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As contribuições da ciência do desenvolvimento

ARTIGO ARTICLE
para a psicologia da saúde

The contributions of developmental science


to the health psychology

Simone Cerqueira-Silva 1
Maria Auxiliadora Dessen 2
Áderson Luiz Costa Júnior 2

Abstract The science of human development has Resumo A ciência do desenvolvimento humano
been stimulating a new perspective on health re- vem estimulando uma nova visão sobre a pesqui-
search, highlighting contextual and ecological vari- sa em saúde, destacando variáveis contextuais e
ables that influence the process of development and ecológicas que influenciam o processo de desen-
condition the diagnosis, treatment and prognosis volvimento e condicionam o diagnóstico, o trata-
of individuals and groups. The objective of this mento e o prognóstico de indivíduos e grupos. O
article is to discuss about the implications of the objetivo deste artigo é discutir as implicações da
science of human development for health psychol- ciência do desenvolvimento humano à psicologia
ogy, specifically for the educational area aimed to- da saúde, área de intervenção educacional volta-
ward intervention in several contexts of health da aos diversos contextos de tratamento de saúde.
treatment. Another objective of this article is to Pretende-se, ainda, analisar criticamente alguns
critically analyze some methodological aspects os aspectos metodológicos dos estudos da área e apon-
the studies in this area and point current and fu- tar tendências atuais e futuras para uma análise
ture tendencies at a more functional analysis of mais funcional do processo saúde-doença. Espe-
the health-disease process. It is expected that health ra-se que os profissionais de saúde se beneficiem
professionals benefit from the arguments and models dos argumentos e modelos propostos pela ciência
proposed by the science of human development, do desenvolvimento humano, construindo ambi-
designing environments that are more adequate entes de cuidados mais adequados às necessidades
to the psychological needs of patients and families. psicossociais de pacientes e familiares.
Key words Health psychology, Science of human Palavras-chave Psicologia da saúde, Ciência do
development, Bioecological model, Research meth- desenvolvimento humano, Modelo bioecológico,
ods in psychology Métodos de pesquisa em psicologia

1
Laboratório de
Desenvolvimento Familiar,
Instituto de Psicologia,
Universidade de Brasília.
Campus Darcy Ribeiro.
70910-900 Brasília DF.
simonecerqueira@unb.br
2
Instituto de Psicologia,
Universidade de Brasília.
1600
Cerqueira-Silva S et al.

