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INTRODUÇÃO

Com o acelerado processo de industrialização e globalização cobra um preço cada vez mais alto da saúde dos trabalhadores.
Excesso de trabalho e falta de controle sobre o trabalho, exposição aos riscos, psicopatologias do trabalho e ausência de plano
preventivo para diagnostico de enfermidades estão entre os principais fatores causadores de acidentes e doenças do trabalho. A
relação entre saúde e produtividade no trabalho ainda continua sendo um conceito ainda tímido para a maioria das empresas, mas
que vem conquistando o coração e a cabeça de empregadores e trabalhadores. O custo de acidentes do trabalho vem sido bastante
debatido dentro da sociedade pois advêm com ela o custo tanto para a sociedade quanto para a indústria.
CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, com o segurado empregado, trabalhador
avulso, bem como com o segurado especial, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.

De acordo com o art. 19 da Lei n. 8.213/90, considera-se como acidente do trabalho:

a) a doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade, constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto nº 2.172/97;
b) a doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que
o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, desde que constante da relação de que trata o Anexo II do
Decreto nº 2.172/97.
c) Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação constante do Anexo II resultou de
condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social (INSS) deve
equipará-la a acidente do trabalho.

Segundo Pastori (1998), para cada real gasto com o pagamento de benefício previdenciário, a sociedade paga quatro reais,
incluindo gastos com saúde, horas de trabalho perdidas, reabilitação profissional, custos administrativos etc. Esse cálculo eleva a
um custo total para o pais de aproximadamente 33 bilhões de reais por ano.
Em um artigo feito pelo SINAIT/SP e publicado pelo Jornal Diário do Comércio, Indústria e Serviços (SP), em 18-10-2006,
constatou-se que o Brasil gasta em torno de 73 bilhões por ano no atendimento a demandas geradas por doenças e acidentes do
trabalho. Mostra que para cada R$ 1,00 que a Previdência gasta com benefícios por incapacidade causada por doenças e acidentes
profissionais, mais R$ 3,00 de gastos são gerados por custos sociais, falta ao trabalho, redução da produtividade.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o Brasil fechou a ano de 2005, com aproximadamente 33 milhões
de trabalhadores registrados. Levando-se em conta que historicamente o País tem apenas 1/3 da população economicamente ativa
oficialmente registrada, chega-se ao volume de 100 milhões de trabalhadores, expostos diariamente a riscos tanto na área de saúde
quanto de segurança.
Com a finalidade de reduzir custos com doenças e acidentes de trabalho, o Presidente da República, no uso das atribuições
que lhe confere, através do Decreto nº 6.042 de 12 de fevereiro de 2007, altera o regulamento da previdência social, majorando em
100% as alíquotas do Seguro Acidente de Trabalho – SAT, que antes era de 1%, 2% e 3%, calculados sobre a folha de pagamento,
de acordo com o grau de risco e classificação econômica de cada empresa. O referido decreto também autoriza a redução em 50%
das referidas alíquotas existentes, se o empregador investir em segurança e melhores condições no trabalho junto a seus
funcionários, e conseqüentemente, reduzindo o número de casos de acidente e doenças relacionados ao trabalho.

CUSTO REAL DO ACIDENTE:


O custo real de um acidente é muito diferente do custo aparente, ou seja, o seu custo direto. Cada fez que ocorre um acidente
deixa atrás de si sequelas de efeitos que, de uma ou outra forma, influenciam ou afetam os aspectos econômicos e sociais das
empresas, dos trabalhadores, do Estado e da sociedade vista como um todo.
Os acidentes podem gerar grandes prejuízos materiais, causar mortes ou ocasionar incapacidades permanentes, totais e
parciais. Todos os acidentes infringem sofrimentos as suas vítimas e as suas famílias e, sobretudo, se são mortais ou ocasionam
incapacidades permanentes, causam uma desgraça na vida das famílias.
Ademais, todo acidente representa perda irreparável de tempo e dinheiro. Geralmente se pensa que o que se paga de prêmio
às instituições representa o custo total dos acidentes, o que é totalmente errado.
O custo total de um acidente se compõe de:

