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Você não precisa ser religioso nem ter lido a Bíblia para
saber o que aconteceu no fim desta História. A tempes-
tade veio, lavou a terra, e só restou “a turma da Arca”,
que foi previdente para contar o ocorrido e reconstruir o
mundo depois do vendaval.
Noé talvez tenha sido o primeiro personagem bíblico
a se preparar para os momentos de adversidades – e,
quem sabe, tenha protagonizado o primeiro caso bem-
sucedido de gerenciamento de crise.
Crise é como chuva: uma hora ou outra ela aparece. An-
tecipar possíveis focos de dificuldade, se preparar para
administrá-los e organizar ações que possam preservar
a credibilidade da cooperativa nos momentos difíceis é
uma tarefa que fica menos complicada se realizada de
maneira profissional e sistemática.
Este Manual Eletrônico tem por objetivo manter esta dis-
cussão em permanente debate. Pretende ser uma fonte
de consulta em que os dirigentes, gestores e profissio-
nais de comunicação das cooperativas médicas possam
encontrar valor agregado para suas atividades, seja na
forma de informação, de idéias, de estudo de casos, de
planejamento ou de material para reflexão.
Além disso, não tem caráter estático, podendo ser
enriquecido com a contribuição de todos, bem como
modificado ou atualizado, após sucessivos testes de seu
conteúdo e metodologia.
manual de crises
Conteúdo
04 Prefácio
05 Anatomia da Saúde X Jornalistas
06 Crise: definições e conceitos
08 Vulnerabilidades do Sistema Unimed
03 09 Administração de Crise
10 Diagnóstico/Análise de Risco
14 Comitê de Crise
16 Prevenção: o que fazer antes da crise?
18 Se a crise ocorrer...
20 Pós-crise
21 Benefícios da Crise
22 Modelos de respostas à imprensa
24 Dicas rápidas para auxiliá-lo na lição de casa
25 Bibliografia consultada
manual de crises
Prefácio
A boa vontade da mídia para com as empresas do setor de saúde tende a diminuir conforme
o estigma que elas carreguem: se transmitem alguma imagem equivocada para os clien-
tes em relação à qualidade dos serviços, contratos, preços; se sonegam impostos; se produ-
zem algum tipo de lixo que prejudique o meio ambiente (lixo hospitalar, por exemplo); se não
têm preocupações sociais; se não mantêm bom relacionamento com a opinião pública.
Trocando em miúdos, o fato é que, quando uma denúncia é feita contra essas empresas,
por mais absurda que seja, a imprensa não se intimidará em propagá-la, bem como tratará
de alimentá-la.
Some-se a isso o fato de – segundo declaração do diretor da Abramge, Flávio Figueiredo, ao
programa Observatório da Imprensa – a mídia ter tornado os planos de saúde uma espécie
05 de “Geni” (alusão à música do Chico Buarque). “Eles citam, por exemplo, os aumentos, mas
não destacam que a maioria das empresas atua no vermelho.”
Além, é claro, de não haver, costumeiramente, nos canais de comunicação nacional, jor-
nalistas especializados em saúde ou qualificados para prestar informações sobre o setor.
Essa informação foi confirmada pela repórter do jornal O Estado de São Paulo, Adriana Dias
Lopes, no mesmo programa: “não existe nenhum jornalista que seja especialista em saúde,
legislação e administração”. Ela concluiu que “há muitos passos a tomar para melhorar a
qualidade da informação que está chegando ao consumidor”.
Daí a importância de manter uma política saudável, consistente e continuada de relaciona-
mento com a mídia. Por isso, o jornalista Francisco Viana, em seu livro De Cara com a Mídia,
afirma que, em síntese, uma política de relacionamento é o caminho seguro para que a em-
presa saia do casulo antes de uma situação de crise e possa fazer um trabalho preventivo
que a identifique com as aspirações superiores da sociedade.
Ainda, segundo Viana, “é importante não esquecer: a diretriz básica para vencer as crises
encontra-se no teor do relacionamento consolidado antes dos momentos de dificuldades.
Não se pode, de repente, esperar um relacionamento de confiança num terreno em que
grasse a desconfiança. Ou um relacionamento de luz e sombra em que a empresa divulga
o que é de interesse da mídia. Vivendo num meio em que os segredos teimam em não ser
segredos, a empresa que cultiva relacionamentos tem uma grande trunfo nessa aldeia glo-
bal ou planetária, de notícias planetárias, repercussões planetárias e de cidadãos do mundo.
