Você está na página 1de 17

1.

0 NOÇÕES DE ELETRICIDADE APLICADA À SOLDAGEM

1.1 CORRENTE ELÉTRICA

Dá-se o nome de corrente elétrica ao movimento ordenado de

cargas elétricas de um corpo.

Há dois tipos de corrente elétrica usados em máquinas de

soldagem: a corrente contínua e a corrente alternada.

CORRENTE CONTÍNUA ( = )

Uma corrente é chamada de continua ou constante quando o

seu valor não se altera com o tempo, podemos tomar como

referências de geradores de correntes contínua as pilhas e as

baterias frequentemente utilizadas em nosso cotidiano.

Resumindo a corrente contínua é aquela que circula sempre no

mesmo sentido. A fonte fornecedora de corrente (gerador de

solda, Bateria, Inversor ou Retificador de Solda) mantém constante

sua polaridade, ou seja, o borne negativo será sempre negativo e

o borne positivo será sempre positivo; borne é onde é encaixado

os cabos na máquina de solda.

A Figura a seguir mostra o aspecto físico, símbolo e curva da

corrente contínua em função do tempo.

CORRENTE ALTERNADA (~)

É aquela que passa através de um corpo sofrendo inversão de

sentido em intervalos regulares de tempo, caminhando primeiro

num sentido e depois no outro, usado com mais frequência em

+-

GERADOR

PEÇA

ELETRODO

U(V)

xV

t(s)

5 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido


World’s Qualificação Profissional LTDA

máquinas transformadoras. Cada borne hora será negativo, hora

será positivo. Em soldagens a troca de polaridade pode se dar a

cada interrupção do arco elétrico.

Segue abaixo representação gráfica da corrente alternada.

INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA

A corrente elétrica, seja ela alternada ou contínua, pode ter sua

intensidade medida. Para medir a intensidade da corrente, usa-se

a unidade de medida chamada AMPÈRE, que é representado

pela letra A. Portanto é correto dizer que, num determinado

instante, a intensidade da corrente circulante pelo eletrodo é de 5

a 200 A.

1.2 TENSÃO ELÉTRICA

Já foi visto que a corrente elétrica é um movimento ordenado de

cargas elétricas através de um corpo. Essas cargas, porém, não se

movem sem que haja uma força atuando sobre elas, fazendo-as

circularem. A essa força atuante, dá-se o nome de tensão

elétrica. Portanto, tensão elétrica é a força que movimenta as

cargas elétricas através de um corpo e que tem, como unidade

de medida, o volt, que é representado pela letra V.

1.3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA

É a dificuldade que um corpo oferece à passagem da corrente

elétrica. Sua unidade de medida é o ohm, que é representado

pela letra grega Ω . Ao atravessar um corpo, a corrente elétrica

encontra dificuldade e gera calor. Esse calor pode ser desejável,

como é o caso do chuveiro elétrico, ou indesejável, como no caso

de um mau contato numa conexão elétrica. Na soldagem

elétrica, deve-se evitar o aquecimento indesejável em:

±±

TRANSFORMADOR

PEÇA
ELETRODO

U(V)

xV

t(s)

6 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

a) mau contato entre o grampo-terra e a massa; Ligação à massa

suja, solta ou com material intermediário.

b) mau contato entre o cabo elétrico e o porta-eletrodo,

danificado, parafuso mal ajustado, fios quebrados ou mesmo

desgaste por uso.

c) mau contato entre terminais do cabo elétrico e os bornes da

máquina; bornes mal ajustados/frouxos, cabos danificados,

quebrados e desgastados.

d) Grampo-terra ou cabos danificado, quebrado, desgastado

pelas altas temperaturas, ou com a mola gasta, o que ocasiona

vários mini curtos depredando o mesmo na área de contato.

Observação: Ao fazer uma conexão elétrica, deve-se ter o

cuidado de executá-la corretamente, para que não ocorra mal

contato e consequentemente perda de energia elétrica, gerando

aquecimento indesejável.

1.4 MATERIAIS CONDUTORES

São corpos que permitem a passagem da corrente elétrica com

relativa facilidade. Os mais usados são o cobre e o alumínio.