Custo Direto

Indireto

O custo direto de um acidente se constitui nos custos de indenização mais os custos de atendimento médico, que diretos,
geralmente estão cobertos pelo seguro obrigatório.
Os custos indiretos, ou custos não protegidos, são na realidade muito mais elevados do que se imagina. Os custos indiretos
se destacam nos seguintes itens:
1. Custo do tempo perdido pelo trabalhador acidentado.
2. Custo de tempo perdido por outros trabalhadores que suspendem seus trabalhos devido a:
2.1. Curiosidade, depois do acidente chegam trabalhadores que nada têm a ver com o local onde ocorreu o acidente;
2.2. Simpatia, Os mais chegados ao trabalhador se aproximam para ver o que aconteceu com o seu amigo;
2.3. Ajudar, Os mais experientes e que já estiveram em situação similar, se aproximam para dar sua ajuda ao acidentado;
2.4. Outros, por outras razões.
3. Custo do tempo perdido pelo encarregado e pelos executivos da empresa, deflagrada pela situação como:
3.1. Ajuda ao trabalhador lesionado;
3.2. Investigar as causas do acidente;
3.3. Fazer o que é necessário para que continue a produção;
3.4. Selecionar, treinar outro trabalhador para substituir o acidentado; e
3.5. Preparar os documentos oficiais do acidente e comparecer às audiências nos tribunais, quando o caso requer;
4. Custo do tempo, materiais e medicamentos empregados nos primeiros socorros;
5. Custo de reparação ou reposição de máquinas, de ferramentas e equipamentos;
6. Custo dos danos causados aos materiais;
7. Custos incidentes devidos a:
7.1. Interferências e distorções nas atividades laborais;
7.2. Falta de cumprimento no prazo de conclusão do serviço / obra;
7.3. Elevação dos custos;
7.4. Multas que podem incidir por descumprimento de prazo;
7.5. Indenizações por danos a terceiros;
7.6. Custos que a empresa tem que arcar conforme sistema de benefícios aos seus empregados;
8. Custo de continuar pagando o salário do trabalhador acidentado, até mesmo quando o seu rendimento não é pleno, por
não estar suficientemente recuperado;
9. Custo por conceito de perda de utilidades na produtividade do acidentado e de máquinas, de equipamentos ociosos;
10. Custos dos danos subsequentes como resultado de um estado emocional, o moral debilitado pela culpabilidade do
acidente;
11. Custo social e da imagem da empresa;
12. Custos judiciais;

Um dos assuntos mais embaraçosos, e pouco desejável para qualquer pessoa, é quando, por causa de um acidente a
empresa é levada aos tribunais por meio de um processo.
Isto, ademais dos inconvenientes que representa tem um custo elevado.
Definitivamente estes itens acima não mostram toso os aspectos ou custos que poderiam muito bem ser objeto de análises.
Entretanto, mostra com clareza, o grande círculo vicioso intermináveis insucessos que geram os acidentes.
Infelizmente, algumas pessoas consideram alguns dos itens anotados acima como de pouca importância, ou de não freqüente
ocorrência para que se justifique a sua inclusão na lista e, além disso, consideram alguns custos como não palpáveis ou custos
intangíveis.
O certo é que esta lista nos dá um quadro do que são ou representam os custos não segurados (indiretos) de um acidente do
trabalho.
Somado a todo esse aspecto econômico, existe um fator que merece a nossa atenção, é o efeito que têm os acidentes quanto
ao ponto de vista moral e psicológico.

DESPRESTÍGIO EMPRESARIAL:
A empresa que tem uma faixa de acidentes XE "faixa de acidentes" muito alta, além de arcar com os custos antes
mencionados, deve enfrentar certa cota de desprestígio ou desconfiança, por parte de seus clientes, sociedade e trabalhadores,
sendo que, por regra geral, em uma empresa na qual ocorrem muitos acidentes conduz a idéia de mal organizada, mal dirigida e
mal concebida.
Não é difícil conceber o prejuízo que uma empresa de capital aberto (que negocia suas ações em bolsa de valores) pode
sofrer, com repercussão de um acidente do trabalho de natureza grave, posto que os preços de mercado dos títulos negociados
estão diretamente relacionados à sua imagem e desempenho.
Por outro lado, quando a empresa toma atitudes concretas para evitar o acidente e minimizar os resultados negativos, todos
os trabalhadores vão se sentir orgulhosos de que sua empresa seja uma das maiores, uma das mais prestigiadas e estaria disposto
a dar o seu aporte para preservar e fazer crescer este prestígio e confiança de outros profissionais.
Entretanto, dificilmente encontramos um profissional que se orgulhe de trabalhar para uma empresa que tem uma história
negra quanto a acidentes, trabalhos inacabados, estrutura defeituosa, custos com multas por atraso, reclamações de acidentes, etc.
Evitar acidentes, além de ser um dever moral, impede os custos extras as lesões incapacitantes e a morte.
Além dos gastos diretos e aparentes com o tratamento de lesão sofrida, não se pode desprezar o custo de tempo perdido
pelo operário enquanto durar esse tratamento.
Podem ser poucas as horas de paralisação como pode durar semanas o afastamento do operário de seu trabalho normal.
Removida a vítima, perdura a redução no ritmo de trabalho, em consequência dos comentários, lamentações ou tão somente
pela impressão dolorosa que o acidente provocou.
A lista se estende ainda mais quando se acrescenta outras perdas de produção e conseqüente redução do lucro depois que
o empregado volta ao trabalho e até que se encontre novamente em condições de executar suas funções com a mesma eficiência
anterior.