Mesmo se for culpada de algum deslize ético ela, sem dúvida, terá espaço para expor suas
razões. E isso é muito importante. Para as empresas o silêncio continuado
é sempre reacionário. Pelo menos no mundo de hoje”.
manual de crises
A palavra “crise” vem do grego krisis (decisão, julgamento), e é parente do verbo Krinein
(julgar, decidir, separar). Segundo o novo dicionário da língua portuguesa, crise é uma
alteração que sobrevém no curso de uma doença. Ainda na linha da medicina, a palavra tam-
bém pode ser definida como acidente repentino que ocorre numa pessoa em estado aparen-
te de boa saúde, ou agravamento súbito de um estado crônico. Antes monopólio da medici-
na e da economia, o conceito de crise invadiu o cotidiano das preocupações das empresas.
Por isso, o jornalista Francisco Viana afirma em seu livro De Cara com a Mídia que, em re-
sumo, crise empresarial seria uma multiplicidade de eventos imprevisíveis, com o poder de
causar prejuízos incalculáveis aos cofres e à imagem das corporações.
06 Elas podem ser classificadas por meio dos públicos afetados, segundo o consultor de em-
presas Roberto Castro Neves:
· com consumidores, clientes e usuários: situações relacionadas a produtos e serviços, vio-
lações contratuais, problemas de relacionamento, situações previstas no Código de Defesa
do Consumidor;
· com o público interno (colaboradores): acidentes de trabalho, demissões em massa, viola-
ções da legislação trabalhista, discriminação, assédios, fraudes, violação de direitos humanos;
· com investidores (no caso das cooperativas, com cooperados): resultados abaixo das ex-
pectativas, fusões, perdas patrimoniais, fraudes contábeis, intervenções, envolvimento em
escândalos etc;
· com a comunidade: relativos ao meio ambiente, questões ideológicas, religiosas etc;
· com o Poder Público: violações legais, encerramento das atividades ou de produtos, inter-
venções da Agência Reguladora (ANS).
Descobertos os públicos, só resta saber os aspectos que fazem com que a crise aconteça:
· Falhas humanas de pessoas ligadas à organização e aos seus fornecedores;
· Falhas de projeto;
· Falhas de processo;
· Falhas de execução;
· Falhas de programação;
· Falhas mecânicas ou tecnológicas de responsabilidade da organização e de seus fornecedores;
· Panes de sistema de computação ou de telecomunicações;
· Calamidades públicas;
· Atos criminosos cometidos contra a empresa;
· Catástrofes;
manual de crises
· Acidentes
· Interferência do poder público;
· Mudanças políticas e econômicas;
· Ações ou reações do público em geral contra a empresa.
E, atenção, pois além das causas citadas acima, em alguns momentos, por razões diversas,
as empresas estão mais fragilizadas ou desatentas:
· Período de agitação política/econômica/social no país;
· Política de Recursos Humanos inadequada;
· Crescimento acelerado; Euforia empresarial;
· Tempos de vacas magras;
· Marasmo na organização: estabilidade operacional;
· Problemas de liderança;
· Fusões e/ou aquisições;
· Reestruturações;
· Mudanças internas (organização, chefias, processos, softwares, produtos);
07 · Período de concordata.
Para finalizar este capítulo, um lembrete: assim como há pessoas mais vulneráveis a doen-
ças do que outras, há empresas mais vulneráveis a crises do que outras organizações. E as
cooperativas médicas se enquadram em alguns desses grupos de riscos:
· empresas ou ramo de atividades que tenham vivenciado crises – hoje em dia, por exem-
plo, as empresas do mercado de saúde suplementar estão no olho do furacão. Portanto, se
uma empresa com atuação similar vive um momento turbulento, cuidado! A próxima vítima
poderá ser a sua cooperativa;
· empresas que atuem em áreas bastante controladas – a organização operando debaixo de
muitas regras e sob os olhos atentos da fiscalização corre maiores riscos. São grandes as
probabilidades tanto de infringir uma regra, quanto de ser descoberta em caso de infração;
· empresas líderes são as mais vigiadas.
Todos os exemplos citados acima indicam os prováveis tipos e caminhos para a crise. Inde-
pendentemente da causa, a crise pode afetar de forma negativa a instituição ou ser trans-
formada numa oportunidade para se promover a visão institucional, melhorar processos
internos e inverter uma situação desfavorável.
