fica.
um esforçado cultor do jujutsu. Procurando encon- Em 1898, em uma de suas conferências,21 Ji-
trar explicações científicas aos golpes, selecionou e goro Kano, assim se pronunciou:
classificou as melhores técnicas dos vários sistemas "Eu estudei o jujutsu não somente porque o
de jujutsu. Estabeleceu normas a fim de tornar o achei interessante, mas, também, porque com-
aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras preendi que seria o meio mais eficaz para a educa-
para um confronto esportivo, baseado no espírito ção do físico e do espírito. (. ..)
do ipom-shobu (luta pelo ponto completo). Pro- "Porém, era necessário aprimorar o velho ju-
curou demonstrar que o jujutsu aprimorado, além jutsu, para torná-lo acessível a todos, modificar
da sua utilidade para a defesa pessoal, poderia ofe- seus objetivos que não eram voltados para a Edu-
cação Física ou para a moral, nem muito menos
( * ) F R A D E T , C — Aux Sourcesdu Judô: Le Japon.
para a cultura intelectual. (. . .) Por outro lado, co-
Judô, France. 1 5 : 4 - 7 . 1978. mo as escolas de jujutsu, apesar de suas qualidades,

10

(fig. 5)'

tinham muitos defeitos, eu conclui que era neces- Certa feita um lutador, conhecido por Tanabe,
sário reformular o jujutsu mesmo como arte de vence os melhores alunos de Jigoro Kano. Tratava-
combate. (...) -se de um grande especialista em técnicas de shime-
" ( . . .), quando eu comecei a ensinar, o ju- waza (estrangulamentos), aplicadas no solo. Tão
jutsu estava caindo em descrédito. Alguns mes- logo um judoca o projetasse, Tanabe encaixava-lhe
tres de jujutsu ganhavam a vida organizando uma chave de asfixia. Dessas derrotas, Kano apren-
"espetáculos" entre seus alunos, através de lutas de uma grande lição. Era necessário aprimorar o
simuladas, cobrando daqueles que quisessem as- Judô nas técnicas de domínio (katane-waza), parti-
sistir. Outros se prestavam a serem "artistas de cularmente as desenvolvidas na luta de solo (ne-
luta" junto com profissionais de sumo e pratican- -waza). Tanabe foi o único lutador que conseguiu
tes de jujutsu. Tais práticas degradantes prosti- vencer os discípulos de Kano. 26
tuíam uma arte marcial e isso me era repugnante. Os alunos da Kodokan tinham fama de serem
Eis a razão de ter evitado o termo jujutsu e adota- imbatíveis. Por isso, eram insistentemente desafia-
do o de Judô. E para distingüi-lo da academia dos. Aquele que conseguisse uma vitória sobre um
"Jikishin Ryou", que também empregava o termo dos alunos da Kodokan, na certa, cresceria em
Judô, denominei a minha escola de "Judô Kodo- fama.
kan", apesar de soar um pouco longo." Naquela época utilizava-se, ainda, o "sistema
Jigoro Kano em fevereiro de 1882, inaugura de luta por desistência". Um dos combates que fi-
sua primeira escola no templo budista "Eisho". cou na história foi o de Shiro Saigo contra o mais
(fig. 5), com uma área de treinamento de apenas temido cultor do jujutsu da "Yoshin Ryou", numa
12 tatâmis. Em junho, marticula-se, Tsunejiro memorável luta, que parecia interminável. A pro-
Tomita,seu primeiro aluno. 21 pósito de Shiro Saigo, foi escrito um belíssimo ro-
mance de aventuras, contando as suas proezas no
2.3. - A evolução do Judô Kodokan Judô, com o nome de Sugata Sanshiro, inclusive
serviu de enredo a vários filmes.
Durante alguns anos, o idealizador do "mo- Mas foi só no final de 1886, após uma célebre
derno jujutsu" atravessou uma difícil fase, princi- competição, contra várias escolas de jujutsu, orga-
palmente pela quase ausência de recursos financei- nizada pela polícia, que definitivamente ficou cons-
ros para a manutenção da academia. tatado o grande valor do Judô Kodokan. O resulta-
Os mais temidos lutadores da época, impulsio- do dessa jornada constituiu-se num marco decisi-
nados pela inveja, não se cansavam em desafiar os vo na aceitação do Judô, com o reconhecimento
discípulos de Jigoro Kano. Houve muitos encon- do povo e do governo que passaram oficialmente
tros memoráveis com o intuito de testar a eficácia a prestigiar o Judô Kodokan.
do Judô Kodokan. Depois da célebre vitória de 1886, como

11
ficou sendo conhecida, o Judô Kodokan começou Em 1934, a Kodokan estaria instalada em um
a progredir com passos confiantes. edifício de três andares, ocupando uma área de
A fórmula técnica do Judô Kodokan foi com- dois mil metros quadrados, aproximadamente.
pletada em 1887, enquanto a sua fase espiritual foi Nessa época o Judô começava a ser introduzi-
gradativamente elevada até a perfeição, aproxima- do em quase todas as nações civilizadas do mundo,
damente, em 1922. Nesse ano a Sociedade Cultural todavia, no ocidente, o termo jujutsu ainda era o
Kodokan foi inaugurada e um movimento social empregado, embora o nome de Jigoro Kano fosse
foi lançado, com base nos axiomas "Seryoku citado.
Zen'yô" (Máxima Eficácia) e "Jita Kyôei" (Prospe- Em 1937, o Conselho da Indústria do Turis-
ridade e Benefícios Mútuos)." 20 mo, órgão do governo japonês, editava a tradução
Entretanto, em 1897, quando a Kodokan es- em inglês do primeiro livro escrito por Jigoro Kano,
tava instalada em "Shimotomizaka", possuindo denominado "Judô (jujutsu)". 16
uma área de 207 tatâmis, o governo japonês funda Nesta oba o Judô era abordado sob vários
uma escola nacional, que congregaria todas as "ar- aspectos, inclusive tecia inúmeras considerações
tes marciais": a Butokukai.20 sobre o "ate-waza" (técnica de ataque aos pontos
Apesar de Jigoro Kano ter idealizado o Judô, vitais); todavia, nenhuma linha era escrita sobre as
em pouco tempo a Butokukai tornaria-se uma res- regras de competição.
peitável rival da Kodokan. Posteriormente, as esco- Como, em 1938, o Japão começasse a sentir
las superiores e profissionais da Universidade de a guerra, os militares deram um valor especial às
Tóquio fundariam uma outra entidade: a Kosen. chamadas "artes marciais", que começaram a ser
Como é fácil de adivinhar, a Butokukai e a Kosen praticadas em todo o Japão, com um real espírito
começaram a competir com a Kodokan. guerreiro (bushidô). A Butokukai, recebia alunos
A Kodokan tinha perdido a sua hegemonia, de todas as partes do Japão para a cultura do ju-
por outro lado, era o Judô que ganhava um maior jutsu, do "kendô" (espécie de esgrima japonesa),
número de praticantes. do caratê e do " k i u d ô " (arte de atirar flexas),
Jigoro Kano, com a finalidade de iniciar uma para uma real aplicação durante a guerra.
campanha de divulgação do Judô, no ocidente, Após a guerra, todas as atividades que inspi-
em 1889, visita a Europa e os Estados Unidos da rassem o bushidô (espírito guerreiro), foram proi-
América do Norte, proferindo palestras e demons- bidas pelos norte-americanos. Os japoneses não
trações.21 mais podiam praticar o Judô. Entretanto, em 1946,
Em 1909, um fato marcante parecia devolver os professores da Kodokan foram autorizados a
a hegemonia do Judô à Kodokan. O governo japo- ensinar o Judô às tropas norte-americanas. . . 26
nês resolve tornar a Kodokan uma instituição pú- Conhecendo o real espírito do Judô de Jigoro
blica, uma vez que a prática do Judô estava tendo Kano, os norte-americanos liberaram a sua prática,
uma ótima aceitação. inclusive nas escolas, por não a considerar uma pe-
Com a mulher japonesa começasse a entusias- rigosa arte marcial, tempos depois.
mar-se pela prática do Judô, em 1923, a Kodokan Em 1948, é fundada a Federação Nacional
inaugura um departamento feminino. de Judô, iniciando-se os primeiros campeonatos
de âmbito nacional, depois da guerra.
A Butokukai havia sido definitivamente in-
terditada e a Kosen, ficaria subordinada à Ko-
dan. 26
Em março de 1958, é inaugurado o novo
Instituto Kodokan, denominado a Meca do Judô,
num edifício especialmente construído para a or-
ganização e a administração do Judô, no Japão
e no mundo, com um dojo de 500 tatâmis e seis
outros menores, sendo três com 108 tatâmis e ou-
tros três com 54 tatâmis, que seriam utilizados para
os mais diversos objetivos do ensino e do treina-
mento, com departamentos especiais para crianças,
mulheres, estudantes, competidores de alto nível
e estrangeiros, além de abrigar dependências para
toda a parte de administração, alojamento, restau-
rante, totalizando 41 áreas específicas.

12

Instituto Kodokan, a Meca do Judô. (fig. 7)

2.4. A difusão internacional do Judô "Regras Japonesas de Jiu-Jitsu" ( • )


Se no Japão o Judô teve um progresso espe- "A prática do Jiu-Jitsu no Japão obedece às
tacular, sua difusão internacional caminhava a pas- seguintes regras, organizadas segundo o método
sos lentos. 0 vocábulo jujutsu, ou jiu-jitsu, conti- japonês Kano:
nuava sendo utilizado, ao invés do termo, Judô, até "I — Os combatentes deverão apresentar-se
os anos 40. O jujutsu era sinônimo de uma luta de quimono no " r i n g " ;
misteriosa e seus cultores verdadeiros super-ho- " I I — Considera-se derrotado o lutador quan-
mens, inclusive, quanto de menor estatura, o pra- do as suas duas espáduas e seus quadris tenham
ticante era mais respeitado, principalmente se tocado o solo, com a condição, entretanto, de que
fosse de origem nipônica. esta posição seja resultado de uma queda imposta
No ocidente, uma das primeiras academias foi pelo adversário. (Considerar a restrição do item 8),
estabelecida em 1900, em Londres, por um japonês "IM — Considera-se derrotado o adversário,
que se intitulava "Prof. S.K. Uyenishi, campeão de quando permanecer na posição acima durante dois
jujutsu do mundo" e a sua propaganda, assim afir- segundos, sem poder livrar-se do domínio de seu
mava: "A arte que se aprende em algumas lições". oponente,
Anos após, uma academia em Liverpol, denomina- " I V — Considera-se vencido o lutador, quan-
da "Ashikaga", só ensinava por correspondência e do por uma ou várias causas perde os sentidos.
garantia que o sistema de jujutsu era uma "cura Proíbe-se o uso de golpes perigosos nos encontros
positiva para os males da constipação, dispepsia, amistosos,
insônia e perda da vitalidade". 4 "V - Considera-se vencido o lutador quando,
Ainda nos anos 30 e 40, a situação não era não podendo mais resistir, devido a um golpe se-
muito diferente, na grande maioria dos países em guro de seu oponente, rende-se;
que se falava do jujutsu. Boa parte dos mestres ga- " V I — Quando o lutador vencido se vê na con-
nhava a vida lançando e aceitando desafios, para tingência de reconhecer sua derrota, deve, imedia-
"sensacionais lutas ensangüentadas", com regras tamente, dar pancadas com a mão aberta ou com
estipuladas em contrato, às vezes, sem limite de os pés, no solo ou no corpo do seu adversário.
rounds. Esses espetáculos aconteciam em "ines- Chama-se a isto "bater", ou seja, render-se;
quecíveis noitadas", em circos, teatros e até em " V I I - Quando um lutador derrotado "bate",
praças públicas. o vencedor deve, incontinente, largar o golpe;
" V I I I — Não será considerado vencido o luta-
Uma publicação nacional, denominada "Jiu- dor que deixar suas espáduas e quadris tocarem no
-Jitsu" 28 , divulgava as regras de competição com
estas palavras: ( • ) Transcritas "ipsis verbis".

13
solo, uma vez que o faça com o propósito de der- po, com as unhas dos dedos das mãos e dos pés
rubar o seu oponente; devidamente cortadas.
" I X — É permitido ao combatente, atuando " I I I — O " r i n g " de combate deverá medir,
na defensiva, cair da maneira que melhor que con- pelo menos, 5 mts. x 5 mts., ou sejam 25 metros
venha, quando a luta se realize, como é necessário, quadrados. Sobre o assoalho do " r i n g " deverá ha-
sobre uma superfície estofada. Entretanto, para a ver um alcochoado ou artefato similar, com es-
defesa é sempre mais conveniente que o lutador se pessura máxima de uma polegada, e sobre o mes-
deixe cair de costas para o seu adversário; mo uma lona com a necessária resistência.
"X — Quando um lutador, deitado de costas " I V — Os contendores, agarrados em plena
para o oponente, com propósitos defensivos, for luta, em baixo das cordas do " r i n g " , só serão se-
erguido e derrubado novamente, de sorte que ve- parados quando um deles estiver com o corpo
nha a cair tocando o solo com as espáduas e os completamente fora das cordas, devendo nesse
quadris, será considerado vencido, mas exclusiva- caso retornarem ambos de pé ao centro do " r i n g " .
mente neste caso. "V — Haverá um juiz de " r i n g " e três jura-
"Quando a luta é travada com um princi- dos de mesa.
piante, é indispensável observar-lhe as seguintes re- " V I — As lutas poderão ser até um total má-
gras, complemento das precedentes: ximo de 60 minutos, em "rounds" de 10, 15 ou
"a) Fica estabelecido que ao jiu-jitsuman, lu- vite minutos cada um, havendo um intervalo pa-
tando com um boxeador ou com outro lutador, ra descanso, entre cada " r o u n d " , de 2 a 3 mi-
assiste o direito de utilizar, em legítima defesa, nutos.
todo e qualquer golpe pertencente à arte do Jiu- " V I I — Cada lutador terá dois auxiliares,
-Jitsu. no máximo, que poderão ser o "manager", repre-
"b) Também fica entendido e admitido que o sentante ou procurador e 1 segundo, ou 2, sim-
jiu-jitsuman não arca com responsabilidade alguma plesmente.
por quaisquer danos resultantes dum ato qualquer "VIM — São considerados golpes proibidos:
ou de qualquer cousa oriunda do encontro, e que — cuteladas, ante-braços, cotoveladas, socos, den-
será considerado como irresponsável e inocente no tadas, puxões de cabelo ou de orelhas, torção dos
que concerne aos ferimentos ou danos materiais, dedos das mãos ou dos pés, dedos nos olhos ou
infligidos durante a luta. órgãos genitais. Não é permitido meter e segurar
"c) Duas testemunhas idôneas, representando com os dedos ou mãos nas bocas das mangas ou
ambas as partes, ou sejam 4 ao todo, devem certi- das calças do quimono, e, conforme a infração, o
ficar-se de que os artigos da convenção estejam de- lutador poderá ser observado ou desclassificado.
vida e criteriosamente redigidos, assinados e teste- " I X — O exame médico é obrigatório no dia
munhados, afim-de que em caso algum nenhum dos da luta, entre onze horas e meio dia, em local pre-
contendores ou participantes do " m a t c h " possa ter viamente designado pela F.B.P., por intermédio do
eventuais pretextos, que lhe dêm margem para seu Departamento Técnico - Secção de Profissio-
intentar uma ação judicial, no tocante aos casos de nais.
ferimentos ou de morte oriundos da luta." "X — Além da desclassificação prevista no
Tendo em vista que, naquela época, no Brasil, artigo 8 deste regulamento, o combate ainda po-
as regras de jujutsu sofriam diversas interpretações derá ser decidido por: pontos, perda dos sentidos
e não eram bem compreendidas, a Federação Brasi- ou desistência.
leira de Pugilismo, entidade que dirigia os chama- " X I — A decisão por pontos deverá ser feita
dos "esportes do ringue", a fim de disciplinar o pelos jurados de mesa, da seguinte forma, e ao fina-
assunto, em 1936, oficializava o seguinte texto: lizar cada " r o u n d " :
"§ 1º — a) ao que resultar na defesa, de um
"Regras que presidem os encontros de
jiu-jitsu no Brasil" ( ) modo superior: 1 ponto;
b) ao que for superior em técnica: 1 ponto;
"I — Os lutadores subirão ao " r i n g " com c) ao que for superior no ataque: 1 ponto;
quimonos apropriados e resistentes, com mangas d) ao que for superior na eficiência: 1 ponto;
até a metade do ante-braço. e) ao que for superior nas quedas: quando
" I l — Os lutadores subirão ao " r i n g " de pés por golpe ou jogo de pernas derrubar o seu adver-
descalços, sem gordura de espécie alguma no cor- sário, caindo este sobre o chão do " r i n g " , de
espáduas ou de flanco, solto ou completamente
( *) Transcritas "ipsis verbis". dominado: 1 ponto.

14

"§ 29 — Quando for evidente a igualdade Federação Brasileira de Pugilismo, foi registrado
de cada um dos contendores e, portanto, tiver de na Censura Teatral, (grifo nosso), (...) e datado de
ser dado d empate no " r o u n d " , cada lutador deve Junho de 1936." 8
ser assinalado no papel pelos jurados com 5 pon- Essas regras eram diferentes daquelas adota-
tos cada um. das no Japão, particularmente no que diz respeito
§ 39 — Finalizando o combate, cada jurado ao ipom-shobu (luta pelo ponto completo), ao
somará os pontos de cada lutador nos diversos tempo regulamentar de luta e ao espírito amado-
"rounds", e então, dará a vitória ao que tiver rístico, que deveria envolver um combate de Judô.
total maior, ou empate, quando o número dos pon- Dessa forma, não poderia haver uma padroni-
tos for exatamente igual dum e doutro. zação, e o Judô não deveria ser considerado, como
" X I I — Quando um dos lutadores estiver um esporte amador, haja visto que nos próprios
sem sentidos, o árbitro iniciará imediatamente regulamentos oficiais, não existia o espírito amado-
a contagem dos 10 segundos regulamentares, e rístico. Inclusive, o assunto era coberto de misti-
uma vez terminada a dita contagem, dará a vitó- cismo.
ria ao adversário por K.O. perda de sentidos, le- Na verdade, a atividade era desenvolvida pro-
vantando-lhe uma das mãos para o ar. É consi- fissionalmente e, fora dos "ringues", apenas como
derado K.O., o lutador que for arremessado pelo forma utilitária de ataque e defesa.
outro por um golpe lícito, fora do " r i n g " e ali
permaneça, sem retornar, quando o juiz termine
a contagem de 10.
" X I I I — Considera-se desistência, durante o
combate, quando um dos contendores estiver sen-
do atacado, e não suportar mais o golpe. Para isto,
deverá o lutador falar ao árbitro ou bater, mais de
duas vezes, com a sua mão ou pé, em qualquer par-
te do corpo do adversário ou mesmo no chão do
"ring".
" X I V — Durante o combate será desclassi-
ficado o lutador, pelos seguintes motivos:
a) falta de combatividade,
b) desobediência do lutador ou do seu "ma-
nager", representante ou procurador, ou segundo,
depois de chamado a atender pelo árbitro duas ve-
zes, isto é, na terceira falta;
c) irregularidades cometidas e previstas no
artigo 8. Fica bem esclarecido que a infração do Jigoro Kano, em suas demonstrações fora
"manager", representante ou procurador, ou se- do Japão, também enfatizava o aspecto utilitá-
gundo de " r i n g " não só acarreta penalidades pre- rio de defesa pessoal do moderno jujutsu, como
vistas para os mesmos no presente regulamento, aparece nesta foto realizada em Berlim, Alemanha,
como ainda poderá atingir o próprio lutador que no ano de 1933. 2 0 (fig.8)
pelo menos estiver sendo assistido, no decorrer No Brasil, um dos percussores do Judô foi o
do combate. japonês Mitsuyo ou Eisei Maeda, mais conhecido
" X V — Os empresários, proprietários ou pela alcunha de Conde Koma. Altamente graduado
arrendatários de clubes e estádios, lutadores, pela Kodokan, após ter residido nos Estados Uni-
"manager", representantes ou procuradores e dos da América do Norte, percorrido inúmeros
segundos de " r i n g " , que por qualquer forma países, realizando turnês de jujutsu, por volta de
violarem as disposições do presente regulamento, 1925, realizou espetaculares demonstrações em
tornam-se passíveis de pena, conforme a gravida- São Paulo e no Rio de Janeiro. Posteriormente, já
de da falta cometida: muito famoso, radicou-se no Pará, onde fundou
a) advertência em particular, por escrito ou uma academia de jujutsu.
em público; O Conde Koma, apesar de seus 75 quilos e
b) supensão por tempo determinado ou in- pouco mais de 1,60 metro de estatura, aceitava
determinado de suas funções. desafios de enormes adversários e cultores de qual-
"NOTA — Este regulamento, elaborado pela quer tipo de luta, sempre derrotando seus oponen-

15
tes de maneira fulminante. Conta-se que derrotou "Esta é a razão pela qual o árbitro, antes de
mais de mil lutadores da arte do vale-tudo. tudo, deve ser um praticante e um professor, pois
No plano internacional, foi só depois da Se- ele é o mestre único e absoluto sobre o tatâmi.
gunda Guerra Mundial que o Judô conheceu um "A saudação entre os competidores, antes e
desenvolvimento marcante, particularmente na In- após o combate, traduz o respeito pelo Judô, pe-
glaterra e na Franca. lo árbitro, pelo adversário e pelo resultado a ser
Na Europa as regras eram um tanto quanto disputado ou já proclamado." 17
padronizadas, apesar de ser utilizado no nihon- Mas não era só com relação às qualidades dos
-shobu (luta por duas vitórias), uma espécie de golpes que eram.permitidos ou proibidos, que ha-
"melhor de três", sem interrupção. via uma falta de padronização. Também nos co-
Para melhor exemplificar transcrevemos os mandos emitidos pelo árbitro havia diversificação
"Princípios gerais que regem as competições de de vozes de comando. Os termos adotados deve-
Judô". 1 7 , divulgados pelo professor Mikinosuke riam ser os tradicionais, mas na Europa, na América,
Kawaishi, considerado o pai do Judô europeu: e às vezes no próprio Japão, as vozes de comando
"Quanto mais curta e simples for uma lei, não eram padronizadas, fazendo-se presente a
mais significa que ela foi feita para uma minoria influência do idioma inglês, utilizando-se termos
seleta e sua aplicação reclama por maior quali- tais como break (separar), ao invés de mate; stop
dade. (cessar), ao invés de soremade, e time (tempo) ao
"As lutas de Judô são curtas, em geral du- invés de Jikan.24 Ne Japão e no ocidente, nas ci-
ram dois minutos, uma vez que um dos objeti- dades onde havia uma forte influência da colô-
vos do Judô é obter um resultado rápido. nia japonesa, tais como São Paulo, por exemplo,
"De forma geral, um combate é disputado este último vocábulo era comandado timo (tai-
em dois pontos, isto é, o primeiro que conquis- mo), uma mescla do inglês com o japonês, até a
tar dois pontos é o vencedor. década de 60.
"0 ponto é conquistado: A primeira competição internacional, na Eu-
a) projetando nitidamente o adversário so- ropa, ocorreu em 1947, em Londres, envolvendo
bre o seu dorso; a França e a Inglaterra.
b) imobilizando o adversário, sobre o seu A fim de facilitar as relações esportivas, en-
dorso, no solo, durante 30 segundos; tre os países europeus, em 1948, é fundada a
c) fazendo com que o adversário desista União Européia de Judô. Foi o primeiro passo à
da luta, através dos efeitos de um estran- frente, fora do Japão, para a elevação do Judô
gulamento ou de uma chave de braço, como esporte internacional.
de pernas ou de pescoço.
Seguindo o exemplo da Europa, em 1949, é
"A desistência é manifestada, golpeando-se
fundada a União Asiática de Judô.
várias vezes, nitidamente com a palma da mão
A necessidade da realização de campeonatos
ou a planta do pé, o adversário, o solo ou a si
continentais, começou a ser vivida pela Europa.
próprio.
Tanto foi assim que, em 1951, a União Européia
"É proibido: de Judô promove, em Paris, o 19 Campeonato
a) dar socos, Europeu de Judô. A Argentina, desejando parti-
b) tocar no rosto do adversário; cipar do desenvolvimento que estava explodindo
c) agarrar, antes do início da projeção, a fai- no Judô europeu, solicita sua filiação à União
xa ou as calças do adversário. Européia de Judô, nesse mesmo ano.
"Algumas destas regras, particularmente, as Ainda em 1951, no Congresso Europeu de
relativas à duração da luta ou ao número de pontos Judô, realizado em Londres, após prolongadas
a ser conquistado, são suceptíveis de modificações. discussões no sentido de transformar a União
Alguns golpes podem ser considerados proibidos." Européia de Judô em um organismo mundial, é
Efetivamente, no que diz respeito às chaves, fundada a Federação Internacional de Judô, sen-
no Japão, somente eram permitidas aquelas que so- do oferecida a presidência ao filho dó idealiza-
licitassem diretamente a articulação do cotovelo. dor do Judô, Sr. Risei Kano, na época, também
"A boa interpretação destas poucas regras, presidente do Instituto Kodokan, que aceita o
exige que o árbitro tenha um grande conhecimen- cargo em 1952.
to na arte do Judô, redobrada atenção e muito es- A Federação Internacional de Judô, ainda nes-
pírito de observação, É mais uma questão de espí- se tempo, não possuía suas próprias normas de
rito do que de prática. competição, sendo utilizadas as Regras de Judô

16
aprovadas pelo Instituto Kodokan. Sendo assim, a) domínio de combate;
em casos de dúvida, sempre prevalecia o texto em b) espírito de luta;
japonês. Cada árbitro possuía ou criava um estilo c) técnica de atuação, e
próprio, o que dificultava uma padronização in- d) predomínio de ataque.
ternacional. "2) - 0 cronometrista deverá assinalar, por
Na América, exceptuando-se o Brasil, que um toque de tímpano, a passagem do quarto mi-
já possuía um Judô altamente técnico e competi- nuto, e, por 2 toques o término do "round". Com
tivo, além de Cuba e Estados Unidos da América referência às prorrogações, assinalará o cronome-
do Norte, seguidos do Canadá e da Argentina, o trista, por um toque de tímpano, quando atingido
Judô caminhava mais lentamente. Todavia, já em o 1º e 2º minutos e com 2 toques o término da
1952, é fundada a União Panamericana de Judô luta.
que promove, nos Estados Unidos, o 19 Cam-
"3) - Relativamente ao início dos combates,
peonato Panamerícano de Judô; pela falta de or-
ficou estabelecido que se observasse o ritual ceri-
ganização político-esportiva, no setor de Judô,
monioso tradicional do Judô, isto é: os lutadores
e por insuficiência de verbas, o Brasil deixava de
no centro do "tatâmi", sentados sobre as pernas,
estar presente.
e levantando-se ao sinal do juiz, após cumprimen-
A era esportiva do Judô brasileiro iniciou-se tarem-se por ligeira curvatura da cabeça. Ao térmi-
em 1954, na cidade do Rio de Janeiro, então Dis- no do combate, voltarão à posição inicial, e após
trito Federal, com a organização e realização do assinalar o Juiz do Combate, o resultado, se levan-
1º Campeonato Brasileiro de Judô, que teve a par- tarão e cumprimentarão da mesma forma, admi-
ticipação de cariocas, mineiros, gaúchos e paulis- tindo-se depois o abraço ou o aperto de mãos.
tas, graças aos incansáveis esforços do professor
"4) — Em relação aos golpes, se admitirão
Augusto de Oliveira Cordeiro, junto aos órgãos
todos eles, inclusive os articulares, cabendo aos
do governo e à Confederação Brasileira de Pugi-
Juizes de Combate, providenciarem a interrupção
lismo. 0 professor Cordeiro, que temos depois,
da luta, quando julgar em perigo a integridade fí-
seria eleito presidente da União Panamericana de
sica de qualquer dos lutadores, principalmente,
Judô e o primeiro presidente da Confederação Bra-
tendo em vista que o inferiorizado possa preten-
sileira de Judô, é considerado um dos grandes be-
der não se dar como vencido, fugindo à obrigato-
neméritos do Judô brasileiro.
riedade de "bater" como desistência."7
Para a função de árbitro geral do 1º Cam-
Naquela época, já era utilizado há muito
peonato Brasileiro de Judô, foi designado o pro-
tempo, entre os paulistas, o espírito do ipom-sho-
fessor Ryuzo Ogawa, fundador da Budokan e o
bu (luta pelo ponto completo), desprezando-se
principal introdutor do Judô no Brasil.
os combates por vários assaltos ou roundes e pelo
0 Regulamento Técnico do Campeonato,7 por
sistema de luta por desistência, tradicionalmente
seu valor histórico e por suas diferenças com as re-
adotado nas lutas de profissionais.
gras adotadas na atualidade, para efeito de estudo,
merece ser transcrito "ipsis verbis": Nas competições de Judô, os dois competido-
res procuravam conquistar o ipom (ponto com-
"I Campeonato Brasileiro de Judô pleto), dentro do tempo regulamentar, a fim de
— Regulamento Técnico" vencer a luta. Quando o ipom (ponto completo)
era marcado por um dos competidores, a luta ter-
"D — Os combates serão em um único minava, independentemente do tempo regulamen-
" r o u n d " de 5 (cinco) minutos, findo os quais tar. Caso isso não ocorresse, dentro do tempo
se proclamará o vencedor, desde que um dos preestabelecido, caberia a vitória ao que tivesse
adversários tenha conseguido obter "meio pon- conquistado um waza-ari (na época denominado
t o " . No caso de não ocorrer essa hipótese, o Juiz "meio ponto").
poderá pedir até 3 (três) prorrogações de 1 minu- Todavia, mesmo que um competidor tivesse
to cada uma, suspendendo o combate se qualquer conquistado um waza-ari (literalmente quer dizer
dos adversários obtiver vantagem sobre o outro, "existe técnica"), ele não venceria obrigatoria-
mesmo que seja apenas de "meio ponto". Senão mente por yuseigachi (vitória por superioridade),
ocorrer tal hipótese nas 3 prorrogações, será caso tivesse procurado garantir aquele resultado,
consultado o "Árbitro Geral" — que indicará o competindo de maneira contrária ao Espírito do
vencedor a ser proclamado, sendo considerados, na Judô. A atitude dos competidores durante o de-
devida ordem, os seguintes conceitos: senrolar a luta, a habilidade, a violação das regras

17
e outras circunstâncias (aspectos subjetivos), pode- em Cuba, promovido pela União Panamericana de
riam servir para o julgamento final do combate. Judô.
No final do tempo regulamentar de luta, o Apesar de ser a primeira intervenção brasileira
árbitro central solicitava o hantei (em julgamento), em eventos internacionais, a participação dos nos-
mesmo se um deles tivesse waza-ari (na época sos valorosos atletas foi brilhante. Todos os cinco
"meio ponto"), e os laterais emitiam as suas opi- competidores conquistaram medalhas, sendo cam-
niões. Caso a luta estivesse empatada, poderiam peões nas faixas de 1º kyu (faixa marrom), 1º dan
ocorrer as prorrogações. 0 hiki-wake (empate) só (sho-dan, primeiro grau) e 4º dan (ion-dan, quarto
era declarado, quando se tivessem esgotado as pror- grau) e vice-campeões, nas faixas de 2º dan (ni-
rogações e permanecido o equilíbrio de ações. -dan, segundo grau), 3º dan (san-dan, terceiro
0 ipom (ponto completo) era caracterizado, grau), por equipes e no absoluto. O sucesso alcan-
nos seguintes casos: çado foi altamente positivo para o Judô no Brasil,
a) Quando um dos competidores aplicasse particularmente junto aos órgãos governamentais
uma queda completa no adversário. que passaram a apoiar o Judô como esporte ama-
b) Quando um dos competidores mantivesse dor de competição.
continuamente o seu adversário, durante 30 se- Participaram dessa competição duas destaca-
gundos corridos, numa das técnicas de imobili- das personalidades no nosso Judô. O saudoso
za ção. professor Hikari Kurachi, do Brasil, que iria, mais
c) Quando um dos competidores aplicasse tarde, transformar-se num dos melhores árbitros
uma chave de braço ou um estrangulamento no seu da União Panamericana, criando uma verdadeira
adversário, de maneira eficaz, forçando-o a desistir escola de seguidores, tendo em vista a sua conduta
ou quando ocorresse a perda dos sentidos, ou, ain- e o seu perfeito critério, no que diz respeito à
da, a critério do árbitro. avaliação de técnicas. A outra celebridade, é o pro-
Uma queda era considerada completa quando fessor John Osako, dos Estados Unidos da América
fosse executada intencionalmente e o adversário do Norte, que com sua inteligência e profundo co-
caísse, com suficiente força, sobre a maior parte nhecimento do Judô competitivo, iria na década
de seu dorso. Geralmente, na maioria dos casos, em de 70, ser responsável por uma profunda modifica-
técnicas de contragolpes, apesar das Regras de Judô ção no sistema internacional de arbitragem, for-
Kodokan, assim o permitirem, dificlmente o ipom mando árbitros internacionais da melhor qualida-
(ponto completo) era marcado; os árbitros costu- de, quando exercia as funções de chefe do Sub
mavam avaliar, no máximo, como sendo waza-ari Comitê de Arbitragem da Federação Internacional
(na época valia "meio ponto"). Uma técnica de de Judô.
ataque sempre tinha maior valor do que uma técni- No ano seguinte à realização do 1º Campeo-
ca contragolpe. nato Mundial de Judô, em 1957, consolidando,
Na década de 50, apesar das Regras de Judô ainda mais, a Federação Internacional de Judô, é
Kodokan determinarem ni-go-jubio (25 segundos), fundada a União Oceânica de Judô.
para a conquista do waza-ari (meio-ponto), em ca- Em 1958, é fundada a primeira federação es-
sos de imobilizações anunciadas pelo árbitro, en- pecializada em Judô, no Brasil, a Federação Paulis-
tre nós, era também usual, o emprego do ni-jubio ta de Judô.
(20 segundos). O 3º Campeonato Panamericano de Judô é
No caso de projeções, para que uma queda realizado no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro,
valesse waza-ari, (meio ponto), não era suficiente de Belo Horizonte e de São Paulo. Nesse mesmo
derrubar propositadamente o adversário; era pre- ano, 1958, em Tóquio, é promovido o 2º Cam-
ciso que o golpe fosse quase perfeito. peonato Mundial de Judô.
O ano de 1956 foi marcado, no plano inter- Em 1961, um fato inusitado ocorre em Paris,
nacional, por mais uma importante vitória. Com a quando é realizado o 3º Campeonato Mundial de
colaboração do Instituto Kodokan, a Federação Judô. Um ocidental torna-se campeão mundial de
Internacional de Judô promove em Tóquio o Judô. Um faixa preta holandês derrota um faixa
1º Campeonato Mundial de Judô, com a parti- preta japonês. No mundo inteiro, a surpresa era
cipação de 18 países. geral, por outro lado, configurava-se uma grande
Para nós brasileiros, 1956, também foi um vitória do Judô como esporte internacional.
ano de significativa importância. Pela primeira vez Depois desse evento, no sentido de aprimo-
participávamos de um evento internacional, o rar o Judô, começaram a surgir estudos e idéias. A
2º Campeonato Panamericano de Judô, realizado primeira foi a introdução das categorias de peso.

