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RESUMO
Este artigo busca realizar um estudo a cerca do planejamento estratégico e verificar como ele é
aplicado na indústria têxtil de Fortaleza/Ceará. Os objetivos da pesquisa são perceber o
planejamento estratégico em uma empresa pequena, uma média e uma de grande porte na
indústria têxtil em Fortaleza-Ceará. Além disso, busca entender como o Planejamento
Estratégico é aplicado pelos três tipos das organizações e analisar se o Planejamento
Estratégico na prática varia de acordo com o porte de empresa. A pesquisa foi realizada através
de estudo bibliográfico e exploratório, através de entrevista pessoal com roteiro semi-
estruturado, realizada com gerente e diretores das empresas, estas entrevistas ocorreram no mês
de Novembro de 2012. Os principais resultados apontam para a necessidade de reavaliar as
limitações do uso da prática de planejamento estratégico, algumas empresas ainda percebem
essa ferramenta como algo sigiloso.
ABSTRACT
This article search to conduct a study about strategic planning and see how it is applied in the
textile industry in Fortaleza / Ceará. The research objectives are to realize the strategic
planning in a small business, a medium and a large textile industry in Fortaleza-Ceará. It also
seeks to understand how the Strategic Plan is implemented by three types of organizations and
analyze the Strategic Planning in practice varies according to company size. The survey was
conducted through literature research and exploration, through personal interviews with semi-
structured, conducted with managers and directors of companies, these interviews took place
in November 2012. The main results point to the need to reassess the limitations of using the
practice of strategic planning, some companies still perceive this tool as something secretive.
1
Graduando em Administração de Empresas na Faculdade Cearense e autora do artigo. Email:
patricialbarbosa@hotmail.com
2
Mestrado Profissionalizante em Administração pela Universidade Federal do Ceará, Brasil (2007). Professor da
Faculdade Cearense no curso de Administração. Co-autor, atuando como orientador do presente artigo.Email:
leandrobelizario@gmail.com
2
Uma organização não nasce com seu prazo determinado de término, vislumbrar o
futuro é uma perspectiva que a empresa possui e que é facilitada por uma ferramenta
administrativa conhecida como planejamento estratégico. Para melhor compreensão faz-se
necessário entender o que é planejamento enquanto processo que seleciona o curso de ação e
reorienta conjunto de meios para atingir a um fim (BANFIEL, 1962). Estratégia, por sua vez,
inicialmente utilizada no campo militar, é o elemento que busca definir táticas e soluções para
se atingir os objetivos. No campo empresarial é definida como a principal ligação entre fins,
objetivos e políticas funcionais de vários setores da empresa e planos operacionais que guiam
atividades diárias (HOFER; SCHENDEL, 1978). O planejamento estratégico orienta o curso
das ações para as soluções. As organizações por estarem inseridas em um contexto de
constantes mudanças têm nesta ferramenta a oportunidade de se preparar para acontecimentos
futuros.
Essa ferramenta administrativa pode ser aplicada nos diferentes tamanhos de
organizações, onde as classificações empresariais em sua maioria são diferenciadas pelo
faturamento ou número de funcionários. A lei complementar nº 123/06 em seu art. 3º define
microempresa e empresa de pequeno porte; esta definição é feita basicamente pelo faturamento
da empresa. Já o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (SEBRAE) utiliza
o número de funcionários para definir o porte da empresa. Foram adotados os critérios
utilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) que, classifica as empresa
conforme seu faturamento.
A análise da aplicação do planejamento estratégico, nas diversas classificações de
empresa da indústria têxtil de Fortaleza, é abordado devido a relevância do tema como
diferencial competitivo, assim a pesquisa avaliou a forma de desenvolvimento desta ferramenta
nas empresas do setor.
O tema planejamento estratégico é bastante utilizado em monografias, teses,
artigos, a exemplo o artigo “A evolução da estratégia: em busca de um enfoque
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estratégia se torna diferencial competitivo dentro das organizações, pois existe a necessidade
de adaptação das empresas às mutações do ambiente, buscando obter uma visão ampla do
mercado e dos seus concorrentes, como também dos fatores externos e internos que
influenciam a organização e os objetivos que se deseja alcançar. E para se atingir objetivos, é
necessário satisfazer as necessidades de grupos onde os principais são consumidores,
fornecedores, executivos, investidores e acionistas (OLIVEIRA, 2008).