Além disso, para todas as situações, vale uma regra: quanto
mais rápido se responder a uma situação inesperada, melhores
serão as possibilidades de se contornar a crise com sucesso e
transformá-la em oportunidade. E a melhor forma de se comba-
ter uma crise é oferecer informação com transparência.
manual de crises
P ara o Sistema Unimed, crise é todo e qualquer fato que fuja à normalidade operacional
das cooperativas médicas, prejudicando ou interrompendo o atendimento aos clientes e
acarretando prejuízos à imagem.
Independente da situação de risco, a orientação é tomar providências para que a informa-
ção circule rapidamente dentro e fora das cooperativas médicas, conforme sugerido neste
Manual.
Segundo resultado do levantamento realizado no Sistema Unimed para a elaboração deste
08 plano de gerenciamento de crise, os assuntos que geram maior preocupação em termos de
crise de imagem para as cooperativas são:
· Crise com acionistas e prestadores – hospitais, laboratórios, cooperados etc;
· Denúncias de mau atendimento pela rede credenciada /cooperados;
· Intervenção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (decretação de direção fiscal ou
liquidação);
· Denúncias por violação/desrespeito a contratos e ao Código de Defesa do Consumidor;
· Dificuldades financeiras;
· Denúncias de mau atendimento da Unimed;
· Denúncias por violação/desrespeito às legislações tributária e trabalhista;
· Disputa política/processo eleitoral;
· Relação com concorrentes;
· Denúncias de cartelização.
Administração de Crises
“Administrar crises é, antes de tudo, uma forma de pensar, uma postura em-
presarial permanente, e não uma simples forma de agir.” Waltemir de Mello,
consultor empresarial.
Sobre cada uma dessas áreas, foi elaborada uma lista de perguntas. Responda-as, dando as
notas abaixo:
2 – Quando a resposta for totalmente negativa: “não”, “jamais”, “de forma alguma”, “nem
pensar”. Pode abrigar respostas como “não sei”, “não tenho a menor idéia”, “nunca ouvi
falar nisso”.
0 – Quando a resposta for totalmente afirmativa: “sim”, “sempre”, “é óbvio, né!”.
1- Quando a resposta não puder ser nem totalmente negativa, nem totalmente positiva.
Corresponderia ao “mais ou menos”, “é e não é”, “talvez”.
manual de crises
Sua empresa...
(1) Tem código de ética? Tem valores assumidos e divulgados?
(2) Tem programas de qualidade?
(3) Pode-se dizer que seja uma “empresa ágil”?
(4) Pode-se dizer que seja uma “empresa inovadora”?
(5) Tem boa política de recursos humanos? Tem baixo turn over (rotatividade de recursos
humanos)?
(6) “Segurança” faz parte dos objetivos dos empregados? “Segurança” aqui é no sentido
amplo: segurança de dados, segurança física, segurança no trabalho.
(7) O nível de pressão sobre as pessoas é o adequado?
(8) Tem hábito de fazer análises logo após a realização de eventos, programas etc...?
(9) Pode-se dizer que as pessoas trabalhem mais em equipe do que individualmente?
(10) Há poucos níveis de subordinação?
(11) Investe em treinamento interno?
11 (12) As pessoas são estimuladas a dizer o que pensam? Quem traz “más notícias” não fica
mal com a gerência?
Sua empresa...
(13) Tem boa imagem na sociedade?
(14) Investe em Comunicação Empresarial?
(15) Investe em marketings temáticos – Marketing Social, Esportivo, Ecológico, Cultural?
(16) Pode-se dizer que a “comunicação da empresa é integrada”?
(17) A alta gerência se envolve com a comunicação da empresa?
(18) Pode-se dizer que o principal executivo esteja comprometido com a comunicação?
(19) Tem boa comunicação com os clientes/ consumidores/ usuários?
(20) Tem boa comunicação com os cooperados?
(21) Tem boa comunicação com fornecedores?
(22) Tem bom relacionamento com a mídia?
(23) Tem bom relacionamento com as autoridades (Poder Público)
(24) Tem bom relacionamento com as comunidades? Da cidade, do bairro etc...
(25) Participa ativamente de associações?
(26) Tem boa comunicação interna? Estimula a comunicação de baixo para cima? Há progra-
mas para recolher reclamações e sugestões dos empregados e de fornecedores?
manual de crises
Sua empresa...
(27) Tem bons controles em geral?
(28) Nas auditorias financeiras, alcança níveis satisfatórios?
(29) Faz auditorias ambientais?
(30) Faz pesquisas de opinião junto ao público interno? Monitora permanentemente o clima
organizacional?