18

Em 1963, o Judô passa a ser uma das modali- dando-lhe um impulso fantástico. Mister Palmer,
dades dos Jogos Panamericanos, que são realizados coupou a presidência da Federação Internacional
em São Paulo, já disputados em três categorias de de Judô de 1965 até o final de 1979, por ocasião do
peso, além do absoluto. 9º Campeonato Mundial de Judô, realizado em Pa-
Nesse mesmo ano, a Federação Internacional ris, oportunidade em que foi eleito para o cargo de
de Judô, com a fundação da União Africana de presidente de honra.
Judô, ganharia uma posição realmente mundial. A falta de padronização na interpretação das
Finalmente a prática do Judô estava oficialmente regras de competição, continuava sendo uma cons-
consolidada nos cinco continentes. tante. Algumas vezes, para dizer o mínimo, os pró-
Um outro fato marcante, ocorreu em 1964. prios competidores não entendiam os resultados
No elenco das modalidades olímpicas, surgia o no- que eram proclamados. Durante os combates, os ár-
me Judô, infelizmente, ainda, em caráter provisó- bitros laterais não passavam de figuras decorativas,
rio. A barreira contra a oficialização do Judô, co- na maioria das vezes. 0 árbitro central, continuava
mo esporte, era muito grande. Para muitos, as lu- sendo o senhor absoluto da competição, quando
tas eram um tanto monótonas, com muitas inter- não houvesse a figura estranha do árbitro geral que
rupções. Suas regras eram muito complicadas e podia interferir no resultado da luta.
era difícil, sem ser um praticante, entender o que Mister Palmer promoveu muitos estudos com
estaria ocorrendo em cima do tatâmi. a finalidade de modernizar as regras de competição.
Para que o Judô integrasse os Jogos Olímpi- Todavia, ninguém poderia imaginar que alguns anos
cos de Tóquio, foi necessária a inclusão das novas mais tarde, em 1974, aqui no Brasil, por ocasião do
categorias de peso, fato que teve, no meio judoís- 1º Campeonato Mundial de Júniores, as regras esta-
tico, acirradas críticas uma vez que feria a própria riam tão modernizadas, a ponto do Judô parecer
filosofia de Jigoro Kano. uma outra luta.
No congresso internacional realizado em Tó- Uma das primeiras medidas idealizadas pelo
quio, em 1964, a União Européia de Judô propõe novo presidente da FIJ, foi o estabelecimento das
um novo estatuto para a Federação Internacional Primeiras Regras Internacionais de Judô.
de Judô. Após prolongadas discussões, foram os Até então, as competições, em qualquer nível,
mesmos aprovados por grande maioria de votos, eram regidas pelas Regras de Judô Kodokan, as
assegurando a todos os países filiados a oportuni- quais, após o último artigo, destacavam a seguinte
dade de uma participação efetiva e à Federação In- nota:
ternacional de Judô, uma função democrática nor- "Em caso de divergência entre o texto original
mal. A sede da FIJ é transferida do Instituto Kodo- japonês destas regras e quaisquer de suas traduções,
kan, para a secretaria geral, em Paris. A partir de independentemente do idioma usado, ou de qual-
então a Federação Internacional de Judô passou a quer ambigüidade de ditas traduções, prevalecerá o
reconhecer apenas as graduações outorgadas ofici- texto em japonês." 2
almente pelas federações nacionais.
Adotando esse critério seria muito difícil fa-
Em 1965, por ocasião do IV Centenário do zer com que o Judô pudesse transformar-se num es-
Rio de Janeiro, o 4º Campeonato Mundial é con- porte verdadeiramente internacional.
fiado ao Brasil, sendo considerado como o maior
sucesso de público, ainda jamais superado: 17 mil 2.4.1. -As Primeiras Regras Internacionais
assistentes.
Nesse inesquecível evento foi adotada uma A cidade de Salt Lake City, nos Estados Uni-
nova fórmula para as competições mundiais, o Sis- dos da América do Norte, em agosto de 1967, foi
tema Brasileiro de Repescagem. Até então, utiliza- palco de um memorável congresso internacional,
va-se puramente o processo das eliminatórias sim- ocasião em que foram aprovadas as Primeiras Re-
ples, ainda hoje muito empregado, particularmente gras de Competição da Federação Internacional de
no Japão. Judô, oficialmente editadas em inglês, francês, es-
Uma outra sensível mudança ocorreu, por panhol e alemão, além do japonês.
ocasião do 4º Campeonato Mundial de Judô. Um O problema da falta de participação do árbi-
ocidental iria ser eleito presidente da Federação tro lateral, durante a luta, ficou quase resolvido.
Internacional de Judô, o professor Charles Stuart Ele poderia emitir a sua opinião, sobre qualquer
Palmer, da Inglaterra. Através de sua inteligência e pronunciamento do árbitro central, todavia, ainda,
marcante personalidade, o novo presidente iria di- "o árbitro central poderia ou não aceitar a opinião
namizar a administração internacional do Judô, do árbitro lateral."

19
Devido a tradição, alguns árbitros não aceita- vertência), keikoku (repreensão) ou hansoku (des-
vam a interferência dos laterais. À vista disso, o classificação), de acordo com a gravidade da falta
Sub Comitê de Arbitragem de FIJ, passou a reco- cometida. Por outro lado, o shido (observação), só
mendar que tais árbitros deveriam ser afastados das poderia ser neutralizado por várias kinzas (peque-
arbitragens, a fim de garantir um melhor padrão de nas vantagens), enquanto que o chui eqüivaleria ao
julgamento. Todas as opiniões enunciadas deveriam waza-ari-ni-chikai-waza (quase waza-ari) e o keiko-
ser fruto da avaliação majoritária dos três árbi- ku (repreensão) ao waza-ari (quase ipom).
tros. 12 No caso de infrações às regras, quase sempre
Sempre que um árbitro lateral discordasse de os árbitros se reuniam, a fim de deliberarem, ini-
um julgamento emitido pelo árbitro central, deve- cialmente, se deveriam ou não aplicar uma penali-
ria levantar-se e levar a sua opinião ao mesmo. Para dade. Em caso positivo, discutiriam qual a penali-
isto, deveria aproximar-se do árbitro central, sem se dade que deveria ser atribuída. Muitas vezes, resol-
interpor entre este e os competidores e solicitar a viam "perdoar" o ato proibido e "deixar para outra
interrupção da luta. Por sua vez, o árbitro central vez". As confabulações eram demoradas, a ponto
deveria atender o colega, comandando mate (parar), de irritar o público e os lutadores, tirando a se-
anunciando, em seguida jikan (tempo). Nesse ins- qüência da luta.
tante, o outro árbitro lateral deveria participar da Tendo em vista a demarcação da área de luta,
discussão e decisão do problema. Caso um pronun- a fim de que houvesse u'a melhor padronização,
ciamento tivesse que ser modificado, o árbitro cen- em casos de "saídas da área de combate", logo na
tral deveria comunicar o fato ao oficial da mesa primeira vez, o infrator deveria ser punido com
registradora. chui (advertência), na segunda com keikoku (re-
Todavia, no caso das três opiniões serem dife- preensão) e na terceira com hansoku (desclassifi-
rentes, prevaleceria a opinião do árbitro central, a cação).
exemplo do que já acontecia na decisão final da A razão dessa determinação, de punir o com-
luta, após o comando de hantei (julgamento). petidor que, sem uma justificativa maior, saísse da
Entretanto, a manifestação dos laterais quase área de combate, era a de tornar as lutas mais di-
não acontecia, especialmente, quando das avalia- nâmicas.
ções dos golpes, uma vez que somente eram anun- Talvez pelo fato de não querer punir os com-
ciadas pelo árbitro central as marcações de ipom petidores, quando saíssem da área de combate, du-
(ponto completo) e de waza-ari (quase ipom). As rante o desenvolvimento do tachi-waza (luta em
outras vantagens técnicas, que haviam sido introdu- pé), é que muitos árbitros abusavam da chamada
zidas, waza-ari-ni-chikai-waza (quase waza-ari) e "regra do sonomama". Quando os competidores se
kinza (pequena vantagem), não eram anunciadas, aproximavam dos limites da área de combate, en-
obrigando os árbitros a manter um seguido contro- tão demarcada por uma linha vermelha de, aproxi-
le das ações dos competidores, anotando mental- madamente, sete centímetros de largura, o árbitro
mente, as vantagens de cada lutador, comparando- comandava sono-mama (não se movam) e puxava
-as seguidamente, de forma a qualquer momento os competidores em direção ao centro da área de
indicar quem estaria vencendo. De modo geral, combate. Em vista desse fator e, também, por ser
isto fazia com que ficassem marcantes as ações que de difícil visualização a fita vermelha, por parte dos
ocorressem no último minuto da luta, sendo um fa- competidores, o objetivo de tornar as lutas mais di-
tor negativo. nâmicas não foi alcançado e, pior do que isso, em
Uma outra modificação, digna de destaque, virtude das sistemáticas "confabulações dos árbi-
foi a questão das infrações às regras que, a partir de tros", as lutas tornariam-se mais demoradas e com
então, deveriam ter todas as punições anunciadas maior número de interrupções.
claramente. Antes disso, anunciava-se o caso do No que diz respeito ao desenvolvimento do
hansoku-make (derrota por violação das regras), ne-waza (luta de solo), particularmente nos casos
por ser um resultado que iria encerrar o combate, de imobilizações anunciadas junto à linha demar-
aliás, fato que muito raramente acontecia. Quando catória, o árbitro central deveria comandar sono-
um competidor infringia as regras, o árbitro central -mama (não se movam) e, com a ajuda dos árbitros
apenas explicava ao lutador que aquilo não era per- laterais, puxar os lutadores em direção ao centro
mitido e que ele não deveria fazer de novo. da área de combate. Esse movimento, denominado
Assim, um artigo, especialmente elaborado, "arrastão", era motivo de estridentes gargalhadas
foi inserido nas regras, dizendo que o árbitro cen- por parte dos espectadores não muito efeitos aos
tral deveria anunciar shido (observação), chui (ad- combates de Judô.

20 9
Uma outra situação "estanha", passou a ocor- a borda do dedo polegar para cima), mantendo
rer, às vezes, quando, durante uma situação de essa posição por um instante.
ne-waza (luta de solo), os árbitros se reuniam para V I I . Jikan. Levantar uma de suas mãos, na
trocar idéias, particularmente, quando um dos altura do ombro e com o membro superior para-
competidores estivesse imobilizado. lelo ao tatâmi, mostrando a palma da mão, com os
Alguns trios de arbitragem, em demoradas dedos voltados para cima, para o cronometrista.
confabulações, pareciam esquecer-se dos competi- "b) Os árbitros laterais
dores, chegando ao ponto de ficar de costas para I. Para indicar que um dos competidores não
eles. 0 atleta que estava em desvantagem cansa- saiu da área de combate, o árbitro lateral deverá
va-se de aguardar enquanto o outro procurava me- elevar uma de suas mãos para o alto e abaixá-la,
lhorar a sua posição, ou vice-versa. Sendo assim, na altura do ombro, na direção da linha que deli-
houve uma enérgica recomendação para que o mita a área de combate, com a borda do polegar
trio de arbitragem se reunisse, durante a confabu- para cima e permanecer nessa posição por um ins-
lação, nestes casos, um pouco mais perto dos com- tante.
petidores, e prestasse mais atenção para que não II. Para indicar que um dos competidores
houvesse modificação nas posições dos lutadores, saiu da área de combate, o árbitro lateral deverá
durante a luta de solo, após o comando de sono- elevar uma de suas mãos, na altura do ombro, na
•mama (não se movam). direção da linha que delimita a área de combate,
Com a oficialização das Primeiras Regras de com a borda do polegar para cima e movimentá-
Competição da Federação Internacional de Judô, la da direita para a esquerda, várias vezes."12
importante passo foi dado em relação à padroniza- Entretanto, o aperfeiçoamento das regras
ção dos gestos dos árbitros. Nas Regras de Judô de competição e a própria estrutura técnica da
Kodokan, 1 os gestos não eram descritos e os ter- Federação Internacional de Judô, haveriam de
mos correspondentes estavam espalhados pelo progredir ainda mais.
texto. 0 tradicional gesto de elevar um membro Até então, eram as federações nacionais que,
superior à frente, ao comandar hajime (começar), em suas delegações, levavam seus árbitros para
foi considerado procedimento incorreto. Um arti- atuar nos campeonatos. Havia necessidade da Fe-
go foi especialmente redigido, estabelecendo sete deração Internacional de Judô constituir o seu pró-
gestos oficiais para o árbitro central e dois para os prio quadro de árbitros, independente, formado por
árbitros laterais, nos seguintes termos: especialistas de grande experiência e que fossem a-
provados em exames especialmente preparados.
"Artigo 27. Gestos oficiais" Assim é que, em 1969, na cidade do México,
por ocasião do 6º Campeonato Mundial de Judô,
"Os árbitros deverão executar os gestos, da no Congresso da FIJ, foi instituído o primeiro
forma indicada abaixo, quando realizem as seguin- Código Esportivo e realizados os primeiros exa-
tes ações: mes de qualificação para o Quadro de Árbitros da
Federação Internacional de Judô, através de uma
"a) 0 árbitro central série de exigências e com a obrigatoriedade do can-
I. Ipom. Deverá elevar uma das mãos, bem didato dominar, pelo menos, duas línguas, entre
acima de sua cabeça. inglês, francês, espanhol, alemão e japonês.
I I . Waza-ari. Deverá elevar uma de suas mãos, No Brasil, o ano de 1969 foi marcado pela
com a palma voltada para baixo, afastada de seu fundação da tão sonhada Confederação Brasileira
corpo e na altura do ombro. de Judô, mas que só seria oficial e definitivamente
I I . Ossaekomi. Deverá dirigir um de seus reconhecida em 1972 através do Decreto 71.135
membros superiores, distanciado de seu corpo e de 22/09/72.
para baixo, na direção dos competidores. O eventos mundiais, regulamentados pelo Códi-
IV. Ossaekomi-toketa. Deverá elevar uma de go Esportivo da Federação Internacional de Judô,
suas mãos à frente e movimentá-la, da direita para passaram a ser uma constante. Até 1972, em ter-
a esquerda, rapidamente duas ou três vezes. mos de mudanças de regras de competição nada
V. Para indicar que uma técnica não foi váli- aconteceu, além de algumas recomendações aos se-
da, elevar uma das mãos acima e à frente de sua ca- nhores árbitros.
beça e movimentá-la, da direita para a esquerda, No cenário nacional, em 1972, um importante
duas ou três vezes. fato marcava a difusão do Judô, entre nós.
V I . Hiki-wake. Levantar uma de suas mãos O Ministério da Educação e Cultura, através do
para o alto e abaixá-la à frente de seu corpo (com então DED, Departamento de Educação Física e

21
Desportos, introduzia nos Jogos Estudantis Brasi- tidores gastavam muito tempo estudando os adver-
leiros, (JEBs), a modalidade de Judô, que através sários. Aos olhos do leigo, uma luta de Judô era um
de alguns poucos anos provocaria um verdadeiro tanto estática, motivo pelo qual, de forma geral,
surto no desenvolvimento do Judô brasileiro. as emissoras de televisão não eram muito afeitas em
Em pouco tempo, os JEBs transformar-se-iam transmitir competições de Judô. A introdução da
no maior e mais importante evento poli-esportivo regra de não-combatividade foi um fator importan-
de toda a América Latina. te para a divulgação do Judô pela televisão, particu-
Também foi através dos JEBs, hoje denomina- larmente na Europa.
dos Jogos Escolares Brasileiros, que, no ano de Ainda em 1973, uma outra importante modifi-
1973, em Brasília, realizava-se a primeira Clínica cação ocorreu. A obrigatoriedade em penalizar o
Nacional de Arbitragem, com a participação de ár- competidor que, sem motivo, saísse da área de
bitros, professores, técnicos e atletas de 20 estados combate, ou empurrasse o adversário para fora de-
brasileiros. la, não era muito obedecida por muitos árbitros,
A contribuição do Ministério da Educação e gerando descontentamento pela falta de padroniza-
Cultura, para o desenvolvimento do Judô, através ção. Alguns árbitros se defendiam, dizendo que a
da SEED, Secretaria de Educação Física e Despor- linha demarcatória era muito fina e de difícil visua-
tos, antigo DED, tem sido de um valor notável. Já lização por parte dos competidores, outros, por
em 1973, pela primeira vez, editava as "Regras de acreditar que não se deveria penalizar um atleta por
Competição de Judô", como parte da Campanha uma falta tão banal. A verdade é que o assunto pa-
Nacional de Esclarecimento Esportivo, levando a ra ser padronizado não parecia ser fácil.
todos os cantos do país, os então 37 artigos das re- A fim de sanar o problema, foi introduzida a
gras internacionais, acrescidas da nova regra da denominada zona de perigo, no primeiro artigo das
não-combatividade: regras, em substituição à linha demarcatória dos 7
" Aplicação — Existe a não-combatividade centímetros. Dessa forma, a área de combate se-
quando na opinião do árbitro, não há ação por par- ria demarcada por uma larga faixa, preferencialmen-
te de um ou ambos competidores, durante um pe- te vermelha, de aproximadamente um metro de lar-
ríodo excessivo de tempo. Esta anunciação, por gura. Assim, o problema da dificuldade de visuali-
parte do árbitro, requer o uso de seu bom julga- zação, por parte dos atletas, estaria resolvido, mes-
mento, pois é impraticável estabelecer um limite mo porque a zona de perigo faria parte da área de
determinado de tempo. Como regra geral, um pe- combate.
ríodo de aproximadamente 20 (vinte) ou 30 (trin- A nova demarcação denominou-se "zona de pe-
ta) segundos, constituiria a não-combatividade, rigo", porque era arriscado permanecer na referida
porém o período de tempo (a critério do árbitro) zona, uma vez que, caso os competidores aceitas-
poderá ser maior ou menor. sem desenvolver a luta nos limites da área de com-
bate e pisassem ou empurrasem o adversário para
"Ação do árbitro fora, seriam passíveis de uma grave punição (kei-
koku).
• Anunciar mate ou sono-mama; A introdução da zona de perigo, indubitavel-
• Dar o sinal de mão (girar ambos os braços mente, preencheu a sua finalidade e concorreu para
lentamente diante do peito, três ou quatro que houvessem menos interrupções no combate,
vezes); contribuindo para que as lutas se tornassem mais
• Indicar claramente o competidor ou compe- dinâmicas.
tidores faltosos, assegurando-se de que am- Hoje em dia, feliz ou infelizmente, desenvol-
bos competidores, juizes e demais autorida- ver o combate na zona de perigo tem muitos adep-
des tenham observado bem os sinais; tos, por uma questão puramente tática.
• Anunciar a penalidade prevista segundo o
Apesar de todas essas modificações, os mento-
Art. 29;
res internacionais do Judô, sentiam que os dirigen-
• Anunciar hajime ou yoshi, para recomeçar o
tes de outras modalidades, consideradas olímpicas,
combate." 3
criticavam o nosso esporte, agora não tanto pela
A regra da não-combatividade entrou em vigor sua monotonia, mas principalmente por que era
em 1º de janeiro de 1973, tendo como objetivo im- muito difícil entender o andamento de uma luta de
pregnar mais ação às lutas, melhorando assim a ima- Judô. Era um assunto muito técnico e não havia in-
gem do Judô como esporte internacional. Realmen- formações sobre os resultados parciais. O público
te, antes de aplicar uma técnica de Judô, os compe- leigo não tinha condições de entender.

22 •
Deyido às inúmeras interrupções, a fim de que A União Panamericana de Judô, através de cir-
os árbitros pudessem "confabular", dava a impres- cular datada de 5 de janeiro de 1974, assinada pelo
são de que nem eles sabiam quem estava ganhando. diretor técnico, informava que, "dentro de pouco
No final do tempo regulamentar é que, se não hou- tempo", uma nova versão das regras de competição
vesse prorrogação, iria se conhecer o vencedor da seria editada.
luta. Em algumas oportunidades, era o próprio Alguns meses depois, em junho de 1974, a
competidor que pensava ter sido derrotado, quem famosa revista Black Be/t, abria espaço ao assunto
era declarado vencedor, muito embora, pela forma- publicando um artigo intitulado: " E i ! Estão que-
ção moral dos judocas, dificilmente havia reclama- rendo mudar o Judô", dizendo, dentre outras coi-
ções. sas, que: "Um professor de cabelos brancos levan-
Essa situação causava muita preocupação aos tou os ombros, em sinal de desespero, no ano pas-
dirigentes internacionais, particularmente ao presi- sado, quando lhe contaram as mudanças que seriam
dente e ao chefe do Sub Comitê de Arbitragem da introduzidas nas regras de competição (. . .) Apesar
Federação Internacional de Judô. dos protestos de muitos judocas ortodoxos, a arte
Era o ano de 1973 e realizava-se em Lausanne, dos modos gentis sofreu mais alterações, em um só
Suíça, o Congresso de FIJ. A Confederação Brasi- dia do que nos 50 anos anteriores. Para melhor ou
leira de Judô lançou a idéia da promoção de um para pior, as regras de Judô estão modernizadas e,
campeonato internacional que atingisse a faixa de doravante, a competição será conduzida num mol-
atletas que estivesse entre os 18 e 20 anos de idade, de que se aproxima do boxe e da luta olímpica. (...)
a fim de propiciar maiores e melhores oportunida- "Os judocas terão, ainda, mais de um ano para
des aos jovens que, provavelmente iriam defender estudar as novas regras, antes do próximo campeo-
seus países nos Jogos Olímpicos. A idéia, depois nato internacional, o Campeonato Mundial de Judô
de amplamente discutida, tendo o presidente da a realizar-se em Viena, Áustria, em setembro de
Confederação Brasileira de Judô, inclusive, desta- 1975." 23 Informação um tanto incorreta, uma vez
cado aspectos de ordem social, foi aprovada por que dali a dois ou três meses, o Brasil seria palco de
aclamação. Assim, o Brasil não só lançou a idéia, dois importantes eventos mundiais, o 6º Campeo-
mas também, se propôs a organizar, no ano seguin- nato Mundial de Judô das Forças Armadas e o 1º
te, o 1º Campeonato Mundial de Júniores. Campeonato Mundial de Júniores.
Naquela oportunidade, por ocasião do 8º Cam- Numa acertada medida, nao só visando a in-
peonato Mundial de Judô, o Sub Comitê de Arbi- formar os árbitros brasileiros, mas também, e prin-
tragem da FIJ procedeu a alguns estudos que iriam cipalmente, os nossos competidores que deveriam
causar uma verdadeira reviravolta nas regras de lutar de acordo com as novas regras, a Confedera-
competição e no sistema internacional de arbitra- ção Brasileira de Judô, convidou o presidente da
gem. Federação Internacional de Judô, Mister Charles
Posteriormente, os estudos tiveram continuida- Stuart Plamer, também membro do Sub Comitê de
de, em reuniões especiais do Sub Comitê de Arbi- Arbitragem e principal responsável pelas mudanças
tragem, na cidade de Londres, Inglaterra. Era o f i - estabelecidas, para um curso de alto nível a ser mi-
nal do ano de 1973. nistrado aqui no Brasil.
Assim é que, em agosto de 1974, perante um
2.5. — As novas regras de competição pequeno e selecionado grupo de professores, foi
oferecida uma resposta oficial sobre um sem núme-
O início do ano, em 1974, foi marcado por
ro de dúvidas, durante um excelente curso teórico
uma grande inquietação a respeito do que seriam as
e prático, desenvolvido na Escola de Educação Fí-
"novas regras de Judô".
sica do Exército.
A informações eram as mais descencontradas,
causando dúvidas e polêmicas. Naquela oportunidade, a primeira chamada de
atenção foi para o placar, de que tanto se havia fa-
O Brasil, naquele ano, iria sediar, além do 1.c
lado mas que, entre nós, até então, ninguém havia
Campeonato Mundial de Júniores, o 6º Campeona-
visto, muito menos sabia como funcionava. Trata-
to Mundial de Judô das Forças Armadas, e não se
va-se, apenas de um aparelho manual, a exemplo do
sabia, ao certo, o que teria resultado das "famosas
que já existia nos esportes coletivos, só que adapta-
reuniões em Londres".
do ao Judô. (fig. 9)
As entidades especializadas não tinham condi-
ções, pelo menos aqui no Brasil, de informar algo Um dos aspectos mais interessantes, no que
de oficial e positivo sobre as modificações introdu- se refere às então chamadas novas regras, dizia res-
zidas. peito às marcações das vantagens técnicas que deve-

23
(fig. 9)
riam ser todas anunciadas oralmente, acompanha- mesmos, a fim de que não houvesse a possibilidade
das de inusitados gestos, mantidos por três segun- de confusão com o gesto de yuko (quase waza-ari).
dos, no mínimo. Houve quem dissesse que o árbi- Quando a imobilização fosse desfeita, o árbitro
tro iria parecer um guarda de trânsito, sem o central, além de realizar o gesto correspondente,
apito.. . deveria comandar simplesmente toketa, ao invés de
Assim, as vozes de comando deveriam ser emi- ossaekomi-toketa (imobilização desfeita), a fim de
tidas, desde a região abdominal, com potência, a facilitar a emissão e a compreensão da voz de co-
fim de que todos os presentes, não só os lutadores mando.
pudessem ouvi-las. Dessa forma, a edição de 1974, publicada em
Os gestos e as vozes de comando do ipom setembro, das Regras de Competição da Federação
(ponto completo) e do waza-ari (quase ipom), não Internacional de Judô 1 1 , passou a relacionar dez
sofreram modificações. Todavia, o waza-ari-ni-chi- gestos oficiais, para o árbitro central, ao invés dos
cai-waza (quase waza-ari) passou a denominar-se sete gestos primitivos.
yuko, a fim de tornar mais compreensível a emis- Devido a outras modificações inseridas no tex-
são da voz de comando, enquanto que a kinza (pe- to das novas regras da FIJ, o artigo referente aos
quena vantagem), passou a chamar-se koka, tendo a gestos oficiais passou a ter o número 29, o qual
sua interpretação mudada para "quase yuko". perdura até os nossos dias.
0 árbitro central ao avaliar uma técnica com No que diz respeito às penalidades que deve-
yuko (quase waza-ari), deveria emitir a voz de co- riam ser aplicadas, houve também a recomendação
mando e realizar o gesto correspondente: elevar e de que, antes da aplicação, o árbitro central de-
estender um dos membros superiores, lateralmente monstrasse a razão da penalidade.
ao corpo, a quarenta e cinco graus. Entretanto, talvez devido à pressa em impri-
Ao avaliar uma técnica como koka (quase mir as novas regras, essa orientação não constava
yuko), o árbitro central deveria emitir a voz de co- no texto oficial, assim como também não consta-
mando, executando o seguinte gesto: elevar uma va, no artigo 29 (Gestos Oficiais), para os árbitros
das mãos espalmadas, dedos unidos, ao lado do om- laterais, nada além dos dois gestos primitivos das
bro correspondente, através de uma flexão do coto- primeiras regras de competição.
velo, aproximando o antebraço do braço. Essa falha iria gerar uma falta de padroniza-
A fim de realizar o comando de ossaekomi ção, mesmo porque havia a recomendação de que
(imobilização), o árbitro central deveria, além de não fossem utilizados gestos que não constassem
realizar o gesto correspondente, já previsto nas Pri- no texto oficial.
meiras Regras de Competição da Federação Inter- Daquela época, até meados de 1977, quem
nacional de Judô, inclinar o tronco à frente, na di- apenas se baseasse no texto oficial, incorreria no
reção dos competidores, com o olhar voltado aos "grave erro de estar desatualizado". Quem não

24 •
participasse de clínicas de arbitragem, efetivamen- visível, tanto para os competidores e árbitros, co-
te poderia ser considerado desatualizado, uma vez mo para todo o público, o andamento de uma luta.
que nem sempre o que estava escrito no texto ofi- A qualquer instante, poder-se-ia saber quem estava
cial, era a conduta mais exata. ganhando ou se a luta estava, até aquele momento,
A questão das funções e da importância do empatada.
trabalho em equipe, entre o trio de árbitros, ficou Caso não houvesse placar, as marcações deve-
definitivamente resolvida. Cada integrante passaria riam ser feitas em uma folha de papel e, sempre
a ter a mesma importância, no que diz respeito às que fosse necessário, geralmente no final do com-
opiniões. A fim de que as "confabulações" fossem bate, o árbitro central, ou mesmo os árbitros late-
mais rápidas, os árbitros laterais deveriam realizar rais, poderia solicitar ao registrador que mostrasse
os mesmos gestos previstos para o árbitro central, as anotações. Felizmente, no Brasil, essa orientação
no que diz respeito às avaliações, logicamente, sem nem chegou a entrar em vigor, sendo abolida já em
voz de comando, caso houvesse discordância da 1974, oficializando-se a necessidade do placar ou
marcação anunciada. de, pelo menos, um quadro negro.
Por exemplo, se o árbitro central avaliasse No caso da aplicação das penalidades, é inte-
uma técnica com koka (quase yuko), e os árbitros ressante frisar, não seriam cumulativas. Isto é, se
laterais concordassem, não deveriam fazer gestos. um lutador cometesse uma falta leve, seria penali-
Por outro lado, se um dos árbitros laterais julgasse zado com shido (observação). Caso repetisse a in-
que a técnica fosse merecedora de yuko (quase fração ou cometesse uma outra falta leve, deveria
waza-ari), deveria fazer o gesto correspondente. ser punido com uma penalidade acima, ou seja,
Neste caso, não poderia haver interrupção da luta, chui (advertência), anulando-se a penalidade ante-
para troca de idéias, mesmo porque já havia sido rior, e assim sucessivamente, até o hansoku-make
emitida a opinião dos três árbitros. Todavia, caso (derrota por desclassificação). 0 árbitro central só
os dois árbitros laterais discordassem da marcação deveria consultar os árbitros laterais, caso preten-
do árbitro central e executassem o gesto de yuko desse aplicar keikoku (repreensão) ou hansoku-ma-
(quase waza-ari), o árbitro lateral que estivesse ke (derrota por desclassificação).
mais próximo do árbitro central, deveria aproxi- Entretanto, caso um árbitro lateral discordas-
mar-se e solicitar que ele modificasse a sua marca- se de uma penalidade aplicada, deveria ir até o árbi-
ção, uma vez que a maioria era contrária à sua de- tro central e, na presença do outro árbitro lateral,
cisão.
expor a sua opinião. Era um caso típico para con-
Via de regra, o árbitro comandaria mate (pa- fabulação.
rem), interrompendo o combate e anunciaria, no Com relação às vozes de comando, para que
caso, yuko (quase waza-ari), através de gesto e voz houvesse, realmente, uma padronização internacio-
de comando, após ter anulado a sua decisão inicial, nal, é necessário lembrar que elas deveriam ser pro-
no caso, koka (quase yuko). nunciadas de forma oxítona.
Para anular a sua primeira marcação, o árbitro Uma outra questão coerente, dizia respeito à
central deveria repetir o comando de koka (quase equivalência de uma penalidade, com relação à uma
yuko) e, ao mesmo tempo, realizar o gesto de vantagem técnica. No final do combate, a penalida-
torikeshi (anulação), elevando o outro membro su- de tornar-se-ia uma vantagem técnica, na seguinte
perior à frente e acima de sua cabeça, movimentan- proporção.
do-o lateralmente várias vezes.
shido — koka
Entretanto, caso houvesse três opiniões dife- chui — yuko
rentes, continuaria prevalecendo a opinião do árbi- keikoku -waza-ari
tro central, isto é, caso ele avaliasse um lance com hansoku-make — ipom
yuko (quase waza-ari), por exemplo, e os dois árbi- 0 sogo-gachi (vitória composta), estabelecido
tros laterais tivessem opiniões contrárias, manifes- em 1967, continuaria em vigor, regulamentando-se
tando-se de forma distinta entre si, com koka (qua- apenas o seu "modus faciendi".
se yuko) e com waza-ari (quase ipom). Também não sofreria reformulação o waza-
Com essas novas regras haveria pouca necessi- -ari-awassete-ipom (dois waza-aris totalizam o
dade para "confabulações", a menos que algum fa- ipom). Entretanto, a mesma filosofia não seria
tor vital justificasse uma reunião do trio de arbitra- equivalente para o koka (quase yuko) ou para o
gem. yuko (quase waza-ari), uma vez que nenhuma soma
A fim de registrar cada marcação emitida pe- de kokas seria equivalente a um yuko, da mesma
lo árbitro central, foi instituído o placar, tornando forma que nenhuma soma de yukos seria equivalen-

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te a um waza-ari (quse ipom). Vale dizer que, caso Assim, desde 1974, uma imobilização anun-
nao houvesse ipom (ponto completo), ou seu equi- ciada que durasse até 9 segundos, deveria ser con-
valente, e o tempo regulamentar de luta tivesse ex- siderada equivalente a um simples ataque, o mes-
pirado, depois de encerrar a luta, o árbitro central, mo ocorrendo quando uma projeção resultasse na
após o registrador ter realizado a transposição das queda do adversário de joelhos, por exemplo.
penalidades, se fosse o caso, deveria dar a vitória ao Uma outra mudança benéfica foi a abolição
competidor que tivesse waza-ari (quase ipom). do "arrastão", durante o ne-waza (luta de solo),
Caso o placar registrasse esse resultado para os após o comando de sono-mama (não se movam).
dois competidores, o árbitro central daria a vitória A partir de então, no caso de imobilizações anun-
àquele que tivesse o maior número de yukos (quase ciadas, pelo árbitro central, o tempo de imobili-
waza-ari). Ainda, no caso de igualdade de condi- zação continuaria correndo, inclusive quando os
ções, a vitória deveria ser dada ao competidor que dois competidores saíssem quase que totalmente
tivesse o maior número de kokas (quase yuko). fora da área de combate. Apenas seria necessário
Depois de esgotadas todas essas alternativas, a que um deles tivesse qualquer parte do corpo em
vitória deveria ser oferecida àquele que tivesse con- contato com a zona de perigo, para que a imobili-
tra si a penalidade mais branda, registrada no pla- zação continuasse sendo válida.
car. Neste caso, a penalidade teria um duplo valor. A voz de comando de sono-mama (não se
Somente no caso de haver igualdade de marcações movam) já não seria quase utilizada, a não ser ex-
é que o árbitro central deveria consultar os árbi- cepcionalmente, para a aplicação de uma penalida-
tros laterais. de ou ajustar o uniforme de um ou de ambos os
Com o estabelecimento destas normas, difi- competidores, assim mesmo, em situações espe-
cilmente uma luta terminaria empatada. Todavia, ciais.
quando o hiki-wake (empate) não pudesse ser de- Assim, com todas essas modificações e com
clarado como resultado final, o árbitro central de- outras mais, que ainda não integrariam a edição
veria comandar hantei (em julgamento), elevando de 1974 das novas regras, apesar de serem utili-
um dos membros superiores à vertical. Nesse ins- zadas, pela primeira vez, em agosto daquele ano, no
tante, cada árbitro lateral deveria elevar à vertical Brasil, realizou-se um campeonato mundial, o 69
somente uma de suas bandeiras indicativas, a ver- Campeonato Mundial de Judô das Forças Armadas,
melha ou a branca. tendo por palco o Ginásio de Esportes da antiga
No que diz respeito às condições necessárias Escola da Aeronáutica, no Campo dos Afonsos,
para a conquista das chamadas vantagens técnicas, Rio de Janeiro, cujas instalações tornaram-se pe-
além do ipom (ponto completo) e do waza-ari quenas para abrigar o público presente.
(quase ipom), que não sofreram alterações de con- O referido campeonato foi organizado pela
ceito, foram estabelecidos quatro artigos adicionais, Comissão Desportiva das Forças Armadas do Bra-
referentes ao yuko (quase waza-ari) e ao koka sil, sob a supervisão do Conselho Internacional do
(quase yuko): Esporte Militar. O presidente do Júri Técnico, Ma-
"Artigo 20 - Yuko (quase waza-ari) jor Orlando Machado, na oportunidade, demons-
"Artigo 21 - Koka (quase yuko) trava a sua alegria ao poder constatar que o públi-
"Artigo 34 - Determinação de Yuko co acompanhava as competições, não só com real
"Artigo 35 — Determinação de Koka" 1 1 interesse mas, também, com um satisfatório en-
Dessa forma, o artigo referente ao yusei-gachi tendimento das lutas programadas, graças às novas
(vitória por superioridade) teve sua redação altera- regras.
da também no que diz respeito à troca de termino- Sem dúvida, as novas regras, principalmente
logia do waza-ari-ni-chikai-waza (quase waza-ari) devido ao fato de obrigar os árbitros a se mani-
para yuko (quase waza-ari) e da kinsa (pequena festarem, tão logo ocorresse alguma vantagem
vantagem) para koka (quase yuko). técnica, propiciava um entendimento imediato ao
Os tempos de imobilização previstos para as público sobre o andamento do combate, através
vantagens técnicas, desde 1974, são os mesmos pre- do placar.
vistos pelas atuais regras e válidos para todas as fai- Devido à grande promoção por parte da im-
xas etárias. Anteriormente, aqui no Brasil, para os prensa, no mês seguinte, o monumental Maracanã-
menores de 14 anos de idade costumava-se contar zinho iria receber um enorme público, durante to-
25 segundos para a conquista do ipom (ponto com- da a realização do 1º Campeonato Mundial de
pleto) e 20 segundos para o waza-ari (quase ipom), Júniores, que teve uma organização sofisticada.
prática que foi abolida, desde a oficialização das Desde o sorteio das chaves, realizado através
chamadas novas regras. de computadores eletrônicos, até a utilização, pe-