7 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

1.5 -MATERIAIS ISOLANTES

São corpos que, dentro de uma determinada faixa de tensão, não

permitem a passagem da corrente elétrica. Os mais usados são a

borracha, a mica, a porcelana e a baquelita.

2.0 - ARCO ELÉTRICO


É a passagem da corrente elétrica de um polo (peça) para outro

(eletrodo), desde que seja mantido entre eles um afastamento

conveniente. Esse afastamento, chamado de comprimento do

arco, deve ter aproximadamente um diâmetro e meio do núcleo

do eletrodo.

Observe:

O calor intenso produzido pelo arco elétrico funde a ponta do

eletrodo e a parte da peça tocada por este, formando a solda.

Além de seu papel de fonte de calor, o arco elétrico ainda

conduz as gotas de metal, depositando-as de encontro à peça, o

que permite executar soldas na posição sobre cabeça.

Solda de ponta cabeça, o arco impulsiona as gotas de metais em fusão possibilitando as mais

variadas posições de soldagens.

Afastamento

Este afastamento é

determinante no tamanho

e propriedades do arco

elétrico e do cordão de

Núcleo ou alma

do eletrodo

Revestimento do

eletrodo, age como

proteção do arco,

podendo também atuar

como catalisador

ISOLANTE CONDUTOR

8 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

2.1 -OBTENÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA

Nas soldagens, a corrente elétrica pode ser obtida por meio de

máquinas de solda que podem ser Máquinas de solda Geradora,


Máquinas Transformadora, Máquinas Retificadora e Inversoras

Eletrônica.

a) MÁQUINA DE SOLDA GERADORA

Fornece apenas corrente contínua, são máquinas rotativas que

possuem um motor elétrico ou motor de combustão interna,

acoplado a um gerador de corrente elétrica, contínua, destinada

à alimentação do arco elétrico, Quando acoplados a motores

elétricos, necessitam de uma rede elétrica trifásica, com tensões

de 220/380/440V. Os geradores resistem bem aos trabalhos de

soldagem de longa duração, à plena carga.

Princípio do gerador

No gerador, tem-se um rotor com bobinas que gira no campo

magnético. As bobinas contidas no rotor produzem corrente que

será retirada através de coletores, resultando uma corrente

contínua de saída para alimentar o arco. Observe abaixo.

Rotor

Estator Ventilador Induzido

Escovas

CC

Exitação Coletor

9 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

Emprego dos geradores

Os geradores são largamente empregados por apresentarem os

seguintes recursos:

Permitem o uso de todos os tipos de eletrodo devido à

corrente contínua;

Gera sua própria energia através do acoplamento de um

dispositivo girante, que pode ser um trator, motor a

combustão, roda d’água, motores elétricos, etc. São muito

usados em trabalho de campo por sua versatilidade.


Podem ser de pequeno, médio e grande porte, dependendo da

exigência do trabalho a ser realizado.

Manutenção dos geradores

Por possuírem partes girantes, é necessário que se estabeleça um

plano de manutenção e lubrificação. Os coletores exigem uma

limpeza planejada, bem como uma troca periódica de suas

escovas.

Os geradores de corrente contínua apresentam, como

desvantagem, o alto custo de aquisição em relação aos demais,

bem com um alto custo de manutenção, por possuírem partes

móveis, entretanto, apresentam de positivo a melhor estabilidade

do arco elétrico.

b) MÁQUINA DE SOLDA TRANSFORMADORA

Geralmente é um transformador usado em soldagens, pode

possuir um ou vários bornes, conforme visto acima, as máquinas

transformadoras fornecem apenas corrente alternada, para obter

corrente contínua à partir de uma máquina de solda

transformadora, a máquina de solda, que é basicamente um

transformador, deve ter um conjunto retificador onde a tensão de

saída do transformador é retificada e usada para as soldas em CC

e CA. Os transformadores de soldagem podem apenas ser

conectados à corrente alternada e fornecem somente esse tipo

de corrente.

10 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

Isso está relacionado com a contínua variação do campo

magnético na bobina primária, onde circula apenas corrente

alternada. Essa constante variação ou alternância do campo

magnético gera corrente na bobina secundária.

