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ACUPUNTURA COMO TRATAMENTO PARA SEQUELA DA

CINOMOSE CANINA – RELATO DE CASO


Mirella Bezerra de Melo Colaço Dias1, Evilda Rodrigues de Lima², Michelle Suassuna
de Azevedo3, Vanessa Carla Lima da Silva3, Orrana Targino Galamba4, Camila Célli
Espirito Santo4, Emanuela Vieira de Melo Florêncio4

Introdução

A acupuntura tem sido largamente empregada na medicina humana e veterinária. Desde


1970 a Organização Mundial de Saúde reconhece a sua eficácia no tratamento de diversas
enfermidades. Recentemente, essa técnica foi reconhecida como especialidade médica
veterinária no Brasil [1].

Para o clínico veterinário a acupuntura tem se mostrado como uma solução e / ou


alternativa para tratamento de enfermidades ditas incuráveis, como a cinomose, aumentando
as chances de sobrevivência pós exposicional, além de proporcionar melhor qualidade de vida
e bem estar geral aos animais convalescentes [2].

A acupuntura visa, através de sua técnica e procedimentos, estimular os pontos reflexos


que tenham propriedade de restabelecer o equilíbrio, alcançando-se assim, resultados
terapêuticos. A acupuntura age sobre o sistema nervoso autônomo e sistema endócrino e seu
efeito pode ser imunoestimulante, imunossupressivo, analgésico e antiinflamatório. Cada
ponto de acupuntura tem função definida e específica, baseado na resposta fisiológica,
principalmente, o estímulo nociceptivo [1, 2].

A cinomose é uma doença viral multissistêmica, altamente contagiosa e severa dos cães e
outros carnívoros, sendo observada mundialmente. Causada por um vírus classificado no
gênero Morbillivirus da família Paramixoviridae, é considerada uma das mais importantes
patologias de cães jovens e adultos em todo mundo [3, 4]. Os sinais clínicos da cinomose
canina podem variar de acordo com a virulência da estirpe viral infectante, com o estado
imunológico e com a idade dos cães. Com maior freqüência são observadas alterações
oculares, respiratórias, gastrointestinal e neurológica (mioclonia, convulsão, incoordenação,
desequilíbrio) no animal [3].

O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de um cão que foi atendido no Hospital
Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) com seqüela da cinomose
canina sendo tratado com acupuntura.

Material e métodos

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco


(UFRPE), um cão sem raça definida (SRD), com idade de 10 meses, pesando 8 Kg. Durante a
anamnese o proprietário relatou que o animal apresentava “tremores” na pata direita,
dificuldade de locomoção e convulsão as quais eram seqüelas da cinomose. O cão tomava
fenobarbital na dose de 2mg/kg/BID desde que começou a apresentar o quadro epiléptico.
No exame físico, observou-se desequilíbrio e incoordenação ao andar, além da mioclonia
no membro posterior direito. O animal apresentava as mucosas normocoradas, TPC = 2
segundos, estava normohidratado e a Temperatura foi de 38 oC. Não foram observadas
alterações cardiorrespiratórias na auscultação. Foi realizado exame laboratorial os quais não
apresentaram nenhuma alteração.

O tratamento instituído foi a base de imunoestimulantes e acupuntura. Os pontos utilizados


no tratamento foram o IG11, VG14, IG4, E36, B18, VB20, F2, VB30 e B23.

Resultados e Discussão

O animal atendido apresentava mioclonia no membro posterior direito, desequilíbrio


e incoordenação ao andar. Na anamnese, o proprietário relatou que o animal tinha
dificuldade de locomoção, convulsão e “tremores” na pata direita concordando com as
sintomatologias descritas por [3]. O diagnóstico foi realizado a partir do relato detalhado do
histórico do animal feito pelo proprietário, exame clínico, além da observação
comportamental do cão durante a consulta.

No exame físico, observou-se desequilíbrio e incoordenação ao andar, além da mioclonia


no membro posterior direito. O animal apresentava as mucosas normocoradas, TPC = 2
segundos, estava normohidratado e a Temperatura foi de 38 oC. Não foram observadas
alterações cardiorrespiratórias na auscultação. Foi realizado exame laboratorial os quais não
apresentaram nenhuma alteração.

Durante o tratamento, o cão apresentou uma melhora clinica gradual e continua com
redução da mioclonia, melhora na coordenação e no equilíbrio,além da ausência das
convulsões permitindo ser feito o desmame do fenobarbital. Inicialmente a tutora
administrava o medicamento na dose de 2mg/kg/BID em dias alternados. Após um mês de
tratamento com acupuntura, a proprietária informou que o animal continuava sem apresentar
convulsão, sendo suspendido completamente do medicamento.

Segundo relato de [1, 2] a acupuntura estimula os pontos reflexos que tenham propriedade
de restabelecer o equilíbrio alcançando resultados terapêuticos, a acupuntura age sobre o
sistema nervoso autônomo e sistema endócrino e seu efeito pode ser imunoestimulante,
imunossupressivo, analgésico e antiinflamatório.

Após 2 meses de tratamento o animal não apresentava mais o quadro epiléptico, estava
conseguindo correr sem perder o equilíbrio, tinha melhorado 70% a sua coordenação e a
mioclonia tinha diminuído. Para o tratamento foi utilizado imunoestimulantes e acupuntura.
Os pontos utilizados na acupuntura foram: IG11, VG14, IG4, E36, B18, VB20, F2, VB30 e B23.
Era realizado uma sessão por semana.

Agradecimentos

Agradeço a minha orientadora Professora Evilda Rodrigues pela orientação, amparo e


amizade em todos os momentos na execução deste trabalho.

Referências
[1] SCOGNAMILLO-SZABO, Márcia Valéria Rizzo e BECHARA, Gervásio Henrique.Acupuntura: bases científicas e
aplicações. Cienc. Rural, nov./dez. 2001, vol.31, no.6, p.1091-1099.
[2] SUSSAM, D. J. Que é a Acupuntura?. 3 ediçao. Rio de Janeiro: Editora Record 1973.BUSCH, B. M. Interpretácion
de los analises de laboratorio para clínicos de pequenos animales, Madrid: Hartcourt, 564p, 1999.
[3] GREENE, C. E.; APPEL, M. J. Canine distemper. In: GREENE, C. E. (Org.)Infectious diseases of the dog and
cat. 3th ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2006. cap. 3, p. 25-41.
[4] BIRCHARD, S. J. ; SHERDING, R. G. Manual Saunders, Clinica de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Rocca, 2003.

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