26 •
Ia primeira vez na história dos mundiais de Judô, O referido curso, até então inédito no Brasil,
de dois conjuntos de placar eletrônicos, fabrica- na sua forma e conteúdo, contou com a efetiva par-
dos na Suíça, onde, além das vantagens técnicas ticipação de mais de duzentos professores e técni-
e penalidades, se podia verificar o tempo regula- cos de Judô, provenientes de todas as regiões do
mentar de luta e o tempo das imobilizações. Os Estado de São Paulo, tendo sido oficializado pela
aparelhos foram especialmente fabricados, de Confederação Brasileira de Judô que, posterior-
acordo com as novas regras, para o 1º Campeo- mente, o levou a todas as federações filiadas, sob a
nato Mundial de Júniores. forma de clínicas de arbitragem.
O equipamento foi adquirido pela Confede- Para que se possa ter uma idéia das principais
ração Brasileira de Judô, permitindo, desde então, dúvidas existentes na época, selecionamos algumas
que os eventos nacionais contassem com apare- das principais perguntas, que envolviam diretamen-
lhamento moderno. te a conduta a ser seguida pelos árbitros e juizes
A fim de que as vozes de comando fossem ou- (termo adotado, na época) ou árbitros laterais.
vidas e compreendidas por todo o público, pela Pergunta — "Antes do início da luta, logo
primeira vez, durante o 1º Campeonato Mundial após a saudação, os competidores deverão dar um
de Júniores, os árbitros utilizaram microfones passo à frente, para então o árbitro comandar
sem fio, fato que também contribuiu para que o "hajime", ou ele poderá comandar "hajime" ime-
público tivesse um perfeito entendimento dos re- diatamente após a saudaçãoº
sultados que eram marcados. Resposta — "Logo após a saudação simultâ-
Desta forma, todas as críticas e restrições que nea, os atletas deverão dar um passo à frente, to-
poderiam ser feitas contra o Judô, repentinamen- mando a posição "shizen-hontai" (postura natural
te, começaram a cair por terra. A realidade mostra- fundamental). Com os dois atletas nessa posição
va que o Judô estava se transformando numa mo- é que o árbitro deverá comandar o início da luta.
derna modalidade esportiva internacional. Esse passo à frente pode ser iniciado com qualquer
dos pés. É indiferente. Após a decisão final do
O Sub Comitê de Arbitragem da Federação
combate, proferida pelo árbitro, o passo atrás, an-
Internacional de Judô, naquela ocasião, em suces-
tes da saudação final simultânea, igualmente po-
sivas reuniões, discutiu nova modificações que,
de ser iniciado com qualquer dos pés."
pouco a pouco, iriam sendo introduzidas nas re-
gras, depois de experimentadas em eventos conti- Pergunta — "É necessário dar um passo atrás,
nentais e nacionais, antes de serem aplicadas em no final da luta, para saber o resultadoº
campeonatos mundiais. Resposta — "Não. O árbitro deverá proferir
o resultado com os dois atletas na posição "shi-
Pretendia-se, assim, que por ocasião dos Jogos
zen-hontai", à frente de suas marcas regulamenta-
Olímpicos de Montreal, em 1976, o ciclo de res. Somente após o pronunciamento do resultado,
modificações estivesse concluído, a fim de que emitido pelo árbitro, é que os atletas devem dar
as novas regras, suas modificações e interpreta- um passo atrás e tomando a posição fundamental,
ções fossem perfeitamente dominadas por árbitros com os calcanhares unidos, realizar a saudação
e atletas, fato que não ocorreu, lamentavelmente, final simultânea."
em 1974, devido às transformações radicais havi-
Pergunta — "Durante o combate, o árbitro
das. comanda "mate", pede " j i k a n " , e solicita que os
Considerando o número de praticantes e pro- atletas arrumem seus uniformes. Em que posição
fessores, no Brasil, foi bem pequeno o contingen- os competidores devem ajeitar seus "judoquis"º
te especializado que teve a oportunidade de viven- Resposta — "Na posição de pé, à frente de suas
ciar as experiências das novas regras em 1974, quer marcas. O árbitro não deve mandar os atletas to-
nas clínicas de arbitragem que antecederam o mar a posição "hiraza", para arrumar os uni-
1º Mundial de Júniores, quer naquelas vividas du- formes."
rante o evento propriamente dito. Pergunta — ' " É correto o árbitro olhar para
Antes do início da temporada de 1975, a os juizes, após ao julgamento de uma técnica, pa-
Federação Paulista de Judô, graças ao tirocínio ra saber se eles concordam com o julgamentoº
e à capacidade do seu então dirigente máximo, Resposta — "Não. O árbitro não deve olhar
o presidente Sérgio Adib Bahi, deu vida ao para os juizes. Se houver discordância de seu pro-
1º Curso de Atualização em Arbitragem, planejado nunciamento, por parte deles, o mais próximo
e dirigido por nossa humilde pessoa, com a excelen- do árbitro deverá aproximar-se e comunicar a de-
te colaboração do árbitro internacional Shigueto cisão dos juizes. Caso haja necessidade, o juiz so-
Yamasaki. licita que o árbitro comande " m a t e " . "

27
Pergunta — "Qual a posição do árbitro, para dado para não prejudicar o desenvolvimento de um
solicitar "jikan? lance, a fim de não cometer injustiças."
Resposta — "Para solicitar " j i k a n " , o árbi- Pergunta — "No caso da opinião dos juizes
tro deverá ter o corpo ereto e de frente para a ser contrária ao julgamento de uma técnica emi-
mesa onde se encontra o cronometrista. Ao co- tido pelo árbitro, um dos juizes, o mais próximo,
mandar "jikan", o árbitro deve elevar um braço irá avisar o árbitro. Muito bem, pergunto: e, se
estendido à frente do corpo, na horizontal, mão nesse instante, antes do juiz tocar o árbitro, um
espalmada e dedos unidos, com flexão dorsal da competidor aplicar um golpe que valha " k o k a " ,
mão, de modo a mostrar a palma da mão para o " y u k o " ou "waza-ari". Como é que vamos resol-
cronometrista." ver o problema?
Pergunta — "Depois de 22 segundos de imo- Resposta — "É simples. 0 árbitro, depen-
bilização constatada, o " u k e " consegue desven- dendo dos casos dá " k o k a " , " y u k o " ou "waza-
cilhar-se. Nessa ocasião, o que o árbitro deverá -ari". Em seguida comanda "mate", retifica a opi-
fazer? nião do primeiro lance e comanda "hajime", a fim
Resposta — "O árbitro deverá comandar de dar continuidade à luta. O importante é não se
"toketa", juntamente com o gesto estipulado afobar. Para melhor entendimento, vamos dar al-
nas regras, ao mesmo tempo em que olha para guns exemplos.
o cronometrista, para saber o tempo da imobili- "0 árbitro anuncia "waza-ari", para o judoca
zação. Assim que for informado que haviam se de faixa vermelha; os juizes acham que foi " y u k o " .
passado 22 segundos, deve comandar e fazer o No momento em que um dos juizes vai avisar o
gesto apropriado de " y u k o " . " árbitro, o judoca de faixa branca aplica um golpe
Pergunta — "Para anular um julgamento de e o árbitro dá "ipom-sore-made". 0 lutador de fai-
técnica, é preciso comandar "torikeshi"? xa branca vence o combate por " i p o m " , desde que
Resposta — "0 árbitro não deve anunciar os juizes concordem com o "ipom '. Neste caso,
"torikeshi", somente é necessário fazer o gesto ainda, há necessidade, antes de indicar o vencedor,
apropriado." que o árbitro retifique o "waza-ari", na forma pré-
Pergunta — "Os juizes também podem fazer estabelecida, para " y u k o " , a fim de que o registra-
o gesto de "torikeshi"? dor possa corrigir o placar e o anotador, por sua
Resposta — "Perfeitamente. Caso o árbitro vez, possa corrigir a súmula. Para retificar o "waza-
avalie um lance como sendo " k o k a " e um ou os -ari", o árbitro indica o lutador de faixa vermelha,
dois acharem que não foi " k o k a " , isto é, que va- (os atletas devem estar em pé, à frente de suas
leu apenas um ataque ou, ainda, que não valeu marcas regulamentares), faz o gesto de "waza-ari",
nada, devem fazer o gesto de "torikeshi"." com a voz de comando, e com a outra mão, a se-
Pergunta — "Qual o procedimento do árbi- guir, o gesto de "torikeshi". Isto feito, declara
tro quando um atleta, logo após conquistar um " y u k o " , juntamente com o gesto convencional.
"waza-ari" é contragolpeado com uma técnica Logo após, indica o vencedor, na forma regulamen-
que também mereça "waza-ari"º tar.
Resposta — "Constatado o primeiro "waza- "Vamos ver outro exemplo. 0 árbitro dá
-ari", o árbitro dá "waza-ari". Assim que for cons- "waza-ari", para o lutador de faixa branca, e os
tatado o segundo, também este deve ser dado. juizes acham que foi " i p o m " . A seguir, antes que
Pergunta — "Caso os juizes concordem com um dos juizes tocasse o árbitro, o lutador de faixa
um pronunciamento do árbitro, por exemplo, o vermelha aplica um golpe e o árbitro proclama
árbitro da um "koka" e eles concordam, qual o "ipom-sore-made". Logo a seguir, o juiz comuni-
gesto que devem fazerº ca ao árbitro a opinião dos juizes. Estando os dois
Resposta — "Não devem fazer gestos." lutadores à frente de suas marcas, o árbitro indica o
Pergunta — "Durante uma luta, um dos juizes lutador de faixa vermelha e anula o " i p o m " , da for-
tem necessidade de esclarecer uma dúvida. Qual o ma convencional. A seguir, indica o lutador de fai-
gesto preconizado pelo regulamento? xa branca, anula o "waza-ari" e proclama " i p o m " ,
Resposta — "0 juiz deve aproximar-se do árbi- juntamente com o gesto apropriado. Isto feito, in-
tro, por trás ou por um de seus lados, sem se inter- dica o vencedor, no caso, o competidor de faixa
por entre o árbitro e os lutadores, tocar em seu bra- branca."
ço e solicitar que anuncie "mate". Durante esta Pergunta — "Estando em "ne-waza", o lutador
ação, deve continuar prestando atenção ao com- que está por cima aplica em seu adversário um
bate. É importante usar o bom senso. 0 árbitro de- "shime". Neste instante, o que está por baixo,
ve atender a solicitação do juiz. Tomar muito cui- com rara habilidade, aplica um "tomoe-nague", ou

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golpe semelhante, no seu adversário. O resultado da quietação em conhecer a fundo, com detalhes, os
técnica mereceria " i p o m " ou no mínimo "waza- quesitos necessários para uma boa padronização.
-ari". Como o árbitro deverá procederº Por outro lado, como nem todas as modifi-
Resposta — "Neste e em outros casos seme- cações passaram a integrar texto oficial, apesar de
lhantes, o árbitro não deve, de maneira alguma, estarem em vigor, houve uma certa falta de padro-
consignar " i p o m " , "waza-ari", " y u k o " ou "koka". nização, devido a interpretações diversas.
Estando em "ne-waza", não poderá haver proje- Por um lapso, (só corrigido em Viena, em
ções válidas. Em "ne-waza", somente terão valor outubro de 1975, no Congresso da Federação
as imobilizações, as luxações ou chaves de articula- Internacional de Judô), não era previsto que "se
ção e os estrangulamentos." um competidor for penalizado com shido (obser-
Pergunta — "Estando um competidor em vação), seu adversário será beneficiado com um
decúbito ventral, seu adversário consegue, com koka (quase yuko)", gerando certas polêmicas,
habilidade e destreza, levantá-lo até a altura de uma vez que algumas pessoas insistiam em obe-
seus próprios ombros e, em seguida, o arremessa decer rigorosamente, a apenas, aquilo que esti-
ao solo, nitidamente de costas, com considerá- vesse escrito no texto das novas regras de 1974...
vel força e ímpeto, É considerado "ipom"? Uma outra questão que gerou inúmeras con-
Resposta — "Apesar de ser quase impossí- trovérsias, foi o problema, não corrigido até os
vel de acontecer, pode ser considerado como um nossos dias, sobre a equivalência das penalidades
lance perfeitamente válido. É semelhante ao pre- com relação às vantagens técnicas. Em nenhuma
visto pelas regras. Só que a posição de partida do parte do texto há uma informação precisa de
" u k e " é em decúbito dorsal. Só o fato do " t o r i " , quando, em que tempo, a penalidade será trans-
neste caso, conseguir levantar o "uke", até a altu- formada em vantagem técnica. E, lamentavel-
ra de seus próprios ombros, já valeria " i p o m " . To- mente, o Artigo 31 — Pena/idades, através do
davia, muito cuidado para não confundir este lan- segundo parágrafo, dá a entender que a transpo-
ce com o seguinte, que não é considerado como sição é imediata, senão vejamos:
"nague-waza" e, portanto, não passível de pontua- "Se um competidor for penalizado com
ção, como, por exemplo: estando um competidor shido (observação), seu adversário será benefi-
em decúbito ventral, caso o seu adversário consi- ciado com um koka (quase yuko); caso seja pena-
ga carregá-lo e virá-lo no ar, fazendo-o bater as lizado com chui (advertência), seu adversário
costas no tatâmi, o árbitro não deve dar nem ao será beneficiado com um yuko (quase waza-ari),
menos "koka", pois não é considerado um lance e caso o keikoku (repreensão) seja aplicado a
de "nague-waza"." um competidor, o outro será beneficiado com
Pergunta — "É válida a aplicação de "shime- um waza-ari (quase ipom)." 1 5
-waza" ou de "kansetsu-waza", sem ser no chão? No que diz respeito à relação entre ato
Resposta — "Sim, é perfeitamente válida a proibido e penalidade, as novas regras não espe-
aplicação de estrangulamentos ou de chaves de cificavam se tal ato proibido deveria ser punido
braços, em "tachi-waza". Somente que,nestes ca- com shido (observação), chui (advertência), kei-
sos, há necessidade do resultado destas técnicas koky (repreensão) ou hansoku-make (derrota por
transparecerem imediatamente. Caso o competi- desclassificação). Os atos proibidos eram simples-
dor atacado não sinta o resultado da aplicação mente relacionados, da letra a à letra z, da se-
destas técnicas, imediatamente, o árbitro deve- guinte forma:
rá comandar "mate."
Pergunta — "Quando um atleta ao aplicar "Artigo 30 - Atos proibidos"
um "soto-makikomi", apoiar uma das mãos fora
da área de combate e, em seguida, arremessar o "Todos os seguintes atos são proibidos:
adversário com grande categoria, o golpe pode ser "a) Golpear a parte interna do membro
válidoº inferior, sobre o qual se apoia o adversário, quan-
Resposta — "Não, a técnica não poderá ser do ele estiver aplicando uma técnica, tal como
considerada como válida, inclusive, nestes casos, harai-goshi (varredura de quadris).
o atacante deverá ser penalizado, no mínimo, "b) Tentar projetar o adversário com kawa-
com " c h u i " . Caso haja intenção, ou se assim o ár- zu-gake (projeção com uma perna entrelaçada na
bitro entender, poderá, após consultar os juizes, perna do adversário).
aplicar "keikoku". 9 "c) Aplicar a ação de do-jime (tesoura de per-
Nem todas as questões formuladas giravam nas), no tronco, pescoço ou cabeça do adversário.
em torno das novas regras, notando-se uma in- "d) Aplicar kansetsu-waza (chave de articula-
29
ção) em qualquer parte que não seja a articulação "v) Enquanto estiver deitado, com as costas
do cotovelo. no tatami, manter (não soltar) o adversário preso
"e) Aplicar qualquer ação que possa ofender entre as pernas, através do pescoço e axilas, quando
o pescoço ou a espinha dorsal do adversário. o adversário consiga levantar-se ou ajoelhar-se, nu-
"f) Levantar o adversário, que está deitado ma posição na qual consiga levantá-lo.
de costas no solo, com o objetivo de lançá-lo no- "w) Procurar aplicar qualquer técnica, fora
vamente no solo. da área de combate.
"g) Intencionalmente, jogar-se para trás, "x) Não atender os comandos do árbitro.
mantendo o adversário preso, quando agarrado "y) Fazer, sem necessidade, interpelações,
pelas costas numa situação em que um dos com- gestos inúteis ou descorteses ao adversário, du-
petidores dominou os movimentos do outro. rante o combate.
"h) Bater com o joelho ou com o pé, a mão "z) Praticar qualquer outra ação que possa
ou o braço do adversário, a fim de fazê-lo soltar lesionar ou colocar em perigo o adversário ou que
a pegada. atente contra o Espírito do Judô."
"i) Intencionalmente, evitar contato com o Tendo em vista que os itens / e k, entre si,
adversário, a fim de impedir qualquer ação no guardavam muita semelhança, o Sub Comitê de
combate. Arbitragem da Federação Internacional de Judô,
" j ) Intencionalmente, sair para fora da área elaborou um comentário a respeito, já inserido
de combate, ou forçar o adversário a fazê-lo. nas primeiras regras, a fim de melhor esclarecer,
"k) Sair da área de combate, estando em pé, o qual foi ratificado na edição de 1974 das novas
por qualquer razão, exceto como resultado de uma regras, no artigo referente às penalidades, no co-
técnica ou ação do adversário. mentário de número quatro:
"D Adotar uma atitude, excessivamente de- "Quando um competidor infringa os epígra-
fensiva, para evitar a derrota. fes "]" ou " k " , do artigo 30, a penalidade a ser ou-
"m) Segurar, continuamente, com as duas torgada deverá processar-se da seguinte forma:
mãos, a gola, lapela ou manga, de um mesmo lado "(a) Quando um competidor, deliberadamen-
do uniforme do adversário, ou a faixa, ou a parte te, sair da área de combate, ou pretender aplicar
inferior do casaco do adversário, com uma ou am- uma técnica com o objetivo de sair da área de com-
bas as mãos. bate, a penalidade a ser aplicada será keikoku.
"n) Introduzir um ou vários dedos na manga "(b) Quando um competidor, deliberadamen-
ou na 'boca das calças' do adversário ou torcer- te, forçar seu adversário a sair da área de combate
-Ihes a manga, fazendo um torniquete. (abrangendo o caso citado no comentário do Ar-
tigo 30, a penalidade a ser aplicada será keikoku.
"o) Continuamente, manter os dedos de uma
ou de ambas as mãos entrelaçadas, com os dedos "(c) Se um competidor sair da área de com-
das mãos do advesário, a fim de evitar ação no bate, em conseqüência de seus esforços, para de-
combate. sequilibrar a seu adversário, a penalidade a ser apli-
cada será chui. Todavia, se ele sair da área de com-
"p) Intencionalmente, desarrumar o próprio
bate, em conseqüência da ação do adversário, não
judogui (uniforme de Judô), ajustar ou soltar a fai-
deverá ser penalizado."
xa ou as calças, sem autorização do árbitro.
"q) Puxar o adversário para baixo, a fim de Com a intenção de aprimorar, ainda mais, as
novas regras, através de estudos iniciados concre-
iniciar o ne-waza (luta de solo).
tamente, por ocasião do 1º Campeonato Mundial
"r) Agarrar a perna ou o pé do adversário, pa- de Júniores, o Sub Comitê de Arbitragem elabo-
ra passar ao ne-waza (luta de solo), a não ser que rou uma tabela de correspondência entre todas
haja excepcional habilidade. as ações proibidas, relacionadas no Artigo 30
"s) Enrolar com a ponta da faixa ou com a — Atos Proibidos e as puniões previstas no Arti-
parte inferior do casaco, qualquer parte do corpo go 31 - Penalidades.
do adversário.
Dessa forma, as ações proibidas relaciona-
"t) Prender o judogui (uniforme de Judô) do das nas letras /', /, m, n, o, p, r,s,t e v, deveriam ser
adversário com a boca, ou colocar o pé ou a perna, penalizadas com shido (observação), por serem
ou a mão ou o braço, no rosto do adversário. consideradas faltas leves. Os atos proibidos, cons-
"u) Colocar o pé ou a perna na faixa, gola ou tantes das letras c, h, k q e u, passaram a ser me-
lapela do adversário, ou torcer um ou mais dedos recedores de chui (advertência); enquanto as le-
do adversário para fazê-lo soltar a pegada. tras a, b, d. e f, j, w, x, y e z tiveram os seus con-

30 »
teúdos classificados como infrações, que deveriam Áustria, por ocasião do 9º Campeonato Mun-
ser punidas com keikoku (repreensão). Finalmente, dial de Judô.
o ato proibido, previsto pela letra g, foi considera- Todavia, somente na edição de 1977 das Re-
do como uma falta muito grave, razão pela qual gras de Competição da Federação Internacional
deveria ser classificado como hansoku-make (der- de Judô é que o Artigo 30 - Atos Proibidos se-
rota por desclassificação). ria publicado de acordo com as quatro penalida-
Esta tabela seria válida apenas para a pri- des previstas, desta feita ordenados em algarismos
meira infração, uma vez que, caso houvesse repe- romanos, de / a XXVI, ao invés da ordem alfabé-
tição do ato proibido, dever-se-ia, como anterior- tica de a az. 1 3
mente, outorgar-se uma penalidade, imediata- O Congresso da Federação Internacinal de
mente, superior. Judô, realizado na cidade de Viena, Áustria, em
Esta classificação, em quatro grupos, foi outubro de 1975, aprovou, ainda, algumas modifi-
elaborada para servir de guia, para dar uma idéia cações que já haviam sido padronizadas, através
mais precisa do que seria uma falta leve, mode- de clínicas internacionais de arbitragem, ministra-
rada, grave ou muito grave. Todavia, de acordo das pelo Sub Comitê de Arbitragem. Além disso,
com a situação, os árbitros tinham autorização novas modificações foram estabelecidas, visando
para aplicar as punições que melhor achassem con- a aperfeiçoar o regulamento internacional, que se-
venientes, fato que, lamentavelmente, contribuía ria aplicado nos Jogos Olímpicos de Montreal,
para uma falta de padronização. Canadá, no ano seguinte.
Apesar do comentário referente âs saídas ou Uma das modificações mais significativas foi
empurrões para fora da área de combate, o assun- a questão que envolvia o tempo útil de luta. An-
to não era muito bem interpretado. Tanto assim teriormente, quando o árbitro central interrompia
que, após acurados estudos, o Sub Comitê de Ar- a luta, com a voz de mate (parem), o tempo regula-
bitragem resolveu modificar o texto das letras / e mentar continuava a correr normalmente e a crono-
k do Artigo 30 (Atos Proibidos): metragem só era interrompida se fosse comandado
jikan (tempo). Dessa forma, boa parte do tempo
"(j) Forçar intencionalmente o adversário a
útil de luta era gasto nas interrupções, em que não
sair da área de combate, ou sair da área de com-
havia qualquer ação por parte dos competidores.
bate, por qualquer motivo que não seja pela aplica-
Com essa modificaçõa, foi eliminado o comando
ção de uma técnica iniciada na área de combate,
de jikan (tempo) e o gesto estabelecido para essa
excepto como resultado de uma técnica ou ação do
ordem passou a ser realizado, quando o árbitro
adversário, (keikoku)
comandasse a voz de mate (parem).
"(k) Na posição em pé, sair da área de comba- Sendo assim, os comandos de mate e haji-
te ao aplicar uma técnica iniciada nessa área, excep- me, ou seja "parem de lutar e continuem lutan-
to como resultado de uma técnica ou ação do ad- d o " e sonomama (não se movam) e yoshi (adian-
versário." te), passaram a ter a mesma utilidade, no que diz
Também a letra b, que veiculava o termo respeito ao tempo regulamentar de luta, ocasio-
kawazu-gake, mereceu um melhor esclarecimen- nando, desta forma, uma mudança no texto das
to, uma vez que não se tratava de uma técnica de regras, particularmente nos Artigos 10 - Duração
Judô. e 13 — Sono-mama (não se movam).
O "kawazu-gake", que vinha sendo interpreta- A seguinte oração: "O tempo decorrido en-
do como "projeção com uma perna entrelaçada na tre os comandos de mate e hajime e entre sono-
perna do adversário", passou a ter o seguinte co- mama e yoshi, anunciados pelo árbitro central,
mentário: não deverá ser considerado como tempo regula-
"Kawazu-gake é uma técnica originária do mentar do combate.", passou a figurar como o
sumo, realizada através de entrelaçar uma perna segundo parágrafo do Artigo 10 - Duração.13
em torno da perna do adversário, com a face diri- E, o segundo parágrafo do Artigo 13 — Sono-mama
gida, mais ou menos, na mesma direção em que (não se movam), ("O tempo decorrido entre o
olha o adversário, e jogando-se para trás, sobre anúncio de sono-mama (não se movam) e o de
ele." yoshi (adiante) deverá ser excluído do tempo
Efetivamente, apesar de já estarem sendo uti- especificado para a duração do combate."), 14
lizadas, todas essas orientações só foram aprova- foi removido das regras.
das por ocasião do Congresso da Federação Inter- Por sua vez, o segundo parágrafo do Arti-
nacional de Judô, em 1975, na cidade de Viena, go 27 — Aplicação de Mate (parem), ("No caso

31
do árbitro anunciar jikan (tempo) ou sono-mama ções relativas anteriores. Por outro lado, a fim de
(não se movam), o tempo transcorrido entre estes corrigir uma injustiça para um dos competidores,
comandos e o reinicio do combate, através do por uma falha do árbitro central, tal ação foi per-
comando de hajime (começar) ou de yoshi (adian- mitida oficialmente, através de comentários anexa-
te), nao deverá ser computado como tempo regu- dos aos Artigos 18 — Ipom (ponto completo) e
lamentar de luta ou de imobilização.") 11 , foi con- 27 — Mate (parem).13
siderado, logicamene, impertinente e suprimido No sentido de disciplinar a contagem de pon-
das regras. tos nas competições por equipes, ou quando fos-
Tendo em vista a supressão do comando de se utilizado o processo das pules em competições
jikan (tempo), o gesto preconizado para essa voz individuais, foi aprovada a seguinte escala de pon-
de comando passou a ser referente ao anúncio de tos:
mate (parem). Vitória por ipom 10 pontos
O tradicional gesto de kachi (vitória) foi in- Vitória por waza-ari. 7 pontos
cluído no texto deste artigo, assim como o gesto Vitória por yuko 5 pontos
de torikeshi (anulação), este aprovado em 1973, Vitória por koka 3 pontos
no Congresso da Federação Internacional de Vitória por yusei-gachi 1 ponto
Judô realizado em Lausanne, Suíça." Apesar de Todas as modificações aprovadas no Con-
não constarem oficialmente do texto das regras, gresso Internacional de 1975, realizado na cida-
estes gestos vinham sendo utilizados normal- de de Viena, Áustria, foram ratificadas por oca-
mente. sião dos Jogos Olímpicos de Montreal, Canadá,
Para os árbitros laterais, foram estabeleci- durante o Congresso Internacional de 1976 e pas-
dos oficialmente dois gestos, numerados por iii e saram a integrar a edição de 1977 das Regras In-
iv, os quais já haviam sido aprovados em 1973 e ternacionais de Competição. 13
que vinham, igualmente, sendo utilizados. Além disso, dois novos comentários foram
' i i i Para indicar que na sua opinião uma introduzidos no texto das regras. O primeiro, no
marcação anunciada pelo árbitro central, como Artigo 2 — Uniforme, a respeito do complemen-
no artigo 29 (a) acima, não tem qualquer vali- to do uniforme a ser usado pelos competidores
dade, o árbitro lateral deverá elevar uma das do sexo feminino. O segundo, referente ao Arti-
mãos acima e à frente da cabeça e movimentá-la go 38 — Determinação de Hansoku-make (desclas-
da direita para a esquerda duas ou três vezes. sificação), determinando que "A decisão de se
"iv Para discordar de uma marcação indica- desclassificar o competidor de um torneio ou
ca pelo árbitro central, o árbitro lateral deverá campeonato só pode ser tomada pelo Comitê
executar o gesto apropriado, entre os previstos Diretor que estiver organizando o evento em
na letra a acima, de conformidade com o Arti- questão." 13
go 24." Desde os Jogos Olímpicos de Montreal,
Sendo assim, o Artigo 29 - Gestos Ofi- Canadá, em 1976, até a Copa Jigoro Kano, rea-
ciais,13passou a ter nova redçaão, em alguns pon- lizada em Tóquio, Japão, em 1978, nenhuma
tos, estabelecendo onze gestos oficiais para o ár- modificação das regras foi oficialmente estabe-
bitro central e quatro gestos oficiais para os árbi- lecida, a não ser interpretações das regras vi-
tros laterais gentes através de clínicas internacionais de ar-
Um outro assunto aprovado, que vinha sen- bitragem.
do alvo de discussões, desde 1974, encontrando Todavia, no sentido de que, pelo menos
forte resistência para ser modificado, foi o pro- um ano antes dos Jogos Olímpicos de Moscou,
blema surgido quando, erroneamente, o árbitro Rússia, em 1980, as regras não sofressem modi-
central comandasse ipom-sore-made (ponto com- ficações, no final de 1978, a Federação Interna-
pleto-cessar), ou simplesmente mate (parem), em cional de Judô promove em Londres, Inglaterra,
situações de ne-waza (luta de solo), e os competi- um congresso internacional em que, apesar de
dores se separassem. Nessas situações, não era per- não serem introduzidas grandes modificações,
mitido aos árbitros recolocarem os lutadores em houve um ótimo esclarecimento em muitos pon-
suas posições relativas anteriores, quando a voz de tos, através do aperfeiçoamento do texto das
comando era emitida incorretamente, e reiniciar o regras.
combate. Uma delas já vinha sendo utilizada experi-
É bem verdade que não seria nada fácil reco- mentalmente pela União Oceânica de Judô, no
locar os competidores exatamente em suas posi- sentido de oferecer uma melhor identificação dos

32 •
lutadores por parte dos árbitros e do público, estando frente à frente, procurariam observar
além de diminuir o tempo gasto pelos competi- qualquer diferença de opinião.
dores ao arrumar seus uniformes. Havendo a não-combatividade, é diferente.
Assim, foi acrescentado o seguinte parágrafo Caso um dos árbitros laterais considere que um
no corpo do Artigo 2 — Uniforme: aviso ou penalidade deva ser aplicada, não necessi-
"Os organizadores de competições poderão ta esperar que o outro árbitro lateral olhe em sua
autorizar os competidores a usarem apenas as fai- direção.
xas vermelhas ou brancas, de acordo com as instru- Sendo assim, no caso de que um dos árbitros
ções, a fim de obedecer a este artigo, ao invés das laterais considerar que um ou ambos os competi-
faixas regulamentares sobrepostas de faixas diacrí- dores são culpados de não-combatividade, inicial-
ticas vermelhas ou brancas, de acordo com o pri- mente, sentado em sua cadeira deverá fazer o gesto
meiro parágrafo deste artigo." 10 apropriado. Posteriormente, caso ele entenda que o
Ainda, no sentido de que os combates tives- outro árbitro lateral ou o árbitro central não tenha
sem um menor número de interrupções, e, particu- se apercebido de seu gesto, deverá colocar-se de pé,
larmente, a fim de que não houvesse a necessidade à frente de sua cadeira e continuar realizando o ges-
sistemática de um dos árbitros laterais ir até o ár- to de não-combatividade, para atrair a atenção do
bitro central, todas as vezes que os árbitros laterais árbitro central ou do outro árbitro lateral.
discordassem de uma marcação do árbitro central, Todavia, quando os dois árbitros laterais esti-
de acordo com as disposições do Artigo 24 — Opi- verem de acordo em que um ou os dois competido-
nião solicitada aos Árbitros Laterais, parte da reda- res são culpados de não-combatividade, ambos de-
ção deste artigo foi alterada. verão levantar-se, à frente de suas cadeiras, e man-
Ficou estabelecido que, quando os dois árbi- ter a realização do gesto característico. Assim que
tros laterais tivessem e indicassem a mesma opi- o árbitro central se aperceber da situação, cada ár-
nião, deveriam colocar-se de pé, à frente de suas bitro lateral deverá indicar com a mão espalmada a
cadeiras, mantendo os gestos da pontuação sobre a marca vermelha ou branca, como forma de mostrar
qual concordam, até que o árbitro central retificas- qual seria o infrator, ou com as duas mãos espalma-
se a pontuação marcada e proclamasse a decisão da das as duas cores, caso os dois competidores sejam
maioria. Logicamente, depois de um lapso de tem- igualmente culpados.
po apreciável, entre 5 a 10 segundos, caso o árbi- Tendo em vista a ocorrência de vários aciden-
tro central não se desse conta da atitude dos árbi- tes em competições, foi aprovada a introdução de
tros laterais, aquele que estivesse mais próximo de- duas ações proibidas no Artigo 30 — Atos Proibi-
veria aproximar-se, mantendo o gesto, e solicitar dos, que deveriam ser punidas com keikoku (falta
que a marcação do árbitro central fosse retificada. grave) e hansoku-make (desclassificação), respecti-
Coerentemente, no comentário do Artigo vamente.
29 — Gestos Oficiais, foi acrescentada uma nova A primeiras delas, "jogar-se diretamente ao
orientação para que o árbitro central ao anunciar a solo ao executar ou ao tentar executar técnicas do
marcação, se localizasse convenientemente durante tipo waki-gatame", pode causar sérias conseqüên-
a sustentação do gesto, a fim de que pudesse, dis- cias para o membro superior de quem recebe a cha-
cretamente, observar a reação do árbitro lateral que ve de articulação, uma vez que praticamente não
estivesse sob seu ângulo de visão. Assim, caso um existe a possibilidade de bloqueio ou de "pedir
dos árbitros laterais estivesse de pé, seria um sinal água".
indicativo de que também o outro árbitro lateral A outra, "lançar-se diretamente ao solo com
estaria contrário à marcação do árbitro central. a finalidade de apoiar a cabeça, flexionando o tron-
Por outro lado, em situações de não-combati- co para a frente e para baixo ao executar ou ao ten-
vidade, a orientação seria um tanto diferente, uma tar executar técnicas do tipo uchi-mata, hane-goshi
vez que iria ocorrer algo diverso, exatamente por ou harai-goshi", pode trazer consequencias irrepa-
nao existir uma seqüência de ações ofensivas. Ou ráveis à coluna do atacante, particularmente na re-
seja, nos casos de vantagens técnicas, aconteceria gião cervical.
uma ação afirmativa por parte dos competidores e Uma outra modificação, da maior importân-
do árbitro central. Os competidores estariam apli- cia, foi introduzida no Artigo 36 — Decisão por
cando técnicas ofensivas e defensivas, buscando a Yusei-qachi. Até então, quando expirasse o tempo
eficiência de ação. Tudo isso, logicamente, provo- regulamentar e as marcações contidas no placar fos-
caria uma atenção dirigida tanto do árbitro central sem idênticas para os dois competidores, direta-
como dos árbitros laterais. Estes, particularmente, mente era declarado vencedor aquele que tivesse