2.1.1 Tipos de estratégias
Oliveira (1991, p. 32), afirma que “quando o executivo analisa os tipos de
estratégia mais adequada para a sua empresa, é necessário, antes, considerar as formas de
classificar as estratégias empresariais”. Existem diferentes formas de classificar as estratégias
de uma empresa. O executivo da empresa deve perceber a que melhor se adéqua as suas
necessidades. Classificação segundo Oliveira (1991):
Quanto à amplitude: macroestratégia, estratégia funcional e microestratégia ou
subestratégia. Essa estratégia está focada no campo de abrangência da estratégia, onde a
macroestratégia corresponde as ações que a empresa irá tomar com base no diagnóstico
estratégico, a funcional está relacionada ao nível tático da organização, já a
microestratégia corresponde as ações a nível operacional.
Quanto à concentração: estratégia pura e estratégia conjunta, pura quando tem
desenvolvimento de uma ação numa área de atividade e conjunta existe uma
combinação de estratégias.
Quanto à qualidade dos resultados: estratégia fortes e estratégias fracas, forte produzem
alto impacto, já as fracas os resultados são mais amenos.
Quanto à fronteira: estratégias internas à empresa, estratégias externas à empresa e
estratégias internas e externas à empresa, a estratégia interna a empresa corresponde a
como a empresa reorganiza a forma como a alta administração lida com os
funcionários, a externa à empresa corresponde a novas descobertas sobre as ações dos
concorrentes, já a interna e externa à empresa corresponde a interligação de aspectos
internos e externos á empresa.
Quanto aos recursos aplicados: estratégias de recursos humanos, estratégias de recursos
não humanos e estratégia de recursos humanos e não humanos, recursos humanos trata
do fator humano, os recursos não humanos existe a predominância de aplicação de
materiais e/ou financeiro e os recursos humanos e não humanos onde ocorre equilíbrio
entre os dois tipos de recursos aplicados.
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vendados. Medir os resultados com indicadores é a base para a correção dos rumos, reforçando
as ações positivas e minimizando as negativas.
Além disso, será descrita com base em pesquisa exploratória, pois foram
realizadas pesquisas de campo. Segunda Malhotra (2006) o objetivo da pesquisa exploratória é
explorar ou fazer uma busca em um problema ou em uma situação para provar critérios e maior
compreensão. A amostra foi por conveniência, segundo Mattar (2007, p. 134) “amostras por
conveniência são selecionadas, como o próprio nome diz, por alguma conveniência do
pesquisador”. Neste caso, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados. Foram coletados
dados através de entrevista pessoal semi-estruturada, realizadas em três indústrias de diferentes
portes do setor têxtil.
Para Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semi-estruturada está focalizada em
um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais,
complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista
Trata-se de uma pesquisa empírica, pois segundo Demo (2000) fase empírica e fatual da
realidade: produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual,
sendo bastante valorizada, pois possibilita maior concretude às argumentações.
As entrevistas ocorreram no período de 14 à 19 de Novembro, todas dentro das
indústrias, sendo as mesmas gravadas pelo pesquisador com duração média de 50 minutos.
5 Apresentação e análise dos resultados
Durante a pesquisa ocorreram 03 entrevistas, com aproximadamente 50 minutos de
duração, com gerente e diretores de empresas do setor têxtil. Os entrevistados pertenciam a
empresas de portes diferentes, sendo uma de grande porte, uma média e uma pequena, com o
objetivo de obter uma visão mais completa da aplicação do planejamento estratégico.