(31) Tem issue management?
(32) Tem boa manutenção dos equipamentos vitais?
(33) Tem procedimentos eficientes de segurança?
(34) Faz regularmente auditoria nos fornecedores e nos serviços terceirizados?
(35) Faz acompanhamento de correção de erros, de falhas detectadas, de queixas e reclama-
ções apresentadas?
(36) Dá treinamento especial para funcionários novos?
(37) Os funcionários têm as responsabilidades claramente definidas?
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* Com relação a crises
Sua empresa...
(38) Tem um comitê de crise ou algo que o valha?
(39) Tem orçamentos reservados para crises?
(40) Faz treinamentos para crises? Faz simulações de crises?
(41) Está preparada para enfrentar crises relacionadas ao meio ambiente (ex: lixo-hospitalar,
no caso das cooperativas com recursos próprios)?
(42) Está preparada para enfrentar crises relacionadas a atos criminosos?
(43) Está preparada para enfrentar crises com o público interno?
(44) Tem planos de emergência conhecidos (incêndio, acidentes, calamidades etc...)?
(45) Tem ampla cobertura de seguros?
(46) Tem documentação sobre crises anteriores?
(47) Tem back up (cópia de segurança) para os sistemas vitais?
Tudo respondido? Então, agora, some os pontos todos. Este número totalizado é o IVC – Ín-
dice de Vulnerabilidade da Cooperativa, se ele estiver....
· ... abaixo de 30 pontos, sua cooperativa está bem neste quesito.
· ... entre 30 e 60 pontos, sua cooperativa corre riscos.
· ... entre 60 e 80 pontos, sua cooperativa corre sérios riscos.
· ... acima de 80 pontos, sua cooperativa está no alerta máximo.
manual de crises
Resumindo a avaliação final de vulnerabilidade, sua cooperativa estará numa situação entre:
· O melhor dos mundos: se não pertencer a nenhum grupo de risco, se a empresa estiver
consciente da possibilidade de ser vítima de uma Crise Empresarial com a Opinião Pública,
e se o IVC for baixo (menor do que 30).
· O pior dos mundos: se estiver num grupo de risco, e se o IVC for alto (maior do que 60).
Alerta: Se sua cooperativa estiver mais para o pior dos mundos, leia e
preste atenção a todas as orientações deste manual.
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manual de crises
Comitê de Crise
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manual de crises
C rises não têm hora para eclodir e ocorrem com freqüência em dias e horários impró-
prios, como depois do expediente, ou durante os finais de semana, quando é difícil en-
contrar alguém para decidir ou agir. Esteja, portanto, preparado para as eventualidades. Esta
é a dica dada por Ulisses Laçava, no Manual de Comunicação e Meio Ambiente do Instituto
Internacional de Educação do Brasil (IIEB) e WWF-Brasil.
Investir em uma política de relacionamento séria e constante com a mídia é parte das inicia-
tivas para prevenir crises. E, atenção: esta ação deve seguir critérios profissionais, como:
– delegar a comunicação da cooperativa aos profissionais da área, assegurando condições
para o eficaz atendimento da mídia;
16 – esforçar-se para encarar tanto os fatos positivos, como os negativos de sua Unimed, do
ponto de vista da comunicação mercadológica, como oportunidades de reforço da imagem;
– procurar atender às solicitações de jornalistas, deixando transparecer a importância que
sua Unimed dá a tais ocasiões;
– tornar visível o forte comprometimento da empresa com a opinião pública e a sociedade.
E, por fim, antes da crise, é recomendável que a empresa esteja preparada objetivamente
para enfrentá-la, o que requer:
- Criação de um “grupo de crise”, com as pessoas-chave que podem ser acionadas em
casos inesperados e que tenham capacidade para intervir em nome da cooperativa (ver capí-
tulo 7 – Comitê de Crise);
- Análise da missão, valores e ética da empresa;
- Check-up da organização (aplicação do teste IVC – capítulo 6);
- Designação de um porta-voz;
- Organização de banco de dados;
- Elaboração de um plano de contingência, ou seja, normas para ação em meio à crise;
- Preparação adequada de porta-vozes e de equipes de ação;
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manual de crises
Se a crise ocorrer...
“Na hora da crise a empresa precisa ter mais do que líder. É preciso contar
com um comandante, um homem que tome as rédeas, que passe as infor-
mações com a máxima clareza... Quando se está numa situação como essa, o
tempo é um ativo valioso, e a clareza ajuda a evitar erros. Não se pode correr
o risco de interpretações equivocadas. E as pessoas que estão abaixo têm
que perceber que há um plano a longo prazo, e que líder não é simplesmen-
te um bombeiro desesperado que vai apagar um incêndio momentâneo.”