33
cometido a penalidade menor. Nestes casos a pena- realizados em julho de 1980, as Regras Internacio-
lidade teria um duplo valor, ou seja, além de outor- nais de Judô fossem bem interpretadas.
gar ao adversário uma vantagem técnica correspon-
dente, teria o poder de oferecer o yusei-gachi (vitó- 2.5.7 — As mais recentes modificações
ria por superioridade) ao oponente, o que nem
sempre era o mais justo. Após o significativo surto de modificações
Assim, foi suprimido o peso adicional da pe- que as Regras Internacionais de Competição sofre-
nalidade registrada que valeria apenas, para o adver- ram nos últimos seis anos da década de setenta, já
sário, a vantagem técnica .correspondente. Dessa era de se esperar uma maior ênfase na padroniza-
forma, quando, ao final do tempo regulamentar de ção e interpretação do texto das atuais regras, ao
luta, após as transposições, o placar indicar igualda- invés de novas e radicais modificações.
de de condições nas chamadas vantagens técnicas, o Como pudemos perceber, nesse período, siste-
árbitro central deverá comandar o hantei (julga- maticamente, nas Clínicas Internacionais de Arbi-
mento). tragem surgiam "novidades". Aquele que ficasse
Finalmente, o Artigo 40 — Lesão, Mal Súbito uma temporada esportiva sem inteirar-se do produ-
ou Acidente, teve nova redação, ficando esclarecida to dessas reuniões, poderia ser considerado "bas-
a questão do tempo de atendimento médico. Cada tante desatualizado". . .
competidor terá direito a um total máximo, por Por ocasião dos Jogos Olímpicos de Moscou,
luta, de 5 minutos. Durante um combate, esse tem- em 1980, durante as várias Clínicas de Arbitragem,
po poderá ir se acumulando, ou seja, caso um com- praticamente ficou claro que não se deveriam espe-
petidor "gaste" dois minutos, em uma oportunida- rar profundas mudanças nas regras atuais e sim um
de, ele terá ainda, caso necessário, um saldo de 3 aperfeiçoamento do texto para melhor entendi-
minutos. A critério do trio de arbitragem, o tempo mento e consequentemente melhor interpretação.
médico poderá ser usado na remoção de joelheiras, No Congresso da Federação Internacional de
para ajustar, amarrar ou desamarrar bandagens ou Judô, naquela oportunidade, em 1980, apenas uma
mesmo para a troca de um curativo. modificação sobre as Regras Internacionais de Com-
Caso o competidor necessite receber cuidados petição figurava na Ordem do Dia. Tratava-se da
médicos fora da área de competição, o combate de- eliminação do segundo item da letra " a " do Artigo
verá ser encerrado e o resultado da luta será procla- 32 — Determinação de Ipom (ponto completo):
mado pelo árbitro central, de acordo com as dispo- " I l Quando o competidor habilmente levantar
sições deste artigo. seu adversário, que estava em decúbito dorsal, até a
Foi aprovada, ainda, a remoção do comentá- altura de seus próprios ombros, aproximadamente."
rio deste artigo: Entretanto, no final do mês de abril de 1981,
na Reunião do Comitê Diretor da FIJ, realizado em
"Se um médico aconselhar um competidor a
Tóquio, Japão, foram aprovadas algumas modifica-
abandonar uma luta e o competidor não desejar se-
ções que apenas podem ser consideradas como um
guir seu conselho, o árbitro central deverá assegu-
aperfeiçoamento de determinados pontos das Re-
rar-se de que o competidor assine um termo de res-
gras Internacionais de Competição, a não ser a sig-
ponsabilidade, antes de prosseguir combatendo."
nificativa mudança ocorrida no Artigo 24 - Opi-
Todavia, continua em vigor a orientação de nião não solicitada dos Árbitros Laterais, que veio
que os árbitros não devem assumir a responsabilida- determinar uma "espécie de média de avaliação"
de da decisão de permitir que um competidor lesio- nos casos em que, entre si, as três autoridades ti-
nado continue lutando, depois de aconselhado pelo vessem opiniões diferentes, tornando as avaliações
médico de que deveria desistir do combate. mais justas.
As demais questões aprovadas durante o Con- As modificações aprovadas pelo Comitê de
gresso Internacional de Londres, Inglaterra, em de- Arbitragem da FIJ, para vigorarem a partir da tem-
zembro de 1978, apenas podem ser catalogadas co- porada de 1982, foram homologadas pelo Congres-
mo esclarecimentos complementares. As modifica- so da Federação Internacional de Judô, realizado
ções aprovadas no referido evento entraram em vi- em setembro do ano anterior, por ocasião do Cam-
gor no início da temporada de 1979. peonato Mundial de Maastricht, Holanda, e refe-
No plano internacional, foram posteriormen- rem-se aos seguintes artigos:
te programadas algumas clínicas de arbitragem no • Artigo 2 — Uniforme
sentido de que por ocasião do Campeonato Mundi- • Artigo 24 — Opinião não solicitada dos Ár-
al de Paris, França, realizado em dezembro de bitros Latearis
1979, e dos Jogos Olímpicos de Moscou, Rússia, • Artigo 26 — Declaração do Julgamento

34
• A r t i g o 30 - Atos Proibidos Artigo 24 — Opinião não solicitada dos Árbitros
• A r t i g o 31 — Penalidades Laterais
• A r t i g o 32 — Determinação de I p o m
A primeira frase deste artigo, ("Cada árbitro
Artigo 2 — Uniforme lateral manifestar-se-á, através de gestos convencio-
nais, sempre que tiver uma opinião diversa sobre
Foi suprimido o ú l t i m o parágrafo deste artigo, uma pontuação anunciada pelo árbitro central."),
que d i z i a : — grifo nosso, — poderia dar a entender que essa
"Os organizadores de competições poderão orientação era válida somente quando da marcação,
autorizar os competidores a usarem apenas as fai- pelo á r b i t r o central, das chamadas vantagens técni-
xas vermelhas ou brancas, de acordo c o m as instru- cas (koka, yuko, waza-ari e ipom). 0 fato é que es-
ções, a f i m de obedecer a este artigo, ao invés das te parágrafo merecia uma melhor redação, tendo
faixas regulamentares sobrepostas de faixas diacrí- sido aprovado o seguinte t e x t o :
ticas vermelhas ou brancas, de acordo c o m o pri- "Cada árbitro lateral indicará a sua opinião,
meiro parágrafo deste a r t i g o . " efetuando o gesto oficial apropriado, sempre que
0 t e x t o deste ú l t i m o parágrafo havia sido divergir da opinião do árbitro c e n t r a l . "
acrescentado às regras recentemente, de acordo Efetivamente, o novo t e x t o retrata m u i t o
com o estabelecido pelo Congresso da Federação melhor a realidade. Nem sempre o árbitro central
Internacional de J u d ô , realizado em dezembro de anuncia a sua opinião a respeito de um lance. Quan-
1978, em Londres, Inglaterra. 6 do o p r o d u t o de uma técnica, na sua opinião, não
merecer uma pontuação, ele simplesmente não se
Na época, a justificativa para a mudança, ou
manifesta.
seja, para que os competidores usassem apenas fai-
Também f o i eliminado o segundo parágrafo
xas diferenciais, ao invés de suas faixas de gradua-
do comentário deste artigo, ("Caso os dois árbitros
ção sobrepostas de faixas diacríticas, baseava-se na
laterais expressarem uma opinião diferente daquela
idéia de que o tempo total das competições pudes-
emitida pelo á r b i t r o central, este poderá anunciar a
se ser d i m i n u í d o .
sua decisão de acordo c o m a regra majoritária de
Não resta dúvida que ganhar-se-ia t e m p o , sem-
três, conforme as especificações do A r t i g o 2 6 . " ) ,
pre que o árbitro central tivesse que interromper
tendo sido aprovada a inclusão, no comentário des-
uma luta, comandando mate (parem), para que um
te artigo, do seguinte t e x t o :
ou ambos os lutadores arrumassem os uniformes e
tivessem que amarrar apenas as faixas diacríticas, "Sempre que o árbitro central e os dois árbi-
uma vez que não mais estivessem usando as suas tros laterais demonstrarem opiniões divergentes, o
faixas regulametares de graduação. árbitro central deverá proferir a decisão final de
acordo com o seguinte c r i t é r i o :
Um o u t r o fator que c o n t r i b u i u para a inclusão
deste parágrafo no presente artigo, f o i a acertiva de a) Quando, a respeito de uma vantagem técni-
que caso os competidores usassem somente as fai- ca ou de uma penalidade, o á r b i t r o central manifes-
xas diacríticas, (além de seus judoguis (uniformes), tar uma opinião de valor maior do que as opiniões
naturalmente), a identificação dos atletas por par- dos dois árbitros laterais, ele deverá ajustá-la de
te dos árbitros e do próprio público poderia ficar acordo com a opinião do árbitro lateral que tiver
mais fácil. demonstrado a avaliação de maior valor.
Todavia, uma competição não pode ser levada b) Quando, a respeito de uma vantagem técni-
á efeito simplesmente para terminar mais cedo ou ca ou de uma penalidade, o á r b i t r o central manifes-
para facilitar o trabalho dos árbitros. No J u d ô , a tar uma opinião de valor menor do que as opiniões
faixa regulamentar de graduação representa, através dos dois árbitros laterais, ele deverá ajustá-la de
de suas cores, níveis de conhecimento e de conquis- acordo com a opinião do árbitro lateral que tiver
tas. Não bastasse isso, é m u i t o natural o fato dos demonstrado a avaliação de menor valor.
judocas sentirem-se emocionalmente envolvidos c) Quando um árbitro lateral demonstrar
com suas próprias faixas regulamentares de gradua- uma opinião de maior valor e o o u t r o árbitro late-
ção. ral indicar uma opinião de menor valor do que a
A eliminação do ú l t i m o parágrafo deste artigo marcada pelo árbitro central, este deverá manter a
f o i uma medida acertada. A l é m disso, praticamente sua o p i n i ã o . "
a totalidade dos competidores era contrária à idéia Por coerência, t a m b é m foi aprovada a elimi-
de competir sem as suas faixas regulamentares de nação da última frase deste artigo que dizia:
graduação. "Caso um árbitro lateral não tenha a mesma

35
opinião do outro, não fará nenhum gesto e preva- " V I I Na posição em pé, agarrar o(s) pé(s), a(s)
lecerá a decisão do árbitro central." perna(s), ou ainda a(s) "perna(s) das calças" do
adveráario, com a(s) mão(s), a menos que, simul-
Artigo 26 - Declaração do Julgamento taneamente, esteja aplicando uma técnica de
projeção."
0 presente artigo tinha a seguinte redação: 0 décimo quinto e o décimo sexto item deste
"0 árbitro central acrescentará a sua própria artigo, referentes às saidas e empurrões para fora
opinião às dos árbitros laterais e declarará hiki-wake do jonai (área de combate), também mereceram
(empate) ou yusei-gachi (vitória por superioridade), uma atenção especial. De fato, agora as modifi-
de acordo com a decisão majoritária dos três. cações proporcionam interpretações mais preci-
"Caso as opiniões dos árbitros laterais forem sas, senão vejamos:
diferentes, prevalecerá a decisão do árbitro central. No décimo quinto item, ("Na posição em pé,
"Quando houver apenas um árbitro lateral, sair da área de combate ao aplicar uma técnica ini-
o árbitro central levará em consideração a opinião ciada nessa área, excepto como resultado de uma
do árbitro lateral, antes de anunciar yusei-gachi técnica ou ação do adversário."), a última frase foi
(vitória por superioridade) ou hiki-wake (empate)." eliminada, ("excepto. . .adversário").
A Comissão de Arbitragem da FIJ aprovou a Por sua vez, o décimo sexto item, ("Forçar
eliminação do segundo parágrafo e a substituição intencionalmente o adversário a sair da área de
dos termos yusei-gachi (vitória por superiodade) e combate ou sair da área de combate, por qualquer
hiki-wake (empate) existentes no primeiro e no ter- razão que não seja pela aplicação de uma técnica
ceiro parágrafos deste artigo, por "o resultado", iniciada na área de combate, exceto como resulta-
oferecendo uma redação mais coerente, uma vez do de uma técnica ou ação do adversário."), teve
que outros tipos de resultados podem ocorrer nu- sua redação simplificada para:
ma luta e não apenas o empate ou a vitória por su- " X V I Na posição em pé, intencionalmente,
perioridade. sair da área de combate ou intencionalmente for-
çar o adversário a sair da área de combate."
Artigo 29 — Gestos Oficiais As penalidades previstas para os itens acima
mencionados continuam sendo, respectivamente,
Nos gestos oficiais previstos para o árbitro chui (advertência) e keikoku (repreensão).
central, foi acrescentado o "gesto de aplicação de
penalidade" que, erroneamente, estava inserido no Artigo 31 — Penalidades
item nove do comentário do Artigo 31 — Penali-
dades, com a seguinte redação: Este artigo sempre deu margem a opinião de-
" X I I I Quando aplicar uma penalidade, o árbi- sencontradas.
tro central deverá apontar o infrator com um dedo 0 fato do terceiro e do quarto parágrafos de-
estendido." terminarem que o árbitro central deveria indicar
Dessa forma, ficam estabelecidos treze gestos com a mão o competidor que cometeu uma ação
oficiais para o árbitro central. proibida, vinha contribuindo para uma falta de pa-
dronização na aplicação das penalidades, uma vez
Artigo 30 — Atos Proibidos que o correto seria o árbitro apontar o infrator
com o dedo indicador estendido e não indicá-lo
Com o objetivo de contribuir para a melhoria com a mão estendida.
das técnicas de kumi-kata (formas de segurar), pro- Ainda com relação ao quarto parágrafo deste
curando tornar os combates mais técnicos e ofensi- artigo, foi aprovada uma interessante modificação:
vos, acrescentou-se ao terceiro item deste artigo, a aplicação do keikoku (repreensão), após a inter-
o seguinte: rupção do combate, com o comando de mate (pa-
" I M . . ., na posição em pé, segurar continua- rem), proferido pelo árbitro central, passou a ser
mente a ponta da manga do adversário, com ob- feita com os competidores de pé, uma vez que não
jetivo defensivo." há a minima razão para que os competidores fi-
Também com a intenção de procurar tornar quem sentados sobre os calcanhares, quando da
os combates mais técnicos, o sétimo item deste aplicação dessa penalidade.
artigo, ("Agarrar a perna ou o pé do adversário, a Em sendo assim, o terceiro e o quarto pará-
fim de passar ao ne-waza (luta de solo), a não ser grafos deste artigo passaram a ter a seguinte reda-
que haja excepcional habilidade."), recebeu uma ção, respectivamente:
nova redação: "Caso o árbitro central resolva aplicar chui

36 #
(advertência), deverá interromper temporariamen- res aos lugares onde iniciaram o combate, na
te o combate, reconduzir os competidores aos lu- posição em pé, em seguida deverá colocar-se en-
gares onde eles iniciaram o combate, na posição em tre eles, frente ao competidor infrator e coman-
pé, e comandar chui (advertência), apontando com dar hansoku-make, indicando-o. Deverá retornar
o dedo o competidor que cometeu a ação proi- à sua posição original e levantar a mão, indican-
bida." do o vencedor."), passou a ser o de número sete
"Caso o árbitro central resolva aplicar kei- e um novo sexto parágrafo foi acrescentado, ain-
koku (repreensão), deverá interromper tempora- da referente a ne-waza (luta de solo), com o se-
riamente o combate, geralmente reconduzir os guinte teor:
competidores aos lugares onde eles iniciaram o "Caso quem cometa a falta, merecendo ser
combate, na posição em pé, e comandar keikoku penalizado, seja o competidor que estiver numa
(repreensão), apontando com o dedo o competi- posição vantajosa, o árbitro central deverá co-
dor que cometeu a ação proibida." mandar mate, retornando os competidores aos
Com relação ao quinto parágrafo, ("Entre- lugares onde eles iniciaram o combate, na posi-
tanto, caso o árbitro central tenha comandado ção em pé, aplicar a penalidade, (se for o caso,
ossaekomi e o competidor imobilizado cometer anunciar a marcação correspondente ao ossaekomi
uma falta merecedora de keikoku, após o árbi- desenvolvido), e reiniciar a luta comandando ha-
tro central comandar sono-mama, aplicará o kei- jime."
koku na posição do ossaekomi e reiniciará o Ainda, com relação ao presente artigo, foi
combate, comandando yoshi."), foi eliminado e eliminado o item 9 do comentário, uma vez que
no seu lugar inserido o seguinte texto: esse item agora passou a integrar o Artigo 29
"Quando a luta se desenvolver em ne-waza — Gestos Oficiais.
e o competidor que está em desvantagem cometer
uma infração, merecendo ser penalizado, o árbi- Artigo 32 — Determinação de Ipom
tro central deverá comandar sono-mama, aplicar
a penalidade e reiniciar o combate anunciando 0 item segundo deste artigo, ("Quando o
yoshi." competidor habilmente levantar seu adversário,
Como se percebe, houve um aperfeiçoamen- que estava deitado de costas, até a altura de seus
to na interpretação deste artigo, facilitando uma próprios ombros aproximadamente."), já há al-
correta aplicação das regras, uma vez que em ca- gum tempo estava para ser suprimido, uma vez que
sos de shime-waza (estrangulamentos), kansetsu- prevê uma ação fora da realidade, quase impossí-
-waza (chaves de articulação) e até mesmo de vel de ser realizado e, também, porque não estaria
simples desenvolvimento de ne-waza (luta de so- classificado de acordo com o grupamento de téc-
lo), sempre que o competidor que estiver em des- nicas previstas pelo Artigo 7 — Resultado:
vantagem cometer uma infração, deverá ser pena- "0 resultado do combate deverá ser julgado
lizado no local, na posição originária da falta come- somente com base em nague-waza (técnicas de
tida. projeção) e katame-waza (técnicas de dominio)."
Essa determinação tem por objetivo não pre- Apesar de ser um assunto que não apresenta-
judicar o competidor que estivesse levando van- va maiores oportunidades para debates, a remoção
tagem. Com o retorno do combate para o tachi- desse item das Regras Internacionais de Judô, en-
-waza (luta vertical), o infrator seria beneficiado. trou na pauta de vários congressos, sendo definiti-
0 sexto parágrafo deste artigo, ("Caso o ár- vamente homologada a sua eliminação no Congres-
bitro central resolva aplicar hansoku-make, de so da Federação Internacional de Judô, realizado
coformidade com o parágrafo 7 do comentário em setembro de 1981, por ocasião do Campeona-
deste artigo, ele deverá reconduzir os competido- to Mundial de Maastricht, Holanda.

37
3. REVISÃO
DAS REGRAS
INTERNACIONAIS
3.1. — Artigo 1 - Área de Competição

"A área de competição deverá ter dimensões "A área de competição deverá ser montada
mínimas de 14 por 14 metros e máximas de sobre uma plataforma flexível."
16 por 16 metros e deverá ser recoberta por tatâ-
mis ou material equivalente. 3.1.1. - Comentário
"A área de competição deverá ser dividida
em duas zonas. A demarcação entre estas duas zo- "Caso duas ou mais áreas de competição se-
nas deverá ser chamada área de perigo e ser indi- jam montadas sobre a mesma plataforma flexí-
cada por uma área colorida, geralmente vermelha, vel, como foi mencionado anteriormente, será per-
de aproximadamente um metro de largura, sendo mitido utilizar uma área de proteção comum às
parte integrante ou afixada no tatâmi e paralela aos duas áreas."
quatro lados da área de competição.
"A área interior, incluindo-se a área colorida, 3.1.2. - Análise e Recomendações
deverá ser chamada área de combate e sempre deve-
rá ter dimensões mínimas de 9 por 9 metros e má- Ao analisarmos este primeiro artigo, inicial-
ximas de 10 por 10 metros. A área exterior à área mente, nos deparamos com uma questão de or-
colorida deverá ser chamada de proteção e nunca dem semântica no que diz respeito à terminologia
ser inferior a 2,5 metros de largura. adotada para o shiai-jo (área de competição)

(fig. 10)*
< •) Foto cedida pelo prof. Odair Borges.

41
(fig. 10) e suas subdivisões. "Caso um árbitro lateral considerar que (...).
Para melhor entendimento e padronização, Assim que o árbitro central se aperceber dos ges-
seria mais adequado determinar o shiai-jo de tos, cada árbitro lateral deverá indicar com a mão
quadra de competição, a exemplo do que ocorre espalmada a marca verme/ha ou a branca na área
na maioria dos esportes de salão, evitando-se o vo- de combate (as marcas indicam os focais onde os
cábulo "área de competição", para melhor dife- competidores devem estar para o início e o tér-
renciá-lo do termo "área de combate" (jonai), e, mino da luta), (grifo nosso), como forma de indi-
ainda, para melhor exemplificar a sua constituição. car qual será o competidor infrator, ou com as duas
Em sendo assim, o shiai-jo (quadra de compe- mãos as duas cores caso, em sua opinião, os dois
tição) é formado por duas áreas, sendo uma inter- competidores sejam igualmente culpados."
na, denominada jonai (área de combate) e por ou- Ainda, a respeito das "marcas indicativas",
tra externa, denominada jogai (área de proteção), para efeito de padronização, nos permitimos su-
demarcadas por uma larga faixa vermelha, deno- gerir as suas dimensões, para que não sejam utili-
minada zona de perigo. zadas marcas indicativas de formas geométricas
Com relação à largura da zona de perigo, ao e de tamanhos diversos, como ocorre atualmente.
invés de "aproximadamente um metro de largura", Em sendo assim, as marcas indicativas deve-
deveria este artigo determinar as larguras mínima riam ter um comprimento mínimo e máximo de
e máxima, ou seja, no mínimo 0,88m e no máximo 40 a 50cm, respectivamente, por uma largura mí-
1,00m de largura, medidas estas correspondentes à nima de 7cm e máxima de 10cm, distanciadas en-
largura padronizada de uma peça de tatâmi. tre si por 4,00m.
Este artigo não deveria permitir que a zona de Antes da oficialização das Primeiras Regras
perigo fosse "geralmente" vermelha. Essa permissão Internacionais de Competição, estabelecidas em
possibilita aos organizadores de competições uti- 1967, 12 a edição em inglês das Regras de Compe-
lizarem qualquer cor para a demarcação do jonai tição de Judô-Kodokan 2 recomendava que o ta-
(área de combate), o que possibilita estabelecer manho e a altura do shiai-jo (quadra de compe-
confusão por parte de muitos competidores que es- tição) dependiam "do tamanho ou do escopo da
tivessem acostumados com a cor vermelha, indi- competição, bem como do número de espectado-
cando a zona de perigo. res, da disposição dos assentos, etc."
Visando a u'a melhor padronização, o mais O espaço reservado para a luta não era de-
indicado seria que tanto o jonai (área de combate) marcado. Simplesmente, em regra, era forma-
como o jogai (área de proteção), fossem sempre do por 50 peças de tatâmis, cercadas de acolchoa-
de cor verde. dos ou tatâmis, numa largura de 1,82m (compri-
Outra liberdade que a regra permite, é a uti- mento de uma peça de tatâmi) e elevado cerca de
lização de material similar ou equivalente ao ta- 0,15m da plataforma de competição.
tâmi. Por outro lado, a edição em francês das Re-
Em nosso entender, essa permissão poderia gras de Competição de Judô Kodokan 2 1 , deter-
prejudicar o desenvolvimento da luta, particular- minava que, "de forma geral, a plataforma de com-
mente do shintai (técnicas de movimentação), uma bate deveria estar elevada 0,50m do solo."
vez que, desde a iniciação o competidor estaria Todavia, em ambas edições podia-se ler que:
acostumado ao uso de tatâmis. "Se por falta de espaço adequado ou por qual-
Essa liberdade, antigamente também permiti- quer outra circunstância, não se puder conseguir
da, deve-se ao fato de que, em alguns países, era área suficiente, as condições estabelecidas no pri-
muito difícil encontrar-se no mercado peças de meiro parágrafo das Regras de Competição de
tâtami. Judô Kodokan não precisam ser obedecidas rigi-
Deve-se frisar, ainda, que este artigo é omis- damente."
so sobre o uso das marcas indicativas, onde os Por essa razão, somente em grandes eventos
competidores devem estar antes do início da luta, é que se utilizavam, ao redor do jonai (área de
em outras situações durante o desenvolvimento combate), acolchoados ou tatâmis, na largura su-
do combate e após o término do tempo regula- gerida pelas regras.
mentar de luta. O desnível de 0,15m, entre o jonai (área de
Não fosse assim, como obedecer, por exem- combate) e o jogai ("além dos limites", como era
plo, ao disposto no terceiro parágrafo do comentá- chamada a então "área de proteção"), consti-
rio do Artigo 29 - Gestos Oficiais, que diz textual- tuía-se em um visível instrumento capaz de pro-
mente: vocar acidentes.

42

(fig. 11)*
Todavia, como, naquele tempo, as técnicas de competição), com a antecedência de 24 horas
de nague-waza (golpes de projeção), não eram do início da competição, a fim de que, caso neces-
computadas, quando completadas fora dos limites sário, todas as providências sejam tomadas para
do jonai (área de combate), e como, quase sempre, garantir aos competidores um local adequado e
quando os competidores se aproximavam dos li- seguro para o desenvolvimento das lutas.
mites do jonai (área de combate), o árbitro princi- Finalmente, devemos dizer que o comentá-
pal (denominação da época), através do comando rio, ("Caso duas ou mais áreas de competição
de sono-mama (não se movam), os conduzia para sejam montadas sobre a mesma plataforma fle-
o centro do jonai (área de combate), os acidentes xível, como foi mencionado anteriormente, será
eram muito raros. permitido utilizar uma área de proteção comum
Inclusive, esse desnível quase não era obede- às duas áreas."), deveria fazer parte do artigo, ora
cido, de acordo com a própria benevolência do analisado.
Artigo 1 Shai-jo (quadra de competição). 3.2. - Artigo 2 - Uniforme
Como já vimos, na segunda parte deste tra- "Os competidores deverão usar judogui
balho, a partir de 1967, o shiai-jo (quadra de com- (uniforme de Judô) e, geralmente, de acordo com
petição) foi melhor regulamentado, eliminando-se as instruções, também deverão usar uma fita ou
o desnível de superfície então existente, (fig. 11) faixa vermelha ou branca, sobreposta à faixa regu-
Para a montagem de um shiai-jo (quadra de lamentar.
competição), são necessárias 128 peças de tatâmis, "O judogui (uniforme de Judô), que será usa-
das quais 18 são utilizadas para a formação da zo- do pelos competidores, deverá satisfazer as seguin-
na de perigo, demarcando o jonai (área de com- tes condições:
bate). a) O casaco deverá ter comprimento suficiente
A fim de prevenir acidentes e para obter me- para cobrir os quadris e deverá ser amarrado à cin-
lhor uniformidade na superfície, as peças de tatâmi tura pela faixa.
devem ser todas do mesmo tamanho e espessura, b) As mangas deverão ser folgadas e suficien-
devendo estar intimamente unidas. temente compridas para cobrir mais da metade dos
Os sarrafos de contenção devem estar muito antebraços e deverão ter aberturas de 3 a 5 centí-
bem lixados e o máximo cuidado deve ser tomado metros entre os punhos e as partes mais largas dos
na afixação dos mesmos, com parafusos, a cada antebraços.
0,50m, evitando-se deixar saliências. c) As calças deverão ser folgadas e suficiente-
Os árbitros devem vistoriar o shiai-jo (quadra mente compridas para cobrir mais da metade das
panturrilhas e deverão ter aberturas de 5 a 8 cen-
( • ) J U D Ô : Esporte Tradicional do Japão. Japão | s . l . | . / 2 ( 4 ) : 1 4 , tímetros entre as partes inferiores das calças (bo-
1975. cas das calças) e as partes mais largas das panturrilhas.

43
d) A faixa deverá ser amarrada com um nó Através dos tempos, o keikogui (uniforme de
completo e suficientemente apertado para impe- treinamento) sofreu várias modificações. As suas
dir que o casaco venha a soltar-se, devendo ter um medidas só foram padronizadas oficialmente, no
comprimento tal que, dando duas voltas em torno final da primeira década de 1900. 20
da cintura, deixe duas pontas livres de 20 a 30 cen-
tímetros, a partir do nó.

3.2.1. - Comentário

"Se o judogui do competidor não estiver de


acordo com este artigo, o árbitro central deverá
mandar o competidor trocá-lo por outro, que aten-
da às especificações deste artigo, no menor tempo
possível.
"Se o árbitro central achar que as mangas do
casaco do competidor estão muito curtas ou muito
justas deverá mandar o competidor elevar os mem-
bros superiores horizontalmente à frente, na altura
dos ombros, para verificar nesta posição se as mes-
mas atendem ao item " b " deste artigo.
"Embora não esteja mencionado neste artigo,
o árbitro central deverá assegurar-se de que o ju-
dogui não seja colorido, o que vale dizer que deve- Na época do jujutsu utilizava-se o hakama, espécie de
rá ser branco ou quase branco. saia-calça, e o paletó era de mangas curtas, (fig. 12)20
"As competidoras deverão usar uma camiseta
folgada branca ou quase branca, de mangas curtas, As primeiras Regras de Judô Kodokan, apro-
por baixo do casaco e inserida nas calças." vadas em 1951, quando da fundação da Federação
Internacional de Judô, 1 determinavam que o judo-
3.3.2. - Análise e Recomendações gui (uniforme de Judô) satisfizesse as seguintes
condições:
O judogui (uniforme de Judô), anteriormente, "a) O paletó será suficientemente comprido
também denominado keikogui (uniforme de trei- para cobrir os quadris, quando amarrado com
namento), é produto de longa experiência, tendo a faixa à cintura.
em vista os fatores de higiene, proteção, aparência "b) As mangas serão folgadas (deve haver uma
e durabilidade. abertura de no mínimo 3cm entre os punhos das

A fim de permitir maior liberdade de movimentos, as calças começaram a en-


curtar-se, como aparecem nesta foto histórica de 1897, tirada na academia de Shimo-
tomizaka. (fig. 13)20


Em 1906, grupo de judocas de Budapest, Hungria, (fig. 14)'

mangas e os antebraços) e devem cobrir mais da


metade dos antebraços.
"c) As calças serão folgadas (deve haver uma
abertura de no mínimo 3cm entre as bainhas das
calças e as pernas) e deverão cobrir mais da meta-
de das pernas.