Foram analisadas as empresa Alpha, Beta e Gama, sendo respectivamente grande,
média e pequena, os nomes reais das empresas não foram divulgados por solicitação das
mesmas. O intuito da pesquisa é avaliar como o planejamento estratégico é desenvolvido nos
diferentes portes. Avaliar se o mesmo é entendido e se na prática varia de acordo com o porte
da empresa. Percebe-se que as empresas não possuem visão de longo prazo, mesmo a empresa
Alpha, de grande porte, ainda não definiu claramente sua visão de futuro e as demais não
possuem visão. Com relação a missão das empresas, todas possuem missão, porém somente a
empresa de grande porte traça suas metas com base na missão, as demais empresas possuem a
missão, e essa missão tem definição distorcida, pois tem haver com o que a empresa pretende
ser, e não com a razão de sua existência. As empresas de médio e pequeno porte, não têm a
missão alinhada com seu planejamento. Além disso, a missão da empresa não é entendida por
toda a organização, principalmente devido ao fato de não ser disseminada e internalizada pelos
colaboradores, esse fato se percebe nas três empresas. Segunda a entrevistada da empresa Beta
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“a missão é mais utilizada pelo setor comercial na hora de atuar com representantes, para que
percebam que nossa fiação faz produtos diferenciados”.
Com relação ao futuro, a empresa Alpha possui um departamento que pesquisa as
alterações de mercado, esse setor realiza pesquisas de mudanças ambientais, além de participar
de eventos do setor, buscando tendências de mercado. O entrevistado da empresa Aplha,
quando indagado sobre como a empresa se prepara para o futuro, respondeu: “possuímos na
empresa um setor específico, que atua em viagens, feiras, conhecimento de mercado, buscando
antecipar alterações do setor”. Já as empresas de médio e pequeno porte, não conseguem
antecipar problemas por não realizarem levantamentos de oportunidades e ameaças de
mercado.
A empresa Alpha realiza análises ambientais avaliando o ambiente externo,
buscando antecipar alterações ambientais, observou-se grande preocupação da empresa em
antecipar problemas e também aproveitar oportunidades, principalmente com relação à
legislação, segundo o entrevistado da empresa “a empresa possui um setor jurídico somente
para avaliar mudanças na legislação”. Além disso, a empresa busca minimizar os efeitos de
seus pontos fracos, realizando levantamentos dos pontos fracos e suas causas, buscando
soluções para os problemas ocasionados por esses pontos fracos. A empresa Beta não realiza
análises ambientais, não busca antecipar ameaças, o que ocorre é uma mudança reativa, ou
seja, quando a ameaça já está ocorrendo a empresa busca soluções e nem sempre as
encontradas são as mais rentáveis, ao contrário, devido a falta de planejamento antecipado, a
empresa acaba arcando com prejuízos pela demora em reagir às ameaças. Segundo o
entrevistado da empresa Gama “aguardamos as ações das empresas maiores para que possamos
aplicar em nossa empresa”. A empresa Gama, também não realiza análise ambiental tanto
externa, quanto interna, ao detectar uma ameaça aguarda a reação das empresas maiores para
somente então proceder as ações dentro de sua empresa utilizando a mesma estratégia das
empresas maiores, muitas vezes sem levar em consideração sua condição de empresa pequena
e, que nem sempre são as mesmas para todas as empresas, mesmo inseridas em um único setor,
pois deve-se também avaliar a situação atual da empresa para a tomada de decisão.
As empresas possuem posturas diferentes com relação à coleta e tratamento dos
dados. A empresa Alpha busca analisar as oportunidades e ameaças, pontos fracos e postos
fortes, e com base nesta análise elabora seus planejamento estratégico, onde são definidos
cenários de futuros, possíveis soluções para as ameaças encontradas e as metas a serem
atingidas. Já as empresas Beta e Gama, por não realizarem o levantamento das informações
ambientais, aguardam as alterações de mercado e somente após uma mudança. Buscam
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6 Considerações finais
O presente artigo realizou um estudo em três empresas de diferentes portes da
indústria têxtil de Fortaleza. Fica evidente a importância da aplicação do planejamento
estratégico para que a empresa possa atingir os objetivos organizacionais, não importando o
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ainda não percebem a importância de elaborar o planejamento estratégico, por acharem que
podem se adaptar as mudanças ambientais, sem perceberem que para que a empresa possua um
desempenho eficaz faz-se necessário que as decisões tomadas sejam modeladas conforme sua
missão e visão de futuro.
Esta pesquisa não pretende exaurir as possibilidades de investigação acerca do
tema planejamento estratégico, pois a pesquisa limitou-se apenas ao setor têxtil tendo como
visão a perspectiva de três empresas apenas. Desta forma recomenda-se o aprofundamento das
questões abordadas de forma consolidar as teorias apresentadas.
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