Introdução monstração de que a prestação de serviços de


assistência à saúde inclui um complexo processo
As últimas décadas têm registrado significativas de interações sociais entre indivíduos dispostos
modificações científicas e tecnológicas em psico- hierárquica e funcionalmente subsidiaram um
logia, propiciadas pelo crescente avanço das teo- movimento crescente de questionamento à ori-
rias sistêmicas, sobretudo na área do desenvol- entação biomédica da assistência à saúde e de
vimento humano. Os modelos sistêmicos têm ampliação da perspectiva social da medicina. Tais
demandado novas formas de gerar dados que questionamentos levaram ao desenvolvimento de
envolvem a inter-relação entre os aspectos bio- modelos de saúde que priorizam a educação e a
lógicos, sociais, culturais e históricos do desen- atenção integral ao indivíduo - modelos biopsi-
volvimento humano. Considerando essa evolu- cossociais - em detrimento de modelos médicos
ção, acredita-se que a psicologia da saúde tem tradicionais - modelos biomédicos - ainda vi-
sido altamente beneficiada com as conquistas ob- gentes na maior parte dos sistemas de saúde1,3,4 e
tidas, nos últimos anos, pela ciência do desen- à criação da psicologia da saúde, Divisão 38 da
volvimento. American Psychological Association, em 19783.
Este artigo tem o objetivo de analisar as im- A psicologia da saúde, fundamentada no
plicações da ciência do desenvolvimento para a modelo biopsicossocial, representa um rompi-
psicologia da saúde, destacando os aspectos teó- mento com o modelo linear de saúde, de causa e
ricos e metodológicos dos estudos da área e apon- efeito, centrado em eventos biológicos como cau-
tando as tendências atuais e futuras no estudo sadores de doença na tecnologia médico-farma-
sobre os processos de saúde-doença envolvendo cológica como principal opção resolutiva. Fato-
indivíduos, grupos e populações. Na primeira res biológicos, psicológicos e sociais são conside-
seção, apresentar-se-á a psicologia da saúde en- rados como integrados e inter-relacionados ao
quanto campo de contribuição da psicologia, processo de saúde-doença, constituindo impor-
bem como os principais pressupostos metodo- tantes indicadores de como indivíduos e grupos
lógicos de pesquisa da área, ressaltando a rele- enfrentam processos de doença e aderem, ou não,
vância do uso combinado dos métodos qualita- a prescrições de tratamento médico3,5.
tivos e quantitativos. Na segunda seção, será dis- Enquanto um campo de contribuição específi-
cutida a perspectiva teórica da ciência do desen- ca da psicologia, científica e profissional, a psicolo-
volvimento, com destaque às contribuições para gia da saúde prioriza a promoção e a manutenção
a compreensão do processo saúde-doença. O da saúde, bem como a prevenção e o tratamento
modelo bioecológico de Bronfenbrenner é apre- das doenças. Para isso, busca a identificação de
sentado como uma das alternativas promisso- relações funcionais entre os fatores psicossociais
ras para o estudo desse processo. A terceira se- (por exemplo: idade, gênero, status socioeconômi-
ção aponta algumas tendências atuais e futuras co, hábitos de vida, raça, rede social de apoio, com-
dos estudos em psicologia da saúde. portamentos, etc.) e a etiologia, o diagnóstico e o
prognóstico de doenças e disfunções1,4.
Devemos lembrar que a própria Organiza-
Psicologia da saúde: caracterização ção Mundial da Saúde, desde 19706, quando es-
tabeleceu os princípios fundamentais da saúde
A busca por variáveis psicológicas que pudessem (considerar a pessoa dentro do seu contexto so-
explicar, mesmo parcialmente, a vulnerabilidade ciocultural; investigar a exposição da pessoa a
individual a determinadas doenças remonta à fatores de risco e vulnerabilidades; avaliar os fa-
Grécia Clássica. No entanto, o ensino de psicolo- tores protetores do desenvolvimento da pessoa;
gia na formação médica teve início apenas no promover ações em todos os níveis de atenção à
começo do século XX, nos Estados Unidos da saúde e priorizar a educação para a saúde), já
América, ao mesmo tempo em que ocorriam as apontava as vantagens de modelos de promoção
primeiras inserções de psicólogos em hospitais e atenção integral à saúde.
gerais1,2. No Brasil, os primeiros serviços de psi- Destaca-se, ainda, que a psicologia da saúde
cologia no hospital foram instalados na década se caracteriza pelo agrupamento de intervenções
de cinquenta, no Hospital das Clínicas da Facul- educacionais que podem ser aplicadas a diferen-
dade de Medicina da Universidade de São Paulo2. tes problemas de um sistema de saúde, incluindo
Ao longo do século XX, o reconhecimento usuários, recursos humanos, instituições e polí-
científico de que fatores psicológicos interferem ticas de saúde. Trata-se de uma área em plena
sobre a etiologia de doenças somáticas e a de- expansão, com crescente reconhecimento acadê-
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mico, profissional e de associações científicas, ro de participantes de pesquisa24. Nesse modelo