Nos transformadores, modifica-se apenas a tensão da corrente


alternada. Pode ser do tipo monofásico ou trifásico e ser

alimentado com tensões de 110, 220, 380 e 440v.

Os transformadores, sendo máquinas para soldagem com

corrente alternada, não têm polaridade definida e só permitem o

uso de eletrodos apropriados para esse tipo de corrente.

A máquina normalmente dispõe de dois terminais para ligação de

cabo terra e porta-eletrodo

Representação esquemática de um transformador de solda de

alta potência com comutador especial para chapas finas.

Gama de regulagem da corrente: 20 a 80ª

Na maioria dos casos, tem um dispositivo volante com o qual se

regula a intensidade da corrente.

Observação: Em função do consumo de potência em trabalhos

de longa duração utilizando-se eletrodos de diâmetros maiores,

11 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

deve-se ter o cuidado de selecionar-se a máquina com potência

adequada.

Vantagens dos Transformadores

Eliminam o risco de surgimento do sopro magnético, que

provoca uma fusão desigual do eletrodo e defeito na solda,

principalmente inclusões de escória.

Baixo custo de equipamento.

Baixo custo de manutenção.

Desvantagens dos Transformadores

Desequilibram a rede de alimentação, devido à sua ligação

monofásica.

Devido à alternância da corrente de soldagem, que passa por

zero a cada semi-período, a tensão em vazio da máquina (42V)


precisa ser elevada, a fim de possibilitar-se o reacendimento do

arco elétrico.

Não podem ser usados com eletrodos que não proporcionem boa

ionização da atmosfera por onde flui o arco elétrico.

C) MÁQUINA DE SOLDA RETIFICADORA.

Como visto anteriormente, além de um transformador ela possui

um conjunto retificador para ser usado em correntes contínuas e

correntes alternadas, estes tipos de máquinas podem ser usadas

em soldagens TIG, já os transformadores não, a não ser que haja

um dimensionamento ou um adaptação de um conjunto

retificador.

Os retificadores de soldagem são constituídos basicamente de um

transformador trifásico, cujo secundário é ligado a uma ponte de

retificadores. Os retificadores são elementos que somente

12 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

permitem a passagem de corrente em um só sentido, portanto

convertem a corrente alternada em corrente contínua de saída.

A Figura abaixo apresenta uma ideia da transformação da

corrente alternada trifásica numa corrente contínua pulsante pela

ação dos retificadores.

As pulsações se interrompem com a utilização da corrente de

soldagem. Os retificadores, no que diz respeito aos custos de

aquisição e de manutenção, à vantagens inerentes às máquinas

de corrente contínua, isto é, operam com baixas tensões em

vazio, proporcionam um regime de arco elétrico estável e

permitem a utilização de qualquer tipo de eletrodo.

Observação: Em caso de incêndio, devem ser utilizados extintores de CO2 ou nitrogênio.

d) MÁQUINA DE SOLDA INVERSORA.

Desde o advento de semicondutores de alta potência, por

exemplo IGBT e MOSFET, foi possível construir inversores de


potência, capazes de transformar corrente AC (Corrente

Alternada) em corrente DC (Corrente Direta) em alta freqüência,

o suficiente para as grandes cargas de potência exigida para

soldagem com eletrodos (ARC / MMA). Elas são conhecidas como

"Inversoras de Soldagem". Estes equipamentos, geralmente

transformam a energia elétrica AC, convertendo-a em altas

voltagens e armazenando-a em um banco de capacitores em

voltagem DC, onde um microprocessador controla a entrega

desta energia para um segundo transformador conforme a

13 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

amperagem desejada para a soldagem, retornando como

corrente suave/estável e controlada.

As frequências utilizadas são normalmente muito altas,

tipicamente acima de 10.000 Hz. Os equipamentos de soldagem,

baseado nestes princípios, podem e normalmente são, muito mais

eficientes do que as máquinas de solda tradicionais,

principalmente porque os controles da regulagem da amperagem

desejada são microprocessados, fazendo com que, por exemplo,

uma oscilação de energia elétrica na rede não altere a

amperagem de saída na soldagem.