Jigoro Kano aplicando uki-goshi (projeção flutuante dos


quadris), nesta foto histórica, em 1908. Deve-se notar o
comprimento de seu casaco, (fig. 16)20
Em 1967, no memorável Congresso da Fe-
deração Internacional de Judô, realizado em SaIt
Lake City 1 2 , ficou estabelecido que as aberturas
das mangas do paletó deveriam ter no mínimo
3 e no máximo 5 centímetros entre os punhos
Yamashita e Nagaoka, dois discípulos de Jigoro Kano, em das mangas e as partes mais largas dos antebra-
1906. Seus uniformes apresentam mangas mais curtas e
ços. As aberturas das "bocas das calças", tam-
calças, com listas laterais, mais longas, (fig. 15)20
bém, passaram a ter dimensões mínimas e máxi-
"d) A faixa deverá ser atada com um nó mas, ou sejam, no mínimo 5 e no máximo 8 cen-
completo, suficientemente apertado para impe- tímetros entre as bainhas das calças e as panturri-
dir que o casaco venha a soltar-se e deverá ter um Ihas.
comprimento tal que, dando duas voltas em torno Com relação à faixa regulamentar, foi so-
da cintura, deixe duas pontas livres de no mínimo mente em 1975, no Congresso da Federação In-
15cm,a partir do nó." ternacional de Judô, realizado na cidade de Viena,

45
Áustria, que se aprovou que a faixa regulamentar Acreditamos que o terceiro parágrafo do co-
de graduçao deveria ter, a partir do nó, duas pon- mentário, ("Embora não esteja mencionado neste
tas livres de no mínimo 20 e no máximo 30 cen- artigo, o árbitro central deverá assegurar-se de que
tímetros cada uma. o judogui não seja colorido, o que vale dizer que
Lamentavelmente, ainda hoje em dia, o pro- deverá ser branco ou quase branco."), deveria ser
blema das aberturas das mangas do casaco e das cal- mais taxativo no que diz respeito à cor do judogui
ças tem sido mal interpretado. (uniforme de Judô), não permitindo uniformes
As mangas devem ser folgadas e seus punhos "incolores" ou "quase brancos" e, indo mais
devem ter aberturas de 3 a 5 centímetros em todo além, acreditamos que esse assunto deveria fazer
o diâmetro das partes mais largas dos antebraços. parte do artigo e não de seu comentário.
A mesma interpretação deve ser empregada O mesmo pensamento temos com relação
com relação às "bocas das calças" dos competi- ao comentário sobre a complementação do uni-
dores. forme para os praticantes do sexo feminino:
Deve-se registrar que este artigo é omisso, "As competidoras deverão usar uma camiseta
quanto às medidas máximas para o comprimento folgada branca ou quase branca, de mangas curtas,
do paletó, de suas mangas e das calças. Todavia, por baixo do casaco e inserida nas calças."
deve-se observar o seguinte: A este respeito foi apenas em 1976, no Con-
a) O paletó deve ter um comprimento que gresso da Federação Internacional de Judô, reali-
cubra, no máximo, a metade das coxas. zado em Montreal, Canadá13, que, pela primeira
b) As mangas devem, no máximo, chegar até vez, algo sobre o Judô feminino passou a fazer
os punhos. parte das regras, apesar de que na prática isso já
c) As calças devem, no máximo, chegar até era uma constante.
os tornozelos.
Com relação ao primeiro parágrafo do co-
mentário, ("Se o judogui do competidor não
estiver de acordo com este artigo, o árbitro cen-
tral deverá mandar o competidor trocá-lo por
outro, que atenda às especificações deste artigo,
no menor tempo possivel."), deve-se complemen-
tar dizendo que, caso a luta já tenha se inicia-
do e o competidor tiver as suas calças rasgadas,
o árbitro central deverá solicitar que um dos árbi-
tros laterais acompanhe o competidor até o reser-
vado ou vestiário. De forma alguma a troca deve-
rá ser feita em público.
Por outro lado, se houver necessidade da tro-
ca do casaco, não há necessidade do árbitro lateral
acompanhar o competidor até o reservado ou ves-
tiário. A troca de casacos poderá ser feita no pró-
prio shiai-jo (quadra de competição), no jogai (fig. 17)20
(área de proteção).
Antigamente, as calças do judogui (uniforme
Apesar de que desde 1974, por ocasião da de Judô), para os praticantes do sexo feminino,
Clínica Internacional de Arbitragem realizada na eram do "tipo bombacha" e as faixas regulamenta-
Escola Educação Física do Exército, a orientação res, de ponta a ponta, de ambos os lados, possuíam
formulada no segundo parágrafo deste artigo já uma tira branca de 0,5 centímetro de largura.
estava sendo adotada, a mesma somente foi in- (fig. 17).
cluída no texto das regras, a partir da edição de O judogui (uniforme de Judô) deve ser con-
1977: feccionado em tecido de algodão.
"Se o árbitro central achar que as mangas do De acordo com o Código Desportivo 15 , a co-
casaco do competidor estão muito curtas ou muito missão organizadora de uma competição deve pro-
justas deverá mandar o competidor elevar os mem- videnciar números de identificação, impressos em
bros superiores horiziontalmente à frente, na altu- tecido branco na cor preta, no tamanho de 30 por
ra dos ombros, para verificar nesta posição se as 30 centímetros, para serem costurados nas costas
mesmas atendem ao item "b" deste artigo." 13 do casaco dos competidores, de acordo com a nu-

46 •
meração de inscrição determinada a cada competi- 3.3.2. — Análise e Recomendações
dor, com a finalidade de melhor identificá-lo.
Todavia, a exemplo do que acontece nos Jo- Este artigo e o anterior. Artigo 2 - Uniforme,
gos Escolares Brasileiros, ao invés de números, de- deveriam fundir-se em um só, uma vez que um
ver-se-ia usar letras, compondo a sigla do país de complementa o outro.
cada competidor. Desta forma, acreditamos que a Anteriormente ao Congresso da Federação
identificação seria mais fácil. Aliás, essa sugestão Internacional de Judô, realizado na cidade de
foi aceita pela Comissão Organizadora do 5º Cam- Viena, Áustria, em 1975, só eram proibidos os
peonato Mundial Universitária de Judô, patrocina- objetos metálicos que pudessem machucar ou
do pela CBDU — Confederação Brasileira de Des- colocar em perigo o adversário.
portos Universitários, realizado no Rio de Janeiro Assim, caso uma aliança ou um anel não
em 1978. pudessem ser removidos, era permitido reves-
ti-los com esparadrapo ou material similar.
As especificações da faixa regulamentar não Todavia, o primeiro parágrafo deste artigo,
fazem parte das regras. Deveriam fazer. A faixa teve a sua redação alterada, através da elimina-
regulamentar de graduação deve ter uma largura ção das palavras "porque podem machucar ou
entre 4 e 4,5 centímetros e uma espessura entre colocar em perigo o adversário", depois do vo-
0,3 e 0,4 centímetro. cábulo "metálico".
A mesma omissão ocorre com relação à fita Dessa forma, o primeiro parágrafo deste
ou faixa diacrítica. Deve-se dizer que ela tem uma artigo, até os nossos dias, passou a vigorar com
largura entre 5,5 e 6,5 centímetros e uma espes- a seguinte redação:
sura que varia entre 0,1 e 0,2 centímetro, devendo "Os competidores deverão apresentar as
ser sobreposta à faixa regulamentar, para melhor unhas curtas e não poderão usar qualquer objeto
identificação, e amarrada com um nó simples, dei- metálico."
xando duas pontas livres, a exemplo do que ocor- O segundo parágrafo deste artigo foi inseri-
re com a faixa regulamentar de graduação. do nas regras, depois da sua aprovação no Con-
gresso da Federação Internacional de Judô, reali-
3.3. - Artigo 3 - Requisitos Pessoais zado em Montreal, Canadá, em 1976, por ocasião
dos Jogos Olímpicos que foram realizados naque-
"Os competidores deverão apresentar as unhas la cidade.
curtas e não poderão usar qualquer objeto metá-
O texto deste artigo, ("A qualquer competi-
lico.
dor, cujos cabelos, na opinião dos árbitros, este-
"A qualquer competidor, cujos cabelos, na jam muito compridos, a ponto de incomodar o
opinião dos árbitros, estejam muito compridos, a adversário, pedir-se-á que os amarre para trás."),
ponto de incomodar o adversário, ser-lhe-á pedido veio determinar uma conduta mais adequada, uma
que os amarre para trás." vez que, anteriormente, por ocasião da memorável
Clínica Internacional de Arbitragem, realizada em
3.3.1. - Comentário 1967, em Salt Lake City, Estados Unidos da Amé-
rica do Norte, foi estabelecido que, nestes casos,
"Por objeto metálico entende-se todos os ma- seria permitido o competidor usar uma rede de
teriais duros que possam causar ferimentos. cabelos ou uma touca. . .
"Não é suficiente cobrir um objeto duro ou Na Clínica Internacional de Arbitragem, rea-
metálico, como um anel, por exemplo, com espara- lizada por ocasião dos Jogos Olímpicos de Moscou,
drapo ou outro revestimento. Rússia, em 1980, foi estabelecido que os competi-
"O árbitro central também deverá assegurar-se dores, antes de adentrarem o shiai-jo (quadra de
de que a higiene corporal dos competidores seja competição) deverão ser examinados por um árbi-
plenamente satisfatória. Por exemplo, caso o com- tro auxiliar, a fim de que as disposições dos Arti-
petidor se apresente para competir com os pés su- gos 2 e 3 (Uniforme e Requisitos Pessoais) sejam
jos, deve ordenar que os lave e caso se apresente respeitadas integralmente.
com o judogui sujo deverá trocá-lo. Dita orientação deverá transformar-se em re-
"Se o competidor não puder ou não quiser gra por se tratar de um aperfeiçoamento das mes-
obedecer ao disposto neste artigo, o árbitro central mas. Desse modo evitar-se-á que o competidor
proclamará seu adversário vencedor por kiken-ga- se apresente para a luta sem estar em condições
chi." e não mais haverá a necessidade de um dos árbi-

47
tros laterais, antes do início do combate, acom- a execute tenha a metade ou mais da metade de seu
panhar o competidor e permanecer com ele até corpo na área de combate. Por essa razão, nenhum
que, o mais rápido possível, esteja de acordo com dos pés do atacante deverá sair da área de combate,
o determinado nos Artigos 2 e 3 (Uniforme e Re- antes que seu dorso ou seus quadris toquem o solo.
quisitos Pessoais). "Em ne-waza a ação é válida e poderá ter con-
A esse respeito, vale a pena lembrar o que tinuidade, enquanto os dois competidores man-
determina o Artigo 77 do Código Desportivo da tenham pelo menos a metade de seus corpos no in-
Federação Internacional de Judô: terior da área de combate.
"77. Todos os Oficiais e competidores devem "Se o atacante cair fora da área de combate,
saber que após três chamadas para um competidor, enquanto realiza uma projeção, a ação poderá ser
intervaladas por um minuto, se o competidor não avaliada somente quando o corpo do adversário
estiver em seu lugar, na área de combate, depois de tocar o solo, antes do corpo do atacante. Sendo
um minuto, após a terceira chamada, perderá o assim, caso o joelho, mão ou outra parte do cor-
combate." 15 po do atacante apoiar o solo antes que o corpo
Ainda, a respeito da chamada dos cometido- de seu adversário, nenhum resultado deverá ser
res, para que os mesmos adentrem o shiai-jo (qua- considerado.
dra de competição), deve-se recordar que o primei- "Se, entretanto, durante a realização de um
ro a ser chamado deverá portar a faixa diacrítica ataque, como o-uchi-gari ou ko-uchi-gari, o pé ou
vermelha, e o outro a faixa diacrítica branca. a perna do atacante sair da área de combate e se
deslocar sobre o solo, na área de proteção, a ação
3.4. - Artigo 4 — Localização deverá ser considerada válida para efeito de pon-
tuação, desde que o atacante não se apoie sobre o
"A luta deverá ser disputada na área de com- pé ou a perna que estiver fora da área de combate.
bate. Qualquer técnica aplicada, quando um ou am- "Uma vez iniciado o combate, os competido-
bos competidores estiverem fora da mesma, não res não poderão sair da quadra de competição sem
deverá ser reconhecida. Isto é, se um competidor o consentimento do árbitro central. A permissão
tiver um de seus pés fora da área de combate, en- somente será dada em circunstâncias muito espe-
quanto estiver em pé, ou mais da metade de seu ciais, tais como a necessidade da troca do judogui
corpo fora da área de combate, durante um sutemi- que não estiver de acordo com o disposto no Ar-
-waza (técnica de sacrifício), ou ne-waza (luta de tigo 2 ou caso tenha sido sujado ou rasgado."
solo), será considerado como se estivesse fora da
área de combate. 3.4.2. - Análise e Recomendações
"Todavia, se um competidor projetar o ad-
versário para fora da área de combate, mas perma- Neste artigo ocorreram duas modificações
necer dentro dela o suficiente para que a eficiência de grande importância, especialmente no que diz
da técnica transpareça claramente, a projeção de- respeito à conduta de localização dos competido-
verá ser reconhecida. res durante o combate.
"Quando um ossaekomi for anunciado, ele A primeira ocorreu em 1967 e diz respeito ao
terá continuidade, até que o tempo regulamentar caso do competidor que ao ser projetado cai total-
do ossaekomi seja completado ou até que seja co- mente nojonai (área de proteção).
mandado o toketa, enquanto pelo menos um dos O produto dessa projeção passou a ser avalia-
competidores tenha alguma parte de seu corpo em do. Se essa orientação fosse adotada antigamente,
contato com a área de combate (incluída a área de muitos resultados finais teriam que ser reformula-
perigo). dos.
A segunda modificação diz respeito mais ao
3.4.1. - Comentário ossaekomi (imobilização), tendo entrado em vigor,
pela primeira vez em campeonatos mundiais, aqui
"Como a colorida área de perigo, que delimi- no Brasil em 1974, por ocasião do 1º Campeona-
ta a área de combate da área de proteção, está nos to Mundial de Júniores.
limites da área de combate, todo competidor, cujos Anteriormente à modificação, depois de
pés ainda toquem a área colorida de perigo, quando anunciado o ossaekomi Imobilização), caso os dois
estiver em pé, será considerado como estando ain- competidores estivessem em vias de sair do jonai
da no interior da área de combate. (área de combate) o árbitro central comandava
"Quando um sutemi-waza for realizado, a sono-mama (não se movam) e, com a ajuda dos
projeção será considerada válida, caso aquele que árbitros laterais, realizava o célebre arrastão, pu-

48
xando os competidores em direção ao centro do Atualmente, é da maior importância os téc-
jonai (área de combate), tendo o cuidado para nicos orientarem seus competidores quanto ao
que, durante o trajeto, não houvesse modificação melhor uso das áreas onde se localizam ou devem
nas posições relativas dos dois competidores, pa- se desenvolver os combates. Muitas vezes, por des-
ra, em seguida, comandar yoshi (adiante). conhecimento dessa parte, temos assistido a alguns
A partir da modificação, quando um ossaeko- competidores perderem lutas que já estavam prati-
mi (imobilização) fosse anunciado pelo árbitro camente ganhas.
central, ele teria continuidade até que o tempo Apesar da zona de perigo fazer parte do jonai
determinado pelas regras fosse completado, o ad- (área de combate), os competidores, sempre que
versário desistisse da luta, ou até que fosse coman- possível, deveriam evitar essa zona, quando do de-
dado toketa (desfeita), pelo árbitro central, en- senvolvimento do tachi-waza (luta em pé). As ve-
quanto pelo menos um dos competidores tivesse zes, por um descuido, podem pisar no jogai (área
alguma parte de seu corpo em contato com o jonai de proteção) e assim ficam sujeitos a algumas pu-
(área de combate). nições previstas no Artigo 31 — Penalidades.
Anteriormente, o "arrastão" também era utili- Todavia, é bom lembrar que durante o tachi-
zado em situações de tachi-waza (luta em pé), natu- -waza (luta vertical), caso um dos competidores pi-
ralmente sem a colaboração dos árbitros laterais, se fora da zona de perigo, no jogai (área de proteção),
quando os competidores permanecessem estáticos mas tenha ponta de um dos dedos do pé em con-
nos limites do jonai (área de combate). tato com a zona de perigo, não deve ser conside-
rado como se tivesse pisado no jogai (área de pro-
Essa orientação era seguida para evitar aciden-
teção).
tes, porque as Regras de Competição de Judô Ko-
dokan, adotadas em 1951 pela Federação Interna- Quando a luta se desenvolve em ne-waza
cional de Judô, previam que o jonai (área de com- (luta de solo), deve-se dizer que mesmo se os dois
bate) deveria estar "elevado cerca de 15 centíme- competidores sairem totalmente do jonai (área de
tros da plataforma de competição." combate), a luta ainda terá continuidade, se pelo
menos a ponta do dedo de um deles tocar a zona
Apesar dessa exigência ter sido cancelada no
de perigo, nos casos de imobilizações anunciadas
Congresso de Salt Lake City, em 1967, a conduta
pelo árbitro central.
do "arrastão" continuou a ser mantida, talvez por
Durante um ossaekomi (imobilização), caso
tradição.
os dois competidores saiam totalmente para o
No que diz respeito ao comentário deste ar- jogai (área de proteção), o árbitro central deverá
tigo, com exceção do último parágrafo, todo ele foi comandar diretamente mate (parem) e, se for o
estabelecido em 1967, quando da aprovação das caso, anunciar a pontuação conquistada.
Primeiras Regras Internacionais.
No desenrolar do ne-waza (luta de solo),
0 último parágrafo do comentário, ("Uma vez bem nos limites do jogai (área de combate), na
iniciado o combate, os competidores não poderão zona de perigo, é permitido tocar ou apoiar a
sair da quadra de competição, sem o consentimen- mão, o joelho ou o pé no jogai (área de prote-
to do árbitro central. A permissão somente será ção), desde que a metade do corpo, dos dois
dada em circunstâncias muito especiais, tais como a competidores, permaneça sobre ou sob o jonai
necessidade da troca do judogui que não estiver de (área de combate).
acordo com o disposto no Artigo 2 ou caso tenha Também é válido, estando o uke (atacado)
sido sujado ou rasgado."), foi aprovado no Con- em decúbito ventral, ou em posição semelhan-
gresso da Federação Internacional de Judô, reali- te, na zona de perigo, ao tori (atacante) tentar
zado em 1975, na cidade de Viena, Áustria. ou aplicar shime-waza (técnicas de estrangula-
Deve-se acrescentar que, caso um competi- mentos) ou, ainda, procurar uma melhor posi-
dor tenha necessidade de sair do shiai-jo (quadra ção, apoiando a região torácida no tronco do
de competição), mesmo para receber cuidados mé- uke (atacado), movimentar-se no jogai (área de
dicos, o seu adversário será proclamado vencedor proteção), desde que, pelo menos, a metade de
por kiken-gachi (vitória por desistência do adver- seu corpo esteja sob ou sobre o jogai (área de
sário). combate).
Para melhor caracterização, este artigo deve- 3.5. — Artigo 5 — Posição no Início do Combate
ria ser denominado Localização do Combate, ao
invés de simplesmente Localização, e o comen- "Os competidores deverão colocar-se de pé,
tário deveria fazer parte do mesmo. um de frente para o outro, no centro da área de

49
combate, separados por uma distância aproxima- 3.6.1. — Análise e Recomendações
da de quatro metros e deverão saudar-se com uma
reverência em pé. Este artigo e o anterior guardam uma ínti-
"0 combate deverá ter início imediatamente ma relação e, talvez, devessem ser unidos.
após o comando de hajime (começar) dado pelo Antes da aprovação das Primeiras Regras In-
árbitro central e sempre começará com ambos ternacionais de Competição, em 1967, as Regras
competidores em pé." de Competição de Judô Kodokan 2 , facultavam
que as saudações, iniciais e finais, pudessem ser
3.5.1. - Análise e Recomendações
realizadas desde a posição em pé (tachi-rei), ou
partindo da posição de joelhos, sentado sobre os
Neste artigo deveria haver referência às cha- calcanhares (zarei). Todavia, desde o estabeleci-
madas marcas indicativas que são descritas no co- mento das Primeiras Regras Internacionais, em
mentário do Artigo 25 — Gestos Oficiais, a fim de 1967, somente o tachi-rei (saudação em pé) deve
indicar as posições dos competidores no início da ser utilizado.
luta.
O comando de hajime (começar) deve ser
É de suma importância que a etiqueta de sau-
emitido pelo árbitro central, após os competi-
dação seja muito bem realizada. Por isso, recomen-
dores terem feito a saudação inicial. Os compe-
da-se que os técnicos orientem corretamente os
tidores não podem iniciar a luta antes desse co-
competidores.
mando.
Os atletas devem saudar-se mutuamente atrás
das marcas indicativas e dar um passo à frente, co- A maioria dos árbitros, antes de 1967, cos-
locando-se em shizen-hontai (postura natural fun- tumava, tradicionalmente, elevar um dos mem-
damental) e aguardar o comando de hajime (come- bros superiores horizontalmente à frente, ao
çar), emitido pelo árbitro central. comandar hajime (começar). Desde então, esse
Os atletas não devem esperar que o árbitro procedimento foi abolido, por ser considerado
central comande hajime (começar), para iniciarem inútil, desnecessário.
a saudação. Logo após o comando de hajime (começar),
De acordo com a chamada, inicialmente aden- caso um ou ambos os competidores demorem pa-
tra o jonai (área de combate) o competidor de fai- ra realizar o kumi-kata (técnicas de pegadas), o
xa diacrítica vermelha, colocando-se atrás de sua árbitro central deverá aplicar a não-combatividade.
marca indicativa. Posteriormente, o competidor de Após o comando de soremade (cessar), os
faixa diacrítica branca, ao ser chamado, se dirige competidores deverão parar de lutar, devendo re-
para sua posição, atrás da marca indicativa branca. tornar aos lugares onde se encontravam no início
Nesse instante, ao se defrontarem, frente à frente, do combate, ou seja à frente de suas marcas indi-
os competidores realizam simultaneamente o tachi- cativas, aguardando que o árbitro central promul-
-rei (saudação em pé) e dão um passo à frente, co- gue o resultado da luta.
locando-se em shizen-hontai (postura natural fun- Somente após o árbitro indicar o resultado é
damental). que os competidores devem dar um passo atrás e
Antes de comandar hajime (começar), o árbi- saudar-se simultaneamente.
tro central dever verificar se os árbitros laterais se É considerado procedimento incorreto, o árbi-
encontram a postos. tro ordenar que os competidores se cumprimentem,
através do tachi-rei (saudação em pé), para então
3.6. — Artigo 6 — Início e Fim do Combate indicar o resultado do combate.
Somente após a saída dos competidores da
"O árbitro central deverá comandar hajime quadra de competição, e após o cerimonial de
(começar) para dar início ao combate, após a sau- saudação, é que o trio de arbitragem, discretamen-
dação dos competidores. te, em conjunto, deve sair do shiai-jo (quadra de
"O árbitro central deverá comandar sore- competição).
-made (cessar) para encerrar o combate.
"Quando a luta terminar os competidores
3.7. - Artigo 7 - Resultado
deverão retornar aos lugares onde se encontra-
vam no início do combate, um de frente para o
outro, e novamente deverão saudar-se em pé, "O resultado do combate deverá ser julgado
após o árbitro ter indicado o resultado do com- somente com base no nague waza (técnicas de pro-
bate." jeções) e no katame-waza (técnicas de dominio)."

50
3.7.1. — Análise e Recomendações sos, abaixo. (Se o emprego da técnica não tiver
continuidade o árbitro central poderá, a seu crité-
"O resultado do combate deverá ser julgado rio, determinar que os competidores retornem à
com base no nague-waza (técnicas de projeção) posição em pé).
e no katame-waza (técnicas de dominio)", foi um "a) Quando um competidor obtiver algum re-
texto que parecia imutável. Existia desde quando sultado através de uma técnica de projeção e pas-
foram idealizadas as Regras de Judô Kodokan. sar, sem interrupção ao ne-waza (luta de solo), to-
Entretanto, no Congresso da Federação In- mando a ofensiva.
ternacional realizado em 1974, no Rio de Janeiro, "b) Quando um dos competidores cair ao so-
foi tratado de acrescentar-se ao texto a palavra lo, após ter falhado na aplicação de uma técnica de
somente, após o vocábulo julgado, uma vez que, projeção, o outro poderá atacá-lo no solo, ou quan-
além do grupamento de técnicas previsto nas re- do um dos competidores perder o equilíbrio, em
gras, também fazem parte do Judô as técnicas de posição de cair ao solo, após a aplicação ineficaz
percussão (ate-waza). de uma técnica de projeção, o outro poderá apro-
Acreditamos que com o advento das denomi- veitar o seu desequilíbrio e levá-lo ao solo.
nadas novas regras de Judô, em 1974, o presente "c) Quando um competidor obtiver algum
artigo deveria ter o seu título mudado, por exem- efeito considerável, aplicando shime-waza (técni-
plo, para Golpes Permitidos, ou ser totalmente cas de estrangulamentos) ou kansetsu-waza (cha-
reformulado. ves de articulação), na posição em pé e passar, sem
Sim, porque com o advento efetivo das pe- interrupção, ao ne-waza (luta de solo).
nalidades e suas conseqüentes transposições, no "d) Quando um competidor levar seu adversá-
final da luta, em vantagens técnicas, o resultado rio ao ne-waza (luta de solo), pela aplicação habili-
de um combate, logicamente, não estaria restrito dosa de um movimento semelhante a uma técnica
ao produto da aplicação do nague-waza (técnicas de projeção, mas que necessariamente não seja qua-
de projeção) e do katame-waza (técnicas de do- lificada como tal.
mínio). "e) Em qualquer outro caso no qual o compe-
De qualquer forma, a palavra "somente" tidor possa cair ou esteja prestes a cair, que não es-
teve a sua introdução garantida nas regras. To- teja previsto neste artigo, o adversário poderá apro-
davia, pela primeira vez, apareceu na edição de veitar a posição de seu adversário para levá-lo ao
1979 das Regras de Competição da Federação In- ne-waza (luta de solo)."
ternacional de Judô 1 0 , juntamente com as demais
modificações ou recomendações aprovadas no Con- 3.9.1. - Comentário
gresso de 1978, realizado em Londres, Inglaterra.
"Se um dos competidores tentar aplicar juji-
3.8. - Artigo 8 — Fim do Combate por Ipom gatame ou qualquer técnica semelhante, na posi-
ção em pé, e o resultado não for imediatamente
"0 combate deverá terminar imediatamen- apreciável, o árbitro central deverá comandar mate.
te após um dos competidores ter conquistado um "Para maiores explicações, consultar o item
ipom (ponto completo)." número 6 do comentário do Artigo 3 1 . "

3.8.1. — Recomendações
3.9.2. — Análise e Recomendações
0 espírito deste artigo é ressaltar a importân-
cia do ipom-shobu (luta pelo ponto completo). Não vemos razão para que o primeiro parágra-
Todavia, independentemente do tempo regu- fo do comentário não faça parte deste artigo, senão
lamentar de luta, um combate será encerrado quan- vejamos:
do houver um resultado equivalente ao ipom (pon- "Se um dos competidores tentar aplicar um
to completo), como por exemplo, quando houver juji-gatame ou qualquer técnica semelhante na posi-
waza-ari-awassete-ipom (dois waza-aris totalizam ção em pé e o resultado não for imediatamente
um ipom). apreciável, o árbitro central deverá comandar
mate."
3.9. — Artigo 9 — Passagem ao Ne-waza (luta de solo) Precisar quando termina o tachi-waza (luta em
pé) e quando tem início o ne-waza (luta de solo)
"Os competidores poderão passar da posição pode ser considerado como sendo um problema
em pé ao ne-waza (luta de solo), nos seguintes ca- complexo, de difícil definição.

51
Unindo esse fato à liberdade oferecida pelo combate, foi estabelecido em 1975, por ocasião
item d ("Quando um competidor levar seu adversá- do Congresso da Federação Internacional de Judô,
rio ao ne-waza (luta de solo) pela aplicação habili- celebrado na Áustria, na cidade de Viena.
dosa de um movimento semelhante a uma técnica
Antes disso, o assunto não era padronizado.
de projeção, mas que necessariamente não seja qua-
No Brasil, via de regra, costumava-se dar um des-
lificada como tal."), tem contribuído para o surgi-
canso de dois minutos.
mento de movimentos abrutalhados, com a finali-
dade de levar a luta ao solo. Durante o tempo de recuperação, o competi-
A fim de resolver esta questão, bastaria apenas dor não deve ser convocado para aguardar o início
suprimir o texto do item d das regras. da luta no shiai-jo (quadra de competição).
Deve-se ter em conta que aplicações simuladas O comentário, dessa forma, deveria fazer par-
de tomoe-nague (projeção em círculo), juji-gatame te do artigo.
(chave de braço em cruz) ou técnicas semelhantes,
Acreditamos, ainda, que os tempos regula-
com a finalidade de conduzir o combate para o
mentares de luta deveriam integrar, com precisão,
ne-waza (luta de solo), devem ser penalizadas pelo
o presente artigo, de acordo com as classes etárias
árbitro central.
e de sexo.
Quando a luta se desenvolve em ne-waza (luta
de solo) e na transição para o tachi-waza (luta em Nos eventos internacionais, os tempos regu-
pé), um dos competidores consegue aplicar um ka- lamentares de luta, são os seguintes:
ta-guruma (giro ou roda pelos ombros), partindo a) Classe Masculina — Júniores e Sêniors
da posição de joelhos, o produto dessa ação não = Lutas que não envolvam a disputa de meda-
deve ser avaliado. Não é considerado projeção, dalha: cinco minutos
apesar de ser uma manobra válida para que a luta = Lutas que envolvam a disputa de medalha:
tenha continuidade em ne-waza (luta de solo). sete minutos
Similarmente, quando em we-waza (luta de b) Classe Feminina — Júniores e Sêniores
solo), o competidor que se encontra por baixo = Lutas que não envolvam a disputa de me-
consegue aplicar um tomoe-nague (projeção em dalha: quatro minutos
círculo), ou técnica semelhante, projetando o =Lutas que envolvam a disputa de medalha:
adversário de costas, o lance não pode ser avalia- cinco minutos.
do. Não é considerado projeção.
Segundo o que ficou determinado no Con-
3.10. - Artigo 10 - Duração gresso da FIJ, realizado em 1980, em Moscou,
Rússia, por ocasião dos Jogos Olímpicos, inte-
"A duração do combate será fixada previa-
gram a classe de júniores os competidores de
mente e não deverá ser inferior a 3 minutos e nem
17, 18 e 19 anos de idade. Por sua vez, os com-
superior a 20 minutos. O tempo preestabelecido
petidores de 20 ou mais anos de idade integram
pode, no entanto, ser prorrogado em casos espe-
a classe de sêniores. Todavia, os atletas que já
ciais.
tenham 18 anos de idade, ou venham a comple-
"O tempo decorrido entre os comandos de
tá-los no ano da realização do evento, podem
mate e hajime e entre sono-mama e yoshi, anun-
participar de competições da classe de sêniores.
ciados pelo árbitro central, não deverá ser conside-
rado como tempo regulamentar." O Código Desportivo da Federação Interna-
cional de Judô 15 determina que o tempo regula-
3.10.1. — Comentário mentar de luta, indistintamente, nas competi-
ções por equipes será de seis minutos.
"Todos os competidores terão direito a um
No que diz respeito às demais classes de
tempo de recuperação no mínimo, igual ao tempo
idade, não existe uma padronização interna-
regulamentar do próximo combate de que deverão
participar, período esse contado, se necessário, a cional.
partir do momento em que terminem seus comba- Devemos opinar que as categorias de peso,
tes precedentes." referentes às classes de idade, deveriam fazer par-
te das Regras Internacionais de Judô.
3.10 2. — Análise e Recomendações Finalmente, acreditamos que este artigo
deveria ter um título mais preciso, como por
O tempo de recuperação, no mínimo, com a exemplo Duração do Combate e não simples-
duração igual ao tempo regulamentar do próximo mente Duração.

52
3.11. — Artigo 11 — Sinal de Término do Tempo tros de que o tempo regulamentar de luta expi-
rou. Todavia, caso o árbitro central não se aper-
"0 final do tempo regulamentar de combate ceba que o tempo regulamentar de luta expirou,
deverá ser notificado ao árbitro central pelo toque os árbitros laterais devem avisá-lo imediatamente.
de uma campainha ou por outro processo sonoro Neste caso, que pode ser considerado especial,
análogo." deve-se ter em conta o que determina o segundo
parágrafo deste artigo:
3.11.1. - Recomendações "Ademais, qualquer técnica aplicada após
o toque da campainha ou de outro dispositivo
Tendo em vista a intimidade que une este ar- utilizado para indicar o final do tempo regula-
tigo com o precedente e o subseqüente, acredita- mentar não deverá ser válida, mesmo se o árbitro
mos que seria uma medida acertada concretizar a central não tiver ainda, naquele momento, co-
união destes três artigos. mandado sore-made."
Devemos salientar que é procedimento incor-
Os árbitros, antes do início da competição
reto assinalar com dois toques sucessivos, o final
devem familiarizar-se com o som da campainha,
do tempo regulamentar.
particularmente quando houver mais de uma qua-
dra de competição.
3.12. - Artigo 12 — Técnica Coincidente com o Nestes casos, a organização do evento deve
Sinal de Término do Tempo providenciar, para cada quadra de competição, cam-
painhas de sons diferentes, a fim de não possibili-
"Qualquer técnica de projeção, que for apli- tar coincidência de sons.
cada simultaneamente ao toque da campainha (ou
Muita atenção deve ser prestada quando uma
de outro processo usado para indicar o final do
técnica for aplicada simultaneamente com o soar
tempo regulamentar), deverá ser reconhecida co-
da campainha. Ela deverá ser avaliada. Todavia,
mo válida e, similarmente, quando um ossaekomi
tratando-se de um golpe com série de tentativas,
(imobilização) for anunciado simultaneamente ao
como por exemplo o uchi-mata (projeção por
toque da campainha, o tempo regulamentar de luta
entre as pernas), no qual o atacante salta seguida-
deverá ser prorrogado até que se registre ipom ou
mente sobre o pé de apoio, o árbitro central deve
o árbitro central comande toketa (imobilização
anunciar sore-made (cessar) no segundo salto. A
desfeita).
projeção completada após o comando de sore-
"Ademais, qualquer técnica aplicada após o -made (cessar) não deverá ser avaliada.
toque da campainha ou de outro dispostivo utili-
zado para indicar o final do tempo regulamentar Por outro lado, em situações de shime-waza
não deverá ser válida, mesmo se o árbitro central (estrangulamentos) ou de kansetsu-waza (chaves de
não tiver ainda, naquele momento, comandado articulação), logo que soar a campainha, o árbitro
sore-made." central deve encerrar o combate.
Entretanto, em casos de imobilizações anun-
3.12.1. — Comentário ciadas concomitantemente ao som da campainha,
o tempo regulamentar de luta deverá ser prorro-
"Mesmo que uma técnica de projeção possa gado, até que o árbitro comande ipom (ponto com-
ser aplicada simultaneamente ao toque da cam- pleto) ou toketa (desfeita). Nessas ocasiões, duran-
painha, se o árbitro central julgar que não haverá te um ossaekomi (imobilização) anunciado, é per-
efetividade imediata, deverá comandar sore- feitamente válida a aplicação de chaves de articula-
made." ção e de estrangulamentos.

3.12.2. - Análise e Recomendações 3.13. — Artigo 13 - Sono-mama

Depois de uma leitura atenta deste artigo e "Em qualquer caso em que o árbitro central
do artigo precedente, fica clara a idéia de que a necessite paralizar o combate, por exemplo, para
luta, verdadeiramente, termina com o comando de ajustar o uniforme do competidor ou para diri-
sore-made (cessar), anunciado pelo árbitro cen- gir-se aos competidores sem causar uma mudança
tral, como norma geral. em suas posições, deverá comandar sono-mama
O toque da campainha ou de outro pro- (não se movam). Para reiniciar o combate, deverá
cesso análogo, apenas serve para avisar aos árbi- comandar yoshi."

53
3.13.1. — Comentário mente no que diz respeito às suas opiniões como
julgadores.
"Quando o árbitro central aplicar a regra e Entretanto, a "regra majoritária de três" de-
a ação de sono-mama, deverá ter um particular termina que, quando houver três opiniões diferen-
cuidado para que não haja modificação nas respec- tes, prevalecerá a opinião do árbitro central, com
tivas posições dos competidores." referência ao Artigo 26 — Declaração do Julga-
mento.
3.13.2. — Análise e Recomendações
3.15. - Artigo 15 - Oficiais
Progressivamente, desde 1974, com o advento
das chamadas novas regras, o comando de sono-ma- "Em geral o combate será dirigido por um ár-
ma (não se movam) vem sendo cada vez menos bitro central e por dois árbitros laterais. Todavia,
usado. Inclusive, só deve ser empregado em situa- em certas circunstâncias, será permitida a atuação
ções de extrema necessidade, quando for necessá- de um árbitro central e um árbitro lateral ou ape-
rio paralizar uma luta e não se puder comandar nas um árbitro central."
mate (parem), a fim de não causar injustiça a um
dos competidores. 3.15.1. - Comentário
Um caso típico, no qual deve ser comandado
sono-mama (não se movam), ocorre quando após
uma projeção em que tori (atacante) imobiliza uke "O árbitro central e os árbitros laterais se-
(atacado), fica constatado que este último se feriu rão auxiliados por um registrador de combates,
e necessita cuidados médicos. Assim, após o co- que marcará de forma visível, escrevendo ou uti-
mando de ossaekomi (imobilização), o árbitro cen- lizando aparelhamento adequado todas as pontua-
tral deve comandar sono-mama (não se movam) ções e penalidades anunciadas pelo árbitro central,
e promover o desligamento dos competidores. na forma aceita ou modificada pelos árbitros late-
Após o atendimento médico, o árbitro central rais de acordo com a regra majoritária de três. Ao
deve promover o retorno do tori (atacante), na final do combate o registrador, se solicitado, mos-
mesma posição em que estava quando do comando trará ao árbitro central e aos árbitros laterais o to-
de sono-mama (não se movam), adotando o mesmo tal de pontuações e/ou penalidades atribuídas a
procedimento com relação ao uke (atacado). cada competidor.
Via de regra, o árbitro central não deve tocar " A o marcar as penalidades, o registrador de-
os competidores. Todavia, especificamente, para ve assegurar-se de que conste apenas uma penali-
atender as determinações deste artigo, é necessário dade a cada competidor. Por exemplo, se um com-
que o árbitro central toque nos competidores. petidor for penalizado com shido e posteriormente
Antes da aplicação da não-combatividade, in- sofrer chui ou keikoku, a penalidade anterior, de
clusive a gratuita, aos dois competidores, é consi- menor valor, sempre será removida do placar assim
derado procedimento incorreto comandar sono- que a mais recente penalidade for marcada."
mama (não se movam). Nestes casos, o correto é
comandar mate (parem). 3.15.2. — Análise e Recomendações

3.14. — Artigo 14 - Responsabilidades Inicialmente devemos dizer que o comentário,


com a oficialização do placar, deveria sofrer uma
"Todas as ações e decisões que forem tomadas pequena modificação, uma vez que não tem senti-
pelo árbitro central e pelos árbitros laterais, de do determinar: " A o final do combate o registra-
acordo com a "regra majoritária de três", como de- dor, se solicitado, mostrará ao árbitro central e aos
termina o artigo 26, serão definitivas e sem apela- árbitros laterais o total de pontuações e/ou penali-
ção." dades atribuídas a cada competidor, (grifo nosso)
Sendo assim, toda essa oração deveria ser re-
3.14.1. - Análise e Recomendações movida e o comentário passaria, por coerência, a
integrar o texto do artigo.
Como vimos na segunda parte deste trabalho, Também nos parece da maior importância que
os árbitros laterais, antigamente considerados o Artigo 15 — Oficiais determine as funções dos
simplesmente auxiliares, progressivamente foram outros oficiais, ou sejam os cronometristas e ano-
sendo investidos de maior importância, particular- tadores.