tanto brasileiras quanto estrangeiras. Uma das de pesquisa, as relações causais entre algumas
implicações deste fato é o crescimento do núme- doenças e uma determinada condição biológica
ro de periódicos especializados e de psicólogos de uma população têm sido propostas como prin-
inseridos em serviços de saúde pública e privada. cipal elemento explicativo. Esta tendência, nem
Atualmente, vários temas têm sido investigados, sempre apropriada, se deve à grande influência
dentre os quais merecem destaque a adesão ao da formação e do contexto médico biológico.
tratamento (por exemplo, os estudos de Arru- Grady e Wallston6, por exemplo, descrevem
da7, Barletta8, Ferreira9 e de Tanesi et al. 10); as os passos necessários para o delineamento de
estratégias de enfrentamento - coping (por exem- uma pesquisa na área da saúde, em que ficam
plo, os estudos de Koenig11, Lorencetti e Simo- evidenciadas tanto a generalização dos resulta-
netti12; Panzini e Bandeira13; Pereira e Araújo14; dos quanto a precisão no controle e medida das
Santos e Alves Júnior15; Santos et al. 16 e de Seidl et variáveis. Tais princípios são típicos das pesqui-
al. 17); indicadores de qualidade de vida (por exem- sas que empregam delineamentos experimentais,
plo, os estudos de Minayo et al. 18 e Ravagnani et que por si só não satisfazem plenamente as exi-
al. 19); aspectos comportamentais e contextuais gências do estudo de processos de desenvolvi-
das doenças (por exemplo, o estudo de Flores20) mento humano.
e educação para a saúde (por exemplo, os estu- Contudo, é importante ressaltar que a meto-
dos de Ferreira21 e de Jenkins22). dologia quantitativa constitui um importante
Entretanto, é possível apontar que os estudos recurso de investigação do processo saúde-do-
carecem de um delineamento de pesquisa mais ença, uma vez que propicia compreender rela-
sistemático para a obtenção de informações fun- ções entre variáveis, pressupondo descrição, pre-
cionalmente relevantes das inter-relações da pes- dição e controle25. Portanto, este tipo de método
soa em desenvolvimento e o seu ambiente de cui- reúne, registra e analisa dados numéricos; utiliza
dados. A seguir, apresentamos um panorama da critérios estatísticos de representatividade amos-
situação atual e uma proposta do uso combina- tral; busca identificar e quantificar as diferenças
do dos métodos qualitativos e quantitativos em que existem num mesmo segmento e fornece re-
investigações do processo saúde-doença. sultados que permitem uma conclusão e com-
preensão geral do fenômeno estudado26.
Em consonância com essas contribuições do
Metodologia de pesquisa nos estudos método quantitativo, a maioria dos estudos tem
do processo saúde-doença: empregado análises estatísticas inferenciais, pró-
necessidade do uso combinado prias desse método (por exemplo, Assunção et
de métodos quantitativos e qualitativos al.27; Ferriolli et al.28; Leal et al.29 e Macedo et al.30).
Estes estudos mostram que uma investigação,
É possível constatar que há uma supremacia do em uma amostra representativa da população,
uso de métodos quantitativos nos estudos sobre que visa identificar associações entre diferentes
processo saúde-doença. Em levantamento realiza- variáveis ou a prevalência de um determinado
do em uma das principais revistas de saúde no fator na amostra estudada, em muito se benefi-
Brasil, Cerqueira-Silva et al.23 constataram que no cia dos recursos da estatística inferencial.
período de janeiro de 2001 a outubro de 2007, das Apesar da predominância dos estudos quan-
933 publicações, 122 tratavam de questões referen- titativos, tem crescido o interesse e o uso de mé-
tes à saúde da criança e do adolescente e, dessas, a todos qualitativos em saúde. O reconhecimento
maioria (91%) empregou a metodologia quanti- da importância de fatores sociais, políticos e eco-
tativa, sobretudo a estatística inferencial. As auto- nômicos sobre as condições de saúde e doença
ras concluíram que, apesar da maior parte dos ar- de indivíduos e grupos, tais como fumo, violên-
tigos considerarem variáveis biopsicossociais, nota- cia, obesidade, etc., tem apontado para a necessi-
se que algumas dessas variáveis foram considera- dade de se compreender, mais precisamente, o
das apenas nas discussões dos artigos e, não pro- papel das variáveis biopsicossociais, o que tem
priamente, na coleta e análise dos dados. exigido delineamentos metodológicos mais so-
As pesquisas na saúde, em sua maioria, utili- fisticados de pesquisa, não exclusivamente quan-
zam o método quantitativo devido à tradição do titativos. Em outras palavras, para estudar a com-
paradigma positivista e sua preocupação com a plexidade das interações humanas, consideran-
generalização dos resultados, o que inevitavelmen- do a influência dos fatores contextuais, faz-se
te remete aos testes estatísticos e a um maior núme- necessário que os pesquisadores conduzam pes-
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Cerqueira-Silva S et al.