PERDA DE LUCRO:
Outra parcela que pode ser pequena ou grande é a perda de lucro pelo tempo em que as máquinas permanecem paradas.
Também este período de inatividade pode ser de alguns poucos minutos ou estender-se por horas, dias, semanas dependendo
naturalmente da duração, gravidade e natureza do acidente, considerando que a máquina tenha sofrido danos que podem ainda
reduzir-lhe definitivamente a eficiência.
Os homens deixariam de ser humanos se acidentes sofridos por um companheiro não os fizesse nervosos por alguns minutos
e às vezes por todo o resto do dia.
Ocorrem muitos acidentes e são feridos outros empregados durante este estado de excitação nervosa. Deles se originam
gastos e perdas como os analisados.

OUTROS GASTOS:
Devem-se contabilizar ainda outros gastos invisíveis, outras despesas indiretas como uns tanto por cento de luz, aluguel,
imposto, juros sobre o capital e outras parcelas similares que continuam durante o tempo em que o operário está sem produzir.
Todavia, o quadro de hoje é melhor do que o de anos atrás. Já existe no Brasil certa consciência de prevenção. Mas falta
muito, mais de trezentas mil pessoas, adoecem, acidentam-se ou morrem todos os anos por causa do trabalho.
Estes são os casos notificados, o número dos não notificados é muito maior, podendo chegar à casa do milhão.
Os estudos que levam em conta as perdas materiais das empresas, das famílias e do estado chegam a cifras assustadoras.
Com dados de 2004, estima-se que para a sociedade os acidentes e as doenças profissionais custam quase R$ 25 bilhões por ano.
Há estimativas mais altas, do próprio Ministério da previdência.

FÓRMULA PARA CÁLCULO:


O custo efetivo dos acidentes nada tem a ver com o custo das medidas adotadas pela empresa no que diz respeito à prevenção
e ao financiamento dos riscos, incluindo-se os seguros.
Três perguntas devem ser feitas antes da elaboração de uma política de controle de custos:
1. O setor de segurança do trabalho conhece e acompanha os seguros efetuados pela empresa?
2. O setor de seguros atua em estreita colaboração com o setor de segurança do trabalho, na identificação dos riscos da
organização?
3. Antes de transferir riscos de acidentes a terceiros, são estudadas outras maneiras para controlar e financiar tais riscos?
Para o cálculo dos prejuízos sofridos pela empresa em decorrência de acidentes o estudo do engenheiro Cicco sugere a
seguinte equação:
C = C1 + C2 + C3 – I
Onde:
C = Custo efetivo dos acidentes;
C1 = Custo correspondente ao tempo de afastamento (até os primeiros quinze dias) em consequência de acidente
com lesão.
C2 = Custo referentes aos reparos e reposições de máquinas, equipamentos e materiais danificados.
C3 = Custos complementares relativos às lesões (assistência médica e primeiros socorros) e aos danos à
propriedade.
I = Indenização e ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros (valor líquido).

Quanto à parcela C1 a pesquisa mostrou que as empresas que controlam o seu custo de acidentes não têm maiores
dificuldades na sua obtenção.
Sobre as parcelas C2 e C3, sua determinação depende do grau de organização interna da empresa. A parcela I, a ser
subtraída das demais, foi introduzida apenas com o objetivo de, no final, se conhecer o total líquido do custo efetivo dos acidentes.
Baseado nessa equação, a pesquisa propõe um modelo de ficha para o cálculo do custo efetivo do acidente que pode ser
adaptada segundo as particularidades de cada empresa, anexo I.
CUSTO SOCIAL DO ACIDENTE DE TRABALHO