54
Placar de Árbitros (fig. 18)
É bem verdade que este artigo oferece a Nos combates difíceis é que se pode avaliar
oportunidade para que uma luta seja dirigida so- se o árbitro realmente é bom. O desempenho dos
mente pelo árbitro central. Todavia, essa liberda- árbitros pode ser verificado através da seguinte
de só deveria ser utilizada em casos de extrema ficha:
necessidade.
Por um critério de padronização, quando
houver um árbitro central e apenas um árbitro
lateral, este deve colocar-se à esquerda do árbi-
tro central.
A chamada dos trios de árbitros, normal-
mente, é feita através do placar de árbitros.
(fig. 18)
Cada árbitro é designado, previamente, por
um número. 0 coordenador de arbitragem deve
solicitar que o trio de árbitros esteja em sua po-
sição, antes da entrada dos competidores no
shiai-jo (quadra de competição), para que o com-
bate possa ser iniciado.
É considerado procedimento incorreto fa-
zer os competidores aguardarem os árbitros no
shiai-jo (quadra de competição).
O segredo de uma boa arbitragem reside na
uniformidade de conduta por parte dos árbitros.
De acordo com as determinações ocorridas
por ocasião das clínicas de arbitragem dos Jogos
Olímpicos de Mosocou, Rússia, o trio de arbitra-
gem deve realizar o cerimonial de saudação, no
início e no final de cada luta. Anteriormente,
esse cerimonial era realizado apenas por ocasião
da primeira e da última luta de cada evento. Da Ficha de Avaliação de Árbitros constam
Os árbitros devem mentalmente participar doze itens, dos quais dez tem peso um. O item re-
da ação dos combates. Como ex-competidores ferente à aplicação de penalidades tem peso dois e
devem imaginar e prever os lances que podem ocor- o da avaliação ou apreciação de lances tem peso
rer, de acordo com o desenvolvimento da luta. três.
Dessa forma, o produto da soma de todos avaliar conscientemente e não ter o ressentimento
os itens será multiplicado por dois e o resultado de erro, por precipitação.
dividido por três. Assim, um árbitro poderá con- A técnica de movimentação, com a "triangu-
quistar, no máximo, cem pontos. lação" adequada e a perfeita colocação do árbitro
Durante a competição, os árbitros não de- central, facilita sobremaneira a justa apreciação
vem ficar criticando ou procurando avaliar os do combate. Pode-se dizer que pela movimentação
colegas. Devem, isto sim, espelhar-se nos pontos se conhece a experiência de um árbitro central.
altos de seus companheiros e aproveitar todas as Durante a movimentação, o árbitro central de-
oportunidades para desenvolver conhecimentos. ve guardar uma distância adequada dos competido-
Assim como os atletas se preparam ardua- res, sem prejudicar a visão dos árbitros laterais.
mente para as competições, os árbitros devem pre-
Quando a luta estiver se desenvolvendo em
parar-se convenientemente e ter consciência do
ne-waza (luta de solo), a distância, de acordo com
importante papel que desempenham para o de-
as situações, varia desde a máxima aproximação
senvolvimento global dos praticantes de Judô.
até dois metros, mais ou menos. Durante o tachi-
-waza (luta em pé) deve-se guardar uma distância
3.16 —Artigo 16 - Posição e Função do Árbitro entre dois metros e meio a três metros. Todavia,
Central essa orientação não pode ser obedecida cegamente.
A luta de Judô é dinâmica, não podendo haver dis-
"O árbitro central deverá permanecer, geral- tancias padronizadas. Por outro lado, nos combates
mente, dentro da área de combate e terá inteira de "pesos-pesados", por exemplo, pode-se adotar
responsabilidade de dirigir o combate e adminis- uma distância menor do que nas lutas dos "super-
trar o julgamento." -leves".
Durante a movimentação, é descabida a orien-
3.16.1 — Comentário tação para que não se dê as costas à mesa central
ou de honra.
"Em geral, de vez em quando, o árbitro cen- Quando houver uma infração às regras, o árbi-
tral e os árbitros laterais devem verificar se as mar- tro central deverá aplicar a punição adequada e não
cações no placar, feitas pelo registrador de comba- advertir o competidor que "na próxima vez" ele
tes, estão de acordo com os resultados que foram será penalizado. A única infração que merece, na
anunciados." primeira vez, uma penalidade grátis continua sendo
a "não-combatividade".
3.16.2 — Análise e Recomendações O árbitro central deverá consultar os árbitros
laterais o mínimo necessário. No caso de penalida-
Não vemos razão para que no comentário des é obrigatória a consulta para a aplicação de
deste artigo, que é específico sobre o árbitro cen- keikoku (repreensão) ouhansoku (desclassificação).
tral, os árbitros laterais devam verificar se as mar-
cações no placar estejam corretas. Mesmo porque Quando o árbitro central necessitar consultar
essa determinação será feita, também, no artigo se- os árbitros laterais, deverá chamá-los e não ir até
guinte que é específico sobre os árbitros laterais. eles. A confabulação deve ser rápida e realizada
distante dos competidores. Nessa ocasião nenhum
Dessa forma, o comentário deveria ter a se-
dos árbitros deve dar as costas aos competidores
guinte redação:
ou fazer gestos.
"Em geral, de vez em quando, o árbitro cen-
tral deve verificar se as marcações no placar, fei- Antes dos árbitros laterais retornarem aos
tas pelo registrador de combates, estão de acordo seus lugares, o árbitro central deve ter segurança
com os resultados que foram anunciados." da opinião dos seus colegas.
Acreditamos, também, que este comentário Após a confabulação, antes de reiniciar a
deveria passar a ser o segundo parágrafo deste ar- luta, o árbitro central deve assegurar-se de que os
tigo. dois laterais se encontram a postos, em suas
0 árbitro central deve aguardar a entrada dos cadeiras, a fim de evitar as "clássicas corridinhas"
competidores no jogai (área de combate). dos árbitros laterais. Caso reinicie o combate, sem
A precisão e a velocidade com que se avalia essa preocupação e notar que um ou ambos os ár-
uma técnica constitui-se num dos pontos altos do bitros laterais ainda não tenham ocupado seus lu-
árbitro. Todavia, é preferível prejudicar a veloci- gares, deve imediatamente comandar mate (parem)
dade de julgamento, em dois ou três segundos, para ou sono-mama (não se movam), de acordo com as

56 •
situações, e aguardar que os seus colegas estejam a mine ao árbitro central, de vez em quando, verifi-
postos para reiniciar o combate. car se as marcações no placar estejam corretas, mes-
O árbitro central não deve tocar os competi- mo porque essa determinação já foi definida no ar-
dores, particularmente quando estiverem em vias tigo anterior.
de cometer um ato proibido. Assim, o segundo parágrafo do comentário
Quando o cordão das calças estiver visível, deveria ter a seguinte redação:
o árbitro central deve interromper a luta e orde- "Em geral, de vez em quando, os árbitros
nar que o competidor amarre corretamente o cor- laterais devem verificar se as marcações no placar,
dão. A mesma conduta deve ser empregada no feitas pelo registrador de combates, estão de acor-
caso da faixa regulamentar ou da faixa diacrítica do com os resultados que foram anunciados."
estar desamarrada. Isto dito, acreditamos que tanto este como
Quando as calças de um competidor estiverem o primeiro parágrafo do comentário deveriam fa-
rasgadas, o árbitro central deve solicitar que um zer parte do artigo ora analisado.
dos árbitros laterais acompanhe o competidor até Caso o árbitro lateral tenha que se deslocar,
o reservado ou vestiário, a fim de que o competi- quando sentir que os competidores possam sair da
dor troque de calças e retorne ao shiai-jo (quadra área de combate, em sua direção, deverá segurar a
de competição). cadeira com a mão contrária ao lado dos competi-
Durante o ne-waza (luta de solo), o árbitro dores, a fim de ter a mão correspondente livre, pa-
central poderá ajoelhar-se, para ter uma melhor ra a realização do gesto adequado, de acordo com
visão do combate, mas não deverá deitar-se. as situações.
Nunca é demais lembrar que é através de uma Os árbitros laterais durante o combate, não
conduta justa e uniforme que se conquista a con- devem realizar movimentos desnecessários. Devem
fiança e o respeito dos semelhantes. permanecer sentados, a maior parte do tempo, com
as plantas dos pés apoiadas no solo e com as palmas
3.17. — Artigo 17 — Posição e Função dos Árbitros das mãos apoiadas nas coxas, com os dedos volta-
Laterais dos para o interior. Devem manter o tronco ereto,
numa posição, até certo ponto, incômoda.
"Os árbitros laterais deverão prestar assistên- Caso o árbitro central, erradamente, se colo-
cia ao árbitro central e deverão colocar-se em can- que à frente do árbitro lateral, prejudicando a sua
tos opostos, fora da área de combate. visão, é permitido ao árbitro lateral inclinar lateral-
"Caso um competidor seja autorizado a sair mente o tronco ou até mesmo levantar-se de sua
da área de competição, uma vez iniciado o comba- cadeira para melhor apreciar o combate, naquele
te, (consultar o comentário do artigo 4), um dos ár- instante.
bitros laterais deverá acompanhá-lo e ficar com ele Quando concordem com o árbitro central,
até que retorne à quadra de competição." não devem fazer nenhum movimento afirmativo
com a cabeça. Simplesmente não devem fazer
3.17.1. — Comentário nenhum movimento.
Os árbitros laterais, quando de projeções
"Como os árbitros laterais estarão sentados que mereçam ser avaliadas, devem dar tempo pa-
no interior da área de proteção, deverão permane- ra que o árbitro central se manifeste, não se preci-
cer particularmente alertas e prontos a se deslocar pitando em avaliar antes do mesmo. Passados três
com suas cadeiras, no caso em que os competido- segundos e não havendo manifestação do central,
res possam sair da área de combate em direção ao cada árbitro lateral deve demonstrar a sua avalia-
local em que se encontrem sentados. ção, através de gesto convencional. Todavia, caso
"Em geral, de vez em quando, o árbitro cen- o árbitro central avalie o lance e haja discordância
tral e os árbitros laterais devem verificar se as mar- por parte dos árbitros laterais, estes devem pronun-
cações no placar, feitas pelo registrador de com- ciar-se imediatamente. É muito importante estabe-
bates, estão de acordo com os resultados que fo- lecer a diferença entre estas duas situações.
ram anunciados." Caso o placar tenha uma marcação incorreta,
o árbitro lateral deve comunicar ao árbitro central.
3.17.2. — Análise e Recomendações Para isto, o árbitro lateral deve dirigir-se ao árbitro
central e solicitar que este comande mate (parem).
Como este artigo é específico sobre os árbi- Nesse instante, o outro árbitro lateral deve igual-
tros laterais, não vemos razão para que se deter- mente dirigir-se ao árbitro central. A função de

57
corrigir o placar deve ser ordenada pelo árbitro cen- central deverá anunciar hiki-wake (empate) e os
tral e nunca por um dos árbitros laterais. competidores terão direito, se necessário, de rea-
A fim de evitar confabulações desnecessárias, lizar um novo combate."
quando um árbitro lateral acreditar que houve uma
infração, ignorada pelo árbitro central, antes de 3.18.1. — Comentário
levantar-se, o árbitro lateral deve comunicar-se vi-
sualmente com o outro árbitro lateral. Caso este "Caso, por engano, o árbitro central comande
não o esteja olhando, não deve levantar-se e querer ipom durante o ne-waza e os competidores se ti-
impor a sua vontade. verem separado, o árbitro central e os árbitros la-
Por outro lado, sempre que um dos árbitros terais podem, de conformidade com o artigo 14,
laterais dirigir-se ao árbitro central, o outro árbitro recolocar os competidores, tanto quanto possí-
lateral deve fazer o mesmo, imediatamente. vel, nas posições originais em que estavam antes
Quando o árbitro central chamar os árbitros da separação e reiniciar o combate, procurando-
laterais, para confabulação, os mesmos devem -se assim corrigir uma injustiça praticada contra
atender prontamente. Também o retorno aos seus um dos competidores.
respectivos lugares deve ser rápido. Os árbitros late- "Quando um resultado de hiki-wake houver
rais devem, durante todo o período, dirigir o olhar sido proclamado, de acordo com este artigo, e so-
para os competidores obstendo-se de gestos desne- mente um dos competidores desejar exercer seu
cessários. direito de lutar novamente, ele será declarado ven-
Nessas ocasiões, a fim de que os dois árbitros cedor por ipom."
laterais cheguem ao mesmo tempo ao lado do árbi-
tro central, aquele que estiver mais longe deve ir
3.18.2. - Análise e Recomendações
mais rápido, adotando-se a mesma conduta para o
retorno. Os árbitros laterais devem lembrar-se de
A problemática inserida no primeiro parágra-
que não devem passar por entre os competidores.
fo do comentário deste artigo foi por alguns anos
Quando um lance, ocorrido na zona de peri- debatida, antes de ter sido aprovada no Congresso
go, for concluído no jogai (área de proteção), assi- da Federação Internacional de Judô, celebrado na
nalar rapidamente se foi dentro ou fora do jonai cidade de Viena, Áustria. Caso o árbitro central,
(área de combate). Entretanto é necessário aguar- por engano, comandasse ipom (ponto completo),
dar que um ou ambos os competidores, efetiva- durante a luta de solo, particularmente em ca-
mente, saiam do jonai (área de combate). so de ossaekomi (imobilização) anunciado, e os
Em casos de saídas ou fugas para o jogai competidores tivessem se separado, anteriormente
(área de proteção), é desnecessário assinalar quan- à aprovação, a luta deveria ter continuidade em
do o árbitro central tenha comandado mate (pa- tachi-waza (luta em pé).
rem). Em situações de ne-waza (luta de solo), não
A argumentação, para que não se permitis-
havendo ossaekomi (imobilização) anunciado pelo
se o retorno dos competidores ao ne-waza (luta
árbitro central, o árbitro lateral envolvido na situa-
de solo), era baseada no fato de que regressar os
ção só deve assinalar no momento em que um dos
competidores exatamente a suas posições anterio-
competidores, pelo menos, tiver mais da metade do
res era praticamente impossível.
corpo no jogai (área de proteção).
Os árbitros laterais devem conscientizar-se Na reunião do Sub Comitê de Arbitragem da
de que fazem parte de uma equipe. Federação Internacional de Judô, realizada no Bra-
sil em setembro de 1974, antecedendo o 1º Cam-
3.18. - Artigo 18 - Ipom (ponto completo) peonato Mundial de Júniores, a questão foi ampla-
mente discutida, tendo sido rejeitada.
"O árbitro central deverá comandar ipom Dessa forma, a fim de que nao houvesse pre-
(ponto completo), quando na sua opinião uma pro- juízo para um dos competidores, recomendava-
jeção ou uma técnica de domínio aplicada por um -se que eles só deveriam separar-se quando o ár-
competidor mereça a pontuação de ipom e após bitro central tivesse comandado sore-made (ces-
encerrar o combate deverá fazer com que os compe- sar).
tidores retornem aos lugares nos quais iniciaram o Logicamente, aos árbitros houve a recomen-
combate. dação para que só comandassem sore-made (ces-
"No caso de ambos os competidores obterem sar), depois de alguns instantes de haverem dado
simultaneamente o resultado de ipom (com técni- ipom (ponto completo) e com o gesto caracterís-
cas de estrangulamento, por exemplo) o árbitro tico desfeito, ou seja, após ter abaixado o mem-

58
bro superior que havia executado o gesto de ipom dando sore-made (cessar) e não simplesmente pa-
(ponto completo). Naturalmente, o árbitro cen- rar a luta, como sugere o segundo parágrafo deste
t r a l , para cientificar-se de que o tempo regulamen- artigo.
tar do ossaekomi (imobilização) havia sido comple- Para efeito de estudo, o presente artigo de-
t a d o , deveria olhar para o cronometrista. veria ser incorporado ao Artigo 33 — Determina-
Todavia, mesmo c o m essa recomendação, por ção de Waza-ari (quase i p o m ) , uma vez que am-
culpa involuntária do á r b i t r o central, caso ele se bos tratam do mesmo assunto.
engasse, inclusive comandando sore-made (cessar)
ou até mesmo mate (parem) durante o ne-waza 3.20. - Artigo 20 - Y u k o (quase waza-ari)
(luta de solo), quando hão houvesse ossaekomi
(imobilização) anunciado, a verdade é que acon- "O árbitro central deverá comandar y u k o
teceria uma injustiça. (quase waza-ari), quando na sua opinião a téc-
Sendo assim, a f i m de sanar esta falha é que nica aplicada por um competidor merecer a pon-
f o r a m incluídos, nos comentários deste artigo e tuação de y u k o .
do Artigo 27 - Aplicação de Mate (parem), tex- "Caso qualquer dos competidores marcar dois
tos semelhantes e específicos, determinando que ou mais yukos, o árbitro central os irá anunciando,
o árbitro central e os árbitros laterais poderiam à medida em que forem sendo conquistados, mas
recolocar os competidores, tanto quanto possí- não interromperá a luta por esta razão.
vel, nas posições originais em que estavam antes "Independentemente do número de yukos
da separação e reinciar o combate, sempre que a que f o r e m anunciados, nenhuma quantidade será
interrupção tivesse ocorrido por engano do ár- equivalente a um waza-ari. O número total anun-
b i t r o central. ciado será registrado e utilizado para chegar-se à
Pelo espírito do t e x t o , o primeiro parágra- decisão final sempre que um combate não seja ven-
fo do comentário deveria passar a integrar o pre- cido por ipom ou seu equivalente."
sente artigo, devendo ser removidas da oração,
as seguintes palavras: "procurando-se assim cor-
3.20.1. - Recomendações
rigir uma injustiça praticada contra um dos com-
petidores" e a vírgula que antecede essas palavras.
Tendo em vista que o presente artigo trata do
Por coerência, o segundo parágrafo do co-
mesmo assunto que o Artigo 34 - Determinação
mentário também deveria integrar o presente ar-
de Yuko (quase waza-ari), acreditamos que os dois
tigo.
devessem ser grupados para melhor entendimento
Tendo em vista a intimidade deste artigo com
e simplificação.
o Artigo 32 — Determinação de Ipom (ponto com-
pleto) não vemos razão que impeça o grupamen-
to destes artigos, para efeito de estudo. 3 . 2 1 . - Artigo 21 - Koka (quase y u k o )

3.19. - A r t i g o 19 - Waza-ari (quase ipom) "O árbitro central comandará koka (quase
y u k o ) , quando na sua opinião a técnica aplicada
"O árbitro central comandará waza-ari (qua- por um competidor mereça a pontuação de koka
se i p o m ) , quando na sua opinião a técnica aplicada (quase y u k o ) .
por um competidor mereça a pontuação de waza- "Caso qualquer dos competidores conquis-
-ari (quase i p o m ) . tar dois ou mais kokas o árbitro central os irá
"Caso o mesmo competidor conquistar um anunciando à medida em que forem sendo conquis-
segundo waza-ari (quase i p o m ) , o árbitro central tados, mas não interromperá a luta por esta razão.
comandará waza-ari-awassete-ipom (dois waza-aris "Independentemente do número de kokas
totalizam ipom) e após parar a luta, deverá ordenar que f o r e m anunciados, nenhuma quantidade será
que os competidores retornem aos lugares nos quais equivalente a um y u k o ou a um waza-ari. O núme-
iniciaram o c o m b a t e . " ro total anunciado será registrado e utilizado para
chegar-se à decisão final, sempre que um combate
3.19.1. — Recomendações não seja vencido por ipom ou seu equivalente."

Na verdade, depois de comandar waza-ari- 3.21.1. - Recomendação


-awassete-ipom (dois waza-aris totalizam ipom),
ao mesmo tempo que realiza o gesto apropria- O presente artigo, para efeito de estudo, de-
d o , o árbitro central deve encerrar a luta, coman- veria ser grupado ao Artigo 35 — Determinação

59
de Koka (quase yuko), uma vez que ambos tra- mento após o comando de ossaekomi (imobili-
tam do mesmo tema. zação)."

3.22. - Artigo 22 — Sogo-gachi (vitória composta) 3.23.1. — Comentário


"0 árbitro central deverá encerrar a luta e se-
"Em qualquer caso de dúvida sobre o tem-
guindo o procedimento usual indicar o vencedor,
po decorrido entre os comandos de ossaekomi e
depois de ter anunciado sogo-gachi (vitória com-
toketa, o árbitro central deverá consultar os cro-
posta), nos seguintes casos:
nometristas e, em seguida, informar aos árbitros
"Quando um competidor conquistar um
laterais."
waza-ari (quase ipom) e, posteriormente, seu
adversário for penalizado com keikoku (repreen-
3.23.2. - Análise e Recomendações
são) ou, similarmente, quando um competidor
conquistar waza-ari (quase ipom) após seu adver-
sário ter sido penalizado com keikoku (repreen- Quando foram estabelecidas as Primeiras Re-
são)." gras Internacionais de Judô, em 1967, ficou deter-
minado que os cronometristas deveriam estar
3.22.1. — Análise e Recomendações munidos de cartões, visíveis à distância, numera-
dos de 1 a 30, a fim de informar aos árbitros o tem-
po das imobilizações.
O sogo-gachi (vitória composta) é um tipo
de resultado que requer a atenção redobrada por Tratava-se de uma forma empírica e muito
parte dos árbitros e oficiais. pouco prática. Com o estabelecimento das chama-
das novas regras, em 1974, o então "chairman"
Caso o atacado já tenha sofrido keikoku do Sub Comitê de Arbitragem da Federação In-
(repreensão), o tempo de imobilização será de ternacional de Judô, professor John Osako, ideali-
25 segundos. Nessas ocasiões, o árbitro central zou alguns símbolos que, afixados ou pintados em
deverá comandar, após ter sido notificado que o plaquetas, iriam racionalizar o trabalho dos crono-
tempo de imobilização foi completado, waza- metristas.
-ari (quase ipom) e, a seguir, sore-made (cessar).
0 símbolo do ipom (ponto completo), já
Numa outra situação, quando a luta se de- tradicional, constava de um círculo, (fig. 19)
senvolve em tachi-waza (luta em pé) e acontece Partindo dessa figura geométrica, para indi-
uma projeção, merecedora de waza-ari (quase car que o tempo de imobilização estaria entre
ipom), tendo o projetado já sido penalizado com 25 e 29 segundos, o cronometrista deveria levan-
keikoku (repreensão), o árbitro central deve co- tar uma plaqueta com um círculo cortado por
mandar waza-ari (quase ipom), mantendo o uma linha horizontal, correspondente ao waza-
membro superior elevado, caracterizando a ava- -ari (quase ipom). Para indicar que o tempo de
liação e posicionando-se de tal forma a visualizar imobilização estaria entre 20 e 24 segundos, o
discretamente um dos árbitros laterais, antes de círculo deveria ser cortado por uma linha diago-
abaixar o membro superior elevado a 90 graus nal, correspondendo ao yuko (quase waza-ari).
e comandar sore-made (cessar). Por sua vez, o koka (quase yuko) seria indicado
por um círculo cortado por uma linha vertical,
Nos casos em que um dos competidores já
indicando que o tempo estaria entre 10 e 19
tenha um waza-ari (quase ipom) e o seu adversá-
segundos, (fig. 19)
rio deva ser penalizado com keikoku (repreensão),
o árbitro central, após consulta aos árbitros late- Logicamente, se o cronometrista ainda não
rais, deve aplicar a penalidade e comandar sore- tiver levantado a plaqueta do koka (quase yuko),
-made (cessar). era porque o tempo da imobilização ainda não
havia atingido os 10 segundos.
3.23. - Artigo 23 - Osaekomi (imobilização) Logo após o toketa (desfeita), o árbitro cen-
tral deve olhar para o placar de imobilização, a
"O árbitro central comandará ossaekomi fim de poder cientificar-se e anunciar a vantagem
(imobilização) quando, na sua opinião, um dos técnica correspondente.
competidores conseguir imobilizar o adversário. O árbitro central só deve comandar ossaekomi
0 árbitro central comandará imediatamente to- (imobilização) realizando o gesto característico e
keta (desfeita), assim que julgar que a imobili- com o tronco inclinado à frente, quando a imobi-
zação foi desfeita, não importando em que mo- lização estiver efetivamente encaixada, inclusive
60
waza-ari

ipom

yuko koka

(fig. 19)

a fim de evitar sistemáticas repetições de coman- 3.24. — Artigo 24 — Opinião não solicitada dos
dos ("ossaekomi-toketa-ossaekomi-toketa..."). Árbitros Laterais
Não deve o árbitro central precipitar-se, co-
mandando toketa (desfeita), quando apenas uma "Cada árbitro lateral indicará a sua opinião,
das pernas do uke (atacado) prender uma das per- efetuando o gesto oficial apropriado, sempre que
nas do tori (atacante). Dessa forma, há necessida- divergir da opinião do árbitro central. Quando os
de do uke (atacado) prender uma das pernas do dois árbitros laterais indicarem a mesma opinião,
adversário entre as suas que deverão estar entre- devem colocar-se em pé, nos mesmos lugares em
laçadas, para que o toketa (desfeita) seja coman- que estavam, mantendo os gestos da pontuação
dado. sobre a qual concordam, até que o árbitro central
Nestes casos, o árbitro central não deve in- retifique a pontuação dada e proclame a decisão
terromper a luta, comandando mate (parem). O majoritária.
combate deverá ter prosseguimento em ne-waza
(luta de de solo). 3.24.1. - Comentário
Sempre é bom lembrar que, após o anúncio
de ossaekomi (imobilização), nos limites do jonai "Caso, depois de um lapso de tempo apreciá-
(área de combate), a técnica continuará sendo cro- vel (5 a 10 segundos), o árbitro central não per-
nometrada mesmo que os dois competidores saiam ceber que os árbitros laterais estão de pé, o árbi-
quase que completamente do jonai (área de com- tro lateral mais próximo aproximar-se e solicitar
que a decisão seja retificada.
bate). O cronometrista só deve interromper a con-
tagem de tempo quando o árbitro central coman- "Sempre que o árbitro central e os dois ár-
dar toketa (desfeita). bitros laterais demonstrarem opiniões divergentes,
o árbitro central deverá proferir a decisão final de
O competidor que estiver imobilizando o ad- acordo com o seguinte critério:
versário nao deve soltar a imobilização, quando ou-
a) Quando, a respeito de uma vantagem téc-
vir a campainha indicando que o tempo de ossaeko-
nica ou de uma penalidade, o árbitro central ma-
mi (imobilização) foi completado, É bom aguardar
nifestar uma opinião de valor maior do que as
que o árbitro central comande sore-made (cessar).
opiniões dos dois árbitros laterais, ele deverá ajus-
Esta recomendação não deve ser esquecida, parti-
tá-la de acordo com a opinião do árbitro lateral
cularmente quando houver mais de uma área de
que tiver demonstrado a avaliação de maior valor.
combate.
b) Quando, a respeito de uma vantagem téc-
Finalmente, devemos dizer que não vemos ra- nica ou de uma penalidade, o árbitro central ma-
zão para que o comentário deixe de fazer parte do nifestar uma opinião de valor menor do que as
presente artigo. opiniões dos dois árbitros laterais, ele deverá ajus-

61
tá-la de acordo com a opinião do árbitro lateral sar) para encerrar a luta e fará com que os compe-
que tiver demonstrado a avaliação de menor tidores retornem aos lugares em que iniciaram o
valor. combate, quando ao expirar o tempo regulamentar
c) Quando um árbitro lateral demonstrar uma de luta não tenha havido uma marcação de ipom
opinião de maior valor e o outro árbitro lateral in- ou seu equivalente.
dicar uma opinião de menor valor do que a marca- "Caso o placar registre uma vantagem para um
da pelo árbitro central, este deverá manter a sua dos competidores, na seguinte escala: uma waza-ari
opinião." prevalece sobre qualquer número de yukos ou
kokas e quando nenhum waza-ari tiver sido regis-
3.24.2. — Recomendações trado, um ou mais yukos prevalecem sobre qual-
quer número de kokas (consultar a letra d do arti-
Quando apenas um dos árbitros laterais dis- go 36), o árbitro central, tendo confirmado qual
cordar de uma avaliação, o árbitro central não competidor é vitorioso, o indicará, elevando a mão
pode fazer o gesto de torikeshi (anulação). Caso na sua direção.
isto ocorra, os dois árbitros laterais devem diri- "Caso o placar não contenha marcações ou
gir-se até o árbitro central e fazer com que a esteja em igualdade em todas as pontuações (waza-
situação seja regularizada. ari, yuko, koka) o árbitro central comandará han-
No caso de não-combatividade, cada árbitro tei, ao mesmo tempo em que eleva uma das mãos
deve expressar a sua interpretação, de acordo com para o alto. Em resposta a este gesto, os árbitros la-
as regras, e não simplesmente acompanhar o co- terais devem levantar uma de suas bandeiras, bran-
lega. ca ou vermelha, acima de suas cabeças, a fim de
Quando o árbitro central aplicar uma penali- indicar qual dos competidores merece a vitória.
dade e um ou ambos os árbitros laterais acredita- Para indicar hiki-wake (empate), os árbitros late-
rem em que não deva ser atribuída qualquer pena- rais levantarão ambas as bandeiras, a vermelha e a
lidade, simplesmente devem fazer o gesto de tori- branca, simultaneamente."
keshi (anulação). Havendo concordância, entre os
árbitros laterais, em que não deva ser atribuída pe- 3.25.1. - Análise e Recomendações
nalidade, ambos devem ficar em pé, mantendo os
gestos de torikeshi (anulação) e obedecer àquilo Com o correr dos anos, desde os tempos em
que está disposto no primeiro parágrafo do comen- que eram oficiais as "Regras de Judô Kodokan", o
tário deste artigo. texto deste artigo recebeu algumas modificações,
Não vemos qualquer justificativa que possa tendo inclusive mudado de numeração várias
impedir que o comentário faça parte do presente vezes.
artigo. 0 presente artigo engloba assuntos perten-
Com a reformulação do último parágrafo centes a outros artigos e repete determinações que
do comentário, aprovada no Congresso da Fede- foram introduzidas nas regras.
ração Internacional de Judô, por ocasião do Senão vejamos. 0 primeiro parágrafo, ( " 0 ár-
Campeonato Mundial de Maastricht, em 1981, as bitro central comandará sore-made (cessar) para
avaliações, quer de vantagens técnicas quer de encerrar a luta e fará com que os competidores re-
atos proibidos, passaram a ser muito mais justas, tornem aos lugares em que iniciaram o combate,
uma vez que, em casos de opiniões divergentes das quando ao expirar o tempo regulamentar de luta
três autoridades, iria prevalecer a opinião interme- não tenha havido uma marcação de ipom ou seu
diária como julgamento final de determinado lance equivalente."), deveria integrar o Artigo 10 - Du-
ou ação. Por exemplo, caso o árbitro central ava- ração, uma vez que o texto deste primeiro pará-
liasse uma técnica como ipom (ponto completo) grafo define o que se deve fazer quando o tempo
e os dois árbitros laterais, respectivamente, mar- regulamentar de luta for completado naturalmente.
cassem yuko (quase waza-ari) e koka (quase yuko), 0 segundo parágrafo deste artigo, introduzido
o árbitro central, obrigatoriamente, com essa modi- na edição de 1974 das Regras de Competição da
ficação das regras, deverá fazer o torikeshi (anula- Federação Internacional de Judô, repete determi-
ção) do ipom (ponto completo) e anunciar yuko nações muito bem especificadas nos Artigos 20
(quase waza-ari), juntamente com o gesto oficial. e 2 1 , respectivamente Yuko (quase waza-ari) e
Koka (quase yuko), estabelecidos naquela época e
3.25. — Artigo 25 — Hantei (julgamento) complementados por ocasião do Congresso da
FIJ, realizado em dezembro de 1978, na cidade de
"O árbitro central comandará sore-made (ces- Londres, Inglaterra.

62 •
Ademais, este segundo parágrafo não tem qual- " N o caso do á r b i t r o central, por engano,
quer relação com o t í t u l o deste artigo, uma vez que dar a vitória ao perdedor, os dois árbitros laterais
não prevê casos de hantei (julgamento). devem assegurar-se de que o árbitro central retifi-
Antes de solicitar hantei (julgamento), o árbi- que sua decisão, antes de sair da área de c o m b a t e . "
t r o central deve ter a opinião formada a respeito do
resultado da luta. Caso o combate tenha sido de 3.26.2. - Análise e Recomendações
d i f í c i l decisão, antes de solicitar o julgamento dos
árbitros laterais, pode ganhar tempo solicitando O presente artigo tem uma íntima ligação
que os lutadores ajeitem seus uniformes. com o anterior, uma vez que após o hantei (julga-
Ao solicitar hantei, (julgamento), o árbitro mento) o árbitro central deve proferir a decisão, o
central deve elevar um dos membros superiores es- rápido possível.
t e n d i d o à vertical, c o m a palma voltada para o inte- Por essa razão não vemos validade para acei-
rior, devendo ter-se localizado de tal forma que tar-se o que estabelece o primeiro parágrafo do
possa visualizar diretamente o árbitro lateral que comentário deste artigo:
estiver, em diagonal, à sua frente. Caso tenha a "Se o árbitro central tiver opinião diferente
mesma opinião deste á r b i t r o lateral, não deve olhar dos árbitros laterais, após o comando de hantei,
para o o u t r o lateral para proferir o resultado da poderá retardar sua decisão para debater com
luta. os árbitros laterais suas razões e, posteriormente,
A f i m de obedecer o comando de hantei (jul- solicitar hantei outra vez e, desta feita, deverá dar
gamento), os árbitros laterais devem o mais rápi- a decisão baseada na opinião majoritária das três
do possível elevar uma ou as duas banderias indi- autoridades."
cativas. Cada um deve procurar responder o co- Entendemos que os parágrafos do comenta
mando do árbitro central antes do o u t r o e nunca rio deveriam integrar o t e x t o do artigo ora ana-
depois do o u t r o . lisado.
Os árbitros laterais devem segurar as bandei- Por ocasião da reunião do Sub Comitê de
ras indicativas nas mãos correspondentes às faixas Arbitragem da F I J , realizada no Rio de Janeiro
diacríticas dos competidores. em 1974, antecedendo o 1º Campeonato Mun
Nas competições onde o empate não possa dial de Júniores, foi estabelecida a seguinte esca-
ser a t r i b u í d o , os árbitros laterais devem levantar la de pontos:
somente uma das banderias indicativas. V i t ó r i a por ipom ou similar 10 pontos
Vitória por waza-ari 7 pontos
3.26. - A r t i g o 26 - Declaração do Julgamento V i t ó r i a por y u k o 5 pontos
Vitória por koka 3 pontos
"O árbitro central acrescentará a sua própria V i t ó r i a por yusei 1 ponto
opinião às dos árbitros laterais e declarará o resul- Empate ou hiki-wake 0 ponto
tado, de acordo com a decisão majoritária dos São consideradas vitórias similares ou equi-
três. valentes ao ipom (ponto c o m p l e t o ) : o sogo-gachi
" Q u a n d o houver apenas um árbitro lateral, o (vitória composta), fusen-gachi (vitória por au-
árbitro central levará em consideração a opinião sência), kiken-gachi (vitória por desistência) e
do árbitro lateral, antes de anunciar o resultado." hansoku-gachi (vitória por desclassificação).

3.26.1. - Comentário 3.27. - Artigo 27 - Aplicação de Mate (parem)

"Se o árbitro central tiver opinião diferente "O árbitro central comandará mate (parem),
dos árbitros laterais, após o comando de hantei, para interromper temporariamente o combate, nos
poderá retardar sua decisão para debater com os seguintes casos, abaixo mencionados e, para reini-
árbitros laterais suas razões e, posteriormente, ciar o combate, comandará hajime (começar).
solicitar hantei outra vez e desta feita deverá dar "a) Quando um ou os dois competidores saí-
a decisão baseada na maioria de opiniões das três rem da área de combate.
autoridades. " b ) Quando um ou os dois competidores co-
" U m a vez que o árbitro central tenha anun- meterem ou estiverem em vias de cometer um dos
ciado o resultado do combate para os competido- atos proibidos.
res, não será possível modificar sua decisão, após "c) Quando um ou os dois competidores se
ele ter deixado a quadra de competição. machucarem ou adoecerem.