quisas no contexto de vida natural das pessoas dos em ambiente natural e em diferentes mo-
em desenvolvimento, o que requer, também, o mentos de experiência; ao acesso aos diferentes
uso de métodos qualitativos24. níveis do ambiente ecológico da pessoa em de-
Confirmando a importância do método qua- senvolvimento e ao acesso aos processos proxi-
litativo de pesquisa em psicologia da saúde, Sti- mais que promovem a saúde e/ou doença23.
les31 afirma que esta é a melhor maneira de estu- Uma das alternativas para a pesquisa na psi-
dar a experiência humana e seus significados e cologia da saúde, em consonância com o modelo
que esse tipo de análise favorece os estudos de biopsicossocial e com o uso combinado dos mé-
caso ou de pequenos grupos, em contraposição todos quantitativos e qualitativos, é empregar os
aos estudos que utilizam amostras representati- pressupostos norteadores da ciência do desen-
vas. O autor destaca, ainda, que o método quan- volvimento que têm sido recentemente difundi-
titativo, baseado no modelo linear de causa e efei- dos no Brasil41. A seguir, serão apresentadas al-
to, em correlações e regressões estatísticas, tem gumas questões teóricas e conceituais referentes
limitações para tratar de questões não lineares, ao desenvolvimento humano, destacando, em
como os processos de interações humanas. especial, as suas contribuições para a compreen-
Em geral, o método qualitativo consiste em são do processo saúde-doença. O modelo bioe-
uma pesquisa naturalística, tem dados descriti- cológico de Bronfenbrenner é proposto como
vos, enfatiza o processo, é indutivo e considera uma das alternativas a ser implementada na pes-
essencial a questão da significação26,32. Além dis- quisa em psicologia da saúde.
so, caracteriza-se como uma abordagem multi-
metodológica quanto ao seu foco e interpretati-
va, pois busca dar sentido ou interpretar os fe- O desenvolvimento humano
nômenos em termos das significações que as pes- e suas contribuições para a compreensão
soas trazem para eles33. As características da pes- do processo saúde-doença
soa ou das suas interações podem ser avaliadas,
por exemplo, a partir de um questionário e/ou No decorrer da segunda metade do século XX,
de uma entrevista, por sessões de observação de vimos ocorrer inúmeras modificações nas ciên-
comportamentos interpessoais, em diferentes si- cias em geral e, em especial, o surgimento de uma
tuações cotidianas ou por escalas ou inventários. ciência para o estudo do desenvolvimento: a ci-
O estudo de Darbyshire34 ilustra a aplicação ência do desenvolvimento42. Esta ciência tem sido
do método qualitativo em psicologia da saúde, considerada um caminho promissor para o es-
tendo como fundamentação teórica a abordagem tudo científico do curso de vida, cujo processo é
fenomenológica. O objetivo desse estudo foi in- marcado por dinâmicas inter-relações entre os
vestigar a percepção dos genitores quanto à recu- sistemas que existem dentro e fora da pessoa.
peração de crianças hospitalizadas. Para Darbyshi- A pessoa, na interação com o ambiente, é con-
re, o seu estudo exploratório, o qual não tinha a siderada um organismo ativo, que influencia e é
intenção de generalizar os resultados, apresentou influenciada por ele e depende das interações re-
dados ricos e detalhados quanto às experiências cíprocas entre os seus subsistemas (cognitivo,
“daquelas mães e naquele contexto”. Outros estu- emocional, fisiológico, perceptual e neurobioló-
dos, mais recentes34-38,também têm utilizado o gico) que, por sua vez, também se influenciam
método qualitativo para compreender diversos mutuamente. Portanto, o desenvolvimento do
fenômenos relacionados ao processo saúde-do- indivíduo ocorre de modo organizado hierarqui-
ença, tais como questões referentes ao desenvol- camente em múltiplos níveis que podem influen-
vimento de estratégias de enfrentamento, à de- ciar-se reciprocamente: dos genes ao citoplasma,
pressão, ao alcoolismo, às relações de gênero e célula, sistema de órgãos, organismo, compor-
paternidade e ao consumo de drogas ilícitas. tamentos e meio ambiente. O trânsito dessas in-
Apesar das contribuições de ambos os méto- fluências é bidirecional. Logo, os genes formam
dos para a compreensão do processo saúde-do- uma parte integral do sistema e sua atividade é
ença, a oposição entre a qualidade e a quantida- afetada pelos eventos dos seus outros níveis, in-
de tem sido uma constante nos estudos da psi- cluindo o ambiente e o organismo43. Por exem-
cologia da saúde, embora esses métodos de cole- plo, uma baixa produção hormonal pode ser afe-
ta e análise de dados sejam inter-relacionados e tada pelos eventos ambientais tais como a luz,
complementares39,40. Além disso, constata-se que duração do dia, nutrição e comportamentos.
as investigações deixam a desejar quanto ao uso Nesse sentido, o desenvolvimento humano
de abordagem multimetodológica; à coleta de da- tem sido concebido como (a) um processo con-