Além disso, quando comparamos os tamanhos dos equipamentos

tradicionais à este tipo de inversora, encontramos mais uma

grande vantagem: chegam a pesar um quinto de uma máquina

de solda tradicional na mesma faixa de potência, o que torna

este tipo de equipamento muito útil para aplicações em grandes

alturas, espaços confinados, necessidade de grande mobilidade,

etc. além de serem muito mais econômica em relação às demais

máquina vistas anteriormente.

2.2 SENTIDO DE CIRCULAÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA

A corrente circula do pólo negativo ( -) para o pólo positivo ( + ).


1.10 -POLARIDADES

No processo de soldagem, quando a máquina de solda está

operando, a corrente elétrica sai pelo borne A, desloca-se pelo

cabo até a peça que está sendo soldada e provoca a fusão do

material da peça com o material do eletrodo através do arco

elétrico. Em seguida, passa pelo eletrodo e retorna ao borne B

através do cabo, entra novamente na máquina e, pelo circuito

interno, torna a sair pelo borne A.

14 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

Com a aplicação de uma fonte de corrente contínua de

soldagem, pode-se ter diferentes temperaturas na peça e no

eletrodo em função da polaridade utilizada.

Essas diferenças de temperaturas na peça e no eletrodo

modificam sensivelmente a deposição e a profundidade do

cordão de solda conforme figura abaixo:

Os geradores de corrente de soldagem fornecem a tensão e a

corrente dentro de valores adequados para a operação. A tensão

fica em torno de 15 a 30V em trabalho e a corrente situa-se na

faixa de 60 a 300A.

2.3 EFEITO DA TENSÃO NA SOLDAGEM

Visto que o ar não é um condutor, o arco deve ser inicialmente

aberto através de um curto-circuito, fazendo com que, ao

levantar-se o eletrodo, a corrente flua neste instante com elevada

amperagem.

A tensão faz com que a corrente elétrica prossiga circulando

mesmo depois que o eletrodo é afastado da peça, fazendo com

que o arco elétrico se mantenha. O arco produz alta temperatura,

fundindo o material do eletrodo e da peça, formando a solda.

Colocando-se a polaridade

positiva no eletrodo o mesmo


trabalha a 4.200°C e a peça

fica a 3.600°C

Essa posição da polaridade é

conhecida como

polaridade inversa

Colocando-se a polaridade

negativa no eletrodo o

mesmo trabalha a 3.600°C e

a peça fica a 4.200°C

Essa posição da polaridade é

conhecida como

polaridade direita

11

15 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

Deve-se abaixar o eletrodo e tocar na peça para fazer um curto

circuito, após este curto, deve-se afastar o eletrodo a uma

distância igual a aproximadamente 1,5 do diâmetro da alma ou

núcleo do mesmo.

A elevada corrente no instante do curto-circuito provoca um

intenso aquecimento, tendo-se, portanto, uma elevada

temperatura.

A elevada temperatura faz com que ocorra a fusão do eletrodo,

cujas partículas fundidas passam a se transferir para a peça

formando uma poça de fusão.

Após a abertura do arco e fusão do eletrodo, a transferência do

material do eletrodo para a peça pode vir a ocorrer através de

gotas fundidas de tamanhos grandes, médios ou pequenos

(quase névoa)

Gotejamento Grosso Gotejamento Médio Gotejamento Fino

O tipo de transferência depende da corrente de soldagem,


composição do eletrodo, comprimento do arco elétrico e

composição do revestimento.

Por exemplo, a 1ª Figura acima caracteriza um processo com

baixa corrente, enquanto que a 3ª Figura acima caracteriza um

processo com alta corrente.

O gotejamento grosso caracteriza-se por baixa corrente e nele

pode ocorrer perigo de curto-circuito. Apresenta o som de estalos

e chiados, possui uma maior penetração e tem uma taxa de

deposição em torno de 10 a 30 gotas por segundo.

A transferência por gotejamento fino possui uma penetração

menor. Ela é mais bem aplicada em revestimentos e ocorre com

altas correntes. Tem um som normal e uma taxa de deposição em

torno de 200 gotas por segundo.

16 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

Através do tipo de corrente, pode-se influenciar a transferência do

material do eletrodo para a peça.