63
"d) Quando for necessário que um ou os dois As demais lutas tiveram seus tempos regulamen-
competidores arrumem seus uniformes. tares reduzidos de 6 para 5 minutos.
"e) Quando, durante o ne-waza (luta de solo), Uma vez que é conduta acertada, quando,
não haja progresso aparente e os competidores per- por engano, o árbitro central, durante o ne-waza
manecerem imóveis, por exemplo numa posição (luta de solo), comande mate (parem), e os compe-
de ashi-garami (pernas entrelaçadas). tidores se tiverem separado, recolocá-los em suas
"f) Quando, partindo de ne-waza (luta de so- posições originais e reiniciar o combate, acredita-
lo), um competidor readquirir a posição em pé ou mos que o comentário deveria integrar o presente
semi-de-pé, levantando seu adversário nas costas. artigo.
"g) Quando, partindo de ne-waza, um competi- Quando o árbitro comanda mate (parem), a
dor readquirir a posição em pé, com a(s) perna(s) fim de que os competidores arrumem seus unifor-
do adversário em torno de qualquer parte de seu mes, não deverá permitir que eles se sentem sobre
corpo, e claramente levantar seu adversário, que es- os calcanhares. O judogui (uniforme de Judô) deve
tava de costas no solo. ser arrumado na posição shizen-tai (postura na-
"h) Em qualquer outro caso em que o árbitro tural).
central julgue necessário. O árbitro central não deve comandar mate
"Quando o árbitro central comandar mate, os (parem), quando os competidores estiverem em
competidores deverão ficar em pé, caso o árbitro vias de sair j o n a i (área de combate).
central necessite falar algo ou ordenar que eles
Via de regra, para aplicar a não combati-
arrumem seus uniformes; caso a interrupção seja
vidade primária, aos dois competidores, o árbitro
demorada, poderão sentar-se com as pernas cruza-
central deve comandar mate (parem). Inclusive,
das. Somente para receber cuidados médicos é que
para efeito de padronização, se necessário, o árbi-
os competidores terão permissão para assumir
tro central deve ordenar que os competidores ar-
outras posições."
rumem seus uniformes, antes de aplicar qualquer
penalidade e, a seguir, comandar hajime (começar).
3.27.1. - Comentário
Durante o desenrolar do ne-waza (luta de so-
lo), quando houver o desvencilhamento de ossaeko-
"Caso o árbitro central comande mate, por
mi (imobilização), shime-waza (chaves de asfixia)
engano, durante o ne-waza e os competidores se
ou kansetsu-waza (chaves de articulação), o árbitro
tiverem separado, o árbitro central e os árbitros la-
central não deve comandar mate (parem) e sim
terais podem, de conformidade como artigo 14,
permitir que a luta tenha um prosseguimento
recolocar os competidores, tanto quanto possível,
natural.
nas posições originais em que estavam antes da se-
paração e reiniciar o combate, procurando-se as- Todavia, durante uma imobilização, caso tori
sim corrigir uma injustiça praticada contra um (atacante) cometa uma infração deve-se interrom-
dos competidores." per a luta, através do comando de mate (parem).
Por outro lado, caso seja uke (atacado) quem co-
3.27.2. — Análise e Recomendações meta a falta, deve-se paralizar o combate, através
de sono-mama (não se movam) e aplicar a'penali-
dade no local. Inclusive, em situações dessa natu-
Antigamente, quando o árbitro central co-
reza, o árbitro central tem a liberdade de aplicar
mandava mate (parem), o tempo regulamentar
a penalidade, sem paralizar o combate, para infra-
de luta nao era interrompido. Havia necessidade,
ções ao nivel de shido (observação) e chui (adver-
caso a interrupção fosse demorar além de quatro
tência).
ou cinco segundos, do árbitro central solicitar
jikan (tempo). Caso ele se esquecesse de pedir
jikan (tempo), um dos laterais poderia solicitar 3.28. - Artigo 28 - Decisão após um Ato Proibido
ao cronometrista que parasse o cronômetro.
Com essa modificação, o espaço útil para o "Quando um combate tenha sido decidido
combate, dentro do tempo regulamentar de luta por hansoku (desclassificação), fusen (ausência),
foi aumentado. Tanto é assim que nos combates kiken (desistência), ferimento ou acidente, o árbi-
em que se disputavam medalhas, o tempo regula- tro central deverá indicar aos competidores o
mentar que era respectivamente de 10 minutos vencedor do combate; caso a decisão seja hiki-
para a medalha de ouro e de 8 minutos para as -wake (empate), este será o resultado a ser anun-
medalhas de bronze, foi reduzido para 7 minutos. ciado pelo árbitro central."

64
3.28.1. — Análise e Recomendações elevada acima e à frente da cabeça movimentá-la
da direita para a esquerda duas ou três vezes.
O título deste artigo está totalmente fora Nota: Se uma retificação tiver que ser feita, ela de-
de conexão com o texto. verá ser realizada o quanto antes, logo após o gesto
Melhor seria que os tipos de vitória que po- de anulação.
dem ocorrer durante uma competição fossem dis- X I I . Para indicar o vencedor do combate, ele-
criminados no Artigo 26 - Declaração do Julga- var a mão acima da altura dos ombros, na direção
mento ou até mesmo neste artigo, mudando-se o do vencedor.
seu título para Tipos de Vitória. Logicamente, de X I I I . Quando aplicar uma penalidade a um ou
acordo com o tipo de vitória que ocorresse, o ár- a ambos os competidores, o árbitro central deverá
bitro central indicaria o vencedor ou proclama- apontar o infrator com um dedo estendido.
ria hiki-wake (empate). b) Árbitros Laterais
I. Para indicar que um competidor não saiu
3.29. - Artigo 29 - Gestos Oficiais da área de combate, o árbitro lateral deve elevar
e abaixar uma das mãos até a altura do ombro, na
"Os árbitros deverão realizar os seguintes direção da linha demarcatória da área de combate,
gestos, quando ocorrerem as seguintes ações: geralmente com a borda do polegar para cima e
"a) Árbitro Central permanecer alguns instantes nessa posição.
I. Ipom. Elevar uma das mãos acima da I I . Para indicar que, na sua opinião, um dos
cabeça. competidores saiu da área de combate, o árbitro
I I . Waza-ari. Elevar uma das mãos com a pal- lateral deve elevar uma das mãos na altura do om-
ma para baixo, lateralmente ao corpo e à altura bro, na direção da linha demarcatória da área de
do ombro. combate, geralmente com a borda do polegar para
I I I Yuko. Elevar uma das mãos com a palma cima e movimentá-la da direita para a esquerda vá-
para baixo, lateralmente, a 45 graus do corpo. rias vezes.
IV. Koka. Elevar e flexionar um dos braços, III. Para indicar que, na sua opinião, uma mar-
com a borda do polegar ao lado do ombro e o co- cação anunciada pelo árbitro central, como no ar-
tovelo na altura dos quadris. tigo 29 (a) acima, não tem qualquer validade, o ár-
V. Ossaekomi. Apontar um braço para baixo, bitro lateral deverá elevar uma das mãos acima e à
distante do corpo, na direção dos competidores, ao frente da cabeça e movimentá-la da direita para a
mesmo tempo que dirige o olhar e inclina o corpo esquerda duas ou três vezes.
na direção dos competidores. IV. Para discordar de uma marcação indicada
V I . Ossaekomi-toketa. Elevar uma das mãos pelo árbitro central, o árbitro lateral deverá exe-
à frente e movimentá-la da direita para a esquerda cutar o gesto apropriado, entre os previstos na le-
rapidamente, duas ou três vezes. tra a acima, de conformidade com o artigo 2 4 . "
V I I . Hiki-wake. Elevar uma das mãos para o
alto e abaixá-la à frente do corpo (borda do dedo 3.29.1. - Comentário
polegar para cima) e permanecer nessa posição um
certo espaço de tempo. "Os gestos acima mencionados geralmente
V I I I . Mate. Elevar uma das mãos até a altura devem ser mantidos por um mínimo de três se-
dos ombros, com o membro superior paralelo ao gundos.
tatâmi, mostrando a palma da mão, com os dedos "Quando o árbitro central anunciar uma pon-
para cima, na direção do cronometrista. tuação, geralmente, deverá localizar-se de tal modo
IX. Para indicar que uma técnica não foi que durante a sustentação do gesto ele possa obser-
considera válida, elevar uma das mãos acima e à var as reações do árbitro lateral que esteja mais
frente da cabeça e movimentá-la da direita para a convenientemente localizado, sem desviar sua aten-
esquerda duas ou três vezes. ção dos lutadores.
X. Para indicar que na sua opinião um ou am- "Caso um árbitro lateral considerar que um
bos competidores sao culpados de "não-combativi- ou ambos os competidores são culpados de "não-
dade", elevar as mãos na altura do tórax, à frente -combatividade", inicialmente, deverá executar o
do corpo, e girá-las uma em torno da outra na dire- gesto apropriado, enquanto permanece sentado
ção do competidor ou competidores faltosos. em sua cadeira; caso acredite, posteriormente,
X I . Para indicar uma marcação anunciada er- que o outro árbitro lateral ou o árbitro central não
roneamente, repetir o gesto da marcação conside- tenham visto seu gesto, poderá então levantar-se
rada errada com uma das mãos e com a outra mão à frente de sua cadeira, executando o gesto de

65
"não-combatividade". Quando os dois árbitros vem "geralmente ser mantidos por um mínimo de
laterais estiverem de acordo em que um ou am- três segundos", o tempo máximo de sustentação
bos competidores são culpados de "não-comba- do gesto deve ser, geralmente, de cinco segundos.
tividade", ambos deverão ficar em pé, enquanto
realizam o gesto apropriado até que o árbitro cen-
tral se aperceba da situação e, conseqüentemente,
aplique a penalidade gratuita ou a penalidade con-
veniente. Assim que o árbitro central se aperceber
dos gestos, cada árbitro lateral deverá indicar com
a mão espalmada a marca vermelha ou a branca
da área de combate (as marcas indicam os locais,
onde os competidores devem estar para o início e
o término da luta), como forma de indicar qual se-
ria o competidor infrator, ou com as duas mãos
as duas cores, caso em sua opinião os dois compe-
tidores sejam igualmente culpados."

3.29.2. - Análise e Recomendações

Não resta dúvida que a descrição dos gestos,


por mais bem elaborada que fosse, sempre deixaria
alguma dúvida ou algum detalhe a ser esclarecido.
Para sanar essa falha, acreditamos que devesse
o texto ser acompanhado de ilustrações ou fotos,
uma vez que nem sempre o que está escrito é a con- Para a luta de solo (Fig. 21)
duta que deve ser obedecida, ao pé da letra.
Talvez seja devido à falta de precisão na des-
crição dos gestos que alguns "estilos" se desenvol-
veram, tornando a padronização dos mesmos num
dos pontos mais delicados da arbitragem.
Determinados gestos como o de sono-mama
(não se movam) (fig. 20 e 21), previstos no Artigo
13 e o de hantei (julgamento) (fig. 22), descrito
no Artigo 25, deveriam integrar especificamente
o presente artigo.
Muito embora se possa ler no primeiro pará-
grafo do comentário deste artigo que os gestos de-

Gesto de sono-mama para a luta em pé (Fig. 20) Gesto de hantei (julgamento), (fig. 22)

66

Outros gestos omitidos nas regras, talvez por
serem tradicionais, tais como arrumar o judogui
(uniforme de Judô) (fig. 23), apertar o obi (faixa)
(fig. 24), ordenar que os competidores se levantem
(tate) (fig. 25), deveriam igualmente fazer parte
deste artigo.

Gesto para que os competidores se levantem (tate). (fig. 25)

De acordo com o que estabelece o Artigo


40 - Lesão, Mal Súbito ou Acidente, cada compe-
tidor tem direito a um tempo de, no máximo, cin-
co minutos por luta a título de recuperação. Esse
período é geralmente denominado "tempo medi-
co .
Está padronizado que esse período tem início
quando o médico, enfermeiro ou massagista aden-
tra a quadra de competição e deve ser interrompi-
do quando o responsável pelo atendimento deixa o
shiai-jo (quadra de competição), não havendo ne-
cessidade do árbitro central, através de gestos, ma-

Gesto para arrumar o judogui (uniforme de Judô). (fig. 23)

Gesto do tempo de recuperação de cinco minutos ou


Gesto para apertar o obi (faixa), (fig. 24) "tempo médico", (fig. 26)

67
nifestar-se sobre o início e a interrupção desse
tempo.
Todavia, como o referido artigo também esta-
belece que o tempo de recuperação deve ser aplica-
do "inclusive para amarrar e desamarrar banda-
gens", fato que na maioria das vezes é realizado pe-
lo próprio competidor, dever-se-ia estabelecer um
gesto padrão para o referido "tempo médico" ou
de recuperação, a exemplo do que foi adotado pe-
los países filiados à União Panamericana de Judô.
(fig. 26)
Também não está padronizado internacional-
mente o gesto para autorizar a entrada do médico
ou responsável pelo atendimento de urgência na
quadra de competição, apesar de já ser tradicional
o gesto demonstrado abaixo, na figura 27.
Gesto de permissão para que o competidor se sente. (fig. 28)

O gesto de chamada para consulta ou confa-


bulação, dirigido aos árbitros laterais, está omitido
neste artigo, não havendo uma padronização ofici-
al, apesar de que tradiconalmente se adote o gesto
demonstrado na figura 29.

Gesto para autorizar a entrada do médico, (fig. 27)


Durante o atendimento médico a um dos
competidores, o árbitro central poderá autorizar
que o seu adversário sente-se na posição agura (sen-
tado com as pernas cruzadas).
Igualmente essa permissão poderá ser concedi-
da quando o combate for interrompido e o árbitro
central entender que haverá considerável demora
Gesto de chamada para consulta aos árbitros laterais, (fig. 29)
para o seu reinicio, por exemplo, quando um dos
competidores tiver que ser conduzido até o vestiá- Os sete primeiros gestos estabelecidos para o
rio para trocar as calças que se rasgaram durante a árbitro central devem ser acompanhados de vozes
luta. de comando.
68 #
Entretanto, a voz de comando correta, quan-
do uma imobilização foi desfeita é toketa, aliás
como acertadamente determina o Artigo 23 — Os-
saekomi (imobilização), e não ossaekomi-toketa,
como antigamente se comandava e como, impro-
priamente, aparece no item IV da letra a do pre-
sente artigo.
Os gestos previstos tanto para o árbitro cen-
tral como para árbitros laterais, dependendo das
situações, podem ser realizados com qualquer das
mãos. Dessa forma a determinação constante nos
itens VI, IX e XI da letra a e // e /// da letra b, de
que se deve movimentar a mão "da direita para a
esquerda" deve ser interpretada como "de um la-
do para o outro".
O ato de levantar uma ou as duas bandeiras
indicativas, previsto pelo Artigo 25 — Hantei
(julgamento), não deixa de ser um gesto que po-
deria ser especificado neste artigo, na letra b.
Para que haja melhor entendimento deste
artigo, nos permitimos ilustrar os gestos oficiais
com fotografias.
Inicialmente, veremos os gestos oficiais pre-
vistos para o árbitro central:
Il Gesto de waza-ari (quase ipom). (fig. 31)

/ Gesto de ipom (ponto completo), (fig. 30)


V Gesto de ossaekomi (imobilização). (fig. 34) VII Gesto de Hiki-wake (empate), (fig. 36)

70
Para indicar que uma técnica não foi conside-
rada válida, elevar uma das mãos acima e à frente
da cabeça e movimentá-la, de um lado para o ou-
t r o , três vezes. (fig. 38)

IX Gesto de torikeshi (anulação) simples, (fig. 38) XI Gesto de torikeshi (anulação) de marcação, (fig. 40)

71
Para indicar que na sua opinião um ou os dois
competidores são culpados de "não-combativida
de", elevar as mãos na altura do tórax, à frente do
corpo, e girá-las uma em torno da outra na direção
do infrator ou infratores. A seguir, o árbitro central
deve aplicar a penalidade "grátis" ou a punião ade-
quada, de acordo com as regras.
Para anular uma marcação anunciada erronea-
mente, isto é, da qual os dois árbitros laterais dis-
cordem e demonstrem, entre si, apreciações idênti-
cas, o árbitro central deve repetir o gesto da marca-
ção considerada errada com uma das mãos e com a
outra mão elevada acima e à frente da cabeça mc-
vimentá-la, de um lado para o outro, três vezes.
Caso haja necessidade de ser feita uma retifi-
cação, isto é, caso os árbitros laterais tenham apre-
sentado uma marcação positiva, o árbitro central
deverá, em continuação, comandar a marcação de
seus colegas.
Para indicar o vencedor do combate, elevar a
mão acima da altura dos ombros, na direção do
vencedor.

XII Gesto de kachi (vitória), (fig. 41)

Antes de aplicar uma penalidade, o árbitro


central deve demonstrar a razão pela qual a puni-
ção será marcada.
De conformidade com o Artigo 24 — Opinião
não solicitada dos Árbitros Laterais, estes deverão
manifestar-se através de gestos oficiais, entre os que
foram estabelecidos na letra a deste artigo, sempre
que discordarem de uma marcação indicada pelo
árbitro central.
Além desses sinais, são previstos mais dois ges-
tos oficiais, na letra b deste artigo, para os árbitros
laterais:

72
// Gesto de fora da área de combate, (fig. 44)

Acreditamos que não haja razão para que o


comentário deixe de fazer parte do presente artigo,
mesmo porque estabelece o gesto de indicação do
infrator ou infratores da regra de não combativi-
dade.
Essa indicação só é feita quando os dois late-
rais concordem que está havendo não-combativi- IV — Introduzir um ou vários dedos na manga
dade. ou na "boca das calças" do adversário ou, ainda,
0 gesto de indicação deverá ser feito em pé. torcer a manga do adversário, fazendo um torni-
Cada árbitro lateral deverá indicar com a mão es- quete.
palmada a marca vermelha ou a branca, como for- V - Entrelaçar continuamente os dedos de
ma de indicar ao árbitro central o competidor fal- uma ou de ambas as mãos com os dedos do adver-
toso. Caso os dois competidores sejam igualmente sário, a fim de impedir ação no combate.
culpados de não combatividade, a indicação deverá VI — Desarrumar intencionalmente o próprio
ser feita com ambas as mãos, como demonstra a judogui (uniforme de Judô); amarrar ou desamar-
figura 45. rar a faixa ou as calças, sem autorização do árbitro
central.
3.30. - Artigo 30 - Atos Proibidos V I I - Na posição em pé, agarrar o(s) pé(s),
a(s) perna(s), ou ainda a(s) "perna(s) das calças"
"Todas as seguintes ações são proibidas: do adversário, com a(s) mão(s), a menos que, si-
"Faltas leves - normalmente penalizadas com multaneamente, esteja aplicando uma técnica de
SHIDO; projeção.
1 - Evitar deliberadamente contato com o ad- VIII - Enrolar com a ponta da faixa ou com a
versário, a fim de obstruir a ação no combate. parte inferior do casaco qualquer parte do corpo
Il — Adotar uma postura excessivamente de- do adversário.
fensiva. IX — Prender o judogui do adversário com a
I I I — Segurar continuamente, na posição em pé, boca ou colocar diretamente sobre o rosto do ad-
com as duas mãos, de um mesmo lado, a gola, a la- versário a mão, o braço, o pé ou a perna.
pela ou a manga do adversário, ou a sua faixa ou a X — Estando um competidor deitado, tentar
parte inferior de seu casaco, com uma ou com am- segurar o adversário pelo pescoço ou axilas com as
bas as mãos e, na posição em pé, segurar continua- pernas, quando este lograr uma posição de joelhos
mente a ponta da manga do adversário, com objeti- ou quase de pé e em condições de levantar o com-
vo defensivo. petidor deitado.

73
"Faltas moderadas - normalmente penaliza- X X V I I I . Estando agarrado pelas costas, jo-
das com CHUI; gar-se propositalmente para trás, quando qualquer
XI — Aplicar a ação de do-jime (tesoura de dos competidores tiver controlado os movimentos
pernas) no tronco, pescoço ou cabeça do adversá- do outro.
rio. "A presente divisão de infrações em quatro
XII — Bater com o joelho ou com o pé na mão grupos foi elaborada para servir de guia, a fim de
ou no braço do adversário para forçá-lo a soltar facilitar a compreensão por todos das penalidades
uma pegada. normalmente aplicadas, quando forem cometidas
XIII — Colocar o pé ou a perna na faixa, lapelas ações proibidas. Os árbitros estão autorizados a
ou gola do adversário ou, ainda, torcer um ou mais aplicar as penalidades de acordo com a "intenção"
dedos do adversário para fazê-lo soltar a pegada. ou a situção e no melhor interesse do esporte.
XV — Na posição em pé, sair da área de comba- "Todo competidor, que cometer ou tentar
te ao aplicar uma técnica iniciada nessa área. cometer qualquer das ações proibidas, acima
"Faltas graves - normalmente penalizadas com mencionadas, poderá ser desclassificado ou pena-
KEIKOKU; lizado pelo árbitro central, de acordo com estas
XVI — Na posição em pé, intencionalmente, sair regras."
da área de combate ou intencionalmente forçar o
adversário a sair da área de combate. 3.30.1. - Comentário
XVII — Tentar projetar o adversário com kawazu-
gake. (Kawazu-gake é uma técnica não originária "A despeito do Artigo 4 - Localização, ca-
do Judô, executada quando se entrelaça uma perna so o árbitro central julgue que um competidor in-
em torno de uma das pernas do adversário, com a tencional e contrariamente ao Espírito do Judô,
face dirigida, mais ou menos, para a mesma direção tenha projetado seu adversário para fora da área
do adversário e caindo para trás sobre ele). de combate, deverá penalizá-lo.
VIM. Aplicar kansetsu-waza (chaves de arti "Em relação ao item II deste artigo, uma si-
culação) em qualquer parte do corpo que não seja tuação de não combatividade será constatada,
a articulação do cotovelo. quando geralmente por 20 a 30 segundos, nenhum
XIX. Realizar qualquer ação que possa ofender movimento ofensivo é feito por um ou por ambos
o pescoço ou a coluna vertebral do adversário. os competidores. Este período de tempo poderá ser
XX. Estando o adversário em decúbito dor- maior ou menor, de acordo com as circunstâncias.
sal, levantá-lo com o objetivo de novamente lan- As disposições deste artigo e comentário relaciona-
çá-lo ao solo. das com a não-combatividade não se aplicam ao
ne-waza (luta de solo)."
X X I . Golpear por entre as pernas, a perna de
apoio do adversário, quando ele estiver aplicando
um golpe tipo harai-goshi (varredura de quadris). 3.30.2. - Análise e Recomendações
X X I I . Tentar aplicar qualquer técnica fora da
área de combate. A sugestão do grupamento dos atos proibidos
X X I I I . Desrespeitar as instruções do árbitro e suas conseqüentes ou correspondentes penalida-
central. des foi aprovada no Congresso da Federação Inter-
XXIV. Fazer interpelações, observações ou nacional de Judô, em 1975, realizado na cidade de
gestos inúteis ou descortezes ao adversário. Viena, Áustria, por ocasião do 9º Campeonato
XXV. Praticar qualquer ação que possa ferir Mundial de Judô.
ou oferecer perigo ao adversário ou, ainda, que Essa modificação somente integrou a edição
possa ser contrária ao Espírito do Judô. oficial das Regras de Competição da FIJ, por oca-
X X V I . Jogar-se diretamente ao solo ao exe- sião de sua próxima publicação em 1977.
cutar ou tentar executar técnicas do tipo waki- A idéia, do Sub Comitê de Arbitragem da
-gatame. Federação Internacional de Judô, vinha acompa-
"Faltas muito graves — normalmente penalizadas nhada da recomendação de se relacionar, em qua-
com HANSOKU-MAKE; tro seções, os atos proibidos ordenados em alga-
X X V I . Lançar-se diretamente ao solo com a rismos romanos, ao invés da ordem alfabética de
finalidade de apoiar a cabeça, flexionando o tronco a az.
para a frente e para baixo ao executar ou tentar Essa recomendação, inclusive, iria permitir
executar técnicas do tipo uchi-mata, hane-goshi que pudesse ser relacionado um número maior de
ou harai goshi. atos proibidos, se fosse o caso.

74
Todavia, até os nossos dias, essa oportuni- por 20 a 30 segundos, nenhum movimento ofensi-
dade não foi aproveitada. Sem considerarmos o vo é feito por um ou por ambos os competidores.
terceiro item, que descreve várias situações dife- Este período de tempo poderá ser maior ou menor,
rentes, por exemplo, verificamos que: de acordo com as circunstâncias. As disposições
0 item IV prevê duas situações distintas: deste artigo e comentário relacionadas com a não
1 a ) "Introduzir um ou vários dedos na combatividade não se aplicam ao ne-waza (luta de
manga ou na "boca das calças" do adversário..." solo)."), estabelecem uma identificação entre não-
2a ) ". . . torcer a manga do adversário, fa- -combatividade e postura excessivamente defensi-
zendo um tomiquete." va. Essa identificação nem sempre é verdadeira,
Por sua vez, o item IX também apresenta duas uma vez que se pode atacar com eficiência desde
ações proibidas: uma postura exageradamente defensiva. Também
1 a ) "Prender o judogui do adversário com a é verdadeira a afirmação de que pode haver a não-
boca. . . " -combatividade mesmo o competidor adotando
2a ) ". . . colocar diretamente sobre o rosto uma postura correta e realizando "ataques falsos".
do adversário a mão, o pé ou a perna." Em sendo assim, nos parece muito justo rela-
0 item XIII igualmente relaciona dois atos cionar a não-combatividade como um dos itens
proibidos distintos: proibidos previstos por este artigo.
1o. ) "Colocar o pé ou a perna na faixa, lape- Gostaríamos de ressaltar que, atualmente, a
las ou gola do adversário..." correspondência de um ato proibido com uma pe-
2V ) ". . . torcer um ou mais dedos do adver- nalidade é um fato muito difícil, senão impossí-
sário para fazê-lo soltar a pegada." vel, de ser disassociado. Talvez seja por essa razão
O item XXV também prevê duas situações, que a qualificação dos atos proibidos foi direta-
apesar de que a segunda não só engloba a primei- mente caracterizada nas diferentes penalidades no
ra mas todas as demais ações previstas neste ar- Artigo 30 — Atos Proibidos e não no Artigo 31
tigo. — Penalidades. De qualquer forma, esses dois
1º ) "Praticar qualquer ação que possa ferir artigos possuem um íntimo relacionamento.
ou oferecer perigo ao adversário.. ."
2 a ) ". . . ou, ainda, que possa ser contrária ao 3.31. - Artigo 31 - Penalidades
Espírito do Judô."
Por sua vez, o item XX, ("Estando o adversá- "O árbitro central comandará shido (obser-
rio em decúbito dorsal, levantá-lo com o objetivo vação), chui (advertência), keikoku (repreensão)
de novamente lançá-lo ao solo."), deveria ser re- ou hansoku-make (desclassificação), de acordo
movido das regras, ou ser totalmente reescrito. com a gravidade de qualquer infração dentre as
Primeiro porque quando, nessas ocasiões, o com- enumeradas no artigo 30. De forma geral, a sim-
petidor levanta seu adversário o árbitro central ples repetição de uma infração de uma categoria,
comanda mate (parem) e, segundo, porque é prati- das acima mencionadas, merecerá uma penali-
camente impossível julgar o objetivo do competi- dade correspondente à categoria imediatamente
dor dessa situação. Também porque, lançar o ad- superior.
versário ao solo, não nos parece uma ação proibida.
Falta haveria, se o competidor que estivesse em de- "Se um competidor for penalizado com
cúbito dorsal fosse levantado e, a seguir, fosse "so- shido (observação), seu adversário será benefi-
cado" diretamente no solo. ciado com um koka (quase yuko); caso seja penali-
zado com chui (advertência), seu adversário será
Com o estabelecimento de penalidades cor-
beneficiado com um yuko (quase waza-ari) e caso o
respondentes aos atos proibidos, não vemos razão
keikoku seja aplicado a um competidor, o outro
para que o último parágrafo deste artigo, ("Todo
será beneficiado com um waza-ari (quase ipom).
competidor, que cometer ou tentar cometer qual-
quer das ações proibidas, acima mencionadas, po- "Caso o árbitro central resolva aplicar chui
derá ser desclassificado ou penalizado pelo árbitro (advertência), deverá interromper temporariamente
central, de acordo com estas regras"), continue in- o combate, reconduzir os competidores aos lugares
tegrando o texto das regras, mesmo porque essa onde eles iniciaram o combate, na posição em pé,
determinação será reiterada no artigo seguinte que e comandar chui (advertência), apontando o dedo
trata das penalidades. o competidor que cometeu a ação proibida.
0 último parágrafo do comentário, ("Em rela- "Caso o árbitro central resolva aplicar kei-
ção ao item // deste artigo, uma situação de não koku (repreensão), deverá interromper tempora-
combatividade será constatada, quando geralmente riamente o combate, geralmente reconduzir os

75
competidores aos lugares onde eles iniciaram o "(4) Quando um competidor infringir os pa-
combate, na posição em pé, e comandar keikoku grágrafos XV ou X V I do Artigo 30, a penalidade
(repreensão), apontando com o dedo o competi- deverá ser aplicada da seguinte maneira:
dor que cometeu a ação proibida. a) Quando um competidor sair deliberada-
"Quando a luta se desenvolver em ne-waza e mente da área de combate ou tentar aplicar uma
o competidor que está em desvantagem cometer técnica com o objetivo de sair da área de combate,
uma infração, merecendo ser penalizado, o árbitro a penalidade será keikoku.
central deverá comandar sono-mama, aplicar a pe-
b) Quando um competidor deliberadamente
nalidade e reiniciar o combate anunciando yoshi.
forçar seu adversário a sair da área de combate (in-
"Caso quem cometa a falta, merecendo ser pe- clusive no caso assinalado no comentário do Arti-
nalizado, seja o competidor que estiver uma posi- go 30), a penalidade será keikoku.
ção vantajosa, o árbitro central deverá comandar
c) Quando um competidor sair da área de
mate, retornando os competidores aos lugares onde
combate em conseqüência de seus esforços para
eles iniciaram o combate, na posição em pé, apli-
desequilibrar seu adversário, a penalidade será
car a penalidade, (se for o caso, anunciar a marca-
chui. Todavia, caso ele saia da área de combate
ção correspondente ao ossaekomi desenvolvido),
como resultado da ação de seu adversário não
e reiniciar a luta comandando hajime."
deverá ser penalizado.
"Caso o árbitro central resolva aplicar hanso-
"(5) A primeira indicação feita pelo árbitro
ku-make, de conformidade com o parágrafo 7 do
central, (Artigo 29, letra a, item X), no sentido
comentário deste artigo, ele deverá reconduzir os
de que ele considera que um ou ambos os competi-
competidores aos lugares onde iniciaram o comba-
dores são culpados de não-combatividade, não
te, na posição em pé, em seguida deverá colocar-se
acarretará nenhuma penalidade aos competidores
entre eles, frente ao competidor infrator e coman-
avisados. As indicações seguintes acarretarão pe-
dar hansoku-make, indicando-o. Deverá retornar à
nalidades de acordo com o artigo ao qual se refe-
sua posição original e levantar a mão, indicando o
re este comentário.
vencedor do combate."
"(6) a) Quando um competidor puxar seu
adversário para o ne-waza, em discordância com o
3.31.1. — Comentário
Artigo 9 e o adversário não aproveitar para con-
tinuar a luta em ne-waza, o árbitro central deverá
"(1) Shido é, geralmente, aplicado a todo
interromper a luta, comandando mate, e aplicar
competidor que esteja prestes a cometer ou já
chui ao competidor que infrigiu o Artigo 9.
tenha cometido uma falta muito leve do Artigo
30 - Atos Proibidos. b) Quando um competidor puxar seu ad-
Chui é, geralmente, aplicado a todo compe- versário para o ne-waza, em discordância com as
tidor que repita uma falta muito leve ou que regras do Artigo 5 e o adversário aproveitar para
cometa uma falta moderada do Artigo 30. continuar a luta em ne-waza, o combate poderá
ter seqüência, porém o árbitro central deverá
Keikoku é, geralmente, aplicado a todo
aplicar chui ao competidor que infringiu o Ar-
competidor que repita uma falta moderada ou
tigo 9.
cometa uma falta grave do Artigo 30.
Hansoku-make é, geralmente, aplicado a to- "(7) Antes de aplicar keikoku ou hansoku-
do competidor que repita uma falta grave ou que make, o árbitro central deverá consultar os árbi-
cometa uma falta muito grave do Artigo 30. tros laterais e declarar a decisão de acordo com
a opinião majoritária dos três.
"(2) Quando, ao mesmo tempo, os dois
competidores infringirem as regras, cada um de- "(8) As penalidades não são cumulativas. Ca-
verá ser punido de acordo com a gravidade da falta da penalidade deve ser aplicada em seu próprio
cometida. valor.
"(3) Quando os dois competidores já tiverem A aplicação de uma segunda ou subseqüen-
sido penalizados com keikoku e, posteriormente, te penalidade, automaticamente anula uma pe-
receberem outra penalidade, ambos deverão ser nalidade anterior. Sempre que um competidor
penalizados com hansoku-make. Todavia, os árbi- já tenha sido penalizado, qualquer penalidade
tros (central e laterais) poderão dar a decisão final posterior que ele venha a sofrer deverá ser apli-
sobre este caso particular de acordo com o Arti- cada, pelo menos, no próximo valor mais alto
go 41 — Situações Não Previstas pelas Regras. em relação à penalidade existente."