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tínuo no tempo; (b) em permanente mudança; rio identificar como o genótipo torna-se fenóti-
(c) progressivamente mais complexo e (d) cau- po52. Portanto, as pesquisas futuras nessa área
sado por atividades, experiências e coações de- devem não somente esclarecer como a interação
senvolvidas na interação entre a pessoa e seu gene-ambiente modela o desenvolvimento hu-
ambiente44-47. mano, mas também fornecer informações sobre
Coações são as tensões criadas nos níveis es- as características ambientais e hereditárias que
trutural e funcional do organismo quando este favorecem ou dificultam as competências funci-
se depara com circunstâncias novas ou adversas onais49. Em outras palavras, isto significa inves-
à manutenção do equilíbrio44. Para Gottlieb48, o tigar as diferenças individuais que podem ser atri-
conceito mais frequentemente utilizado para de- buídas ao potencial genético e às conexões com o
signar as coações no nível do funcionamento do ambiente.
organismo são as experiências, que podem ser Assim, uma das alternativas para se compre-
tanto favoráveis quanto desfavoráveis ao desen- ender melhor o processo saúde-doença é adotar,
volvimento humano. Por exemplo, as doenças na prática da pesquisa, os pressupostos da ciên-
podem representar uma experiência adversa para cia do desenvolvimento. A seguir, apresentamos
a pessoa em desenvolvimento, provocando de- os argumentos necessários para a investigação
sequilíbrios e crises tanto em seu organismo quan- desse processo com base na ciência do desenvol-
to nos seus diferentes ambientes de vida. vimento.
O desenvolvimento humano, assim concebi-
do, passou a ser compreendido como multide-
terminado, isto é, de causalidade sistêmica. Em O processo saúde-doença
outras palavras, passou a constituir um processo sob a ótica da ciência do desenvolvimento
ao mesmo tempo universal e individual, que in-
fluencia e é influenciado por contextos externos - A saúde e a doença podem ser compreendidas
ambiente físico e social - e por contextos internos como duas diferentes modalidades do desenvol-
- o próprio organismo histórico e biológico -, em vimento. Na primeira, o processo de desenvolvi-
dimensões de tempo e espaço específicos49. mento humano caracteriza-se como um estado
Nesse sentido, é uma futilidade tanto o deba- de excelência em todas as suas condições (físicas,
te dos geneticistas comportamentais sobre a con- biológicas, emocionais, bioquímicas, sociais,
traposição entre biologia e ambiente, quanto a etc.). Na segunda, esse mesmo processo se cons-
resistência dos defensores do contextualismo ao titui de modo desequilibrado, disfuncional, com
ignorarem as diferenças biológicas entre os hu- todas essas mesmas condições em desarmonia.
manos50. A não separação do contexto e orga- Estes dois estados do desenvolvimento variam e
nismo garante a identificação e compreensão dos se diferenciam considerando a ampla gama de
determinantes do comportamento humano, e a fatores que podem interferir nessa configuração,
inter-relação entre genótipo e fenótipo exempli- sejam variáveis externas ou internas à pessoa.
fica a bidirecionalidade que caracteriza o desen- Tanto a saúde quanto a doença são proces-
volvimento, incluindo tanto fatores biológicos sos multideterminados por aspectos intra e inter
quanto sociais. sujeitos, com origem e evolução perfazendo uma
Compartilhando dessa mesma concepção, trajetória probabilística. Isto significa dizer que
Dal-Farra e Prates51 consideram que os estudos seu resultado depende de um conjunto de fato-
sobre o desenvolvimento humano demonstram res (do nível micro ao nível macro), que interco-
que tanto os fatores ambientais quanto os fato- nectados se influenciam mutuamente, podendo
res genéticos são fundamentais para a estrutura- mudar o rumo do desenvolvimento em qual-
ção do ser humano. Os genes influenciam o com- quer fase da vida43. Assim, podem ser criados
portamento, mas não o determinam, e as ten- instrumentos promocionais de saúde e preventi-
dências genéticas na construção das doenças tam- vos à instalação de patologias crônicas ao longo
bém são probabilísticas e não deterministas, ge- da vida das pessoas.
rando um mosaico de possibilidades do desen- Na perspectiva do curso de vida, assumida pela
volvimento humano. ciência do desenvolvimento, fica difícil dizer o que
Neste contexto, as pesquisas futuras sobre a seja um padrão normal ou patológico53. O curso
relação entre genética e ambiente no desenvolvi- de vida representa uma orientação teórica para o
mento humano devem ir além de simplesmente estudo do desenvolvimento humano que incor-
perguntar “se” e “quanto” os fatores genéticos pora distinções temporais, contextuais e proces-
influenciam o comportamento, sendo necessá- suais. O curso de vida envolve o indivíduo e a
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Cerqueira-Silva S et al.