3.0 ELETRODOS REVESTIDOS PARA SOLDAGENS

Na soldagem a arco elétrico, o eletrodo é um elemento dos mais

importantes na transferência de material. Num eletrodo não

revestido, ocorrem durante a transferência, a combinação de O2,

H2 e N2, existentes na atmosfera, com o metal fundido e com a

poça de fusão. Os gases O2, H2 e N2 tendem a oxidar o metal de

adição do cordão de solda, bem como interferir no arco elétrico,

no resfriamento e na estrutura resultante.

Os eletrodos normalmente possuem revestimentos de materiais

não metálicos que, ao se fundirem, formam uma escória que,

solidificando-se, atua como uma cobertura protetora do material

de adição e do cordão de solda.

Além disso, existem eletrodos que, em função da composição do

revestimento, geram gases e fumaça, os quais protegem o arco


da ação dos gases O2, H2 e N2, bem como o metal de adição. O

revestimento torna mais fácil a fusão do eletrodo, melhorando

ainda a condutibilidade elétrica na região do arco, tornando-o

mais estável e de fácil condução.

Alma ou núcleo

Revestimento do do eletrodo

eletrodo

Arco Elétrico Poça de fusão

Alma ou núcleo

Revestimento do do eletrodo

eletrodo

Arco Elétrico

escória

Metal de Base

17 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

A Soldagem a Arco com Eletrodos Revestidos (Shielded Metal Arc

Welding – SMAW é um processo no qual a coalescência (união)

dos metais é obtida pelo aquecimento destes com um arco

estabelecido entre um eletrodo especial revestido e a peça).

O eletrodo é formado por um núcleo metálico ("alma"), com

250mm a 500mm de comprimento, revestido por uma camada de

minerais (argila, fluoretos, carbonatos, etc.) e/ou outros materiais

(celulose, ferro ligas, etc.), com um diâmetro total típico entre 2 e

8mm.

A alma do eletrodo conduz a corrente elétrica e serve como

metal de adição. O revestimento gera escória e gases que

protegem da atmosfera a região sendo soldada e estabilizam o

arco.

O revestimento pode ainda conter elementos que são

incorporados à solda, influenciando sua composição química e


características metalúrgicas. Afigura acima ilustra o processo.

O seu equipamento usual consiste de fonte de energia (ou

máquina de soldagem), porta-eletrodo e cabos, além de

equipamentos de segurança para o Soldador. O calor do arco

funde a ponta do eletrodo e um pequeno volume do metal de

base formando a poça de fusão. A soldagem é realizada

manualmente, com o soldador controlando o comprimento do

arco e a poça de fusão (pela manipulação do eletrodo) e

deslocando o eletrodo ao longo da junta. Quando o eletrodo

é quase todo consumido, o processo é interrompido para troca do

eletrodo e remoção de escória da região onde a soldagem será

continuada.

A tabela abaixo apresenta as suas vantagens, limitações e

aplicações principais.

VANTAGENS E LIMITAÇÕES APLICAÇÕES

Equipamento simples, portátil e barato.

Não necessita fluxo ou gases externos

Pouco sensível a correntes de ar (trabalho no

campo)

Processo muito versátil em termos de materiais

soldáveis.

Facilidade para atingir áreas de acesso restrito

Aplicação difícil para materiais reativos.

Produtividade relativamente baixa.

Exige limpeza após cada passe.

Soldagem de produção, manutenção e

montagens de campo.

Soldagens de aço carbono e ligados.

Soldagens de ferro fundido

Soldagens de alumínio, níquel e suas ligas.

18 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido


World’s Qualificação Profissional LTDA

No Brasil, normas da AWS são amplamente utilizadas para a

especificação de consumíveis para soldagem.