R.M Salário Hora Dia Dia Dia alta Hora dia Total hora Nº dias Custo do
Nº NOME Sexo Idade Cargo/Função J.D. Turno (R$) /h Setor aciden. acidente afastam méd. perd. perd. perd. acidente (R$)
Operador de
1 Paulo Freitas M Operador 8,00 2 2500,00 11,36 Residuo 08:00 01/12/05 01/12/05 15/12/05 8 200,00 14 9.090,91
2 Ed simplicio m Operador 8,00 3 2000,00 9,00 maquina 17:00 24/09/10 09/10/10 20/12/10 3,5 50,00 350 1.800,00
3 0,00 ; 3,5 3,50 0 0,00
4 0,00 3,5 3,50 0 0,00
5 0,00 3,5 3,50 0 0,00
6 Nestor m 34 Técnico de Segurança 2 1300,00 5,91 SESMT 11:00 10/07/14 10/07/14 14/07/14 3,5 3,50 4 82,73
7 0,00 3,5 3,50 0 0,00
8 0,00 3,5 3,50 0 0,00
9 0,00 3,5 3,50 0 0,00
10 0,00 3,5 3,50 0 0,00
11 0,00 3,5 3,50 0 0,00
12 0,00 3,5 3,50 0 0,00
13 0,00 3,5 3,50 0 0,00
14 0,00 3,5 3,50 0 0,00

10.973,64

LEGENDA: Coluna Q -Número de dias perdidos


Coluna B - Nome do funcionário Coluna R - Custo total do Acidente com funcionário X
Coluna C - 4.
Sexo
Coluna D - Idade do acidentado
Coluna E - Cargo/Função que o funcionário exerce.
Coluna G - Turno
Coluna H - Salário do funcionário
Coluna I - Custo da hora do funcionário
Coluna J - Setor de origem do funcionário
Coluna K - Hora que ocorreu o acidente
Coluna M - Dia que iníciou o afastamento.
Coluna N - Dia da alta médica
Coluna O - Horas dias perdido
Coluna P - Fórmula de horas perdidas com o
afastamento
CONCLUSÃO

Investir em Prevenção, representa uma vantagem extraordinária e uma


grande economia de recursos que são despendidos para pagamento de acidente
ou doenças ocupacionais, e o tempo que o trabalhador fica fora de seu posto de
trabalho. Obrigando a empresa a contratar mão-de-obra supletiva e mais os
custos dos acidentes acaba tendo desperdício. As medidas preventivas
implantadas com imposição ou punição nem sempre resultam em fatores
positivos, na maioria das vezes só funcionam para atender formalidades. A
necessidade de conscientização e conhecimentos sobre suas implicações, e
custos norteiam as empresas para que adotem medidas preventivas contra
acidentes especialmente no que diz respeito aos custos do mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Consolidação das Leis do Trabalho. Organização do texto: Eduardo
Gabriel Saad. 31. ed. São Paulo: LTr, 1999.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, Subsecretarias
de Edições Técnicas, 2003.
Decreto n. 2.172 de 06 de maio de 1999. Dispõe sobre o regulamento dos
benefícios da previdência social.
Decreto n. 6.042 de 12 de fevereiro de 2007. Disciplina a aplicação,
acompanhamento e avaliação do Fator Acidentário de Prevenção – FAP e do
Nexo Técnico Epidemiológico.
Educação Profissional. Política Nacional de Segurança e Saúde do
Trabalho, Brasília: PNSST, 2005. p. 3, 4, 8, 9, 10, 11, 12.
Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Dispões sobre segurança e
medicina no trabalho.
Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da
seguridade social, institui plano de custeio, e das outras providências. Lei n.
8.213, de 24 de julho de 1991. Dispões sobre plano de benefícios da previdência
social e das outras providências.
Gastos invisíveis resultante dos acidentes do trabalho [Artigo] / A.
SAÚDE OCUPACIONAL, SEGURANÇA - SOS // Saúde Ocupacional ,
Segurança - SOS. - setembro de 1966. - São Paulo - Associação Brasileira para
Prevenção de Acidentes - ABPA. - n° 5 : Vol. 01. - pp. 13-18.
CETAM – Centro de Educação Tecnológica do Amazonas
Escola de Educação Profissional Pe. Estélio Dálison
Curso Técnico em Segurança do Trabalho

Custos de acidentes de segurança do trabalho, fatores


que justifique e os fatores que dificultam.

Aluno: Jean Felipe de Souza Lopes


Professora: Rose Maia
Disciplina: Noções de Planejamento e Projeto em Segurança e saúde do trabalho

Manaus-Am
14 de março de 2018

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