sociedade; maturação, crescimento, forças sociais O modelo bioecológico de Bronfenbrenner:


e contextos socioculturais em diferentes níveis54. em busca de uma alternativa
Assim, o processo saúde-doença se caracteri- para o estudo do processo saúde-doença
za como um processo em desenvolvimento, cons-
truído a partir do interjogo entre o fenótipo e o Bronfenbrenner44,60, descontente com as limita-
genótipo. Nessa teia de relações, os processos ções científicas nas abordagens que prevaleciam
proximais (atividades realizadas) funcionam para a pesquisa em desenvolvimento humano, e
como coações, podendo desencadear avanços ou insatisfeito com a configuração da psicologia do
retrocessos, equilíbrios ou desequilíbrios e, con- desenvolvimento até meados da década de setenta
sequentemente, transtornos ou doenças. Assim, (século XX), propôs um modelo para orientar pes-
a doença ou a saúde podem ser compreendidas quisas em desenvolvimento humano, intitulado
como contextuais, isto é, dependem do ambiente modelo bioecológico de desenvolvimento huma-
no qual a pessoa vive. Podem, ainda, ser com- no. Sua principal crítica foi relativa às pesquisas
preendidas como dinâmicas, uma vez que mu- conduzidas pela psicologia do desenvolvimento,
dam de acordo com o curso de vida. que eram sobre um comportamento estranho, em
Considerando essa natureza dinâmica do de- situações estranhas, com adultos estranhos e em
senvolvimento humano, no processo de saúde- breves períodos de tempo. Este modelo reorien-
doença, a pessoa é ativa no seu desenvolvimento tou a tradicional concepção da psicologia de en-
e, consequentemente, suas escolhas podem ter um tão, que atomizava as funções psicológicas e dava
papel substancial no curso desse processo, inclu- aos processos psicológicos uma conotação dema-
indo o curso de doenças55. Esta concepção difere siado individualista ou intimista61.
daquela do modelo tradicional de pesquisa. Defendendo a importância dos planejamen-
Tendo em vista essa noção do processo saú- tos de pesquisas em ambientes naturais e susten-
de-doença na perspectiva da ciência do desenvol- tando que, para se entender o desenvolvimento
vimento, os diagnósticos e prognósticos levam humano, deve-se considerar o sistema ecológico
em consideração uma variedade de fatores tanto inteiro no qual a pessoa está inserida, Bronfen-
internos quanto externos da pessoa, em suas ava- brenner44 se interessou pelos processos e pelas
liações e tratamentos propostos. Somado a isso, condições que governam o desenvolvimento hu-
a dimensão probabilística do curso de vida desfaz mano nos ambientes naturais, nos quais os seres
as previsões deterministas, comumente realiza- humanos vivem. Nessa perspectiva, o ambiente
das em prognósticos médicos restritos a variáveis significa o contexto social maior e não só o local
biológicas, e, sobretudo, realça a importância das imediato em que a pessoa se desenvolve. Portan-
estratégias de intervenção e de decisão da pessoa to, ele criticou a visão de ambiente como sendo o
em desenvolvimento, bem como o papel dos pro- local concreto que contém a pessoa, que predo-
fissionais de saúde como cuidadores da pessoa minava nas pesquisas realizadas na época, e enfa-
em desenvolvimento e temporariamente exposta tizou a importância de se ampliar esse conceito.
a contextos de tratamento médico. Com base nesse conceito ampliado de ambi-
No que tange à pesquisa na perspectiva da ente, Bronfenbrenner44,60 destaca a necessidade de
ciência do desenvolvimento, o processo de saú- ir além da observação direta do comportamento
de-doença deve ser investigado de modo multi- de uma ou mais pessoas no mesmo local para com-
disciplinar e interdisciplinar45,53, 56,57, incorporan- preender o desenvolvimento humano. Além disso,
do os diferentes níveis do ambiente ecológico, afirma ser necessário levar em consideração aspec-
nos quais a pessoa se desenvolve. Isto requer con- tos além do ambiente imediato que contém a pes-
tribuições da interface de diversas disciplinas ci- soa, para incluir outros sistemas macrossociais ao
entíficas tradicionais: biologia, psicologia, fisio- longo do tempo histórico. Portanto, a ecologia do
logia, neuropsicologia, psicologia social, socio- desenvolvimento humano consiste no estudo ci-
logia, antropologia. Nessa perspectiva, a ênfase entífico das acomodações progressivas e mútuas
nos estudos desses processos está nas múltiplas entre o crescente organismo humano e o ambiente
causas e nos múltiplos níveis de análises, bem imediato em que ele vive, ao longo do curso de
como nas interações, no papel da família e na vida44. Em outras palavras, um estudo fundamen-
dinâmica dos sistemas mais amplos, como a tado no modelo bioecológico de Bronfenbrenner
política55. Portanto, o modelo bioecológico pro- permite analisar as variações do processo e do pro-
posto por Bronfenbrenner58,59 constitui uma das duto do desenvolvimento enquanto função con-
alternativas promissoras para investigação do junta das características da pessoa e do ambiente
processo de saúde-doença. em um determinado período histórico62.
