Você está na página 1de 21
Jairo Nicolau Historia do Voto no Brasil Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro Teno { Dos anos 1930 ao Golpe de 1964 No programa da Alianga Liberal constavam algumas medidas de aperfeicoamento do processo eleitoral: ‘voto secreto, combate as fraudes ¢ representacio pro- porcional. Em 1930, Getiilio Vargas, entio chefe do designou uma subcomisséo para propor alteragbes no processo eleitoral. Depois de um longo periodo de discusséo e consulta a juristas, 0 trabalho da comissio resultou no Cédigo Eleitoral de 1932, que introduziu uma série de importantes modi- ficagées na vida eleitoral brasileira. A principal delas a extensio do direito de voto as mulheres. © Brasi © segundo pais da América Latina a fazt-lo — o 375 a y JANRO RICOLAU primeiro foi o Equador, em 1929. Em muitos paises importantes, o suftdgio feminino foi concedido poste- tiormente: Franga (1944), Itdlia ¢ Japio (1946), Argen- tina e Venezuela (1947), Bélgica (1948), México (1953), Sufga (1971) ¢ Portugal (1974). © Cédigo de 1932 permitiu que o alistamento eleitoral fosse feito de duas maneiras: por iniciativa do cidadao (como na Primeira Reptiblica) ou automa- ticamente (ex-officio). Neste tiltimo caso, os chefes de diversas reparticées ptiblicas e empresas eram obriga- dos a inscrever seus subordinados. Depois de alistado, © eleicor recebia um titulo, que agora tinha uma foto- grafia (ver caderno de ilustragées). Pela primeira vez, nas eleig6es para o Coigresso, foram estabelecidas sanges para os eleitores que no se inscrevessem. O cidadao alistével deveria apresentar seu titulo de eleitor para trabalhar como funcionério ide. Tais normas nio valiam para as mulheres ¢ maiores de 60 anos. Apesar das potenciais punicdes para os no cadastrados, do mento ex-officio e da redugao da idade para 18 anos, 0 contingente de adultos cadastradas para votar na pri- meira eleiggo (1933) ainda foi baixo: 3,9% (1,438 milhdo em uma populagao de 36,974 milhées).. Osigilo do voto foi aperfeigoado com duas medidas. ‘A primeira era a obrigatoriedade do uso de sobrecarta (envelope) oficial, no qual os eleitores deveriam inserir a cédula eleitoral. A sobrecarta deveria ser uniforme opaca, numerada e rubricada pelos membros da mesa +38 HISTORIA 00 oTO No BRASIL eleitoral. Assim, evitava-se a prética comum na Primei- ta Repiiblica de os partidos utilizarem envelopes de cores, tamanhos e formatos diferentes para controlar 0 voto dos eleitores. A segunda medida foi a introdugio de um lugar indevassével (cuja porta ou cortina deviam estar fechadas) onde o eleitor pudesse colocar a cédula nna sobrecarta oficial. Os partidos ¢ candidatos que quisessem podiam enviar previamente as cédulas para as mesas eleitorais, que as colocariam a disposigao do lcitor. Mas a medida mais importante para tornar as elei- ‘gBes mais limpas foi a criagao da Justiga Eleitoral, que ficou coma responsabilidade de organizar o alistamen- to, aseleigées, a apuracio dos votos eo reconhecimento ¢ a proclamagio dos eleitos. Os municfpios foram ididos em seg6es eleitorais com no méximo 400 eleitores em cada uma delas. Terminada a votagio, as tarnas de cada sego eram lacradas, rubricadas e envia- das pelo correio atéo Tribunal Regional Eleitoral, onde 08 votos eram apurados, © Cédigo Eleitoral de 1932 introduziu um novo rema misto, extrema- Deputados. Foi adotado um mente complexo, combinando aspectos do sistema proporcional ¢ do sistema majoritério. E interessante observar que até os anos 1920, a proposta de adocao do sistema proporcional como opgio para possibilitar a representagéo das minorias era defendida por um +39. ow JAIRO NICOLA. iimero restrito de politicos e intelectuais. © principal deles era o politico gaticho Assis Brasil, que ja havia apresentado um projeto na Cémara dos Deputados, em 1893, sugetindo a adocao da representagao propor-

Você também pode gostar