Abílio Diniz, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Pão de Açúcar.
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manual de crises
Pós-crise...
Recorremos aqui novamente às dicas do consultor Roberto de Castro Neves, que lista algu-
20 mas ações prioritárias a elaborar neste sentido:
- Realização de “briefing” – se pergunte: a crise foi administrada satisfatoriamente? Se a
cooperativa tinha um planejamento para crises, o que funcionou e o que não funcionou?
Com que públicos se interagiu? Faltou algum tipo de habilidade? O que pode ser extraído
dos momentos de crise?;
- Documentação histórica sobre a crise – poderá guiar, futuramente, o gerenciamento e
administração de um novo problema;
- Avaliação de quanto custou a crise – avaliar o quanto a empresa perdeu com a crise, como,
por exemplo: quantos contratos foram deixados de ser celebrados ou renovados por conta
da crise; custos com advogados, indenizações, multas; gastos com a administração da
crise: horas-extras; publicidade; campanhas na mídia;
- Reconhecimento dos heróis – saiba reconhecer os colaboradores que se destacaram na
administração da crise, pois isto ajudará a melhorar o ambiente interno da cooperativa, que
após a crise deverá estar abaixo da média;
- Comunicação com os demais constituintes – trata-se de uma boa oportunidade para elimi-
nar dúvidas e comprovar que providências corretivas foram efetivamente adotadas;
- Cuidado com os legisladores – a crise pode ser sinônimo de munição para que os legisla-
dores criem novas regulamentações ao setor. Um exemplo disso é a crise vivida por diver-
sas empresas de planos de saúde em torno da migração de contratos, que fez com que a
Agência Nacional de Saúde Suplementar revisse toda a legislação sobre o assunto;
- Realização de tudo o que prometeu fazer – se, durante a
crise, sua cooperativa prometeu fazer algo, agora é hora de
cumprir. Não se deve apostar no esquecimento da opinião
pública;
- Recomece – normalize o funcionamento da cooperativa e
corra atrás do prejuízo. Comece tudo de novo...
manual de crises
Benefícios da crise
C rises sempre trazem lições que, se bem aproveitadas, podem compensar parcialmente
os danos causados e revelar oportunidades de melhoria. Esta dica é dada pelo jornalista
Ulisses Laçava, no Manual de Comunicação e Meio Ambiente da WWF- Brasil e do IIEB. Se-
gundo ele, é possível, por exemplo, conseguir o estabelecimento de programas de preven-
ção e capacitação, com a criação de novos patamares de segurança, para evitar episódios
semelhantes.
Elas também podem indicar a necessidade de melhores instrumentos de monitoramento e
avaliação, documentação das ações, melhor escolha de parceiros, ou mesmo uma ação de
fortalecimento da imagem institucional.
O consultor Roberto de Castro Neves é outro que acredita que crises costumam produzir
benefícios. Crises costumam dar uma sacudidela na organização. Falhas são descobertas.
Processos são corrigidos. Muitas organizações que estavam em marcha lenta voltaram a ser
dinâmicas após uma crise. Em adição, uma crise bem administrada conta ponto, fortalece a
imagem e traz visibilidade para a organização. Em geral, uma crise melhora o relacionamen-
to da empresa com o público externo, até porque força a organização a realizar coisas que
normalmente vêm sendo postergadas. Por fim, elas também funcionam como um enorme
aprendizado, trazendo subsídios para o enfrentamento de crises futuras.
Já o consultor Waltemir de Melo acredita que a crise bem gerenciada pode (e deve) difundir
propósitos sociais e empresariais; disseminar valores e mensagens institucionais; alcançar
o comprometimento e conquistar a adesão verdadeira dos públicos envolvidos; aprimorar o
relacionamento com os públicos preferenciais; e alcançar a
sinergia entre áreas e pessoas.
manual de crises
3. Erro médico
A Unimed X defende que o médico cooperado atue com plena autonomia, devendo, por
conseguinte, responder pessoalmente pelos eventuais erros cometidos.
Mas, em 13.03.01, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em continuidade ao julga-
mento iniciado em 19.12.00, manteve decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, que considerou haver responsabilidade solidária das operadoras de planos de saúde
pelos erros médicos cometidos pelos seus profissionais contratados ou cooperados.