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Nesse sentido, o ambiente ecológico é conce- cepção de Bronfenbrenner, deve investigar o con-
bido como um arranjo de estruturas concêntri- texto de desenvolvimento, mostrando os pro-
cas inseridas umas nas outras. Inicialmente, como cessos recíprocos, ou seja, o efeito de A sobre B e
centro dessas estruturas, está o microssistema, também o efeito de B sobre A. Outro destaque
que é definido como o complexo de relações en- dado por ele refere-se ao efeito de segunda or-
tre a pessoa em desenvolvimento e o ambiente dem - influência indireta de uma terceira pessoa
imediato que a contém (casa, escola, trabalho). ou dos efeitos indiretos de fatores físicos no de-
Nesses locais, as pessoas se engajam em ativida- senvolvimento do indivíduo. Em geral, os ruí-
des e papéis específicos, em determinados perío- dos, as informações da televisão, a disposição do
dos do tempo, que são vivenciados face a face mobiliário, as cores em um ambiente constitu-
com filhos, pais, professores, alunos e profissio- em exemplos de efeitos de segunda ordem.
nais, dentre outros. O mesossistema, segundo Outra característica desse modelo consiste na
componente do modelo, refere-se ao conjunto importância de se estudar o desenvolvimento
de microssistemas e às inter-relações entre esses humano em períodos denominados de transi-
locais imediatos que contem a pessoa, ou seja, ções ecológicas, normativas ou não normativas,
entre a escola e a família, entre local de trabalho e que são as mudanças na vida das pessoas diante
a família. Esses locais mudam ao longo do tem- de papéis e atividades diferentes que são desem-
po, uma vez que a pessoa em desenvolvimento penhados ao longo de sua vida. Por exemplo, o
passa a fazer parte de diferentes locais. deslocamento de um bebê recém-nascido do hos-
Já o exossistema é uma extensão do mesos- pital para casa, a entrada de uma criança na pré-
sistema, envolvendo outras estruturas sociais, escola ou quando uma pessoa muda de emprego
formais e informais, que não contém a pessoa ou torna-se esposa, mãe ou irmã, são mudanças
em desenvolvimento, mas que influenciam o seu na vida de um membro familiar que podem alte-
desenvolvimento. Em se tratando de filhos pe- rar todo o sistema de relações familiares, e são
quenos, o trabalho dos pais constitui um exem- consideradas normativas44. As transições ecoló-
plo de exossistema. Por outro lado, o macrossis- gicas não normativas são consideradas comuns
tema abrange os sistemas de valores e crenças no contexto da saúde, isto é, em condições ad-
que permeiam a existência e a evolução das di- versas ou atípicas de desenvolvimento: a própria
versas culturas e subculturas, tais como a econo- hospitalização, a comunicação de um diagnósti-
mia, políticas sociais, educacionais e legais44. co adverso ou, ainda, a exposição da pessoa a
Além disso, Bronfenbrenner e seus colabora- procedimentos médicos invasivos.
dores63,64 ressaltaram a necessidade de olhar a De acordo com os princípios do modelo bio-
pessoa em desenvolvimento considerando o fa- ecológico de Bronfenbrenner65, um delineamen-
tor tempo, que ele denominou de cronossiste- to de pesquisa que tem por objetivo investigar as
ma. Este conceito implica que a passagem do características psicológicas da pessoa e seu de-
“tempo” não é um atributo meramente do ser senvolvimento deve permitir comparações siste-
humano em crescimento, mas é também uma máticas e interpretações de avaliações em dife-
propriedade do ambiente. Isto é, as mudanças rentes contextos. Por exemplo, em se tratando de
ou continuidades ao longo do tempo ocorrem uma avaliação da competência cognitiva e/ou
não só nas características da pessoa, mas tam- socioemocional de um indivíduo ou grupo, esta
bém no ambiente no qual ela vive, tais como na deveria ser interpretada à luz da cultura ou sub-
estrutura familiar, no status socioeconômico, no cultura na qual a pessoa vive. Além disso, tais
emprego, no lugar de residência ou no grau de comparações devem ser feitas por observadores
habilidade na vida diária57. que diferem em seu papel e em sua relação com a
Com base nos diferentes níveis desse ambi- pessoa foco do estudo (pais, professores, super-
ente, do micro ao macrossistema, Bronfenbren- visores e pesquisadores treinados), e, ao mesmo
ner44 propõe que um estudo sobre o desenvolvi- tempo, pela própria pessoa, cuja percepção deve
mento humano, para ser válido ecologicamente, ser levada em conta.
precisa demonstrar compatibilidade entre o pro- Em síntese, este modelo destaca a importân-
blema que se propõe a investigar e o local para cia de se pesquisar os processos de interação entre
essa investigação. Isto significa que um ambiente a pessoa e o ambiente, as características da pes-
natural não é, necessariamente, válido para to- soa, as características relativas ao tempo históri-
dos os estudos do desenvolvimento humano. co, cultural e social, e por fim, as características
Além disso, um experimento ecológico, na con- do contexto - ambiente físico, social e cultural.
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Cerqueira-Silva S et al.

