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INTRODUÇÃO 03
ENCERRAMENTO 56
INTRODUÇÃO
Se você baixou esse e-book, é muito provável que você queira
aprender mais sobre o humor. Mas se você procura uma fórmula
mágica para fazer as pessoas rirem e se tornar o mais engraçado
do seu grupo de amigos, sinto muito em dizer que a resposta não
estará aqui. Mas só porque tal fórmula não existe. Ou, se existe,
eu não a descobri ainda. Se tivesse descoberto, esse e-book teria
somente uma página e eu a dividiria com você. Juro.
Se você já pensou e acha que pode ter chegado a alguma resposta, use os cinco
minutos para organizar os seus pensamentos. Se quiser levar a reflexão a um
outro nível, pode até fazer um mapa mental. Pode ser?
Foi muito curioso me dar conta que existiam pessoas que tinham esse
emprego, esse trabalho: fazer as pessoas rirem. Naquele momento,
passei a virar um amante da comédia. Do prazer de rir.
Do prazer de fazer rir.
A segunda foi montar uma nova aula, com um conteúdo mais aprofundado
sobre humor. O objetivo era responder aquela pergunta
Mas, ao contrário do que pode parecer, essa pesquisa não foi frutífera.
Nada do que eu encontrei, nem o papo com o psiquiatra, me davam a
resposta que eu estava procurando.
O meu plano era o seguinte: rever todas as referências de humor que tinha e tentar
encontrar padrões nessas manifestações. Tentar encontrar os fundamentos da comédia.
Quais são as coisas comuns e as diversas manifestações que tornam elas engraçadas?
Eles são básicos porque, acredito eu, não existe nenhuma manifestação humorística,
nada que nos faça rir, que não tenha esses dois gatilhos presentes. Isso não quer
dizer que havendo contexto e ritmo algo se torne automaticamente engraçado.
Mas que não há nenhuma coisa engraçada que não tenha contexto e ritmo.
Esse bloco é tão básico, mas tão básico, que às vezes eu me pergunto se esses
gatilhos são do humor mesmo ou se fazem parte de um universo mais amplo.
Talvez sejam gatilhos de comunicação. Ou da linguagem. Ou da narrativa. Mas o
fato é que são fundamentais para o humor. Por isso, preferi pecar pelo excesso do
que pela omissão.
Graça
A graça é quando seu amigo está bêbado e inconveniente numa festinha na sua
casa. Ele está expansivo, falando alto, querendo “dizer umas verdades”. Um pouco
engraçado, um pouco constrangedor. Aí, ele levanta a mão no meio da sala e grita
alto, chamando a atenção de toda a galera:
Entendeu o exemplo?
Você já deve ter presenciado situações como essa. Às vezes, como dono da festa.
Às vezes, como um convidado. E provavelmente, pelo menos uma vez da vida, no
papel do amigo bêbado e inconveniente. Tenho certeza que você sabe o que vem
depois da batida é uma risada geral.
A Graça poderia se chamar de “evento cômico”. Porque muitas vezes acontece
sem planejamento. Não há a intenção de ser engraçado. É uma coisa mais passiva,
onde um evento se apresenta na nossa frente e faz a gente rir.
Não é regra, mas geralmente tem a ver com alguém se dando mal, enquanto você,
a pessoa que ri, está numa posição mais confortável e superior.
Imagine o humor como um ser vivo. Ele começa como o humor de neanderthal. Mas
vai evoluindo junto com a humanidade, na mesma intensidade, no mesmo passo, no
mesmo ritmo. Na medida em que o homem se torna um ser mais complexo, dotado
de inteligência e capacidade de abstração, o humor acompanha esse movimento.
E começa a se construir pequenas histórias, com começo, meio e fim, com contexto
e ritmo, para que no final, alguém ria. Esse formato de história é o que eu
chamo de piada.
Numa piada, existe um processo de codificação.
Por isso, existe sempre a possibilidade de alguém “não entender” a piada. Não há o
que não entender quando alguém bate a cabeça no lustre (lembra do exemplo que
eu usei na Graca?). Esse fator adiciona uma camada extra de prazer ao ouvinte.
Além de rir dos elementos engraçados da história, existe a satisfação intelectual
de ter decifrado o código da piada.
Essa satisfação ganha uma escala ainda maior quando avançamos para a Estética
do Pensamento Humorístico (como veremos adiante).
Dentro do bloco PIADA,
encontramos mais 4
gatilhos do Humor.
E dentro do gatilho Estrutura Narrativa, encontramos
uma camada de aprofundamento, o bloco Gêneros, com
mais 9 gatilhos.
11 12 13
14 15 16
GÊNEROS
17 18 19
A Graça é primitiva e ressoa com o instinto do ser
humano. É um evento cômico, que acontece de maneira
orgânica e natural, dentro de um contexto e com um
timing geralmente espontâneo.
A Piada é elaborada e ressoa com a racionalidade.
É uma história que dá ao seu narrador a possibilidade
de construir o contexto e influenciar no ritmo da
narração com o objetivo de criar as condições propícias
para o momento engraçado.
ESTÉTICA
Est ét ica
A Estética do Pensamento Humorístico é um estilo de vida. A
afirmação é um pouco exagerada. Mas ajuda a explicar.
Tem muita gente que ouve música na rádio. Tem gente que monta
playlists no Spotify. E tem gente que gosta de jazz. A Estética do
Pensamento Humorístico é o jazz do humor.
O que é o que é que enche uma casa mas não enche uma mão? Um botão.
Não sei como foi a sua experiência na infância. Mas me lembro que me divertia
muito com isso. Ganhei muitos livros de charada dos meus pais. Tenho dois filhos
que amam charadas. E dou alguns livros desse material para eles também. Muitos
se chamam de “Livros de Charadas e Piadas”.
Porém, e aqui que entra a parte importante dessa digressão, acredito que a charada
quando evolui se transforma em duas coisas diferentes: a piada e o enigma.
Enigmas são mais ou menos assim:
Isso faz sentido para você? Charada é um protótipo de duas coisas diferentes, a
piada e o enigma. Quem tem a minha idade (38 anos) deve se lembrar que na
década de 80, a Revista Super Interessante tinha uma Seção Trívia, onde, a cada
edição, apresentava 3 enigmas. Eu era viciado nisso. Adorava quebrar a cabeça
para resolvê-las.
São formatos onde o Contexto fica mais nebuloso. Onde existe uma dúvida se o que
está sendo apresentado é para ser uma piada mesmo ou não. É aqui que entra, por
exemplo, o tipo de humor chamado Nonsense.
O Nonsense, apesar do nome, não quer dizer que não faz sentido, mas que o ouvinte
terá que se esforçar mais para decifrar o sentido.
24 25
A PR OGR ESSÃO ENTRE OS BLOCOS
No meu entender, existe uma progressão em termos de qualidade
humorística. Cada bloco representa uma evolução em relação ao
anterior. Quanto mais avançado o bloco, mais complexo e mais
engraçadas as manifestações humorísticas.
PIADA
ESPÍRITO
ESTÉTICA
Ainda dentro dessa analogia, os gatilhos do bloco
Alicerce, contexto e ritmo, são como a água e oxigênio:
elementos básicos para a existência da “vida cômica”.
ALICERCE
E N CERRAMENTO
E aí, gostou?
Espero que você tenha achado interessante.