76
3.31.2. — Análise e Recomendações Os técnicos devem orientar os competidores,
particularmente, sobre as conseqüências de desen-
O segundo parágrafo deste artigo, lamen-
volver a luta na zona de perigo.
tavelmente, não esclarece que a transposição das
O que mais desgosta a todos, competidores,
penalidades registradas no placar, transformadas
técnicos, público e organizadores é a falta de padro-
em vantagens técnicas equivalentes, somente será
nização nos casos de saídas da área de combate, É
efetivada no final da luta, também o m i t i n d o o ca-
imprescindível que haja igualdade, por parte dos
so de que " q u a n d o um competidor seja penaliza-
árbitros, no que diz respeito à aplicação de chui
do com hansoku-make (derrota por desclassifica-
(advertência) e keikoku (repreensão).
ção), seu adversário será beneficiado com os p o n -
Para aplicar a não-combatividade aos dois
tos equivalentes ao ipom (ponto c o m p l e t o ) " , uma
atletas, o árbitro central deve comandar mate (pa-
vez que esse t i p o de vitória (hansoku-gachi) t e m
rem) e não sono-mama (não se movam).
o mesmo valor da vitória por ipom-gachi (vitória
Quando houver uma infração às regras, o ár-
por p o n t o c o m p l e t o ) .
b i t r o central deverá cumprir o regulamento e não
"Este artigo também é omisso sobre o " m o d u s
advertir o infrator de que "r\a p r ó x i m a v e z " ele
o p e r a n d i " da aplicação do shido (observação), ]á
será penalizado.
que estabelece orientação para a aplicação de chui
Por essa razão é que acreditamos que, ante-
(advertência), keikoku (repreensão) e hansoku-
cedendo as competições de menores ou de judocas
make (derrota por desclassificação).
menos graduados, dever-se-ia obrigatoriamente pro-
O primeiro item do comentário diz que
mover uma clínica para os participantes.
" S h i d o é, geralmente, aplicado a t o d o competi-
Quando houver eficiência no ataque, e o
dor que esteja prestes a cometer ou já tenha co-
kumi-kata (técnica de pegada) estiver sendo reali-
metido uma falta muito leve do A r t i g o 30 (Atos
zado de um só lado, por exemplo no yama-arashi
Proibidos), " ( g r i f o nosso)
(tempestade na montanha), o competidor não
Na verdade não se pode penalizar um compe-
deve ser penalizado.
t i d o r antes dele cometer uma infração. Por o u t r o
Nos casos de seguidas trocas de pegadas, sem
lado, o ato proibido referente à aplicação de shido
haver efetividade de combate, o árbitro central de-
(observação), de acordo com o A r t i g o 30 - Atos
verá aplicar a regra da não-combatividade.
Proibidos, é uma falta leve e não muito leve.
Deve-se diferenciar o que seja "postura exa-
O item oitavo do comentário faz uma afirma- geradamente defensiva" e "não-combatividade".
ção, (". . . Cada penalidade deve ser aplicada em No primeiro caso deve-se aplicar diretamente
seu p r ó p r i o v a l o r . " ) , que não é verdadeira, uma vez shido (observação).
que mais adiante pode-se ler que ". . . Sempre que Segurar na faixa ou nas abas do wagui (pale-
um competidor já tenha sido penalizado, qualquer tó) do adversário, durante a luta de solo, não é
penalidade posterior que ele venha a sofrer deverá falta.
ser aplicada, pelo menos, no p r ó x i m o valor mais Quando, em casos de juji-gatame (chave ar-
alto em relação à penalidade existente. ticular em cruz), houver solicitação dos punhos ou
Este artigo e seu comentário sofreram várias dos dedos das mãos, forçando as articulações, de-
modificações, no correr dos anos. A verdade é que, ve-se aplicar chui (advertência).
dada a sua importância, merece ser reescrito, a f i m
de não propiciar uma falta de padronização na apli- 3.32. - A r t i g o 32 Determinação de I p o m
cação das penalidades.
De qualquer f o r m a , nas clínicas de arbitragem "O julgamento de ipom deverá ser feito nos
que antecedem as competições, os árbitros devem seguintes casos:
ser orientados quanto à padronização de critérios
sobre os atos proibidos e suas conseqüentes pena- "a) Nague-waza (técnicas de projeção)
lidades.
Os árbitros não devem subir no shiai-jo (qua- I. Quando, aplicando uma técnica ou contra-
dra de competição) com o firme propósito de pe- golpeando a técnica do adversário, o competidor
nalizar os competidores. o projetar sobre a maior parte de suas costas, com
Os atos proibidos e as penalidades não f o r a m considerável força ou velocidade.
idealizados para punir ou prejudicar os competi-
"b) Katame-waza (técnicas de domínio)
dores, e sim para que as lutas se desenvolvam de
acordo com critérios justos, iguais, t o r n a n d o os I. Quando o competidor disser maita (desis-
combates mais dinâmicos. to) ou bater em seu próprio corpo, ou no do ad-

77
versário, ou ainda no solo, com a mão ou com o aos dois competidores aplicarem técnicas de
pé duas ou mais vezes. kansetsu-waza (chaves de articulação) e shime-waza
I I . Quando o competidor não puder desven- (técnicas de estrangulamentos), desde que aplica-
cilhar-se de uma imobilização no espaço de 30 se- das durante o controle da imobilização anunciada
gundos, após o comando de osaekomi. pelo árbitro central.
III. Quando o efeito de uma técnica de shi- Inclusive, acreditamos que toda essa questão
ne-waza (técnicas de estrangulamento) ou kansetsu- devesse figurar no grupamento de artigos que trata
-waza (chaves de articulação) for suficientemente do tempo regulamentar de luta.
nítido." Com relação à aplicação de shime-waza (téc-
nica de estrangulamento) e de kansetsu-waza (cha-
3.32.1. — Comentário ves de articulação), devemos esclarecer que esses
golpes somente são estudados e, conseqüentemen-
"Quando um competidor que controla seu te, permitidos em competições para os maiores de
adversário com uma imobilização anunciada, tro- catorze anos e que sejam, no mínimo, san-kyu
cá-la por outra, ou por sucessivas imobilizações, (faixas verdes).
sem perder o controle do osaekomi, o tempo con- O árbitro central deverá ter uma particular
tinuará a ser computado até o anuncio de ipom ou atenção em casos de shime-waza (técnicas de es-
até que o adversário consiga desvencilhar-se. trangulamentos) e de kansetsu-waza (chaves de
"Embora se possa dizer que o disposto no Ar- articulação), quando o atacado tiver as pernas
tigo 32, letra a, item I, não foi satisfeito, quando e os braços presos, É válido pedir maita (desistir,
o competidor deliberadamente cair em ponte (com pedir água) só com os dedos, muito embora o pri-
a cabeça e os calcanhares apoiados e com a maior meiro item da letra b deste artigo determine que
parte do corpo sem contato com o solo), após ter o competidor deve bater em seu próprio corpo,
sido projetado, o árbitro central deve proclamar no do adversário ou no solo, com a mão ou com o
ipom, a fim de desencorajar o emprego deste tipo pé duas ou mais vezes.
de técnica." Na verdade, de acordo com o terceiro item
da letra b, o árbitro central pode determinar o
3.32.2. — Análise e Recomendações ipom (ponto completo), nesses casos, quando jul-
gar que o efeito dessas técnicas estiver suficien-
O espírito do ipom-shobu (luta pelo ponto temente nítido.
completo), deve ser a base pela qual se devam
avaliar as técnicas de Judô e, conseqüentemente, 3.33. - Artigo 33 - Determinação de Waza-ari
o resultado de uma luta.
Por mais completa que seja uma definição do "O julgamento de waza-ari (quase ipom) será
ipom (ponto completo), para o seu julgamento há feito nos seguintes casos:
necessidade de uma razoável experiência prática.
Este artigo nos oferece uma quase perfeita "a) Nague-waza (técnicas de projeção)
caracterização dos quesitos necessários para a con-
Quando o competidor aplicar uma técnica de
quista do ipom (ponto completo), ainda mais ago-
projeção que não tenha sido completamente bem
ra, depois da remoção do item // da letra a:
sucedida, (por exemplo, a técnica carece de um dos
"Quando o competidor habilmente levantar três elementos: queda sobre a maior parte das cos-
seu adversário, que estava em decúbito dorsal, até tas, força ou velocidade) e não mereça a qualifica-
a altura de seus próprios ombros, aproximada- ção de ipom.
mente."
O primeiro parágrafo do comentário deste "b) Ossaekomi-waza (técnicas de imobilização)
artigo, ("Quando um competidor que controla
seu adversário com uma imobilização anunciada, Quando o competidor imobilizar o adversá-
trocá-la por outra, ou por sucessivas imobilizações, rio, nos termos do Artigo 32, letra b, item II, por
sem perder o controle do ossaekomi, o tempo (sic) 25 segundos ou mais, porém por menos de 30 se-
continuará a ser computado até o anúncio de ipom gundos."
ou até que o adversário consiga desvencilhar-se."),
deveria ser complementado no sentido de informar 3.33.1. — Comentário
que, nessas ocasiões quando o tempo regulamentar
de luta é prorrogado para a conclusão do tempo de "Quando o competidor tenta aplicar um to-
ossaekomi (imobilização), é perfeitamente válido moe-nague mas é temporariamente mal sucedido e,

78

após um pequeno lapso de tempo em que permane- por exemplo, está deficiente naquilo que é necessá-
ce apoiado de costas, consegue completar o tomoe rio para marcar waza-ari em um dos três elementos:
-nague, ele poderá conquistar no máximo waza-ari queda sobre a maior parte das costas, força ou velo-
porque a projeção está sendo feita desde a posição cidade e não mereça completamente a qualificação
horizontal e não na posição em pé." de waza-ari.

3.33.2. - Análise e Recomendações "b) Ossaekomi-waza (técnicas de /mobilização)

A definição do julgamento do waza-ari (quase Quando um competidor imobilizar o outro,


ipom), quando de técnicas de projeção, necessita nos termos do Artigo 32, letra b, item I I , por 20
de um reparo, uma vez que não é correta a assertiva segundos ou mais, porém por menos de 25 segun-
de que". . . a técnica carece de um dos três elemen- dos."
tos: queda sobre a maior parte das costas, força ou
velocidade. . .". (grifo nosso) 3.34.1. — Recomendações
Essa assertiva de que uma técnica de projeção
Qualificar uma técnica de projeção não é tare-
para merecer waza-ari (quse iporn) pode prescindir
fa das mais fáceis, É imprescindível ter uma razoá-
de um dos três elementos mencionados gera, teori-
vel experiência prática e um sistemático treina-
camente, uma interpretação totalmente errada.
mento.
Sim, porque não se pode aceitar uma projeção, que
resulte numa queda em decúbito ventral, merece- Os critérios são subjetivos, particularmente no
dora de waza-ari (quase ipom). 0 julgamento, sem que diz respeito à distinção entre o yuko (quase
pestanejar, seria koka (quse yuko), portanto muito waza-ari) e o waza-ari (quase ipom).
inferior. É necessário que os árbitros participem de
Em sendo assim, julgamos oportuno interpre- reuniões práticas sobre avaliação de golpes, a fim
tar a definição do waza-ari (quase ipom), para téc- de procurar garantir uma padronização de critérios.
nicas de projeção da seguinte forma: Isso tornará a arbitragem mais justa.
"Quando uma técnica de projeção não tenha Aos competidores devemos recomendar que
sido completamente bem sucedida, isto é, quando a sempre tenham em mente o espírito do ipom-shobu
técnica estiver parcialmente eficiente em um dos (luta pelo ponto completo) ao realizarem suas téc-
três elementos: queda sobre a maior parte das cos- nicas e não simplesmente lutarem por vantagens
tas, força e velocidade, não merecendo a qualifica- técnicas menores.
ção de ipom (ponto completo)."
Com relação ao comentário deste artigo, te- 3.35. — Artigo 35 - Determinação de Koka
mos a dizer que o exemplo ali citado poderia mere-
cer no máximo waza-ari (quase ipom), porque fal-
"0 julgamento de koka (quase yuko será feito
tou continuidade ao lance, ou seja o elemento "ve-
nos seguintes casos:
locidade" foi satisfeito parcialmente no que diz
respeito à sua eficiência.
Logicamente, se a projeção do adversário "a) Nague waza (técnicas de projeção)
através de uma técnica de sutemi-waza (técnicas de
sacrifício), no caso tomoe-nague (projeção em cír- Quando um competidor executar uma técnica
culo), tiver início com o atacante deitado, em de- de projeção, que não foi bem sucedida, porém com
cúbito dorsal, o lance não pode ser considerado de alguma força ou velocidade projetar o adversário
projeção. sobre um de seus lados, coxa (s), estômago ou ná-
degas e não merecer completamente a qualificação
3.34. — Artigo 34 - Determinação de Yuko de yuko.

"0 julgamento de yuko (quase waza-ari) será


feito nos seguintes casos: "b) Katame-waza (técnicas de imobilização)

"a) Nague-waza (técnicas de projeção) Quando um competidor imobilizar o adversá-


rio nos termos do Artigo 32, letra b, item I I , por
Quando o competidor, aplicando uma técnica 10 segundos ou mais, porém por menos de 20 se-
de projeção é apenas parcialmente bem sucedido, gundos."

79
3.35.1. — Comentário os árbitros devem certificar-se, antes de assumirem
seus lugares na quadra de competição, em que con-
"A projeção do adversário sobre seus(s) joe- dições o yusei-gachi deverá ser atribuído."
lho(s), mão(s) ou cotovelo(s) será considerada co-
mo um simples ataque. Da mesma forma, um ossae- 3.36.2. — Análise e Recomendações
komi de até nove segundos será igualmente conta-
do como um simples ataques."
Apesar deste artigo ter sofrido modificações,
decorrentes das mudanças nas regras, da forma co-
3.35.2. — Análise e Recomendações mo está redigido oferece meios para interpretações
frontalmente diversas de seus propósitos.
0 koka (quase yuko) é a marcação mais fácil Senão vejamos, este artigo não estabelece que
de ser avaliada, uma vez que essa pequeníssima van- o yusei-gachi (vitória por superioridade) será deter-
tagem técnica é constada quando o projetado cai minado, somente, no final do tempo regulamentar
sentado, em decúbito ventral ou, ainda, sobre um e ainda, dá a entender que não haverá a transposi-
de seus flancos ou coxas. ção das penalidades em vantagens técnicas equiva-
Entretanto, a fim de valorizar o espírito do lentes.
ipom-shobu (luta pelo ponto completo), a tendên- 0 assunto merece ser estudado. A fim de que
cia é só avaliar uma técnica, tendo como base o este artigo possa cumprir o seu propósito, devemos
ipom (ponto completo), isto é, quando o atacante interpretá-lo da seguinte forma:
demonstre aquele espírito e não quando, simples- "Não tendo havido a marcação de ipom (pon-
mente, agarre um dos membros inferiores do ad- to completo), ou resultado equivalente, e o tempo
versário para que ele caia sentado, a fim de marcar regulamentar de luta expirar, o árbitro central co-
apenas um koka (quase yuko). mandará sore-made (cessar), encerrando o comba-
Caso essa tendência seja realmente efetivada, te. Após a transposição das penalidades em vanta-
as lutas de Judô terão um melhor nível técnico e a gens técnicas equivalentes, se for o caso, feitas pe-
própria modalidade estará se desenvolvendo. lo registrador de combates, dará a decisão de
yusei-gachi (vitória por superioridade) a um dos
3.36. — Artigo 36 — Determinação de Yusei-gachi competidores, de acordo com a seqüência abaixo
discriminada:
"A decisão de yusei-gachi (vitória por superio- "a) Ao competidor que tiver a seu favor um
dade) será feita, de forma geral, nos seguintes waza-ari (quase ipom).
casos: "b) Caso os dois competidores tenham igual-
"a) Quando houver uma marcação de waza-ari mente um waza-ari (quase ipom), ao competidor
(quase ipom) ou uma penalidade de keikoku (re- que tiver a seu favor o maior número de yukos
preensão). (quase waza-ari).
"b) Quando houver uma marcação de yuko "c) Caso os dois competidores tenham o mes-
(quase waza-ari) ou uma penalidade de chui (adver- mo número de yukos (quase waza-ari), ao competi-
tência). dor que tiver a seu favor o maior número de kokas
"c) Quando houver uma marcação de koka (quase yuko).
(quase yuko) ou uma penalidade de shido (observa- "d) Finalmente, caso os dois competidores te-
ção). nham o mesmo número de pontuações, o ár-
"d) Quando houver uma diferen,a identificá- bitro central comandará hantei (julgamento) para
vel na atitude durante o combate ou na habilidade os árbitros laterais. Estes deverão levantar uma de
e eficiência de técnicas, ainda que todas as pontua- suas bandeiras, a branca ou a vermelha, acima de
ções (registradas de acordo com o Artigo 25) sejam suas cabeças e o árbitro central proclamará o
iguais para os dois competidores." yusei-gachi (vitória por superioridade) a um dos
competidores, de acordo com a opinião majoritária
3.36.1. - Comentário das três autoridades."
0 comentário deste artigo, ( " 0 critério para
"0 critério para decidir quando não se empre- decidir quando não se empregará a vitória por
gará a vitória por yusei-gachi ou quando ela será yusei-gachi ou quando ela será atribuída de acordo
atribuída de acordo com as letras a, b, c ou d, aci- com as letras a, b, c, ou d, acima mencionadas,
ma mencionadas, será de responsabilidade do Co- (sic), será de responsabilidade do Comitê Organiza-
mitê Organizador de cada evento em particular e dor de cada evento em particular e os árbitros de-

80
vem certificar-se, antes de assumirem seus lugares Sendo assim, acreditamos que este artigo de-
na quadra de competição, em que. condições o veria ser denominado Determinação do Hansoku-
yusei-gachi deverá ser atribuído."), tendo em vista -gachi (vitória por desclassificação do adversário),
as reiteradas modificações e aprimoramento das re- uma vez que este será o resultado da luta a ser com-
gras, deveria ser removido das mesmas. putado.
Dessa forma, o suposto Artigo 38 — Determi-
3.37. — Artigo 37 - Determinação de Hiki-wake nação de Hansoku-gachi (vitória por desclassifica-
ção do adversário), poderia ser assim estabelecido:
"A decisão de hiki-wake (empate) será feita, "Após aplicar hansoku-make (derrota por des-
quando não existir um resultado positivo e não for classificação), de conformidade com o estabelecido
possível atribuir superioridade a um dos competido- no Artigo 31 — Penalidades, e comandar sore-ma-
res, nos termos do Artigo 36, dentro do tempo es- de (cessar), o árbitro central retornará ao seu lugar
tabelecido para o combate." correspondente. Em continuação, seguindo o pro-
cedimento usual, indicará o vencedor, depois de
3.37.1. — Recomendação ter anunciado hansoku-gachi (vitória por desclassi-
ficação do adversário)."
Tendo em vista os processos de competição Com relação ao comentário, ("A decisão de
adotados nas disputas de Judô, acreditamos que es- desclassificar um competidor de uma competição
te artigo deveria esclarecer que o hiki-wake (empa- só pode ser tomada pelo Comitê Diretor que esti-
te) somente pode ser admitido nas competições ver organizando o evento em questão."), cumpre-
por equipes ou quando for empregado o processo -nos esclarecer, para evitar controvérsias, que a
das pules, desde que assim esteja determinado no aplicação do hansoku-make (derrota por desclassi-
regulamento técnico da competição. ficação) é de inteira responsabilidade do trio de
arbitragem e só a eles cabe decidir a respeito.
3.38. — Artigo 38 — Determinação de Hansoku-make O que o comentário prevê é a eliminação do
competidor de uma competição, torneio ou cam-
"A decisão de hansoku-make (derrota por des- peonato, e não de uma simples luta, o que é bem
classificação) será feita: diferente.
"a) Quando o competidor, tendo já sido pe- Por isso, acreditamos que a oração: "A deci-
nalizado com keikoku (repreensão) for objeto de são de eliminar um competidor da competição,
outra penalidade. torneio ou campeonato, só pode ser tomada pelo
"b) Quando qualquer ação do competidor in- Comitê Diretor que estiver organizando o evento
fringir muito seriamente o disposto no Artigo 30 - em questão.", deveria integrar o texto do Artigo
Atos Proibidos." 31 — Penalidades.

3.38.1. -Comentário 3.39. — Artigo 39 - Ausência e Desistência

"A decisão de desclassificar um competidor "A decisão de fusen-gachi (vitória por ausên-
de uma competição só pode ser tomada pelo Comi- cia) será dada ao competidor, cujo adversário não
tê Diretor que estiver organizando o evento em se apresentar ao combate.
questão." "A decisão de kiken-gachi (vitória por desis-
tência) será dada ao competidor, cujo adversário
desistir da competição durante o combate."
3.38.2. — Analise e Recomendações
3.39.1. — Análise e Recomendações
Com a modificação das regras, no sentido de
classificar os atos proibidos em penalidades equiva- Com relação ao segundo parágrafo deste arti-
lentes, a determinação do hansoku-make (derrota go temos a dizer que o kiken-gachi (vitória por de-
por desclassificação) ficou prevista no Artigo 30 — sistência) será outorgado ao competidor, cujo ad-
- Atos Proibidos. versário desistir de uma luta já iniciada, por razões
O Artigo 31 — Penalidades, por sua vez, com- diversas. O termo "competição" deve ser, dessa
plementa o citado artigo estabelecendo, inclusive, a forma, interpretado simplesmente como um com-
hora e a forma que deve ser aplicado o hansoku- bate, e não ter a conotação de torneio ou cam-
-make (derrota por desclassificação). peonato.

81
Por essa razão, nada impede que um competi- 3.40.1. - Análise e Recomendações
dor, que tenha perdido um combate por desistên-
cia, possa vir a lutar novamente, uma vez que ele O tempo de recuperação de cinco minutos,
não desistiu da competição e sim de apenas uma previsto no primeiro parágrafo deste artigo, para
luta. casos de lesão em um ou ambos os competidores,
Da mesma forma, um competidor que não deve ser também interpretado para casos de mal
tenha se apresentado para uma luta, por razões ple- súbito ou acidente, uma vez que o referido tempo
namente justificáveis, perdendo-a por ausência, de de recuperação pode ser concedido ou aplicado
acordo com o desenvolvimento do processo de para simples casos de "amarrar ou desamarrar
competição adotado, poderá ser "repescado" e até bandagens".
vir a disputar uma medalha. O atendimento de urgência deve ser ministra-
do no shiai-jo (quadra de competição) e, mais pre-
3.40. - Artigo 40 - Lesão, Mal Súbito ou Acidente cisamente, no local onde o competidor estiver. Des-
sa forma, é o médico, massagista ou enfermeiro
quem deve adentrar na quadra de competição e
"Quando um combate for interrompido por
não o competidor que deve ser transportado até
lesão em um ou ambos os competidores, o árbitro
os limites da quadra de competição para receber
central e os árbitros laterais poderão autorizar um
atendimento.
tempo total máximo de até cinco minutos a cada
competidor lesionado, a título de recuperação, in- Os árbitros devem estar atentos para casos
clusive para amarrar ou desamarrar bandagens. de fingimento de cãibra ou "falta de ar". Caso o
médico informar ao árbitro central que o competi-
"Caso a lesão de um competidor seja de tal
dor estava apenas cansado, "que não tinha nada",
gravidade e que, por essa razão, ele tenha que rece-
o árbitro central deverá aplicar ao competidor a
ber atendimento fora da área de competição, o
regra da não-combatividade.
combate deverá ser encerrado e o resultado do mes-
mo deverá ser proclamado pelo árbitro central, de O árbitro central só deve permitir a entrada
acordo com as outras disposições deste artigo. no shiai-jo (quadra de competição) de, no máximo,
dois profissionais da área de saúde, que tenham
"A decisão de kachi (vitória), make (derrota),
credencial da organização da competição. A cre-
hiki-wake (empate) será proferida pelo árbitro cen-
dencial consiste em uma faixa vermelha, com uma
tral, quando um dos competidores estiver impossi-
cruz branca, colocada em um dos membros supe-
bilitado de continuar devido à lesão, mal súbito ou
riores. Não deve permitir, sob qualquer hipótese,
acidente ocorrido durante a luta, após ter consulta-
a entrada de treinadores, dirigentes ou jornalistas.
do os árbitros laterais e de acordo com as seguintes
cláusulas: Quando um dos competidores estiver rece-
bendo atendimento de urgência, o árbitro central
deve, através do gesto de permissão, deixar que o
"a) Lesão outro competidor se sente à sua marca indicativa,
não permitindo que ele se localize em outro lugar.
I. Quando a causa da lesão for atribuída ao
Durante o tempo de recuperação, o árbitro
competidor lesionado, ele perderá o combate.
central deve estar junto ao competidor que está
I I . Quando a causa da lesão for atribuída ao
recebendo o atendimento de urgência.
competidor não lesionado, ele perderá o combate.
III. Quando for impossível determinar o res- O resultado final de um combate é proferido,
ponsável pela lesão, poderá ser proferida a decisão pelo árbitro central, através da indicação do ven-
de hiki-wake (empate). cedor, com o gesto de kachi (vitória), ou da Procla-
mação do empate, com o gesto de hiki-wake (em-
"b) Mal Súbito pate). Desta forma, não tem sentido o termo make
(derrota) constante do terceiro parágrafo deste ar-
Quando um competidor for acometido de um tigo.
mal súbito, durante a luta, e não puder continuar o O primeiro e o segundo item da letra a, deste
combate, ele será o perdedor. artigo:
" I . Quando a causa da lesão for atribuída ao
"c) Acidente competidor lesionado, ele perderá o combate.
" I I . Quando a causa da lesão for atribuída ao
Quando ocorrer um acidente, devido à causa competidor não lesionado, ele perderá o combate.",
externa, a decisão deverá ser hiki-wake (empate)." devem ser assim interpretados:

82
*
I. Quando, por sua própria culpa, um dos 3.41. — Artigo 41 — Situações não Previstas pelas
competidores se lesionar e, após os cinco minutos Regras
regulamentares de recuperação, não puder conti-
"Quando surgir qualquer situação não prevista
nuar o combate, seu adversário será declarado ven-
por estas regras, a decisão será proferida pelo árbi-
cedor por kiken-gachi (vitória por desistência).
tro central, após consulta aos árbitros laterais."
II. Quando um dos competidores provocar em 3.41.1. — Análise e Recomendações
seu adversário uma lesão, de tal gravidade que im-
peça a sua continuidade na competição, deverá ser Mais uma vez cumpre-nos salientar que o trio
penalizado com hansoku-make (desclassificação), de árbitros é o único responsável pelas decisões que
de acordo com o Artigo 31 — Penalidades, sendo venham a ser tomadas durante o desenrolar de um
seu adversário declarado vencedor por hansoku- combate, até a Proclamação de seu resultado.
-gachi (vitória por desclassificação). Dessa forma, caso ocorra alguma situação que
não seja prevista pelas regras oficiais, cabe aos árbi-
Nas competições individuais, onde não possa tros responsáveis pela luta decidirem entre si.
ser proferido ohiki-wake (empate), quando houver Quando os três árbitros tiverem opiniões di-
um acidente devido à causa externa ou quando for ferentes, prevalecerá o parecer do árbitro central,
impossível determinar o responsável por uma lesão, não sendo permitido o aconselhamento ou a in-
dar-se-á a vitória ao lutador que estiver em condi- terferência de outras pessoas, nem mesmo do coor-
ções de prosseguir competindo. denador de arbitragem.

83
4. CONCLUSÕES
C o m a extraordinária transformação educa- características intimamente relacionadas deveriam
cional sofrida pelo jujutsu em 1882, até os nossos ser grupados, como por e x e m p l o :
dias, o Judô passou por vários caminhos, desde
uma simples arte marcial até o atual estágio de es- a) Grupo I — Artigos de Natureza Geral
porte internacional.
As seguidas modificações sofridas pelas regras, Artigo 1 — Shiai-jo (quadra de competição)
destacadamente a partir de 1974, com o estabeleci- Artigo 2 — Judogui (uniforme de Judô)
mento das chamadas novas regras, c o n t r i b u í r a m pa- Artigo 3 — Requisitos Pessoais
ra que essa modalidade tivesse a sua inclusão efeti- Artigo 4 — Posição no Início do Combate
vada no elenco de esportes olímpicos; sendo res- Artigo 6 — Início e Fim do Combate
ponsáveis, em grande parte, pelo aprimoramento Artigo 8 — Encerramento por Ipom (ponto com-
do Judô como esporte, sem desprezar as suas qua-
lidades de atividade eminentemente educacional. A r t i g o 10 — Duração do Combate
As modificações objetivaram favorecer o ver- A r t i g o 11 — Sinal de Término do Tempo
dadeiro competidor, uma vez que as lutas passa- A r t i g o 12 — Técnica Coincidente c o m o Sinal de
ram a ser decididas através de critérios melhor de- Término do Tempo
finidos e desenvolvidas de uma forma mais dinâmi-
ca e ofensiva, exigindo assim uma preparação ge- b) Grupo II — Artigos que Definem as Funções dos
ral mais apurada. Árbitros
Apesar de complexa, a orientação e o traba-
lho desenvolvido pelos árbitros f o r a m sensivel- Artigo 15 — Oficiais
mente aperfeiçoados, possibilitando apreciações Artigo 16 - Funções do Á r b i t r o Central
parciais e finais rápidas e mais justas. Artigo 17 — Funções dos Á r b i t r o s Laterais
As modificações vieram favorecer o enten- Artigo 24 — Opinião não solicitada dos Á r b i t r o s
d i m e n t o das lutas pelo público leigo, apesar do as- Laterais
sunto ser altamente técnico, garantindo a possibi- A r t i g o 14 - Responsabilidade dos Á r b i t r o s
lidade da difusão do Judô através dos meios de
comunicação de massa. c) Grupo I I I —Artigos Relacionados com o Julga-
Entretanto, o atual t e x t o das Regras Inter- mento de Técnicas
nacionais de Judô não apresenta uma racional
ordenação de artigos, fato que indubitavelmente A r t i g o 32 — Determinação de Ipom (ponto c o m -
dificulta o seu estudo e sua conseqüente interpre- pleto)
tação. Ademais, os termos técnicos deveriam ser A r t i g o 18 — Ipom (ponto completo)
grifados ou colocados em destaque, acompanha- A r t i g o 33 — Determinação de Waza-ari (quase
dos de suas traduções, fato que nem sempre ipom)
ocorre. A r t i g o 19 - Waza-ari (quase ipom)
Considerando o que f o i tratado e desenvol- A r t i g o 34 - Determinação de Yuko (quase waza-
vido no capítulo anterior, para efeito de estudo -ari)
e de maior facilidade para interpretação, nos per- A r t i g o 20 — Y u k o (quase waza-ari)
m i t i m o s sugerir que os artigos que apresentem A r t i g o 35 — Determinação de Koka (quase y u k o )

87
Artigo 21 - Koka (quase yuko) f) Grupo VI - Artigos sobre o Resultado do Com-
bate
d) Grupo IV — Artigos sobre Vozes de Comando e
Gestos Padronizados Artigo 7 - Resultado do Combate
Artigo 25 - Hantei (julgamento)
Artigo 29 - Gestos Oficiais Artigo 26 - Declaração do Julgamento
Artigo 23 - Ossaekomi (imobilização) Artigo 36 - Determinação de Yusei-gàchi (vitória
Artigo 27 — Aplicação de Mate (parem) por superioridade)
Artigo 13 — Sono-mama (não se movam) Artigo 28 — Decisão após um Ato Proibido
Artigo 22 — Sogo-gachi (vitória composta)
e) Grupo V — Artigos Relacionados com Infrações
Penalidades g) Grupo VII — Artigos que Envolvem Situações
Especiais
Artigo 30 — Atos Proibidos
Artigo 31 — Penalidades Artigo 9 — Passagem ao ne-waza (luta de solo)
Artigo 4 — Localização do Combate Artigo 39 — Ausência e Desistência
Artigo 38 — Determinação de Hansoku-make (der- Artigo 40 — Lesão, Mal Súbito ou Acidente
rota por desclassificação) Artigo 41 - Situações Não Previstas pelas Regras
5. RESUMO
Com o objetivo de estudar as normas dos Comprovou-se que os assuntos tratados pelas
combates de Judô, desde os primórdios, particular- Regras Internacionais de Judô não estão distribuí-
mente após a sua transformação em esporte inter- dos através de uma ordem racional e que, para efei-
nacional, procurou-se analisar histórica e tecnica- to de estudo e facilidade de interpretação, sugeriu-
mente as sucessivas modificações das regras de -se a classificação dos quarenta e um artigos em
competição, através dos anos. apenas sete grupos de assuntos, por apresentarem
Constatou-se que as modificações foram idea- características intimamente relacionadas:
lizadas no sentido de facilitar o entendimento das
1. Artigos de Natureza Geral
lutas pelo público leigo, contribuindo para a difu-
são do Judô, procurando tornar os combates mais 2. Artigos que Definem as Funções dos Ár-
dinâmicos, com apreciações parciais e finais rápidas bitros
e mais justas.
3. Artigos Relacionados com o Julgamento de
Verificou-se que as seguidas modificações so-
Técnicas
fridas pelas Regras Internacionais de Judô, especial-
mente anos setenta, contribuíram decididamente 4. Artigos sobre Vozes de Comando e Gestos
para a efetiva elevação desse esporte como modali- Padronizados
dade olímpica.
5. Artigos Relacionados com Infrações e Pena-
Constatou-se que existem algumas lacunas que
lidades
podem gerar má interpretação, motivo pelo qual o
texto das regras mereceu uma revisão. 7. Artigos que Envolvem Situações Especiais

91
6. SUMMARY
Changes in the rules of competition in Judô It was shown that International Judô Rules
havê been historically and technically analysed items are not in a reasonable sequence and so, for
troughout years, in order to Study the contest studying and easying of interpretation, the classi-
rules since the beginning, mainly after its trans- fication of the 41 articles in only seven subjects
formation into international sport. groups with closely related characteristics was
The changes were established to improve suggested:
the understanding of contests by lay people, 1. Articles of general nature
contributing for better difusion of Judô, turning
2. Articles that determine the referees'
the fights more dynamic and making partial and
function
final evaluations more equitable and faster.
The sucessive changes in the Contest Rules 3. Articles related to technical judgement
of the International Judô Federation, mainly in 4. Articles about command and standard
the seventies, were responsible for considering gestures
this sport as an olympic modality. 5. Articules related to infringements and
It was observed that there is some lack of penalties
clarity and precision in the rules statements,
resulting in false interpretations. By this reason, 6. Articles about contest results
the rules statements were revised. 7. Articles related to Special situations

95
7. REFERÊNCIAS
1 . A L L JAPAN JUDÔ F E D E R A T I O N . Tóquio - Contest Rules 14._—_ Handbook of the
of The Kodokan Judô, 1951. International Judô Federation, 1974.

2 — Contest Rufes of The Ko- 1 5 . I N T E R N A T I 0 N A L JUDÔ F E D E R A T I O N , Berlim -Handbook


dokan Judô, 1961, of the International Judô Federation, 1980.

3 . B R A S I L . M I N I S T É R I O DA E D U C A Ç Ã O E C U L T U R A , Brasí- 1 6 . K A N O , J. —Judô (jujutsu). T ó q u i o , Board of Tourist Industry


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1965. nal, 1964.

5 . C A L L E J A , C . C . — Generalidades sobre as Novas Regras de 1 8 . K I M U R A , M. - El Judô. Barcelona, Editorial' Aedos, 1976.


Competição. São Paulo, Judokan do Brasil, 1974.
1 9 . K L I N G E R S T O R F F , H.K. - Judô Sem Mestre. Rio de Janeiro,
6 — Informação sobre as modificações nas Re- Editora Gertum Carneiro, | s . d . |
gras Internacionais de Competição. São Paulo, Confede-
ração Brasileira de Judô, 1979. 2 0 . K O D O K A N I N S T I T U T E , Tóquio - Judô by the Kodokan.
Nunoi Shobo Co., L t d . , 1 9 6 1 .
7.CONGRESSO TÉCNICO DO CAMPEONATO B R A S I L E I R O DE
J U D Ô , 1º - Revista de Judô. Rio de Janeiro, 2:18-19, 21 — Judô Kodokan IIlustre Dai-Nippon
1954. Yubenkai Kodansha, 1955.

8 . F E D E R A Ç Ã O B R A S I L E I R A DE P U G I L I S M O , Rio de Janeiro 2 2 . L A S S E R R E , R. - Judô. Manual Práctico Barcelona, Editorial


— Regras que Presidem os Encontros de Jiu - Jitsu no Bra- Hispano-Europea, 1 9 7 1 .
sil. 1936.
2 3 . M O D R I C , Z. - Hey, t h e y ' r e trying to change Judô! Black Belt,
9 . F E D E R A Ç Ã O P A U L I S T A DE JUDÔ - Arbitragem em Judô Los Angeles, / 2 ( 6 ) : 6 2 , 1974.
— Curso de Atualização, 1975.
2 4 . M O Y S E T , R. - Initiation au Judô. Paris, Éditions Bornemann,
1 0 . I N T E R N A C I O N A L JUDÔ F E D E R A T I O N , Londres - Contest 1965.
Rules of the International Judô Federation, 1979.
2 5 . N I S H I O K A , H. - The Judô Referee. Shadow and Conscience of
11 .— Normas de Com- Competition. Black Belt. Los Angeles, 16(5):51-53, 1978.
petición de Ia Federación Internacional de Judô, 1974.
2 6 . R O B E R T , L. - Le Judô. Verviers, Éditions Gerard &Co., 1964.
12. - Reglamentos de
competência de Ia Federación Internacional de Judô, 1967. 2 7 . ROCHA, V. L. da - Judô. Conquista de Faixas. Guanabara, Di-
visão de Educação Física do MEC, 1967.
13 - Règles de Compé-
tition de Ia Federation Internationale de Judô, 1977. 2 8 . Z A Q U I , J. -Jiu-Jitsu. São Paulo, Cia. Brasil Editora, [s.d.|

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