Considerações finais: tendências atuais todos os fatores do desenvolvimento humano;


e futuras nos estudos da psicologia da saúde eles constataram, por exemplo, que na revista
Health Psychology, 94% dos estudos publicados
Uma proposta de estudo que visa investigar a entre 2001 e 2002 avaliavam apenas variáveis psi-
saúde e a doença pode ter como eixos teóricos cológicas e metade avaliou, além de variáveis psi-
norteadores, sobretudo, a ciência do desenvolvi- cológicas, variáveis sociais e biológicas.
mento e, em especial, o modelo bioecológico de Para que a psicologia da saúde possa dar uma
Bronfenbrenner. Essa ciência possibilita que os contribuição efetiva, relevante tanto do ponto de
processos de desenvolvimento sejam considera- vista social quanto científico, faz-se necessário
dos em sua natureza sistêmica e inter-relaciona- que se repense o modelo de comportamento hu-
da, oferecendo conceitos e propondo medidas mano relacionado ao processo de saúde-doença
que permitem descrever a pessoa em seu contex- e se reexamine as necessidades pedagógicas e prá-
to, tempo e espaço específicos66. ticas do campo multidisciplinar e interdiscipli-
De acordo com as concepções da ciência do nar67. Além disso, deve-se partir de uma aborda-
desenvolvimento, o processo de saúde-doença é gem multinível, pois a melhoria das condições de
considerado como um fenômeno social, dinâmi- saúde depende de estratégias que envolvem múl-
co e cultural. A proposta de aplicação do modelo tiplos conhecimentos: da saúde individual, das
bioecológico de Bronfenbrenner na área da psi- relações sociais, da legislação e dos fatores ambi-
cologia da saúde, particularmente para a investi- entais. Em se tratando especificamente dos mé-
gação do processo de saúde-doença, poderá abrir todos de pesquisa na psicologia da saúde, é im-
um campo promissor para responder questões portante destacar o que foi requerido por He-
centrais da interface entre saúde e desenvolvimento pworth67: um pluralismo metodológico para tra-
humano. O estudo de tais questões exige a ado- balhar com idéias interdisciplinares e uma com-
ção de modelos que possam capturar a comple- binação de abordagens de pesquisa. Nesse senti-
xidade e a inter-relação típicas de fenômenos sis- do, o autor considera necessário que seja selecio-
têmicos e holísticos, pouco explorados até o pre- nado um delineamento de pesquisa apropriado
sente. Não resta dúvida que a tarefa é desafiado- para tratar das questões específicas de saúde e
ra, especialmente porque implica aplicar o pensa- que esses possam integrar métodos quantitati-
mento sistêmico na prática de pesquisa. vos e qualitativos.
Segundo Nicassio et al.4, os avanços da psi- Portanto, faz-se necessário que a psicologia
cologia da saúde apontam para algumas reco- da saúde invista em pesquisas a respeito dos pro-
mendações futuras quanto à pesquisa, aplicações cessos de desenvolvimento humano, que analise e
clínicas e políticas públicas. Em primeiro lugar, compreenda os diferentes contextos de vida, in-
eles ressaltam a importância de se adotar abor- cluindo a diversidade de trajetórias do indivíduo
dagens interdisciplinares na pesquisa em saúde e no curso de vida. Reforçar o compromisso e seu
defendem que as intervenções psicológicas de- comprometimento com o ambiente social, com
vem ser teórica e empiricamente fundamentadas, as relações interpessoais, superando o atendimen-
além de específicas e, consequentemente, diferen- to clínico curativo, deveria ser prioritário na agenda
ciadas ou sensíveis ao gênero, cultura, status so- da área. Isto requer conhecer a população a ser
cioeconômico e toda variedade de fatores con- atendida, seus valores, crenças, práticas, bem
textuais. Para eles, os profissionais devem consi- como suas dificuldades e preferências, e, conse-
derar os princípios éticos subjacentes às inter- quentemente, relacionar modelos de saúde-doen-
venções e que a pesquisa e a prática clínica estão ça com distribuição geográfica, nível socioeconô-
inter-relacionadas. Estas recomendações, sem mico, perfil epidemiológico, gênero, idade e etnia.
sombra de dúvida, são consistentes com a pers- Neste contexto, a pesquisa em psicologia da
pectiva bioecológica. saúde que se propõe a investigar, sistematicamen-
Suls e Hothman5, por sua vez, também res- te, os múltiplos fatores envolvidos no processo
saltam a importância de se estudar as diferenças de saúde-doença, pode usufruir dos fundamen-
culturais e étnicas no desenvolvimento das doen- tos teóricos da ciência do desenvolvimento e, es-
ças e de coletar informações a respeito de todos pecialmente, do modelo bioecológico de Bron-
os fatores que contribuem para o desenvolvimento fenbrenner. Ambos se apresentam como uma
do ser humano, ao longo do tempo. Segundo es- alternativa promissora e coerente filosoficamen-
ses autores, os pesquisadores não têm avaliado te com as premissas da psicologia da saúde.
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Artigo apresentado em 28/03/2008


Aprovado em 31/10/2008
Versão final apresentada em 19/01/2009

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