Eletrodos para a soldagem de aços de baixo carbono são, em

geral, especificados com base nas propriedades mecânicas do

metal depositado, no tipo de revestimento e em suas

características operacionais. A especificação da AWS para estes

aços é feita através de um conjunto de letras e dígitos conforme

mostraremos na figura abaixo Por exemplo, de acordo com a

norma AWS A5.1, uma classificação do tipo E6010 indica um

eletrodo capaz de depositar material com um limite de resistência

de 60.000psi (420MPa) e que possui um revestimento celulósico,

com ligante a base de silicato de sódio, indicado para soldagem

em todas as posições com corrente contínua e o eletrodo no pólo

positivo. Para os aços carbono, os eletrodos podem ser

separados em diferentes tipos em função das características de

seu revestimento, destacando-se:

Como dito anteriormente eletrodos revestidos são constituídos de

uma alma metálica rodeada de um revestimento composto de

matérias orgânicas e/ou minerais, de dosagens bem definidas.

Adiantamos a classificação anterior pelo fato de ser mais

comumente usada, porém agora nos aprofundaremos em

conhecer o eletrodo revestido e suas características.

O material da alma metálica depende do material a ser soldado,

podendo ser da mesma natureza ou não do metal de base, uma

vez que há a possibilidade de se utilizar revestimentos que

complementem a composição química da alma.

Para os materiais mais comumente soldados, os tipos de almas

utilizados são os que aparecem na próxima Tabela:

19 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA


TABELA MATERIAIS DA ALMA DOS REVESTIMENTOS

Aço doce e baixa liga Aço carbono (C < 0,10 %)

Aços inoxidáveis Aço carbono ou aço inoxidável

Ferros fundidos Níquel puro, ligaFe-Ni. Ferro fundido, aço, bronze, etc.

Os revestimentos por sua vez são muito mais complexos em sua

composição química, pois como eles têm diversas funções, estas

são conseguidas com a mistura dos diversos elementos

adicionados. Iniciaremos estudando as funções dos revestimentos,

para em seguida estudar os tipos e elementos químicos utilizados

para atingi-las.

3.1 FUNÇÕES DOS REVESTIMENTOS

Os revestimentos apresentam diversas funções, que podem ser

classificadas nos seguintes grupos:

Função Elétrica: Como já dito, em trabalhos com corrente

alternada, utilizando-se um eletrodo sem revestimento e sem

nenhum outro tipo de proteção, é impossível estabelecer um arco

elétrico. Porém, graças à ação ionizante dos silicatos contidos no

revestimento, a passagem da corrente alternada é

consideravelmente facilitada entre o eletrodo e a peça à soldar.

Assim, a presença do revestimento no eletrodo permitirá a

utilização de tensões em vazio baixas, mesmo em trabalhos com

corrente alternada (40 a 80 V), possibilitando assim uma redução

do consumo de energia no primário e um considerável aumento

da segurança do soldador e a continuidade e consequentemente

a estabilidade do arco.

Função Metalúrgica: O revestimento ao fundir cria uma

"cratera" e uma atmosfera gasosa que protegem a fusão da alma

contra o Oxigênio e Nitrogênio do ar. Ele depositará "escória" que

é mais leve que o metal fundido e que protegerá o banho de

fusão não somente contra a oxidação e nitretação, mas também

contra um resfriamento rápido. A escória constitui um isolante


térmico que terá as seguintes funções: Permitir a liberação dos

gases retidos no interior do metal depositado, evitando com isto a

formação de poros, e, Minimizar o endurecimento do material

depositado por têmpera, têmpera esta consequência de um

rápido esfriamento.

20 Técnicas em Soldagens Eletrodo Revestido

World’s Qualificação Profissional LTDA

Função Mecânica e Operatória: Durante a fusão dos

eletrodos ocorre em sua extremidade uma depressão que

chamamos de cratera; A profundidade desta cratera tem

influência direta sobre a facilidade de utilização do eletrodo,

sobre as dimensões das gotas e a viscosidade da escória. Um

eletrodo de boa qualidade deve apresentar a cratera mais

profunda e as gotas mais finas, além disto, a cratera servirá

também para guiar as gotas do metal fundido como pode ser

visto na Figura ao lado - Influência da profundidade da cratera na

utilização do eletrodo.

3.2 TIPOS DE REVESTIMENTO

O diâmetro indicado de um eletrodo corresponde sempre ao

diâmetro da alma. Os diâmetros de mercado variam na faixa de 2

a 6 mm, embora existam eletrodos especiais com dimensões

Você também pode gostar