Em fevereiro/2000, a 4ª Turma do STJ, em processo da Saúde Unicor, já havia decidido nes-
se mesmo sentido.
Mais uma vez, as peculiaridades das cooperativas não foram adequadamente apreciadas
pelos Tribunais Superiores. Entretanto, alguns tribunais estaduais vêm reconhecendo a ilegi-
timidade passiva das cooperativas, como, por exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, em recente acórdão, decidiu:
“Ação Ordinária. Sentença julgando extinto por ilegitimidade de parte. Recurso de Apelação.
Confirmação já que cooperativa de serviços médicos não responde por atos culposos dos
profissionais liberais. Desprovimento do recurso.”
4. Unimilitância
A Unimed X esclarece que julgamento recente de caso envolvendo médico cooperado X,
que foi decidido em favor da Unimed Y, demonstra que a tese defendida pelo Sistema – de
23 que as cooperativas médicas são diferentes das empresas privadas que atuam no mercado
de saúde supletiva e, conseqüentemente, não precisam estar sujeitas à mesma proibição de
cláusula de exclusividade imposta pela Lei 9656/98 – está correta e já foi reconhecida como
legítima pelo Superior Tribunal de Justiça.
A exigência da exclusividade por parte das Unimeds justifica-se pela sua forma de relaciona-
mento com os médicos: enquanto as empresas de medicina de grupo contratam e remu-
neram seus médicos numa relação contratual, as cooperativas os têm como sócios (relação
institucional), remunerando-os de acordo com suas disposições estatutárias e regimentais.
Outros argumentos que podem ser utilizados como esclarecimento aos jornalistas:
a) STJ: Cooperativas podem excluir do quadro médicos que prestam serviços a outras em-
presas
“Optando o médico por associar-se à cooperativa, deve sujeitar-se às suas normas esta-
tutárias, que, nas limitações impostas, conforme aos objetivos da entidade, não implicam
vulneração da liberdade de profissão e trabalho, muito menos ofendendo outros princípios
que vedam o abuso do poder econômico”, afirmou o desembargador, relator da apelação.
b) Vitória Histórica do Sistema Unimed no STJ
Processo envolvendo a Unimed Rio Claro serve de paradigma para a uniformização de juris-
prudência do STJ sobre este assunto.
c) Unimed do Brasil reage à exigência da ANS
Segundo Egberto Miranda Silva Neto, advo-
gado da Unimed Brasil do escritório regional
no Rio de Janeiro, a lei 9656/98 tem uma
cláusula que proíbe a exclusividades dos
prestadores, mas esta não atinge as coo-
perativas, apenas as operadoras de saúde.
“O cooperado é o próprio dono da Unimed,
assim ele tem autoridade para decidir sobre
a questão da exclusividade”, enfatiza.
manual de crises
(1) A crise de imagem se constituiu em um conjunto de eventos que podem atingir os patrimô-
nios mais importantes de qualquer entidade: a credibilidade, a confiança e a reputação.
(2) Lembre-se, crise empresarial com a opinião pública causa um grande prejuízo à coope-
rativa: perdem os colaboradores, os cooperados, os prestadores, os clientes. E, principal-
mente, se mal gerenciada pode custar a destruição da marca ou até mesmo a existência da
cooperativa;
(3) A boa vontade da mídia para com as empresas do setor de saúde tende a diminuir
conforme o estigma que elas carregam. Daí a importância de se fazer uma comunicação
profissional e, sempre que possível, crie uma imagem positiva junto a mídia, por meio da
divulgação de boas notícias e da construção de um bom relacionamento com os veículos de
comunicação;
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(4) Toda cooperativa tem vulnerabilidades. Portanto, antecipe possíveis focos de dificuldade,
se prepare para administrá-los e organize ações que possam preservar a credibilidade da
cooperativa nos momentos difíceis;
(5) Crie e apóie Comitê de Crise, com a participação da diretoria da cooperativa e de repre-
sentantes de áreas estratégicas;
Bibliografia
Doty, Dorothy I. Divulgação Jornalística & Relações Públicas. São Paulo. Cultura Editores
Associados, 1995
Mestieri, Carlos Eduardo. Relações Públicas: Arte de Harmonizar Expectativas. São Paulo:
Aberje, 2004.
Neves, Roberto de Castro. Crises Empresarias com a Opinião Pública. Rio de Janeiro:
Mauad Editora, 2002.
w w w. u n i m e d . c o m . b r
Este e outros manuais estão disponíveis
na Agência Unimed de Notícias